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MODELAGEM AVANÇADA DE ESTRUTURAS

ENG. RODRIGO COUTO DA COSTA, MSC.

rodrigo@bimworks.com.br
Mini CV

Rodrigo Couto da Costa


http://lattes.cnpq.br/3330456112244761

✓ Graduado em engenharia civil pela Universidade Federal do Amazonas


✓ Especialista em Estruturas de Concreto e Fundações pelo Inbec
Eng. Rodrigo Couto da Costa, MSc.
✓ Mestre em Engenharia de Estruturas pela Escola de Engenharia de São Carlos - USP
e-mail: rodrigo@bimworks.com.br
✓ Trabalhou em escritórios de cálculo estrutural de São Paulo como França e
Associados e Carlos Melo e Associados
✓ Responsável técnico pelo software de cálculo SCIA Engineer pela multinacional SCIA desde 2010. Coordenador da
localização para Português e dos desenvolvimentos das normas 8800, 14762 e 6118. Responsável pelas
consultorias de implantação, treinamentos, suportes, produção de conteúdo, apresentações e estudos da
integração dos modelos de cálculo estrutural dos usuários ao fluxo BIM .
✓ Durante os 6 últimos anos, sócio proprietário da empresa BIM WORKS do Brasil, revendedora exclusiva dos
softwares SCIA Engineer, Allplan Engineering e SDS2 para a América Latina. Responsável técnico e pelo customer
success dos usuários.
✓ Grande experiência em BIM para cálculo estrutural em projetos como pontes, tanques de saneamento, galpões,
edifícios indústrias, etc..
✓ Professor em pós-graduações da área de aço, concreto e BIM.
Tipos de estruturas:
Hipostática

FX= 0
FY= 0
A B
HA M= 0

Número de reações < equações de equilíbrio


VA

Não tem solução


Tipos de estruturas:
Isostática

FX= 0
MA FY= 0 Temos solução
A B
HA M= 0

Número de reações = equações de equilíbrio


VA

Como encontramos a deformada??


Temos equações analíticas, isto é,
fórmulas prontas atendendo a teorias
como Timoshenko ou Euler-Bernouli,
por exemplo.
Tipos de estruturas:
Hiperestática

FX= 0
MB
MA FY= 0
A B
HA HB M= 0

Número de reações > equações de equilíbrio


VA VB
Deformada??
Temos solução, mas como resolver?? Também temos soluções analíticas.
Podemos aplicar os Métodos da Força
ou deslocamento, por exemplo, para
encontrar os resultados.
Estruturas do dia a dia:
Estruturas do dia a dia:
Estruturas do dia a dia:
Como solucionar de forma eficiente?
MÉTODOS NUMERICOS
Mais comuns para Engenharia de estruturas:
- Analogia de grelha (ou grelha equivalente)
- Método dos Elementos Finitos (MEF ou FEM em inglês)
- Método dos Elementos de Contorno (MEC ou BEM em inglês)
Elementos 2D
Métodos mais comuns:

Laje formada por


Grelha Laje formada por MEF
elementos 2D
diversas barras
Analogia de grelha
Basicamente, trata-se de um método numérico que pode ser aplicado em análises de pavimentos de uma
edificação como um todo ou lajes isoladas, levando em consideração a rigidez dos apoios e até mesmo
cálculos não lineares. O processo se baseia na substituição de um pavimento por uma grelha equivalente,
onde as barras da grelha representam as lajes e as vigas.

Fonte: CASS, 2015.


Analogia de grelha
Assim, as lajes devem ser divididas em um número adequado de faixas, que terão as larguras definidas de
acordo com a geometria e dimensões do pavimento. Fora isso, as cargas podem ser consideradas
uniformemente distribuídas ao longo das barras da grelha ou concentrada nos nós.

Fonte: CASS, 2015.


Analogia de grelha
Convertendo os elementos em grelhas: LAJES
As barras que simularão a laje são definidas por uma faixa de largura b, que corresponde a metade dos
espaços entre barras. Já a altura h é a própria espessura da placa. A rigidez à flexão (If) e à torção (It) são
determinadas pelas fórmulas abaixo:

𝑏. ℎ3
𝐼𝑓 =
12

𝑏. ℎ3
𝐼𝑡 =
6
Analogia de grelha
Convertendo os elementos em grelhas: VIGAS
Considerando a viga apenas retangulares com altura h e largura b, sem a contribuição da laje adjacente, a
inércia à flexão e torção podem ser vistas abaixo:

𝑏. ℎ3
𝐼𝑓 =
12

ℎ. 𝑏 3
𝐼𝑡 =
3
Analogia de grelha
Assim, aplicando o metodologia da analogia de grelha é possível simular lajes maciças, mas também
nervuradas unidirecionais ou bidirecionais.

Grelha em apenas um direção.

Bidirecionais

Unidirecionais
Fonte: CASS, 2015.
Analogia de grelha
Vamos modelar um estrutura pela programa Grelhas!

Concreto C30
Pilar: 20 x20 cm
Vigas: 12 x 50 cm
Lajes: 12 cm
Carga permanente: 1 kN/m2
Carga acidental: 2 kN/m2
Analogia de grelha
Observações:
Quanto mais elementos de barras, mais próximo o resultado ficará do analítico.
dz = -0,0106 m dz = -0,0105 m
Analogia de grelha
Observações:
Existem pontos onde devemos tomar cuidado, pois ocorrem perturbações nos resultados (pontos singulares).
Esse tipo de perturbação é comum nos métodos numéricos, depende da formulação de cada um e das
condições geométricas ou de contorno.

Grelha na direção do pilar


Pico no momento da laje
Analogia de grelha
Observações:
A rotação das vigas precisa ser considerada no estádio II do concreto.

Baixos carregamentos, concreto não


fissurado, resistência à tração,
Diagrama linear
Lei de Hooke válida

Carregamento mais elevado, concreto


fissurado, tração desprezada, parte
comprimida com a lei de Hooke válida,
verificações de ELS.

Carregamento mais elevado ainda,


zona comprimida plastificada, cálculo
do ELU.
Analogia de grelha
Observações:
Qual é o efeito que ocorre se não fizer essa consideração e qual seria o mais realista.

Fonte: CASS, 2015.


Analogia de grelha
Observações:
Como aplicar?
Pode-se considerar a inércia á torção do elemento de viga no estádio II como igual a 10% do valor dado pela
resistência dos materiais. (Carvalho, 1994). Ou seja,

ℎ. 𝑏 3
𝐼𝑡 =
30
Resultados:
Sem a redução da inércia: -0,0105 cm
Com a redução da inércia: -0,0106 cm

OBS: a NBR 6118:2014 recomenda de


forma geral para 15%.
Método dos Elementos Finitos - MEF
O Método dos Elementos Finitos (MEF) é uma análise numérica que busca a discretização de um meio contínuo em
elementos menores. Esses elementos são descritos por equações diferenciais e resolvidos por modelos
matemáticos, para se obter os resultados.
Método dos Elementos Finitos - MEF
Histórico:

Desde da grécia antiga, já se tinha o pensamento que todas as coisas eram formadas por inúmeras
partículas e, assim, Leucipo e Demócrito estabeleceram a ideia do átomo. Na mesma época, Eudóxio
criou o método da exaustão, que consiste em inscrever e circunscrever figuras retilíneas em figuras
curvilíneas.
Método dos Elementos Finitos - MEF
Histórico:

Durante o século XX, vários pesquisadores contribuíram para o desenvolvimento do método, mas sua formulação foi
estabelecida como é hoje em 1956, com o trabalho de Turner, Clough, Martin e Topp, que trabalhavam projetos
estruturais de aeronaves.
Com a evolução dos computadores, o método dos elementos finitos passou a ser utilizado em diversos campos da
engenharia, sendo hoje uma ferramenta fundamental para a solução de diversos problemas.
Método dos Elementos Finitos - MEF
Metodologia:
Método dos Elementos Finitos - MEF
Metodologia:
Método dos Elementos Finitos - MEF
Fórmulação: Elemento de treliça plana
F = K . u
Analogia de molas

Graus de
Liberdade

K.u = F
K = Matriz de rigidez
u = Vetor dos deslocamentos nodais
F = Vetor de carga nodais
(carregamentos e reações)
Método dos Elementos Finitos - MEF
Formulação:

Multiplicação de matrizes Resulta em um sistema linear:

𝐸𝐴 𝐸𝐴
= 𝑢𝑖𝑥 − 𝑢 = 𝑓𝑖𝑥
𝐿 𝐿 𝑖𝑦
𝐸𝐴 𝐸𝐴
− 𝑢𝑖𝑥 + 𝑢 = 𝑓𝑗𝑥
𝐿 𝐿 𝑖𝑦
Método dos Elementos Finitos - MEF
Graus de Graus de
Matriz k de viga plana Liberdade Matriz k de pórtico plano
Liberdade
Método dos Elementos Finitos - MEF
Tipos de estruturas 2D

Placa Chapa Casca


Cargas perpendiculares ao seu plano Cargas paralelas ao seu plano Cargas nos dois planos
Método dos Elementos Finitos - MEF
Graus de liberdade por tipo de elemento 2D

Placa Chapa Casca


3 graus de liberdade, sendo 1 2 graus de liberdade de deslocamento 5 graus de liberdade, sendo 3
deslocamento e 2 rotações deslocamentos e 2 rotações
Fonte: LEAL, 2015. Fonte: ASSAN, 2003. Fonte: BRITO, 1985.
Método dos Elementos Finitos - MEF

Existem vários tipos de elementos diferentes, como CST, CSR, LST, LSR, QST, etc..., que
diferem entre eles pelo tipo de elemento, quantidade e posição dos nós, forma, função e graus
de liberdade:

CST – Chapa – 3 nós e LST – Chapa – 6 nós e QST – Chapa – 10 nós e


2 graus de liberdade 2 graus de liberdade 2 graus de liberdade
Fonte: ASSAN, 2003.
Método dos Elementos Finitos - MEF

CSR – Chapa – 4 nós ACM – Placa – 4 nós


ou mais e 2 graus de ou mais e 3 graus de
liberdade liberdade
Método dos Elementos Finitos - MEF
CST

𝜐′ = 𝜐
𝐸′ = 𝐸
𝑎𝑖 = 𝑥𝑘 − 𝑥𝑗
𝑏𝑖 = 𝑦𝑗 − 𝑦𝑘
i=1; j=2; k=3
i=2; j=3; k=1
i=3; j=1; k=2

Fonte: ASSAN, 2003.


MEF
Vamos modelar a mesma estrutura pela programa SCIA Engineer!

Concreto C30
Pilar: 20 x20 cm
Vigas: 12 x 50 cm
Lajes: 12 cm
Carga permanente: 1 kN/m2
Carga acidental: 2 kN/m2
Método dos Elementos Finitos - MEF
Convergência de resultados
Quanto mais discretizada a malha, mais próximo do resultado analítico, porém o tempo de
processamento aumenta!

Malha de 2m x 2m Malha de 0,2m x 0,2m


Método dos Elementos Finitos - MEF
Refinamentos locais:
Regiões onde existem mudanças bruscas de geometria ou que apresentam um elevada concentração de
tensão, geralmente, apresentam resultados não satisfatórios e para não ter que discretizar toda uma região de
um elemento para se obter resultados melhores, pode-se utilizar o recurso do refinamento local de malha.

Pico: -94,78 kN.m/m


Método dos Elementos Finitos - MEF
Refinamentos locais:

Pico: -116,47 kN.m/m


Método dos Elementos Finitos - MEF
Também devemos aplicar a consideração da rotação das vigas em estádio II, ou seja, a inércia à torção do
elemento de viga como igual a 10% do valor dado pela resistência dos materiais. (Carvalho, 1994). Ou os
15% indicados pela NBR 6118.

Resultados:
Sem a redução da inércia: -0,0096 cm
Com a redução da inércia: -0,0097 m
Método dos Elementos Finitos - MEF
As considerações que devem ser aplicadas em um modelo
de uma edificação de concreto não param por aí, existem
diversas outras e será que veremos na sequência!!

Fonte: User contest 2020 da SCIA nv


Bibliografia
ASSAN, Aloisio Ernesto. Método dos elementos finitos: primeiros passos. 2ª. Edição. Campinas. Editora
da Unicamp, 2003.

CARVALHO, Roberto Chust. Análise não linear de pavimentos de edifícios de concreto através da
analogia de grelha. 1994.

CARVALHO, Roberto Chust. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado: segundo
a NBR 6118:2014. 4ª edição. São Carlos: EdUFSCar, 2014.

CASS, Andrew John Richter. Programa gráfico livre para a análise de lajes de edificações em concreto
armado usando o modelo de grelha equivalente. Dissertação (mestrado). Universidade Federal de São
Carlos, 2015.

BRITO, Antônio Ernesto da Silva Carvalho. Análise por elementos finitos de estruturas tipo casca.
Dissertação (mestrado). Universidade do Porto, 1985.

LEAL, Cleber E.F. Formulação do Método dos Elementos Finitos para Análise Elástica Linear de
Placas Delgadas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Campo Mourão, 2015.

SCIA nv. SCIA user contest: The art of structural design. Bélgica, 2020.

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