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A diversidade de modos de transporte e a desigualdade

espacial das redes

 Qual a importância dos transportes?

 O desenvolvimento dos transportes tem potenciado, ao longo dos tempos, um conjunto de


melhorias que se refletem no desenvolvimento económico e no aumento da qualidade de
vida das populações. Assim, as alterações verificadas neste setor têm permitido:
 Diminuir as distâncias relativas, como a distância-tempo e a distância-custo, o que
aumenta a acessibilidade e a aproximação entre os lugares e os povos;
 Diminuir o isolamento das áreas desfavorecidas, principalmente as rurais;
 Estruturar o espaço urbano;
 Intensificar os fluxos de informação e as trocas comerciais entre países ou entre
regiões de um mesmo país, o que promove o aumento da população;
 Flexibilizar a localização das atividades económicas;
 Criar empregos;
 Desenvolver a atividade turística;
 Promover o intercambio cultural, atraves da troca de ideias, técnicas e culturas;
 Expandir a difusão espacial de fenómenos sociais, demográficos e económicos.

 Qual a competitividade dos diferentes modos de transporte?

 Os transportes, quer sejam de passageiros ou de mercadorias, podem ser agrupados em


diversos modos de transporte:

Modos de Transporte

Terrestre Aquático Aéreo Tubular

Baixa Alta
Rodoviário Ferroviário Marítimo Fluvial altitude altitude Oleoduto Gasoduto

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 A utilização de um determinado modo e/ou meio de transporte está dependente de um
conjunto de fatores, que se prendem, por exemplo, com:
 As distâncias a percorrer;
 Os custos da deslocação;
 Os tempos gastos nos percursos;
 A acessibilidade aos lugares de partida e de destino;
 A natureza do transporte;
 O tipo de mercadorias a transportar;
 A oferta de meios de transporte existente.

 A escolha de um determinado modo e/ou meio de transporte deve atender às suas


vantagens e desvantagens, de forma a que se pondere qual o mais eficaz para a
deslocação pretendida.

 O transporte terrestre …

Vantagens Desvantagens
 Elevada flexibilidade de itinerários;  Grande ocupação de espaço pelas
 Grande flexibilidade de horários infraestruturas (ex.: estradas);
(sobretudo no caso do veículo  Grande congestionamento de tráfego
particular); rodoviário e consequente saturação das
 Possibilita o transporte porta a porta, vias de comunicação, sobretudo nas
não sendo necessário transbordo; áreas mais densamente povoadas e
 Apresenta uma crescente urbanizadas;
especialização, de forma a transportar  Dificuldade de estacionamento nas
apenas um determinado produto, como áreas urbanas;
os camiões-frigorifico, os camiões-  Elevado consumo de energia por
cisterna, os porta-contentores, etc.; passageiro;
 Tem evoluído no sentido de se tornar  Elevada poluição atmosférica, se o
mais rápido e comodo; combustível utilizado for derivado do
 Grande capacidade de carga; petróleo;
 Economicamente rentável no transporte  Elevada sinistralidade.
de mercadorias e de passageiros a
curtas e médias distâncias.

Vantagens Desvantagens
 Elevada capacidade de carga,  Carater fixo dos itinerários, o que obriga ao
comparativamente com o rodoviário; transbordo de mercadorias e passageiros;
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 É responsável por uma menor  Elevados custos de exploração, de
impermeabilização do solo do que o manutenção e funcionamento;
transporte rodoviário, pois os materiais usados  Pouco competitivo para pequenas distâncias
nas linhas férreas são semipermeáveis, ao no transporte de mercadorias e passageiros.
contrário do que sucede com as estradas;
 Baixo consumo de energia;
 Elevada segurança, pois circula em canal
próprio;
 Menor sujeição a congestionamentos de
tráfego;
 Pouco poluente, sobretudo quanto as linhas
são eletrificadas;
 Mais competitivo para médias e longas
distâncias.

 O transporte aquático…

Vantagens Desvantagens
 Mais económico para longas distâncias;  Carater lento;
 Grande capacidade de carga e adequado  Necessita de transbordo;
para cargas pesadas e volumosas;  Pode provocar poluição marítima
 Baixos índices de poluição por resultante das lavagens de tanques e de
passageiro; acidentes com petroleiros;
 Baixo consumo de energia por  Grande sujeição às condições
passageiro; atmosféricas e ao estado do mar.
 Permite o descongestionamento das
vias terrestres, sobretudo as rodoviárias.
Vantagens Desvantagens
 Alternativa para o transporte de  Implica navegabilidade por parte
passageiros na travessia entre locais dos cursos de água;
relativamente próximos;  Necessita de transbordo;
 Permite o descongestionamento das  É relativamente lento
vias terrestres, sobretudo das
rodoviárias;
 Assume especial relevância no setor
turístico;
 Elevada capacidade de carga.
 O transporte aéreo…

Vantagens Desvantagens
 Rápido, cómodo e seguro;  Elevado custo, devido aos seus elevados
 Maior liberdade de movimentos, investimentos em infraestruturas,
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potenciada pela movimentação em manutenção das aeronaves, despesas
altitude, exceto no caso de saturação do com mão de obra especializada, etc;
espaço aéreo;  Crescente congestionamento/saturação
 Muito competitivo no transporte de do espaço aéreo;
mercadorias leves, perecíveis, urgentes e  Elevado consumo de combustível por
valiosas. passageiro;
 Elevada poluição sonora e atmosférica;
 Elevado tempo de espera nos aeroportos,
no embarque e desembarque;
 Reduzida capacidade de carga.

 O transporte tubular…
Vantagens Desvantagens
 Abastecimento regular e continuo, sem  Grandes investimentos iniciais (elevados
interrupções; custos de infraestruturas)
 Elevado grau de segurança (reduz os
riscos de acidente e derrame);
 Menores riscos de poluição;
 Economicamente mais vantajoso do que
o transporte marítimo especializado (ex.:
petroleiros)

 Qual a evolução do transporte de passageiros e de mercadorias?

 Nos últimos anos, o modo de transporte rodoviário tem assumido especial destaque no
transporte de passageiros e de mercadorias, registando, no entanto, oscilações.

 Em 2020, o transporte de passageiros e de mercadorias sofreu fortes reduções, devido,


fundamentalmente, às restrições à mobilidade impostas pela pandemia da Covid-19. Em
2020:
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 A rodovia foi utilizada por 328,2 milhões de passageiros;
 Utilizaram o modo ferroviário 243,2 milhões de passageiros, dos quais 102,2 milhões
nos comboios urbanos/suburbanos e 140,9 milhões nos três sistemas de metropolitano
(Lisboa, Porto e Sul do Tejo);
 O tráfego aéreo foi responsável por cerca de 16,5 milhões de passageiros
transportados;
 Por via fluvial, foram transportados 13,1 milhões de passageiros.

 Quais as vantagens do transporte multimodal?

 O transporte multimodal caracteriza-se pela combinação de dois ou mais modos de


transporte distintos, numa cadeia de deslocações que compõem uma viagem, entre uma
determinada origem e um dado destino.

 Apresenta-se como uma possível solução para reduzir os encargos económicos e


ambientais associados ao transporte rodoviário de mercadorias, uma vez que as mesmas
podem ser transportadas por outros modos de transporte, como o ferroviário ou o
marítimo.

 O transporte multimodal apresenta ainda, outras vantagens, como:


 A redução dos custos de transporte;
 A diminuição da distancia-tempo;
 O aumento da segurança rodoviária;
 A diminuição dos índices de poluição e de consumo de energia;
 A redução dos congestionamentos de trânsito.

 Como se distribuem as redes de transporte?

 As redes de transporte são um elemento fundamental para a organização do território.


Podem classificar-se em:
-Redes densas;
-Redes dispersas;
-Redes continuas;

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-Redes descontinuas.

Redes de transporte

Redes densas Redes dispersas Redes contínuas Redes descontínuas

Registam um elevado Apresentam um Não apresentam Registam interrupções no


número de quilómetros reduzido número de interrupções no seu seu traçado
de vias em relação à quilómetros de vias em traçado
superfície considerada relação à superfície
considerada

 A rede rodoviária…

 O desenvolvimento da rede rodoviária nacional é fundamental para garantir a redução das


assimetrias regionais e para o aumento da acessibilidade interurbana, inter-regional e
internacional.

 Em Portugal, o Plano Rodoviário Nacional (PRN) é o instrumento que regula as


infraestruturas nacionais, otimizando as condições de ocupação do solo e do ordenamento
do território. Atualmente, encontra-se em vigor o PRN 2000.

 A extensão da rede rodoviária em Portugal, em 2020, era de cerca de 15 050 quilómetros.


A classificação das estradas da Rede Rodoviária Nacional (RRN) está definida no Plano
Rodoviário Nacional, com a seguinte hierarquia:
 Itinerário Principal (IP) – 2341 quilómetros;
 Itinerário complementar (IC) – 1909 quilómetros;
 Estrada Nacional (EN) – 4857 quilómetros;
 Estrada Regional (ER) – 4791 quilómetros.

 A rede rodoviária nacional integra diversas categorias de estradas:


Rede Nacional Rede Nacional Estradas Regionais
Fundamental Complementar
Assegura a ligação entre os É formada pelos IC e pelas Asseguram as
principais centros urbanos. EN. Integra quatro IC comunicações rodoviárias
É constituída por 9 IP, três longitudinais, dez com interesse
longitudinais e seis transversais, as vias de supramunicipal,
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transversais acesso e envolventes das complementando a RRN.
áreas metropolitanas de
Lisboa e Porto, bem como
outros lanços de estrada

 Portugal apresenta, não obstante a melhoria e o aumento da extensão da rede rodoviária


nas últimas décadas, desigualdades ao nivel da distribuição espacial da rede de estradas,
que estão associadas aos contrastes demográficos, económicos e sociais.

 Em Portugal Continental…

 Em Portugal Continental, a rede estradas é mais extensa e mais densa no litoral ocidental,
decalcando os padrões da distribuição da população e das atividades económicas.

 Nas regiões autónomas…

 Nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, o traçado da rede rodoviária espelha a


necessidade de se aproximar os principais aglomerados populacionais de cada ilhas.

 A rede de autoestradas…

 A Rede Nacional de Autoestradas (RNA) está definida no PRN 2000 como fazendo parte
da RRN. É constituída pelas vias da RRN que apresentam um conjunto de características
técnicas que proporcionam uma elevada prestação, estando devidamente sinalizadas
como autoestradas. Em 2020, a rede nacional de autoestradas apresentava uma extensão
de 3065 quilómetros.

 Em Portugal, embora a qualidade das infraestruturas rodoviárias e a segurança nos


veículos tenham vindo a registar melhorias assinaláveis nas últimas décadas, o transporte
rodoviário está ainda assoviado a uma elevada sinistralidade.

 A rede ferroviária…

 A rede ferroviária nacional é composta pela rede principal, pela rede complementar e pela
rede secundária, e apresentava, em 2021, uma extensão de 3621 km.
Rede Principal Rede Complementar Rede Secundária

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Tem cerca de 1176 km e Possui cerca de 891 km e Possui cerca de 460 km.
compreende as linhas férreas que compreende linhas que, apesar de É de interesse regional e
apresentam uma exploração não serem financeiramente
local.
rentável. É constituída: rentáveis, são consideradas de
 Pela Linha do Norte utilidade pública. Exemplos: A sua exploração depende
(Porto-Lisboa);  Linha do Oeste (Figueira das autarquias e de outras
 Pela Linha do Sul da Foz – Agualva- entidades locais
(Lisboa-Algarve); Cacém);
 Pela Linha da Beira Alta  Linha da Beira Baixa
(Pampilhosa-Vilar (Entroncamento-Guarda);
Formoso);  Linha do Sotavento (Faro-
 Pelos nós ferroviários de Vila Real de Santo
Lisboa e Porto. António).

 A rede ferroviária nacional está apenas presente no território de Portugal continental e


a sua distribuição geográfica é marcada por assimetrias territoriais.

 A rede de metropolitano…

 No que concerne à ferrovia ligeira, em 2020, a extensão da rede de metropolitano do


Porto totalizava 66,7 km, a rede de metropolitano de Lisboa 44,5 km e a rede de
metropolitano Sul do Tejo 11,8 km.

 O metropolitano de Lisboa é, dos três sistemas de metropolitano existentes em


Portugal, o que mais passageiros movimenta.

 Nos percursos urbanos e suburbanos, o metropolitano tem uma importância


fundamental no transporte de passageiros, apresentando diversas vantagens em relação
ao modo de transporte rodoviário, tais como:
 Maior rapidez nas deslocações;
 Maior capacidade de transporte de passageiros;
 Menor consumo de energia por passageiro;
 Redução dos engarrafamentos;
 Possibilidade de adequar o número de carruagens ao fluxo de passageiros.

 Os problemas…

 A qualidade da rede ferroviária nacional está ainda afastada da média comunitária, o


que se deve a um conjunto de fatores:
 Condicionalismos naturais, relacionados com o relevo acidentado, que se leva a
que a rede se caracterize por um traçado sinuoso, sobretudo no Norte, com muitas
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curvas de raio relativamente apertado e com declives acentuados, o que dificulta a
introdução de material circulante mais moderno e rápido;
 Reduzida percentagem de vias duplas;
 Densidade inferior à média da UE;
 Quotas modais de transporte de mercadorias e de passageiros inferiores à média
europeia;
 Diferença entre a bitola (largura entre carris) entre Portugal e Espanha e o resto da
Europa;
 Existência de troços próximos da saturação;
 Eletrificação ainda insuficiente (apenas nas cerca de 64% da rede está eletrificada),
o que gera problemas de operação e gestão do material circulante.
 Material circulante ainda relativamente envelhecido;
 Velocidade de circulação, na maior parte dos itinerários, baixas, devido aos
condicionalismos da infraestrutura;
 Necessidade de transbordo, dado que em algumas áreas as estações estão afastadas
do local de destino dos passageiros.

 A rede de aeroportos…

 A rede nacional de aeroportos era constituída, em 2021, por 38 aeroportos e aeródromos,


sendo que os cinco aeroportos nacionais com maior tráfego, tanto de passageiros como de
mercadorias, eram:
 Humberto Delgado (Lisboa);
 Francisco Sá Carneiro (Porto);
 Gago Coutinho (Faro);
 Cristiano Ronaldo (Madeira);
 João Paulo II (São Miguel).

 Devido à reduzida dimensão do pais, o tráfego aéreo nacional (doméstico) tem um peso
muito mesmos significativo que o tráfego internacional.

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 A importância do tráfego internacional deve-se fundamentalmente:
 À necessidade de Portugal diminuir a sua perificidade no contexto comunitário,
aproximando-o, em termos relativos, dos restantes países da UE;
 Ao facto de os aeroportos nacionais beneficiarem de uma posição geoestratégica, no
cruzamento de importantes rotas aéreas entre a América e a Europa.

 O aumento generalizado do número de voos no território nacional nos últimos anos


reflete, não só fatores como o aumento da mobilidade e do poder de compra da
população, mas também o aparecimento de companhias aéreas de baixo custo (low cost),
que “democratizaram” o espaço aéreo, tornando-o acessível a um cada vez maior número
de passageiros.

 Em 2020, o tráfego comercial nos aeroportos e aeródromos nacionais registou uma franca
diminuição face a 2019, resultado da forte redução da mobilidade provocada pelas
medidas de combate à pandemia da Covid-19.

 O aeroporto nacional mais importante é o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. A sua


relevância estratégica resulta de:
 Se localizar na capital do país;
 Ter uma grande área de influência, pois está inserido na região de maior concentração
populacional e de riqueza nacional;
 Deter ligações com importantes destinos europeus e de constituir um hub importante
para as ligações com os PALOP, com o Brasil e outros países sul-americanos e com os
arquipélagos dos Açores e da Madeira.

 Porém, a sua capacidade está muito próxima da saturação e, por estar localizado no
interior do perímetro urbano da cidade de Lisboa, não tem possibilidade de expansão.
Este facto acarreta problemas, de que são exemplo:
 A impossibilidade de dar resposta ao aumento do fluxo de turistas no território
nacional, que usam sobretudo o transporte aéreo para chegar a Portugal;
 Os atrasos nos voos, comprometendo o desempenho operacional das companhias
aéreas.

 Assim, torna-se imperiosa a construção de um novo aeroporto, embora a sua localização


não seja consensual.

 Apesar de registarem um tráfego comercial muito menos significatrivo, os aeroportos das


regiões autónomas são fundamentais na diminuição da insularidade destes territórios,
assumindo-se como plataformas de ligação:
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 Entre as ilhas do mesmo arquipélago;
 Entre as ilhas e o Continente;
 Entre as ilhas e outras áreas do mundo.

 A rede de portos marítimos…

 A dimensão marítima do território português, a sua fachada atlântica e a sua localização


no cruzamento das principais rotas marítimas entre três continentes, conferem a Portugal
um relevante posicionamento geoestratégico.

 Portugal dispõe de importantes portos comerciais, que tem tido um desenvolvimento


económico significativo, acompanhado de uma diversificação da oferta de infraestruturas
e serviços portuários, nomeadamente serviços de transhipment. Há ainda a assinalar um
aumento da disponibilidade de competências e capacidades para atender a tráfegos com
requisitos significativos.

 O transporte de mercadorias…

 Os portos comerciais que movimentaram, em 2020, mais mercadorias foram o de Sines, o


de Leixões e o de Lisboa.

 O tráfego internacional de mercadorias prevaleceu sobre o tráfego nacional em todos os


portos marítimos nacionais, à exceção dos portos de Ponta Delgada e do Caniçal.

 Em 2020, cerca de metade da carga carregada nos portos nacionais correspondeu a carga
contentorizada, enquanto que a maior parte da carga descarregada correspondeu a granéis
líquidos.

 O tipo de carga movimentada nos portos comerciais nacionais testemunha a


diversificação da oferta de infraestruturas e serviços portuários de cada porto marítimo.

 O transporte de passageiros…

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 Em 2020, os serviços de travessias fluviais regulares (nacionais e internacionais)
asseguraram o transporte de 13,1 milhões de passageiros, menos 42,8% do que em 2019,
consequência das medidas tomadas no combate à pandemia da Covid-19.

 As redes de distribuição de energia…

 Em Portugal, as redes de distribuição de energia estão dependentes dos locais de origem,


de consumo e do tipo de energia transportada.

 A sua prevalência ocorre na faixa litoral ocidental de Portugal continental, decalcando os


padrões da distribuição da população e das atividades económicas.

 O petróleo…

 O petróleo, fonte de energia exógena, chega a Portugal por via marítima, atraves dos
navios petroleiros, sendo descarregado nos portos de Sines e de Leixões. É transformado
nos seus derivados na refinaria de Sines.

 O gás natural…

 O gás natural, também uma fonte de energia exógena, é importado, sobretudo da Argélia,
através do gasoduto que liga o Magrebe à Europa e que atravessa a Península Ibérica.

 Desde 2003, com a construção do terminal de gás natural liquefeito (GNL) de Sines,
Portugal recebe também gás natural por via marítima, transportando por navios
metaneiros. O nosso maior fornecedor de gás natural por esta via é a Nigéria.

 A eletricidade…

 A eletricidade produzida em Portugal circula atraves da rede elétrica nacional, que


apresenta, em determinados troços, ligações com Espanha, o que permite assegurar a
importação e a exportação de eletricidade.

 A rede de plataformas logísticas…

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 A crescente globalização dos fluxos de mercadorias, a segmentação e deslocalização do
processo produtivo e o acentuar da especialização dos mercados de produção têm
provocado o aumento das distâncias percorridas pelas mercadorias, potenciando o
transporte de grandes quantidades de produtos por via marítima até centros logísticos
próximos dos mercados de consumo.

 Esta tendência tem conduzido à necessidade de se desenvolverem hubs e plataformas


logísticas junto dos principais portos marítimos e mercados de destino, no sentido de se
garantir uma eficaz gestão das cadeias de abastecimento e distribuição.

 A rede nacional de plataformas logísticas apresenta uma distribuição irregular,


decalcando a distribuição da população e das atividades económicas e assegurando as
ligações entre Portugal e o resto da Europa.

 A rede de plataformas logísticas é fundamental para que, por exemplo:


 Se potencie o aumento da carga global movimentada no país;
 Se verifique a melhoria da competitividade da indústria e do comércio, decorrente do
importante impacte na estrutura de custos das empresas;
 Se criem condições para atrair e fixar desenvolvimento industrial;
 Haja uma integração eficaz entre os vários modos de transporte, reduzindo os custos
ambientais atraves da transferência do modo rodoviário para outros ambientalmente
mais sustentáveis;
 Se crie uma nova centralidade de Portugal face à Península Ibérica, à Europa e ao
resto do mundo, através:
-Da transformação do nosso país numa plataforma atlântica de entrada de movimentos
internacionais de mercadorias, potenciando, dessa forma, a sua localização na rota do
comercio internacional;
-Da elevação do país no ranking dos centros de distribuição logísticos europeus.

 Qual a importância da inserção das redes nacionais nas redes europeias e


transcontinentais?

 Dada a perificidade de Portugal em relação aos restantes países da UE e atendendo ao


elevado peso das trocas comerciais intra-comunitárias e à liberdade de circulação de
pessoas e bens em todo o espaço comunitário, o desenvolvimento das redes de transporte
nacionais deve também ser equacionado considerado as ligações aos restantes Estados-
membros, através das redes transeuropeias (RTE)

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 Com a assinatura do Tratado de Maastricht, em 1992, foram delineadas as bases políticas,
institucionais e orçamentais da Política Comum de Transportes. Esta visava, entre outros
aspetos, a criação e o desenvolvimento de redes transeuropeias em diferentes domínios:
 Transportes (RTE-T);
 Telecomunicações (RTE-Telecom);
 Energia (RTE-E)

 As redes transeuropeias tem como objetivos fundamentais:


 Assegurar o bom funcionamento do mercado único da União Europeia, garantindo a
mobilidade sustentável das pessoas e das mercadorias nas melhores condições sociais,
ambientais e de segurança possíveis;
 Reforça a coesão económica e social;
 Ligar as regiões insulares, isoladas e periféricas às regiões centrais da UE;
 Tornar o território da UE mais acessível aos países vizinhos.

 A rede transeuropeia de transportes (RTE-T) …

 A Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T) é constituída pelas infraestruturas de


transporte dos diversos Estados-membros da UE e ainda pelos serviços que permitem o
seu funcionamento no território comunitário.

 A RTE-T abrange projetos de interesse comum destinados a criar novas infraestruturas de


transportes ou a modernizar as existentes, para colmatar lacunas, eliminar
estrangulamentos e eliminar barreiras técnicas aos fluxos de transporte entre os Estados-
membros da UE.

 Em 2013, houve uma reforma fundamental da RTE-T, que estabeleceu uma estrutura de
nivel duplo para as vias de transportes da UE:

Rede Global Rede Principal


Garante a conectividade de todas as É constituída apenas pelos elementos da
regiões da UE e compreende todas as rede global com maior importância
infraestruturas de transporte, existentes e estratégica para a UE. Será implementada
planeadas, bem como medidas destinadas através de nove corredores multimodais,
a promover uma utilização eficiente e ligando estrategicamente os nós urbanos
sustentável. Será concluída até ao final de mais importantes e outros nós (por
2050 exemplo, portos, aeroportos e pontos de
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passagem de fronteiras). Será concluída
até ao final de 2030.

 Portugal integra o corredor Atlântico, um corredor multimodal que resulta da parceria


entre quatro países (Portugal, Espanha, França e Alemanha) e cobre cerca de 6200 km.

 Neste corredor multimodal, os portos portugueses e os corredores ferroviários entre


Sines/Setúbal/Lisboa/Aveiro/Leixões/ desempenham um papel fundamental.

 O corredor Atlântico pretende criar as condições necessárias para que as empresas


nacionais passem a dispor de um transporte ferroviário de mercadorias mais eficiente,
mais competitivo e mais económico para a exportação dos seus produtos para o resto da
Europa.

Alguns objetivos estratégicos Algumas fragilidades


 Reforçar a multimodalidade e Modo ferroviário
reequilibrar a repartição modal,  Diferentes bitolas entre a Península
através da transferência de tráfego Ibérica e o resto da Europa;
dos modos de transporte rodoviário e  Falta de eletrificação em algumas das
aéreo para a ferrovia e aumentar a ligações ferroviárias, como as
dimensão marítima nos fluxos transfronteiriças;
internos e externos;  Restrições de operação de comboios
 Desenvolver a interoperabilidade, de grande dimensão na Península
por exemplo, ao nivel da bitola Ibérica, designadamente no acesso
ferroviária (UIC), do Sistema aos portos e aos terminais
Europeu de Gestão do Tráfego rodoferroviários.
Ferroviário (ERTMS) e ao nivel da Modo rodoviário
compatibilização dos sistemas de  Interoperabilidade parcial entre
portagem rodoviária eletrónica; sistemas de portagens rodoviárias.
 Favorecer a implementação do Modo marítimo
projeto “Autoestradas do Mar” e  Necessidade de melhoria dos acessos
fomentar a vertente “Transporte fluvio-marítimos aos terminais
marítimo de curta distância” ao portuários e dos acessos terrestres
longo da costa Atlântica; próximos.
 Contribuir para a eficiência logística.

 Portugal poderá, também, rentabilizar o corredor mediterrânico da RTE-T, que liga a


Península Ibérica ao sudoeste da Europa, sul de França, norte de Itália e Europa
central.

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 À escala nacional, podemos identificar vários eixos estruturantes do corredor
Atlântico, assentes numa rede que integra o transporte rodoviário, o transporte
ferroviário, o transporte marítimo e o transporte aéreo

 Estes corredores multimodais:


 Organizam-se a partir de um eixo norte-sul e de vários eixos diagonais, que
permitem a ligação de Portugal à Península Ibérica;
 Visam maximizar a conectividade do país, potenciando a intercionalização da
economia nacional e incrementando as exportações;
 Procuram garantir a conformidade das infraestruturas e dos sistemas de transporte
nacionais com os dos restantes Estados-membros da UE.

 A rede transeuropeia de energia (RTE-E) …

 As RTE-E dizem respeito aos setores da eletricidade e do gás natural e desempenharam


um papel essencial para garantir a segurança e a diversificação do aprovisionamento
energético da União Europeia.

 Constituem prioridades das RTE-E:


 Aumentar a competitividade da UE, promovendo a maior integração do mercado
interno da energia e a interoperabilidade das redes de eletricidade e gás através das
fronteiras;
 Reforçar a segurança do aprovisionamento energético da União Europeia;
 Contribuir para o desenvolvimento sustentável e a proteção do ambiente,
nomeadamente mediante a integração das fontes de energia renováveis na rede de
transporte, e o desenvolvimento de redes energéticas inteligentes e redes de dióxido de
carbono.

 As infraestruturas energéticas na UE estão a tornar-se, assim, cada vez mais integradas. A


União está a financiar o desenvolvimento de 173 projetos de interesse comum, que se
destinam a apoiar e desenvolver a integração dos mercados de eletricidade e gás natural
no espaço comunitário.

 Com estes projetos, a UE pretende, nos setores de:

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Eletricidade
Favorecer a ligação de redes ainda isoladas,
garantir a conexão entre as redes de todos os
Estados-membros e fomentar o
desenvolvimento de ligações com países
terceiros.
Gás Natural
Assegurar a introdução desta fonte de energia
em novas regiões, promover o aumento da
capacidade de receção e armazenamento e
favorecer o alargamento das redes de
distribuição, incluindo ligações a todo o leste
europeu e a vários países da Ásia

 Como potenciar o setor dos transportes?

 O investimento no setor dos transportes deverá permitir, por um lado, o reforço da coesão
interna e a redução das assimetrias territoriais, e, por outro, atenuar a perificidade de
Portugal no contexto da UE, através de uma maior conexão entre redes de transporte,
infraestruturas de transporte e plataformas logísticas.

 O transporte rodoviário…

 No transporte rodoviário, deverá ser dada primazia:


 À diminuição da utilização do transporte individual, apostando no transporte público
de passageiros;
 À promoção de uma nova cultura de mobilidade mais sustentável, intermodal e
elétrica.

 Para tal, deverão ser concertadas estratégias que permitam, por exemplo:
 A consolidação da rede de metro e o desenvolvimento de sistemas de transportes
coletivos nas áreas metropolitanas;
 A promoção da descarbonização dos transportes públicos e da mobilidade elétrica;
 A melhoria das condições de segurança rodoviária e o crescimento económico.

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 O transporte ferroviário…

 A aposta no transporte ferroviário é crucial para o país, na medida em que este modo de
transporte pode ter custos em média três a seis vezes inferiores aos da rodovia.

 Urge, por isso, a implementação de medidas que concorram, por exemplo, para:
 Renovar e melhorar o material circulante, de forma a maximizar a eficiência das
operações;
 Reduzir o tempo de trajeto entre Porto e Lisboa, atraves da construção da nova linha
Porto-Lisboa, libertando capacidade na linha do Norte para o tráfego suburbano e de
mercadorias;
 Promover o aumento da capacidade da rede ferroviária das áreas metropolitanas;
 Melhorar as condições de segurança e de circulação, atraves da implantação do
programa de sinalização e implementação do Sistema Europeu de Gestão do Tráfego
Ferroviário (ERTMS);
 Reforçar a capacidade, eliminar estrangulamentos da rede ferroviária e promover o
reforço da sua densidade, alargando a extensão eletrificada;
 Melhorar os acessos à rede espanhola, atraves:
-Da conclusão da Linha Évora-Elvas;
-Da renovação da Linha da Beira Alta;
-Da eletrificação da Linha do Minho.
 Potenciar o transporte em modo ferroviário e promover a interoperabilidade com as
redes espanhola e europeia no âmbito da RTE-T.

 O transporte marítimo…

 A rentabilização do posicionamento geoestratégico do país a nivel marítimo, na


ligação entre três continentes, e nas direções este-oeste e norte-sul, implica o
investimento nas estruturas portuárias, nas plataformas logísticas, na ampliação dos
cais e de capacidade de armazenamento, entre outros. Tal permitirá que o nosso país se
afirme verdadeiramente como uma plataforma comercial e logística a nivel mundial e
tire plenamente partido dessa geográfica única.

 Nesse sentido, será necessário, por exemplo:


 Investir nos portos de Sines e de Leixões para aumentar ainda mais a sua
competitividade em termos de instalações e equipamentos para receber grandes
navios;

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 Consolidar um hub portuário nacional polivalente e que responda às exigências da
procura nos segmentos da navegação comercial, turismo, transporte de longa e curta
distância;
 Construir em Sines um terminal portuário de minérios de exportação dos recursos
minerais estratégicos, em particular o lítio e, caso se decida desenvolver a Zona
Económica Exclusiva (ZEE), o níquel, o cobalto, o manganês e os sulfuretos
polimetálicos;
 Resolver os problemas estruturais do porto de Lisboa;
 Desenvolver um plano para reconverter o porto da praia da Vitória, nos Açores, numa
espécie de estação para fornecer gás natural liquefeito aos navios que cruzam o
Atlântico.

 O transporte aéreo…

 Portugal localiza-se numa posição central em relação ao oceano atlântico, no cruzamento


das grandes rotas aéreas mundiais. O nosso país deverá rentabilizar esta localização
geoestratégica, assumindo-se como a “porta” aérea de entrada/saída da Europa.

 Para tal, é determinante:


 Construir o novo aeroporto para a Área Metropolitana de Lisboa, tendo em conta que
as ligações aéreas são fundamentais no desempenho da economia portuguesa;
 Assegurar que todo o país, em particular a região norte, onde há uma concentração
elevada de empresas exportadoras, tenha uma cobertura adequada de ligações aéreas.

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