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REGULAMENTAÇÃO PARA

CRIAÇÃO DE SUÍNOS NO BRASIL.

Itabuna, Agosto de 2023.


Antônio Carlos Azevedo Neto
Bianca de Melo Peixoto
João Vinicius Santos Moreira
Maileide Guimarães de Souza

Trabalho apresentado ao curso de


Medicina Veterinária, como requisito
parcial para obtenção de notas da
disciplina Ciências do Ambiente
Aplicadas à Medicina Veterinária,
orientanda pelo Professor: Thiago
Henrique Carvalho de Souza

Itabuna, Agosto de 2023.


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Objetivo:
Conhecer os impactos gerados pela implementação das granjas de suínos, em
prol de buscar alternativas que sejam capazes de mitigar os agravantes ambientais
caudados por esse tipo de criação.

Práticas sustentáveis nos sistemas de criação de suínos.

A suinocultura é um dos ramos mais lucrativos da pecuária. A carne suína é,


hoje, a mais consumida em todo o mundo, e o Brasil vem se consolidando como um
dos maiores produtores globais dessa proteína. Com isso, é fácil concluir que a
suinocultura tem uma grande importância econômica e social.
Além de sua criação ser vantajosa, os resquícios da suinocultura melhoram e
fertilizam o território. A alimentação dos porcos e o seu bem-estar no dia a dia são
itens de extrema importância para a saúde dos animais. Por isso, deve ser organizada
e cuidadosa, incluindo rações de qualidade e que garantam uma dieta balanceada.
Para iniciar um comércio ligado a suinocultura é importante saber sobre as
etapas de criação, manejo, cuidados e investimentos necessários. Onde a, produção,
comercialização e o transporte de suínos devem ser regularizados por órgãos fiscais,
sanitários e ambientais, deve conter escalações adequadas em que seu volume de
produção seja proporcional ao seu tamanho, garantindo melhor qualidade da
produção.
Além disso, tudo o que envolve a higiene do ambiente de criação do animal
deve ser verificado com cuidado. É preciso certificar-se de que há conforto para o
animal e a ausência de sofrimentos desnecessários em todo o processo.
E principalmente o dono deve cuidar muito bem do seu rebanho, pois, a saúde
dos suínos é de grande importância, e o acompanhamento de vacinas e prevenção
de doenças para evitar problemas no bem-estar do rebanho deve ser feito com
cuidado.
As diretrizes de Boas Práticas de Produção de Suínos (BPPS) tem como
objetivo enfatizar a busca de uma produtividade que torne a exploração de suíno
economicamente viável, sem se descuidar da segurança do produto, da preservação
do ambiente, do bem-estar animal e dos princípios da responsabilidade social
vinculados aos fatores de produção.
Esses objetivos servem de base para outros programas de fomento à melhoria
de qualidade do produto, difundidos em âmbito mundial, como a Análise de Perigo e
Pontos Críticos de Controle (APPCC), ou para a implantação de programas de
incentivo à certificação agropecuária por meio de diversos protocolos com
reconhecimento internacional.
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As BPPS podem beneficiar os sistemas de produção de suínos de ciclo


completo (CC) em atividade, assim como orientar a ampliação ou a implantação de
novos sistemas. Pelo fato de contemplar todas as etapas da produção, desde a
aquisição do material genético até a entrega dos suínos de abate na plataforma do
frigorífico, as BPPS aplicam-se, ainda, a sistemas de produção que executam apenas
parte das etapas de produção de suínos, como a Unidade de Produção de Leitões
(UPL), que produz leitões até a saída da creche, e a Unidade de Terminação (UT),
que recebe os leitões de uma UPL e executa as fases de crescimento e de terminação,
ou mesmo os sistemas ainda mais especializados, como são os crechários.

O sistema intensivo de suínos criados ao ar livre (Siscal) não está contemplado


nessas BPPS, que neste caso devem ser implantadas com o apoio de técnicos
especializados. Da mesma forma nos processos de tomada de decisão mais críticos,
como a implantação e a manutenção de um sistema adequado de controle sanitário
nas granjas as orientações de ordem técnica devem ter o aval de profissional
habilitado visando a obtenção de êxito nos programas implementados.

O BPPS indica que o estabelecimento de uma nova atividade precisa,


necessariamente, ser precedido de um planejamento com previsão do potencial de
comercialização do produto final, das disponibilidades de insumos, das implicações
ambientais do projeto, dos custos de implantação, do sistema de produção e dos
pacotes tecnológicos escolhidos e das metas de produção para prever a viabilidade
do retorno econômico dos investimentos.

Projeto ambiental:
Considerar a disponibilidade dos recursos naturais da propriedade e da bacia
hidrográfica, planejando o monitoramento ambiental durante o desenvolvimento das
atividades.
Respeitar o Código Florestal Federal, a Legislação Ambiental e o Código
Sanitário do Estado, especialmente, quanto às distâncias mínimas das instalações em
relação à estrada, casas, divisas de terreno, nascentes de água, açudes, rios e
córregos, infraestrutura para manejo dos dejetos, área para disposição dos resíduos
da produção (seguindo a lei 12.651/2012).
O custo de transporte e aplicação de dejetos suínos como fertilizantes do solo
aumenta com a sua diluição, com a distância a ser percorrida e com a declividade do
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terreno, assim, deve-se avaliar a necessidade de alternativas de tratamento dos


dejetos. (Página x)

Tecnologias alternativas podem reduzir o impacto ambiental da atividade e


podem trazer renda adicional como o composto orgânico obtido em sistemas de
criação em cama sobreposta ou em composteiras, ou a obtenção de créditos de
carbono e energia através de biodigestores e estações compactas de tratamento.

Projeto técnico:
Para os projetos técnicos temos que levar em conta a morfologia e fisiologia
dos porcos, que são animais homeotérmicos, ou seja capazes de regular a
temperatura corporal. Portanto, é importante que as instalações tenham
temperaturas ambientais próximas às das condições de conforto dos suínos. Nesse
sentido, o aperfeiçoamento das instalações com adoção de técnicas e
equipamentos de condicionamento térmico ambiental tem superado os efeitos
prejudiciais de alguns elementos climáticos, possibilitando alcançar bom
desempenho produtivo dos animais.

Falando propriamente das instalações que devem ser de forma padrão


seguindo o projeto ambiental, o celeiro deve conter uma área bem drenada e
compatível com o número médio de animais a serem utilizados, deve dispor de
abastecimento de água potável equivalente a 100 a 150 litros/dia por matriz instalada,
dependendo do sistema de produção.
Deve conter a metragem quadrada necessária para cada fase da criação
normalmente, recomenda-se largura de até 10m para clima quente e úmido e largura
de 10m até 14m para clima quente e seco. O comprimento da instalação deve ser
estabelecido com base no Planejamento da Produção, assim como também para
evitar problemas com terraplanagem e sistema de distribuição de água , segue a
baixo algumas práticas que também devem podem ser adotadas:

• Utilização dos dejetos como adubos;


• Sistemas de coleta, condução, controle e armazenagem de dejetos;
• Redução da contribuição de água nos dejetos de suínos;
• Dimensionamento do volume da esterqueira;
• Instalação de biodigestores;
• Uso do biogás no aquecimento de aviário;
• Uso do biogás para a geração de energia elétrica;
• Compostagem dos dejetos líquidos de suínos;
• Manutenção e recuperação de faixas ciliares de cursos d’água e nascentes;
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• Uso da compostagem como destino de suínos mortos e restos de parição;


• Educação ambiental.

Leis e decretos que regulamentam a criação de suínos no Brasil.

O Decreto n.º 24.643/34 é conhecido como o Código de Águas do Brasil. Ele foi
promulgado em 10 de julho de 1934 e estabeleceu normas e regras para a gestão dos
recursos hídricos no país. O Código de Águas foi uma legislação pioneira e influente
no que diz respeito à regulamentação do uso da água e à administração dos corpos
d'água no Brasil.

Algumas das principais características e disposições do Código de Águas incluíam:

1. Domínio Público das Águas: O Código estabelecia que as águas em


correntes naturais, lagos e lagoas, inclusive as águas subterrâneas, são bens
públicos pertencentes ao Estado.

2. Outorga de Direitos de Uso: O Código de Águas definia que a utilização da


água para fins diversos, como abastecimento, irrigação, geração de energia,
entre outros, necessitava de uma outorga concedida pelo poder público. Isso
garantia o controle e a administração das quantidades de água utilizadas.

3. Prioridade de Uso: O Código estabelecia uma hierarquia de prioridades para


o uso da água, com destaque para o abastecimento público e a irrigação,
considerados usos prioritários em relação a outros usos, como a geração de
energia.

4. Política de Cobrança: O Código permitia a cobrança pela utilização dos


recursos hídricos, de forma a incentivar o uso eficiente da água e também
financiar ações de preservação e gestão dos recursos hídricos.

5. Zoneamento de Áreas de Preservação: O Código previa a delimitação de


áreas de preservação permanente ao redor de corpos d'água, visando a
proteção dos recursos hídricos e a prevenção de impactos ambientais.

O Código de Águas influenciou o desenvolvimento de políticas públicas relacionadas


à gestão dos recursos hídricos no Brasil, embora muitos de seus princípios tenham
sido posteriormente reformulados e atualizados por leis mais recentes, como a Lei n.º
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9.433/97, conhecida como Lei das Águas. Esta última trouxe uma abordagem mais
moderna e integrada para a gestão dos recursos hídricos no país.

A Lei n.º 4.771/65, conhecida como Código Florestal, é uma legislação brasileira que
estabelece normas e diretrizes para a proteção e preservação das florestas e demais
formas de vegetação nativa. Ela foi promulgada em 15 de setembro de 1965 e passou
por diversas alterações ao longo dos anos.

O Código Florestal possui como objetivo principal a conservação dos recursos


naturais, a promoção do desenvolvimento sustentável e a preservação da
biodiversidade. Ele define regras relacionadas à utilização das áreas cobertas por
vegetação nativa, seja para atividades agrícolas, pecuárias, industriais ou urbanas.
Além disso, estabelece critérios para a exploração de áreas de preservação
permanente, como margens de rios e encostas, bem como regras para a reserva legal,
que é a porção de terras de uma propriedade rural que deve ser mantida com
vegetação nativa.

O Código Florestal também trata da importância da manutenção e recuperação das


áreas degradadas, estabelecendo medidas para a recuperação de áreas desmatadas
ilegalmente, por exemplo.

Ao longo dos anos, o Código Florestal passou por diversas modificações e revisões,
sendo uma legislação constantemente debatida devido aos conflitos entre a
conservação ambiental e o desenvolvimento econômico. Diversos aspectos do Código
foram objeto de debates acalorados, como as regras para a regularização de
propriedades rurais em situação irregular frente às suas obrigações ambientais.

É importante ressaltar que a última atualização que tenho conhecimento é até


setembro de 2021, e pode ter havido alterações posteriores ao Código Florestal desde
então. Recomendo verificar fontes atualizadas e oficiais para obter as informações
mais recentes sobre o assunto.

A Lei n.º 6.938/81, conhecida como a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), é
uma legislação brasileira que estabelece os princípios, diretrizes e instrumentos para
a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente. Ela foi promulgada em 31
de agosto de 1981 e é uma das bases do sistema legal de proteção ambiental no
Brasil.
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A Política Nacional do Meio Ambiente possui como objetivo principal a promoção do


desenvolvimento sustentável, conciliando o desenvolvimento econômico com a
conservação ambiental. Alguns dos principais aspectos e disposições da lei incluem:

1. Princípios Fundamentais: A PNMA estabelece princípios que norteiam a


atuação no campo ambiental, como a defesa e preservação do meio ambiente,
o uso racional dos recursos naturais, a promoção da educação ambiental, a
compatibilização do desenvolvimento econômico com a qualidade de vida e a
responsabilidade pelo dano ambiental.

2. Licenciamento Ambiental: A lei institui o sistema de licenciamento ambiental,


que é o processo pelo qual as atividades potencialmente poluidoras ou
degradadoras do meio ambiente são avaliadas quanto aos seus impactos e
submetidas a medidas de controle.

3. Órgão Ambiental Competente: A PNMA atribui ao órgão ambiental federal,


estadual e municipal a competência para implementar e fiscalizar as políticas
ambientais, bem como para aplicar sanções em caso de infrações ambientais.

4. Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e Relatórios de Impacto Ambiental


(RIMA): A lei determina que empreendimentos de significativo impacto
ambiental devem passar por um processo de avaliação por meio de Estudos
de Impacto Ambiental, que são documentos técnicos que analisam os possíveis
impactos e sugerem medidas de mitigação. O RIMA é um resumo não técnico
do EIA, acessível ao público.

5. Responsabilidade Civil e Penal: A lei estabelece a responsabilidade civil e


penal por danos causados ao meio ambiente, incluindo a possibilidade de
multas, suspensão de atividades e até mesmo a prisão em casos mais graves.

6. Zoneamento Ambiental: A PNMA prevê a elaboração de zoneamentos


ambientais para orientar o uso do solo e a ocupação de determinadas áreas,
de forma a prevenir a degradação ambiental.

7. Participação da Sociedade: A lei estimula a participação da sociedade na


formulação e execução da Política Nacional do Meio Ambiente, inclusive por
meio de conselhos e audiências públicas.
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A Lei n.º 6.938/81 foi um marco importante na legislação ambiental brasileira,


contribuindo para a criação de um arcabouço legal mais abrangente e estruturado
para a proteção do meio ambiente no país.
A Lei n.º 7.347/85, conhecida como a Lei da Ação Civil Pública, disciplina a ação civil
pública no Brasil e trata, entre outros aspectos, da responsabilidade por danos
causados ao meio ambiente. Ela foi promulgada em 24 de julho de 1985 e é uma das
principais ferramentas jurídicas para a proteção do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos.

A principal característica da Lei da Ação Civil Pública é que ela permite que o
Ministério Público, além de outras entidades legitimadas, possa ajuizar ações em
nome da coletividade para buscar a reparação de danos causados ao meio ambiente
e outros interesses coletivos, como consumidores, patrimônio público, entre outros.

A lei estabelece que, nos casos de danos ao meio ambiente, a ação civil pública pode
ser ajuizada para buscar a responsabilização dos causadores dos danos e a
reparação dos prejuízos ambientais. Além disso, a ação também pode buscar
medidas para prevenir a continuidade dos danos e promover a recuperação das áreas
afetadas.

Alguns dos principais aspectos e disposições da Lei n.º 7.347/85 incluem:

1. Legitimidade Ativa: A lei estabelece quem são as entidades legitimadas para


ajuizar ação civil pública, como o Ministério Público, a Defensoria Pública, as
autarquias, as fundações e as associações que atuem na defesa do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

2. Interesse Coletivo e Difuso: A lei define o que são interesses coletivos e


difusos, que incluem, por exemplo, os interesses relacionados à proteção do
meio ambiente, dos consumidores e do patrimônio público.

3. Reparação e Indenização: A ação civil pública pode buscar a reparação dos


danos causados ao meio ambiente e a indenização pelos prejuízos sofridos
pela coletividade.

4. Liminares e Medidas Cautelares: A lei permite a concessão de liminares e


medidas cautelares para evitar a continuidade dos danos e assegurar a
efetividade da ação civil pública.
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5. Acordo e Compromissos: A lei prevê a possibilidade de celebração de


acordos e compromissos para a solução dos conflitos, desde que haja interesse
público envolvido.

A Lei da Ação Civil Pública é fundamental para o exercício da cidadania, possibilitando


que interesses coletivos sejam protegidos e defendidos de forma mais efetiva perante
o Poder Judiciário.

A Resolução CONAMA n.º 001/86 é uma norma emitida pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA) que estabelece diretrizes gerais para a realização da
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) no Brasil. A AIA é um processo fundamental
para a análise e prevenção dos impactos ambientais significativos causados por
projetos, empreendimentos ou atividades que possam afetar o meio ambiente.

A Resolução CONAMA n.º 001/86 foi um marco importante para a regulamentação da


AIA no país, estabelecendo critérios e procedimentos para a realização dos estudos
de impacto ambiental e sua integração no processo de licenciamento ambiental.

Alguns dos principais aspectos e disposições da Resolução CONAMA n.º 001/86


incluem:

1. Definição da Avaliação de Impacto Ambiental: A resolução define a AIA


como um procedimento de estudo dos impactos ambientais de uma atividade
ou projeto, considerando seus efeitos diretos e indiretos, temporários e
permanentes, positivos e negativos.

2. Empreendimentos Sujeitos à AIA: A norma lista os tipos de


empreendimentos e atividades que estão sujeitos à realização da AIA, incluindo
aqueles que podem causar impactos significativos ao meio ambiente, como
obras de infraestrutura, indústrias, complexos turísticos, entre outros.

3. Estudos de Impacto Ambiental (EIA): A resolução estabelece a


obrigatoriedade da elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), um
documento técnico que analisa os possíveis impactos do projeto e propõe
medidas de mitigação e compensação.

4. Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA): A norma prevê a elaboração do


Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), um resumo não técnico do EIA,
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destinado ao público em geral, facilitando a compreensão dos impactos do


projeto.

5. Participação Pública: A resolução prevê a realização de audiências públicas


como parte do processo de AIA, permitindo que a população, as comunidades
afetadas e as partes interessadas expressem suas opiniões e preocupações
sobre os impactos ambientais do projeto.

A Resolução CONAMA n.º 001/86 foi um passo importante para a consolidação da


AIA no Brasil, contribuindo para a avaliação mais abrangente e informada dos
impactos ambientais de projetos e atividades, e possibilitando a adoção de medidas
de controle e mitigação para minimizar esses impactos.

A Lei n.º 9.605/98, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, é uma legislação
brasileira que trata das sanções penais e administrativas relacionadas a condutas e
atividades prejudiciais ao meio ambiente. Ela foi promulgada em 12 de fevereiro de
1998 e é um dos pilares do sistema legal de proteção ambiental no Brasil.

Essa lei estabelece punições para aqueles que cometem crimes e infrações contra o
meio ambiente, com o objetivo de coibir a degradação ambiental e promover a
conscientização sobre a importância da preservação ambiental. A Lei de Crimes
Ambientais se aplica tanto a pessoas físicas quanto a pessoas jurídicas.

Alguns dos principais aspectos e disposições da Lei n.º 9.605/98 incluem:

1. Tipos de Crimes e Infrações: A lei enumera diversos tipos de crimes e


infrações contra o meio ambiente, como desmatamento ilegal, poluição,
descarte inadequado de resíduos, caça e pesca ilegal, entre outros.

2. Penalidades: A lei estabelece as penas que podem ser aplicadas, incluindo


detenção, reclusão e multas, que variam de acordo com a gravidade do crime
ou infração.

3. Responsabilidade das Pessoas Jurídicas: A Lei de Crimes Ambientais


introduziu a responsabilidade penal das pessoas jurídicas por crimes
ambientais. Isso significa que empresas podem ser responsabilizadas e
punidas por danos ao meio ambiente decorrentes de suas atividades.
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4. Medidas Alternativas: Além das penas tradicionais, a lei permite a aplicação


de penas restritivas de direitos, como prestação de serviços à comunidade ou
ações de recuperação ambiental.

5. Apreensão de Bens: A lei permite a apreensão de produtos, instrumentos e


veículos utilizados na prática de crimes ambientais.

6. Suspensão de Atividades: Em casos mais graves, a lei prevê a possibilidade


de suspensão das atividades da pessoa jurídica condenada por crime
ambiental.

7. Defesa do Meio Ambiente: A lei estabelece a obrigação de reparar os danos


causados ao meio ambiente, além das penalidades criminais e administrativas.

A Lei de Crimes Ambientais foi um passo importante para reforçar a proteção


ambiental no Brasil, ao definir punições específicas para condutas que causam danos
à natureza e incentivando a conscientização sobre a importância da preservação
ambiental.
A Lei n.º 9.433/97, conhecida como a Lei das Águas ou Lei de Recursos Hídricos, é
uma legislação brasileira que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e
estabelece diretrizes para a gestão dos recursos hídricos no país. Ela foi promulgada
em 8 de janeiro de 1997 e é uma das leis fundamentais para a administração das
águas no Brasil.

A Lei das Águas foi criada para promover uma gestão mais integrada, sustentável e
participativa dos recursos hídricos, buscando equilibrar o uso da água para atender
às necessidades das pessoas, da economia e do meio ambiente.

Alguns dos principais aspectos e disposições da Lei n.º 9.433/97 incluem:

1. Bacia Hidrográfica como Unidade de Gerenciamento: A lei define a bacia


hidrográfica como a unidade de planejamento e gerenciamento dos recursos
hídricos, buscando uma abordagem mais descentralizada e adaptada às
características locais.

2. Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH): A


lei cria o SINGREH, que é um conjunto de instituições e instrumentos voltados
para a gestão dos recursos hídricos no Brasil. Ele inclui órgãos das esferas
federal, estadual e municipal, além de comitês de bacia e agências de água.
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3. Outorga de Direitos de Uso: A lei estabelece o sistema de outorga, que é o


processo pelo qual são concedidos os direitos de uso da água, permitindo
maior controle e equilíbrio na distribuição dos recursos hídricos.

4. Enquadramento dos Corpos D'água: A lei prevê a classificação e o


enquadramento dos corpos d'água em classes, de acordo com os usos
preponderantes e os padrões de qualidade da água. Isso auxilia no
estabelecimento de metas para a melhoria da qualidade da água.

5. Cobrança pelo Uso da Água: A lei estabelece a possibilidade de cobrança


pelo uso da água, com o objetivo de incentivar o uso eficiente e financiar a
gestão e recuperação dos recursos hídricos.

6. Comitês de Bacia: A lei prevê a criação de comitês de bacia hidrográfica, que


são instâncias colegiadas com representação dos diversos usuários e setores,
para auxiliar na gestão participativa dos recursos hídricos.

A Lei das Águas representou um avanço significativo na gestão dos recursos hídricos
no Brasil, introduzindo uma abordagem mais integrada e participativa, que busca
garantir o uso sustentável da água para as gerações presentes e futuras.

A Portaria IBAMA n.º 113/97, criada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), instituiu o Cadastro Técnico Federal de
Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais
(CTF/APP).

O CTF/APP é um registro obrigatório para pessoas físicas e jurídicas que realizam


atividades que possam causar impactos ao meio ambiente. Essas atividades são
consideradas potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos naturais,
abrangendo setores como indústrias, comércios, serviços e agropecuária.

O objetivo principal do CTF/APP é coletar informações sobre as atividades que podem


gerar impactos ambientais e contribuir para a elaboração de políticas públicas,
fiscalização e monitoramento ambiental mais eficazes. Ao compilar essas
informações, o governo pode tomar medidas mais embasadas para a preservação do
meio ambiente e a regulamentação das atividades econômicas.

Através do CTF/APP, o IBAMA e outros órgãos ambientais têm acesso a informações


sobre as atividades potencialmente poluidoras, permitindo o planejamento de ações
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de controle e fiscalização. Além disso, o cadastro é usado para a aplicação de taxas


e cobranças associadas ao uso de recursos ambientais, como água e emissão de
poluentes.

Vale ressaltar que as informações sobre a Portaria IBAMA n.º 113/97 podem ter
evoluído após a minha data de corte em setembro de 2021. Recomendo verificar
fontes atualizadas e oficiais para obter as informações mais recentes sobre o assunto.

A Resolução CONAMA n.º 357/05 é uma norma emitida pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA) que estabelece a classificação das águas doces, salobras
e salinas do Brasil. Essa classificação é fundamental para definir os padrões de
qualidade da água, ou seja, os limites permitidos para diferentes parâmetros que
indicam a qualidade e a saúde dos corpos d'água.

A Resolução CONAMA n.º 357/05 é especialmente relevante para a gestão dos


recursos hídricos e a proteção do meio ambiente aquático. Ela define critérios para a
classificação de corpos d'água, considerando diferentes aspectos como o uso previsto
da água, o tipo de ecossistema, os padrões de qualidade estabelecidos para
diferentes usos, entre outros fatores.

Essa classificação é dividida em classes, sendo que cada classe corresponde a um


determinado conjunto de usos da água e padrões de qualidade associados. A
Resolução também estabelece critérios para monitorar e controlar a qualidade da
água de acordo com sua classificação.

A classificação das águas definida pela Resolução CONAMA n.º 357/05 é fundamental
para a gestão dos recursos hídricos, orientando políticas públicas, fiscalização
ambiental, planejamento de ações de proteção e recuperação ambiental, entre outros
aspectos relacionados à preservação dos corpos d'água no Brasil.

Como sempre, recomendo verificar fontes atualizadas e oficiais para obter as


informações mais recentes e detalhadas sobre essa resolução e suas implicações.

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO


Publicado em: 18/12/2020 | Edição: 242 | Seção: 1 | Página: 5
Órgão: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Secretaria de Defesa
Agropecuária
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INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 113, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2020


Estabelecer as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de
criação comercial.
O SECRETÁRIO DE DEFESA AGROPECUÁRIA, do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, no uso das atribuições que lhe conferem os Arts. 21 e 63
do Anexo I do Decreto n.º 10.253, de 20 de fevereiro de 2020, tendo em vista o
disposto na Lei nº 13.844, de 18 de junho de 2019, e o que consta do Processo nº
21000.023952/2018-17, resolve:
Art. 1º Estabelecer as boas práticas de manejo nas granjas de suínos de criação
comercial, na forma desta Instrução Normativa.
CAPÍTULO I
DAS DEFINIÇÕES
Art. 2º Para efeito desta Instrução Normativa, considera-se:
I - área hospitalar: área reservada onde animais doentes ou feridos possam ser
tratados e monitorados;
II - boas práticas: procedimentos adotados em todos os elos da cadeia produtiva com
o objetivo de agregar valor aos produtos pecuários e promover a saúde e bem-estar
únicos;
III - comportamento anormal: comportamento não presente no repertório
comportamental natural da espécie, a exemplo de estereotipias, como sugar umbigo
ou orelha;
IV - contato positivo: contato físico direto entre humano e animal associado com
emoções positivas, a exemplo de acariciar, esfregar, tocar com as mãos, coçar e
conversar, quando oportuno;
V - criação comercial: todos os sistemas de produção cuja finalidade da operação é
gerar renda e ganhos econômicos;
VI – de população: promoção da morte de um rebanho ou parte dele, utilizando
métodos tecnicamente e cientificamente comprovados, de forma rápida e eficiente,
levando-se em consideração o bem-estar dos animais tanto quanto possível, quando
em emergências sanitárias, eventos adversos e desastres naturais;
VII - eutanásia: promover a morte de um animal de maneira controlada e assistida
para alívio da dor ou do sofrimento, obrigatoriamente mediante método tecnicamente
aceitável e cientificamente comprovado;
VIII - enriquecimento ambiental: promoção de um ambiente diversificado, com uso de
materiais e procedimentos adequados, permitindo ao suíno demonstrar o
comportamento típico da sua espécie e minimizando os eventos estressantes ao seu
redor;
IX - mossa: forma de identificação dos suínos através de piques nas orelhas;
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X - sistema de criação ao ar livre: sistema em que os animais vivem a maior parte do


tempo ao ar livre com alguma autonomia sobre o acesso a abrigo ou sombra, mas
dependentes dos seres humanos para prover necessidades básicas como alimentos,
água e proteção contra predadores, geralmente os animais são mantidos em piquetes,
de acordo com sua fase de produção;
XI - sistema de criação misto: sistema em que os animais são mantidos em qualquer
combinação de sistemas de produção ao ar livre e em galpão, dependendo do clima
ou da fase de produção;
XII - sistema de criação em galpão: sistema em que os animais são mantidos em
ambientes fechados e são totalmente dependentes de seres humanos para prover
necessidades básicas como alimentos e água; o sistema em galpão pode ser aberto
ou totalmente fechado e climatizado, dependendo das condições climáticas da região.
CAPÍTULO II
DOS INDICADORES BASEADOS NOS ANIMAIS E NOS AMBIENTES
Art. 3º O comportamento e a saúde dos animais devem ser monitorados pelo menos
duas vezes ao ano, seguindo os indicadores e orientações estabelecidos nas
recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em seu capítulo de
bem-estar nos sistemas de produção de suínos.
§ 1º A granja deve estabelecer limites apropriados para cada indicador, baseados em
literatura científica.
§ 2º Se observado o desvio dos limites estabelecidos para algum dos indicadores,
medidas corretivas e preventivas devem ser adotadas.
§ 3º A granja deve manter registro dos indicadores monitorados, da frequência de
monitoramento, dos limites estabelecidos para cada indicador e das ações adotadas.
§ 4º Todos os registros e laudos gerados, bem como os procedimentos adotados,
devem ser disponibilizados ao serviço veterinário oficial, por um período mínimo de
um ano.
CAPÍTULO III
DO ALOJAMENTO, INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS
Art. 4º Os sistemas de criação devem ser projetados, construídos e regularmente
inspecionados e mantidos de forma a reduzir o risco de lesões, doenças ou estresse
para os suínos e permitir o manejo seguro e a movimentação dos animais.
Parágrafo único. Instalações climatizadas e automatizadas devem possuir sistema de
desarme dos equipamentos ou sistema suplementar de energia para casos de falha
de fornecimento.
Art. 5º As instalações para alojamento coletivo de suínos devem possuir:
I - espaço para que todos os animais possam descansar simultaneamente e para que
cada animal consiga deitar, levantar e se mover livremente; e
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II - espaço suficiente para acesso à alimentação e água e para minimizar interações


agonísticas, a exemplo de brigas.
Parágrafo único. Caso sejam constatados comportamentos anormais, medidas
corretivas devem ser tomadas, como aumentar o espaço ou fornecer enriquecimento
ambiental.
Art. 6º Os comedouros e bebedouros devem ser construídos, localizados e mantidos
de forma a:
I - permitir fácil acesso para todos os animais alojados na área, reduzindo ao máximo
a disputa no momento da alimentação;
II - certificar a ausência de arestas cortantes, pontas perfurantes ou outras que
possam provocar ferimentos; e
III - minimizar sujidades.
Parágrafo único. É aceito o fornecimento de alimento no piso na área limpa da baia.
Art. 7º Os pisos serão projetados e mantidos para minimizar escorregões e quedas,
promover a saúde e reduzir o risco de lesões locomotoras, principalmente nos cascos.
Art. 8º O uso de piso totalmente ripado é aceito, desde que o espaçamento utilizado
seja uniforme, permita drenagem adequada e ao mesmo tempo proveja sustentação
dos membros dos animais, facilitando sua locomoção e evitando lesões no casco.
§1º No caso de matrizes alojadas em grupo é necessário dispor de áreas de descanso
com piso compacto.
§2º Granjas que possuam piso totalmente ripado para gestação coletiva terão prazo
até 1º de janeiro de 2045 para adequação e cumprimento ao disposto no parágrafo
primeiro deste Artigo.
Art. 9º A densidade na granja deve ser ajustada de acordo com as condições
ambientais, de manejo e de comportamento dos animais, podendo ser utilizadas as
densidades máximas abaixo estipuladas, conforme comprovação da evolução dos
resultados dos indicadores do Art. 5º:
I - para marrãs em pré-cobertura em alojamento coletivo, a área útil mínima destinada
a cada animal deve ser igual ou superior a 1,30 (um vírgula trinta) metros quadrados;
II - para marrãs gestantes em alojamento coletivo, a área útil mínima destinada a cada
animal deve ser igual ou superior a 1,50 (um vírgula cinquenta) metros quadrados;
III - para matrizes gestantes ou vazias em alojamento coletivo, a área útil mínima
destinada a cada animal deve ser igual ou superior a dois metros quadrados;
IV - para cachaços adultos alojados em baias, a área útil mínima destinada a cada
animal deve ser igual ou superior a seis metros quadrados;
V - para leitões de creche, de até trinta quilos de peso vivo, a área útil destinada a
cada animal deve ser igual ou superior a 0,27 (zero vírgula vinte e sete) metros
quadrados;
18

VI - para leitões em creche acima de trinta quilos ou recria será atendido o limite
máximo de cem quilos por metro quadrado;
VII - para animais de terminação abatidos com até cento e dez quilos de peso vivo, a
área útil mínima destinada a cada animal deve ser igual ou superior a 0,9 (zero vírgula
nove) metros quadrados; e
VIII - para animais de terminação abatidos acima de cento e dez quilos de peso vivo,
a área útil mínima será definida com base no peso metabólico dos animais através da
equação A= k x PV0,667, sendo A igual a área útil mínima em metros quadrados, k
uma constante de valor igual a 0,036 (zero vírgula zero trinta e seis) e PV o peso vivo
do animal.
Parágrafo único. O prazo para ajuste da densidade, nas granjas das categorias
citadas nos incisos II e III, é o mesmo do § 3º, do art. 16; para as categorias citadas
nos incisos VII e VIII o prazo é de 10 (dez) anos e para as demais categorias o prazo
é de um ano a partir da data de publicação desta instrução normativa.
Art. 10. O manejo do ambiente deve permitir e facilitar a renovação constante do ar
no interior das instalações, bem como a remoção periódica dos dejetos, a fim de evitar
o acúmulo de gases tóxicos, a exemplo de amônia e gás carbônico, com
acompanhamento dos resultados.
Art. 11. A instalação deve permitir a entrada de luz suficiente para que os suínos
possam investigar seus ambientes visualmente, mostrar padrões de comportamento
e serem vistos claramente para uma avaliação adequada.
§1º A existência de luz natural é obrigatória em instalações climatizadas.
§2º As fontes de luz artificial devem estar localizadas de modo a não causar
desconforto aos animais.
§3º Os suínos devem ser expostos à luz por um período mínimo de oito horas
contínuas, por dia e um período de escuro, de no mínimo de seis horas contínuas, por
dia.
Art. 12. A exposição de suínos a ruídos súbitos ou altos, de forma contínua, deve ser
minimizada para evitar reações de estresse e medo.
Art. 13. Os maquinários utilizados e quaisquer outros equipamentos dentro das
instalações ou dentro do perímetro interno da granja devem ser construídos, operados
e mantidos de forma a minimizar a emissão de ruídos.
Art. 14. Todas as fases de produção devem possuir área hospitalar.
Parágrafo único. A área hospitalar deve ser construída e mantida de forma a permitir
a fácil observação, o tratamento e a recuperação dos animais, provendo os recursos
necessários em cada caso.
Art. 15. As propriedades devem aplicar procedimentos para minimizar o estresse
térmico por frio ou calor, nos animais.
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§1º Se o risco de estresse por calor ou frio atingir níveis acima da capacidade
adaptativa dos animais, as propriedades devem adotar ações ou tecnologias que
minimizem o desconforto dos animais.
§2º Na maternidade, creche e área hospitalar, as propriedades adotarão sistemas de
fornecimento de calor para neonatos, leitões e animais fisicamente comprometidos, a
exemplo do uso de piso aquecido, lâmpadas ou abrigos.
Art. 16. Os novos projetos de reforma, ampliação ou construção de instalações para
matrizes serão executados adotando o sistema de criação em grupo para o
alojamento de fêmeas na fase de gestação e para o alojamento de cachaços em baias.
§ 1º A manutenção das fêmeas após a cobertura em gaiolas de gestação é tolerada
e limitada a 35 (trinta e cinco) dias em sistemas de alojamento individual.
§ 2º As granjas que utilizam gaiolas de gestação e gaiolas para alojamento para
cachaços terão prazo até 1º de janeiro de 2045, para adaptar suas instalações para a
gestação coletiva e baias para machos.
§ 3º Para projetos novos, protocolados em órgão ambiental, com a licença prévia em
andamento, o prazo para as adequações será de 10 anos.
Art. 17. As gaiolas utilizadas para o manejo reprodutivo, inseminação e intervalo
desmame cobertura, devem ser dimensionadas adequadamente para permitir que as
fêmeas:
I - levantem-se e fiquem em repouso sem tocar simultaneamente os dois lados da
gaiola; e
II - levantem-se sem tocar as barras superiores e laterais da gaiola.
Art. 18. O uso de gaiolas na maternidade é tolerado, sendo que as gaiolas devem
atender ao disposto no Art. 17.
Art. 19. Os embarcadouros nas granjas devem ser construídos e mantidos de forma a
minimizar lesões, escorregões e quedas, facilitando a movimentação dos animais,
permitindo um embarque com o mínimo de esforço físico, estresse e relutância.
§ 1º O uso de elevadores para o embarque dos animais é permitido.
§ 2º Quando utilizadas rampas, a inclinação será igual ou menor que 25° (vinte e
cinco) graus do solo.
§ 3º As granjas terão prazo até 1º de janeiro de 2030, para adequação e cumprimento
ao disposto neste Artigo.
CAPÍTULO III
DO MANEJO E RELAÇÃO HUMANO-ANIMAL
Art. 20. O produtor rural e demais trabalhadores devem promover contato positivo com
os animais, evitando situações desnecessárias de estresse e medo.
20

Art. 21. Os suínos devem ser conduzidos em grupos, respeitando o seu


comportamento natural.
§1º Exceções ao disposto no caput serão permitidas em caso de animais a serem
isolados do grupo.
§2º A condução deve ser iniciada por meio de aproximação calma e facilmente visível
para os animais.
§3º O tamanho do grupo a ser conduzido será formado de modo a não causar
amontoamentos e paradas durante a condução.
Art.22. Os equipamentos utilizados na condução de suínos devem ser de fácil
manuseio e leves, a exemplo de lonas, tábuas de manejo, chocalhos ou outros que
não causem dor e lesões nos animais.
§1º É vedado o uso de bastões elétricos para condução dos suínos.
§2º São proibidas condutas agressivas para com os suínos, a exemplo de, mas não
limitado a, chutes, arraste de animais conscientes, erguer ou puxar animais pelas
orelhas, rabo ou outras partes sensíveis.
Art. 23. Os suínos somente devem ser contidos durante o tempo necessário para os
procedimentos de manejo.
Parágrafo único. Procedimentos de contenção que provocam dor, a exemplo do
cachimbo, serão tolerados apenas com o objetivo de resguardar a integridade do
manejador.
Art. 24. A mistura de lotes deve ser evitada; porém, quando necessária, deve ser
realizada de modo que não cause estresse excessivo aos animais, sendo possível a
adoção de uma ou mais medidas, a exemplo de:
I - fornecer palha ou outro material de enriquecimento ambiental na área da mistura;
II - alimentar os suínos antes da mistura de lotes;
III - alimentar no chão na área de mistura;
IV - proporcionar espaço adicional e piso antiderrapante;
V - proporcionar oportunidades de escape e esconderijos de outros suínos, como
barreiras visuais;
VI - misturar animais previamente familiarizados sempre que possível;
VII - misturar os animais jovens logo após o desmame, se possível;
VIII - não introduzir animais sozinhos a um grupo de animais já estabelecido; e
IX - a introdução de novos animais a grupos com hierarquia já definida, deve ser feita
com o mínimo de três novos indivíduos a adentrar no grupo.
Art. 25. A propriedade rural deve dispor de orientação técnica escrita para o período
do desmame dos leitões visando minimizar o estresse nos leitões e nas matrizes.
21

§1º Projetos novos ou ampliação de granjas devem ser elaborados para desmame de
lote com média de idade de vinte e quatro dias ou mais.
§2º As granjas que atualmente desmamam leitões com média de idade de vinte e um
dias têm até 1º de janeiro de 2045 para adaptarem suas instalações para desmame
com idade média de vinte e quatro dias ou mais.
§4º Os leitões recém-desmamados devem ser alojados em locais secos e serem
limpos regularmente.
§5º Em caso de erradicação de doenças, a critério do médico veterinário, é permitido
o desmame precoce medicado.
Art. 26. Para habituação ao ambiente, as matrizes devem ser transferidas para a
maternidade em no mínimo de dois dias antecedentes à data esperada de parto,
sendo considerado:
I - o fornecimento de material de enriquecimento adequado ao comportamento de
nidificação previamente ao parto; e
II - a supervisão das matrizes na maternidade, de modo a permitir a adoção de
medidas imediatas em caso de ocorrências prejudiciais à fêmea ou à leitegada.
Art. 27. Os suínos devem ser avaliados pelo menos uma vez por dia para que seja
possível identificar problemas de saúde e bem-estar.
Parágrafo único. Algumas categorias de animais devem ser avaliadas com maior
frequência, como matrizes em final de gestação, leitões recém-nascidos, leitões
recém-desmamados, suínos recém-misturados, animais em tratamento, entre outros.
Art. 28. Os suínos identificados como doentes ou feridos devem receber tratamento
adequado na primeira oportunidade por pessoal capacitado.
Parágrafo único. Ante a impossibilidade de se fornecer tratamento adequado, deve
ser buscada a orientação de um médico veterinário.
Art. 29. Todos os profissionais envolvidos no embarque e desembarque dos animais
têm a responsabilidade de respeitar as recomendações técnicas vigentes, visando
reduzir a incidência de ferimentos e minimizar o sofrimento dos animais.
Art. 30. Os suínos devem ser manejados durante o embarque e desembarque por
pessoas capacitadas.
Art. 31. Os suínos que apresentarem sinais de dor ou forem considerados não aptos
ao transporte não deverão ser embarcados, a exemplo de:
I - animais jovens com umbigo não cicatrizado;
II - matrizes no terço final de gestação ou até dez dias pós-parto;
III - animais que passaram por procedimentos cirúrgicos nos últimos dez dias antes
do transporte;
IV - animais caquéticos; e
22

V - animais com fraturas, membros deslocados ou que não consigam caminhar


apoiando os quatro membros.
Parágrafo único. Animais com lesões, feridas, sinais de dor ou claudicação que
impeçam o apoio nos quatro membros quando em estação, devem ser transportados
em compartimentos separados e com cuidados específicos visando evitar o
agravamento da situação pelo transporte.
Art. 32. Os reprodutores devem ser alojados de forma a evitar o isolamento social,
sendo permitida a manutenção de contato visual ou táctil com outros suínos.
Parágrafo único. Deve ser proporcionado enriquecimento ambiental para os
reprodutores.
Art. 33. Quando utilizada a monta em manequim para coleta de sêmen, os
reprodutores devem ser treinados utilizando apenas condicionamento positivo, sob o
ponto de vista do animal, sendo proibido o uso de estímulos aversivos.
CAPÍTULO IV
DOS PROCEDIMENTOS DOLOROSOS
Art. 34. A imunocastração e castração cirúrgica são métodos aceitos, porém a
castração cirúrgica somente pode ser realizada quando:
I - recomendada por médico veterinário e realizada por operador capacitado;
II - utilizados equipamentos com devida manutenção e higienizados;
III - adotados procedimentos para minimizar qualquer dor, angústia e complicações
posteriores para o animal, conforme regulamentação do Conselho Federal de
Medicina Veterinária;
IV - outros métodos poderão ser aceitos pelo MAPA desde que comprovados os
benefícios para os animais e com validação técnico-científica, conforme
regulamentado por legislação vigente.
Parágrafo único. As granjas terão até 1º de janeiro de 2030 para utilização de
analgesia e anestesia, em toda e qualquer castração cirúrgica, independentemente
da idade do animal.
Art. 35. Cirurgias para redução de hérnia escrotal, vasectomia ou outro procedimento
não rotineiro somente podem ser realizadas com ausência da dor, usando anestesia
e analgesia prolongada.
Parágrafo único. No caso de animais não viáveis que necessitem de intervenções
cirúrgicas, a exemplo de histerectomia em matrizes para salvamento dos leitões, o
animal será induzido à inconsciência imediata previamente ao procedimento.
Art. 36. O corte da cauda deve ser evitado, no entanto pode ser tolerado quando:
I - medidas de ajuste do manejo e qualidade do ambiente previstas nesta Instrução
Normativa forem adotadas;
23

II - mutilado apenas o terço final da cauda;


III - recomendado por médico veterinário e realizado por operadores capacitados;
IV - utilizados equipamentos de corte com devida manutenção e higienizados, seguido
de cauterização;
V - realizado de modo que minimize qualquer dor e complicações posteriores para o
animal; e
VI - após três dias de idade, somente serão realizadas com uso de anestesia e
analgésicos para controle da dor.
Art. 37. Os métodos de identificação dos animais incluem as mossas, tatuagens de
orelha, brincos, bottons e microchips.
Parágrafo único. Fica proibida a mossa a partir de 1º de janeiro de 2030.
Art. 38. O procedimento de desbaste dos dentes dos leitões será realizado quando
houver lesão grave do aparelho mamário da matriz ou face dos leitões da leitegada.
§1º Respeitando as hipóteses estabelecidas no caput do Artigo, somente o terço final
do dente poderá ser desbastado.
§2º É proibido o corte de dentes.
Art. 39. O desbaste de presas dos cachaços somente será realizado:
I - quando necessário;
II - por profissional capacitado; e
III - com anestesia e analgesia para controle da dor.
Art. 40. O procedimento de destrompa somente será tolerado em matrizes alojadas
em sistemas ao ar livre e em pastagens e deverá ser realizado:
I - por profissionais capacitados;
II - com anestesia e analgesia para controle da dor;
III - com equipamentos com devida manutenção e higienizados; e
IV - de modo a minimizar qualquer dor, angústia e complicações posteriores para o
animal.

CAPÍTULO V
DO MANEJO NUTRICIONAL
Art. 41. Todos os animais receberão diariamente quantidades adequadas de
alimentos e nutrientes para permitir que cada suíno:
I - mantenha uma boa saúde;
II - atenda às suas demandas fisiológicas e comportamentais;
24

III - evite distúrbios metabólicos e nutricionais; e


IV - evite a competição excessiva entre animais.
Art. 42. Todos os animais devem ter acesso permanente à água de boa qualidade,
mantida de acordo com a legislação vigente.
Parágrafo único. A granja deve possuir um plano de contingência para o caso de
interrupções no fornecimento de água ou contaminação das suas fontes.
CAPÍTULO VI
DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL
Art. 43. Os suínos devem ter acesso a um ambiente enriquecido, para estimular as
atividades de investigação e manipulação e reduzir o comportamento anormal e
agonístico.
§1º Devem ser disponibilizados um ou mais materiais para manipulação, que não
comprometam a saúde dos animais a exemplo de palha, feno, cordas, correntes,
madeira, maravalha, borracha, plástico.
§2º Podem ser utilizados outros recursos adicionais aos materiais de manipulação, a
exemplo de estímulos sonoros, visuais e olfativos.
§3º No caso em que as instalações de tratamento de efluentes não suportem os
resíduos gerados pelo enriquecimento ambiental, as granjas dispõem até 1º de janeiro
de 2045 para adequação e cumprimento ao disposto no caput deste Artigo.
CAPÍTULO VII
DA SAÚDE E MELHORAMENTO GENÉTICO DO REBANHO
Art. 44. As propriedades que possuem criação comercial de suínos devem possuir
procedimentos de biossegurança implementados e compatíveis, de acordo com a
legislação vigente.
Art. 45. O direcionamento dos programas de melhoramento genético de suínos deve
considerar o bem-estar dos suínos, com o objetivo de melhorar o temperamento,
viabilidade dos leitões, entre outras características.
CAPÍTULO VIII

DA DEPOPULAÇÃO E EUTANÁSIA
Art. 46. Os animais doentes ou lesionados devem ser encaminhados para tratamento
ou eutanásia.
Parágrafo único. O tratamento e o método de eutanásia devem ser orientados por
médico veterinário.
Art. 47. O animal deve ser submetido à eutanásia quando:
I - apresentar caquexia;
25

II - ser incapaz de se levantar por conta própria e se recusar a comer ou a beber, não
respondendo ao tratamento orientado pelo médico veterinário;
III - estiver sofrendo dor severa e debilitante;
IV - apresentar fraturas;
V - apresentar lesões da coluna vertebral;
VI - apresentar quadro de infecção múltipla com perda de peso crônica;
VII - nascer prematuro, com sobrevivência improvável ou com defeito congênito
debilitante; ou
VIII - qualquer outra orientação determinada pelo médico veterinário.
Art. 48. Qualquer método de eutanásia deve resultar em uma perda imediata da
consciência, sem dor adicional, até a comprovação da morte.
Art. 49. Para fins de eutanásia e de população serão aceitos apenas procedimentos
com embasamento científico e conforme orientações da Organização Mundial de
Saúde Animal (OIE) e Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).
Parágrafo único. Os métodos de população aceitos somente serão empregados em
caso de emergência sanitária, desastres naturais ou ocasiões excepcionais, conforme
orientação do serviço veterinário oficial.
Art. 50. Imediatamente após a eutanásia ou de população os animais devem ser
avaliados para confirmação da morte, previamente ao descarte do cadáver, devendo
ser observados minimamente os sinais abaixo:
I - parada respiratória;
II - olhos vidrados e centralizados;
III - ausência de batimento cardíaco; e
IV - pupilas dilatadas.
CAPÍTULO IX
DO PLANO DE CONTINGÊNCIA
Art. 51. Empresas integradoras de criação de suínos e os produtores devem possuir
planos de contingência para o caso de falha nos sistemas de energia, água e
alimentação, bem como desastres naturais e eventos adversos, a fim de não
comprometer a saúde e bem-estar dos animais.
CAPÍTULO X
DO TREINAMENTO DOS PROFISSIONAIS
Art. 52. Os suínos devem ser manejados e mantidos sob o controle de equipes com
número suficiente de pessoas, que possuam capacitação e conhecimentos
necessários para manter o bem-estar e a saúde dos animais.
26

Art. 53. Todos os responsáveis pelos animais devem ser capacitados por meio de
treinamento formal ou experiência prática de acordo com suas atribuições, com
treinamento e atualização bianual.
Parágrafo único. A capacitação de trabalhadores na suinocultura deve incluir:
I - a compreensão do comportamento dos animais e habilidade no manejo;
II - aspectos básicos da nutrição;
III - técnicas de manejo reprodutivo;
IV - biossegurança;
V - impactos ambientais;
VI - sinais de doença; e
VII - indicadores de bem-estar animal, como estresse, dor, desconforto e estados
mentais positivos.
Art. 54. Esta Instrução Normativa entra em vigor em 01 de fevereiro de 2021.
JOSÉ GUILHERME TOLLSTADIUS
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Referências

NACIONAL, I. INSTRUÇÃO NORMATIVA No 113, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2020 - DOU - Imprensa


Nacional. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-normativa-n-113-de-16-de-
dezembro-de-2020-294915279>.Acesso em 14 de agosto de 2023.

DE OLIVEIRA, Paulo Armando Victória. Produção de suínos em sistemas sustentáveis. In: Anais do II
Congresso Brasileiro de Produção Animal Sustentável. 2012. p. 57.

DO AMARAL, A. L.; DA SILVEIRA, P. R. S.; DE LIMA, G. J. M. M. Boas práticas de produção de suínos.


2006.

L11794. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm>.


Acesso em: 22 ago. 2023.

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