O documento analisa o guia do professor do livro Quarto de Despejo. O guia orienta atividades antes, durante e depois da leitura, abordando temas como a estrutura do diário, a linguagem da autora e o contexto histórico. Ele também propõe uma atividade especial de criação de uma mostra de filmes sobre favelas.
O documento analisa o guia do professor do livro Quarto de Despejo. O guia orienta atividades antes, durante e depois da leitura, abordando temas como a estrutura do diário, a linguagem da autora e o contexto histórico. Ele também propõe uma atividade especial de criação de uma mostra de filmes sobre favelas.
O documento analisa o guia do professor do livro Quarto de Despejo. O guia orienta atividades antes, durante e depois da leitura, abordando temas como a estrutura do diário, a linguagem da autora e o contexto histórico. Ele também propõe uma atividade especial de criação de uma mostra de filmes sobre favelas.
ESTÁGIO SUPERVISIONADO III PROFESSORA: REGINA LÚCIA DE FARIA ALUNO: RENAN CARLOS DOS ANJOS SILVA
ANÁLISE DO GUIA DO PROFESSOR DO LIVRO QUARTO DE DESPEJO:
DIÁRIO DE UMA FAVELADA.
O guia do professor do livro Quarto de despejo: diário de uma favelada, de
Carolina Maria de Jesus, elaborado pela Editora Ática está divido em duas seções: (i) Ideias para sala de aula; (ii) Atividade especial. A primeira sessão apresenta sugestões de atividades para serem desenvolvidas antes, durante e depois da leitura do livro, propondo reflexões sobre a história, a estrutura da narrativa e temas interdiciplinares. Na segunda, apresenta-se uma atividade especial em que consiste na elaboração de uma amostra de filmes correlacionados com a obra de Carolina de Jesus, trabalho interdisciplinar com as áreas de História, Geografia e Artes. A seção inicial do guia é subdividida em cinco subseções que servem como um passo a passo à orientação do professor para o trabalho da obra de Carolina de Jesus em sala de aula. O guia propõe inicialmente que o professor faça um trabalho de sondagem geral da obra desde seu nome, sua estrutura formal e de gênero, passando pela interação obra/leitor que, na obra de Carolina Maria, pode se dar de forma íntima ou pública até chegar nos conceitos de escrita. A sebseção 1 é intitulada “O diário de Carolina – entre o íntimo e o público”. Nesta subseção, é recomendado, ao professore, que a abordagem seja iniciada pela leitura do título do livro juntamente com seu subtítulo, fazendo questionamentos aos alunos a respeito de suas interpretações, reforçando o quanto o subtítulo imediatamente traz informações que interferem nas interpretações dos leitores, apontado o fato de a autora ser uma favelada que escreveu seu livro em diários. O guia sugere que o professor faça a leitura dos relatos dos dias 15 e 16 de julho de 1995 com o intuíto de abordar o gênero diário dentro de sua estrutura e marcas formais como, por exemplo, descrição dos afazeres e acontecimentos, menção à datas. Diante do fato de Carolina Maria de Jesus almejar escrever um livro em que exponha o cotidiano dos pobres e da favela, a autora apresenta uma aparente contradição entre seu teor público e seu teor íntimo, que é marcado pela interlocução consigo mesmo, portanto, é proposto, ao professor, que haja uma discução com os alunos em relação a essa contradição. Ainda como proposta, é possível utilizar diversas passagens da obra para abordar o conceito de metalinguagem e, também, a temática da escrita como forma de compreender o mundo, formar identidades e forjar mudanças. Em seguida, o guia orienta o professor a analisar questões pertinentes a linguagem utilizada por Maria de Jesus, considerando todos os fatores para a formação escrita da autora, a sua forma de utilizar a escrita, suas influências, como a escrita da autora tem um peso significativo para a obra mesmo apresentado desvio de norma padrão/culta. Na subseção “Linguagem”, o professor é orientado a chamar a atenção dos alunos a respeito da linguagem do texto logo nas primeiras páginas do livro; é alertado sobre os possíveis comentários em relação aos desvios de norma padrão/culta presentes em Quarto de despejo, como desvio de concordância, ortografia e pontuação. Neste sentido, o guia propõe que o professor faça uma relação entre a linguagem e a informação resgatada no subtítulo: a pobreza da autora que não permitiu estudar mais do que as duas primeiras séries. O professor precisa salientar que, por conta disso, o livro teria menos força e autenticidade se fossem corrigidos seus desvios de norma; além de destacar trechos em que a linguagem formal é apresentada em meio ao registro informal, por exemplo, em: “Ablui as crianças, aleitei-as e ablui-me e aleitei-me”. Após isso, o guia sugere que o professor questione os alunos se há alternância entre o registro da oralidade e o registro formal de escrita, orientando-os, neste sentido, de que a autora, apesar de semianalfabeta, gostava de ler e se referia a textos literários, destacando, assim, momentos poéticos, como no trecho “O céu já está salpicado de estrelas. Eu que sou exotica gostaria de recortar um pedaço do céu para fazer um vestido.”, afirmando o valor da obra por sua força criadora através da linguagem. Após a análise acerca da estrutura formal e da linguagem do livro, o guia direciona o professor a contextualização histórica e a descrição do lugar onde a obra se passava. Logo, na subseção 3, “O Brasil E São Paulo nos anos 1950”, é sugerido que o professor leve para a sala de aula um mapa da cidade de São Paulo e localize a extinta favela do Canindé; que solicite aos alunos que busquem, no livro, referências à época em que se passava a obra, como as referências ao “drama” ouvido no rádio (radionovela), nomes de políticos etc.; que peça uma pesquisa mais aprofundada sobre a década de 50, no Brasil e em São Paulo, a fim de se compreender o contexto econômico, social e político mencionado pela autora. Sugere, ainda, que se faça uma aula interdisciplinar com participação e um professor de história para falar sobre as periferias nas grandes cidades nos anos de 1950 e tudo o mais que for pertinente a obra e a época. Uma vez entendido o contexto histórico e social das periferias nos anos 50 no Brasil e em São Paulo, o guia orienta o professor a abordar, então, o cotidiano das favelas, abodando temas como alcolismo e fome. O professor deve perguntar para os alunos quais aspectos que julgam mais interessantes no relato de Carolina de Jesus sobre o cotidiano da favela, e, a partir das interpretações, trabalhar temas importantes da obra, como, por exemplo, a constante luta pela necessidade mais elementar do ser humano: o alimento. Sendo assim, o professor pode retomar a passagem do dia 13 de maio de 1958, na qual Carolina se refere à fome como a “escravatura atual”, em seguida, o professor pode questionar os alunos sobre o que eles entenderam sobre essa frase proferida no dia comemorativo da Lei Áurea. O tema do alcolismo também pode ser abordado, pois, em muitas passagens, o consumo excessivo de álcool é referido como causa de conflitos, doenças e estagnação, o guia, portanto, propõe que o professor incentive os alunos a refletirem sobre outros vícios que assolam a periferia. Outra questão observada no cotidiano da favela apresentada na primeira seção, por fim, diz respeito sobre as “Mulheres e crianças: conflitos e violência”, que pode ser percebido por meio dos relatos da autora. O guia propõe que o professor questione os alunos sobre as relações sociais entre os moradores da favela, orientando-os a perceber que Carolina de Jesus descreve, na maioria das vezes, uma relação hostil com seus vizinhos, potencializada pela disputa de recursos e do espaço; que retome os conflitos entre Carolina e seus vizinhos, com o intuíto de debater temas como misoginia, a opressão e a violência contra as mulheres, orientando os alunos a perceberem que elas estão sempre julgando moralmente e depreciando umas às outras. O guia alerta para o fato de que quase todas apanham dos maridos, mas não há união e solidariedade entre elas para reverter essa condição (mas quase todas se unem para criticar Carolina por não ser casada). Aponta também que outro tema importante é a vulnerabilidade das crianças no ambiente das favelas, em que são frequentemente deixadas sozinhas em casa e agredidas. O guia do professor da Editora Ática apresenta em sua segunda seção uma atividade especial para o professor apresentar aos alunos outras narrativas que apresentam o cotidiano das favelas nos dias de hoje. Para isso, o guia apresenta seis passos. No primeiro passo, o guia sugere que o professor de Língua Portuguesa leia, em sala de aula, o prefácio do livro, em que Audálio Dantas relata como conheceu Carolina Maria de Jesus, como descobriu seus diários e o processo de publicação do livro, reforçando que, até então, havia obras que retratavam as classes pobres, no entanto, nenhuma com uma narradora que se expressava sem a mediação de pessoas ricas ou escolarizadas. Em seguida, no segundo passo, o professor é aconselhado a estabelecer uma relação entre a obra Quarto de despejo e o livro Capão pecado, de Ferréz a fim de abordar o conceito de intertextualidade, nesse sentido, trechos deste romance que tratam o cotidiano do Capão Redondo, em São Paulo, devem ser lidos para que os alunos façam uma comparação e uma pesquisa sobre o autor e o impacto causado pelo lançamento do livro. O terceiro passo consiste em uma interdisciplinaridade com os professores de Geografia e História, que devem abordar o título da obra relacionando a favela e a cidade, isto é, como os que habitam as favelas se veem no conjunto do espaço urbano e como são vistos. Segundo o guia, Carolina menciona as divergências entre os “vizinhos das casas de tijolos” e “os favelados”, possibilitando ao professor estabelecer uma relação com a obra O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo. No quarto passo, ainda na interdisciplinaridade, o professor de Arte poderá propor aos alunos uma pesquisa sobre filmes que abordam o cotidiano das favelas brasileiras; e, em sala, os alunos devem expor os resultados de suas pesquisas e fazer uma seleção de filmes para compor uma mostra de cinema sobre o tema. O quinto passo será a escolha de um nome para a mostra de cinema por parte dos alunos, produção de cartazes com as sinopses dos filmes para a divulgação; os alunos também podem criar um blog ou um conta de divulgação nas redes sociais. O sexto passo, por fim, será a exibição dos filmes da mostra, que deve ser aberta a todos os professores, alunos, funcionários e pessoas da comunidade escolar. Com base nas pesquisas e discussões realizadas, os alunos devem propor debates, após a exibição dos filmes, sobre os aspectos econômicos, sociais e humanos da vida nas favela.