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AGROBIO - Associação Portuguesa de Agricultura Biológica

Curso: e-learning

Modo de Produção Biológico


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Sessão 2

A Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Biológica, abreviadamente IFOAM,


define 4 princípios genéricos para a Agricultura Biológica. São eles, a Saúde, a Ecologia, a
Justiça e a Precaução.

Os ecossistemas assentam numa interdependência saudável. A título de exemplo e em termos


muito simples, os Animais saudáveis dependem de Plantas saudáveis, as Plantas para serem
saudáveis têm que nascer e crescer em Solos saudáveis e estes também dependem de matéria
orgânica saudável.
A ecologia é um dos princípios da Agricultura Biológica e por isso é importante praticar modos
de produção agrícola, como a Agricultura biológica, que promovam a fertilidade dos solos, a
biodiversidade e façam o uso eficiente da energia e dos recursos naturais.

A justiça é fundamental nas relações humanas pelo que é primordial haver respeito pela
qualidade de vida de todos os intervenientes; desde os agricultores ao consumidor final.

A história recente tem-nos mostrado o valor deste princípio. São exemplo disso alguns
pesticidas que depois de aplicados durante anos são retirados do mercado por se provar
estarem associados a algumas doenças da humanidade. É por que a precaução está sempre
presente na escolha e desenvolvimento de métodos e tecnologias aplicáveis em Agricultura
Biológica.

De acordo com o Regulamento (CE) N. 834/2007 do Conselho de 28 de Junho de 2007 a


Agricultura Biológica assenta em 4 princípios. A saber: A utilização de recurso internos ao
sistema; A restrição da utilização de insumos externos; A limitação da utilização de insumos de
síntese química a casos excecionais; e A adaptação das regras da produção biológica, apenas
quando necessário.
O primeiro princípio refere-se à aplicação de produção vegetal e animal adequadas ao solo em
que se realizam ou, no caso da aquicultura, respeitando o princípio da exploração sustentável
dos recursos haliêuticos. São excluídos os Organismos Geneticamente Modificados e os
produtos obtidos a partir de OGM ou mediante OGM, com exceção dos medicamentos
veterinários. O combate a doenças e pragas devem basear-se na avaliação dos riscos e na
utilização de medidas preventivas.

A aplicação de insumos externos, vulgarmente denominados de Fatores de Produção, pode


realizar-se quando já não for possível através de insumos da própria exploração. E quando for
necessário aplicar insumos externos à exploração, este devem ser limitados a: Insumos
provenientes da produção biológica; Substâncias naturais ou derivadas de substâncias naturais
ou Fertilizantes minerais de baixa solubilidade.

A utilização de fatores de produção de síntese química só é permitida em caso muito


excecionais, como antibióticos no tratamento de animais que estejam em risco de vida. Nos
casos em que esses produtos de síntese química são utilizados, o animal em questão perde a
certificação de produto biológico e inicia um novo período de conversão.

Na Produção Biológica é necessário ter em atenção as condições edafo-climáticas específicas da


região onde se pratica, bem como os ciclos de vida naturais das plantas de forma a obter
alimentos saudáveis em harmonia com o meio onde são produzidos. Havendo necessidade de
adaptação, ela deve ser feita no cumprimento das regras da produção biológica, tendo em conta
a situação sanitária, as especificidades climáticas regionais e locais, os estádios de
desenvolvimento e as práticas específicas de produção.

O Regulamento (CE) N. 834/2007, para além dos princípios gerais considera ainda princípios os
seguintes princípios específicos aplicáveis à agricultura:

1) Manutenção e reforço da vida dos solos, da sua fertilidade natural, estabilidade e


biodiversidade, prevenção e luta contra a sua compactação e erosão, bem como alimentação
das plantas essencialmente através do ecossistema dos solos;

2) Minimização da utilização de recursos não renováveis e de insumos externos à exploração;

3) Reciclagem dos desperdícios e subprodutos de origem vegetal e animal, como insumos na


produção vegetal e animal;

4) Tomada em consideração do equilíbrio ecológico local ou regional quando da tomada de


decisões em matéria de produção;

5) Preservação da saúde animal, através da estimulação das defesas imunológicas naturais


do animal, bem como da seleção de raças e de práticas de criação adequadas;

6) Preservação da fitossanidade através de medidas preventivas, tais como a escolha de


espécies e variedades adequadas resistentes aos parasitas e às doenças, a rotação adequada
das culturas, métodos mecânicos e físicos e a proteção dos predadores naturais dos
parasitas;

7) Prática da produção animal adaptada ao local e adequada ao solo;


8) Observância de um elevado nível de bem-estar dos animais respeitando as necessidades
próprias de cada espécie;

9) Obtenção de produtos animais biológicos a partir de animais que sejam criados em


explorações biológicas desde o nascimento e ao longo de toda a sua vida;

10) Escolha das raças tendo em conta a capacidade de adaptação dos animais às condições
locais, a sua vitalidade e a sua resistência às doenças ou a problemas sanitários;

11) Alimentação dos animais com alimentos biológicos para animais compostos por
ingredientes provenientes da agricultura biológica e por substâncias não agrícolas naturais;

12) Aplicação de práticas de criação que reforcem o sistema imunitário e aumentem as


defesas naturais contra as doenças e que incluam nomeadamente o exercício regular e o
acesso a áreas ao ar livre e a terrenos de pastagem, se for caso disso;

13) Exclusão da criação de animais poliplóides artificialmente induzidos;

14) Manutenção da biodiversidade dos ecossistemas aquáticos naturais, da permanente


sanidade do ambiente aquático e da qualidade do ecossistema aquático e terrestre
circundante na produção aquícola;

15) Alimentação dos organismos aquáticos com alimentos para animais provenientes da
exploração sustentável dos recursos haliêuticos definida no artigo 3. o do Regulamento (CE)
n. o 2371/2002 do Conselho, de 20 de Dezembro de 2002, relativo à conservação e à
exploração sustentável dos recursos haliêuticos no âmbito da Política Comum das Pescas, ou
com alimentos biológicos para animais compostos por ingredientes provenientes da
agricultura biológica e por substâncias não agrícolas naturais

Legislação Específica da Agricultura Biológica

REGULAMENTO (CE) N. o 834/2007 DO CONSELHO, de 28 de Junho de 2007, relativo à


produção biológica e à rotulagem dos produtos biológicos e que revoga o Regulamento (CEE)
n. o 2092/91.
Este regulamento constitui a base para o desenvolvimento sustentável da produção
biológica, garantindo simultaneamente o funcionamento eficaz do mercado interno,
assegurando a concorrência leal, garantindo a confiança dos consumidores e protegendo os
seus interesses.

Aplica-se a todas as fases da produção, preparação e distribuição dos produtos biológicos e


ao seu controlo; e à utilização de indicações referentes à produção biológica na rotulagem e
na publicidade.

REGULAMENTO (CE) N. o 889/2008 DA COMISSÃO de 5 de Setembro de 2008 que


estabelece normas de execução do Regulamento (CE) n. o 834/2007 do Conselho relativo à
produção biológica e à rotulagem dos produtos biológicos, no que respeita à produção
biológica, à rotulagem e ao controlo.
REGULAMENTO DE EXECUÇÃO (UE) N. o 203/2012 DA COMISSÃO de 8 de março de
2012 que altera o Regulamento (CE) n. o 889/2008 que estabelece normas de execução do
Regulamento (CE) n. o 834/2007 do Conselho, no que respeita ao vinho biológico
Altera o Regulamento (CE) n. o 889/2008 na parte referente ao vinho biológico

ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A AGRICULTURA BIOLÓGICA (ENAB) E O


PLANO DE AÇÃO (PA)
Por Resolução do Conselho de Ministros n.º 110/2017 foram aprovados a ESTRATÉGIA
NACIONAL PARA A AGRICULTURA BIOLÓGICA E O PLANO DE AÇÃO para a produção e
promoção de produtos agrícolas e géneros alimentícios biológicos. Foi também criado o
Observatório Nacional da Produção Biológica. Apresentamos em seguida algumas
medidas que constam na Estratégia Nacional e no Plano de ação.

A Estratégia tem uma duração prevista de 10 anos (revisão em 2022) e dela constam 5
objetivos, 3 eixos de ação, 18 objetivos operacionais, 10 metas a atingir e 58 ações a
desenvolver.

Objetivos estratégicos

1. Fomentar a expansão das áreas de Produção Biológica nos setores da


Agricultura, da Pecuária e da Aquicultura;
2. Aumentar a oferta de produtos agrícolas e agroalimentares obtidos em
Produção Biológica;
3. Desenvolver a procura de produtos biológicos.
4. Promover o conhecimento e elevar o nível de competências sobre o
Agricultura e Produção Biológica;
5. Dinamizar a inovação empresarial e a disponibilidade de informação à
produção agrícola, pecuária e aquícola Biológica.

Metas da Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica

I) Duplicar a área de Agricultura Biológica, para cerca de 12 % da SAU nacional;

II) Triplicar as áreas de hortofrutícolas, leguminosas, proteaginosas, frutos secos,


cereais e outras culturas vegetais destinadas a consumo direto ou transformação;

III) Duplicar a produção pecuária e aquícola em PB, com particular incidência na


produção de suínos, aves de capoeira, coelhos e apícola;

IV) Duplicar a capacidade interna de transformação de produtos biológicos;

V) Incrementar em 50 % o consumo de produtos biológicos;

VI) Triplicar a disponibilidade de produtos biológicos nacionais no mercado;

VII) Reforçar a capacidade técnica em PB, com duplicação do n.º de técnicos


credenciados e o reforço da capacidade técnica específica do Estado;

VIII) Aumento em pelo menos 20 % a capacidade de oferta formativa;


IX) Criação de uma rede de experimentação de AB, com instalação de pelo menos
uma unidade experimental certificada, em cada Região Agrária do País;

X) Criação de um Portal “BIO” de divulgação, promoção de inovação e difusão de


informação técnico-científica específica.

REGULAMENTO (UE) 2018/848 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de


30 de maio de 2018 relativo à produção biológica e à rotulagem dos produtos biológicos
Revoga o Regulamento (CE) n. o 834/2007 do Conselho e vai entrar em vigor no dia 1 de
janeiro de 2022

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