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Resumo: O objetivo deste trabalho foi identificar e analisar o significado que as novas tecnologias
da informação e comunicação, em particular a internet e o celular, ocupam na vida dos jovens. O
campo da pesquisa foi a escola Profissionalizante Paulo Petrola, situada na periferia urbana de
Fortaleza, Ceará. Os sujeitos foram estudantes do 2º ano do ensino médio das turmas de
informática e turismo. Para tanto, realizou‐se uma pesquisa qualitativa e quantitativa, utilizando
observação, questionário, diário de campo, grupos focais e entrevistas através do facebook. A
pesquisa sinaliza que as tecnologias digitais ocupam um espaço privilegiado na vida dos jovens,
atingindo a dimensão do: lazer, relacionamento, sociabilidade e do modo de apreensão da
informação e do saber. Anunciam ainda a importância que as redes sociais, em particular o
facebook, têm assumindo em suas práticas cotidianas, se configurando como um espaço de
reivindicação, desabafo, informação, autonomia e de afirmação da juventude.
Palavras‐chave: Juventudes; Novas tecnologias; Redes sociais.
Abstract:The aim of this study was to identify and analyze the meaning that new information and
communication technologies, particularly internet and mobile, occupy young people’s lives. The
research was held in Petrola Paul’s Technical School, located in the urban periphery of Fortaleza,
Ceará, Brazil. Individuals were students of second year high school computer and tourism classes.
Therefore, a qualitative and quantitative research was carried out, using observations, surveys,
field notes, focus groups and interviews through Facebook. The research indicates that digital
technologies have a great importance in young people’s lives, reaching areas such as: leisure,
relationships, social life and the way of understanding information and knowledge. It announces
yet the importance that social networks, particularly Facebook, are taking in their daily practices,
configuring as a space of claims, confidences, information, autonomy and affirmation of youth.
Keywords: Youth; New Technologies; Social networks.
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relação campo/cidade e novas tecnologias modificado bastante, sofrendo variações
fomos percebendo os jovens como sujeitos rurais, classe social, cultura e etnia.
que sabem, que constroem, que Inúmeras podem ser as respostas dos
cada sujeito vive, pensando as relações Observa‐se ainda, que esta categoria está
que estes estabelecem com a sociedade, a cada vez mais diferenciada em relação ao
partir de suas experiências cotidianas, seus passado, tanto que muitos antropólogos
agires, suas práticas. Por isso a dificuldade não utilizam a categoria juventude, como
juventude. Pais (2003) coloca que não há plural, porque ajuda a evitar que esse
um conceito único de juventude que possa marcador opere como algo associado
abranger os diversos campos semânticos apenas a uma faixa etária, a uma fase da
que lhe aparecem associados. O que existe vida, que pertence a um ciclo universal e
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sociedade moderna é compreender que fenômeno comparando com a invenção da
uma ação sobre este fenômeno. Este filósofo e estudioso das novas tecnologias
teoria social sobre a relação entre o abre um novo espaço para a liberdade de
questão sobre quem forma quem, ou seja, editar e colher informações ‐ mesmo que
este quem forma a sociedade? Observa‐se Mesmo com todos os riscos, a internet é
que em qualquer outro período da história para os jovens mostrarem seus trabalhos
estar no mundo. As relações ganham novos as esferas da sociedade. Elas nos permitem
contornos, uns consideram mais ver o que não víamos antes, ao mesmo
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nesse sentido, serem consideradas como poderia produzir na sociedade, na política
Diante desse contexto de acentuadas ainda são vistas como outrora. De lá para
Internet, isto é, no período de 1995 a 1997. blogs, as redes sociais e outros, que têm
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No universo da pesquisa um jeito Paulo Petrola, localizada na Barra do Ceará,
tratamos com jovens, daí a importância de dezembro de 2011. A escolha por esta
se criar e reinventar formas de entender os escola se justifica por que em 2009 já havia
sujeitos, uma vez que eles estão sempre sido realizada uma pesquisa com o tema
internet e o celular, ocupam na vida dos qual eu era bolsista. Por isso, resolvi voltar
jovens passa essencialmente por uma à escola para aprofundar algumas questões
análise mais ampla, no sentido de pensar e reflexões que haviam sido anunciadas
sociedade de modo geral, e como tem Este trabalho foi realizado em dois
nossas relações com o mundo, as pessoas e relação direta (face a face) com os sujeitos
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plataforma que permite postar vídeos, O trabalho com grupos focais permite
compreender processos de construção da
músicas, noticias, assim como bater papo. realidade por determinados grupos sociais,
compreender práticas cotidianas, ações e
reações a fatos e eventos, comportamentos e
Os amigos podem ter acesso às ultimas
atitudes, construindo‐se uma técnica
importante para o conhecimento das
informações (atualizações) dos amigos e representações, percepções, crenças, hábitos,
valores, restrições, preconceitos, linguagens e
postar comentários do tipo “curtir”, simbologias prevalecentes no trato de uma
dada questão por pessoas que partilham alguns
“compartilhar” e comentar sobre o que foi traços em comum, relevantes para o estudo do
problema visado. (Gatti, 2005, p. 11).
lançado na rede social.
quantitativo. Inicialmente apliquei um relação dos jovens com o uso das novas
questionário nas turmas do segundo ano tecnologias, suas opiniões, de que modo se
objetivo de analisar o perfil dos jovens e significado disso tudo para eles. . Nesses
qual era a aproximação deles com a momentos procurei falar menos, ouvir
internet e o celular. Logo em seguida, mais e atentar para não perder nenhuma
iniciei a pesquisa utilizando o grupo focal, frase, nenhum gesto que anunciava o
qualitativos que busca informações não assunto e como queriam registrar suas
grupo já existente ou formado assunto por que eles sabem, não precisam
2005).
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observando detalhadamente os jovens e imagens, falas e barulhos que cercam esse
livre (no período do almoço e do recreio) àqueles que estavam em silêncio e não
Esta investigação se estendeu também no pude escutá‐los, mas que algumas vezes ao
ciberespaço, lugar onde fiz algumas me dirigir o olhar anunciou a sua presença.
com três jovens. Navegando na rede, informações não estão dadas facilmente
e situações vividas pelos jovens, no qual (Dornelles, 2008). Pelo contrário, exigia de
navegar no emaranhado da rede com os modo mais amplo, para além da sua
sujeitos, de tal forma que não conseguia relação com as novas tecnologias.
olhar para entender toda riqueza de forma mais clara, às vezes se ver de longe,
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incertezas e surpresas que a pesquisa foi line, acontecendo por meio da imersão e
reflexões. “Nos caminhos da pesquisa às com o próprio meio” (Amaral; Natal; Viana,
vezes se anda por veredas ou atalhos 2008, p 22). Assim, a etnografia virtual se
relação espaço‐ temporal. Nesse sentido, dentro das ciências sociais. Sobre esse
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(2000) reforça essa defesa e traz um olhar experiências individuais e coletivas, assim
meio de comunicação, mas como “um entre si e com o ambiente nos quais se
autonomas” (p. 141). Ele continua com sua aos efeitos da revolução digital e
análise e acrescenta que o aumento das tecnológica do início do século XXI (Flick,
espaço simbólico que abriga um leque ciberespaço por essa dimensão que realizei
muito vasto de atividades de caráter as entrevistas com três jovens dos cursos
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jovem? Quem e até quando pode ser como um campo de tensões, no qual os
isso reflete em disputas e conflitos assim Costa e Pires (2007) colocam uma
visíveis, tomam novas configurações que se A escola precisa conhecer um pouco mais o
cotidiano da juventude – ou melhor, juventudes
inserem em diversas dimensões, no lazer, – para poder intervir, atuar e interagir com os
alunos, e não contra os alunos, também a partir
de suas realidades, de seus momentos de
na sociabilidade, no modo de aprender e
convívio escolar, de suas falas, de seus grupos e
de suas diferentes formas de interação (p. 52).
ensinar, de interagir, de perceber o mundo Uma situação que me chamou a
Neste tópico procuro elucidar a sala de aula, que a aula de educação física
relação que os jovens possuem com a tinha sido trocada pela de física. Isso
instituição escolar, por entender que a causou certa tensão quando um dos alunos
escola é um espaço que permite uma teia hesitou a tomada de decisão e comentou:
jovens estão juntos tecendo suas redes. também nós temos os nossos direitos, e
Observei que a relação entre os jovens nós não queremos trocar a aula de
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educação física pela de física (jovem de 16 dialogo mais aberto com os alunos. Nos
Este episódio ocorreu por que a aula narrativas dos jovens relacionando sua
de educação física tinha sido trocada pela relação com a escola. Um dos estudantes
de física e os alunos, não queriam ao colocar que os desejos dos jovens não
permanecer na sala, mas ir para a quadra, são ouvidos e não tem importância,
presente. A coordenadora argumentou que escuta os jovens, aqui mais parece uma
sem a presença de um adulto não era ditadura e a diretora pensa que nós somos
culminou com a discussão. Essa situação Refletindo sobre isso, Carrano (2003)
remete algumas discussões feitas por diz que se faz necessário considerar os
relação dos estudantes com a instituição ensino aprendizado, pois eles pensam e
inseridos.
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cada vez mais uma “obrigação”, tendo em não sabem formar opinião, são fáceis de
assistimos a uma crise da escola na sua numa construção, sobretudo dos políticos
relação com a juventude, com professores e da própria mídia que muitas vezes tende
propõe” (p.23). Certamente que esse sobretudo quando saem nas ruas
Os alunos que chegam à escola são sujeitos trabalho, segurança, enfim. A fala dessa
socioculturais, com um saber, uma cultura e
também com um projeto, mais amplo ou mais ultima aluna nos faz pensar na necessidade
restrito, mais ou menos consciente, mas sempre
existente fruto das experiências vivenciadas
de desconstruir essa concepção de
dentro do campo de possibilidades de cada um.
A escola é parte do projeto dos alunos
(Damasceno, 2001, p.23). juventude como sendo alienada, apolítica e
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democrático, participativo e representativo internet em casa, 36, 5% em lan houses e
A desqualificação do discurso dos jovens leva a disseram que utilizam a rede para acessar
sociedade a tratá‐los como indivíduos que não
podem falar por si. Dessa maneira, a mídia, a sites de relacionamentos (Orkut, MSN, e‐
religião e diversos campos de conhecimento
disputam a hegemonia de uma discursividade
mail, facebook e blogs). Conversar e
sobre a juventude. Quando lhes é dada a
palavra, é apenas simbolicamente, uma vez que
a fala é controlada, selecionada, para conter o manter contato com os amigos é o que
perigo que ela pode advir (Sales, 2001, p. 27).
mais os jovens fazem quando estão nesses
tecnologia está inserida de tal forma em apropriado dessas ferramentas, uma vez
nossas vidas que muitas vezes parece que que o uso crescente da internet, assim
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Com o processo de ampliação e do observado por Vieira (2013) sobre as redes
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distintos, tornando‐se sujeitos de uma É interessante observar como esse
história própria” (p. 160). discurso é forte, pois aqui o jovem associa
“quando não tenho nada para fazer eu vou poderia ser prejudicada, caso deixasse de
para o celular, converso com amigos, ter o objeto. Sales (2011), já anunciava
marco encontros”. Esse jovem me chamou sobre esse aspecto colocando que “o
a atenção, por que ele não “desgrudava” celular parece ser um coração que pulsa,
do celular. Conversando com ele pela fala e vibra dentro dos jovens”, do mesmo
“o celular é uma das quatro coisas que eu com um membro do corpo humano, capaz
mais gosto, é como se ele fosse uma parte de produzir um espaço de escrita, de
outras três, o jovem hesitou em comentar Segundo Sales (2010) “nas redes sociais,
e acrescentou que as outras eram sem por exemplo, os jovens estabelecem suas
Observei ainda que, cada vez mais os própria” (p. 26). Esta forma de
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comunicação, informação e de ser analisado é a linguagem na rede,
sociais como um instrumento com grande Mesmo com uma escrita abreviada, com
adequação linguística, nunca os jovens
potencialidade, do qual podem se escreveram tanto. Essa escrita informal, às
vezes truncada, cifrada, tem justificativa na
rapidez do diálogo, ganhar tempo, ter maior
manifestarem sobre os diversos assuntos,
volume de informações. (Sales, 2010, p. 11 e
12).
sociais, políticos alcançando visibilidade e
Para eles hoje ninguém consegue viver sem importante tanto quanto à internet, ou até
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de celulares, cada vez mais sofisticados e celular, seja: enviando mensagens, ouvindo
diversidade de funções, nesse sentido, um afirmando cada vez mais como uma mídia
dos jovens fez questão de enfatizar: “Todas interativa capaz de mudar hábitos e
as ferramentas que agente usa através da costumes, pois cria linguagem e formas de
celular, não tem muita diferença entre um Ao pensar nessa relação entre
a hora que quero”, enfatizou (Jovem de 16 faz uma comparação entre telefone e
é muito usado para enviar mensagens, A comunicação por mundos virtuais é, portanto,
em certo sentido, mais interativa que a
sobretudo para as (os) namoradas (os), comunicação telefônica, uma vez que implica
na mensagem, tanto a imagem da pessoa como
a da situação, que são quase sempre aquilo que
assim como ouvir músicas, alguns
está em jogo na comunicação. Mas, em outro
sentido, o telefone é mais interativo, porque
chegaram a dizer que passa quase o dia nos coloca em contato com o corpo do
interlocutor. (...) O telefone á a primeira mídia
inteiro ouvindo músicas. Não é por acaso, de telepresença. (p.81).
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turismo). Momento EMO, significa para presente na vida dos jovens. Cada vez mais
esta jovem, quando ela está triste, os jovens usam essas mídias para realizar
introspectiva, então vai ouvir música pelo as mais diversas atividades estudar,
diversão e também como uma forma de atribuem às novas tecnologias estão para
lazer, já que podem acessar jogos, bater além de percebê‐las como um dispositivo
acessar a internet e ficar conversando nas seja uma das características mais fortes,
encontram. Nesse sentido observei que a conectado é uma forma de ter lazer, de
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um espaço de encontros. Observei que tecnologias causam na vida dos
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