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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA - UFRGS


CAMPUS CENTRO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO CENTRO

ESCOLA DE ENGENHARIA - EE/UFRGS

ENGENHARIA QUÍMICA

ÁCIDO ASCÓRBICO

Andressa Secco
Camila Pentean Bessa

Caroline Luiza M. Mendel


Larissa Zyszkiewicz
Pedro Brenner Soares

Porto Alegre - RS

2021
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1. Histórico
Desde a antiguidade existe conhecimentos sobre a doença de escorbuto (deficiência do ácido
ascórbico ou Vitamina C no organismo humano). No entanto, não haviam conhecimentos mais
aprofundados sobre o que necessariamente causava essa doença e nem suas origens. No século
XVIII ela causou uma maior preocupação, justamente por ser responsável pela alta mortalidade
de marinheiros ingleses, devido seus sintomas que incluíam manifestações hemorrágicas e
infecções. Um médico escocês James Lind em 1747, diante da enorme preocupação pública de
saúde, voltou suas pesquisas na doença e foi o primeiro a correlacionar a falta da ingestão de
alimentos cítricos com a doença. No caso, ele percebeu que se houvesse a ingestão de frutas,
como a laranja e o limão (fontes de Vitamina C) haveria uma melhora significativa de seus
pacientes.
Em 1928, através do experimento do cientista húngaro Albert Von Szent-Gyorgy, pode-se
haver um maior conhecimento sobre a doença. Em uma de suas pesquisas, na qual estudava os
mecanismos da oxidação biológica em determinadas substancias retiradas de algumas frutas e
glândulas de animais, ele isolou o fator antiescorbuto e percebeu que ele era um produto de
grande importância na saúde humana e que já se tinha um certo conhecimento, porém ninguém
sabia como realmente era: Vitamina C. Ademais, Albert descobriu que ela apresentava
característica de uma vitamina e apresentava seis átomos de Carbono, sendo assim ele a batizou
de ácido hexurônico.
Mais tarde, em 1933, anunciaram a estrutura da Vitamina C e alteraram seu nome
oficialmente para ácido ascórbico, fundamentalmente pela sua inferência as suas propriedades
antiescorbúticas. Ademais, no mesmo ano, Reichstein e outros pesquisadores publicaram as
sínteses do ácido D-ascórbico e ácido L-ascórbico (isômeros), que ainda atualmente formam a
base da produção industrial da Vitamina C. Além disso, também conseguiram provar que o
ácido L-ascórbico mesmo sintetizado possui as mesmas atividades biológicas que a substância
natural.
Em 1937, o químico Walter Norman Haworth e o cientista Albert Von Szent-Gyorgy
receberam o Prêmio Nobel pelos seus trabalhos com o ácido ascórbico. Entretanto, somente
com as pesquisas de Linus Pauling que a Vitamina C se popularizou.
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À nível nacional, temos como fabricantes de Vitamina C as empresas: Adicel, Nicrom


Química LTDA, Enerquímica, Adrivan Comércio Importação e Representação.
À nível internacional, temos: Ahualyn na China, Corbion na Holanda, DSM na Holanda
(sede), Cosmo no México, Roche em Portugal.

2. Importância Social, Econômica e Ambiental


A vitamina C ou ácido ascórbico é termolábil (não suporta grande variação de
temperatura) e hidrossolúvel, e por causa dessa segunda característica o nosso corpo não
consegue armazená-la em quantidade adequada, necessitando que o seu consumo seja diário,
além de que os seres humanos são incapazes de sintetizá-la. Entre as funções atribuídas a ela
estão: síntese de hormônios, atuação como coenzima nas reações de hidroxilação, proteção
antioxidante, prevenção de escorbuto, defesa do organismo contra infecções, facilitação da
absorção de ferro pelo corpo, formação das fibras colágenas e manutenção da integridade dos
vasos sanguíneos.

O ácido ascórbico também apresenta uma importância econômica, pois é utilizado para
preservar cor e sabor de alguns alimentos, e também como aditivo alimentar e estabilizante.
Estima-se que em torno de 50% da perda de frutas tropicais no mundo ocorre em razão da
enzima polifenol oxidase. Assim, uma das formas de inibir a ação dessa enzima é a adição do
ácido ascórbico.

Em virtude de seu papel antioxidante, a vitamina C é usada também em cosméticos,


protegendo a pele contra os raios UV e contra os radicais livres que levam ao envelhecimento
precoce. Além disso, ele é importante para o meio ambiente pois é um metabólico que atua
como cofator enzimático e como um composto antioxidante no metabolismo celular das plantas,
tendo papel fundamental no desenvolvimento das mesmas.

3. Produção em Larga Escala

Devido aos incentivos de pesquisas relacionadas ao ácido ascórbico, foram descobertas


várias propriedades benéficas do composto no organismo do ser humano, como seu caráter
antioxidante e nutricional (OLIVEIRA e colaboradores, p. 1020, 2012). Isso fez com que a
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busca por sua sintetização de uma maneira eficaz fosse encontrada e, por conseguinte, fosse
iniciada produções de larga escala. De acordo com Bremus e colaboradores (apud
MACAULEY et al. p 197, 2006), a estimativa de produção de Vitamina C é de
aproximadamente 110.000 toneladas por ano, de modo com que haja uma grande
competitividade no mercado industrial tendo uma média de preço de US$7,00 por quilograma.

Segundo Zorn e Czermak (p. 150-151, 2014), mais de 80% da demanda mundial atual
de vitamina C é atendida por produtores chineses, porém, no final da década de 1950, a
capacidade de produção chinesa era de apenas 30 toneladas por ano. Nos anos 90, a China
atendia a demanda de um terço do mundo na produção de Vitamina C. Empresas que temiam
que o país chinês dominasse a produção mundial de ácido ascórbico, começaram a vender a
preços abaixo do usual, de modo que em 2002 só restassem quatro empresas chinesas
produtoras.

Depois de ferozes batalhas de preços durante os últimos 20 anos, a empresa DSM,


Produtos Nutricionais da Suíça (anteriormente Roche Vitaminas), operou uma fábrica em Dalry
no Reino Unido e permaneceu como o único produtor ocidental de vitamina C. Com a marca
Quali-C para os produtos de vitamina C da DSM, a empresa se posicionou no segmento
premium do mercado, que é menos afetado pelo alto preço da vitamina C.

De acordo com o jornal Estadão (2020), devido à pandemia do coronavírus (COVID-


19) houve uma alta na demanda de vitamina C. Como o Brasil não é um produtor de grande
escala de ácido ascórbico, houve aumento na demanda de exportação de frutas cítricas, as quais
possuem o composto em sua composição.
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4. Diagrama
Figura 01: Diagrama Simplificado – Ácido Ascórbico

Fonte: Autoria Própria

A matéria-prima principal da vitamina C é a glicose e ela não é usada como matéria-


prima para outros produtos, entretanto é utilizado nas áreas indicadas na figura 01. Todo o
processo da sintetização da vitamina C é realizado em processo batelada.

Devido à falta de material encontrado a respeito de custos e consumo tanto de água


quanto energia, pôde-se concluir somente que existem formas de reduzir o valor total da
produção através da escolha do processo e reaproveitamento ao longo de suas etapas. A
obtenção por meio de fermentação em duas etapas é mais econômica que a pelo método
Reichstein, pois gera menos resíduos e é mais curta. Em relação à economia, pode-se
reaproveitar a sorbose, enviando-a de volta à fermenteira. Esse reaproveitamento afeta a
conversão do sorbitol em sorbose, aumentando a produção em até 24% e diminuindo resíduos.
(LIM e colaboradores, 2020).
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Referências

A FEIRA – UFRGS, ÁCIDO ASCÓRBICO, 2021. Disponível em:


<http://www.ufrgs.br/afeira/produtos/frutas/alimento-infantil-a-base-de-maca-e-
banana/ingredientes/acido-ascorbico>. Acesso em: 20 set. 2021.

ACERVO - JORNAL O GLOBO. O surgimento da Vitamina C dá a Szent-György o Prêmio


Nobel de Medicina. [S. l.], 2020. Disponível em: <https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-
historicos/o-surgimento-da-vitamina-da-szent-gyorgy-premio-nobel-de-medicina-9824498>.
Acesso em: 20 set. 2021.

ADITIVOS INGREDIENTES. Guia de Fornecedores. [S.l]. Disponível em:


<https://aditivosingredientes.com/guia-
fornecedores?busca_tipo=fabricante&busca_produto=10&busca_empresa=> Acesso em: 20
set. 2021

BREMUS, Christoph et al. The use of microorganisms in l-ascorbic acid production. Journal
of Biotechnology, v. 124, n. 1, p. 196–205, 2006. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S016816560600040X>. Acesso em: 19 set.
2021.

DIOGO LOPES DIAS. Ácido ascórbico (Vitamina C). Manual da Química, 2017. Disponível
em: <https://www.manualdaquimica.com/curiosidades-quimica/acido-ascorbico-vitamina-
c.htm>. Acesso em: 20 set. 2021.

ECONOMIA - ESTADÃO. Com demanda por Vitamina C, Brasil eleva exportação de


frutas cítricas na pandemia. 2020. Disponível em:
<https://economia.estadao.com.br/noticias/agronegocios,com-demanda-por-vitamina-c-brasil-
eleva-venda-de-frutas-citricas-na-pandemia,70003370582>. Acesso em: 20 set. 2021.

KANG, Jack; LANG-TU, Erick. How Vitamin C (Ascorbic Acid) is made industrially
(Reichstein Process). YouTube, 2017. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Vkd-_ZewJ9k>. Acesso em: 22 set. 2021.

LIM, Shi Min et al. Process design and economic studies of two-step fermentation for
production of ascorbic acid. SN Appl. Sci. 2, 816 (2020). https://doi.org/10.1007/s42452-020-
2604-8

MANELA-AZULAY, Mônica et al. Vitamina C. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de


Janeiro - RJ, v. 78, n. 3, p. 265–272, 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0365-
05962003000300002. Acesso em: 22 set. 2021.

OLIVEIRA, Aline Angélica de. SÍNTESE DE ÁCIDO ASCÓRBICO EM


MITOCÔNDRIAS DE FRUTOS: PAPEL DO ESTADO REDOX DA UBIQUINONA E
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INTERAÇÃO COM A VIA OXIDASE ALTERNATIVA. Orientador: Prof. Dr. Jurandi


Gonçalves de Oliveira. 2018. 82 p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) -
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes - RJ,
2018. Disponível em: <https://uenf.br/posgraduacao/producao-vegetal/wp-
content/uploads/sites/10/2018/05/Disserta%C3%A7%C3%A3o-Aline-VERS%C3%83O-
FINAL.pdf>. Acesso em: 19 set. 2021.

OLIVEIRA, Raquel Grando de; GODOY, Helena Teixeira; PRADO, Marcelo Alexandre.
Quantificação dos isômeros ácido L-ascórbico e ácido D-iso-ascórbico em geleias de frutas por
cromatografia líquida de alta eficiência. Química Nova, v. 35, n. 5, p. 1020–1024, 2012.
Disponível em: <https://www.scielo.br/j/qn/a/pfR6FGWvNWckMnCndTg8czf/?lang=pt>.
Acesso em: 19 set. 2021.

ROCHA, Jennifer. Composição e aplicações da Vitamina C. Aplicações da Vitamina C. [S.


l.], 2013. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/quimica/composicao-aplicacoes-
vitamina-c.htm>. Acesso em: 18 set. 2021.

SARDINHA, Vanessa. Vitamina C: características e importância. Brasil Escola, 2020.


Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/biologia/vitamina-c.htm>. Acesso em: 18 set.
2021.

ZORN, Holger; CZERMAK, Peter. Biotechnology of Food and Feed Additives. 1 ed. Berlin,
Heidelberg: Springer Berlin Heidelberg, 2014. v. 1, p. 143–181.

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