Você está na página 1de 3

Cláudia Maria de Sena Cabeleira

Aluna n.º 17 606


Faculdade de Ciências e Tecnologias
A produção integrada e a agricultura biológica são duas modalidades de agricultura sustentável com
exigências similares em relação a um “núcleo duro” abrangendo aspetos relacionados com a
estabilidade dos ecossistemas, a biodiversidade, a fertilidade do solo, o ciclo dos nutrientes, o bem-
estar dos animais, os parâmetros ecológicos da qualidade, os níveis de produção, a poluição e a
qualidade de vida e formação do agricultor.

As diferenças entre produção integrada e agricultura biológica traduzem-se, na agricultura biológica,


pela maior ênfase em relação ao solo evidenciada, por exemplo, pela utilização prioritária do
composto; e pela proibição da utilização de adubos químicos e de pesticidas químicos com exceção de
feromonas químicas, por não serem aplicadas diretamente ao solo ou sobre a planta.

A produção integrada permite a utilização de adubos e pesticidas químicos, de modo a não afetar o
Homem e o ambiente, e evidencia, até, maiores precauções na defesa dos auxiliares, agredidos em
agricultura biológica por inseticidas “naturais” (as plantas inseticidas mas tóxicos para os auxiliares,
como piretrinas, rotenona e derris.

De acordo com a definição adotada pela OILB/SROP nas Regras Gerais de produção Integrada: “a
produção integrada é um sistema agrícola de produção de alimentos de alta qualidade e de outros
produtos utilizando os recursos naturais e os mecanismos de regulação natural em substituição de
fatores de produção prejudiciais ao ambiente e de modo a assegurar, a longo prazo, uma agricultura
viável”.

As características da produção integrada e as suas estreitas afinidades com o conceito de agricultura


sustentável são bem evidenciadas pelo conjunto de 11 princípios, também aprovados pela OILB/SROP:
• a produção integrada não é uma mera combinação da proteção integrada com elementos adicionais,
como os adubos e as práticas agronómicas, visando aumentar a sua eficácia, mas é baseada na
regulação do ecossistema, na importância do bem-estar dos animais e na preservação dos recursos
naturais;
• a minimização dos efeitos secundários inconvenientes decorrentes das atividades agrícolas;
• a exploração agrícola no seu conjunto é a unidade de implementação da produção integrada;
• a reciclagem regular dos conhecimentos do empresário agrícola sobre produção integrada;
• a manutenção da estabilidade dos ecossistemas;
• o equilíbrio do ciclo dos nutrientes, reduzindo as perdas ao mínimo; • a preservação e a melhoria da
fertilidade intrínseca do solo;
• o fomento da biodiversidade;
• A PRODUÇÃO INTEGRADA, MODALIDADE DE AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
• a qualidade dos produtos agrícolas deve ser avaliada por parâmetros ecológicos, além dos critérios
clássicos de qualidade, externos e internos;
• o bem-estar dos animais, produzidos na exploração agrícola, deve ser tomado em consideração;

1
Cláudia Maria de Sena Cabeleira
Aluna n.º 17 606
Faculdade de Ciências e Tecnologias
• finalmente, no 8º Princípio, destaca-se que, em produção integrada, a proteção integrada é a
orientação obrigatoriamente adotada em proteção das plantas.

Só quando se justificar por análise do solo ou do material vegetal podem ser utilizadas as quantidades
mínimas de fertilizantes compatíveis com elevados rendimentos de alta qualidade e com as reservas do
solo em elementos nutritivos minerais e orgânicos. Devem ser minimizados os riscos de contaminação
das águas subterrâneas, especialmente resultantes da lixiviação dos nitratos. A manutenção e melhoria
da fertilidade do solo é essencial para assegurar boas produções e também tem reflexos de ordem
sanitária. Para manter ou melhorar a fertilidade do solo, de acordo com as características do local da
cultura, deve-se:
• manter o solo a nível ótimo de matéria orgânica, não inferior a 1%, no caso da vinha ou pereira;
• manter elevada a biodiversidade da flora e da fauna;
• otimizar as características biofísicas do solo para evitar a compactação;
• manter o mais possível a cobertura vegetal do solo, obrigatoriamente no Inverno para pomóideas,
vinha e olivais, exceto em zonas áridas;
• realizar a menor perturbação possível de natureza física e química do solo.

A gestão dos nutrientes das plantas e das fertilizações deve respeitar as orientações definidas
nas regras de produção integrada da OILB/SROP:
• o programa de fertilização deve ser estabelecido para cada cultura, ao nível da parcela e para toda a
rotação;
• deve ser dada preferência a fertilizantes orgânicos;
 A PRODUÇÃO INTEGRADA, MODALIDADE DE AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
• a utilização de adubos não provenientes da exploração deve compensar as exportações reais e as
perdas técnicas e tender para o equilíbrio anual nas culturas perenes e na rotação para as culturas
anuais;
• as necessidades em elementos fertilizantes, relativamente aos principais macronutrientes, excepto o
azoto, são definidas por análise do solo, todos os três a cinco anos, consoante as culturas; a análise
foliar poderá ser utilizada como complemento;
• na avaliação das necessidades em elementos fertilizantes devem ser tomados em consideração o
transporte de elementos fertilizantes como o azoto através do ar poluído, as forragens para os animais e
a mineralização da matéria orgânica do solo;
• os materiais orgânicos utilizados devem ter baixos teores em metais pesados e outros produtos tóxicos
e respeitar a regulamentação regional;
• devem ser definidas as medidas para reduzir as perdas de fertilizantes por lixiviação (em especial de
azoto), por erosão e por evaporação;
• para cada cultura e considerando o tipo de solo deve ser definida a máxima quantidade de azoto e de
outros macro nutrientes e as épocas mais adequadas de aplicação, em particular para os que implicam
maior risco de poluição das águas subterrâneas, como os nitratos;

2
Cláudia Maria de Sena Cabeleira
Aluna n.º 17 606
Faculdade de Ciências e Tecnologias
• as necessidades em azoto devem ser resolvidas, na medida do possível, por leguminosas (fixação
biológica do azoto), evitando os riscos de lixiviação;
• procurar substituir as adubações fosfatadas pelo enriquecimento da atividade dos organismos do solo
(ex.: micorrizas).
• manter janelas de fertilização, isto é, pequenas parcelas sem fertilização;
A Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, a FAO, teve papel
preponderante na promoção da luta integrada em diversos continentes (América do Sul, África, Ásia e
até na Europa, nomeadamente em Portugal. Em 1963, a FAO iniciou as suas atividades no âmbito da
luta integrada, realizou o Simpósio FAO sobre luta integrada contra os inimigos das culturas, em
Outubro de 1965, e assegurou– O CONCEITO DE PROTEÇÃO INTEGRADA • O CONCEITO DE
PROTEÇÃO INTEGRADA o funcionamento anual, desde Setembro de 1967, do Grupo de Trabalho
FAO de especialistas de luta integrada, a par de outro Grupo de Trabalho FAO sobre a resistência dos
inimigos das culturas aos pesticidas desde Outubro de 1965. Em 1974, a FAO iniciou um Programa
Mundial Conjunto FAO/PNUE para a organização e aplicação da proteção integrada em várias culturas
agrícolas em numerosos países como Colômbia, Brasil, Nicarágua, Salvador, Peru, Egito e Tailândia
(21). Estas iniciativas da FAO têm continuado, sendo de destacar como exemplo a Global IPM Facility
iniciada em 1995 e assegurando financiamento proveniente dos Governos da Holanda, Noruega e Suíça
e de outras entidades para desenvolver programas de formação e de prática da proteção integrada em
países da Ásia como Bangladesh, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietname e em 12 países de África
(ex.: Burkina Faso, Costa do Marfim, Gana e Mali) e vários da América do Sul).
Nos últimos 40 anos, após a definição de luta integrada pelos entomologistas californianos, foi
realizada muita investigação, formação, extensão e prática da luta integrada, nos EUA, na Europa e
noutros continentes e ocorreu ampla evolução na terminologia, correspondendo, em Portugal e noutros
países, aos conceitos de proteção integrada (em vez de luta integrada) e de produção integrada.
A OILB/SROP teve influência decisiva no progresso, na Europa, da investigação, do ensino,
da formação profissional e da prática da proteção integrada através da intensa atividade das suas
comissões, grupos de trabalho e grupos de estudo e da dinâmica de numerosos participantes,
investigadores, docentes e técnicos.
Num mercado altamente competitivo, os comerciantes exportadores deverão ofertar para os
mercados importadores um produto de qualidade que atenda às exigências dos consumidores. Assim, a
Produção Integrada representa um conjunto de técnicas voltadas à produção de alimentos de melhor
qualidade, especialmente no que se refere aos baixos níveis de resíduos de agro químicos e ao impacto
ambiental do sistema de produção. Nesse contexto, a implantação do programa de Produção Integrada
está baseada na integração entre pesquisadores, produtores, consultores e extensionistas, tanto do setor
público quanto do privado. Para dar o suporte tecnológico necessário ao programa, vários projetos de
pesquisas estão a ser desenvolvidos, com o objetivo de gerar novas tecnologias, produtos e serviços que
se adaptem à realidade do produtor e do comerciante, aumentando a produtividade, a qualidade e
permitindo a competitividade imposta pelos mercados importadores , altamente exigentes. O grande
desafio é tornar essas técnicas mais eficientes para minimizar os efeitos do sistema produtivo no
ambiente e dar resposta a mercados cada vez mais exigentes.

Você também pode gostar