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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – CAMPUS

SERTÃO
CURSO: TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA
MÓDULO: PLANEJAMENTO E PROJETOS
FUNÇÃO: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

PROJETO DE INSTALAÇÃO DE POCILGA PARA 500 SUÍNOS DE TERMINAÇÃO

BRUNO MEZZOMO PASQUAL


TURMA: 12 – 2010/2
Prof. Dr. SERGIOMAR THEISEN
SERTÃO, JUNHO DE 2010

1 – OBJETIVOS

1.1 – Objetivo Geral:


Implantar em uma propriedade rural uma instalação para a fase de recria e terminação de
500 suínos (dos 20 aos 120 kg) em projeto de parceria com uma agroindústria localizada no
norte gaúcho, utilizando mão de obra familiar.

1.2 – Objetivos Específicos:


• Estabelecer contrato de parceria com a agroindústria;
• Encaminhar licenciamento ambiental (Licença prévia/ Licença de instalação e Licença de
operação);
• Definir orçamento e valor do projeto;
• Elaborar proposta de financiamento bancário;
• Determinar os critérios para instalação do galpão (localização na propriedade);
• Elaborar características técnicas da instalação;
• Relacionar os equipamentos necessários, bem como mão de obra;
• Determinar a remuneração mínima por suíno, que garanta a viabilidade econômica do
projeto;

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2 - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES:

Atividades Jun/10 Jul/10 Ago/10 Set/10 Out/10 Nov/10 Dez/10 Jan/11 Fev/11 Mar/11 Abr/11 Mai/11
Parceria com X
Agroindústria
Definir Orçamento e X
Valor do Projeto
Licenciamento Ambiental X
Prévia
Proposta de X
Financiamento
Localização do Galpão X
Licença Ambiental de X
Instalação
Terraplanagem X
Contratar Mão-de-obra X
para Construção
Providenciar materiais de X
construção
Construção do Galpão X X X X
Providenciar X
equipamentos
Construção das lagoas de X
dejetos e composteira
Instalação de X
Equipamentos
Licença ambiental de X
operação
Preparar instalação para X
alojamento
Alojamento dos suínos X
Desenvolvimento do lote X X X X
Programar abate do lote X
Carregamento X
Limpeza e desinfecção X
das instalações
Acerto Financeiro do Lote X
com a Agroindústria
Alojamento de novo lote X
Desenvolvimento do novo X X
lote
3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 – Aspectos gerais da suinocultura:

A suinocultura é uma das principais atividades pecuárias do mundo, sendo a carne


suína a mais consumida em todo o planeta. O Brasil, dentro do cenário mundial de produção de
suínos, apresenta amplas possibilidades de se firmar como grande fornecedor de proteína
animal.
O crescente aumento da população mundial e a maior demanda de alimentos para o
abastecimento do mercado têm possibilitado o crescimento da comercialização de animais e de
seus produtos. Dentro deste contexto, a criação de suínos representa um importante setor entre
as atividades pecuárias do Brasil, o qual se situa entre os maiores criadores de suínos do mundo,
sendo suplantado apenas por alguns países da Europa e da América do Norte.
Dentre os fatores que favorecem a expansão da atividade de suinocultura no Brasil,
podemos destacar: A imensa disponibilidade de terras para a instalação de novas granjas de
produção de suínos, bem como, a capacidade para absorver os dejetos gerados como fertilizante
para a agricultura; O clima que favorece o desempenho dos suínos; A disponibilidade de água
em abundância; Disponibilidade de milho e soja para alimentação dos suínos; O baixo custo da
mão de obra e das instalações quando comparadas com outros países. Todos esses fatores
contribuem para que o custo de produção da suinocultura brasileira seja competitivo com os
melhores produtores mundiais.
A região sul do Brasil concentra a maior produção de suínos do país. Na região Sul
estão localizadas as principais indústrias frigoríficas de suínos do Brasil, dentre as quais
podemos destacar: BRF Brasil Foods S/A, Marfrig, Frangosul S/A e Aurora Alimentos.
A suinocultura é uma atividade dinâmica, que vem sofrendo profundas e rápidas
transformações, tanto no que se refere ao perfil dos suinocultores quanto aos módulos de
produção. A suinocultura brasileira está migrando em relação ao modelo de produção, passando
do sistema de produção independente de suínos em granjas de pequeno porte para a produção
em parceria com as agroindústrias citadas acima, em granjas de maior escala de produção,
através do contrato de parceira que dá maior segurança aos produtores na comercialização dos
suínos.
Para garantir melhor eficiência no desempenho zootécnico dos suínos, bem como
aumentar a lucratividade do produtor, os sistemas de produção de suínos devem procurar aplicar
as melhores práticas modernas de produção, as quais visem manter o bom estado da saúde do
rebanho e produzir em condições econômicas aceitáveis, buscando atingir os melhores níveis de
produtividade nas áreas de reprodução, crescimento, procurando respeitar o bem-estar dos
animais e o meio ambiente.

3.2 – Sistemas de produção de suínos:

As agroindústrias ao desenvolverem a atividade de suinocultura estão especializando


seus sistemas de produção. Assim, têm atualmente a produção de suínos segmentada nas
seguintes fases:
- Sistema de produção de leitões: Nesse sistema ficam localizadas as matrizes e ocorre a
fase de reprodução, com a preparação das leitoas, a inseminação das matrizes, o parto e a
produção dos leitões até a idade de desmame entre 21 e 28 dias de vida;
- Sistema vertical crecheiro: Agrupa a fase dos leitões desde o desmame até atingirem o
peso de 20 a 25kg com idade entre 60 a 70 dias de vida;
- Sistema vertical terminador (SVT): Contempla o alojamento dos leitões após saída da
creche até atingirem o peso de abate (120kg) com 115 dias de propriedade ou 180 dias de vida.

3.3 – Unidade de terminação de suínos:

A unidade de terminação deve estar bem localizada, ser de fácil acesso e ter um bom
isolamento. Sua projeção, segundo Upnmoor (2000, p. 15), deve estar preparada para trabalhar
inserido no sistema todos dentro – todos fora, o qual garante melhores condições sanitárias e,
como conseqüência, melhores resultados de desempenho em relação ao sistema contínuo de
produção.
Neste sentido, Upnmoor (2000, p. 22) salienta duas condições fundamentais para a
obtenção de resultados satisfatórios junto às unidades de terminação: “trabalhar dentro do
sistema todos dentro x todos fora e receber suínos de uma única fonte por lote a ser terminado”.
Moreira (1999) ao definir o local das instalações, salienta que deve ser observada a
disponibilidade de mão-de-obra, acesso de caminhões para o transporte de leitões e rações, a
infra-estrutura, a aquisição de insumos e matéria-prima, bem como a área necessária para a
instalação do projeto e a descrição dos concorrentes localizados nas proximidades. Quanto aos
silos, geralmente metálicos, o autor lembra que estes devem apresentar dois compartimentos
isolados e forrados, a fim de evitar a unidade e a presença de roedores.

3.4 – Manejo dos suínos em fase de terminação:


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Para o alojamento de um lote de leitões, as instalações devem estar vazias, limpas,
lavadas e desinfetadas, procedendo-se o vazio sanitário (cerca de quatro dias) antes do ingresso
de um novo lote de suínos.
Para Machado (1967, p. 52), “os leitões devem ser agrupados por tamanho, respeitando
a lotação de, no máximo, 1m² para cada 100kg de suínos, recebendo desde a chegada água
limpa e fresca à vontade. Entretanto, lembra que devem permanecer em jejum por 8 a 10
horas.”
O autor lembra ainda que, uma ração nova jamais deverá ser descarregada sobre outra
remanescente, pois o seu envelhecimento poderá desencadear subseqüentes problemas de
intoxicações. É importante lembrar ainda, que a ração de recepção deve ser medicada para
prevenir eventuais problemas desencadeados pelo transporte e adaptação à nova baia.
Conforme Upnmoor (2000, p. 18), o manejo apropriado das cortinas de lona plástica
possibilita a ventilação e renovação adequada do ar, auxiliando na prevenção de problemas
respiratórios e gastrintestinais dos suínos. Ficando expostos a mais de 25ºC começam a sofrer
estresse e, caso haja mudança no ambiente ou condições de desconforto, ele canalizará toda a
sua energia para a sobrevivência, comprometendo dessa maneira o ganho de peso e a conversão
alimentar que influenciam diretamente no desempenho zootécnico dos suínos.
Em todo e qualquer sistema de produção de suínos, é necessário que se dê um enfoque
especial ao manejo, à biosseguridade, às condições ambientais, assim como ao uso de vacinas e
medicamentos para implementar programas adequados de prevenção e controle de doenças.

3.5 – Exigências do mercado consumidor:

Cada vez mais, as agroindústrias estão controlando e assumindo a responsabilidade em


toda a cadeia de produção da carne suína, garantindo assim em todos os processos envolvidos
um controle rígido de todas as operações, de forma a evitar qualquer possibilidade de
contaminação, seja por zoonoses, agentes biológicos, resíduos de antibióticos, dioxinas e outros
contaminantes que possam condicionar riscos à saúde do consumidor.
Dentro do cenário, a suinocultura moderna deve estar atenta para alguns pontos
fundamentais em relação à qualidade da carne, segundo exigências dos consumidores finais:
bem-estar animal, meio ambiente e ausência de resíduos.
O bem-estar animal considera, fundamentalmente, a necessidade de tratar os animais
com padrões humanitários, não restringindo em demasia os seus movimentos e evitando estados
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de dor e outros comportamentos anormais. As mudanças na área de bem-estar animal estão
acontecendo com relativa rapidez e em alguns países, importantes redes de restaurantes tem
inclusive determinado os padrões de bem-estar animal para seus fornecedores.
Em relação às questões ambientais, as exigências estão centradas numa produção de
suínos que não provoque nenhuma agressão ao ambiente, mantendo-o o mais natural possível.
Os sistemas de criação de suínos, em sua maioria totalmente confinados, representam um risco
potencial ao meio ambiente em função do acumulo de grandes volumes de resíduos
concentrados em áreas restritas. Em condições normais de produção, consideradas tecnificadas,
cada matriz suína com sua prole gera um volume aproximado de 40m3 de dejetos por ano.
A carne suína, quando produzida de maneira errada por produtores mal orientados ou
mal informados, poderá conter níveis acima do permitido de resíduos físicos, químicos e
biológicos, como por exemplo, antibióticos, promotores de crescimento e reguladores
endócrinos, os quais podem, dependendo de sua recomendação, ser administrados ao rebanho
durante todo o processo de produção. Estes resíduos, quando ingeridos permanentemente e
rotineiramente pelo homem, podem vir a causar problemas à saúde humana.

3.6 – Processo de tratamento e destinação dos dejetos gerados:

Os dejetos oriundos do processo de produção serão conduzidos por tubos de PVC até as
esterqueiras, que são digestores anaeróbicos constituídos por dois tanques simples revestidos
em geomembrana (PEAD), impermeabilizados e com capacidade para absorver todos os dejetos
líquidos produzidos pelos suínos.
O produto resultante da fermentação de dejetos será aplicado sobre o solo agrícola, em lavouras
próprias de cultivo anual, pastagens nativas ou cultivadas, áreas de reflorestamento e pomares
obedecendo a um período mínimo de 120 dias de estocagem, para posterior retirada através de
bomba de sucção onde será aspergido em camada uniforme sobre o solo. A disposição dar-se-á
respeitando as distancias constantes no projeto.
Os dejetos são distribuídos na lavoura observando uma distância mínima de 50 metros de rios,
arroios e estradas. Os dejetos apresentam aumento da produtividade na lavoura e diminuição
dos custos com insumos.
Segundo Daí Pra (1999), os animais mortos serão depositados na composteira, construída em
alvenaria, piso impermeabilizado e coberta de telhas impedindo a entrada de água de chuva.
Processo de deposição das carcaças na câmara de compostagem:
1º - Colocação de uma camada de maravalha nova com 10 cm de espessura;
2º - Deposição das carcaças dos animais mortos sobre a camada de maravalha nova;
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3º - Fazer um corte longitudinal na região abdominal da carcaça;
4º - Perfurar as vísceras com um objeto pontiagudo, utilizado somente para este fim;
5º - Cobrir as carcaças utilizando uma mistura de maravalha com esterco seco de suínos (50%
de cada);
6º - Umedecer o material aspergindo água com a utilização de um regador.
Obs.: A altura máxima da pilha dentro da câmara de compostagem não poderá ultrapassar 1,20
m.
Completada a capacidade de suporte de uma das câmaras da composteira esta deverá
permanecer em repouso por aproximadamente 120 dias, após o produto resultante deverá ser
utilizado em áreas de lavoura, obedecendo às distâncias de deposição de dejetos previstas no
projeto.
Levando em conta a fundamentação citada, a propriedade em análise, apresenta as
condições necessárias para a instalação de uma unidade de terminação de 500 suínos, visto que
atende a todos os critérios técnicos, bem como respeita as normas ambientais.

4– ORÇAMENTO E VALOR DO PROJETO


4.1- Investimento para construção de pocilga para criação de 500 cabeças de suínos
terminação:
Materiais Qtd Valor/unit. Total / itens
Telha de brasilit 5mm s/ amianto 1,83x1,05 352 21,00 7.932,00
Telha de brasilit 5mm s/ amianto 2,13x1,05 176 23,00 4.048,00
Cumeeiras 85 20,00 1.700,00
Parafusos 1.300 0,48 624,00
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Pé direito central (15x15x4,80) 4 80,00 320,00
Pé direito lateral (15x15x3,70) 54 75,00 4.050,00
Bloco de concreto (10x20x40) 6.300 1,20 7.560,00
Mão – de - obra 1 20.000,00 20.000,00
Brita 81 55,00 4.455,00
Areia 73 80,00 5.840,00
Cal 126 8,50 1.071,00
Cimento 480 20,00 9.600,00
Piso Cerâmico m² 40 8,50 340,00
Caibros (0,04x0,12x5,30)m 54 18,00 972,00
Linhas (0,10x0,15) metros lineares 360 15,00 5.400,00
Tábuas p/ portas, janelas e trabalhos 11 290,00 3.190,00
Madeiras para forração (0,025x0,07x4,5) 54 7,20 388,80
Dobradiças 12 6,90 82,80
Ripas (0,04x0,15x3,40)m 208 8,00 1.664,00
Ferro 4.2mm-barras 8 22,00 176,00
Ferro 10mm-barras 17 45,00 765,00
Pregos 25 8,50 212,50
Fio 6mm 280 4,20 1.176,00
Dijuntor-25 2 7,50 15,00
Tomadas 6 5,50 33,00
Aterramento da rede elétrica 1 650,00 650,00
Suporte, interruptor e lâmpadas 12 7,40 88,80
Cano 32" metros barras de 6metros 12 25,00 300,00
Cano 25" metros barras de 6metros 62 14,00 868,00
Cano 20" metros barras de 6metros 12 15,00 180,00
Curva e T de 150" 2 185,00 370,00
Cano 150" barras de 6 metros 6 112,00 672,00
Registros 32" 2 21,00 42,00
Registros 20" 26 13,00 338,00
Tees 32" 2 4,10 8,20
Tees 20" 26 1,80 46,80
Tees 32" com redução para 25" 2 4,50 9,00
Tees 25" com redução para 20" 78 2,80 218,40
Caixa de água de 10.000lt. 1 3.200 3.200
Caixa de água de 1.000lt. 1 560,00 560,00
Dosador de Cloro 1 320,00 320,00
Silo metálico (16,5 t.) 1 5.800,00 5.800,00
Tampa vasculante ferro ( t ) 52 245,00 12.740,00
Cortinado externo 1 5.320,00 5.320,00
Bebedouro tipo ecológico 52 52,00 2.704,00
Diversos (carrinho e outros) 1 1.200,00 1.200,00
Tanques para dejetos 2 7.200,00 14.400
Cortina para forração e reforço 1 8.889,70 8.889,70
TOTAL 140.000,00
4 – BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE SUÍNOS. Suínos. Revista da
Associação Brasileira de Criadores de Suínos. 1999.

CAVALCANTI, Sergito de Souza. Produção de suínos. São Paulo: Instituto Campineiro de


Ensino Agrícola, 1984.

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DAÍ PRA, M. A. Compostagem de placentas, carcaças e natimortos de suínos. In: Congresso
Brasileiro de veterinários especialista em suínos, IX, 1999, Belo Horizonte. Anais...Belo
Horizonte, 1999.

EMBRAPA SUÍNOS E AVES / EMATER. Boletim Informativo de Pesquisa, Porto Alegre,


ano 07, nº 11, p. 13, março, 1998.

MACHADO, Luiz Carlos Pinheiro. Os suínos. Porto Alegre: Editora e Granja LTDA, 1967.

SOBESTIANSKY, Jurij. Sistema intensivo de produção de suínos: programa de


biossegurança. Goiânia: O Autor, 2002.

UPNMOOR, Ilka. Produção de suínos: crescimento, terminação e abate. Vol. 3. Guaíba:


Agropecuária, 2000.

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