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Economia Empresarial
Economia Aplicada

Robson Gonçalves, MsC.


robson.goncalves@fgv.br

Economia Empresarial Robson Gonçalves


É paulista, nascido em Mogi das Cruzes em 1970
Mestre em Economia pela Unicamp e bacharel em Economia pela USP
Foi economista do Banco Central do Brasil, pesquisador do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada e professor do Ibmec e do Insper
Leciona nos cursos de MBA da FGV desde 1997
Atualmente, atua como consultor na FGV onde também coordena o
curso de Neurobusiness
É coautor do livro Triuno: Neurobusiness e Qualidade de Vida

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Apresentação do curso

 Por que Economia Aplicada?

 A Economia (parece, mas) não é uma ciência exata!

 Economia, Microeconomia e Macroeconomia


 Microeconomia: mercados e variáveis específicos
– Mercado paulistano de softwares nesse trimestre
 Macroeconomia: mercados e variáveis genéricos
– PIB, inflação, exportações e fluxos de capital

 Acompanhamento do ambiente macro: necessário para avaliação e


alinhamento estratégicos

Síntese do conteúdo

 Noções de Microeconomia e Relações Capítulos 1 e 2


com a Macroeconomia
 Macroeconomia: três macromercados
• De bens e serviços Capítulo 3

• Monetário Capítulo 4

• Cambial Capítulo 5

 O ambiente econômico hoje


 Método de trabalho: passo a passo

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Noções de Microeconomia

Microeconomia: campo da Economia que estuda os mercados definidos de


forma bastante específica

Agentes econômicos típicos:


 Consumidores (demandantes)
 Empresas (ofertantes)

Variáveis de interesse (preliminares):


 Preço
 Quantidade

Alguns conceitos chave:


 Custo de oportunidade
 Equilíbrio de mercado
 Elasticidade
 Teoria dos Jogos

Fundamentos: oferta e demanda

Economia: ciência que estuda a ação humana nos mercados

Lei da Demanda
Relação inversa entre o preço e a quantidade que os demandantes
desejam e podem comprar de um determinado bem ou serviço

Válida sob a condição “cœteris paribus” (tudo mais está constante)!

Lei da Oferta
Relação direta entre o preço e a quantidade que os ofertantes
desejam e podem produzir e vender de um determinado bem ou
serviço

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Custo de Oportunidade:
o conceito econômico que nos acorda pela manhã!

Ganho
$
Arrependimento

Custo da
Oportunidade
Perdida

Renda
Ações
Fixa

Custo de Oportunidade:
o conceito econômico que nos acorda pela manhã!

Ganho
Subjetivo

Land Tudo
Rover mais

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Custo de Oportunidade:
o conceito econômico que nos acorda pela manhã!

Ganho
Por hora
$

Implantes
Clínica
Geral

Custo de Oportunidade:
o conceito econômico que nos acorda pela manhã!
O conceito de custo de oportunidade envolve uma avaliação das escolhas que fazemos
em tudo em nossas vidas, especialmente na esfera econômica.
Ninguém gosta de se arrepender de suas decisões. E isso é válido também em
Economia. Uma pessoa pode decidir aplicar seu dinheiro em renda fixa por receio do risco
do mercado de ações. Mas... se a bolsa subir muito, essa pessoa vai avaliar a diferença
entre o que ganhou em renda fixa e o que poderia ter ganho caso tivesse aplicado em
ações. Essa diferença mede o “tamanho” do arrependimento dessa pessoa por ter deixado
passar uma oportunidade. O ganho não-auferido é o custo da oportunidade perdida.
Mas existem outros exemplos de avaliação do custo de oportunidade que nada tem a ver
com ganho financeiro. Comprar um apartamento e descobrir, dias depois, um novo
lançamento com mais itens de conforto ou localização gera arrependimento. De novo,
esse arrependimento é a diferença entre a satisfação que temos pelo imóvel comprado e a
satisfação que poderíamos ter se tivéssemos esperado mais uns dias. Outro custo da
oportunidade perdida.
O interessante é que o custo de oportunidade é o conceito que nos acorda pela manhã
todos os dias. Quando o despertador toca, pensamos na melhor escolha a fazer: dormir
mais dez minutos ou “pular” da cama e chegar ao trabalho no horário? Comparando a
satisfação do sono extra com a satisfação de chegar cedo no trabalho, a maioria de nós
“trava” o despertador e dorme mais 10 (ou 30...) minutos!
Em resumo: o custo de algo será sempre medido por aquilo que deixamos de ter para
obtê-lo.

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Custo de Oportunidade:
Aplicação às leis de oferta e demanda

Comprar determinado bem significa abrir mão de comprar outros. Afinal, a renda dos
demandantes é limitada. Quando um bem é muito caro, a satisfação de adquiri-lo pode
ser menor do que a satisfação que deixamos de ter em relação a todos os outros bens
que deixaremos de comprar. Essa avaliação da diferença de satisfação nada mais é do
que a aplicação do conceito de custo de oportunidade sob a ótica do demandante.
Quanto mais caro se torna um bem, menor tende a ser a demanda por ele pois algumas
pessoas concluem que não vale a pena sacrificar tantos outros bens para comprá-lo.

Sob a ótica da oferta ocorre algo parecido. Quando o preço de um bem sobe e a
margem de lucro que o ofertante pode obter com ele também se eleva, ofertar outros
bens menos lucrativos pode significar deixar passar a oportunidade de lucrar mais. A fim
de não incorrerem em custo de oportunidade, os ofertantes tendem a ampliar a oferta
dos bens cujos preços e margens de lucro são maiores.

Tendência ao equilíbrio em
mercados competitivos
p O

p2

pE

p1

0 q1 qE q2 q

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Deixando de lado o coeteris paribus


Alterações no equilíbrio de mercado I:
Deslocamentos da demanda

p O

pE2

pE1

D2

D1

0 qE1 qE2 q

Deixando de lado o coeteris paribus


Alterações no equilíbrio de mercado II:
Deslocamentos da oferta com aumento da concorrência

O1
p O2

pE1

pE2

0 qE1 qE2 q

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Deixando de lado o coeteris paribus


Alterações no equilíbrio de mercado III:
Deslocamentos da oferta com aumento dos custos

p O3
O1

pE3

pE1

0 qE3 qE1 q

Elasticidade‐Preço da Demanda
(sensibilidade ou reação da demanda ao preço)

eP =  %
q / %
p
p1

ePA < ePB

DB DA é menos sensível às variações


p2 de preço do que DB

DA

qA1= qB1 qA2 qB2 q

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Elasticidade‐Preço da Demanda
(sensibilidade ou reação da demanda ao preço)

p ePA < ePB


Modelo de Negócio: Modelo de Negócio:
“Butique” Fast Food

• Atendimento • Disponibilidade
• Experiência de • Consumo imediato
consumo • Muitos pontos de
• Ponto de venda bem venda
localizado • Fácil substituição
• Exclusividade
DB

DA

Elasticidade‐Preço da Demanda
(sensibilidade ou reação da demanda ao preço)

Há basicamente três fatores determinantes da elasticidade-preço da demanda:

 Peso no orçamento: todos nós somos mais sensíveis a variações nos preços dos itens com maior
peso em nosso orçamento. Você reagiria mais a um aumento de 15% no preço do cafezinho ou a um
aumento dos mesmos 15% no preço da gasolina? Certamente, como gastamos maiores parcelas de
nosso orçamento em gasolina, reagimos muito mais às variações de preço desse último item. Da
mesma forma, pessoas mais pobres são mais sensíveis ao preço pois mesmo pequenas variações nos
preços acabam pesando em seu orçamento.

 Concorrência ou existência de substitutos e fidelidade: se houvesse uma única marca


disputando um determinado mercado, aumentos de preço seriam seguidos de pouca reação dos
demandantes devido à falta de opções em termos de substitutos. O mesmo ocorre quando há grande
fidelidade do consumidor a determinada marca: mesmo diante de elevações de preço, como para um
consumidor fiel não há substitutos perfeitos para sua marca preferida, a reação em termos de
quantidades seria pequena.

 Necessidade ou essencialidade: reagimos menos a altas no preço dos remédios ou da energia


elétrica residencial do que a altas de igual proporção nos preços de itens como mensalidades de
revistas ou viagens internacionais. Isso porque os dois primeiros itens são mais essenciais que os
últimos.

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Elasticidade‐Renda da Demanda
(sensibilidade ou reação da demanda a variações na renda)

eR =  % q /  % R
Produtos “Top”(ou bens superiores):
 demanda varia no mesmo sentido da renda
 a demanda migra para esses bens quando a renda aumenta
 no caso dos bens “Top”, eR > 0, isto é, a relação entre renda e
demanda é direta

Produtos “Pop” (ou bens inferiores):


 demanda varia no sentido inverso ao da renda
 a demanda migra para esses bens quando a renda cai
 no caso dos bens “Pop”, eR < 0, isto é, a relação entre renda e
demanda é inversa

Elasticidade‐Renda da Demanda
(sensibilidade ou reação da demanda a variações na renda)

eR =  % q /  % R
Top de Linha Populares

MIGRAÇÃO DO CLIENTE

Aumento de renda Queda de renda

DIVERSIFICAÇÃO DE
PRODUTOS E SERVIÇOS

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Elasticidade‐Renda da Demanda
(sensibilidade da demanda à renda dos demandantes)

 No caso dos bens “top”, quando a renda aumenta, a demanda também se eleva.
Com isso, na fórmula acima, termos variações positivas tanto no numerador quanto no
denominador. Por outro lado, quando a renda cai, a demanda também cai, Com isso,
na mesma fórmula, teremos variações negativas tanto no numerador quanto no
denominador.
Em outras palavras, a eR dos bens superiores é sempre maior que zero.
Quando nossa renda aumenta, aumentamos a demanda por filé mignon, minutos de
telefonia celular e sessões de cinema. Esses são bens e serviços para os quais a
demanda varia junto com a renda. Se a renda cai, a demanda por esses itens tende a
cair também.

 No caso dos bens “pop” ocorre o inverso. Quando nossa renda cai, a demanda por
eles aumenta pois estamos substituindo os bens “top” pelos mais populares. Mas
quando a renda aumenta, fazemos o contrário. Na fórmula do slide anterior, teremos
variações positivas divididas por variações negativas e vice-versa.
Em outras palavras, a eR dos bens inferiores é sempre menor que zero.

A elasticidade-renda é um conceito interessante para discutir movimentos de migração


de consumidores em função de variações na renda (upgrading ou downgrading).

Casos práticos

Cafeterias

Reservas pela internet

O executivo desempregado

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Caso 1 – Cafeterias

Um empreendedor pretende instalar cafeterias em diferentes locais de


uma grande cidade brasileira.

Os primeiros pontos de venda serão:


a) Em alguns lugares movimentados do centro, regiões de grande trânsito de
pessoas e onde há elevada concentração de estabelecimentos comerciais
de todo tipo; e

b) Em shopping centers, ao lado das salas de cinema, com direito de ser


vendedor exclusivo de café na área próxima.

Diante dessas informações, pergunta-se:

Considerando explicitamente o conceito de elasticidade-preço e seus


determinantes, qual deve ser a política de segmentação de mercado
com relação aos preços? Ou seja, que preços devem ser cobrados pelo
café expresso em cada local?

Se preferir, considere valores entre R$ 2,50 e R$ 5,70 e justifique sua


decisão.

Caso 2
Reservas pela internet

Um pequeno hotel acaba de colocar na internet um site para consultas


de tarifas, reservas e vendas de diárias, tanto para o público nacional
quanto estrangeiro.

Sem muita experiência em e-commerce, contratou uma consultoria


para auxiliar na estratégia de precificação. A recomendação da
consultoria foi no sentido de uma diferenciação de preço do seguinte
tipo:
a) Na internet deveriam constar tarifas mais baixas direcionadas aos clientes
que fazem amplas pesquisas antes de efetivaram uma reserva; e

b) Nas vendas no balcão, as tarifas deveriam ser mais altas (o famoso “preço
de balcão”), destinadas a clientes que chegam repentinamente querendo se
hospedar de qualquer forma.

Considerando explicitamente o conceito de elasticidade-preço e seus


determinantes, explique a recomendação da consultoria, aplicada
amplamente no segmento de hospedagem.

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Caso 3
O executivo desempregado

Um jovem executivo sempre comprou seus ternos na loja


Springfields. Em um ano de recessão, ao ficar desempregado, foi ao
shopping e percebeu como os ternos daquela loja eram caros...

Desanimado e sem muito dinheiro para gastar, foi até a loja Via Vetro,
escolheu um terno e, no provador, descobriu uma etiqueta da
Springfields.

Um tanto surpreso, ele perguntou ao vendedor se não havia algum


engano... O vendedor informou, a meia voz, que, assim que chega
uma coleção nova na Springfields, as etiquetas da coleção velha são
trocadas e a roupa passa a ser vendida na Via Vetro. Disse também
que ambas as lojas eram do mesmo empresário. Provavelmente,
alguém havia deixado passar aquele terno sem trocar as etiquetas...

Considerando o conceito de elasticidade-renda, explique por que o


empresário adotou essa estratégia. Destaque o que aconteceu
quando a renda do cliente variou.

Desafios (Lição de casa)


1) Suponha que haja uma alta de preços de um corte de carne bovina
específico ou, alternativamente, que todos os cortes de carne bovina subiram
de preço ao mesmo tempo.

Qual dessas demandas é mais sensível a essa alta de preço:

a) Demanda por um corte específico (acém ou fraldinha), ou

b) Demanda por carne bovina como um todo?

2) A demanda das famílias por energia elétrica é, provavelmente, pouco


sensível aos preços. Pelo menos em um horizonte curto de tempo (por
exemplo, um ano). Mas, em um prazo mais longo (por exemplo, cinco anos), é
possível que as famílias reajam mais, reduzindo o consumo em caso de alta
continuada de preços. Dito isso, responda: por que as demandas em geral
tendem a ser mais sensíveis a preços no longo prazo?

3) Um jovem estudante resolveu gastar sempre 10% de sua renda semanal


com gasolina. Supondo que os preços do combustível não variem, mas que
ele tenha alterações constantes em sua renda, qual o valor numérico de sua
elasticidade-renda?

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Fundamentos de Teoria dos Jogos

John Nash (1928-2015)


Nobel de Economia 1994

Eleonor Ostrom (1933-2012)


Nobel de Economia 1968

Fonte: As imagens de pessoas foram obtidas em seus perfis na Wikipedia.

Fundamentos de Teoria dos Jogos


O Dilema dos Prisioneiros

Confessar Não confessar

Confessar -5 ; -5 0 ; -10

Não confessar -10 ; 0 -2 ; -2

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Teoria dos Jogos no cotidiano e no cinema

 Trânsito
 Contas de água em prédios residenciais
 Confraternização em uma pizzaria

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Cartel ou não‐cartel?

Nível 1 Nível 2
(alto) (baixo)

Nível 1 $9;$9 $ 13 ; $ 6
(alto)

A
Nível 2
$ 6 ; $ 13 $ 10 ; $ 10
(baixo)

Os níveis 1 e 2 são de produção.


Os valores ($) indicam lucros mensais.

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Em que mercado o cartel é


menos provável?
Mercado 1 Mercado 2

B B

Nível 1 Nível 2 Nível 1 Nível 2


(alto) (baixo) (alto) (baixo)

Nível 1 $9;$9 $ 13 ; $ 6 Nível 1 $9;$9 $ 23 ; - $ 6


(alto) (alto)

A A

Nível 2 Nível 2
(baixo) $ 6 ; $ 13 $ 10 ; $ 10 (baixo) - $ 6 ; $ 23 $ 10 ; $ 10

Tentação de trair
Dano de ser traído
No mercado 2, tanto a tentação de traição quanto o dano em ser
traído são muito maiores. O cartel é muito menos provável no
mercado 2, muito embora o acordo beneficie ambas as empresas
tanto no mercado 1 quanto no mercado 2.

Desafio (Lição de casa)


Ultimato: Razão e sensibilidade
Uma turma de 20 alunos de MBA é dividida em dois grupos iguais. Em uma sala estão
dez pessoas. Na sala ao lado, outras dez. Cada pessoa na sala 1 terá um parceiro
específico na sala 2, escolhido por sorteio. Mas os alunos de cada sala não sabem
quem é seu parceiro, pois o resultado do sorteio não é revelado aos participantes
do jogo. Apesar disso, todos têm as mesmas informações a seguir.
Cada aluno na sala 1 recebe $ 1000 para ser repartido entre ele e seu parceiro
desconhecido. Esse aluno da sala 1 deve propor um critério de repartição, ou seja,
deve dizer quantos por cento dará a si mesmo e, portanto, quanto vai restar para o
correspondente na sala 2. O mínimo que pode ser deixado para o aluno da sala 2 é
$ 100 (10% do valor a ser repartido).
Cada aluno da sala 2 recebe a proposta de partilha como um ultimato: se aceitar, a
partilha é feita de acordo com a proposta; se recusar, nem ele nem o parceiro da
sala 1 levam coisa alguma.
Diante disso, responda:
a) Supondo que esse experimento foi aplicado no planeta distante onde ninguém tem
emoções humanas e todos agem apenas no autointeresse de forma racional, qual o valor
que o aluno da sala 1 deve propor para seu parceiro da sala 2? Qual a atitude racional do
aluno da sala 2 diante da oferta? Justifique.
b) Agora, supondo que o mesmo experimento seja aplicado na Terra, explique de que forma
esse jogo permite discutir que o racional nem sempre é justo e pode gerar indignação,
causando perdas a todos?

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Síntese do conteúdo

 Noções de Microeconomia e Relações Capítulos 1 e 2


com a Macroeconomia
 Macroeconomia: três macromercados
• De bens e serviços Capítulo 3

• Monetário Capítulo 4

• Cambial Capítulo 5

Principais variáveis
macroeconômicas

Macromercados Preços Quantidades

De Bens e Serviços Índice Geral de Preços Produto Interno Bruto

Monetário Taxa(s) de Juros Meios de Pagamento

Cambial Taxa de Câmbio Fluxo Cambial

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A dinâmica dos macromercados

Bens e
Cambial Monetário
serviços

Política Política
Política Fiscal Monetária
Cambial

Mercado de Bens e Serviços:


dois indicadores básicos

Índice Geral de Preços: estimativa da média de todos os


preços de bens e serviços

PIB: somatório dos valores dos bens e serviços finais


produzidos dentro das fronteiras de um país em determinado
período de tempo

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Mercado de Bens e Serviços:


diferentes indicadores de inflação

Índices Gerais de Preço (60% IPA, 30% IPC* e 10% INCC):


IGP-DI (disponibilidade interna) evolução dos preços do dia 30 ao
30 do mês posterior (FGV – contratado pelo governo)
IGP-M (de mercado) evolução dos preços do dia 21 ao 21 do mês
posterior (FGV – contratado pelo setor privado)

30 30 10

IGP-DI
Mês de referência
IGP-M

21 21 29

* Baseado no padrão de consumo de famílias com renda até 33 salários mínimos

Mercado de Bens e Serviços:


diferentes indicadores de inflação

Índices Gerais de Preço (60% IPA, 30% IPC* e 10% INCC):


IGP-DI (disponibilidade interna) evolução dos preços do dia 30 ao
30 do mês posterior (FGV – contratado pelo governo)
IGP-M (de mercado) evolução dos preços do dia 21 ao 21 do mês
posterior (FGV – contratado pelo setor privado)

Índices de Preço ao Consumidor (IBGE):


INPC (nacional) baseado no padrão de consumo de famílias com
renda entre 1 e 5 salários mínimos
IPCA (amplo) baseado no padrão de consumo de famílias com
renda entre 1 e 40 salários mínimos

* Baseado no padrão de consumo de famílias com renda até 33 salários mínimos

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Mercado de Bens e Serviços:


diferentes indicadores de inflação
IPA – antigo Índice de Preços no Atacado, hoje Índice de Preços ao Produtor Amplo se subdivide
em IPA-Industrial e IPA-Agropecuária. Existem ainda diversos IPAs setoriais: metalurgia, siderurgia,
combustíveis, produtos farmacêuticos etc.
IPC – Índice de Preços ao Consumidor da FGV. Baseado no padrão de consumo de famílias com
renda até 33 salários mínimos. A pesquisa é feita em 12 regiões metropolitanas. As mesmas do IBGE,
exceto Vitória e Campo Grande, mas incluindo Florianópolis. Em geral, seu uso se restringe ao cálculo
do IGP.
INCC – Índice Nacional de Custos da Construção. Possui componentes para custos das construtoras
com mão de obra, materiais e serviços
A coleta de dados para o IPCA e o INPC é feita todo dia 30, como no caso do IGP-DI.
Existem também as chamadas prévias do IPCA e do IGP-M:
O IPCA-15 é o IPCA calculado com base nos preços do dia 15 de cada mês.
O IGP-10 é o IGP-DI calculado com base nos preços do dia 10 de cada mês.
IPP – Índice de Preços ao Produtor do IBGE. Esse é um indicador relativamente novo cuja série
começa em 2009. O índice utiliza os critérios da CNAE – Classificação Nacional de Atividades
Econômicas e mede os preços recebidos pelos produtores de 23 segmentos da indústria de
transformação.

Inflação: IGP‐M e IPCA


Variação em 12 meses 2008‐2020

25%

20%

15%
IGP-M

10%

5%
IPCA

0%

‐5%
2008.01
2008.06
2008.11
2009.04
2009.09
2010.02
2010.07
2010.12
2011.05
2011.10
2012.03
2012.08
2013.01
2013.06
2013.11
2014.04
2014.09
2015.02
2015.07
2015.12
2016.05
2016.10
2017.03
2017.08
2018.01
2018.06
2018.11
2019.04
2019.09
2020.02
2020.07
2020.12

Economia Empresarial
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Inflação no Brasil:
IGP‐DI, IGP‐M, INPC e IPCA – 2008‐2020
Variação percentual acumulada no ano

IGP-DI IGP-M INPC IPCA


2008 9,10 9,81 6,48 5,90
2009 -1,43 -1,72 4,11 4,31
2010 11,47 11,32 6,47 5,91
2011 5,00 5,09 6,08 6,50
2012 7,88 7,82 6,21 5,83
2013 5,53 5,51 5,56 5,91
2014 3,61 3,69 6,68 6,41
2015 10,70 10,57 10,67 11,28
2016 7,21 7,19 6,67 6,31
2017 -0,42 -0,52 2,07 2,95
2018 7,11 7,51 3,43 3,70
2019 7,70 7,30 4,48 4,43
2020 23,08 23,10 5,45 4,52

Casos práticos

O empresário do setor de serviços

Compra de imóvel na planta

Economia Empresarial
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Caso 4
Setor de serviços
Um empreendedor oferece serviços para famílias que moram em apartamentos
na cidade de São Paulo: faxina, arrumação, pequenos consertos elétricos e
hidráulicos etc.

Depois de um ano de atividades, seu objetivo é reajustar os preços de modo a


não tornar os itens que oferece muito mais caros que a média do segmento de
serviços domiciliares no mercado paulistano.

Ao mesmo tempo, vai negociar o reajuste de salário com seus funcionários.

Por fim, pretende tomar crédito em um banco para comprar automóveis a


serem utilizados na empresa para o deslocamento dos empregados.

Diante disso, considerando apenas os índices em aula, responda:


a) Qual o melhor índice para balizar o reajuste dos preços da empresa, dado o objetivo do
empresário?
b) Caso o sindicato queira saber se a proposta de reajuste salarial repõe ou não as perdas
causadas pela inflação, que índice usará como parâmetro técnico para sua análise?
c) O banco onde o empresário fará o empréstimo ofereceu a possibilidade de reajuste do
saldo devedor pelo IGP-M ou pelo IPCA. Que índice o empresário deve escolher?

Caso 5
Imóvel na planta
Em abril de 2011, uma construtora vendeu um apartamento na planta para uma
aluna de MBA da FGV. O financiamento era direto com a incorporadora e com
prazo de dez anos.

De acordo com o contrato elaborada pela empresa vendedora, o saldo devedor


seria corrigido pelo INCC durante a obra. Após as chaves, que deveriam ser
entregues em janeiro de 2014, as parcelas e o saldo devedor passariam a ser
corrigidos pelo IGP-M até o final do contrato em 2021.

Mas, em abril de 2014, depois de usar o IGP-M durante apenas dois meses, a
empresa se arrependeu e propôs à aluna a troca do índice de correção, que
passaria a ser o IPCA. A empresa argumentava que o IGP-M havia se elevado
muito nos anos anteriores como 2002, 2004 e 2010, causando dificuldades de
pagamentos para os compradores, vários casos de inadimplência e perda dos
imóveis.

Como a compradora, aluna de MBA da FGV, conhecia bem a metodologia de


cálculo desses índices, recusou-se a aceitar a troca do fator de correção.
Diante disso, responda:
a) Que razões podem ter levado a incorporadora prever o uso do IGP-M em 2011 (para
vigorar depois das chaves), mas propor a troca em meados de 2014?

b) Sabendo que a aluna pretendia quitar a dívida em agosto de 2014, ela fez bem em
manter o IGP-M? E se ela fosse levar o financiamento até o final em 2021? Teria feito
bem?

Economia Empresarial
26

Desafio (Lição de casa)

Depois de estudar a fundo os índices de preços disponíveis no Brasil,


um empresário dono de uma empresa metalúrgica criou uma fórmula
produtos (normalmente chamada de “fórmula paramétrica”) para avaliar
a evolução dos preços praticados pela força de vendas nas
comercialização de seus :

• 35% x variação do INPC

• 22% x variação do IPP siderurgia (Índice de Preços ao Produtor da


siderurgia)

• 23% x variação do custo da energia elétrica

Os 20% restantes foram deixados serem utilizados em negociações com


grandes clientes clientes ou repasses de altas inesperadas de outros
custos.

Como você acha que o empresário chegou aos valores de 35%, 22% e
23%?

PIB: seu valor monetário é estimado a partir do somatório dos


valores dos bens e serviços finais produzidos dentro das
fronteiras de um país (ou qualquer outra região geográfica) em
dado período de tempo

Mas, por que somente bens e serviços finais ???!

Duas definições extremamente simples:


Bem (ou serviço) final: todo aquele que não for utilizado como
insumo...
Insumo: um bem (ou serviço) insumo é todo aquele que “insome” no
processo produtivo (matérias-primas, energia e serviços
especificamente utilizados no processo de produção de outros bens
e serviços)

Exemplo:

Economia Empresarial
27

PIB: somatório dos valores dos bens e serviços finais produzidos dentro
das fronteiras de um país em dado tempo
Mas, por que somente bens e serviços finais ?!

Aço = $ 4 bi
exportação
$ 1 bi
Impostos

VA
$ 3 bi
Construção
$ 4 bi
$ 10 bi
$ 1 bi VI
VP
Cimento = $ 1 bi
VA = VP – VI
Valor Agregado = Valor do Produto – Valor dos Insumos

PIB: somatório dos valores dos bens e serviços finais produzidos


dentro das fronteiras de um país em dado tempo
Mas, por que somente bens e serviços finais ?!

No slide anterior, o valor da produção total de cimento em um país em determinado


ano foi $1 bilhão. A produção de aço foi de $ 4 bilhões e a de edifícios $ 10 bilhões.
Se estivéssemos começando a calcular o PIB pela soma destes três setores já
teríamos um total de $ 15 bilhões. No entanto, sabemos que o valor total de cimento
produzido foi vendido para o setor de construção civil e utilizado na construção de edifícios
como insumos naquele ano. O mesmo ocorreu com 3/4 da produção de aço (ou seja, $ 3
bilhões). O restante foi exportado. Isto significa que nos $ 10 bilhões $ 4 bilhões
correspondentes à utilização de cimento e aço.
Ao somarmos o valor da produção dos três setores em nossos primeiros cálculos para
mensurarmos o PIB, incorremos no erro de dupla contagem desse valor. É por isso que
todas as vendas de cimento e aço feitas por seus produtores aos produtores de bens finais
devem ser contabilizadas no PIB apenas de forma indireta.
Assim, os $ 10 bi já carregam em seu valor $ 1,0 bi de cimento (insumo) e $ 3 bilhões
de aço (outro insumo). Se considerarmos o bem final (edifícios) no cálculo do PIB,
devemos excluir do cálculo do PIB os insumos já incorporados. Ao mesmo tempo, o valor
do aço exportado deve ser igualmente somado, pois esse aço não foi utilizado como
insumo no país em questão e, por convenção, bem final é todo aquele que não é utilizado
como insumo. E isto explica o método de cálculo do PIB, destacado acima.

Economia Empresarial
28

Aplicação – caso teórico


calculando o PIB de Lisarb
O pequeno país de Lisarb decidiu calcular seu PIB pela
primeira vez. Em um pequeno vilarejo ocorreram as
seguintes transações que foram informadas ao órgão
responsável pelo cálculo:
a) Os lenhadores locais, utilizando simplesmente seus machados,
reuniram toras de madeira no valor de $ 3700.
b) Fábricas de móveis compraram toras no valor de $ 2000.
Utilizando outros insumos no valor total de $ 1000, fabricaram
móveis vendidos pelo valor de $ 4500.
c) As toras de madeira restantes foram vendidas pelos lenhadores
diretamente para as famílias do vilarejo que as utilizaram como
lenha para suas lareiras.

Aplicação – caso teórico


calculando o PIB de Lisarb

Considerando somente essas informações, pergunta-se:


a) Utilizando os dados do slide anterior, calcule o valor do PIB?
b) Qual o valor agregado pelas fábricas de móveis?
c) Caso os demais insumos utilizados pelas fábricas ($ 1000)
tivessem sido importados (e a produção nacional desses itens não
existisse), que ajuste seria necessário no cálculo que você fez no
item a?
d) Agora, mantida a modificação do item anterior, suponha que uma
companhia de teatro realizou ao ar livre e de improviso uma
encenação de Macunaíma, arrecadando do público um valor total
de $ 1300. Recalcule o PIB.

Economia Empresarial
29

Esboço da resolução
calculando o PIB de Lisarb

$ 1700
Extração de
madeira
$ 2000 $ 4500 Demanda de
$ 3700
Fabricação bens e
de móveis serviços
Outros
insumos $ 1000 finais

$ 1000 Apresentação
teatral $ 1300

PIB: Produto = Renda

Σ valores dos bens VA1= $ 3.700 Composição do


e serviços finais PIB
produzidos dentro VA2= $ 1.500
Encenação
das fronteiras do teatral
país VA3= $ 1.300 20%

$ 6.500 =
Σ VA = $ 6.500
Extração
de madeira
Produto = Renda 57%

Fabricação
de móveis
23%

Economia Empresarial
30

Fluxo Circular de Renda


O PIB é valor em movimento, não riqueza

Produto

PIB

Gasto Renda

PIB em países selecionados


(US$ correntes ‐ 2019)

 MUNDO US$ 87,26 tri

1. EUA US$ 21,43 tri


2. China US$ 14,14 tri
3. Japão US$ 5,15 tri
4. Alemanha US$ 3,86 tri
5. Índia US$ 3,20 tri
6. Reino Unido US$ 2,74 tri
7. França US$ 2,70 tri
8. Itália US$ 1,98 tri
9. Brasil US$ 1,84 tri
10. Canadá US$ 1,73 tri
11. Rússia US$ 1,64 tri
12. Coreia do Sul US$ 1,63 tri
13. Espanha US$ 1,40 tri
14. Austrália US$ 1,38 tri
15. México US$ 1,27 tri

Economia Empresarial
31

Renda per capita não é exatamente


PIB per capita!

PIB – REE + RRE = PNB

Renda Enviada ao Exterior Renda Recebida do Exterior

PNB = renda per capita


Pop.

Renda per capita não é exatamente


PIB per capita!

Existe uma confusão muito comum entre renda per capita e PIB per capita. Muitas fontes
citam o valor do PIB dividido pela população como uma aproximação da renda per capita.
Mas, rigorosamente, é preciso fazer alguns ajustes no valor do PIB antes de dividi-lo pelo
número de habitantes se o objetivo é chegar ao valor da renda per capita.
Em países como o Brasil, sabemos que existem muitas empresas multinacionais que
enviam lucros para suas sedes continuamente. Ao mesmo tempo, há empresas brasileiras
com operações no exterior que remetem lucros para nosso país. Da mesma forma, quando
compramos música de um artista estrangeiro, a gravadora deverá remeter royalties para os
autores no exterior. Por fim, emigrantes e imigrantes estão sempre enviando ou recebendo
renda de suas famílias lá fora.
Para chegarmos ao valor da renda per capita é preciso, primeiro, subtrair do PIB (renda
total gerada dentro das fronteiras de um país) toda a renda enviada ao exterior (REE) e
somar toda a renda recebida do exterior (RRE). Ao fazer isso, chegamos ao valor do
Produto Nacional Bruto ou PNB.
PIB – REE + RRE = PNB
O PNB corresponde ao total da renda apropriada dentro das fronteiras do país. Assim,
rigorosamente, a renda per capita corresponde ao valor do PNB dividido pelo número de
habitantes.
Nos países em que os valores da REE e da RRE são muito próximos, o PIB per capita se
torna uma excelente aproximação para a renda per capita. Mas isso nem sempre acontece.

Economia Empresarial
32

Renda per capita em países selecionados


US$ correntes ‐ 2019

1. Suíça US$ 85.500


2. Noruega US$ 82.500
3. Luxemburgo US$ 73.910
4. Islândia US$ 72.850
5. EUA US$ 65.760
6. Qatar US$ 63.410
7. Dinamarca US$ 63.240
8. Irlanda US$ 62.210
9. Cingapura US$ 59.590
10. Suécia US$ 55.840

16. Alemanha US$ 48.520


22. França US$ 42.400
23. Reino Unido US$ 42.370

57. Chile US$ 15.010


68. Rússia US$ 11.260
70. Argentina US$ 11.200
72. China US$ 10.410
77. México US$ 9.430
79. Brasil US$ 9.130
98. Peru US$ 6.740
106. África do Sul US$ 6.040
140. Ucrânia US$ 3.370
154. Índia US$ 2.130
208. Burundi US$ 309

Poupança e Investimento
Primeira aproximação

Ótica da Produção PIB = C + I


C+I=C+S
Ótica da Renda PIB = C + S

I=S

C = Consumo
I = Investimento
S = Poupança (save em inglês)

Economia Empresarial
33

Poupança e Investimento
Visão contábil

I=S

Utilização Origem

ATIVO PASSIVO

Investimento Capital de
Imobilizado terceiros Poupança
(projetos realizados)
(funding)

PATRIMÔNIO
LÍQUIDO
Capital
próprio

Poupança e Investimento
Primeira aproximação

Em Macroeconomia, investimento não é sinônimo de aplicação financeira.


Neste contexto, investimento significa a produção de bens e serviços que são utilizados
na produção de outros bens e serviços sem serem transferidos diretamente para estes
novos produtos.
Assim, bens de investimento são, tipicamente, máquinas, equipamentos, instalações
industriais, implementos agrícolas, automóveis que são utilizados por empresas de
transporte de passageiros (táxis, ônibus, etc). Os bens que se transferem para os
produtos (areia na construção civil, tinta nos automóveis, plástico na indústria de
brinquedos) não são bens finais, mas insumos ou matérias-primas.
Do mesmo modo, poupança não é sinônimo de caderneta de poupança, representando
apenas a parcela da renda agregada não consumida no período corrente. Se pensarmos
no PIB formal, o destino da renda não consumida será, em geral, o mercado financeiro.
Assim, são exemplos de poupança: aplicações em renda fixa, contribuições a fundos de
pensão, lucros acumulados em nome das empresas entre outros.
Por fim: a igualdade entre poupança e investimento é uma igualdade em valores e de
natureza contábil. Afinal, se um projeto saiu do papel é porque teve uma fonte de
financiamento!

Economia Empresarial
34

Poupança e Investimento
Análise completa

S privada
I privado
I=S S do governo
I do governo
S externa

Poupança e Investimento
Análise completa

I + IG = S + S G + S X

I privado = aquisição máquinas, equipamentos, infraestrutura e capital humano pelo setor privado
I do governo = obras públicas e compra de equipamentos pelo governo
S = renda não-consumida de pessoas e empresas
SG = poupança do governo, ou seja, sobra orçamentária do governo (deduzidos gastos com juros e custeio)
provisionada para gastos com projetos de investimento
SX = poupança externa, isto é, ingresso líquido de capitais estrangeiros

Muitos países mais pobres têm dificuldades de gerar poupança suficiente para financiar os projetos de
investimento necessários para o crescimento do PIB.
Nesses casos, é comum que esses países cresçam se financiando com ingressos de capital estrangeiro (SX,
poupança externa).
Em outros casos, parte da poupança privada ou externa é simplesmente emprestada ao governo que, por gastar
demais, “despoupa” (isto é, se endivida, SG negativo).
Governos que gastam menos com pessoal, previdência e custeio da “máquina” administrativa destinam
excedentes de arrecadação para o investimento (isto é, poupam SG positivo).

Economia Empresarial
35

Crescimento de longo prazo (tendência) e


flutuações de curto prazo (ciclo)

PIB PIB no curto


prazo
Demanda
Agregada

Tendência de
longo prazo
Oferta
Agregada

tempo
(trimestres)

Crescimento e flutuações cíclicas

Determinantes do comportamento do PIB no longo e no curto prazos

Em qualquer país do mundo, com raras exceções, o PIB possui clara tendência de crescimento ao
longo do tempo.
Mas o crescimento econômico não ocorre de maneira suave!
O PIB no curto prazo (trimestre a trimestre) oscila em torno de uma tendência de crescimento (ou
tendência de longo prazo).

PIB

Tendência de
longo prazo
ou “trend”

PIB no curto prazo e o


“business cycle”

tempo

Economia Empresarial
36

Crescimento e flutuações cíclicas

Determinantes do comportamento do PIB no longo e no curto prazos

País com mais


investimento

PIB

País com menos


investimento

tempo

Como a tendência (ou crescimento de longo prazo) é determinada pelo investimento, países com
maiores níveis de investimento podem crescer mais de forma sustentada sem grandes
pressões inflacionárias

Crescimento e flutuações cíclicas

Determinantes do comportamento do PIB no longo e no curto prazos

PIB Pressão
inflacionária

Pressão por
desemprego

tempo

Ao longo das flutuações cíclicas, se a demanda agregada excede a oferta potencial, as empresas
começam a operar próximas do limite de capacidade e a reduzir seus estoques. Isso gera
pressões por altas generalizadas de preços (inflação).
Se a demanda agregada permanece abaixo da oferta agregada, as empresas começam a operar
com excesso de ociosidade e tendem a demitir empregados (desemprego).

Economia Empresarial
37

Demanda ou Gasto Agregado:


componentes e determinantes

Produto
Consumo

Investimento* Gasto PIB

Gastos
Públicos**
Renda
Comércio
Externo***

* Também chamado tecnicamente de “formação bruta de capital fixo”


** Também chamado tecnicamente de “consumo do governo”
*** Saldo das balanças comercial e de serviços

PIB brasileiro e o ciclo recente


2006‐2020

8000

7000
R$ bilhões

6000

5000
2006 T1
2006 T4
2007 T3
2008 T2
2009 T1
2009 T4
2010 T3
2011 T2
2012 T1
2012 T4
2013 T3
2014 T2
2015 T1
2015 T4
2016 T3
2017 T2
2018 T1
2018 T4
2019 T3
2020 T2

Economia Empresarial
38

Finanças Públicas
Três conceitos fundamentais

Déficit Primário = (IG + G) – T


ou total de despesas não-financeiras – receitas correntes totais

Déficit Nominal = Déf. Primário + Despesas com juros


ou total de despesas (inclusive financeiras) – receitas correntes totais

Dívida Pública:
A dívida pública cresce por conta do Déficit Nominal

Finanças Públicas
Três conceitos fundamentais

(IG + G) T Juros
$105 $100 $25

$105 $115 $40

- $10 $30

Déficit Primário = (IG + G) – T

Déficit Nominal = Déf. Primário + Despesas com juros

Economia Empresarial
39

Finanças Públicas
Fundamentos

Os déficits públicos são semelhantes às contas de resultado do exercício da


contabilidade empresarial. A grande diferença é que, nas Finanças Públicas,
quando utilizamos o conceito de déficit, a apuração desse resultado é invertida:
despesas – receitas = déficit, enquanto que, nas empresas, se faz: receitas –
despesas = lucro

G = gastos (ou despesas) do governo com o custeio da “máquina administrativa”


como salários, contas de telefonia, energia elétrica, combustível, aluguéis
pagos, etc.

IG = gastos (ou despesas) do governo com investimentos: construção de estradas,


compra de equipamentos para escolas e hospitais, reforma de prédios públicos
etc.

T = total da arrecadação (receitas correntes) do governo com impostos, taxas,


contribuições etc. inclui o lucro das estatais transferido ao Tesouro Nacional,
alugueis recebidos pelo governo e demais receitas de caráter contínuo

Despesas com juros = gastos líquidos (ou despesas líquidas) do governo com juros
e outros acréscimos de natureza financeira (correção inflacionária e cambial,
por exemplo)

Finanças Públicas
Dívida Pública e Dívida Externa

Dívida Pública Interna


R$ 4,6 trilhões
Dívida Pública
Dívida Pública Externa
US$ 81,7 bi
Dívida Externa
+ Total*

Dívida Privada Externa US$ 308,1 bi

US$ 226,4 bi
Dívida Privada
Dívida Privada Interna

Economia Empresarial
40

Atenção! Não confunda!

Balança Comercial = Exportações - Importações


Relações comerciais do país com o mundo

Déficits Públicos:

• Déficit Primário: (IG + G) – T


não inclui despesas financeiras do governo

• Déficit Nominal: Déf. Primário + Juros


inclui despesas financeiras do governo

Aplicação – caso teórico

Déficit Primário Dívida Despesa com Déficit Nominal


Meses Juros
(em milhões) (início do período) (em milhões)
(taxa de juros = 10% a.m.)

1 $ 1000 0 0

2 0

3 - $ 60

4 - $ _______

4.a - $ 60

a) Calcule o Déficit Nominal no mês 1 e a dívida no início do mês 2.


b) Suponha que o Déficit Primário foi zerado no mês 2. Calcule o Déficit Nominal no
mesmo mês 2 e a dívida no mês 3.
c) Suponha que foi feito um Superávit Primário de $ 60 milhões (Déficit de - $ 60
milhões) no mês 3. Calcule o Déf. Nominal no mês 3 e a dívida no mês 4.
d) Qual o superávit primário necessário no mês 4 para evitar que a dívida continue
crescendo? Em outro cenário (4.a), caso o superávit primário esteja limitado a
$ 60 milhões, cite duas outras maneiras de evitar que a dívida continue crescendo.

Economia Empresarial
41

Aplicação – resolução

Déficit Primário Dívida Despesa com Déficit Nominal


Meses Juros
(em milhões) (início do período) (em milhões)
(taxa de juros = 10% a.m.)

1 $ 1000 0 0 $ 1.000
2 0 $ 1.000 $ 100 $ 100
3 - $ 60 $ 1.100 $ 110 $ 50
4 115
- $ _______ $ 1.150 $ 115 $0
- $ 60 $ 1.150 $ 60 $0
4.a
- $ 60 $ 600 $ 60 $0

LEMBRETE:

Déficit Nominal = Déficit Primário + Juros Nominais

Aplicação: mensagens

1) Não confunda Dívida com Déficit!


2) A Dívida Pública cresce por conta do Déficit Nominal!
3) Zerar o Déficit Primário não é sinônimo de equilíbrio das
Finanças Públicas! Afinal, esse é um conceito parcial de
Déficit Público que não inclui despesas financeiras (juros)
4) O Superávit Primário é a economia de recursos que o
governo faz para pagar pelo menos uma parte dos juros da
sua dívida! Essa é a única razão para gerar Superávit
Primário, o qual não serve para outra coisa

Economia Empresarial
42

Déficits públicos – evolução recente

Três esferas de governo


2007-2019
% do PIB

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Déf.Nominal 2,3 1,5 3,3 2,2 2,2 2,8 3,3 6,1 9,0 9,0
Juros 6,3 5,6 5,4 5,0 5,0 4,8 5,2 5,6 8,3 6,5
Déf.Primário -4,0 -4,1 -2,1 -2,8 -2,8 -2,0 -1,9 0,5 0,7 2,5

2017 2018 2019 2020


Déf.Nominal 7,8 7,1 5,9 13,1
Juros 6,1 5,5 5,0 4,2
Déf.Primário 1,7 1,6 0,9 8,9
Dívida
Pública Líq. 55,1 58,8 61,4 73,7

Mercado Monetário:
O regime de metas para a inflação: um story telling

Pense em uma pessoa que se queixa de febre (antes da pandemia...)


Um médico não muito atualizado que fizesse um diagnóstico
apressado diria: Virose!
Medicação: Dipirona

37,5° C

36,5° C = Ideal

35,5° C

Economia Empresarial
43

Mercado Monetário:
O regime de metas para a inflação: um story telling

Mas... O paciente está com 39,5°C


O protocolo (considerando peso, idade etc.) é:
5 gotas, 3 vezes ao dia

39,5° C

37,5° C

36,5° C - Ideal

35,5° C

5 gotas 4 gotas Tempo

79

Mercado Monetário:
O regime de metas para a inflação: um story telling

Identificando os personagens e demais elementos do story telling

Quem é o médico?

O que é a temperatura ideal de 36,5° C?

O que é a temperatura aferida


do paciente?

O que é a Dipirona?

Economia Empresarial
44

Mercado Monetário:
O regime de metas para a inflação

 Banco Central: o executor da política monetária ou anti-inflacionária


• Missão: manter a inflação no centro da meta
• Instrumento único: taxa de juros básica (no Brasil, Selic)

• Ação antecipativa: a taxa de juros demora para ter efeitos sobre a inflação

 Causas da inflação
• Excesso de Demanda (flutuações cíclicas do PIB)
• Componentes Temporais:
− Inércia (inflação passada que se repete no presente)
− Expectativas (inflação futura esperada que é antecipada)
• Choques de Custos

 Regime de Metas para a Inflação: referência para o Bacen


• Inflação dentro da meta ou convergindo para ela: se os juros estavam altos, podem
ser reduzidos ou, se estão baixos, podem permanecer baixos

• Inflação acima da meta ou ameaçando superá-la: juros são elevados e mantidos altos
até que a inflação dê sinais de convergência para a meta

Mercado Monetário:
O regime de metas para a inflação: um story telling

IPCA acima da meta, Selic elevada

IPCA convergindo para a meta, Selic em


queda
Selic
NIKIKI o IPCA voltar a subir, divergindo da
meta, Selic em alta novamente
IPCA
5,5%

4% = Meta
NIKIKI...
2,5%

Tempo

Economia Empresarial
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
jan.2016
jan.2007
abr.2007
abr.2016 jul.2007
out.2007
jul.2016 jan.2008

IPCA
abr.2008
out.2016 jul.2008
out.2008

IPCA
jan.2009
jan.2017 abr.2009
jul.2009
abr.2017 out.2009
jan.2010
abr.2010
jul.2017 jul.2010

Fonte: Banco Central do Brasil e IBGE.


Fonte: Banco Central do Brasil e IBGE.
out.2010

Selic
out.2017 jan.2011
abr.2011
jul.2011
jan.2018 out.2011
jan.2012
abr.2018 abr.2012
jul.2012
jul.2018
out.2012
jan.2013
abr.2013

Regime de metas para a inflação


Regime de metas para a inflação

out.2018 jul.2013
Selic

out.2013
jan.2019 jan.2014
abr.2014
jul.2014
abr.2019 out.2014
jan.2015
jul.2019 abr.2015
jul.2015
out.2015
out.2019 jan.2016

Selic anual e IPCA acumulado em 12 meses – 2016‐2020


Selic anual e IPCA acumulado em 12 meses – 2007‐2018

abr.2016
jan.2020 jul.2016
out.2016
jan.2017
abr.2020 abr.2017
jul.2017
jul.2020 out.2017
jan.2018
out.2020
abr.2018
jul.2018

Economia Empresarial
45
46

Casos práticos

Crédito ao consumidor

Crédito ao empresário

Caso 6
Cozinha planejada
Em novembro de 2016, quem assistisse aos canais especializados em
vendas pelas tvs a cabo encontraria uma oferta quase irresistível de
crédito direto ao consumidor (CDC, com taxas pré-fixadas).

Uma empresa especializada em móveis planejados oferecia a compra de


uma cozinha com entrega em 30 dias, parcelamento em 12 vezes (com
acréscimo de juros) e a primeira prestação somente em março de 2017,
depois do carnaval...!

Sabe-se que a empresa observou os dados do gráfico de inflação, metas


de inflação e Selic, visto anteriormente, antes de traçar essa estratégia de
oferta de financiamento a seus clientes. Sabe-se, também, que, do ponto
de vista financeiro, a empresa teria boas vantagens com essa oferta.

Utilizando explicitamente a lógica do regime de metas e os dados do


último gráfico analisado, explique a motivação econômica da empresa ao
fazer essa oferta a seus clientes.

Em março de 2018, você acredita que a empresa também estaria tão


estimulada a fazer uma promoção assim? Por quê?

Economia Empresarial
47

Caso 7
O gerente e o empresário
Em abril de 2017, um empreendedor, dono de uma empresa de porte médio,
comparece a sua agência bancária, convidado por seu gerente pessoa
jurídica. O gerente mostrou a ele um gráfico onde era possível observar a
queda contínua da Selic e das demais taxas de juros na economia brasileira
desde meados de 2015.

O gerente argumentou, então, que era um momento propício para o


empresário tomar crédito junto ao banco, dado que o custo da operação
seria muito menor do que um ano antes, por exemplo. Mas o gerente ficou
surpreso com uma pergunta feita pelo empresário (ex-aluno dos MBAs da
FGV...):

“Você tem acompanhado o desempenho da inflação relativamente às metas


do Banco Central? Você sabe qual a expectativa de inflação para os
próximos meses,...?”

Ao final da negociação, o empresário aceitou tomar crédito junto ao banco,


mas exigiu que as taxas de juros fossem pós-fixadas, isto é,
acompanhassem as variações das Selic até outubro de 2018, prazo final de
quitação da dívida.

Utilizando explicitamente a lógica do regime de metas e os dados do último


gráfico analisado, explique a motivação do empresário ao fazer aquelas
perguntas e, principalmente, por que ele exigiu taxas de juros pós-fixadas.

Mercado Cambial
Fundamentos

 Taxa de câmbio (indicador síntese): preço em moeda


nacional de uma unidade de moeda estrangeira

 Regime cambial: regra de funcionamento do mercado


cambial que define parâmetros e limites para a atuação
do Banco Central

 Balanço de Pagamentos: registro contábil das relações


de um país com o resto do mundo

Economia Empresarial
48

Regimes cambiais

 Flutuação Administrada ou “Flutuação Suja”


Regime brasileiro entre 1999 e 2012 e desde 2016
Como regra, o mercado determina a trajetória da taxa de câmbio. Por
isso, ela flutua no dia-a-dia
Mas o Banco Central pode intervir para evitar oscilações repentinas

 Outros Regimes:
Câmbio Fixo (China): o Banco Central se compromete a comprar e
vender a determinada paridade, evitando a flutuação
Câmbio Livremente Flutuante (Europa): o Banco Central permite que o
mercado determine livremente a taxa de câmbio

Taxa de câmbio diária


2014‐2016

4,25

4,00

3,75

3,50

3,25

3,00

2,75

2,50
08/12/2014

21/01/2015

05/03/2015

17/04/2015

02/06/2015

15/07/2015

26/08/2015

08/10/2015

23/11/2015

06/01/2016

19/02/2016

04/04/2016

17/05/2016

Economia Empresarial
49

Taxa de câmbio diária


2016‐2019

4,25

4,00

3,75

3,50

3,25

3,00

2,75

2,50
20/05/2016
04/07/2016
17/08/2016
29/09/2016
14/11/2016
27/12/2016
07/02/2017
23/03/2017
09/05/2017
21/06/2017
02/08/2017
14/09/2017
27/10/2017
12/12/2017
25/01/2018
12/03/2018
24/04/2018
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11/01/2019
22/02/2019
09/04/2019
23/05/2019
O Balanço de Pagamentos

FMI

Banco Central
Transações Correntes

Conta de Capitais

Saldo Total = Var. Reservas

• Reservas internacionais
• Moratória externa (crise cambial)
• FMI – Fundo Monetário Internacional

Economia Empresarial
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O Balanço de Pagamentos

 Transações Correntes
• Balança Comercial
• Balança de Serviços
• Balança de Rendas
• Transferências Unilaterais
 Conta de Capitais
• Investimento Direto
• Operações Bancárias
• Capitais de Carteira (especulativos)

 Saldo em TC + Saldo em CC = Variação de Reservas

Não confunda duas coisas!

O Balanço de Pagamentos

 Transações Correntes
• Balança Comercial
• Balança de Serviços
• Balança de Rendas
• Transferências Unilaterais
 Conta de Capitais
• Investimento Direto
• Operações Bancárias
• Capitais de Carteira (especulativos)

 Saldo em TC + Saldo em CC = Variação de Reservas

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O Balanço de Pagamentos

 Transações Correntes
• Balança Comercial: só o valor das mercadorias
• Balança de Serviços: turismo, seguros, transporte
• Balança de Rendas: juros, lucros, direitos sobre propriedade intelectual
• Transferências Unilaterais: doações (operações sem contrapartida)

 Conta de Capitais
• Investimento Direto: capital produtivo
• Operações Bancárias: empréstimos e amortizações
• Capitais de Carteira: bolsa, aplicação em renda fixa

 Variação de Reservas = Saldo em TC + Saldo em CC

Não confunda!
 Balança comercial não é sinônimo de Balanço de Pagamentos. Ela é apenas
uma parte da metade das transações do país com o exterior! Inclui somente
importações e exportações de bens (conceito FOB – Free on Board).
 Nem todas as entradas e saídas de dólares são chamadas de “fluxo de
capitais”! Capital é somente o que se registra na Conta de Capitais, isto é,
dinheiro em busca de lucro ou juros, entrando ou saindo do país!

Aplicação – caso teórico

Câmbio

 Transações Correntes Saldo = US$ - 30 bi


 Conta de Capitais Saldo = US$ + 20 bi
Juros

 Variação de Reservas Saldo Total = US$ - 10 bi

a) De quanto foi a variação nas reservas internacionais?

b) Se, no início do período, o país só dispunha de US$ 6 bi em reservas, duas


coisas podem ter acontecido. Quais?
c) Consultores internacionais, seguindo o padrão do FMI, recomendaram que esse
país adotasse medidas que combinassem juros mais elevados e taxa de
câmbio mais alta (dólar mais caro). Por quê? Que efeitos essas medidas
poderiam ter sobre o Balanço de Pagamentos do país?

Economia Empresarial
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Balanço de Pagamentos brasileiro


2015‐2019
US$ milhões

2015 2016 2017 2018 2019

Balança Comercial (FOB) 15 020 45 037 64 028 53 587 40 473


Balança de Serviços - 38 700 - 30 447 - 33 850 - 33 950 -35 066
Balança de Rendas - 40 900 - 41 080 - 42 615 - 36 668 -57 272
Transferências Unilaterais 2 610 2 944 2 632 2 522 1 168

Saldo em Tr.Correntes - 62 230 - 23 546 - 9 805 -14 509 -50 697


Investimento Direto 66 010 70 370 64 064 74 259 22 820
Capitais de Carteira - 3 330 - 64 250 12 988 - 7 985 -1 126
Operações Bancárias - 1 350 - 20 531 - 83 226 - 73 597 -71 334
Saldo da Conta Capital 61 490 - 16 141 - 6 174 - 7 302 -49 640

Análise de Cenários Macroeconômicos


Simulado de prova

Economia Empresarial
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CENÁRIO 1:
contraste entre as variáveis internas e externas

2017 2018 2019


Crescimento do PIB -0,5% +1,0% +3,5%

Inflação anual 5,5% 4,1% 3,2%

Meta de inflação para o ano de 2% a 4% de 2% a 4% de 2% a 4%

Taxa de juros básica ao ano 13% 10% 8,5%

Taxa de câmbio ($ por US$) $ 3,30 $ 2,70 $ 2,74

Saldo em Trans. Correntes + US$ 15 bi + US$ 11 bi - US$ 14 bi

Saldo na Conta de Capitais + US$ 12 bi - US$ 17 bi - US$ 28 bi

CENÁRIO 1

1) Observe a trajetória da inflação em relação às metas anuais. Supondo que o país


adota o regime de metas de inflação, explique a trajetória da taxa de juros básica
observada no período. Em outros termos: por que o Banco Central reduziu essa
taxa progressivamente?

2) Explique intuitivamente de que forma a trajetória das taxas de juros se relaciona


com o comportamento do PIB ao longo do período analisado.

3) Observe o comportamento das contas de Transações Correntes e de Capitais do


Balanço de Pagamentos. Em seguida, calcule a variação de reservas ano a ano. Por
fim, avalie a tendência das contas externas desse país. Elas vão bem, ou o país
corre algum risco de moratória externa?

4) Observe o comportamento do PIB e da taxa de câmbio ao longo do tempo. Note


que o saldo em Transações Correntes se reduziu no período analisado. Diante disso
responda: por que um país que cresce mais rápido, mas com câmbio em baixa,
acaba tendo desequilíbrio em Transações Correntes?

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54

CENÁRIO 2:
relações entre políticas monetária e fiscal

Expectativas
2017 2018 para 2019***
Crescimento do PIB +4,5% -1,9% +0,5%

Inflação anual – IPCA* 4,1% 3,8% 1,8%

Inflação anual – IGP 6,5% 3,4% 0,7%

Meta de inflação para o ano de 2% a 4% de 1% a 3% de 1% a 3%

Taxa de juros básica ao ano 6% 11% ?

Déficit Primário (% do PIB)** +0,5% -2,0% -2,5%

Déficit Nominal (% do PIB) +0,9% +1,2% +0,5%

Taxa de câmbio ($ por US$) $ 5,90 $ 4,90 $ 4,60

* O IPCA é o índice utilizado no Regime de Metas para a Inflação


** Valores negativos para o Déficit Primário indicam Superávit!!!
*** Expectativas coletadas no mercado em março de 2019 relativas ao fechamento do ano

CENÁRIO 2

1) Observando os dados do cenário, alguns analistas afirmaram que a meta de


inflação para 2018 havia sido fixada em um nível muito ousado e que isso foi a causa
da recessão daquele ano. Disseram que, se a meta de 2017 tivesse sido mantida para
2018, teria sido possível evitar a recessão. Explique a lógica desse comentário.

2) Observando os resultados das finanças públicas em 2018, alguns analistas


expressaram preocupação com o crescimento da dívida pública. Mas, dado que o
governo reverteu o déficit primário, gerando um superávit de 2% do PIB naquele ano,
essa preocupação faz sentido? Explique.

3) Supondo que o país adota o Regime de Metas de Inflação, observe as expectativas


para 2019 (colhidas no mercado em março) e responda: se você fosse diretor do
Banco Central, votaria contra ou a favor de propostas de redução (moderada!) dos
juros naquele mesmo mês? Justifique sua resposta.

4) Observe o comportamento da taxa de câmbio ao longo do período. Confronte esse


comportamento com os índices de preço presentes na tabela. Em seguida, explique
porque um desses índices se mostra mais sensível às variações cambiais e o outro,
menos.

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