Você está na página 1de 49

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA


DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL - DSS

MARTA SUÉLE DA COSTA BARROS

O SERVIÇO SOCIAL E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UM RELATO DE


EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO DESENVOLVIDO NO NASF DE QUEIMADAS-PB

CAMPINA GRANDE-PB

2016
MARTA SUÉLE DA COSTA BARROS

O SERVIÇO SOCIAL E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UM RELATO DE


EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO DESENVOLVIDO NO NASF DE QUEIMADAS-PB

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado para obtenção do grau de
bacharela em Serviço Social pela
Universidade Estadual da Paraíba, UEPB.
Orientadora: Prof.ª Ms. Débora Suelle de
Miranda Lima.

CAMPINA GRANDE-PB

2016
LISTA DE SIGLAS

ABRASCO- Associação Brasileira de Saúde Coletiva

ACS- Agente Comunitário de Saúde

AIS- Ações Integradas de Saúde

CAPs- Caixa de Aposentadoria e Pensões

CAPS- Centro de Atenção Psicossocial

CEBES- Centro Brasileiro de Estudos de Saúde

CREAS- Centro de Referência Especializado em Assistência Social

DNSP- Divisão Nacional de Saúde Púbica

DST- Doenças Sexualmente Transmissíveis

ESF- Estratégia Saúde da Família

IAPs- Instituto de Aposentadoria e Pensões

MRS- Movimento de Reforma Sanitária

MS- Ministério da Saúde

NASF- Núcleo de Apoio à Saúde da Família

OMS- Organização Mundial de Saúde

PACS- Programa de Agentes Comunitários de Saúde

PSE- Programa Saúde na Escola

PSF- Programa Saúde da Família

SAMU- Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

SF- Saúde da Família

SUDS- Sistema Unificado Decentralizado de Saúde


SUS- Sistema Único de Saúde

UBSF- Unidade Básica Saúde da Família

UPA- Unidade de Pronto Atendimento


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL: A DÉCADA DE 1980 EM FOCO. ................ 10
3 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) E O NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE
NA FAMÍLIA (NASF) ................................................................................................ 19
4 EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO CONTEXTO BRASILEIRO..................................... 25
5 O SERVIÇO SOCIAL NO NASF ............................................................................ 28
6 EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO NO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA
(NASF) DE QUEIMADAS-PB ................................................................................... 31
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 40
ANEXOS ................................................................................................................... 45
O SERVIÇO SOCIAL E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO DESENVOLVIDO NO NASF DE QUEIMADAS-PB

MARTA SUÉLE DA COSTA BARROS1

RESUMO
Este artigo tem por objetivo relatar a experiência de estágio supervisionado em
Serviço Social, realizado no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Pedra do
Touro, em Queimadas. PB, durante o período de abril de 2014 a junho de 2015.
Para tanto, destacamos o Projeto de Intervenção realizado no período de estágio,
intitulado “Escola Promotora de Saúde - uma Intervenção Junto aos estudantes da
Escola Municipal Judith Barbosa de Paula Rêgo”, que teve como finalidade atuar
sobre a educação em saúde com os alunos desta Escola Municipal do referido
município, cuja metodologia pautou-se na realização de oficinas temáticas. O
interesse para a realização do projeto surgiu a partir de nossas inquietações de
como estavam se dando as relações entre as políticas de saúde e de educação e
como estas estavam se desenvolvendo no município em foco. O projeto apontou
como principais resultados a promoção de ações em que se estabeleceu o diálogo
entre estudantes e profissionais a cerca de conceitos importantes no campo da
saúde, bem como o estímulo à reflexão sobre os temas trabalhados, de forma que
os alunos tiveram a liberdade de externar seus conhecimentos e experiências
pessoais. Quanto ao aporte teórico, para a construção do artigo, utilizamos autores
como: Bravo (2011), Pain (2009), Alves (2011), Aerts (2011), Feurwerker (2005),
Wenzel (2009), Cunha (2009) entre outros. Ressaltamos a importância do estágio
curricular para a formação profissional, bem como do relato de experiência a fim de
nortear futuras intervenções no campo do serviço social na saúde.

Palavras-chave: Educação em Saúde; Serviço Social; Núcleo de Apoio á Saúde da


Família (NASF).

1
Aluna de graduação em Serviço Social na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) – Campus I. E-mail:
martasuele@hotmail.com.
9

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo é fruto da nossa experiência de estágio supervisionado


obrigatório do curso de Serviço Social da Universidade Estadual da Paraíba,
realizado no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Pedra do Touro, na
cidade de Queimadas. PB, entre os meses de Abril de 2014 a Junho de 2015, tendo
como foco principal relatar como se desenvolveu nosso Projeto de Intervenção
“Escola Promotora de Saúde - uma Intervenção Junto aos estudantes da escola
Judith Barbosa de Paula Rêgo”, por meio do qual se objetivou desenvolver ações de
educação em saúde voltadas para adolescentes, tendo como metodologia a
realização de oficinas temáticas desenvolvidas junto aos mesmos. O projeto ocorreu
durante o mês de maio de 2015.
A definição e aproximação pelo tema escolhido para a realização do projeto
citado nasceu de algumas inquietações que tivemos ao longo do estágio,
principalmente com relação à forma como estavam se desenvolvendo as políticas de
saúde e educação no município de Queimadas. PB, mas precisamente no Programa
Saúde na Escola (PSE), que requer avanços com relação à intersetorialidade para
sua efetivação. Segundo Brasil (2009, p. 10);

O Programa Saúde na Escola (PSE), instituído por Decreto Presidencial nº


6.286, de 5 de dezembro de 2007, resulta do trabalho integrado entre o
Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, na perspectiva de ampliar
as ações específicas de saúde aos alunos da rede pública de ensino:
Ensino Fundamental, Ensino Médio, Rede Federal de Educação Profissional
e Tecnológica, Educação de Jovens e Adultos.

Visto que o NASF tem em seu escopo apoiar as equipes da Estratégia de


Saúde da Família na rede de serviço, assim como também estender a abrangência
das ações da Atenção Básica, e ampliar sua resolutividade, substanciando os
processos de territorialização e regionalização em saúde, faz-se necessário à
realização de projetos interventivos que visem fortalecer estratégias de prevenção
em saúde.
Considerando o exposto, o artigo pretende além da exposição do projeto
supracitado, discutir a política de saúde na conjuntura brasileira, buscando analisar o
caminho que esta percorreu até a implantação do SUS, dando ênfase na atuação e
importância do Assistente Social no âmbito da saúde e mais precisamente no NASF,
com destaque na educação em saúde, onde é de suma importância a atuação deste
10

profissional, visto ser este habilitado para desenvolver ações voltadas para a
política, tanto de saúde como de educação.
Sendo assim, o artigo está elaborado em cinco tópicos: o primeiro faz um
resgaste de forma breve da política de saúde no Brasil até a década de 1980,
destacando a Reforma Sanitária, a 8ª Conferência Nacional de Saúde, os programas
precursores do SUS, a promulgação da Constituição Federal e o nascimento do
SUS. Já o segundo abordará a criação e implantação do Programa Saúde da
Família (PSF), posteriormente nomeado de Estratégia de Saúde da Família (ESF)
dentro de uma conjuntura neoliberal; nesse mesmo tópico, ainda discutiremos a
também criação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). O terceiro trata
sobre a educação em saúde, expondo de maneira sucinta como essa se
desenvolveu no Brasil e como ela se dá na atualidade. O quarto ponto discute como
se dá a atuação do serviço social do NASF, assim como sua inserção na área de
saúde, evidenciando sua importância nesta. O quinto apresenta o relato de
experiência com destaque para o projeto já citado. E por fim, temos as
considerações finais, ponto que expõe alguns dos obstáculos para a efetivação do
projeto e as possibilidades que uma ação como essa pode desencadear nas
políticas de saúde e educação, visando à articulação dos profissionais de ambas na
construção de um espaço de debate, entre estes e seus usuários.
Esperamos com este artigo, sem pretensão conclusiva, contribuir para o
entendimento da temática em questão.

2 POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL: A DÉCADA DE 1980 EM FOCO.

No final do século XIX surgiram no Brasil algumas iniciativas na área da saúde


pública. As mesmas nasceram em decorrência das transformações econômicas e
políticas ocorridas na sociedade brasileira como o processo de industrialização e o
movimento operário grevista. Nessa época, foram desenvolvidas a realização de
campanhas limitadas no combate à varíola, à febre amarela, e à peste bubônica.
Mas, foi no início do século XX em pleno auge da economia cafeeira exportadora
que a saúde apareceu como questão social (BRAVO, 2001).
Houve uma tentativa de extensão da saúde pública na década de 1920 por
todo o país. Nesse período foi posto em cheque a questão da saúde do trabalhador,
11

e assim foram tomadas algumas decisões que posteriormente desdobraram-se na


criação do que viria a ser o início do esquema previdenciário brasileiro, tendo como
destaque a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs), que segundo
Bravo (2001, p. 3) era,

[...] conhecida como Lei Elói Chaves. As CAPs eram financiadas pela União,
pelas empresas e pelos empregados. Elas eram organizadas por empresas
de modo que só os grandes estabelecimentos tinham condições de mantê-
las. O presidente das mesmas era nomeado pelo presidente da República e
os patrões e empregados participavam paritariamente da administração. Os
benefícios eram proporcionais às contribuições e foram previstos:
assistência médica-curativa e fornecimento de medicamentos;
aposentadoria por tempo de serviço, velhice e invalidez, pensão para os
dependentes e auxílio funeral.

Com as transformações da sociedade brasileira já a pouco mencionadas


(econômicas e políticas), Getúlio Vargas chega ao poder junto com a Revolução de
1930. Uma de suas primeiras medidas foi à criação do Ministério da Educação e
Saúde Pública (MESP). E no que diz respeito às políticas sociais desenvolvidas em
seu governo (1930-1934), podemos destacar a fundação dos Institutos de
Aposentadoria e Pensões (IAPs), em 1933, estes eram um novo modelo de
organização previdenciária que substituiu as CAPs. Nesse novo modelo a
organização se dava por categoria profissional e o Estado era quem o administrava
(Silva, 2011).
Diante da conjuntura da década de 1930, ocorreu o surgimento de políticas
sociais que respondiam às questões sociais de uma forma mais geral, e as questões
de saúde de maneira mais particular, pois estas precisavam ser trabalhadas mais
sofisticadamente. A política de saúde passou a ser organizada de duas formas:
saúde pública e medicina previdenciária. A primeira dava-se a partir da prevenção,
do ambiente e da coletividade; e a segunda surgiu com a expansão das CAPs, que
posteriormente foram substituídas pelos IAPs, criando um instituto para cada
categoria de trabalhadores, tendo como pretensão atender um número maior de
assalariados urbanos. No entanto, o acesso à assistência médica previdenciária era
restrita, quanto a isso Pain (2009, P.33) diz que;

[...] os brasileiros que estivessem vinculados ao mercado formal de trabalho


e com carteira assinada tinham acesso à assistência médica da Previdência
Social. Aos demais restavam poucas opções: pagar pelos serviços médicos
e hospitalares ou buscar atendimento em instituições filantrópicas, postos e
hospitais de estados e municípios. Como o direito à saúde não estava
12

vinculado à condição de cidadania, cabia aos indivíduos à responsabilidade


de resolver os seus problemas de doença e acidentes, bem como os de
seus familiares.

No período da ditadura militar (1964-1985), o país passou por uma


transformação econômico-social e politica. Nessa época o Estado intervia utilizando
a soma repressão-assistência sobre a questão social, onde a política assistencial foi
ampliada com a finalidade de expandir o poder e de regular a sociedade brasileira.
Quanto ao sistema de saúde brasileiro, este passava por uma crise, visto que era
mal distribuído, insuficiente, ineficaz e descoordenado, eles trabalhavam mais na
questão da cura e não na prevenção, e assim a saúde pública teve um declínio,
enquanto a medicina previdenciária cresceu.
Para mudar a então realidade brasileira desse período, foi preciso um forte
engajamento da população com a organização de movimentos sociais em prol da
redemocratização do país. Diante desse fato, as opções pelo revigoramento das
políticas públicas e a criação de um estado de bem-estar Social foram postas como
prioridade para unir as demandas dos setores mais progressistas.
Uma das partes envolvidas na luta pela a resistência à ditadura e ao seu
padrão de privatização dos serviços de saúde da Previdência Social e pela
democracia do país foi o Movimento de Reforma Sanitária (MRS), que abarcou parte
da sociedade civil, e tinha como meta a democratização da saúde e a reestruturação
do sistema de serviços (SILVA, 2011).
Nos anos 1980, o Brasil ao passo em que experimentou o processo de
redemocratização política com a superação do regime militar, vivenciou ao mesmo
tempo uma grande crise econômica que se alastra até os dias atuais. Quanto ao
setor saúde, este segundo Silva (2011, p.120-121);

[...] contou com a participação de novos sujeitos políticos coletivos na


discussão das condições de vida da população brasileira e das propostas
governamentais apresentadas para o setor, contribuindo para um amplo
debate que permeou a sociedade civil. A saúde deixou de ser interesse
apenas dos técnicos para assumir uma dimensão política, estando
estreitamente vinculada a democracia.

Tal situação deu-se principalmente a partir do Movimento de Reforma


Sanitária, já mencionado, que apresentava entre suas estratégias o Sistema Único
de Saúde (SUS), e cujo objetivo era assegurar que o Estado atuasse em prol da
13

sociedade, orientando-se na concepção de um Estado democrático e de direito,


responsável pelas políticas sociais e consequentemente pela saúde (BRAVO, 2001).
O Movimento de Reforma Sanitária, segundo Arouca (1998 apud
FEUERWERKR, 2005, p. 490).

[...] foi ao mesmo tempo uma bandeira de lutas especificas e parte de uma
totalidade de mudanças, já que concretizava setorialmente (na saúde) os
direitos democráticos pelos quais amplos segmentos da sociedade
brasileira se mobilizavam.

A força motriz do movimento, entre o fim da ditadura e a Constituinte, esteve


baseada em sua capacidade de construir um pensamento de maneira coletiva, ou
seja, a ideia do direito democrático da saúde a todos numa perspectiva igualitária,
numa sociedade desigual.
O que marcou esse período, com uma importância ímpar, foi à organização e
consolidação da 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986, em que foi discutido e
sistematizado por quase cinco mil participantes, vários estudos e sugestões para
RSB, e houve também uma articulação bastante significativa que teve como
destaque a inclusão da sociedade no debate, marcando essa conferência como um
divisor de águas para a saúde pública do país; as discussões saíram dos seus
respectivos fóruns (ABRASCO, CEBES, Medicina Previdenciária, Saúde Pública)
alcançando outros espaços que contou com a participação de entidades
representativas da população, a exemplo dos sindicatos, partidos políticos,
associações de profissionais, dentre outros.
Nesse sentido, a saúde passou a se reportar a sociedade como um todo, e se
propôs não apenas o Sistema Único, mas também uma Reforma Sanitária. Seu
relatório final serviu de base para a “Sessão Saúde” da Constituição que
posteriormente desdobrou-se nas leis orgânicas de saúde (8.0802 e 8.1423), que
permitiram a implantação do SUS.

2
Lei esta que regulamenta o SUS e que propõe que a saúde não é apenas ausência de doença, e
sim um completo bem-estar físico, mental e social.
3
Que trata da regulamentação da participação da população na gerência do SUS a partir dos
Conselhos de Saúde e das Conferências.
14

Ainda na conferência, segundo Rabelo (1998 apud SILVA, 2013, p. 139),


foram reafirmados três pontos principais na luta pela reforma sanitária:

a) A saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação,


renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade,
acesso a posse da terra e acesso a serviços de saúde;
b) A saúde é um direito de cidadania e dever do Estado;
c) Há que se buscar a instituição de sistema único em cada instancia
federativa e a participação popular.

No final da Conferência foi organizado uma Comissão Nacional da Reforma


Sanitária que tinha como meta executar o projeto da reforma na esfera do governo
para que tais diretrizes fossem aprovadas na nova Constituição, esta só foi de fato
promulgada em 1988 e nela continha cinco artigos que institucionalizavam o novo
sistema de saúde com as principais reivindicações dos setores defensores da
reforma sanitária.
Quanto aos sujeitos políticos que participaram desse processo podemos
destacar os seguintes: os profissionais de saúde, o Movimento Sanitário, os partidos
políticos de oposição, e por fim os movimentos sociais urbanos. Conforme Bravo
(2001, P.96):

As principais propostas debatidas por esses sujeitos coletivos foram à


universalização do acesso; a concepção de saúde como direito social e
dever do Estado; a reestruturação do setor através da estratégia do Sistema
Unificado de Saúde, visando um profundo reordenamento setorial com um
novo olhar sobre a saúde individual e coletiva; a descentralização do
processo decisório efetivo e a democratização do poder local através de
novos mecanismos de gestão- os conselhos.

Ainda antes da promulgação da Constituição de 1988, alguns programas


foram propostos pelo governo, os quais buscavam a unificação dos sistemas de
saúde. Dentre esses programas que foram precursores do SUS temos: as Ações
Integradas de Saúde (AIS) e o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde
(SUDS), esses foram reconhecidos como estratégia para o SUS. As AIS foram um
convênio assinado entre os Ministérios da Saúde e da Previdência e Assistência
Social e as secretarias estaduais de saúde. Silva, Gerschman (1995 apud SILVA,
2013), explica que as AIS

[...] propunha mudanças na relação entre o setor público/privado, passando


a privilegiar o funcionamento do setor público. Pretendia-se também alterar
15

o modelo médico-assistencial, promovendo uma relação integrada da


interna ao setor publico, e dando prioridade à assistência ambulatorial,
estendendo a cobertura e melhorando a qualidade dos serviços. Ainda que
se tratasse de experiência parcial, pois seria implementada apenas em
alguns estados e municípios, a assinatura dos convênios das Ações
Integradas de Saúde (AIS), iniciada em 1982, aparecia de maneira
incipiente a existência de instancias de participação da população nas
ações dos serviços de saúde, o que se constituiria também numa primeira
tentativa de descentralização do Sistema Saúde.

Já o SUDS foi um programa implantado em 1987, este teve melhor resultado


que as AIS, pois reafirmava os princípios defendidos na 8ª Conferência Nacional de
Saúde e trabalhava a unificação e descentralização com os estados a partir das
secretarias de saúde, as quais assumiam um compromisso de acelerar a
municipalização e motivar a adesão ao convênio SUDS. Contudo Bravo (2001, pg.
99) destaca que,

[...] Estas medidas tiveram, no entanto, pouco impacto na melhoria das


condições de saúde da população, pois era necessário a sua
operacionalização, que não ocorreu. Além dos limites estruturais que
envolvem um processo de tal ordem, as forças progressistas
comprometidas com a Reforma Sanitária passaram a partir de 1988, a
perder espaço na coalisão governante e, consequentemente, no interior dos
aparelhos institucionais. O retrocesso politico do governo da transição
democrática repercute na saúde, tanto no aspecto econômico quanto no
politico.

Toda via tais tentativas do governo de modificar ou unificar o sistema de


saúde, só veio acontecer com a Constituição de 1988, esta representou a afirmação
dos direitos sociais. Quanto à saúde, o texto constitucional pretendia atender as
reivindicações do Movimento de Reforma Sanitária, deixando assim os interesses
empresariais de lado.
Então, a saúde passa a ser reconhecida como um direito social a partir da
Constituição, em seu Art. 196 diz: “A saúde é um direito de todos e dever do
Estado”, portanto teria o Estado à obrigação de garanti-la. Esse artigo traz como
destaque que é dever do Estado a garantia desse direito por meio de políticas
econômicas e sociais, visando à diminuição dos riscos de doenças e outros
agravos4, e o acesso universal e igualitário dos serviços para a promoção,

4
Diz respeito a quadros que não representa de modo obrigatório, uma doença
classificadamente definida, como em acidentes, envenenamentos, violência, dentre outros
(Paim, 2009).
16

prevenção e recuperação da saúde, sendo então arquitetado o Sistema Único de


Saúde (SUS), que enfatiza como princípios e diretrizes: a Universalidade, que diz
respeito ao direito à saúde em todos os níveis de assistência; a Integralidade, que é
entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos
e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de
complexidade do sistema; a Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou
privilégios de qualquer espécie; a Descentralização político-administrativa com
uma só direção em cada esfera; e a Participação da comunidade.
No que diz respeito ao funcionamento do SUS, Paim (2009 apud SOUSA E
BATISTA, 2012, p. 03) citam que;

[...] é importante ressaltar que o SUS não possui um caráter institucional,


ele é um complexo sistema, formado por centros de saúde, ambulatórios,
laboratórios, hospitais da iniciativa privada e do poder público, bem como
por outros órgãos da União, Estados e Municípios, tendo como gestor
central o Ministério da Saúde, todavia participam também da sua gestão os
estados, municípios e a comunidade. Portanto, pode-se definir SUS como
um conjunto de ações e serviços públicos de saúde, compondo uma rede
regionalizada e hierarquizada, organizada a partir das diretrizes da
descentralização, integralidade e participação da comunidade. Sendo
assim, uma forma de organizar as ações e os serviços de saúde no Brasil,
de acordo com princípios, diretrizes e dispositivos estabelecidos pela
Constituição da República e pelas leis subsequentes.

O texto constitucional expressa com clareza que a criação do SUS estava


baseada em um modelo de saúde direcionado para as necessidades da população,
e procurava trazer o compromisso do estado com o bem-estar social.
Embora o SUS tenha sido determinado pela Constituição de 1988, foi apenas
regulamentado em 1990, através da Lei 8.080, que define o modo de operar o SUS,
e que tem como proposta a forma de organização e de funcionamento, de maneira
que a saúde passa a ser determinada de uma forma mais ampla. No entanto, essa
lei foi aprovada com alguns vetos do então presidente em exercício Fernando Collor
de Mello, mais precisamente no que se tratava da participação da comunidade
através dos conselhos e conferências, financiamentos da saúde em nível municipal
através do repasse do Fundo Nacional de Saúde para os municípios. Contudo, em
dezembro do mesmo ano foi promulgada a lei 8.142/90, que reestabeleceu a
participação da comunidade nos conselhos e conferências de saúde, determinando
que a cada quatro anos as conferências agrupassem representações dos
segmentos sociais envolvidos com a área de saúde para análise do sistema. Já os
17

conselhos de saúde, aconteceriam em todos os níveis federativos, possuindo um


caráter permanente e deliberativo.
O SUS é criado com um conjunto de ações e serviços de saúde, concedido
por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, no entanto a
iniciativa privada poderá participar, só que de forma complementar.
Diante da conjuntura em que se encontrava o país durante a então
implantação do SUS, mais precisamente no ano de 1990, ano marcado por uma
forte influência da Politica de Ajuste Neoliberal, que fez com que os avanços
contidos no texto constitucional recebessem um intenso ataque por parte do grande
capital aliado aos grupos dirigentes. Uma das estratégias foi à reforma ou
contrarreforma do Estado em que este se afastou de suas funções ao se fazer
presente no setor produtivo colocando em dúvida o modelo econômico vigente.
Nesse sentido, o Estado deixa de ser responsável direto pelo “desenvolvimento
econômico e social para se tornar promotor e regulador, transferindo para o setor
privado as atividades que antes eram suas” (BRAVO, 2001, p. 13).
Com a efetivação da hegemonia neoliberal no Brasil, que tem causado uma
diminuição dos direitos sociais e trabalhistas, um desemprego estrutural, a
precarização do trabalho, o desmonte da previdência pública, o sucateamento da
saúde e da educação, assim como também a Política de Saúde que foi sugerida na
década de 1980, que tem sido descontruída, ou seja, várias questões comprometem
o avanço do SUS como política Social, destacando principalmente o desrespeito aos
princípios e diretrizes do SUS.
No governo de Fernando Collor de Mello, teve como principal característica a
crise econômica que culminou na redução de recursos federais para a saúde, no
entanto ele criou o Programa dos Agentes Comunitário de Saúde (PACS),
promulgou a Lei Orgânica, e implantou a Norma Operacional Básica-1991, e após
retardar por algum tempo, realizou a 9ª Conferência de Saúde.
Já Itamar Franco em seu governo enfrentou a crise financeira na Seguridade
Social, em que se instalou uma disputa entre a saúde e a previdência, contudo
houve um progresso no que diz respeito à municipalização a partir da Norma
Operacional Básica-1993, e a criação do PSF, em 1994.
Com Fernando Henrique Cardoso, assumindo o governo em 1995, ocorreu
uma intensificação do modelo neoliberal ligado à ideologia da globalização e da
diminuição do “tamanho do Estado”. A crise no setor saúde se expandiu de tal forma
18

que era visível à incapacidade de o governo remunerar adequadamente os


prestadores de serviços médicos, fazendo com que esses cobrassem seus
atendimentos por fora. Ainda em seu governo, Fernando Henrique Cardoso
aumentou as privatizações das empresas estatais como a Companhia Vale do Rio
Doce e estabeleceu a reforma previdenciária, administrativa e tributária usando a
ideia de um “Estado mínimo”. Na área da saúde, além da crise já citada, os hospitais
não dispunham de leitos suficientes para a população, os hospitais filantrópicos
optaram por criar planos próprios de saúde, ou seja, houve uma redução
considerável dos números de leitos disponíveis para o SUS.
A elegibilidade de Luís Inácio Lula da Silva foi sem dúvida um marco na
história da política brasileira, tendo em vista que pela primeira vez na história do país
foi eleito um representante da classe operária, tal acontecimento se deu através da
resposta da população brasileira contra o Projeto Neoliberal que vinha se
desenvolvendo desde o inicio da década de 1990. Com tudo Silva (2011, p. 126)
expõe que,

[...] pode-se afirmar que as propostas e reformas defendidas pelo governo


Lula após seu primeiro governo dão sequencia a contrarreforma do Estado
iniciada na gestão de Fernando Henrique Cardoso (FHC), uma vez que
encolheu o espaço público democrático dos direitos sociais e ampliou o
espaço privado- não só nas atividades econômicas, mas também no campo
dos direitos sociais conquistados.

O governo Lula ao invés de fortalecer os conselhos de saúde deliberativos já


existentes, defendeu propostas que visavam à terceirização dos trabalhadores da
saúde, o nascimento de Fundações Estatais de Direito Privado e a desintegração e
a redução do controle social. Apesar de o governo não atender as expectativas
depositadas pela sociedade brasileira, mesmo sem analisar os assuntos do
financiamento e da força de trabalho do SUS, o governo conseguiu expandir o
Programa Saúde da Família (PSF), criou o Núcleo de Apoio à Saúde da Família
(NSF), e o Serviço de Atendimento Móvel (SAMU), desenvolveu a Reforma
Psiquiátrica, também foram desenvolvidas politicas nacionais de saúde bucal,
atenção básica, promoção da saúde, realizou algumas conferências temáticas e as
XII e XIII Conferências Nacionais de Saúde.
Dilma Vana Rousseff eleita em 2010 defendeu em seu governo o
fortalecimento do SUS, a qualidade dos serviços, a garantia do acesso universal e a
19

atenção básica. No entanto, continuou mantendo as parcerias junto ao setor privado


enfatizando o crescimento da terceirização e consequentemente a precarização da
área de saúde.
Em seu governo, Dilma Rousseff, criou programas voltados para a saúde da
mulher e da criança, como o Programa Rede Cegonha, que abrange os cuidados
desde a gestação até os primeiros anos da criança. O governo priorizou a
prevenção, reabilitação e cuidados às mulheres acometidas pelo câncer de mama
ou do colo do útero, implantou Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas em
todo o Brasil; o programa Aqui Tem Farmácia Popular, e em parceria com o
Ministério da Saúde políticas de enfrentamento às drogas (SILVA, 2012).
Como podemos ver a política de saúde desde a implantação do SUS se
desenvolveu de maneira degradante sob o comando dos então presidentes da
república. Apesar dos avanços adquiridos com a implantação do SUS, esses não
vêm acontecendo de forma consensual, visto que o cenário brasileiro ainda
configurava-se em um confronto entre dois projetos antagônicos: o projeto de
reforma sanitária citado anteriormente e o projeto privatista, este último orientado
pela perspectiva do ajuste neoliberal5, tido como defensor do modelo médico-
assistencial privatista.
E é nesse cenário, que nasce o Programa Saúde da Família (PSF),
posteriormente nomeado por Estratégia Saúde da Família (ESF), e o Núcleo de
Apoio à Saúde da Família (NASF), ambos de suma importância para o setor saúde
brasileiro, mas que serão expostos a seguir.

3 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) E O NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE


NA FAMÍLIA (NASF)

Neste conflituoso cenário em que o SUS foi implantado, o Ministério da


Saúde (MS) em 1994, adota o Programa Saúde da Família (PSF), posteriormente
nomeado por Estratégia Saúde da Família (ESF), que tem o objetivo de reorganizar

5
O neoliberalismo apregoa o redirecionamento do papel do Estado, o que deve ser através da
contenção de gastos, da descentralização dos serviços em nível local e da descentralização dos
serviços em nível local e da focalização das politicas sociais para atender as populações mais
vulnerais através de “pacotes básicos”, aprofundando o processo de mercantilização de tais politicas,
inclusive a da saúde (VASCONCELOS; CARNEIRO, 2011).
20

a atenção à saúde a partir da atenção básica, colocando-se como “porta de entrada


do SUS”, deixando de lado a medicina curativa e passando atuar na integralidade do
individuo, assim como também “a família e o seu espaço social como núcleo básico
de abordagem no atendimento à saúde” (BRASIL, 1997).
Antes da implantação do PSF, o Ministério da Saúde (MS) já havia introduzido
principalmente na região nordeste, Agentes Comunitários de Saúde (ACS), a fim de
amenizar problemas que congestionavam o sistema de saúde da população
brasileira. Naquele momento percebendo o sucesso e a então capacidade dos ACS
com suas medidas preventivas, tal experiência levou o MS a criar o Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (PACS) (VASCONCLEOS E SCHMALLER, 2011).
Araújo (2005 apud MAGALHÃES 2011, p. 20-21) destaca que;

[...] foi inspirado em experiências anteriores para prevenção de doenças


através de informações e orientações sobre o cuidado de saúde a grupos
de riscos que o MS iniciou em 1991 a implantação do PACS, hoje
compreendido como estratégia transitória para o PSF.

O PACS tinha como finalidade contribuir na diminuição do grande número de


mortalidade tanto infantil quanto materna na região nordeste, passando a cooperar
significativamente na valorização do saber popular, o que levou a uma aproximação
entre indivíduo, família e Unidade Básica Saúde da Família (UBSF).
Com o desejo de dar continuidade a esse processo Souza (2000 apud
MAGALHÃES 2011, p.21) diz que;

O Ministério da Saúde lança, no início 1994, O Programa Saúde da Família,


que valoriza os princípios de territorialização, da vinculação com a
população, de garantia de integralidade na atenção, de trabalho em equipe
com enfoque multidisciplinar, de ênfase na promoção da saúde com
fortalecimento das ações Intersetoriais e de estímulo à participação da
comunidade, entre outros.

O PSF nasce privilegiando ações preventivas, de promoção e recuperação da


saúde, tendo como suporte o atendimento familiar de maneira geral, ou seja,
abrangendo a todos os membros da família. Objetiva reorganizar a prática da saúde
sobre novas bases substituindo o modelo tradicional, gerando uma população com
melhor qualidade de vida (MIRANDA, 2008). O PSF em 1996 deixa de ser visto
como um programa e passa a ser uma estratégia que vai modificar a saúde baseada
21

numa nova dinâmica de atuação. A Estratégia Saúde da Família (ESF), conforme o


Ministério da Saúde (2004 apud MIRANDA 2008, p. 34) é;

[...] entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial,


operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em
unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo
acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma
área geográfica delimitada [...] A responsabilidade pelo acompanhamento
das famílias coloca para as equipes saúde da família a necessidade de
ultrapassar os limites definidos para a atenção básica no Brasil.

A ESF proporciona o revigoramento da atenção básica para garantir o acesso


da população aos serviços de saúde, visto que este é um direito dado à população
brasileira com suas características específicas, demandando o estabelecimento de
uma política propícia à realidade de cada localidade.
Quanto à equipe multiprofissional, atualmente é composta, segundo a
(Portaria 958, 2016, p.1) por;

[...] no mínimo, médico generalista ou especialista em Saúde da Família ou


médico de Família e Comunidade, enfermeiro generalista ou especialista
em Saúde da Família, auxiliar ou técnico de enfermagem podendo
acrescentar a esta composição, como parte da equipe multiprofissional, os
profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista
em Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em saúde bucal. A esta
composição deverão ser acrescidos, como parte da equipe multiprofissional:
agente comunitário de saúde e/ou técnico de enfermagem totalizando a
soma de cargas horárias de 80 (oitenta) até 240 (duzentas e quarenta)
horas semanais.

Cada equipe da saúde da família é responsável por no máximo 4.000


pessoas, sendo que a média recomendada é de 3.000 pessoas, respeitando critérios
de equidade para essa definição, também é recomendável que o número de
pessoas por equipe respeite o grau de vulnerabilidade das famílias daquele território,
onde quanto maior o grau de vulnerabilidade menor deverá ser a quantidade de
pessoas por equipe.
Franco e Merhy (2006 apud SILVA 2014, p. 25) apontam em sua discussão
que a ESF precisa ser reciclada para incorporar “potência transformadora”, e que a
maneira como a ESF está estruturada não é um efetivo dispositivo de mudança. Ou
seja, apenas a implantação da ESF não é garantia de que o modelo assistencial seja
22

modificado e reorganizado, mas provavelmente gera reflexão a cerca das


transformações necessárias na forma de agir e programar ações e serviços.
As equipes da ESF fazem um grande esforço para que se efetive dentro das
Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) a estratégia que é sugerida pelo MS
em suas práticas diárias e em seu processo de trabalho, cheio de limites e
fragilidades, dentre os limites podemos destacar a fragmentação do trabalho, que
por sua vez vem impedindo o movimento de reorientação que a ESF deveria
provocar no modelo de atenção à saúde (SILVA 2014).
Pensando na superação da lógica de um trabalho fragmentado com atributos
do modelo tradicional direcionado a corresponsabilização e gestão junto ao cuidado,
nasce a proposta do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). O NASF foi
criado em 24 de janeiro de 2008 pelo Ministério da Saúde, mediante a Portaria GM
de nº154, tendo por objetivo segundo Brasil (2010, p. 10);

[...] apoiar a inserção da Estratégia de Saúde da Família na rede de


serviços, além de ampliar a abrangência e o escopo das ações da Atenção
Básica, e aumentar a resolutividade dela, reforçando os processos de
territorialização e regionalização em saúde.

O NASF é uma estratégia que veio para inovar, almejando ampliar e


aperfeiçoar a atenção e a gestão da saúde na Atenção Básica. Tem por requisito o
conhecimento técnico, a responsabilidade por um dado número de equipes de
Saúde da Família (SF) e também o desenvolvimento de aptidões de acordo com as
regras desse programa. Deve estar empenhado em desenvolver ações
interdisciplinares, intersetoriais, na promoção e na prevenção, e reabilitação da
saúde e cura, além da humanização dos serviços, educação permanente, promoção
da integralidade e da organização dos serviços de saúde (BRASIL, 2010).
O NASF pauta-se, segundo Campos (1999 apud MARTINIANO, 2010. p.03);

[...] no modelo teórico de Apoio Matricial, para assessorar as equipes de


saúde da família com conhecimentos especializados, oferecendo
retaguarda assistencial e suporte técnico-pedagógico, sem assumir a
referência do cuidado. Para esse autor a equipe de saúde da família é a
referência do cuidado para o sujeito, mesmo quando este é encaminhado
para um nível diferenciado de assistência. A equipe de apoio matricial não
assume esta referência, nem se caracteriza como um segundo nível de
atenção para o qual o usuário possa ser encaminhado.
23

Diferentemente da ESF, o NASF não se constitui porta de entrada do sistema


para os usuários e sim um apoio às equipes de SF, apoio esse configurado a partir
de um suporte técnico-pedagógico e assistencial aos profissionais de saúde. Dentre
as ferramentas usadas na organização do processo de trabalho, podemos destacar
o apoio matricial6. As equipes têm por escopo, apoiar, expandir e qualificar o
processo de produção do cuidado, e devem ser compostas por profissionais com
determinadas particularidades da área de saúde, variando de acordo com cada caso
específico, ou seja, abarcando as possibilidades de clínica ampliada, onde a equipe
busque acompanhar as atividades de suas equipes de referência, cuidando de
maneira integral dos sujeitos e grupos. Quanto à equipe NASF, esta se constitui
conforme Brasil (2010) por;

[...] profissionais de diferentes áreas de conhecimento que atuam em


conjunto com os profissionais das equipes de Saúde da Família,
compartilhando e apoiando as práticas em saúde nos territórios sob a
responsabilidade das equipes de SF. Tal composição deve ser definida
pelos próprios gestores municipais e as equipes de SF, mediante critérios
de prioridades identificadas a partir das necessidades locais e da
disponibilidade de profissionais de cada uma das diferentes ocupações.

Nos termos da portaria nº 154, há duas modalidades de NASF, o NASF 1


constituído por no mínimo cinco profissionais que são: psicólogo, assistente social,
farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, ginecologista, educador físico,
homeopata, nutricionista, acupunturista, pediatra, psiquiatra e terapeuta ocupacional,
em que cada um desses deve estar vinculado a no mínimo oito e no máximo nove
equipes de SF, com exceção dos estados da região Norte, na qual o número mínimo
é de cinco . Já o NASF 2 deve dispor de no mínimo três profissionais como:
psicólogo, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, educador

6
O apoio matricial (NASF) e a equipe de referência (equipes básicas) são arranjos organizacionais
para gerir o trabalho em saúde, com o intuito de ampliar as possibilidades de realizar-se clínica
ampliada, a partir da integração entre diferentes núcleos de especialidades (CAMPOS, 2007). Além
disso, o NASF deve fortalecer a responsabilização compartilhada e continuada das ESF, para tanto,
seus trabalhadores devem possibilitar uma revisão e qualificação dos encaminhamentos na rede de
saúde, a partir do fortalecimento da capacidade resolutiva dos profissionais da atenção básica
(SAMPAIO, 2013).
Através da portaria nº 3.124, de 28 de dezembro de 2012, ocorre uma redefinição dos parâmetros da
vinculação entre as modalidades 1 e 2 do NASF e a ESF, como também há a criação da modalidade
NASF tipo 3. As distinções entre as modalidades estão relacionadas à carga horária dos profissionais
das equipes e à quantidade de equipes de SF cobertas por cada núcleo. Para maiores informações,
cf. Brasil (2012).
24

físico, nutricionista e terapeuta ocupacional e se vincular no mínimo a três, e no


máximo quatro equipes de SF (BRASIL, 2010).
De acordo com Campos, Dominit (2007 apud MARTINIANO; SAMPAIO E
SILVEIRA, 2013, p. 9) em relação às diretrizes;

[...] as equipes NASF devem estar comprometidas com o aperfeiçoamento


das práticas desenvolvidas pela ESF, atuando de maneira interdisciplinar e
intersetorial, de forma que cada profissional de saúde possa contribuir na
resolutividade das problemáticas apresentadas pela população usuária.

O NASF deve agir conforme algumas diretrizes relativas à APS como aponta
o MS (BRASIL, 2010, p.7) tais como;

[...] ação interdisciplinar e intersetorial, educação permanente em saúde dos


profissionais e da população, desenvolvimento da noção de território.
Integralidade, participação social, educação popular, promoção da saúde e
humanização.

A organização dos processos de trabalho do NASF deve priorizar o


atendimento compartilhado e interdisciplinar, trocando saberes, capacitações e
reponsabilidades, a fim de promover experiências para os profissionais a partir de
metodologias como: as ações em clínicas compartilhadas, junto à interversão
interdisciplinar com destaque para estudos e discussões de casos e situações,
projetos terapêuticos, atendimento e orientações simultâneas; intervenções
específicas do profissional do NASF com o usuário/família, em que o atendimento
individual ou direto acontece apenas em situações de extrema necessidade, e ações
compartilhadas, estas devem ser realizadas com as equipes da ESF, a partir de
reuniões, apoio aos grupos, ações em escolas e creches, entre outros (SILVA,
2014).
Quanto às atividades que são realizadas pelo NASF, elas são escolhidas
pela equipe NASF e pela ESF, de maneira que sejam definidas e detalhadas em
função partilhada com diretrizes clínicas e de avaliações devendo ser um processo
dinâmico entre as equipes NASF e ESF, no entanto, na prática, isso não acontece e
essas equipes enfrentam algumas dificuldades principalmente quanto à falta de
planejamento dos profissionais para o trabalho desenvolvido em conjunto, assim
como a falta de interação entre as equipes, ressaltando muitas das vezes uma
25

individualização das atividades, o que dificulta de certa forma os objetivos das


tarefas que esses profissionais buscam alcançar.
Outro fator importante que merece ser destacado diz respeito ao apoio
técnico-pedagógico, tido como reestruturante das práticas da atenção básica e que
se dá a partir do perfil profissional na área de saúde, e a educação permanente se
dá segundo Ceccim (2005, p. 161) como um:

“processo educativo que coloca o cotidiano do trabalho em saúde em


análise, possibilitando espaços coletivos para reflexão e avaliação das
ações das unidades”.

A educação permanente em saúde se coloca na particularidade dos


processos de trabalho das produções de cuidado, incluído dessa forma
mecanismos, espaços e temas que forneçam a problematização das práticas de
saúde. Conforme Martiniano, Sampaio E Silveira (2013, p. 378);

Nessa direção, o apoio matricial permite desencadear processos de


educação permanente em saúde, ao proporcionar a produção de novos
conhecimentos em ato e ao operar a gestão coletiva dos processos de
cuidado, na qual os diferentes segmentos sociais contribuam na formação
de uma clinica mais comprometida e participativa, além de potencializar as
ações terapêuticas, possibilitando a reorientação do processo de trabalho
em equipe interdisciplinar.

Quanto à educação em saúde e a sua importância no contexto da prevenção


em saúde trataremos a seguir.

4 EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO CONTEXTO BRASILEIRO

As primeiras práticas de educação em saúde no Brasil se deram entre o final


do século XIX e início do século XX, em virtude do controle dos surtos epidêmicos,
que por trazerem prejuízos para a economia, tais práticas eram direcionadas
principalmente para as classes subalternas e tinham por características serem
autoritárias que impunham regras e medidas de saneamento e urbanização com
respaldo cientifico. Estas técnicas eram norteadas por um discurso biologicista, que
minimizava o estabelecimento do processo saúde-doença ao individuo e não ao seu
26

cotidiano, ou seja, os problemas de saúde eram de responsabilidade do individuo


assim a mudança de comportamento resolveria os problemas, este discurso se
alastrou durante décadas como orientação das práticas educativas (ALVES, 2005).
Foi a partir da década de 1940 que começaram a surgir algumas
transformações no âmbito da educação em saúde, porém os sujeitos até então eram
vistos como culpados por suas doenças. Já no início da década de 1960 com a
chegada da Medicina Curativa, verificou-se um maior chamamento da população
para participar de forma mais ativa na solução dos problemas de saúde por eles
vivenciados. No entanto, por trás dessa convocação estava disfarçado o mesmo
discurso da culpabilização do indivíduo, mas dessa vez a culpa que era pessoal
toma uma proporção maior e chega à comunidade, que se torna responsável pelas
soluções dos problemas de saúde a partir da conscientização, não sendo levados
em consideração os determinantes sociais (ALVES, 2011).
Durante o período militar a educação em saúde continuou sem
expressividade, visto que os espaços eram limitados para sua execução. Nesse
momento a educação em saúde restringia-se ao controle dos indivíduos, e isso
instigou a população a certa resistência e descontentamento que culminou em
movimentos sociais que agruparam várias camadas da população. Nesse contexto,
a população se engajou na luta por um novo projeto de saúde, mais precisamente o
projeto de Reforma Sanitária Brasileira, já explicitada anteriormente.
No final da década de 1970 e início dos anos 1980, a educação em saúde era
usada para diminuir a falta de conhecimento da população em relação às causas
das doenças, deixando de lado a cultura do povo. As ações educativas limitavam-se
aos problemas de higiene, contraindo um caráter individualista e autoritário. No
entanto, desde o início da década de 1980 essas ações vêm sendo repensadas pela
Divisão Nacional de Saúde Pública do Ministério da Saúde (DNSP/MS), que buscou
reorientar as ações educativas com incentivos ao trabalho participativo, com
estratégias que auxiliem os diversos grupos sociais a compreender suas situações
de vida para que possam após essa reflexão transformá-la, por tanto vale ressaltar a
importância do papel desempenhado pelo profissional da área de saúde, elemento
essencial no processo de aprendizagem a partir de uma visão mundo estimulando o
modo de vida dos grupos populacionais (ALVES E AERTES, 2011).
Quanto aos procedimentos, os mais utilizados eram as palestras, que eram
geralmente preparadas com temas pré-determinados pelos profissionais da saúde
27

sem uma prévia pesquisa quanto às necessidades da população; as palestras


muitas vezes carregavam a ideia de que a doença se dava a partir da falta de
cuidado do individuo consigo mesmo, ou seja, culpabilizando-o por seus problemas.
Nesse sentido, a palestra se restringia a uma simples transmissão de conteúdos
descontextualizados e acríticos, tal prática acabava caracterizando-se como um
procedimento meramente narrativo, em que não havia uma troca de conhecimentos.
Essa forma de culpababilizar e de domesticar o indivíduo ocasionou críticas,
levando o assunto a ser tema da X Conferência Nacional de Saúde em 1996. Alves
e Aerts (2001, p. 320) destacam que;

[...] As propostas formuladas enfatizaram a importância da formação dos


trabalhadores da saúde orientada pelos problemas e necessidades sociais
em saúde da população e pela mudança das relações entre profissionais e
usuários, buscando o diálogo permanente com todas as formas de
conhecimento, em especial com a cultura popular. No entanto, a grande
dificuldade encontrada pelas equipes de saúde é que ao trabalharem em
um modelo de atenção pautado em práticas curativas e hospitalocêntricas,
com ênfase no atendimento médico e na visão biologicista da doença,
condicionam sua prática educativa a ações que visam apenas modificar
comportamentos inadequados. Ela é centrada na prescrição de tratamentos,
condutas e mudanças de comportamento, e a ação pedagógica privilegia a
simples transmissão de conhecimentos pontuais.

Hoje a educação em saúde é vista como um universo de procedimentos aptos


para promover mudanças e assim auxiliar as pessoas a utilizarem os serviços de
saúde e fomentar sua qualidade de vida, transformando-se em sujeitos não apenas
saudáveis, mas também questionadores e autônomos, com potencialidades para
caminharem para todos os âmbitos de seu cotidiano. Portanto, a educação em
saúde centra-se nos problemas diários, nas experiências vivenciadas pelos
indivíduos e grupos sociais e na observação e compreensão das diferentes
realidades. Nesse sentido, ela passa a ser vista como uma ação capaz de ampliar a
reflexão e a consciência crítica das pessoas sobre as causas de seus problemas de
saúde, privilegiando o desencadeamento do diálogo, de maneira que se passe a
trabalhar com as pessoas e não apenas para elas (DIAS et al, 2013).
A atuação profissional na educação em saúde dar-se principalmente ao
colaborar com a conscientização do indivíduo e da coletividade sobre seus direitos e
deveres no que diz respeito a sua saúde. A relação entre equipe de saúde e o
usuário formam uma aprendizagem recíproca, fazendo com que a população supere
28

situações de vulnerabilidade para com sua saúde, devendo os profissionais sempre


ter consciência sobre as diferentes culturas, promovendo uma educação mais
humanizada para a formação do homem em sua totalidade. Wenzel E Cunha (2009,
p. 34) dizem que;

A cultura das pessoas, suas expectativas de vida juntamente com o


educador e seus conhecimentos, fará com que esses se mobilizem, para
juntos batalharem por uma saúde melhor. As coisas materiais o dinheiro
pode comprar, mas a cultura de um povo é um pouco mais complicada de
modificar, deve-se trabalhar em cima disto, influenciando a todos a terem
uma ambição por uma qualidade de vida melhor.

Um dos profissionais que muito tem contribuído para essa prática é o


assistente social juntamente com os demais profissionais da área da saúde, mas
quanto ao assistente social, falaremos no tópico a seguir.

5 O SERVIÇO SOCIAL NO NASF

A área de saúde é uma das que mais absorve Assistentes Sociais no Brasil,
configurando-se como um dos campos mais antigos em que o Serviço Social foi
implantado. Inicialmente o serviço social atuou na área, sob a orientação da
Associação Americana de Assistência Médico-Social, em que era focada a
dimensão individual dos sujeitos, ou seja, o ajustamento destes ao tratamento
(XAVIER et al, 2014).
Com as mudanças ocorridas na política de saúde a partir da criação do SUS,
os profissionais de Serviço Social passaram a adquirir maior visibilidade na área,
sendo solicitados para prestarem serviços em Hospitais, Unidades de Saúde,
sistemas públicos estaduais e municipais, bem como para exercerem cargos de
supervisão, coordenação e direção de programas e serviços. Tais mudanças
ocorreram tanto por conta da ampliação do conceito de saúde, decorrente do
Movimento de Reforma Sanitária, quanto pelo fortalecimento do novo projeto ético-
político da categoria.
Na contemporaneidade, um dos fatores que vem contribuindo para a
ampliação da inserção dos assistentes sociais na área da saúde é a
descentralização da política de saúde, a partir da qual os municípios teriam a
29

responsabilidade de contratar novos profissionais, estando o assistente social entre


os diversos profissionais necessários para a área. Vale ressaltar que tal notoriedade
se deu partir da Constituição de 1988, momento em que os profissionais de Serviço
Social passaram a ser vistos como importantes nas equipes de saúde, por terem
uma formação mais humanizada. Dentre as equipes de saúde em que os
Assistentes Sociais estão inseridos vamos destacar o NASF que desde a sua
implantação em 2008, tem referenciado pelo MS a importância do profissional de
serviço social para seu processo de trabalho.
O Serviço Social no NASF age sobre as várias expressões da questão social,
de modo que esse trabalho é feito de maneira interdisciplinar, ou seja, o Assistente
Social juntamente com os demais profissionais procuram orientar-se no sentido de
entender, intervir e planejar projetos sociais e terapêuticos que vão além da
dimensão biomédica (CORREIA, 2014).
A área de atuação do Assistente Social encontra-se junto à comunidade, às
famílias, os indivíduos, assim como também seus equipamentos sociais e as
representações do poder local. O contato direto com esse território facilitará a
compreensão dos motivos no processo saúde/doença, pois terá uma proximidade
com a realidade local.
O processo de trabalho do Assistente Social no NASF tem objetivos variados
e que devem se dá a partir das várias realidades onde as práticas acontecem, como
exemplos podemos destacar: o desenvolvimento de ações que possibilitem garantir
a escuta e acolhida do usuário de forma qualificada; incentivar o fortalecimento da
autonomia do usuário; impulsionar a participação dos usuários nos fóruns de
discussão e deliberação; pesquisar sobre a população assim como também a área
de atuação (BRASIL, 2010). Quanto às ações do Assistente Social no NASF
podemos destacar algumas, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010, p. 91)
que são;

[...] Estimular e acompanhar o desenvolvimento de trabalhos de caráter


comunitário em conjunto com as equipes de SF; discutir e refletir
permanentemente com as equipes de SF a realidade social e as formas de
organização social dos territórios, desenvolvendo estratégias de como lidar
com suas adversidades e potencialidades; atenção às famílias de forma
integral, em conjunto com as equipes de SF, estimulando a reflexão sobre o
conhecimento dessas famílias, como espaços de desenvolvimento
individual e grupal, sua dinâmica e crises potenciais; discutir e realizar
visitas domiciliares com as equipes de SF, desenvolvendo técnicas para
qualificar essa ação de saúde; desenvolver junto com os profissionais das
30

equipes de SF estratégias para identificar e abordar problemas vinculados à


violência, ao abuso de álcool e a outras drogas; no âmbito do serviço social,
identificar e buscar as condições necessárias para a atenção domiciliar.

De acordo com o que foi exposto, percebe-se que na organização do


processo de trabalho em Saúde da Família, dentro dos objetivos do Serviço Social,
devemos citar algumas estratégias metodológicas que são utilizadas de acordo com
as demandas que são postas para cada realidade, de maneira crítica e reflexiva.
São estas: abordagem grupal, familiar, individual e de rede social; visita domiciliar;
grupos educativos e/ou de convivência; visitas institucionais; estudo social;
aperfeiçoamento, formação e produção de conhecimentos; intervenção coletiva e
planejamento e gestão (BRASIL, 2010).
Podemos então compreender que a atuação do Assistente Social no NASF é
essencial, pois esse profissional tem a capacidade de perceber o sujeito em sua
totalidade, ou seja, não enxergando apenas os aspectos clínicos dos usuários, e
assim busca artifícios que sejam capazes de garantir o direito a saúde para
promover a cidadania do sujeito (CORREIA, 2014).
O Assistente Social no NASF desempenha várias atribuições, como:
atendimentos individuais, visitas domiciliares e atividades socioeducativas. Quanto a
esta última, as atribuições que são voltadas para a educação em saúde, devem ser
feitas com frequência junto às escolas, às creches e na própria UBSF, através de
rodas de conversas, e palestras com a população.
De acordo com os Parâmetros de Atuação dos Assistentes Sociais (CFESS,
2010, p. 55), as ações socioeducativas e/ou educação em saúde:

Não devem pautar-se pelo fornecimento de informações e/ou


esclarecimentos que levem a simples adesão do usuário, reforçando a
perspectiva de subalternização e controle dos mesmos. Devem ter como
intencionalidade a dimensão da libertação na construção de uma nova
cultura e enfatizar a participação dos usuários no conhecimento crítico da
sua realidade e potencializar os sujeitos para a construção de estratégias
coletivas.

Essas ações têm por objetivo socializar informações de prevenção e assim


como também incentivar as pessoas para que possam ver e ouvir as coisas de
forma mais crítica. Dentre as questões que são abordadas pelos profissionais do
NASF, podemos citar: os direitos sociais; direitos da criança e do adolescente;
31

direitos das gestantes; doenças sexualmente transmissíveis; álcool; drogas;


violência sexual; cultura de paz e direitos humanos, entre outras.
Diante da atual conjuntura o Serviço Social, no NASF, depara-se
constantemente com vários obstáculos que são postos para materialização do seu
trabalho. De maneira geral, os desafios que se destacam dizem respeito à
infraestrutura do NASF, o qual na maioria das vezes não possui espaço próprio,
cabendo a Secretária de Saúde concedê-lo dentro das instalações das UBS, pois
bem sabemos que as unidades de saúde na maioria dos casos não disponibilizam
de espaço suficiente para prestarem os serviços mais básicos, nesse sentido o
trabalho não só do Assistente Social, mas também dos demais profissionais ficam
limitados e prejudicados por não possuírem uma estrutura física e nem material para
desenvolvimento do trabalho dos profissionais (CORREIA, 2014). Outro desafio que
vale ser ressaltado é a precarização do trabalho nessas instituições, em que na
maioria das vezes os profissionais são contratados através de contratos temporários
gerando uma instabilidade na prestação dos serviços, o que acaba acarretando uma
rotatividade dos profissionais e assim deixando as equipes incompletas e o trabalho
da instituição fragilizado e sem credibilidade (MEDEIROS, 2012).
Como parte deste artigo trataremos a seguir de como se dá a configuração do
NASF em Queimadas/PB.

6 EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO NO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA


(NASF) DE QUEIMADAS-PB

Como já citado anteriormente, o Núcleo de Apoio a Saúde da Família é um


marco recente na história da atenção básica brasileira, sendo criado a partir de
2008, através da Portaria GM nº 154 de 24 de janeiro de 2008, com o objetivo de
prestar apoio às equipes da Estratégia de Saúde da Família e estender “a
abrangência, a resolutividade, a territorialização, a regionalização, bem como
ampliação das ações de atenção primária de saúde no Brasil”. (BRASIL, 2009).
Portanto, é através desta portaria que fica estabelecido que o apoio às
equipes da Estratégia de Saúde da Família será realizado por uma equipe de
profissionais de diversas áreas, em unidades que poderão ser caracterizadas como
NASF 1 e NASF 2 (ambos explicados anteriormente no tópico 3 deste artigo).
32

É a partir da citada portaria que o NASF é implantado no município de


Queimadas. PB, no ano de 2009, tendo como principal objetivo dar suporte e/ou
auxiliar a inserção da ESF na rede de serviços, além de ampliar a abrangência e o
escopo das ações da Atenção Básica, e aumentar a resolutividade dela, reforçando
os processos de territorialização e regionalização em saúde.
A sede do NASF Queimadas. PB localiza-se na Avenida Severino Cabral, s/n,
no centro da cidade, tendo seu funcionamento da segunda-feira à sexta-feira, das
07h00min, às 15h00min horas.
Quanto a sua estrutura física, esta sede dispõe de: uma (01) sala de espera,
uma (01) recepção, três (03) consultórios, uma (01) sala multifuncional, uma (01)
brinquedoteca, uma (01) copa e três (03) banheiros, espaço este considerado
insuficiente tendo em vista que atuam neste local duas (02) modalidades de NASF, o
NASF Tataguaçu de modalidade 1 e o NASF Pedra do Touro de modalidade 2. Em
conjunto esses dois NASF’s possuem dezessete profissionais que são distribuídos
da seguinte forma:
NASF Tataguaçu: uma (01) Acupunturista, uma (01) Assistente Social, duas
(02) Fisioterapeutas, uma (01) Fonoaudióloga, uma (01) Nutricionista e uma (01)
Psicóloga.
NASF Pedra do Touro: uma (01) Acupunturista, uma (01) Assistente Social,
um (01) Educador Físico e dois (02) Fisioterapeutas.
Existem profissionais em comum as duas (02) equipes: um (01) Auxiliar de
Serviços Gerais, uma (01) Copeira, um (01) Motorista, uma (01) Recepcionista e um
(01) Vigilante.
Os dois Núcleos são responsáveis pelo apoio matricial à dezessete Unidades
Básicas de Saúde da Família (UBSF) existentes no município, sendo divididas por
áreas, explicitadas a seguir:
UBSF- NASF Tataguaçu: Aníbal Teixeira, Barracão, Centro, Campinas,
Malhada Grande, Olho d’água, Riacho do Meio e Vila.
UBSF- NASF Pedra do Touro: Baixa Verde, Castanho, Guritiba, Ligeiro I,
Ligeiro II, Lutador, Rua Nova, Zé Velho e Zumbi.
Como se percebe, o número de equipes básicas por NASF está no limite do
que é preconizado pelo MS através da Portaria Nº 3.124 (máximo de 09 equipes por
NASF), dificultando o processo de trabalho das equipes que compõe os Núcleos.
33

Para a consecução dos objetivos, esses NASF’s contam com a atuação de


duas profissionais de serviço social: a Assistente Social do NASF Tataguaçu,
Bacharel em Serviço Social pela UEPB, desde 2005. Especialista em Políticas em
Serviço Social e Assistência Social (2011) pela FURNE e Especialista em Saúde da
Família pela UEPB. Inserida no NASF/Queimadas desde Fevereiro de 2013, com
vínculo empregatício regido por concurso público; e a Assistente Social do NASF
Pedra do Touro, Bacharel em Serviço Social pela UEPB, desde 2008. Especialista
em Políticas Públicas em Serviço Social e Assistência Social (2011) pela FURNE e
Especialista em Gestão Pública Municipal (2012) pela UFPB. Inserida no
NASF/Queimadas desde Janeiro de 2013, com vínculo empregatício regido por
contrato de tempo determinado.
Em seu exercício profissional, as assistentes sociais se utilizam da fala,
entrevista, relatório social, visita domiciliar, laudo social, parecer social e reunião
como instrumentos e técnicas para uma melhor atuação. As profissionais trabalham
também com encaminhamentos de pacientes a outras instituições, como o CAPS,
CREAS, Ministério Público, Conselho Tutelar, Curadoria e Conselho do Idoso, a fim
de resolver problemas dos usuários desse serviço.
As reuniões de planejamento com toda equipe são realizadas sempre que
possível. No entanto, constatamos que esses encontros com as equipes da ESF,
coordenação NASF e Atenção Básica vêm sendo escassas, minimizando as
possibilidades de resolutividade das demandas da estratégia e principalmente de
efetivação do matriciamento.
A competência profissional das assistentes sociais é desafiada diante das
dificuldades de entrosamento entre os profissionais que compõe as equipes NASF,
fato que persiste devido à grande demanda de trabalho e que vem ocasionando
principalmente a sobreposição do atendimento individual em detrimento de
atividades de planejamento e apoio técnico-pedagógico junto às equipes básicas.
Foi nessa realidade que se inseriu o nosso estágio supervisionado, obrigatório
do curso de Serviço Social da Universidade Estadual da Paraíba, no NASF Pedra do
Touro, realizado entre os meses de Abril de 2014 a Junho de 2015, com carga
horária de oito (08) horas semanais.
Quanto a nossa atuação enquanto estagiárias, nesse período foram
desenvolvidas atividades, tais como: acompanhamentos, visitas domiciliares,
participação em campanhas na prevenção contra o câncer de mama, prevenção
34

contra o câncer de próstata, palestras em Unidades Básicas de Saúde e demais


atividades socioeducativas, além do projeto de intervenção intitulado “Escola
Promotora de Saúde - uma Interferência Junto aos Estudantes da escola Judith
Barbosa de Paula Rêgo”.
Para finalizarmos nosso estágio, propomos como atividade o supracitado
projeto de intervenção, este foi realizado em uma escola do município, a Escola
Municipal Judith Barbosa de Paula Rêgo. A proposta deste projeto veio a partir de
algumas inquietações quanto à política de saúde materializada no município de
Queimadas. PB e se respalda em aspectos concretos observados ao longo de um
ano de estágio no NASF do referido município.
O projeto teve como objetivo geral “realizar ações socioeducativas em uma
escola do Município de Queimadas. PB, ligadas ao Programa Saúde na Escola,
através do projeto Escola promotora de saúde, tendo como foco a Educação em
Saúde”; a escolha pela escola partiu do interesse por trabalhar com adolescentes na
faixa etária entre 14 e 16 anos de idade, assim como, atender a uma instituição que
estivesse dentro do território de cobertura do NASF – Pedra do Touro.
Quanto à metodologia, optamos pela utilização de oficinas educativas 7 estas
que, de acordo com nossas observações proporcionaram maior absorção dos
conteúdos por parte dos estudantes, bem como, possibilitaram um debate fecundo
entre os mesmos e os profissionais que efetuaram as atividades (fisioterapeutas,
educadora física, psicóloga, assistente social, professor de Geografia e estagiárias
de Serviço Social).
Essa forma de abordagem nos possibilitou analisar a experiência, garantindo
o estabelecimento de uma relação direta entre profissionais e estudantes, retirando
deste contexto o que de fato apresentou-se como mais significativo, ou seja, os
desdobramentos e as contribuições que este trabalho trouxe para a realidade social
dos sujeitos envolvidos.
A turma escolhida para efetivarmos as oficinas foi o 9º Ano “D”- manhã, da
Escola Municipal Judith Barbosa de Paula Rêgo. Nessa turma com
aproximadamente trinta e cinco (35) alunos, a média geral de comparecimento às
oficinas foi de 86%, variando entre 73% e 95%. Observamos que grande parte
dos/as estudantes estava atentos/as aos temas em debate, bem como participavam

7
Conforme Chiesa e Westphal (1995) a oficina é um espaço de reflexão e discussão de vivências, “permitindo a
identificação de temas fundamentais para melhor compreender o problema em pauta” (p.20).
35

elucidando o que já haviam discutido em algumas disciplinas e trazendo dúvidas que


os inquietavam. Vale ressaltar que a escolha pela turma e pela faixa etária deu-se
principalmente pelo fato destes encontrar-se em um período da vida em que estão
mais vulneráveis, seja nos aspectos de saúde, da violência e da sexualidade, pois a
adolescência é um momento da vida que requer uma atenção maior por todos que
estão envolvidos nesse processo em que se deixa de ser criança para se tornar
adulto.
As oficinas desenvolveram-se na seguinte sequência:
Oficina 1 que teve por tema Práticas corporais e educação postural
desenvolvida em 07/05/2015, com o objetivo de conscientizar os adolescentes
quanto à má postura nessa fase e abordou também os tratamentos para a correção
da mesma. Os profissionais que desenvolveram essa oficina foram 2 (duas)
fisioterapeutas e 1 (uma) educadora física, com auxilio das estagiárias de serviço
social;
Oficina 2 - que teve por tema Tabagismo, álcool e drogas na adolescência e
aconteceu em 14/05/2015. Essa pretendeu conscientizar os adolescentes sobre os
males que o uso dessas drogas podem causar à saúde e à sociedade. Essa oficina
foi ministrada por 1 (uma) psicóloga com auxilio das estagiárias de serviço social;
Oficina 3 - que por tema Paz na escola: violência e respeito às diferenças,
desenvolvida em 21/05/2015. Nessa foram abordados temas como: o que é
violência; os tipos de violência; a violência contra mulher, a diversidade de gênero,
os direitos sexuais e reprodutivos. Esta oficina contou com a participação de 1 (uma)
assistente social e 3 (três) estagiárias de serviço social;
Oficina 4 - que teve por tema Educação ambiental aconteceu em 28/05/2015,
buscou conscientizar os alunos sobre a não deterioração do meio ambiente, que se
dá pelo não planejamento da sociedade; o profissional que desenvolveu tal oficina
foi 1 (um) professor de geografia com auxilio das estagiárias de serviço social;
E por fim a oficina 5, que teve por tema; Sexualidade na adolescência,
ministrada mais uma vez por uma assistente social junto as estagiárias de serviço
social em 29/05/2015. Essa oficina abordou temas, como: DSTs, métodos
contraceptivos, a fim de chamar a atenção dos jovens para os problemas que essas
doenças podem causar e de que forma estes podem ser evitados.
Todas as oficinas apresentaram como técnicas de aprendizagem as
dinâmicas de grupo que, de acordo Amaral (2007, p.13), “... são muitas vezes
36

utilizadas para possibilitar a organização e a criatividade na produção do


conhecimento. Elas podem gerar um processo de aprendizagem mais coletivo e
mais rico.”. Algumas dessas dinâmicas foram executadas com grupo de dez (10) a
quinze (15) alunos (Práticas corporais e educação postural; Paz na escola:
violência e respeito às diferenças; Sexualidade na adolescência), e outras
envolveram toda a turma (Tabagismo, álcool e drogas na adolescência;
Educação ambiental).
A utilização de material audiovisual (apresentação de slides e vídeos) também
foi um recurso que esteve presente em todas as oficinas; priorizamos a exibição de
diversas imagens e alguns vídeos com potencial de impactar e, por vezes
descontrair o ambiente. Outros fatores de extrema relevância para o debate foram
às oficinas que conseguiram construir a ponte entre o que estava sendo
apresentado e a realidade dos/as estudantes. Quanto a esse aspecto, destacamos
as oficinas de “Tabagismo, álcool e drogas na adolescência” na qual a coordenadora
da atividade trouxe alguns dados do munícipio referente ao consumo e a
comercialização de drogas; a oficina de “Paz na escola: violência e respeito às
diferenças” que apresentou o caso de violência sexual ocorrido no município em
2012, e a oficina de “Educação Ambiental” que abordou na dinâmica as mudanças
ambientais advindas ao longo dos anos no município de Queimadas/PB.
Foram realizados dois questionários específicos nas oficinas de “Tabagismo,
álcool e drogas na adolescência” e na oficina “Paz na escola: violência e respeito às
diferenças”. Na oficina coordenada pela psicóloga, indagamos por meio de um
questionário “Quantos amigos do estudante ele acreditava fazer uso de algumas
drogas, lícitas e ilícitas”. Obtivemos como resultado um bom número de
adolescentes que, nas opções relacionadas ao uso de tabaco, do álcool e da
maconha expressaram ter conhecimento de que alguns de seus amigos faziam ou
fazem uso desses entorpecentes.
Na opção relacionada ao uso do cigarro, 42% dos estudantes responderam
conhecerem amigos que fazem uso dessa droga. Um dado preocupante, visto que
de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PENSE (2012), a
primeira experiência com o cigarro, geralmente, tende a ocorrer na adolescência e o
uso do tabaco nesta fase da vida pode desencadear a utilização de outras
substâncias, como o álcool e drogas ilícitas.
37

Ou seja, o fato desses adolescentes estarem em contado com um grupo de


amigos fumantes, pode levar ao interesse pela experimentação e até mesmo pelo
uso contínuo do tabaco que, de acordo com a OMS é uma substância determinante
no surgimento de doenças crônicas e é líder nas causas de mortes preveníeis no
mundo.
Quando questionados sobre o uso do álcool, constatamos que cerca de 38%
dos estudantes responderam conviver com amigos que consomem essa droga, dos
quais 34% se embriagam pelo menos uma vez na semana. Outro aspecto grave,
pois segundo Pene (2012) o consumo de bebida alcoólica quando introduzida na
fase da adolescência prejudica o desenvolvimento do cérebro, desencadeando
problemas de saúde na fase adulta, além de aumentar significativamente o risco de
se tornar consumidor em excesso ao longo da vida.
Por fim, indagamos se conheciam amigos que faziam/fazem uso da maconha,
e cerca de 34% dos/as estudantes responderam positivamente, o que é alarmante
dado que,

O uso intenso de cannabis, também conhecida por maconha, está


relacionado a uma série de problemas, incluindo comprometimento
cognitivo, baixo desempenho escolar, deterioração e abandono,
externalização de problemas, tais como a tomada de riscos, agressão e
delinquência e problemas de internalização, como depressão e ansiedade,
segundo a OMS (CURRIE et al., 2012 apud. IBGE, 2012).

Sobre o questionário realizado na oficina “Paz na escola: violência e respeito


às diferenças”, é importante destacar que de acordo com a OMS, podem ser
caracterizados quatro tipos de violência contra a criança e o adolescente: a física, a
sexual, a emocional ou psicológica e a negligência que, podem resultar em danos
gravíssimos para o desenvolvimento desses jovens. Esses tipos de violência, de
acordo com Mascarenhas et al. (2010 apud. PENSE, 2012, p. 67) “são, na maioria
das vezes, encobertos e revelam uma triste realidade: a família, da qual se espera a
proteção e o apoio, pode também ser fonte de risco”.
Quando questionados se já foram agredidos verbalmente por pais, parentes
colegas ou autoridades, 47% dos alunos assinalaram que “sim”, demonstrando a
necessidade de medidas educativas e preventivas em relação à violência e suas
várias expressões nos espaço sociais de convivência dos/as adolescentes.
38

Neste sentido, vale ressaltar que a escola pode se configurar como um


espaço onde os tipos de violência se reproduzem ou são combatidos e prevenidos.
Desse modo, o fato de 35% dos/as alunos/as terem afirmado que foram tratados de
forma grosseira por algum profissional da escola, pode evidenciar a falta de diálogo
em relação ao tema no espaço escolar bem como a reprodução de práticas
autoritárias, tradicionalmente presentes no universo escolar.
Como forma de avaliar a efetivação do projeto de intervenção, realizamos
com os/as alunos/as um questionário fechado, cujos resultados indicam que 97% do
alunado aprovaram as atividades. A maioria massiva da turma disse que deseja que
haja mais atividades desse tipo em sua escola. Apesar da aprovação da turma e de
estudos como os de Wenzel, Cunha (2009) que enfatizam a importância de
atividades voltadas à Educação em Saúde para a Promoção da Saúde, a realização
desse tipo de atividade não é comum nas escolas do município.
Quanto às questões específicas envolvendo as cinco oficinas realizadas
(Práticas corporais e educação postural; Tabagismo, álcool e drogas na
adolescência; Paz na escola, violência e respeito às diferenças; Sexualidade na
adolescência e Educação ambiental), os índices de acerto foram altos variando de
74% a 91%, evidenciando a compreensão dos/as alunos/as em torno das temáticas
propostas em cada oficina.
Portanto, constatamos o valor de se trabalhar nas escolas atividades deste
cunho, que de certa forma foge ao cotidiano dos alunos e isso faz com que eles
desenvolvam aptidões para lidarem com os desafios que a vida os impõe, ou seja, é
preciso ir além do que os livros estabelecem em uma escola, pois essa deve ser um
ambiente em que eduque para a vida, e para isso é importante à participação de
vários profissionais, das mais variadas áreas da ciência, em que juntos possam
proporcionar um amplo conhecimento que é dado dentro da escola, mas que deve
ser levado para a vida.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi exposto nesse artigo, podemos enfatizar que o trabalho dos
Assistentes Sociais no âmbito da saúde assume extrema importância, estes veem
desenvolvendo ações de cunho socioeducativo, permeando o âmbito da educação
39

em saúde de maneira impar, e contribuindo mesmo em meio a muitas barreiras para


a defesa dos direito através de seu olhar crítico e de uma prática profissional
pautada nos fundamentos teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo da
profissão.
No âmbito do NASF não poderia ser diferente, esses profissionais podem
atuar em equipe com base em seu compromisso com os usuários, buscando
resultados mais positivos para a saúde da população na perspectiva do SUS e,
sobretudo da Reforma Sanitária Brasileira.
Tratando-se do nosso projeto de intervenção, intitulado: “Escola Promotora de
Saúde - uma intervenção junto aos estudantes da Escola Municipal Judith Barbosa
de Paula Rêgo”, este nos foi de grande valor, visto que além de contribuir para a
conclusão do Estágio Supervisionado em Serviço Social, também nos proporcionou
crescer enquanto futuras profissionais de serviço social, fazendo-nos enxergar os
limites e possibilidades da nossa profissão, mas também ver o quanto é necessário
sermos persistentes e não desistirmos, embora os obstáculos sejam muitos.
Acreditamos que foi de grande valia para todos os envolvidos, sobretudo para
a escola, que poderá desenvolver outros projetos semelhantes ou dar continuidade a
esse, como também para o público para o qual o projeto foi pensado, ou seja, os
alunos da referida escola, que se mostraram interessados pelos temas abordados
em cada oficina, interagindo, e puderam aprender, assim como também contribuir
para a materialização do projeto.
Outro ponto positivo do projeto e que merece ser destacado, trata-se da
intersetorialidade que este proporcionou, esta se evidenciou na articulação entre a
politica de educação e a política de saúde dentro da escola. Como bem sabemos é
de extrema importância educação e saúde caminharem juntas, pois o
intercruzamento entre as áreas só engrandece o trabalho desenvolvido através da
articulação de saberes e experiências de maneira bastante peculiares enriquecendo
o debate em sala de aula.
A conclusão que chegamos é que o projeto assim como todo o nosso Estágio
no NASF, foi de enorme contribuição para a nossa formação profissional, pois
pudemos não só aprender, mas também compreender nossa profissão, e assim
tiramos o máximo proveito do que ali nos foi proposto ao longo de um ano de muito
aprendizado, e de muita dedicação, não só nossa, mas da equipe como um todo.
Com tantas práticas é interessante frisar que esse estágio nos fez crescer e refletir
40

quanto às dificuldades existentes, nos ensinando que é preciso não desanimar e sim
persistir, embora as condições objetivas muitas vezes não contribuam para isso.

SOCIAL SERVICE AND HEALTH EDUCATION: A REPORT STAGE EXPERIENCE


DEVELOPED IN NASF OF QUEIMADAS-PB

ABSTRACT

This article aims to report the internship experience supervised in Social Work
performed at the Center of Support for Family Health (NASF) Taurus stone in
Queimadas/Pb during the period April 2014 to June 2015. To this end, we highlight
the Intervention Project conducted the probationary period, entitled "School
Promotion of Health- a Along Intervention for students of the School Judith Barbosa
de Paula Rêgo," which aimed to act on the health education to the students of this
town said School municipality, whose methodology was based on the realization of
thematic workshops. The interest for the realization of the project came from our
concerns how they were getting on the relationship between health policies and
education and how they were developing in the municipality in question. The project
pointed out as main results the promotion of actions which established the dialogue
between students and professionals about important concepts in the health field as
well as stimulating reflection on the worked subjects so that students have the
freedom to express their knowledge and personal experiences. Regarding the
theoretical background for the construction of the article used authors as: Bravo
(2011), Pain (2009), Alves (2011), Aerts (2011), Feurwerker (2005), Wenzel (2009),
Cunha (2009) among others. We stress the importance of internship for vocational
training, as well as the reporting experience to guide future interventions in the social
service field in health.

Keywords: Health Education; Social service; Core Support to Family Health (NASF).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES. V. S. Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da


Família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial.
Interface - Comunic., Saúde, Educ., v.9, n.16, p.39-52, set.2004/fev.2005.

ALVES, G. G.; AERTS, D. As práticas educativas em saúde e a Estratégia Saúde da


Família. Ciência e Saúde Coletiva, Canoas, v 16, p. 319-325, 2011.
41

AMARAL, V. L. do. A dinâmica dos grupos e o processo grupal. In: Psicologia da


educação. Natal, RN: EDUFRN, 2007.

BRASIL, Constituição da Republica Federativa. Brasília, 1988.

BRASIL, Lei nº 8.080 de 19 de setembro, de 1990. Dispõe sobre as condições para


a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 28 de dezembro de 1990.

BRASIL, Lei nº 8.142, de 28 de dezembro, de 1990. Dispõe sobre a participação da


comunidade na gestão do Sistema único de Saúde e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 de dezembro de 1990.

BRASIL, M. S. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.


Diretrizes do NASF: Núcleo de Apoio a Saúde da Família. Brasília: Ministério da
Saúde, 2010.

BRASIL, M. S. Secretaria de Educação à Saúde. Departamento de Atenção Básica.


Saúde na Escola, Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

BRASIL, M. S. Secretaria de Educação à Saúde. Departamento de Atenção Básica.


Política Nacional de Atenção Básica, Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

BRASIL, M. S. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Saúde da


Comunidade. Saúde da Família: uma estratégia para reorientação do modelo
assistencial. Brasília. Ministério da Saúde, 1997.

BRASIL, M. S. Portaria nº 154, de 24 de Janeiro de 2008. Brasília: Ministério da


Saúde, 2009.

BRASIL, M.S. Portaria nº 3.146, de 17 de Dezembro de 2009. Brasília-DF: MS,


2009.
42

BRASIL, M. S. Decreto nº 6.286, de 5 de Dezembro de 2007. Brasília – DF:


MS/MEC, 2007.

BRAVO, M. I. S. Política de Saúde no Brasil. São Paulo: Ed: Cortez, São Paulo,
2011.

CAMPOS, N. R. O Surgimento do NASF e a Atuação do Serviço Social. III Simpósio


Mineiro de Assistentes Sociais (expressões socioculturais da crise do capital e as
implicações para a garantia dos direitos sociais e para o serviço social), Belo
Horizonte, 2013.

CECCIM, R. B. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário.


Porto Alegre: Interface- Comunic., Saúde, Educ., V9, n.16, p. 161-77. 2005.

CFESS. Parâmetros para atuação dos assistentes sociais na saúde. Brasília:


CFESS, 2010.

CORREIA, P. M. B. O Serviço Social no NASF: uma análise do processo de


trabalho do Serviço Social no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) no
município de São Gonçalo do Amarante/Ceará. Fortaleza, 2012.

DIAS, O. V. et al. TRABALHANDO EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ESTRATÉGIA SAÚDE


DA FAMÍLIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. 2005.

FEUERWERKER, L. Modelos tecnoassistenciais, gestão e organização do trabalho


em saúde: nada é indiferente no processo de luta para a consolidação do SUS. Rio
de Janeiro: Interface- Comunic., Saúde, Educ., V 9, n.18, p. 489-506. 2005.

MAGALHÃES, P. L. Programa Saúde da Família: Uma estratégia em construção.


Corinto, 2011.

MARTINIANO, C. S.; SAMPAIO, J.; MARCOLINO, E. C.; SOUZA, F. F.;


MAGALHÃES, F. C. O NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA NO
CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE: elementos para o
debate.
43

MARTINIANO, C. S.; SAMPAIO, J.; SILVEIRA, S. A. S. Os desafios do núcleo de


apoio à saúde da família para a consolidação da atenção primária à saúde na
perspectiva da Promoção da Saúde, São Paulo: Ed. Hucitec, 2014.

MEDEIROS, L. O Serviço Social no NASF: Demandas, Respostas e Desafios


Profissionais. Florianópolis, 2012.

MIRANDA, D. S. M. Aconselhamento em DST/AIDS às gestantes na atenção


básica: Uma análise nas UBSFs de Campina Grande/PB. Campina Grande, 2008.

MINAYO, M. C. S. Trabalho de campo: contexto de observação, interação e


descoberta. In: __. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 34. Ed. Rio de
Janeiro: Vozes, 2015.

PAIN, J. S. O que é o SUS. Rio de Janeiro: Ed: Fiocruz, 2009.

POLIGNANO, M. V. História das Políticas de Saúde no Brasil: Uma pequena


revisão. Minas Gerais, [s.d]. Disponível em:
http://www.uff.br/higienesocial/images/stories/arquivos/aulas/Texto_de_apoio_3_-
_HS-Historia_Saude_no_Brasil.pdf acesso em: 20 de Março de 2016.

SANTOS, E. R.; LANZA, L. M. B.; CARVALHO, B. G. Educação Permanente em


Saúde: a experiência do serviço social com Equipes Saúde da Família. Textos e
Contextos, Porto Alegre, v 10, n 1, p.16-25, 2011.

SILVA, A. X. Reforma Sanitária, hegemonia e a efetividade do controle social.


Campina Grande, Ed. EDUEPB, 2011.

SILVA, B. V. G. Políticas de Saúde no Brasil: elaboração, institucionalização e


implantação do Sistema Único de Saúde entre as décadas de 1980 e 1990. Rio
Grande do Sul: Aedos nº12 vol. 5, 2013.

SILVA, R. D. F. O SERVIÇO SOCIAL NO NASF: As contribuições do trabalho do


Assistente Social no processo de apoio às Unidades Básicas de Saúde
realizado pelo NASF de Ijuí, Ijuí, 2012.
44

SILVA, R. B. Discutindo a Política de Saúde e os Direitos Reprodutivos:


Considerações Sobre o Planejamento Familiar. Campina Grande, 2012.

SILVA, R. V. G.O. O Processo de Trabalho no NASF e a sua Articulação como a


ESF: Potencialidades para a Integralidade. Florianópolis, 2014.

SOUSA, R. C.; BATISTA, F. E. B. POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE NO BRASIL:


História e Perspectivas do Sistema Único de Saúde – SUS. VII CONNEPI. Palmas.
Tocantins, 2012.

VASCONCELOS, K. E. L.; CARNEIRO, T. S. Saúde da Família em Foco: uma


análise da realidade de Campina Grande/ PB, Campina Grande, Ed. EDUEPB,
2011.

______, K. E. L.; SCHMALLER, V. P. V. Estratégia Saúde da Família: foco da


disputa entre projetos sanitários no Brasil. Sociedade em Debate, Pelotas, 17 (1),
2011.

WENZEL, M. M.; CUNHA, A. Z. S. Promoção de Saúde em Grupos: Analisando


Resultados do Projeto Ensino E Educação em Saúde. Revista Brasileira de
Ciências da Saúde, v 13, n 3, p. 31-40, 2009.

XAVIER, A. B. et al. RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM


SERVIÇO SOCIAL, Campina Grande, 2015.
45

ANEXOS
46

QUESTIONÁRIOS
OFICINA 2: TABAGISMO, ÁLCOOL E DROGAS NA ADOLESCÊNCIA

Quantos dos seus amigos você acha que:


Nenhum: Poucos: Muitos: Todos:

Fumam cigarros

Fumam Maconha

Usam LSD ou
outros
alucinógenos
(cogumelo/daime)

Usam
anfetaminas
(pílula para
emagrecer)
Usam
tranquilizantes
Usam crack

Usam Cocaína
Usam Ecstasy
(êxtase)

Usam esteroides
(bomba)

Usam outro tipo


de Droga
(descreva)
Bebem (bebidas
alcoólicas)

Ficam bêbados
pelo menos uma
vez por semana
47

OFICINA 3: PAZ NA ESCOLA: VIOLÊNCIA E RESPEITO AS DIFERENÇAS

TESTE: VOCÊ JÁ SOFREU DE ALGUM TIPO DE VIOLÊNCIA?


SIM NÃO
QUESTÕES

Você já foi agredida (o) fisicamente por algum parente, colega, namorado (a), ficante,
ou pessoa desconhecida?

Você já foi discriminado (a) por sua cor, raça, religiosidade ou orientação sexual?

Você já foi xingada(o) e humilhada(o) por seu pai, mãe, parentes, colegas, ou
autoridade?

Seu (sua) namorado (a) ou ficante já a (o) proibiu de usar alguma roupa?

Seu (sua) namorado (a), ficante ou colega já escondeu ou queimou seus


documentos, roupas, ou algum pertence seu?

Alguém já passou a mão em você, sem sua permissão?

Algum homem ou mulher já forçou ou tentou forçar você a ter uma relação sexual?

Você já foi ameaçada (o) de apanhar, ou de morte por alguém?

Você já foi mal tratado (a) por algum profissional da saúde?

Você já foi tratado de forma grosseira por algum profissional de sua escola?

Você já foi obrigada (o) a ficar em algum lugar, sem poder sair?
48

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE


Rua Sebastião Lucena, 65 – Fone: (83) 3392-1909
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA – NASF

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO


9º Ano “D” Manhã

IDENTIFICAÇÃO
1. Idade: 2. Sexo:
a. ( ) Entre 12 -14 a. ( ) Masculino
b. ( ) Entre 15 -17 b. ( ) Feminino
c. ( ) Entre 18 -20 c. ( ) Outros
d. ( ) Entre 21 - 23

3. Renda familiar 4. Quantas pessoas moram em sua casa?


a. ( ) Entre um e dois salários mínimos. ________
b. ( ) Entre três e quatro salários mínimos.
c. ( ) Entre cinco e seis salários mínimos. 5. Bairro/sítio onde reside:
d. ( ) Acima de sete salários mínimos. _____________________

QUESTÕES GERAIS
6. Você gostou do projeto realizado em sua sala pelas estagiárias do NASF?
a. ( ) Sim
b. ( ) Não

7. Você gostaria que mais atividades deste tipo fossem realizadas em sua escola?
a. ( ) Sim
b. ( ) Não

OFICINAS
8. Quais os malefícios da má postura e da não realização de atividade física?
a. ( ) A má postura pode ocasionar dores na coluna, lesões como escoliose, cifose e lordose,
já o sedentarismo pode acarretar o sobrepeso, por exemplo.
b. ( ) A má postura não ocasiona problemas para a saúde pois devemos sentar, deitar e andar
da forma como nos sentimos bem. Já a ausência de atividade física causa diabetes.
c. ( ) A má postura pode ocasionar apenas algumas dores na coluna. Já o sedentarismo pode
acarretar sobrepeso.

9. Sobre tabagismo, álcool e outras drogas é correto afirmar que:


a. ( ) A maconha é uma droga leve que não causa prejuízos a saúde.
b. ( ) Uma pessoa sob o efeito do álcool está mais vulnerável a contrair o HIV.
c. ( ) O álcool não deprime o sistema nervoso central.

10. Marque a alternativa que descreve de forma mais completa expressões da violência:
a. ( ) Causar lesões físicas graves em outras pessoas ou ameaçá-las.
b. ( ) Utilizar intencionalmente a força física ou o poder para ameaçar, agredir e submeter
outras pessoas, privando-as de liberdade, causando algum dano psicológico, emocional,
deficiência de desenvolvimento, lesão física ou até a morte.
c. ( ) Criar boatos sobre um/a colega ou não aceitar sua sexualidade.

11. O que é ética ambiental?


a. ( ) É o estudo das condutas humanas em relação à conservação dos sítios arqueológicos.
b. ( ) É o estudo dos princípios de valores de condutas humanas em relação ao meio
ambiente.
c. ( ) É o estudo dos valores de condutas humanas em relação à reciclagem de lixo.
12. Como é transmitida a AIDS?
49

a. ( ) Em assentos de banheiro, pelo aperto de mão e pelo beijo.


b. ( ) Por meio do sêmen e do fluido vaginal nas relações sexuais, através do sangue, órgãos
transplantados e pelo uso de agulhas e seringas não esterilizadas.
c. ( ) Por meio de talheres, copos e alimentos, picadas de insetos e em piscinas.

Você também pode gostar