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Revue interdisciplinaire de Sciences Humaine:

Décembre 2002, n°2

La chaise magique
par Sandra Vasconce/os

SOMMAIRE

Présentation
Jean-Hubert Thaumoux ............................................... .. p. 3

Transversalité et fiction populaire victorienne.


Patricia Crouan—Veron (Littérature et Civilisation Anglophones) 5

Marie-Antoinette, un caractère moyen


Anne-Elise Delatte (Etudes Germaniques) .......................... .. p. 19

Idistauiso, relecture d’une bataille antique


Laurent Fleuret (Histoire) ...................................... ..... .. p. 37

“Saintes Métamorphoses " _


Antoinette Gimaret (Lettres Modernes) .............................. .. p,. 49

L’éthique professionnelle des enseignants”


Didier Moreau (Sciences de l’Education) p:

Approches conceptuelles du métissage ' » ' :_ _


Fatima Ouachour (Histoire) .......................... ;

“ Mé' "
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La chaise magique , _ ,
Sandra Maia Farias Vasconcelos(
LA CHAISE MAGIQUE :
le dernier jour d’un professeur – revisado e atualizado

1
Sandra Maia Farias Vasconcelos

Résumé : Parler est un besoin de l'homme. Parler en salle de cours ne constitue pas
obligatoirement une exception. En général, la plainte des professeurs sur les élèves
porte souvent sur le bavardage. Ce texte concerne le comportement des formateurs
en formation. L'observation nous a montré que les enseignants parlent autant pendant
les cours que leurs élèves. Leurs discours justifient ce comportement par la liberté que
la place d’élève leur donne.

Introduction

Em 2002, quando estudava na Universidade de Nantes, no oeste da França, fazendo


minha tese de doutoramento sob a orientação da professora Martine Lani-Bayle, fui
convidada pelo grupo de publicações e edições de pesquisas para publicar meu artigo
de qualificação em uma coletânea que sairia em uma revista organizada pela Editora
Harmattam em convênio com as universidades francesas. Era o segundo número da
revista Traverse e meu artigo foi um dos escolhidos para compor a organização. A
Revue Interdisciplinaire de Sciences Humaines – Traverse 1 continua publicando até
hoje, mas mudou de título para TraverSCE. O artigo publicado à época, La chaise
magique: le dernier jour d’um professeur, cujo título faz alusão à obra de Víctor Hugo –
O último dia de um condenado – teve a intenção de mostrar como a sala de aula tem
esse poder paradoxal de transformar toda e qualquer pessoa em “aluno”, no mais
simples e conhecido sentido do termo. Do aluno que se esforça para ter as melhores
notas e tem assim esse único objetivo muitas vezes, ao aluno que conversa em sala,
dorme durante as explicações e até se ausenta enquanto o professor tenta dar o seu
melhor. No artigo em questão, a pesquisa foi realizada em um curso de especialização
com professores em formação. Esses professores apresentavam a queixa de que seus
alunos eram mal comportados, indisciplinados, conversavam em sala, dormiam
durante as explicações, trocavam recadinhos em papeizinhos recortados, postits etc.
Para este estudo que empreendemos agora, resolvemos retomar a questão vinte anos
depois com uma nova sala de aula, agora com estudantes de licenciatura em Letras,
em final de curso, com alunos que já estão em sala de aula como professores para
retomar as mesmas questões e comparar o que aconteceu nesse período. Vou muitas
vezes retomar minhas próprias ideias, porque já estão amadurecidas nesses anos de
minha própria experiência em que eu mesma mudei de postura como professora, e
devo dizer que esse artigo tem atravessado minha trajetória e de muita gente que me
acompanhou em minha carreira.
Quem estudou um pouco da história da educação no Brasil sabe que o país teve como
método de estudo até os anos 1950 o modelo deixado pelos Jesuítas: educação elitista
fundamentada sobre a autoridade intocável do professor em relação a seus alunos. A
elite contribuiu a manter as altas taxas de analfabetismo no país, uma vez que não
havia interesse a que a população pudesse se desenvolver de maneira igualitária, sob
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https://nantilus.univ-nantes.fr/vufind/Record/PPN060564180/Description
risco de revoluções. Apenas com o surgimento dos primeiros textos de Paulo Freire e
de seus contemporâneos sobre a Educação libertadora, a partir das décadas de 1950 e
1960, por meio do foi denominado por esse sociólogo e pedagogo Educação pela
Conscientização, a educação no Brasil tomou um outro caminho, ainda bem difícil a
percorrer. Entre muitas outras metodologias, a conscientização consistia em dar a
palavra aos alunos, a fim de formar o que FREIRE (1977(1 )) nomeou “círculos de
cultura". No entanto, em sala de aula, tal metodologia pareceu ter efeito contrário ao
que preconizava o teórico, pois os formadores durante muito tempo, quiçá até hoje
alguns, entenderam que deveriam tomar o caminho do laisser faire, ou o que se ouviu
durante muito tempo do senso comum, de que não se podia reprovar os alunos, mas
‘passar de qualquer jeito’ a fim de evitar reprovação, o que baixaria os índices
brasileiros, pouco importando a aprendizagem dos estudantes. E onde estaria a
conscientização nisso tudo?

Em minha experiência em sala de aula, como professora titular de uma universidade,


em um curso de licenciatura, como pesquisadora, muitas vezes pude ouvir meus
alunos que já estão atuando como professores em sala de aula se queixarem do
comportamento de seus próprios alunos em sala de aula. Ora se queixam da falta de
interesse, ora da indisciplina, ora do atraso das tarefas. Essas queixas eu já ouvira vinte
anos atrás quando fiz a primeira pesquisa. As queixas sobre assiduidade e
pontualidade são as mais frequentes, mas também sobre a falta de interesse, apatia
em sala de aula. Comecei a observá-los sem que soubessem que estavam sendo
observados, do mesmo modo que fiz vinte anos atrás. A pesquisa devia se fazer deste
modo, uma vez que, caso os alunos-professores fossem avisados, haveria a
possibilidade de mudança de comportamento, de interferência nas atitudes desses
professores. Desse modo, não houve escolha de sujeitos específicos, mas de uma sala
de aula da licenciatura a ser observada, a partir da constatação de que, curiosamente,
no momento em que esses professores se sentam nas cadeiras de alunos, eles têm as
mesmas atitudes que eles condenam em seus alunos. Nesse momento surge-nos a
problemática: que magia existe no fato de se fazer aluno? Nesse retorno ao passado
de sala de aula? Essa questão me veio a cada dia mais insistente quando eu encontrava
meus estudantes na licenciatura, no mestrado e no doutorado; e assim eu construí a
hipótese da Cadeira Mágica.
Este estudo teve como objeto o comportamento contraditório dos professores no
momento em que eles se encontram em formação. O interesse é perceber por meio de
seus discursos narrativos por que seu comportamento não corresponde a suas
exigências em relação a seus próprios alunos. A ancoragem organizou-se sobre o
comportamento moral e social dos indivíduos como na primeira pesquisa, tomando,
entretanto, agora como fundamento o posicionamento discursivo de base
maingueneauniana (2019). Retomamos o mesmo desenho teatral da primeira pesquisa
a fim de traçar uma comparação ao final do estudo sobre o que aconteceu nesses vinte
anos. Também por considerar que cada um desses sujeitos interpreta papéis
diferentes, de acordo com o meio em que se encontra, a saber, professor ou aluno.
Como no primeiro artigo, seguiremos em três momentos, três atos, seguidos do
intervalo em que apresentaremos a problemática que nos levou a esta retomada, para
enfim entrelaçar a discussão comparativa. A conclusão a que chamamos Baixar das
cortinas deixa o mistério das subjetividades.
No artigo La chaise magique, o primeiro ato faz alusão ao Professor Dunod em sala,
enfrentando as dificuldades cotidianas, as indisciplinas dos alunos, o baixo salário, o
desconforto das salas de aula, o peso da velha mochila cheia de papéis, livros, provas a
corrigir. O segundo ato é o momento em que o Professor Dunod se vê na possibilidade
de uma formação universitária especializada que lhe abra novos caminhos depois de
muitos anos vivendo a mesma rotina. O terceiro ato mostra Dunod que se torna aluno
no turno da noite, e que entra atrasado em sala, porque estava conversando com os
colegas. Ele é consciente do que quer. Ele trabalha duro durante todo o dia, aguenta
alunos difíceis, ninguém precisa dizer qual sua obrigação! Naquela sala, o professor
fala sozinho, enquanto muitos alunos, inclusive o nosso Dunod, conversam sem se
importar com o que está acontecendo em aula.
Assim como no artigo em questão, vamos organizar os três atos

Primeiro ato:

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