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CAPÍTULO 6

TÉCNICA DE QUEDA LIVRE

ARTIGO I

TRABALHOS EM QUEDA LIVRE

6-1. INTRODUÇÃO

a. O trabalho relativo é a modalidade mais difundida do SL. Para o


seu aprendizado, o saltador deve dominar todos os eixos da
Queda Livre (QL) e, como toda atividade no Pára-quedismo, é
necessário grande dose de paciência e muito treinamento.

b. Da mesma maneira que consideramos um saltador livre com a


queda estabilizada após o domínio dos eixos, só poderíamos
considerar o saltador em condições de realizar trabalho relativo
em grupo quando ele souber voar em todas as direções, girar no
eixo da nuca, do umbigo e do joelho, variar a velocidade vertical,
horizontal e combinar os movimentos.

6-2. NOÇÕES DE AERODINÂMICA

a. VENTO RELATIVO - Chama-se vento relativo ao deslocamento


de ar criado por um corpo em movimento. Paraquedista deve
sempre cair face ao vento relativo e não necessariamente face ao
solo. (Fig 6-1)

6- 1
VENTO VENTO
RELATIVO RELATIVO

Fig 6-1. Ação do Vento Relativo

b. VELOCIDADE DE QUEDA LIVRE - A velocidade de queda livre é


dividida em duas fases

(1) VELOCIDADE SUB TERMINAL: Compreendida entre o


momento de saída de aeronave até os doze segundos de QL,
quando o corpo do paraquedista está em constante aceleração
em direção ao solo devido à lei da gravidade.

(2) VELOCIDADE TERMINAL: Inicia-se após doze segundos de


QL, quando a resistência do ar se iguala a força de atração da
gravidade e o corpo para de acelerar, estabilizando a sua
velocidade em aproximadamente 200 Km/h em direção ao
solo.

OBSERVAÇÃO: Os primeiros 1000 pés em QL são cobertos em


aproximadamente 10 segundos. Após atingir a Velocidade
Terminal, cada mil pés são cobertos em 5 ou 6 segundos. (Fig 6-2).

6- 2
216 Km/h

V
E 216 Km/h SAÍDA DA
L ANV
0 Km/h

S
U 0 Km/h
B SAÍDA DO VENTO RELATIVO
± 12 seg T
E 140 Km/h
R
M
I
N
A
L
0 Km/h
VELOCIDADE TERMINAL
>12 seg 200 Km/h

VELOCIDADE
TERMINAL

Fig 6-2. Velocidade de Queda

6-3. “BOX POSITION”

a. A posição principal utilizada no trabalho relativo é a “BOX” (Fig 6-


3). Os braços deverão formar um ângulo de 90º com os
antebraços. As mãos deverão aparecer na visão periférica. Os
joelhos deverão está afastados pouco mais que a largura dos
ombros formando um ângulo de 90º e os pés ligeiramente
projetados para cima. A cabeça voltada para cima, a fim de
melhorar a visão periférica e manter uma ligeira seladura de rins.
As mãos deverão estar no mesmo nível dos joelhos, para facilitar
o grip.

6- 3
LATERAL
INFERIOR FRONTAL

Fig 6-3. Posição “Box”

b.Devido à simetria da “Box” (Fig 6-4), o corpo encontra o equilíbrio


perfeito durante a QL, caindo sem girar e no hover, ou seja, sem
deslocamento no plano horizontal. Selar projetando o Centro de
Gravidade (CG) para frente garante uma melhor aerodinâmica e
estabilidade. Se a posição for alterada, inevitavelmente o
equilíbrio se quebrará.

Direção do deslocamento.

Vento Relativo (VR)

Fig 6-4. O equilíbrio perfeito

6-4. PRINCÍPIOS BÁSICOS

a. VELOCIDADE VERTICAL - a capacidade de controle da


velocidade vertical é o fator mais importante no trabalho relativo.
Só através de uma dosagem perfeita da razão de descida é que
se consegue estabelecer um contato eficiente e estável com os
demais companheiros. Ela depende de inclinações dos planos do
corpo, do peso, da área oferecida, do equipamento, do uniforme
usado e de estar ou não conjugada a uma velocidade horizontal.

(1) Quando se deseja reduzir a velocidade de queda tomamos a


posição de baixa velocidade (SLOW FALL). Partindo-se da
posição BOX basta que coloquemos os braços e as pernas
abaixo do plano do resto do corpo. (Fig 6-5). Entretanto a
posição relativo dos braços e pernas são mantidas, ou seja
dobrados a 90º .
6- 4
Fig 6-5. Slow Fall
(2) Para aumentar a velocidade vertical e vencer pequenas
distâncias, basta exagerar a seladura dos itens de modo que
braços e pernas fiquem acima do plano do corpo. Esta
posição é a da Alta Velocidade (FAST FALL). (Fig 6-6)

Fig 6-6. “Fast Fall”

(3) Posição de DIVE para deslocamento basicamente vertical.


(Fig 6-7)

Fig 6-7. “Dive”

6- 5
a. VELOCIDADE HORIZONTAL: conseguida através do
deslocamento horizontal.

(1) BACK SLIDE - deslocamento para trás em QL. Ao esticar os


braços para frente e/ou encolher as pernas. O Vento Relativo
escoará mais pela frente fazendo com que o corpo escorregue
para trás. (Fig 6-8)

Fig 6-8. Back Slide

(2) FRONT SLIDE - deslocamento para frente em QL. Ao


encolher os braços para trás e/ou esticar as pernas, cria-se
maior resistência na parte inferior do corpo. O efeito será o
oposto do Back Slide.(Fig 6-9)

Fig 6-9. Front Slide

6- 6
(3) Posição TRACK - para um maior deslocamento horizontal.
Normalmente utilizada para separação dos pára-quedistas
após o trabalho relativo e antes do comandamento do pára-
quedas. (Fig 6-10)

Fig 6-10. Track

(4) Posição DELTA - para aumentar o deslocamento horizontal e


a velocidade vertical. (Fig 6-11)

Fig 6-11. Delta

OBSERVAÇÃO: O trabalho relativo não é somente o encontro de


dois ou mais pára-quedistas num mesmo ponto no espaço. É
também, a capacidade desse grupo manter-se junto, nesse
mesmo ponto, sem contato físico entre seus integrantes. Para
conseguir isto, é necessário que o homem possua controle de seu
vôo sob todos os aspectos e faça curvas mantendo-se na mesma
coluna de ar.

(5) CURVAS - partindo-se da posição BOX, devemos afundar


ligeiramente o ombro, ao mesmo tempo que as pernas são
direcionadas para o lado da curva. A idéia é deixar escapar
quantidades iguais de ar, tanto na parte da frente quanto na
parte de trás do corpo, como se fosse uma hélice. (Fig 6-12)

6- 7
Fig 6-12. Curva

(6) BACK LOOPING - É basicamente uma cambalhota para trás.


Num movimento único o paraquedista deve levar os braços à
frente, trazer os joelhos e o queixo para o peito. Tanto o Back
como o Front Looping devem ser feitos com determinação,
pois a inércia criada completará o looping. Assim que voltar a
ver o solo, selar assumindo a Box (Fig 6-13)

Fig 6-13. Back Looping

(7) FRONT LOOPING - É uma cambalhota para frente. Num


movimento único o paraquedista deve esticar as pernas,
dobrar seu tronco para frente, fechando os braços e
colocando-se ao lado do corpo. Uma vez no dorso, encolher
as pernas para diminuir o arrasto. Voltar à Box e selar bem
quando ver o solo. (Fig 6-14)

Fig 6-14. Front Looping

6- 8
(8) TOUNEAU - É um giro de 360º feito sobre o eixo longitudinal
do corpo. Para fazer um Touneau (Fig 6-15):

(a) Abrir os braços, esticar e juntar as pernas.

(b) Jogar um dos braços à frente do peito, girando o tronco na


mesma direção.

(c) Tomar a posição box assim que ver o solo.

Fig 6-15. Touneau

(9) DORSO - posição de queda de costas para o solo. Para


assumir esta posição, partindo da posição de box, o saltador
poderá executar um ½ Touneau, desselando em seguida; ou
simplesmente trazer as pernas para frente desselando ao
mesmo tempo em que coloca os braços para trás.

(10) POSIÇÃO DE COMANDAMENTO - o saltador verifica o seu


altímetro antes da altura de comandamento (cerca de 300
Pés) e sinaliza que vai comandar, cruzando ambos os braços
a frente da cabeça, de duas a três vezes, ao mesmo tempo
em que verifica se há saltadores acima de si, olhando para o
alto. Caso negativo, segue a seqüência abaixo:

(a) SELA

(b) OLHA PARA O PUNHO DE COMANDO (CASO PQD


OPERACIONAL)

(c) EMPUNHA O PUNHO AO MESMO TEMPO QUE


COMPENSA

(d) COMANDA O PQD

(e) CHECA

6- 9
OBSERVAÇÃO: Se houver pqdt em cima, o saltador deverá tomar
a posição de track para se afastar e comandar seu Pqd em
segurança.

6- 10

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