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Durante primeira metade do século XX, o resgate dos trabalhos de Gregor Mendel – out how adaptation developed on the international agenda. Finally,
ainda no início da década de 1900 – e o posterior desenvolvimento da pesquisa em the third part discusses the implications of the concept to
Genética, somaram-se ao desenvolvimento da biologia evolutiva. O resultado foi a sustainable development agenda. Two normative concepts are
chamada Teoria Sintética da Evolução, na qual a força do poder explicativo da proposed in order to highlight synergies and antagonisms between
teoria de Darwin manteve sua essência, permanecendo sólida após 150 anos da development and adaptation on the political debate: sustainable
publicação de A Origem das Espécies, apesar de novas descobertas sobre adaptation and adaptive development.
mecanismos genéticos terem preenchido lacunas e aprimorado os pressupostos KEYWORDS: Climate change. Adaptation. Sustainable development.
originais.
Entretanto, a influência das ideias de Darwin também seguiu outros caminhos nas
ciências sociais – especialmente dentro da antropologia – que buscavam um
compromisso com a ciência pela ciência e alheios à justificativa política para a
colonização de povos ou para posturas racistas. Durante a segunda metade do
século, o debate teórico da antropologia era marcado por controvérsias sobre a
preponderância de fatores ambientais ou sociais na determinação de traços
culturais humanos. De um lado, teóricos como Ratzel, Huntington e Taylor eram
partidários das abordagens do determinismo ambiental, segundo o qual o ambiente
molda a evolução cultural. De outro, autores como Boas, Lowie e Goldenweiser
defendiam o determinismo cultural, no qual o ambiente era fator secundário diante
das forças socioeconômicas na evolução de práticas e tradições sociais (MORAN,
2000). Essa discussão prolongou-se ao longo da primeira metade do século XX,
quando estudos de caso mais aprofundados começaram a mostrar que a relação
entre as práticas humanas e seu meio ambiente imediato era mais complexa do que
se pensava. Dentro da antropologia, a noção de adaptação recebeu uma abordagem
amoral, sendo empregada como um conceito explicativo para descrever a evolução
cultura-ambiente.
Do ponto de vista analítico, várias tipologias têm sido propostas para classificar o
processo adaptativo e as estratégias de adaptação, tomando por referência sua
natureza, duração, intencionalidade, agência, momento em que ocorre em relação
ao estímulo, forma, entre outras (BRYANT et al., 2000; SMIT; SKINNER, 2002; SMIT et
al., 2000; FORD et al., 2010).
Por fim, a adaptação pode ser classificada segundo seu resultado ou função,
também referida como objetivo primário da adaptação, como recuar, reduzir
riscos, proteger, acomodar, assegurar renda e recursos etc. (FORD et al., 2010; SMIT
et al., 1999). Tais objetivos são genéricos, de modo que cada setor apresenta
formas próprias de atingir os objetivos primários. Em áreas costeiras, por exemplo,
reduzir riscos pode ser construir barreiras físicas para impedir o avanço do mar,
enquanto na agricultura reduzir riscos pode ser adotar uma variedade mais
tolerante a pestes.
Nem sempre é óbvio ou fácil incluir uma estratégia adaptativa em uma única
tipologia ou distinguir a quantas tipologias ela pertence. As categorias apresentadas
acima são artificiais, mas úteis na organização das ideias e como norteador da
análise, especialmente quando é necessário ponderar o potencial de cada
estratégia em reduzir vulnerabilidades. Assim, o portfólio de adaptações pode ser
organizado segundo objetivos da adaptação, timing, natureza, escopo temporal
etc., de modo que o tomador de decisão tenha um “cardápio” de respostas a partir
do qual ele possa montar um repertório desejável a cada situação.
Um primeiro fator foi o avanço da ciência do clima desde que o primeiro relatório
do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) foi publicado, em
1990. As novas evidências corroboravam a influência humana no aquecimento global
e apontavam tendências climáticas alarmantes para o final do século XXI, caso nada
fosse feito (CARTER et al., 2007). A ciência sobre adaptação também havia ganhado
volume, reunindo uma base teórico-metodológica para apoiar a tomada de decisão
de forma mais substancial em relação à década anterior. A partir do Terceiro
Relatório do IPCC (TAR), publicado em 2001, um grupo de trabalho específico do
Painel passa a se dedicar aos temas impactos, vulnerabilidade e adaptação
(McCARTHY, 2001). Isso consolidou ainda mais a mudança climática como um risco
global relevante e pressionou os países a mostrarem maior disposição em discutir
formas de responder ao problema (MORRIS; KRISHNAN, 2012).
Por fim, mas não menos importante, os países em desenvolvimento uniram forças e
passaram a pressionar por uma relevância maior da adaptação nas pautas de
negociações da Convenção (decisão1/COP8, 2002). É nesse contexto que a
adaptação emerge como resposta possível, necessária e urgente no debate político
internacional sobre mudança climática (DOVERS, 2009; PARRY et al., 2009).
Desse incômodo, durante a década de 2000, surge uma abordagem integrativa que
defende que a normalização (ou mainstreaming) da adaptação na agenda do
desenvolvimento (ADGER et al., 2009; DOVERS, 2009; HOWDEN et al., 2007; HUQ;
REID, 2004; LAHSEN et al., 2010; SMIT; WANDEL, 2006). As críticas à perspectiva da
CQNUMC trazida pelos teóricos da linha da normalização baseiam-se em quatro
pontos.
Por esse motivo, as definições científicas sobre adaptação à mudança climática são
insuficientes quando transitam para a agenda política. Nem toda adaptação está em
sintonia com os objetivos do desenvolvimento sustentável (HILHORST; BANKOFF,
2008; AYERS; HUQ, 2009). Por exemplo, Cissé et al. (2012) discutem a expansão da
cultura do arroz em regiões semidesérticas do Mali, viabilizada graças a grandes
projetos de irrigação, uma estratégia comumente tida como adaptativa em regiões
de chuvas erráticas. Os autores argumentam que o desenvolvimento agrícola
prosperou à custa de grande passivo socioambiental, como contaminação dos
recursos hídricos e do solo por agroquímicos, concentração fundiária e erosão
cultural. Já em comunidades agrícolas no Sudão, Ibnouf (2011) descreve a migração
masculina como uma das principais repostas à seca. Em um primeiro momento, essa
estratégia é adaptativa, uma vez que a remessa de recursos pelos migrantes serve
como um suporte importante em momentos de crise. Todavia, a autora observou
que a lacuna de mão de obra masculina é preenchida pelas mulheres, que agregam
às suas atividades domésticas cotidianas, tarefas agrícolas. Por conseguinte, a
sobrecarga de trabalho feminino compromete a qualidade de vida das mulheres e
levanta questões sobre equidade de gênero.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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[2] Eugenia: estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou
empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente
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