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AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FOTOCATALÍTICA DE UMA

COMPLEXA HETEROJUNÇÃO BASEADA EM VANADATO DE


BISMUTO COM NANOPARTÍCULAS DE CARBONO PARA
DEGRADAÇÃO DO CORANTE RODAMINA B

EJ MELO1, MC PEREIRA2, JIS da SILVA2, JP MESQUITA2, LCD CAVALCANTE3, JR


NUNHEZ1
1
Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química, Departamento de
Processos Químicos
2
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Instituto de Ciência e Tecnologia
3
Universidade Federal do Piauí, Centro de Ciências Naturais
E-mail para contato: edylailsa@yahoo.com.br

RESUMO – O presente trabalho tem como objetivo comparar a performance


fotocatalítica, sob luz visível, de uma complexa heterojunção baseada em vanadato de
bismuto, sintetizada por co-precipitação, com e sem pontos de carbonos, obtidos por
carbonização hidrotermal de colágeno, na degradação do corante rodamina B, na
presença e ausência de H2O2. Os materiais foram analisados por microscopias
eletrônicas de varredura, transmissão, força atômica e difração de raios. A heterojunção
com pontos de carbono na presença de H2O2, reduziram em 53% a concentração inicial
da molécula-modelo após 300 minutos de reação.

1. INTRODUÇÃO
O elevado crescimento populacional, tem provocado inúmeros problemas ao meio ambiente,
o que, consequentemente, gera uma perspectiva e necessidade de desenvolvimento de novas
tecnologias que auxiliem na redução dos impactos ambientais, na recuperação das águas residuais e
na substituição dos combustíveis não-renováveis (Khakpour, et al., 2018). Neste sentido, o uso de
materiais semicondutores como fotocatalisadores ativados por luz visível, vêm se mostrando uma
tecnologia promissora para recuperação de águas contaminadas por poluentes orgânicos, como os
corantes (Mehrjouei, et al., 2015).
Diversos autores reportam propostas de modificações na estrutura do vanadato de bismuto
com o intuito de contornar suas limitações e consequentemente melhorar as suas propriedades
fotocatalíticas para degradação de compostos poluentes em meio aquoso pelo uso de diferentes
estratégias (Lin, et al., (2018). Outros utilizam a dopagem estrutural, com elementos metálicos e
não metálicos, como o carbono, para melhorar a performance fotocatalítica de heterojunções
baseadas em vanadato de bismuto (Li, et al., (2019).
Este trabalho teve como objetivo comparar a performance fotocatalítica, sob luz visível, de
uma complexa heterojunção baseada em vanadato de bismuto com e sem pontos de carbono (carbon
dots), na degradação do corante rodamina B na presença e ausência de H2O2.

2. METODOLOGIA

2.1 Síntese/preparação dos materiais

Síntese dos Carbon dots: Foi preparada uma solução de carbon dots por meio da carbonização
hidrotermal a 180 ºC de uma solução obtida da hidrolização de colágeno residual, fornecido pela
empresa Vancouros Company, em hidróxido de amônia (3% v/v).
Síntese das heterojunções: 1 mmol de Bi (NO3)3.5H2O e 2 mmol de dodecil sulfato de sódio
(SDS) foram dissolvidos em 10 mL de solução de HNO3 a 4 M. Posteriormente, 0,97 mmol de
NH4VO3 e 0,03 mmol de Na2WO4. 2H2O serão adicionados a 10 mL de solução de NaOH a 2 M.
Ambas as soluções preparadas foram agitadas e misturadas com 1 g de V2O5 obtido da
decomposição térmica do NH4VO3. A mistura, em seguida, foi aquecida a 80 °C sob agitação por
1 hora, e o precipitado obtido lavado com água destilada, separado por centrifugação e
posteriormente seco a 100 °C por 24 horas e na sequencia calcinados. A heterojunção com carbon
dots foi produzida pela dispersão no composto obtido pela dispersão do precipitado obtido na
solução de carbon dots.

2.2 Caracterizações dos materiais

Para a caracterização dos materiais, foram realizadas as seguintes análises:


Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Microscopia Eletrônica de Transmissão
(MET) e Microscopia de Força Atômica (AFM): As morfologias das heterojunções foram
analisadas por MEV com analisador de energia dispersiva de raios X acoplado (EDS). A
heterojunção com dots analisados por MET e os pontos de carbono foram analisados utilizando
AFM para obtenção do tamanho das partículas através do uso do software livre Gwyddion.
Difratometria de Raios X (DRX): Para identificação das fases cristalinas dos materiais,
foram realizadas análises de DRX, utilizando-se um difratômetro Philips Analytical X Ray
Modelo: X´Pert-MPD.

2.3 Ensaios fotocatalíticos de degradação da rodamina


As atividades fotocatalíticas das heterojunções para fotodegradação da Rodamina-B
foram avaliadas em um fotorreator semi-batelada acoplado com uma lâmpada de luz visível de
12V. Foram realizados ensaios com 40 mg das heterojunções em 40 mL de solução da rodamina
na concentração de 5 mg L-1, sob incidência de luz visivel. Os ensaios também foram repetidos
na presença de H2O2 35% em massa. A degradação da molécula-modelo foi acompanhada na
ausência de luz por 100 minutos e posteriormente a fotoatividade dos materiais avaliada a cada
60 minutos por medidas de absorbância, utilizando um espectrofotômetro UV-vis.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Caracterizações dos materiais
MEV/MET/AFM: As amostras preparadas foram analisadas por MEV e EDS, Figura 1 (a, d)
e Figura 1 (c, d), respectivamente. A Figura 1 (e) mostra a MET da heterojunção com pontos de
carbono e a Figura 1 (f) mostra os pontos de carbonos analisados por AFM.

Figura 1 – (a) e (c) MEV das heterojunções, (b) e (d) EDS das heteronjunções, (e) MET da
heterojunção com dots, (f) AFM dos dots.

As morfologias das partículas das amostras com e sem pontos de carbono, observadas por
MEV, são similares. Os dados de EDS evidenciam a ocorrência dos principais elementos presentes
nas amostras (Bismuto e Vanádio). A MET mostra que as partículas presentes na heterojunção
possuem escala nanométrica e o AFM evidência agregados das partículas de carbono, com formatos
esféricos, de tamanho médio de aproximadamente 2nm.
Difração de Raios X (DRX): Os difratogramas para as amostras preparadas são mostrados na
Figura 2 e exibem picos de reflexão característicos de diferentes fases. Três fases importantes foram
identificadas para justificar a atividade fotocatalítica dos materiais, são elas: BiVO4 (JCPDS card #
14-688), Bi12V2O23 (JCPDS card # 14-688) e Bi2O3 (JCPDS card # 45-1344).

Figura 2 – Difratogramas das heterojunções com e sem pontos de carbono.


3.2. Ensaios fotocatalíticos de degradação da rodamina
A Figura 3 mostra os resultados da degradação da solução de rodamina B para os ensaios
propostos. Percebe-se que tanto nos ensaios com luz como na presença de peróxido de hidrogênio,
as amostras com pontos de carbono provocaram apenas um leve aumento na degradação
(aproximadamente 7%). Os maiores valores de degradação foram obtidos no ensaio com a amostra
com pontos de carbono e na presença de H2O2, que foi responsável por uma redução de 53% na
concentração do corante.

Figura 3 – Comparação das atividades fotocatalíticas dos materiais.

4. CONCLUSÃO
Dos ensaios realizados, verificou-se que a inserção dos pontos de carbono na heterojunção foi
responsável apenas por um pequeno aumento na degradação da rodamina B. Os melhores resultados
para fotodegradação foram obtidos no ensaio utilizando a heterojunção com dots e na presença de
H2O2 (redução de 53% da concentração inicial do corante após 300 minutos).

5. REFERÊNCIAS
KHAKPOUR Z, POURFARAHANI H, MAGHSOUDIPOUR A, EBADZADEH T. Synthesis
and deposition of hematite nanoparticles on Fluorine- doped Tin Oxide (FTO) glass
substrates. Materials Today: Proceedings, 5(7), p. 15828–15835, 2018.
LI Y, XIAO X, YE Z. Fabrication of BiVO4/RGO/Ag3PO4 ternary composite photocatalysts
with enhanced photocatalytic performance. Applied Surface Science, 467-468, p. 902-
911, 2019.
LIN H, ZHANG H, PANG D, ZHOU Y, YI, Z. Dynamic behavior of BiVO4 material under
mechanical studies. Journal of Alloys and Compounds, 774, p. 651-655, 2019.
MEHRJOUEI M., MÜLLER S, MÖLLER D. A review on photocatalytic ozonation used for
the treatment of water and wastewater. Chemical Engineering Journal, 263, p. 209–219,
2015.

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