A obra quarto de despejo é uma autobiografia escrita por Maria Carolina de
Jesus formada por 20 diários escritos entre 15 de julho de 1955 e 1 de janeiro de 1960. Antes do lançamento de seu livro em 1960 a autora era uma anônima moradora da favela de Canindé em São Paulo Maria Carolina de Jesus narra de forma crua e objetiva seu cotidiano como uma catadora de papel que além de uma mulher negra, e favelada é mãe solteira e necessita ser a provedora de sua família. Escrever diários é a forma que ela expressa, busca sua voz e faz uma denúncia as condições precárias vividas dentro da favela, o que a torna um símbolo de resistência. Porém além de uma mulher determinada e talentosa em uma parte do livro Carolina defende o seu filho após ele ser acusado de tentar abusar uma criança, o que gera revolta em muitos leitores. Apesar da autenticidade do dialeto ser uma característica da obra, a linguagem utilizada no livro é difícil e cansativa de ler e compreender, o que pode limitar o alcance da autora. Apesar de cansativo, vale a leitura pois mesmo após completarem sessenta anos desde que foi lançado pela primeira vez, ele ainda retrata a realidade de muitas pessoas marginalizadas.