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NARRADOR:
NARRADOR:
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Depois de ficar grávida, não pôde mais trabalhar na casa e, então, passou a viver de
pegar papel na rua, separando os melhores papéis para a sua escrita diária.
Carolina, assim, escreveu todos os dias sobre sua realidade na favela, até que, um
dia, o jornalista Audálio Dantas foi à favela do Canindé para fazer uma matéria.
CENA 3: Audálio encontra Carolina sentada no chão escrevendo e olha alguns dos seus
papéis.
NARRADOR:
Ainda que tivesse ganhado muito dinheiro praticamente do dia para a noite, não
conseguiu administrar sua fortuna. Enfrentando o preconceito de uma sociedade que,
em grande parte, relacionava o talento de Carolina com a figura de Audálio — um
homem branco e letrado — em seus livros posteriores, não alcançou o lucro que
havia feito com sua primeira publicação, chegando, então, a voltar a pegar papel na
rua para sobreviver, até sua morte, em 1977.
“Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava
em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o
pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém
está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a
realidade.”