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NBR 16.280:2015 -Reforma em Edificações

Article · February 2021

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Eric Zompero

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NBR 16.280:2015 – Reforma em Edificações


Eric Zompero

EIDEA Educação e Inovação em Design, Engenharia e Arquitetura


ericzompero@gmail.com

Acho importante abordar, inicialmente, alguns conceitos gerais, que embora de uso
costumeiro, muitas vezes são confundidas, inclusive por parte de profissionais já atuantes.

A ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, é uma entidade sem fins lucrativos e
de utilidade pública, foi fundada em 1940 e tem como objetivo fornecer insumos ao
desenvolvimento tecnológico no Brasil. Representa, no país, entidades como a Organização
Internacional de Normatização, a Comissão Pan-americana de Normas Técnicas e a Associação
Mercosul de Normatização. Sendo assim podemos considerar a ABNT como o Fórum Nacional
de Normalização, normas essas que são desenvolvidas por comissões de estudos, formadas por
representantes dos setores envolvidos em cada área, como fabricantes, técnicos, universidades
através de seus professores, laboratórios e outros.
Vale ainda considerar que Norma é uma regra de conduta esperada, no nosso caso ela
é técnica (poderia ser também jurídica, moral etc.). Já Lei é uma forma de manifestação da
norma elaborada pelo poder legislativo do estado. De forma abrangente consideramos:

Podemos ressaltar como diferença a forma como são postas e disponíveis


para a sociedade. A Lei possui formato explícito quando ordena algo,
enquanto a norma é implícita, pois necessita de uma interpretação do texto
para compreender o que se espera/exige do cidadão. Ou seja, a lei é
estampada tendo como plano de fundo as normas. Por fim é interessante
fixar o seguinte: “Toda lei é uma norma, mas nem toda norma é uma lei”.
(RODRIGUES, 2018)

Assim, percebe-se a necessidade de cumprir todas as normas técnicas definidas pela


ABNT, pois a partir delas que as resoluções jurídicas são interpretadas. Mesmo não sendo uma
lei, uma norma deve ser seguida, pois seu não atendimento pode acarretar consequências
punidas pelas leis.

É importante citar um fato importante na elaboração da NBR 16.280. O intuito é


demonstrar a importância do profissional habilitado em qualquer intervenção de reforma em
edifícios, sejam eles comerciais ou residenciais.

Em 25 de Janeiro, de 2012, o Edifício Liberdade desabou na área central da cidade do


Rio de Janeiro, matando 22 pessoas. O motivo? Segue trecho da reportagem:

A Polícia Federal apontou como a causa da queda do Edifício Liberdade, no


centro do Rio, em janeiro deste ano, a reforma feita no escritório da empresa
(retirado). Segundo as informações antecipadas pelo telejornal (retirado), da
(retirado), o relatório da PF destaca a derrubada de uma coluna, dois pilares
e cinco paredes estruturantes como motivos do acidente.

Os responsáveis (sócios da empresa e responsáveis pela obra, esses últimos leigos)


foram indiciados por homicídio culposo, lesão corporal culposa, desabamento e dano ao
patrimônio tombado culposo.

Sobre esse ocorrido, caso alguém tenha interesse, há um Laudo Técnico disponível na
internet com todas as análises sobre o acontecimento:

https://benhuser.files.wordpress.com/2010/07/desabamento-do-ed-liberdade.pdf

Ainda sobre quedas de edifícios, os principais fatores para que ocorram são: sobrecarga,
intervenções inconsequentes e acidentes em grande escala.

O que mais importa para nós, arquitetos e engenheiros, em relação às reformas, são as
intervenções inconsequentes, quando alguma modificação estrutural pode causar danos graves
ao edifício. Isso significa que não necessariamente o edifício irá desabar, mas as consequências
necessitarão de intervenções muito mais complexas para sanar o problema. Intervenções sem
um responsável técnico habilitado podem causar fissuras, rachaduras, problemas estruturais,
entre outras patologias.

Fica claro então que em qualquer intervenção em edificações, sejam elas comerciais,
residenciais ou mistas, o responsável técnico é essencial, a fim de evitar ações que possam
ocasionar riscos e, consequentemente, óbitos.

Alguns exemplos de situações que podem promover problemas nas edificações, e que
são comuns na ausência de profissionais habilitados:

• Reformas da edificação com consequente mudanças na estrutura, como


eliminação de paredes, vigas, pilares, inserção de furos não previstos em projeto, entre outros;

• Sobrecargas não consideradas em projeto;

• Alteração da estrutura a partir do aumento da edificação, com a inclusão de


outros

Há muitos outros exemplos, e todos eles demonstram que sem um profissional da área
construtiva, como Arquitetos e Engenheiros, qualquer reforma será inapropriada.

Assim percebemos a importância da ABNT 16.280 - Reforma em edificações – Sistema


de gestão de reformas – Requisitos, de 2014 e revisada em 2015.

Ela foi criada a fim de promover a segurança e da durabilidade das edificações


brasileiras, e começou a valer em 18/04/2014. Desse modo, qualquer alteração feita nas
edificações, devem ser comunicadas ao síndico, com todas as informações técnicas da
intervenção. Desse modo evita-se a utilização de profissionais não habilitados que podem
provocar danos gravíssimos na edificação.

Torna-se então obrigatório que o proprietário ou morador da unidade


residencial/comercial apresente para o condomínio (sendo o síndico o responsável legal), um
Plano de Reforma acompanhado de uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) no caro
do Engenheiro ou RRT (Registro de Responsabilidade Técnica) no caso do Arquiteto, assinados
pelo profissional habilitado, antes do início da obra.

É uma mudança de cultura, pois ainda há muitos proprietários que consideram sua
unidade habitacional como autônomas e isolada de um grupo.
Vale citar que na formulação desse documento, a idoneidade do profissional é essencial,
pois muitas vezes o síndico não terá a formação técnica para analisar o Plano de Obra, ficando
então a reponsabilidade total nas mãos do Engenheiro ou Arquiteto. Claro que o responsável do
condomínio pode contratar um profissional para a análise do projeto.

Por último, é importante sempre informar o cliente/ proprietário/ morador que, se não
for realizada a documentação de obra, conforme estipulado pelas normas vigentes, a obra
(assim como o responsável, nesse caso o proprietário/ morador, pois não há responsável técnico
com ART ou RRT) poderá ser denunciada e a continuidade da obra cessada. Em muitos casos
poderá inclusive ser indiciado por colocar vidas e patrimônio em risco.

Outra questão importante é o atendimento ao Código de Proteção e Defesa do


Consumidor, Lei 8.078, de 11/9/1997, Decreto Lei 2.181 de 20/3/97. Nela, na Seção IV, também
há considerações que implicam nas questões de reforma, e que também podem ser utilizadas
no caso de descumprimentos.

"Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços:

VIII - Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em


desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou,
se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Conmetro."

Ou seja, não existe a condição muito argumentada por pessoas sem conhecimento de
que “norma não é lei”, já que a Lei obriga a utilização das normas estipuladas por entidades
ímpares.

Uma das questões mais importantes é quando a Norma deve ser aplicada e quando
não é necessária. Ou seja, em que tipos de reformas o profissional habilitado e sua devida RRT
ou ART devem ser acionados. De forma geral, em qualquer tipo de intervenção em uma
unidade residencial ou comercial de qualquer tipologia, o profissional é obrigatório.

Assim, é obrigatório o atendimento à ABNT 16.280/ 2015 nas seguintes intervenções:

• Instalação de equipamentos industriais (elevadores, bombas).

• Instalações de sistemas de gás.

• Combate a incêndio.

• Alterações de sistemas hidráulicos/sanitários.

• Alterações de sistemas elétricos.


• Instalação de ar condicionado, exaustão e ventilação.

• Impermeabilização e vedação.

• Trocas de revestimentos e esquadrias.

• Mudanças estruturais.

• Envidraçamento de sacadas.

• Quebra de paredes.

• Remoção e aplicação de pisos e revestimento.

• Automação.

• Instalação de banheiras.

• Instalação de qualquer equipamento/estrutura que acarretará novos


carregamentos não previstos ao edifício.

• Construção ou demolição de paredes e divisórias.

• Abertura ou fechamento de vãos.

• Instalação de mobiliário fixo.

• Entre outros, afinal, cada reforma é diferente de outra. Como profissionais


devemos orientar o cliente para que este tome as melhores decisões.

Embora muitas obras sigam irregulares, causando danos e colocando em risco os


moradores, tentamos conscientizar todos da importância da presença de profissionais idôneos
em qualquer tipo de intervenção de obra, pois só assim a vida das pessoas estarão
resguardadas.

REFERÊNCIAS

Polícia Federal: reformas clandestinas fizeram o Edifício Liberdade desabar.


<https://veja.abril.com.br/brasil/policia-federal-reformas-clandestinas-fizeram-o-edificio-
liberdade-desabar/> Acesso em 05 de setembro de 2020.

5 situações que podem levar um prédio a desabar.


<http://maisengenharia.altoqi.com.br/sem-categoria/5-situacoes-que-podem-levar-um-
predio-a-desabar/> Acesso em 05 de setembro de 2020.
RODRIGUES, Maura. Diferença de Norma X Lei.
<https://maurarodriguees.jusbrasil.com.br/artigos/570181495/diferenca-de-norma-x-lei>
Acesso em 05 de setembro de 2020.

DESIMONE, Mariana. Norma ABNT 16.280 sobre obras em condomínios. <


https://www.sindiconet.com.br/informese/norma-abnt-16280-sobre-obras-em-condominios-
manutencao-obras-e-reformas> Acesso em 05 de setembro de 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16.280 - Reforma em edificações –


Sistema de gestão de reformas – Requisitos. Rio de Janeiro, 2015.

OBSERVAÇÃO

Esse artigo é parte integrante do curso NBR 16.280:2015 - Reforma em edificações – Sistema
de gestão de reformas – Requisitos. Disponível em: https://eidea.com.br/2020/09/14/nbr-ref/
Acesso em 15 de setembro de 2020.

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