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PolíƟcas educaƟvas e idenƟdades organizacionais:

ambiguidades e hibridismo
EducaƟonal policies and organizaƟonal idenƟƟes:
ambiguiƟes and hybridity
Las políƟcas educaƟvas y las idenƟdades de organización:
ambigüedades y hibridación
Susana Faria*

DOI: http://dx.doi.org/10.20435/serie-estudos.v22i44.924

Resumo
Vários estudos têm demonstrado que, um pouco por todo o mundo, as transformações ocorridas
no campo educa vo por influência da nova gestão pública apontam para uma certa hegemonia do
ideal empreendedor de organização. Se é verdade que, a par r da década de 1990, as organizações
escolares se tornaram mais burocrá cas porque o inves mento na ‘qualidade’ foi formalizado,
estruturado e associado à estrutura hierárquica das ins tuições, não podemos deixar de atentar a
certos traços iden tários próximos do ‘empreendedorismo’, ou que alguma vez tenham perdido de
vista o ideal profissional. Ao refle r sobre o processo de transformação iden tária das organizações
escolares, aquilo que procuramos demonstrar neste texto, é que à entrada da 2ª década do século
XXI, os agrupamentos de escolas portugueses se estão a tornar ‘empreendedores’ porque pressio-
nados pela ‘ecologia de mercado’, reorientando-se, crescentemente, para a prestação de contas,
para a sa sfação dos seus ‘públicos’ e para a construção de uma imagem que lhe seja favorável
nas relações de troca que estabelece com diferentes partes. Mas isso, não significa que alguma vez
tenham deixado de ser burocra camente geridas e que os profissionais docentes tenham deixado
de exercer as suas próprias pressões.
Palavras-chave
Transformação iden tária; nova gestão pública; projeto educa vo.

Abstract
Several studies have shown that, all over the world, the changes induced by the new public
management in educa onal field produced a hegemony of the entrepreneurial ideal of organiza on.
From 1990 the school organiza ons becomes more bureaucra c because the investment in ‘quality’
was formalized, structured and connected with hierarchical structures. However we may not forget
some iden ty features near to entrepreneurship, neither the professional pressure of the teachers.
Reflec ng on the iden ty transforma on process of school organiza ons, we intent to demonstrate
that in beginning of second decade of this century, schools are becoming entrepreneurial by the

* Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Ins tuto Politécnico de Leiria, Leiria, Portugal.

Série-Estudos, Campo Grande, MS, v. 22, n. 44, p. 21-40, jan./abr. 2017


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strength of the markets. That leads to a reorienta on to accountability, to customer sa sfac on


and to search a favourable public image. Though, that doesn’t means that school organiza ons
are no longer bureaucra cally managed and that teacher staff have stopped lobbying over the
organiza onal prac ces.
Key words
Iden ty transforma on; new public management; educa onal project.

Resúmen
Varios estudios han demostrado que, en todo el mundo, los cambios ocurridos en el campo de la
educación bajo la influencia de la nueva ges ón pública, apuntan a una cierta hegemonía del ideal
empresario de la organización. Si bien es cierto que, desde la década de 1990, las organizaciones
escolares se han vuelto más burocrá co debido a que la inversión en la ‘calidad’ se ha formalizado,
estructurado y asociada con la estructura jerárquica de las ins tuciones, no podemos dejar de
prestar atención a ciertas caracterís cas que iden fican cerca de ‘ espíritu de empresa’, ni nunca
han perdido de vista el ideal profesional. Al reflexionar sobre el proceso de transformación de la
iden dad de las organizaciones escolares, lo que tratamos de demostrar en este trabajo, es que a la
entrada del segunda década de este siglo, los grupos de las escuelas portuguesas están convir endo
en ‘empresarios’ porque presionado por la ‘ecología de mercado’ Si reorientación, cada vez más, a
la rendición de cuentas, a la sa sfacción de su ‘público’ y la construcción de una imagen a su favor
en las relaciones de intercambio que ene con diferentes partes. Al reflexionar sobre el proceso de
transformación de la iden dad de las organizaciones escolares, lo que tratamos de demostrar en
este trabajo, es que a la entrada del segunda década de este siglo, los grupos de las escuelas portu-
guesas han de conver rse en ‘empresarios’, ya que, presionados por la ‘ecología mercado’ se vuelve
a dirigir cada vez más a la rendición de cuentas, a la sa sfacción de su’ público’ y la construcción de
una imagen a su favor en las relaciones de intercambio que ene con diferentes partes. Pero eso
no quiere decir que las escuelas han cesado nunca para ser administrado burocrá camente y que
profesionales de la enseñanza han dejado de ejercer sus propias presiones.
Palabras clave
Transformación de la iden dad, la nueva ges ón pública, proyecto educa vo

1 INTRODUÇÃO Terão sido as transformações so-


ciais, que as sociedades europeias então
A realidade educativa tem sido conheceram1, que colocaram em causa
marcada, nos úl mos anos, por o que a função e a legi midade da ins tuição
Correia, enfaticamente, designa por escolar, obrigada a mudar para assegurar
‘azáfama reformadora’. Tal dinamismo a sua própria reprodução e estabilidade.
contrasta com a visão está ca que do- Daí em diante, parece ter-se gerado con-
minou as conceções educa vas até à senso2 sobre a urgência de reformar os
década de 1960, e que decorreu de uma
representação da escola como “ins tui- 1
Tornando-se mais democráticas, dinâmicas
ção baluarte de valores imutáveis que e abertas a situações forma vas para além da
era necessário preservar e difundir” escola.
(CORREIA, 1989, p. 15). 2
Entre os responsáveis pelo Ministério da

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sistemas educa vos, mas, também, so- ‘empreendedor’ que, nos bas dores das
bre a necessidade de introduzir a inova- reformas polí cas, se foi impondo, tendo
ção no seio das ins tuições escolares. A em vista as necessidades e os obje vos
par r dos anos 1980, a mudança parece de cada escola. A passagem de um mo-
ter-se tornado um elemento recorrente delo de planificação a priori para um
da retórica managerialista, ligado à cen- modelo de avaliação a posteriori parece
tralidade crescente da eficácia e da efici- explicar a orientação para os resultados e
ência na resposta às transformações das a ênfase nas lideranças e nos diferentes
sociedades, sob pressão da globalização níveis de regulação que caracterizam a
e da metáfora da ‘sociedade/economia ideologia managerialista3.
do conhecimento’. A focalização das polí cas educa -
Acontece que a mudança produ- vas na questão da ‘qualidade’ é inerente
zida no campo educa vo, nos úl mos a todo esse processo e não pode deixar
40 anos, está longe de ser linear, uma de ser entendida à luz da reforma do
tendência que vai ao encontro do hibri- setor público - uma meta-ideia, segundo
dismo iden ficado por Stensaker (2004), Stensaker, que se cons tuiu na palavra-
no caso norueguês, e que parece ser -chave de qualquer polí ca educa va,
comum a vários países europeus, fruto ainda que com sentidos divergentes,
das diferentes combinações entre os três consoante o ideal organizacional invo-
mecanismos de regulação iden ficados cado4. Esse interesse polí co pela ‘qua-
por Reed (2002): a norma burocrá ca,
o mercado e as normas profissionais. 3
Este cenário, de «mudança de paradigma ao
Assim, enquanto as reformas educa vas invés de mudanças no paradigma» (STENSAKER,
implementadas, a par r dos anos 90, 2004) parece ir ao encontro do caso português,
enfa zaram a estandardização e a buro- independentemente do nível de ensino. Nos
úl mos anos, o estabelecimento e divulgação
cra zação, no sen do da racionalização pública dos rankings de escolas, bem como a
dos esforços, a retórica polí ca foi pondo criação de mecanismos de avaliação institu-
a tónica na responsabilidade profissional cionais a nível nacional e internacional e de
como garan a da qualidade do proces- avaliação do desempenho docente, parecem
so de ensino-aprendizagem. Paralela e bons exemplos desta nova orientação no ensino
básico e secundário.
progressivamente, a compe ção entre
4
as ins tuições emerge, sobretudo como Não obstante a centralidade do conceito de
‘qualidade’, que nos úl mos anos tem influen-
resultado do reforço do sistema privado ciado tanto o sector público quanto o privado,
de ensino e da crescente autonomia ocupando o lugar central até então dominado
das escolas, dando forma a um espírito pela ideia de eficácia, Stensaker (2004, p. 75-
78) demonstra a falta de consenso sobre o seu
significado, o qual tende a ser apropriado por
Educação, planificadores, inves gadores, profes- diferentes discursos polí cos e adaptado a dife-
sores, pais, alunos e organismos internacionais rentes ideais organizacionais: eficiência adminis-
(CORREIA, 1989, p. 15). tra va (organização burocrá ca), capacidade de

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lidade’ parece ter produzido mudanças 2 DA TRANSFORMAÇÃO IDENTITÁRIA


nas ins tuições escolares por duas vias
(STENSAKER, 2004, p. 13): O conceito de iden dade ocupa
• Pela adoção de novas estruturas, um lugar central na abordagem ins tu-
sistemas e ro nas, que condu- cional da mudança, por permi r estabe-
ziram as escolas a assumir-se lecer a relação entre o contexto polí co,
como os principais agentes de a ins tuição e os atores, fazendo a ponte
mudança, com consequências entre estrutura e agência (GIDDENS,
ao nível da centralização do 2000). No entanto estamos perante um
poder de decisão e da constru- conceito que é susce vel de várias inter-
ção de sistemas administra vos pretações, desde logo, no seio da própria
formais; abordagem ins tucional.
• Pela produção de transforma- Selznick (1957) destaca a iden-
ções culturais nas ins tuições, dade de uma organização como um
com destaque para a reformu- elemento estável na vida organizacional
lação do próprio conceito de e uma expressão holís ca da organiza-
ins tuição de ensino, tradicio- ção, que, pelo seu carácter dis n vo,
nalmente pouco preocupado susce vel de ser traduzido mediante um
com questões ligadas a procedi- rótulo, transforma a organização numa
mentos, controlo e resultados. ins tuição.
Nesse sentido, as políticas cen- O ‘novo’ institucionalismo, com
tradas na ‘qualidade’ e no desempenho DiMaggio e Powell (1991), apresenta
das ins tuições, traduzidas numa série uma conceção um pouco diferente da
de reformas e de medidas introduzidas, iden dade, já não como vinda do in-
a par r dos anos 90, nas organizações terior de uma organização, mas como
escolares, interferiram nas suas próprias uma estrutura formal, que, em busca de
iden dades e na sua forma de atuar, legi mação, vai de encontro à imagem
pondo em causa as prá cas culturais construída em ambientes fortemente ins-
existentes e a relação estabelecida entre tucionalizados, ou mesmo no mercado.
elas e o Estado (SOUSA, 2010). Essa divergência, entre uma visão
Neste texto, iremos discutir a da iden dade organizacional como real
forma como todas essas pressões se (porque assim é sen da pelos elemen-
refle ram nas escolas, nomeadamente tos), profunda e dis n va5, e uma visão
no que respeita à transformação da(s) metafórica, simbólica e estandardizada6,
sua(s) iden dades(s).
5
Típica do ’velho’ ins tucionalismo, tal como nos é
originariamente apresentado por Selznick (1957).
6
resposta às solicitações do mercado (organização Caracterís ca do novo ins tucionalismo, sugeri-
empreendedora) ou qualidade académica (orga- do por Berger e Luckman (1967) e por DiMaggio
nização profissional). e Powell (1991).

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não é, contudo, insolúvel. Stensaker Perrenoud e Montandon (1988), à forma


(2004), ao analisar o impacto das polí- como os atores dispõem das propostas
cas públicas nas ins tuições de ensino das ins tuições7.
superior norueguesas, justifica a sua
preferência pelo conceito de iden da- 3 A IDENTIDADE COMO CONCEITO
de cole va, pela ênfase que coloca na POLISSÉMICO
componente simbólica, normativa e
A verdade é que o conceito de
cogni va de uma organização.
iden dade suscita alguma ambiguidade,
Entendida como um dos vários
sobretudo na análise organizacional.
artefactos culturais de uma organização,
Nem sempre é clara a dis nção entre
a iden dade cole va sublinha o sen do
o conceito de ‘iden dade’ e outros que
que os atores atribuem aos seus atos. Em
lhe são próximos, como o de ‘ethos’,
vez de centrar a atenção na forma como
’cultura’, ‘clima’ ou mesmo ‘imagem’,
ela atua, nos seus rituais, linguagem e
sendo vários os autores que, sem grande
mitos, o conceito de iden dade cole va
esforço de conceptualização, u lizam,
dá conta do significado que a ins tuição
de forma indiscriminada, uma ou outra
lhes atribui, concebendo-a como pro-
noção.
dutora de significados. Nesse sen do,
O conceito de ethos é, provavel-
Stensaker (2004, p. 22) argumenta limi-
mente, o mais an go e surge associado
narmente que uma ins tuição é o que os
à retórica, tendo sido introduzido no
atores acreditam e querem que ela seja.
discurso sociológico por Bourdieu no
A mudança de enfoque parece-
quadro do conceito de habitus, central
-nos especialmente per nente quando
na teoria da ação (1997). Esse conceito
se analisam processos de transformação
convoca a noção de estruturas incorpo-
organizacional, uma vez que parece ser
radas, isto é, um conjunto de disposições
o significado dado aos vários símbolos
duráveis adquiridas pelo indivíduo du-
que delimita a predisposição para a
rante o processo de socialização. Como
mudança. Por outro lado, as organiza-
componente do habitus, o ethos designa,
ções complexas, como o são as organi-
em Bourdieu, o conjunto de princípios in-
zações escolares, estão em constante teriorizados que guiam a nossa conduta
transformação, mas como o processo de forma inconsciente.
de mudança ocorre, muitas vezes, de Quanto ao conceito de cultura,
forma difusa e em sen dos contradi- este é, talvez, uma das mais di ceis no-
tórios, nem sempre é fácil iden ficar o ções de conceptualizar, sendo múl plas
sen do e o significado dessas mudanças. as perspe vas com que vem sendo abor-
Segundo Stensaker (2004), o conceito de
iden dade cole va permite-nos aceder 7
Dando sen do à célebre frase que nos diz que
à forma como os atores interpretam “as ins tuições propõem e os atores dispõem”
e gerem a mudança, ou, como diriam (PERRENOUD; MONTANDON, 1988).

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dada, tanto no campo da Antropologia do uma complexa correlação de fatores


como no da Sociologia. Como ponto de que intersectam três níveis dis ntos: a
par da, aceitamos que a cultura abarca forma como o passado é interpretado,
tudo o que é aprendido e par lhado como a realidade presente é entendida
pelos indivíduos de um determinado e vivida, e, finalmente, como o futuro é
grupo e que lhes confere uma iden dade assegurado (PAIS, 1999, p. 5). Acontece
dentro do seu grupo de pertença. Nesse que, como sublinham Peralta e Anico
sen do, seguindo as pistas que nos são (2006), a iden dade é sempre ficcionada
sugeridas por Cuche: (sendo social, histórica e culturalmente
A cultura pode exis r sem cons- con ngente e passível de revisão), tanto
ciência identitária, ao passo quanto ideológica (na medida em que
que as estratégias iden tárias estabelece uma relação dialé ca entre
podem manipular, e, inclusiva- a realidade, os ideais, os valores e os in-
mente modificar, uma cultura teresses de quem a propõe e a va). Ora,
que deixará de ter grande coi- um dos artefactos usados na construção
sa em comum com o que era de narra vas sobre a iden dade são os
antes. (CUCHE, 2003, p. 136).
reportórios patrimoniais, que surgem
Quer isto significar que a cultura ao serviço desta “ficcionação” cole va,
resulta, em grande parte, de processos como salvaguarda de uma iden dade
inconscientes, enquanto a idenƟdade comum e par lhada.
remete para um sen mento de perten- Conforme sublinha Cuche, assim
ça, necessariamente consciente, porque concebida, a iden dade não passa de
assente em oposições simbólicas. uma construção social, mas não é menos
A questão parece ser a de que a verdade que ela é dotada de eficácia
iden dade permite ao indivíduo situar- social, produzindo efeitos reais a par r
-se e ser situado no sistema social, tendo do momento em que opõe um grupo
implícita uma dimensão de inclusão (na aos outros. Assumindo essa conceção da
medida em que iden fica o grupo), e ou- iden dade, como manifestação relacio-
tra de exclusão (dis nguindo-o dos outro nal, o autor procura superar a dicotomia
grupos). Nessa perspe va, a iden dade obje vismo/subje vismo presente na
surge como uma modalidade de cate- noção de iden dade cultural:
gorização, assente na diferença cultural.
Uma cultura par cular não pro-
Entendida como imagem de si, para
duz por si só uma iden dade di-
si e para os outros, a idenƟdade coleƟva ferenciada: esta úl ma só pode
parece ser indissociável do conceito de resultar das interacções entre
consciência histórica, a qual, enquanto grupos e dos procedimentos
apropriação simbólica do real, assegura, de diferenciação que esses gru-
no tempo e na memória, a afirmação da pos aplicam nas suas relações.
iden dade de um grupo, compreenden- (CUCHE, 2003, p. 140).

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É por isso que pouco importa saber Como sabemos, Bourdieu (1997)
se as narra vas e as imagens produzidas sublinha que nem todos os grupos têm
no processo de construção iden tária o mesmo poder de iden ficação e de
correspondem ou não à ‘essência’ de agência sobre as estruturas, dependen-
um cole vo, interessando, antes, saber do essa capacidade da posição ocupada
se o património produz e ou expressa no sistema de relações que liga os gru-
iden ficação (PERALTA; ANICO, 2006, p. pos uns aos outros num determinado
3). Conforme sugere Pereira (2006), é campo e no campo do poder. O conceito
a construção de patrimónios cole vos de estratégia iden tária dá conta, preci-
que permite a coesão e a integração, samente, da forma como a iden dade
fornece referências e cria estabilidades, surge como um meio ao serviço de um
sugerindo uma imagem, necessariamen- fim e da liberdade rela va dos atores
te simplificada de um futuro desejado e sociais – uma ferramenta ou caixa de
possível e de uma mudança controlada. ferramentas, conforme a classifica Cuche
Tal ideia vai ao encontro dos trabalhos (2003). Nesse sentido, a identidade
publicados, em 1977, por Galissot, em não existe em si mesma, independen-
que o autor reflete sobre os conceitos temente das estratégias de afirmação
de identidade e alteridade, enquan- iden tária dos atores sociais, sendo, no
to conceitos relacionais, sugerindo o entanto, o produto e o suporte de lutas
conceito de iden ficação como aquele sociais e polí cas que visam estabelecer
que melhor dá conta da ideia de com- fronteiras a par r de determinados tra-
promisso, de negociação e de auto e ços culturais.
heteroiden dade. No que à análise organizacional
Nesse sentido, a imagem, não diz respeito, a idenƟdade organizacio-
mais é mais do que o conjunto de traços nal tende então a ser definida como o
dis n vos que o grupo tenta exterio- conjunto de crenças e perceções acerca
rizar a par r de uma visão redutora e dos elementos dis n vos de uma organi-
simplificada de si próprio. Daí a ideia zação. Já o termo cultura organizacional
de projeção pública da iden dade e a é empregado de forma mais imprecisa,
ênfase concedida à dimensão da visi- muitas vezes utilizado por referência
bilidade cultural por Rénaud (1989) ao a um determinado campo, procuran-
abordar o conceito de imagem. Num do, na maioria das vezes, dar conta da
pequeno ensaio publicado, em 1989, predisposição dos elementos de uma
sobre o estatuto da imagem, o autor organização para a adesão aos seus ob-
convida-nos, precisamente, a pensar nas je vos. Na perspe va de Schein (1985),
transformações advindas dos processos a noção remete para um conjunto de
de simulação intera va, que permitem pressupostos, inventados, descobertos
antecipar o real sico, reproduzi-lo e ou desenvolvidos por um grupo ao lidar
manipulá-lo. com problemas de adaptação externa e

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interna, os quais se revelaram suficien- microculturas mostram bem que a cultu-


temente adequados para se tornarem ra organizacional não é um dado prévio
válidos e, portanto, para serem ensina- a que os seus membros tenham de se
dos aos novos membros, como o modo adaptar. Tal implica reconhecer que,
de perceber, pensar e sentir aqueles se a organização produz tais sistemas
problemas. Nesse sentido, a cultura culturais, não o faz por pura e simples
organizacional parece remeter para um emanação da gestão, sendo antes fruto
conjunto de respostas ins tucionalizadas de um complexo jogo de interação entre
a determinados problemas, assumindo- todos os atores, e não o resultado de
-se como um sistema de integração. uma decisão mais ou menos autoritária.
O clima organizacional surge, nesse De facto, dando conta desda
contexto, como o aspeto visível dessa complexidade e da própria contradição
cultura, remetendo para a perceção que e conflituosidade inerentes a qualquer
os membros da organização têm das organização, os autores da teoria crí ca
caracterís cas da organização. preferem a noção de sistema cultural,
Importando a noção de cultura um sistema necessariamente aberto,
para o campo educativo, surgem re- dada à importância do meio circundante
ferências à cultura de escola, onde tal do qual qualquer organização depende
como em qualquer outra organização no plano económico, social e cultural.
não podemos esquecer a existência de
um universo cultural heterogéneo, fruto 4 A ‘METÁFORA CULTURAL’ ͳ A
da heterogeneidade social de diferentes ESCOLA COMO CULTURA
categorias de atores. Assim, para que
se torne possível definir a cultura de Segundo Torres (1997), quando
uma escola, tal como como argumenta perspe vada como variável independen-
Cuche (2003, p. 163) para o caso da te e externa, a cultura organizacional,
empresa, teremos de par r da análise em contexto escolar, adquire contornos
das microculturas8 dos grupos que dela pouco legíveis e insuficientemente de-
fazem parte. São as microculturas que nunciadores do impacto da estrutura
asseguram o funcionamento quo diano, organizacional escolar na construção da
delimitam territórios, definem ritmos de respe va cultura. Daí a necessidade de
trabalho, organizam as relações entre os ques onar o papel, mais ou menos invi-
elementos e imaginam soluções para os sível, que a organização poderá assumir
problemas que vão surgindo. Recriadas no enquadramento da sua cultura.
pelos indivíduos a par r de um deter- Pensar nos atores sociais como
minado quadro organizacional, essas adotando comportamentos e estratégias
de simples ajustamento às respe vas
8
Designação preferida à de subculturas para culturas organizacionais, é pensar na
evitar qualquer conotação hierárquica. escola como um recetáculo da cultura

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organizacional, remetendo-nos para Em contrapar da, analisar a cultu-


uma macroabordagem exclusivamente ra como uma variável dependente e in-
centrada na socialização primária. Esta terna, significa admi r que cada organi-
contempla apenas o carácter reprodutor zação escolar tem a sua cultura, mas que
da cultura nacional na escola, re rando- esta é determinada pela especificidade
-lhe o seu potencial de transformação da sua estrutura organizacional (TORRES,
do próprio sistema de valores. Trata-se, 1997). Ora, se perspe varmos a direção
pois, de uma focalização teórica, de como o elemento mais importante na
cariz integrador, virada para os fatores construção da sua cultura, então temos
socioculturais exteriores à escola, sendo de pensar, no caso do estabelecimento
estes canalizados para o seu interior, escolar, numa direção única, centralizada
com base no que Torres (1997) considera e externamente situada (o Ministério da
uma dupla via: Educação) e na pluralidade de órgãos in-
termédios de gestão existentes em cada
A par r de cima – ao nível do
escola (Direção, Assembleia de Escola,
plano das orientações para a
ação, através, sobretudo, de Conselho Pedagógico etc.); nessa pers-
regras formais, difundidas e pe va, a cultura organizacional resulta,
difusoras de determinadas fundamentalmente, da forma como os
lógicas escolares; respetivos órgãos de gestão reagem,
A par r de baixo – ao nível do interpretam, defendem e exercem a
plano da ação organizacional sua liderança, mas o desenvolvimento
e das respetivas regras efe- e a mudança da cultura organizacional
tivamente atualizadas pelos permanece confinada e espartilhada
atores escolares, através da por es mulos organizacionais, nome-
transposição, para o contexto adamente a história da ins tuição e o
escolar, dos seus universos cul- es lo de liderança, perspe vados como
turais, convergindo para uma
indutores, ou mesmo impositores, de
implementação con nua, e da
determinadas formas de estar, de agir e
crença nas regras formais, fruto
de uma consensualidade cultu- de sen r. Este po de análise coloca no
ral cole vamente par lhada. centro da análise das organizações esco-
lares os fenómenos de liderança, difusão
Em ambos os casos, essa perspe - da informação, rituais de integração,
va, que vê na cultura escolar um decalque processos de socialização profissional
da cultura societal em todas as escolas, e organizacional dos seus membros
esquecendo possíveis diferenciações ou (TORRES, 1997, p. 66). Esta perspe va,
segmentações intra-societais e inter e in- integradora e consensual9, abre as por-
tra-organizacionais, parece ancorar numa
análise de po culturalista, que, como 9
Que remete para a ideia de ‘cultura como
sublinham Crozier e Friedberg (1977), instrumento de gestão’ e que desenvolveremos
pressupõe uma abordagem determinista. mais detalhadamente no ponto seguinte.

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tas ao managerialismo, que adota um processos de interação social entre os


discurso do po empresarial, tendo em diferentes atores. Nessa perspe va, a
vista a eficácia e a eficiência das respos- escola é uma cultura, cons tuindo esta
tas às solicitações do ‘mercado’. a sua forma expressiva, o seu sustento
Se é verdade que a escola deixa de e a sua essência, projetada sob a forma
ser vista como um mero repositório de de padrões ou redes de significados
culturas societais e comunitárias e passa simbólicos e representações par lhadas
a ser valorizada enquanto produtora de pelos atores (TORRES, 1997, p. 79). Em
representações e de cultura, por via da vez de procurar iden ficar a ‘cultura das
socialização organizacional e profissional organizações escolares’, esta abordagem
dos seus membros, pelo que as próprias privilegia o estudo da ‘cultura nas organi-
microculturas coexistentes na escola zações escolares’, tomando como unida-
(docentes, discentes, administra vas, de de análise os grupos que a compõem,
familiares etc.) são perspe vadas como bem como os processos de interação e
determinantes para a performance es- de negociação de significados e os res-
colar, essa perspe va não deixa de negli- pe vos esquemas interpreta vos.
genciar o poder de influência recíproca, Não obstante o estudo dessas mi-
subjacente a qualquer interação social. croculturas ficar muitas vezes limitado
Por isso, acaba por produzir uma aná- aos profissionais docentes, a aborda-
lise demasiado está ca e determinista gem da escola como cultura representa
da natureza humana e da organização, um filão teórico que prima pela análise
que tende a ser perspe vada como um interpreta va da rede de significados
sistema fechado, ao mesmo tempo que e das representações emergentes da
ofusca potenciais divergências e hete- negociação entre os diversos atores.
rogeneidades culturais coexistentes na Estas são quo dianamente realimen-
escola, salvaguardando a organização tadas pelo confronto com os múl plos
de fenómenos desintegradores ou con- constrangimentos organizacionais,
flituais. subjacentes às condições de exercício
Situada em outro quadrante teóri- das diferentes ocupações, assim como
co, a ‘metáfora cultural’ tem cons tuído pela capacidade que é atribuída a esses
um importante mecanismo epistemoló- atores para a apropriação, rejeição ou
gico para estudar a escola como orga- transformação de um universo cultural já
nização. Mais do que procurar relações historicamente construído. A ênfase co-
entre cultura societal e cultura orga- locada na racionalidade estratégica dos
nizacional, ou entre esta e a ‘eficácia’ atores, resultado do cruzamento entre
escolar, a ‘metáfora cultural’ proclama o os instrumentos ou capacidades sociais
enfoque na organização escolar enquan- adquiridas e os constrangimentos orga-
to fenómeno socialmente construído, nizacionais, coloca o enfoque teórico nas
e simbolicamente man do, através de teorias da interação, que, na esteira de

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PolíƟcas educaƟvas e idenƟdades organizacionais: ambiguidades e hibridismo

Touraine (1994), Boudon (1995), Crozier dos têm procurado estabelecer com a
e Friedberg (1977), encaram a escola eficácia organizacional e com o es lo de
como um ‘locus de produção norma va’, liderança exercido.
pela produção intraorganizacional de Ora, a nova gestão pública tem
regras não formais e informais (TORRES, vindo a afirmar-se pela primazia da efi-
1997, p. 82). cácia e da prestação de contas, isto é, por
Parece ser este o sen do com que uma ação orientada para a promoção da
Santiago (1996), estudando a forma ‘qualidade’, centrada na avaliação dos
como alunos, pais e professores conhe- resultados do serviço prestado, como
cem e se situam perante a escola, se pro- afirmação da autonomia das ins tuições
pôs analisar a ‘reconstrução concertada públicas. Embora a questão da ‘quali-
da escola’. Diferentes representações dade’ nos sistemas educa vos esteja
da escola sugerem diferentes posições longe de ser uma questão consensual,
entre os atores, que parecem estar na porque ideologicamente permeável a
origem de conflitos susce veis de em- diferentes ideias organizacionais, parece
pobrecer as interações educa vas. Visto existir alguma convergência analítica
que as representações sociais da escola sobre a importância do envolvimento
(contendo elementos de ordem cogni- da comunidade educa va na promoção
tiva, afetiva e normativa) constituem da ‘qualidade’, sobretudo quando, numa
quadros de referência que orientam perspe va managerialista, se olha para
formas de envolvimento e de par ci- a escola como organização ‘empreen-
pação na ação educa va, são elas que dedora’. De tal forma que as escolas de
estão na origem das formas e prá cas ‘qualidade’ serão “as que conseguem
de comunicação e de relação instaladas envolver toda a comunidade educa va
entre os principais atores na escola. Por na vida da escola” (BRITO, 1991, p. 53).
outro lado, influenciam diretamente os Tal perspetiva parece legitimar
es los de interação educa va que, por as novas conceções de liderança trans-
sua vez, podem estar na origem de uma formacional, fundadas na promoção da
maior ou menor mobilização para os par cipação e na função de mobilização
obje vos organizacionais. da organização para gerar o seu próprio
crescimento em função de uma missão
5 CLIMA DE ESCOLA E EFICÁCIA ou projeto par lhado (BARROSO, 1995).
Por essa via, a nova gestão pública pare-
ORGANIZACIONAL ͵ A CULTURA
ce recuperar, ainda que implicitamente,
COMO VARIÁVEL DE GESTÃO
a noção de clima de escola.
Desde meados da década de 1960 As teorias mais recentes sobre o
que a noção de clima de escola tem clima organizacional reportam-se assim
vindo a conhecer alguma popularidade, a uma série de caracterís cas rela va-
sobretudo pela relação que vários estu- mente permanentes, que: diferenciam

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Susana FARIA

uma dada organização (assim susce vel cimento próprio, no quadro de


de possuir uma personalidade própria); uma estratégia de desenvolvi-
resultam dos comportamentos e das po- mento do seu potencial;
lí cas dos elementos que a cons tuem ‘fechado’ – autocrá co, rígido
(especialmente da direção); são perce- e constrangedor, onde os indi-
cionados pelos membros da organização víduos não são considerados
como referência para interpretar uma nem consultados. (BRUNET,
situação; funcionam como um campo de 1995, p. 130).
força des nado a dirigir (se não deter- Dado que se assume que o com-
minar) as a vidades cole vas (BRUNET, portamento organizacional de cada indi-
1995, p. 126). víduo é condicionado pela perceção que
De entre os fatores que contri- este tem da organização, o ‘clima’ surge
buem para a definição do clima organiza- como tendo impacto aos níveis da mo-
cional, Brunet iden fica três dimensões vação para o desenvolvimento pessoal
rela vamente consensuais: a estrutura, e para a aprendizagem, da sa sfação e
o processo organizacional (com destaque rendimento, da rece vidade e capaci-
para a liderança exercida e para a natu- dade de implementação da mudança.
reza dos processos de comunicação) e as Nesse sen do, afigura-se indispensável
variáveis comportamentais, individuais e conhecer o ‘clima’ de uma escola - tendo
de grupo. A par r dessas três dimensões, em vista a planificação de projetos de
o clima organizacional pode ser quali- intervenção e de inovação - e zelar para
ficado de várias formas10, por norma que ele se paute pela abertura e pela
assentes em dois polos de uma mesma confiança mútua, funções a assumir
linha, genericamente designados como: pelos ‘novos gestores escolares’.
‘ aberto’ – descrevendo um É assim que o clima de escola
meio de trabalho par cipa vo, surge entre as variáveis a ter em conta
onde o indivíduo tem reconhe- no processo de avaliação negociada,
proposto por Thurler (1994), e entre
10
A teoria dos sistemas de Likert (1961) traça os aspetos centrais de uma abordagem
o retrato de quatro pos de clima (‘sistema de polí co-cultural da organização escolar,
participação do grupo’, ‘sistema de carácter
conforme sugere Nóvoa (1992). Nessa
consul vo’, ‘autoritarismo benévolo’ e ‘autori-
tarismo explorador’), a par r de um conjunto mesma perspe va, João Barroso (1995)
de oito dimensões; a natureza dos processos de afirma que a autonomia, fundada na
comunicação, os métodos da direção, a natureza par cipação, exige o desenvolvimento
das forças de mo vação, a natureza dos proces- de novas lideranças e que Canário (1995)
sos de influência e de interação, o modelo de to- se refere à escola como uma organização
mada de decisões, a estratégia de definição dos
obje vos e normas organizacionais, o processo social, inserida num contexto local, com
de controlo u lizado e a definição dos obje vos uma iden dade e cultura próprias, um
de desempenho e de aperfeiçoamento. espaço de autonomia a construir e a

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PolíƟcas educaƟvas e idenƟdades organizacionais: ambiguidades e hibridismo

descobrir, susce vel de se materializar das diferenças entre os atores educa vos
num projeto educa vo. e os interesses dos vários grupos. A ela-
boração de projetos educa vos obriga a
6 IDENTIDADEΈSΉ: AS LINHAΈSΉ um esforço de produção de consensos,
LINHAΈSΉ COM QUE SE COSEΈMΉ AΈSΉ mas estes são dinâmicos e desenvolvem-
PERTENÇAΈSΉ11 -se em torno de obje vos que, num dado
momento, se querem par lhados.
Numa comunidade educativa É verdade que, em Portugal, a
onde interagem pessoas e grupos com missão estruturante da escola é definida
interesses dis ntos, e até divergentes,
pelo próprio Estado, quer se trate da
emergem, necessariamente, represen-
escola pública ou privada. Mas, o que
tações sociais diversas e conflituantes
temos vindo a argumentar é que resta
sobre a escola, sobre as suas finalida-
uma margem de manobra para ‘inter-
des, sobre os seus projetos e sobre as
pretar’ as polí cas educa vas, de forma
suas a vidades sociais e educa vas. A
cria va, e para comprometer, num pro-
comunidade educativa não exprime,
jeto próprio e par lhado, os atores que
portanto, uma visão está ca de consen-
interagem em cada escola ou em cada
so, mas uma visão dinâmica e até confli-
agrupamento de escolas.
tual da realidade social, suportada num
Olhando para a administração
espaço de intercomunicação, par lha e
escolar de forma dicotómica, ora enfa-
construção cole va de iden dade e de
zando a burocracia externamente pro-
projetos que os atores experimentam na
duzida, ora privilegiando a ‘anarquia’ en-
procura de soluções para os problemas
dogenamente organizada, a perspe va
comunitários e para as necessidades dos
sistémica com que, tradicionalmente, se
alunos. Nóvoa (1995) vê na comunida-
tem olhado para a organização escolar,
de educa va, assim conceptualizada, a
tende a colocar a análise organizacional
possibilidade de atribuição de sen do à
num vazio social e a ocultar os modos
par cipação dos diversos grupos (profis-
de dominação social que operam no seu
sionais, sociais, polí cos) e à sua capaci-
interior. Desse modo, fica por explicar a
dade para construírem uma iden dade
produção de burocracias escolares ao
própria da escola a que pertencem, mas
nível do estabelecimento de ensino, as
admite a necessidade de evitar o esbater
quais parecem ser legi madas não por
uma racionalidade apriorís ca, mas me-
11
Nome dado a um projeto de investigação diante recursos simbólicos, mobilizados
da Escola Superior de Educação e Ciências pelos professores e por outros agentes
Sociais (ESECS), em 2002, depois transformado educa vos nas zonas de incerteza or-
em Centro de Investigação de Identidades e
Diversidades (CIID) do Ins tuto Politécnico de ganizacional (cf. CROZIER; FRIEDBERG,
Leiria e hoje transformado no polo de Leiria do 1977), que se assumem como processos
CICS:NOVA. reguladores.

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Susana FARIA

Compreende-se, assim, a produ- educa va e uma marca de fronteira para


ção de burocracias escolares, ao nível o desenvolvimento da vida e da ação
do estabelecimento de ensino, tenden- social dentro da escola” (SARMENTO;
cial ou parcialmente em confronto com FORMOSINHO, 1999, p. 82).
as orientações da burocracia estatal. Se, como postulámos antes, a
Alterna vamente, prá cas educa vas identidade coletiva constitui um dos
ou acções grupais ou individuais dis- artefactos culturais de uma organiza-
sonantes dentro da escola podem ser ção, traduzindo o sen do que os atores
interpretadas não como fonte de irra- atribuem aos seus atos e a interpretação
cionalidade ou loucura organizacional cria va que fazem das dire vas centrais,
[Elstrom, 1983], mas como o produto de então, refle r sobre a iden dade cole va
um conflito de instâncias legi madoras, de uma escola, ou de um agrupamento
de culturas ou de princípios estrutura- de escolas, é refle r sobre o seu projeto
dores da acção educa va. (SARMENTO; educa vo, enquanto tradução do que os
FORMOSINHO, 1999, p. 82). atores daquela comunidade acreditam e
Parece ser o projeto educa vo de querem que ela seja.
escola que assume a dimensão expressi- Dado que a ação organizacional é
va das relações simbólicas entre os ato- ancorada em diferentes conceções da
res, ultrapassando o seu interesse me- realidade e está sujeita a constrangimen-
ramente instrumental e surgindo como tos culturais e organizacionais díspares,
um documento revelador dos processos é possível iden ficar não só diferentes
e das marcas de uma vontade cole va projetos educativos, mas, sobretudo,
que se construiu no espaço diagonal de diferentes conceções de ‘projeto educa-
uma racionalidade comunitariamente vo’ que radicam em diferentes imagens
construída - uma racionalidade comu- organizacionais de escola - lentes a par r
nica va para citar Habermas (1984). Por das quais “visualizamos, pensamos, ad-
isso, o projeto educa vo é visto como ministramos, agimos ou cri camos as
um artefacto da cultura organizacional escolas” (COSTA, 2003, p. 729).
de escola, refle ndo os princípios es- Segundo a pologia apresentada
truturantes da coesão organizacional, por J.A. Costa, inspirada nas imagens
sinalizando os termos em que a possi- da organização propostas por Morgan
bilidade de convivência entre os atores (1996), tais imagens podem ser agrupa-
foi celebrada, atualizando, permanente- das em: escola como empresa, escola
mente, esses termos e estabelecendo as como burocracia, escola como democra-
bases do reconhecimento mútuo dentro cia, escola como arena polí ca, escola
da comunidade. Nesse sen do, o projeto como anarquia e escola como cultura
educativo é mais do que um instru- (COSTA, 2003, p. 74-94). A partir de
mento pedagógico, surgindo como um cada uma delas, podemos desvendar
“estandarte do poder da comunidade diferentes significados para o compor-

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PolíƟcas educaƟvas e idenƟdades organizacionais: ambiguidades e hibridismo

tamento organizacional, bem como minantemente operacional e o aproxima


diferentes conceções e procedimentos da classificação de projeto de ação.
inerentes aos projetos educativos de A correta elaboração do projeto,
várias escolas. a sua coerência interna, a qualidade do
seu discurso e da respe va apresenta-
6.1 O projeto educativo enquanto ção, cons tuem aspetos fundamentais
planificação eficiente do documento final, que deve estabe-
Tendo por base os pressupostos lecer o quadro de funcionamento e de
teóricos das imagens empresarial e bu- estruturação organizacional da escola,
rocrá ca de escola, o projeto educa vo servir de base de legitimação para a
pode ser entendido como um disposi vo tomada de decisão e de referência
norma vo de formalização dos obje vos para a avaliação ins tucional. O projeto
da organização escolar, tendo em vista a educativo assume-se, por isso, como
racionalização da ação educa va. instrumento de controlo organizacional
Trata-se de uma tecnologia racio- e de prestação de contas.
nal para a tomada de decisões, a qual 6.2 O projeto educativo enquanto
pressupõe um conjunto sistema zado identidade consensual
e coerente de obje vos e de estruturas
previamente iden ficadas, bem como a Em alterna va, por inspiração da
existência de norma vos claros e de do- Escola das Relações Humanas, J.A. Costa
cumentos que esclareçam com rigor os sugere que o projeto educa vo pode
modos de funcionamento e operaciona- ser visto, também, como um mecanis-
lizem o comportamento organizacional, mo desencadeador de um processo de
assim como os resultados específicos a interiorização de valores comuns; como
a ngir. espaço de construção de uma cultura e
A elaboração do projeto tende a de uma iden dade próprias; e como lu-
ser assumida pelas estruturas de topo, gar de mobilização dos atores em torno
diretamente pelo grupo responsável ou de uma visão par lhada do futuro e de
por alguém na sua dependência direta, uma missão a cumprir.
valorizando-se o produto final em re- Nessa conceção, a elaboração do
lação ao processo. Entendido como o projeto educa vo cons tui um momento
documento de cúpula da planificação fundamental para a iden ficação das
escolar, o projeto educa vo cons tui o finalidades comuns e para a construção
ponto de referência para a coordenação de elos de iden dade entre os atores de
das a vidades dos diversos departamen- uma comunidade educa va, compor-
tos e sectores da organização escolar. tando uma dimensão simbólica funda-
Enquanto tal, deve dispor de obje vos mental. Tido como mais importante do
precisos e de indicadores claros de ação, que o produto final, o seu processo de
o que lhe confere uma dimensão predo- elaboração pressupõe a par cipação e

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intervenção a va de toda a comunidade. Socorrendo-se de diversas estraté-


Essa mobilização tende a desencadear gias de influência e de mecanismos de
uma dinâmica relacional capaz de de- afirmação do seu poder, os diferentes
senvolver, em cada ator, o sen mento de grupos desenvolvem processos nego-
pertença organizacional sobre o qual se ciais, dos quais saem vitoriosos certos
funda a própria comunidade educa va. grupos ou coligações dominantes. Nesse
O processo de elaboração cole va do sen do, o projeto educa vo, enquanto
projeto tende a ser, então, prolongado produto, dificilmente poderá pretender
no tempo, de modo a permi r a obten- iden ficar os obje vos da escola como
ção dos consensos desejados e a sua um todo, limitando-se a representar os
interiorização. Mas, não fica sujeito à obje vos e interesses dos grupos que
total autonomia, estratégias e interesses conseguiram impor as suas posições, dos
dos atores, sendo coordenado por lide- quais os departamentos minoritários te-
ranças com visão organizacional, capazes rão sérias dificuldades em aceitar, apoiar
de mostrar o caminho a seguir, de modo e pôr em prá ca.
a introduzir na organização uma visão Nesse quadro, o projeto educa vo
par lhada. de escola surge como o resultado de um
Utilizando a metáfora da ‘or- processo de construção social, fruto do
questra sinfónica’, o projeto educa vo jogo dos atores em interação. Mas esse
funciona como a par tura, que, depois processo tende a ser marcado pelo con-
de memorizada, os instrumentistas flito, do como necessário e es mulado
facilmente executam; um referencial pelas lideranças, como metodologia a -
simbólico precioso para a mobilização va de reflexão, iden ficação de soluções
da comunidade educa va, invocado nos e de propostas e, nessa lógica, como
mais diversos momentos da vida escolar, mecanismo de renovação e de mudança
mas sobretudo naqueles em que o con- pedagógica e espaço para o desenvol-
senso, o valor ou o pres gio da escola se vimento de alianças e de negociações.
vêm ameaçados. Na sua formulação como produto
6.3 O projeto educativo enquanto final, parecem emergir duas hipóteses
negociação conflitual de estruturação: um projeto sectorial,
onde se manifestam os obje vos que
Próxima da conceção da escola nos processos de negociação os grupos
como arena polí ca, Costa (2003) apon- dominantes conseguiram impor; ou
ta uma perspetiva que sublinha que um projeto compromisso que, sendo
o processo de elaboração do projeto genérico, procura sa sfazer as diversas
educa vo se desenvolve no quadro da ‘clientelas’ e possibilitar o nascimento de
luta de interesses que os vários atores subprojectos, mas que dificilmente pro-
desencadeiam entre si, tendo em vista a porcionam uma linha condutora e uma
realização de obje vos sectoriais. visão holís ca de escola, aproximando-

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PolíƟcas educaƟvas e idenƟdades organizacionais: ambiguidades e hibridismo

-se mais de um modelo de justaposição a adequação real do documento a apre-


atomizado, típico da construção em sentar.
mosaico. O documento final, de cuja apli-
cação prá ca a comunidade educa va
6.4 O projeto educativo enquanto
parece pouco convencida, serve, essen-
ritual legitimador
cialmente, para transmi r a mensagem
Por fim, surge uma conceção de ‘dever cumprido’, acabando por ser
próxima da visão ‘anárquica’ de escola, notória a desconexão entre o seu con-
encarando a planificação racional como teúdo e o conteúdo expresso noutros
uma cerimónia assumida pela organi- documentos (Plano Anual de A vidades,
zação para manter a sua legi midade, Regulamento Interno, Plano Orçamental
tanto em relação ao exterior como ou planificações disciplinares) ou outros
em relação aos atores organizacionais. programas de estruturação da ação
Estes, ao planificarem, constroem uma educa va.
fantasia par lhada de que “somos e pre-
tendemos ser eficazes” (COSTA, 2003, 7 CONCLUSÃO
p. 89-94). Nesse sentido, as Teorias
do ‘novo’ ins tucionalismo (POWELL; Podemos dizer que tanto o pro-
DIMAGGIO, 1991; SCOTT; MEYER, 1994), duto como o processo de reconstrução
como vimos antes, podem constituir iden tária, desencadeado por processos
um apoio conceptual importante para de mudança externamente referencia-
perceber a natureza desse ritual legi- dos dependem, em grande medida, do
mador. contexto ins tucional e, sobretudo, da
O projeto educativo, que con- capacidade de agência de cada insti-
tém uma fraca ar culação com outros tuição, a qual está ligada à tradição, à
processos organizacionais, é visto, história e à iden dade existente.
essencialmente, como uma a vidade O estudo da iden dade, perspe va-
simbólica, um ritual que a organização da como um processo de ins tucionaliza-
escolar incorpora na sua estrutura for- ção, mostra-nos que as pressões externas
mal, de modo a pacificar as expecta vas para uma ins tuição se adequar a um
sociopolí cas da sociedade, em geral, e determinado ideal podem desencadear
da comunidade educa va, em par cu- processos de reconstrução iden tária,
lar. Ainda que a elaboração do projeto mas estes são sempre interpretados à
cumpra com todas as formalidades e luz do que já existe. Por isso, são selecio-
pressupostos teóricos que o sustentam nados, de entre os elementos disponí-
legalmente, o processo é marcado pelo veis nos diversos ideais organizacionais,
débil investimento participativo dos aqueles que estão mais próximos da
atores envolvidos, pouco preocupados iden dade existente. Por norma, esses
com a qualidade das propostas ou com elementos são combinados de forma

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sempre original, de forma a dar um novo emergindo. Por isso, é que uma iden -
significado a essa nova iden dade, mas dade forte pode favorecer o processo,
não a transformá-la radicalmente. e quanto maior capacidade de agência
Nesse processo, que busca legi - houver mais bem sucedido poderá ser o
midade externa (via ideal organizacional) empreendimento – manter a integridade
e interna (via iden dade cole va), as da ins tuição e os seus traços dis n -
lideranças desempenham um papel fun- vos, associando as normas e os valores
damental, desencadeando, conduzindo existentes à procura e às expecta vas
e acompanhando as mudanças que vão externas.

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Sobre a autora:
Susana Faria: Professora Adjunta na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais
do Ins tuto Politécnico de Leiria, integra o núcleo de Leiria do CICS.NOVA. Doutora
em Ciências Sociais pela Universidade de Aveiro, atua na área de Sociologia,
em que é licenciada, e das Ciências da Educação, onde obteve o grau de mes-
tre. Coordena o Curso de Relações Humanas e Comunicação Organizacional à Distância
e Integra a Comissão Científico-Pedagógica do curso de Serviço Social. E-mail:
susana.sousa@ipleiria.pt

Recebido em outubro de 2016.


Aprovado para publicação em fevereiro de 2017.

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