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O presente trabalho de pesquisa esta desenvolvido sob óptica da Responsabilidade Civil por
Danos Futuros.
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Estando o presente distribuído em três capítulos, que irá iniciar-se com o primeiro capítulo em
que consta a presente aloquente abertura, e, no segundo capítulo teremos, e por fim, tratar-se-á
da síntese do que se teve estudado e apresentado.
1.1 Contextualização
O presente tema, esta inserido entre as fontes das obrigações em Direito das Obrigações, em que
pode-se destacar conforme nos apresenta o prof. Luís M. T. M. Leitão a responsabilidade civil.
Denominando-se a responsabilidade civil como sendo o conjunto de factos que dão origem a
outro de vários princípios fundamentais do Direito das Obrigações, tendo-se então o princípio do
ressarcimento ou da imputação dos danos.
A responsabilidade civil pode porém ser classificada conforme elenca o prof. Luís M. T. M.
Leitão em responsabilidade por culpa, responsabilidade pelo risco ou responsabilidade pelo
sacrificío consoante o título de imputação a que se recorra para transferir o dano da espera do
lesado para outrem.
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Entretanto, ao abrigo ainda dos ensinamentos do prof. Luís M. T. M. Leitão, tradicionalmente a
doutrina apresenta uma destinção entre a responsabilidade delitual e a responsabilidade
obrigacional como tendo não apenas por fonte situações jurídicas diferentes, mais também uma
diferente natureza. Natureza esta, na qual afirmam-se como destintas pelo facto de que enquanto
a responsabilidade delitual surge como consequência da violação de direitos absolutos que
aparecem desligados de qualquer relação previamente existente entre lesante e lesado, a
responsabilidade obrigacional pressuporia a existência de uma relação anteriormente constituída
em que primariamente atrubuia ao lesado um direito à prestação, a qual vem surgir uma
responsabilização como consequência da violação deste dever emergente da relação específica
outrora constituída.
A decisão judicial proferida com recurso à equidade envolve uma margem de discricionariedade que
pode contender com a certeza e a segurança na aplicação do direito, risco que confere pertinência a
uma aferição da existência de critérios normativos que estabeleçam pressupostos, limites ou, mesmo,
regras de densificação do respetivo conteúdo, conjugada com uma análise de jurisprudência que
permita detetar modos de funcionamento do concreto juízo de equidade utilizados pelo julgador. A
equidade traduz-se num conceito não definido pela lei e que surge com significados aparentemente
divergentes nas referências legais de que é objeto, as quais apresentam um núcleo comum centrado
numa ideia de justiça, na sua aplicação ao caso concreto, baseada no princípio da igualdade, como fim
último da decisão judicial. Regulando o valor da equidade, o artigo 4.º do Código Civil1 dispõe que o
tribunal só pode decidir com base na equidade nos casos indicados nas três alíneas do preceito, a saber:
a) quando haja disposição legal que o permita; b) quando haja acordo das partes e a relação jurídica não
seja indisponível; c) quando as partes tenham previamente convencionado o recurso à equidade, nos
termos aplicáveis à cláusula compromissória. Resulta, desta limitação, a natureza excecional da decisão
com recurso à equidade, que só é admissível nas hipóteses previstas na lei ou, tratando-se de direitos
disponíveis, quando as partes o tenham acordado. O valor que o Código Civil atribui à equidade, ao
elencar os casos em que o tribunal pode recorrer a tal juízo na prolação da decisão, constitui uma
restrição ao sentido que o pensamento jurídico lhe tem atribuído, como princípio de justiça na resolução
do caso concreto, sem recurso às normas legais aplicáveis23 .
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A equidade significa, em ambos os casos, “um justo equilíbrio”5 entre as partes, o qual, num conjunto
de situações, é procurado com respeito pelo direito positivo e, no outro, com recurso a princípios e
valores de justiça, à margem do sistema jurídico-legal.
No conjunto das situações em que prevê o recurso à equidade na prolação da decisão, a lei atribui-lhe
funções diversas, surgindo frequentemente como critério de quantificação8 , seja do montante
indemnizatório ou de outra prestação pecuniária, e como meio de obter o equilíbrio das prestações ou
interesses em litígio.
1.2 Objectivos
1.2.1 Objectivo geral
1.3 Metodologia
O presente trabalho de pesquisa foi fundamentado com o uso do método bibliográfico e
dispositivos legais, cujo ambos estão dispostos na referência bibliográfica da presente.
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CAPÍTULO II: RESPONSABILIDADE CIVIL
Assim, o dano apresenta-se como condição essencial da responsabilidade civil. Querendo isto
dizer que, por muito censurável que seja o comportamento do agente, se não incorrerem-se
quaisquer prejuízos ou lesões a outrem, não pederá o agente estar sujeito a uma
responsabilização civil.
Entendendo-se por dano em termos naturais como a suspensão de uma vantagem de que o sujeito
(lesado) se beneficiava, todavia, juridicamente ao dano entende-se a perda in natura que o lesado
sofreu, em consequência de certo facto, nos interesse que o direito violado ou a norma infringida
visavam tutelar.
O art. 483°. CC, vem estabelecer uma cláusula geral de responsabilidade civil objectiva, fazendo
depender a constituição da obrigação de indemnização da existência de uma conduta do agente
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(facto coluntário), a qual represente a violação de um dever i,posto pela ordem jurídica
(ilicitude), sendo o agente censurável (culpa), a qual tenha causado prejuízos (danos), que sejam
consequência dessa conduta (nexo de causalidade entre o facto e o dano).
A lei faz depender a responsabilidade civil da existência de um dano, não definindo, porém, em que
consiste esta condição da obrigação de indemnizar. Ao estatuir, no artigo 483.º, n.º 1, o princípio geral
em matéria de responsabilidade extracontratual, a lei define os requisitos da obrigação de indemnizar,
entre os quais inclui a existência de um dano como pressuposto da responsabilidade civil20.
Tradicionalmente, o dano tem sido considerado pela doutrina como uma lesão de bens ou interesses
juridicamente tutelados21, o que implica necessariamente uma alteração na situação que se verificaria
sem o evento lesivo, evidenciada por comparação entre tal hipotética situação e a efetivamente
existente22. A natureza, material ou imaterial, da lesão sofrida constitui o critério de distinção entre
danos patrimoniais e não patrimoniais23, referindo-se a patrimonialidade ao próprio dano24. Assim, a
distinção entre estas duas categorias de dano importa a análise das consequências emergentes do ato
lesivo, ocorrendo dano patrimonial ou não patrimonial consoante a alteração ocorrida afete ou não o
património do lesado. Apesar de não afetarem o património do lesado, os danos não patrimoniais são
suscetíveis de avaliação pecuniária, dado que a lesão de natureza imaterial pode ser compensada
através do recebimento pelo lesado de uma quantia em dinheiro que lhe proporcione bem-estar ou
possa mitigar as consequências do ato lesivo25. O mesmo evento lesivo pode provocar
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simultaneamente danos patrimoniais e não patrimoniais, como acontecerá, por exemplo, num caso de
destruição por incêndio de uma habitação, causadora do prejuízo resultante da perda do imóvel e seu
recheio e das despesas necessárias à respetiva substituição (danos patrimoniais), bem como do
desgosto e das alterações ao modo de vida que tal perda causa aos seus proprietários ou moradores
(danos não patrimoniais). Por outro lado, casos há em que a ofensa atinge bens ou interesses de
natureza imaterial, diretamente geradores de danos não patrimoniais, mas que vêm a ter reflexos no
património do ofendido, dando causa aos denominados danos patrimoniais indiretos. Constituem
exemplos desta situação: uma difamação, de que diretamente resulta sofrimento moral e que
igualmente dá causa a uma diminuição de clientela geradora de perda de receitas, ou uma lesão
corporal causadora de desfiguramento ou outro grave dano estético, da qual diretamente resulta um
estado de tristeza e desânimo causador de depressão que vem a afetar a capacidade de trabalho do
lesado26. A natureza patrimonial dos danos sofridos permite a efetiva indemnização do lesado, com a
remoção da alteração causada no seu património, seja por via da reconstituição natural, seja através do
pagamento de uma quantia monetária, visando em qualquer dos casos torná-lo indemne. Podendo os
danos patrimoniais consistir numa direta diminuição do património, através da redução do ativo ou do
aumento do passivo, ou numa privação do seu potencial aumento27, a obrigação de indemnizar
abrange o prejuízo causado, bem como os benefícios que o lesado deixou de obter em consequência da
lesão, devendo o obrigado reconstituir a situação que existiria se não se tivesse verificado o evento que
obriga à reparação (artigo 562.º). Quanto aos danos não patrimoniais, impõe o artigo 496.º, n.º 1, que,
na fixação da indemnização no âmbito da responsabilidade por factos ilícitos, extensiva aos casos de
responsabilidade pelo risco por força do disposto no artigo 499.º28, se atenda àqueles que, pela sua
gravidade, mereçam a tutela do direito, assim consagrando a indemnizabilidade desta modalidade de
danos29. É certo que a natureza imaterial da lesão, sem correspondência direta numa determinada
quantia em dinheiro, impede a efetiva reparação dos danos, mas não a respetiva compensação. A
indemnização a fixar visa compensar o lesado pela dor ou sofrimento, de ordem física ou psicológica, ou
outras consequências de natureza não patrimonial, através do recebimento de uma quantia pecuniária
que possa proporcionarlhe bem-estar ou mitigar tais efeitos do ato lesivo3031. O n.º 1 do artigo 496.º
confinou a ressarcibilidade aos danos não patrimoniais que, pela sua gravidade, mereçam a tutela do
direito. Este critério legal configura uma restrição ao âmbito de aplicação do estatuído, quanto ao
conteúdo da prestação, no artigo 398.º, n.º 2, do qual resulta que a prestação deve corresponder a um
interesse do credor, digno de proteção legal32. A gravidade, como critério de indemnizabilidade dos
danos não patrimoniais, traduz-se num conceito indeterminado de valoração, a densificar pelo julgador
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tendo em atenção as particulares circunstâncias do caso, analisadas juridicamente à luz de um critério
objetivo, que exclua a influência da subjetividade inerente a uma eventual particular sensibilidade do
lesado, e tendo em conta as conceções de justiça vigentes3334. Se os transtornos que fazem parte da
vida em sociedade poderão não apresentar gravidade objetiva que justifique a tutela do direito,
também não é exigível que o dano assuma uma excecional intensidade, sendo de considerar
indemnizável um dano cuja seriedade ultrapasse a dos comuns incómodos ou contrariedades. Para o
efeito, cumpre verificar se as consequências não patrimoniais emergentes do ato lesivo assumem
intensidade que torne inaceitável, à luz dos valores subjacentes à ordem jurídica, exigir ao lesado que
com elas se conforme. A apreciação da importância do dano, com vista a determinar se se revela
merecedor de tutela jurídica, não depende da sua origem, mas da intensidade que assume. Assim, ainda
que se considere que, na generalidade dos casos, os danos não patrimoniais emergentes de
determinado tipo de lesão são habitualmente graves, tal valoração terá de ser feita caso a caso,
podendo algumas situações não assumir a seriedade exigida para serem tuteladas pelo direito35. Este
critério legal, da gravidade e do merecimento da tutela do direito, como condição de indemnizabilidade
do dano não patrimonial, permite evitar uma excessiva ampliação da juridificação das relações sociais e
consequente incremento das pretensões ressarcitórias36. Tal objetivo tem em vista um equilíbrio na
regulação da vida em sociedade por parte do sistema jurídico, considerando que a regulação em
demasia poderá dar causa a um aumento de litigiosidade, com efeitos negativos em certos domínios da
vida social, designadamente naqueles onde a frequente colisão de direitos e interesses exige uma
especial tolerância, como é o caso das relações de vizinhança ou laborais. A convivência comunitária,
especialmente quando exige a partilha de espaços reduzidos, implica um acréscimo de contrariedades e
impõe a compatibilização entre os direitos e interesses dos vários membros da comunidade, mediante a
limitação dos direitos e interesses de cada um, o que pressupõe uma certa tolerância relativamente a
condutas que, em função da proximidade entre as pessoas, podem causar incómodo.
2.1.2. Novos danos não patrimoniais indemnizáveis A apreciação da gravidade do dano não patrimonial,
e do consequente merecimento da tutela do direito, deve ter em consideração o respeito pela
preservação da pessoa humana e dos seus direitos, com o objetivo de alcançar uma efetiva tutela da
respetiva dignidade. O Código Civil consagra, no artigo 70.º, n.º 1, uma tutela geral da personalidade,
que corresponde a um direito geral de personalidade, entendido como um direito subjetivo que integra
as diversas dimensões que constituem a individualidade da concreta pessoa humana a tutelar37. Esta
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tutela geral da personalidade não se limita aos concretos direitos de personalidade legalmente
tipificados, como o direito à vida, o direito à integridade física e psíquica, o direito à inviolabilidade
moral, o direito à identidade pessoal e ao nome, o direito ao livre desenvolvimento da personalidade, o
direito à honra, o direito à privacidade e o direito à imagem, mas tutela a pessoa e a sua dignidade como
um todo. Aqueles direitos especiais de personalidade traduzem-se em concretizações da tutela geral da
personalidade, não constituindo direitos subjetivos autónomos, nem esgotando o âmbito da tutela da
personalidade, que abrange qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à personalidade, ainda que
respeitante a algum aspeto não legalmente tipificado38. Esta tutela da pessoa humana, mediante a
consagração de um princípio geral da personalidade, permite uma abordagem mais abrangente das
consequências não patrimoniais do ato lesivo, tutelando danos que ultrapassam a dimensão interna do
lesado e se refletem externamente na sua vida, determinando alterações ao seu quotidiano e
condicionando o seu projeto de vida. Como tal, ao lado dos danos não patrimoniais puros ou stricto
sensu, caracterizados por sofrimento psicológico, como dor, desgosto, vergonha, mágoa ou outras
consequências do foro interno, que não acarretem reflexos externos na vida do lesado, têm sido
considerados indemnizáveis novos tipos de danos não patrimoniais, com consequências externas na
vida da vítima39. O incremento da tutela da personalidade impõe se atenda à concreta realidade que
caracteriza a existência do lesado, como pessoa com um projeto de vida, baseado em escolhas pessoais,
e com uma vida de relação, tanto a nível familiar e afetivo, como social e laboral, devendo ser tidos em
conta os efeitos do evento lesivo no âmbito das diversas dimensões que integram a existência do
lesado. Estas consequências externas do ato lesivo, implicando alterações ao projeto de vida do lesado e
à sua vida de relação, assim perturbando o quotidiano e comprometendo a realização pessoal, integram
o denominado dano existencial40. Trata-se de um dano de natureza não patrimonial41, que
compreende um conjunto de alterações na vida do lesado, emergentes do ato lesivo, que contendem
com a sua realização pessoal, independentemente da respetiva causa42. Visa a proteção das concretas
circunstâncias de vida da pessoa e da possibilidade de as manter43, o que importa uma apreciação da
situação atual do lesado e das alterações sofridas em consequência do ato lesivo.
Uma lesão corporal, por exemplo, é suscetível de dar causa a uma pluralidade de consequências de
natureza não patrimonial, podendo, neste âmbito, distinguir-se diversos parâmetros, como dano
estético, dano psíquico, dano sexual, dano de afirmação pessoal, dano à vida de relação, entre muitos
outros. Ainda que determinada lesão corporal cause, presumivelmente, sempre determinadas
consequências, que se supõe serem semelhantes para todos os lesados, variando unicamente em
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função de um conjunto limitado de fatores, como a idade e a intensidade da lesão, a singularidade de
cada pessoa determinará uma diferenciação dos danos não patrimoniais em concreto sofridos. Esta
tutela da personalidade, tendo em atenção a dimensão existencial da pessoa humana, tem sido
considerada pela jurisprudência portuguesa em diversas situações caracterizadas por alterações que
configuram perda de qualidade de vida do lesado, emergentes de variadas causas, designadamente de
lesão corporal.
3.1 Dano
No âmbito da avaliação do dano, observa-se conforme o autor Joaquim J. S. Dinis que este pode
revestir várias modalidades, sendo elas, os danos patrimoniais e não patrimoniais no Direito
Civil que como já é sabido, são ambos danos indemnizáveis. Na realidade dano ou prejuízo
consagrado desde cedo no art. 564.° do CC, aparentemente simples, surge na prática sob vários
aspectos que por vezes, são de fácil confusão. Com efeito, na norma legal, o dano cumpreende o
prejuízo causado (dano emergente) e os benefícios que o lesado deixou de obter em
consequência da lesão (dano cessante) conforme versa o art. 564.°, n.°1, e fala-se ainda dos
danos futuros (n.°2).
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decorresntes do acto ilícito, aspectos estes que abrangem aspectos como reboques de viaturas
ou enterro de tenha falecido entre outras situações.
Os danos futuros compreendem conforme ensina o Prof. Antunes Varela, os prejuízos que, em termos
de causalidade adequada, resultaram para o lesado (ou resultarão de acordo com os dados previsíveis
da experiência comum) em consequência do acto ilícito que foi obrigado a sofrer, ou, para os chamados
“lesados em 2.º grau” da ocorrência da morte do ofendido em resultado de tal acto ilícito, e ainda os
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que poderiam resultar da hipotética manutenção de uma situação produtora de ganhos durante um
tempo mais ou menos prolongado, (e que poderá corresponder, nalguns casos ao tempo de vida laboral
útil do lesado), e compreendem ainda determinadas despesas certas, mas que só se concretizarão em
tempo incerto (ex. substituição de uma prótese ou futuras operações cirúrgicas).
Os danos morais ou prejuízos de ordem não patrimonial são prejuízos insusceptíveis de avaliação
pecuniária porque atingem bens que não integram o património do lesado (a vida, a saúde, a
liberdade, a beleza). Não devem confundir-se com os danos patrimoniais indirectos, isto é,
aqueles danos morais que se repercutem no património do lesado, como o desgosto que se
reflecte na capacidade de ganho diminuindo-a, pois esta constitui um bem redutível a uma soma
pecuniária. Porque estes danos não atingem o património do lesado, a obrigação de os ressarcir
tem mais uma natureza compensatória do que indemnizatória, sem esquecer, contudo, que não
pode deixar de estar presente a vertente sancionatória conforme explica o Prof. Antunes Varela.
Com efeito, em termos de dinheiro em quanto se pode avaliar a vida, as dores físicas, o desgosto,
a perda da alegria de viver, uma cicatriz que desfeia?
O chamado dano de cálculo não serve para aqui. Por isso a lei lançou mão de uma fórmula
genérica, mandando atender só àqueles danos não patrimoniais que, pela sua gravidade, mereçam
a tutela do direito (art. 496.º, n.º 1, do CC). Gravidade que deve ser apreciada objectivamente,
ainda segundo o ensino do saudoso Prof. Varela. Por outro lado, a lei remete a fixação do
montante indemnizatório por estes danos para juízos de equidade, haja culpa ou dolo (art. 496.º,
n.º 3), tendo em atenção os factores referidos no art. 494.º do CC.
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Mas há um aspecto particular a ter em conta. É que a perda de um membro ou de uma parte do corpo
em resultado de um acidente de viação, por ex., é indemnizável como dano emergente (para além,
evidentemente, de ter de ser encarado na sua vertente de dano futuro).
Levanta-se assim uma relevante questão. Como se opera, neste caso, a indemnização face à norma
aparentemente redutora do n.º 1 do art. 564.º do CCP3? E se do acidente resultou, por ex., a perda do
baço, uma disfunção sexual ou mesmo a impotência só haverá lugar a indemnização por danos não
patrimoniais?
Ora o dano corporal é tratado na legislação civil portuguesa, em primeira linha na esfera dos danos não
patrimoniais e depois em parte e apenas reflexamente no campo patrimonial. Pois bem. Mantendo-se
embora estas vertentes patrimonial e não patrimonial, claramente indemnizáveis o que se fez foi
autonomizar o dano corporal também naquele apontado tertium genus biológico, logo também
indemnizável. Isto porque, se procurou que o dano corporal, forá susceptível de uma tripla avaliação, e
se tornasse independente e saísse da gaveta para onde o legislador o remeteu e onde permanecia
envergonhadamente escondido.
Assim, o dano corporal é tratado na legislação civil portuguesa por exemplo, em primeira linha na esfera
dos danos não patrimoniais e depois em parte e apenas reflexamente no campo patrimonial. Pois bem.
Mantendo-se embora estas vertentes patrimonial e não patrimonial, claramente indemnizáveis o que se
fez foi autonomizar o dano corporal também naquele apontado tertium genus biológico, logo também
indemnizável.
Países como Espanha, França e Itália resolveram o problema recorrendo a tabelas ou barèmes (do
francês – escalas), onde são escalpelizados todos os danos corporais, e alguns marcadamente não
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patrimoniais mas que se podem quantificar (ex. o quantum doloris e o prejuízo estético), outros
absolutamente não patrimoniais (ex. perda do direito à vida, sofrimento sofrido pela vítima antes de
falecer, sofrimento dos familiares). Ficam de fora os danos patrimoniais que, por serem avaliados em
concreto, não são baremizáveis e os restantes danos não patrimoniais.
Neste incluem-se os benefícios que o lesado deveria ter obtido e não obteve. Logo se percebe que o
cálculo destes danos é uma operação delicada, de difícil solução, porque obriga a ter em conta a
situação hipotética em que o lesado estaria se não houvesse sofrido a lesão, o que implica uma previsão,
pouco segura, sobre dados verificáveis no futuro. Por isso é que este tipo de danos deve ser calculado
segundo critérios de probabilidade ou de verosimilhança, de acordo com o que, em cada caso concreto,
poderá vir a acontecer, pressupondo que as coisas seguem o seu curso normal; e se mesmo assim não
puder apurar-se o seu valor exacto, o tribunal dever julgar segundo a equidade.
Na explicação do autor, José Capacete por dano futuro deve entender-se aquele prejuízo que o sujeito
do direito ofendido ainda não sofreu no momento temporal que é considerado, ou seja, nesse tempo já
existe um ofendido, mas não existe um lesado.
Apesar de não ter sido dada às partes a possibilidade de sobre ele se pronunciarem, como impõe
o art.º 5.º, n.º 2, al. b), esse facto, configurando um dano futuro indemnizável, deve considerar-se
definitivamente assente, se, uma vez incorporado no processo e incluído no elenco dos factos
provados, nenhuma das partes, nomeadamente a ré, prejudicada com a sua incorporação, em
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ocasião alguma impugnou a decisão que o considerou provado ou arguiu qualquer nulidade por
não lhe ter sido dada a possibilidade de sobre ele se pronunciar.
Constitui inadequada técnica processual, desde logo face ao disposto no art.º 635.º, n.º 2, aquela
que consiste em, no mesmo item da parte dispositiva da sentença, condenar a ré a pagar ao autor
uma determinada quantia em dinheiro a título de indemnização, indistintamente «por danos
patrimoniais fixados equitativamente» e «por danos não patrimoniais», pois isso dificulta a
tarefa, quer do recorrente na delimitação objetiva do recurso, quer do tribunal ad quem na
sindicância da sentença impugnada, na parte em que o for.
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apresenta sequelas de lesões meniscais e sensação de pernas pesadas com edema vespertino, o
que não lhe permite permanecer muito tempo sentado, por sentir dores nos joelhos e lombalgia,
situação que o obriga a levantar-se de duas em duas horas, por virtude do que ficou a padecer de
défice funcional permanente da integridade físico-psíquica fixado em 4 pontos, é inequívoco que
tem direito a ser ressarcido pela perda de capacidade laboral genérica ou geral decorrente desse
défice funcional, ou seja, tem direito a ser indemnizado pelo dano biológico sofrido, enquanto
dano patrimonial futuro, no montante a ser decidido pelo tribunal.
Isto, apesar de ter ficado igualmente provado que as sequelas de que o autor ficou a padecer em
virtude das lesões sofridas por causa do acidente são compatíveis com a sua atividade
profissional habitual, não lhe exigindo esforços acrescidos.
5.1 Conclusão
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Referências bibliográficas
DOMINGUES, Marina Isabel da Silva, 2015, Análise de cabelo, Procedimentos e aplicações,
Universidade Fernando Pessoa, Portugal
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