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Antes dessa aula, eles já assistiram duas aulas de Português e uma de Matemática. Estes
meninos e meninas de onze anos são novos na escola e moradores de bairros próximos à
escola. São crianças que vieram de escolas públicas municipais bem consideradas na
escolar sem reprovações, com boas notas e tem uma relação familiar com a leitura,
declarando gostar de ler e de estudar. Em relação aos textos que já tiveram que ler na
com a professora, que os desqualificou e eles não aceitaram, ficando muito magoados. A
em sala acompanhando a aula de História, um aluno fazia sua avaliação das aulas com a
colega do lado “Eu não gosto da de Francês, que grita e canta o hino francês...e da de
Artes também, essa daí [fala apontando com o queixo] eu acho boa.” Ou seja, a atenção
deliberada parece estar, pelo menos nessa idade, associada, entre outros fatores, à relação
estudando neste momento, alguns deram a resposta já estudada em sala: que era estudada
e uma outra terça parte, para entender a História. No momento de dizer qual era o tema
turma se lembrou o que estava estudando. Da outra metade, muitos declararam não
responderam. Uma interpretação possível é a de que todos os conteúdos ali eram novos
para eles, e não se organizavam sob um título apenas, como o de outras séries, como
poderemos ver. Assim, teriam tido dificuldade de nomear com apenas um rótulo o
Enfim, em março, a turma 502 está animada com a sua entrada na escola, possuindo
apresentar.
Com trinta e sete anos, casada e mãe de dois filhos, formada em História na UFF,
geração da família com formação em nível superior. Mônica decidiu-se pelo curso de
História (realizado entre 84 e 88) motivada pela curiosidade de saber a origem das coisas.
Além disso, as novelas de época, entre elas Escrava Isaura e A Sucessora formaram o
cenário afetivo para sua decisão. Considera que seu curso foi de ótima qualidade na parte
licenciatura deixou a desejar, sendo muito boa apenas a disciplina de Prática de Ensino,
estórias para crianças, revelando uma afinidade com este público que extrapola seu lugar
Isto porque Mônica realiza um trabalho original na série em que trabalha, construído
passo a passo, em grande parte elaborado por ela (e reelaborado, levando em conta as
construtivismo de corte piagetiano. Por conta do seu tempo de atuação com a série, treze
pesquisadora contratada durante uma parte do ano e considera essa dupla atividade
trabalho que realiza, mas parece satisfeita com a atividade docente tal como realiza,
procurando extrapolar em outra área de atuação. Também não procura divulgar seu
trabalho, sendo discreta quanto ao que realiza, mas colocando-se como autoridade, por
conta de seus resultados e tempo de atuação na série. Aqui temos mais uma faceta do
muito interessante não desejam abri-lo, aparentemente para preservar o espaço de sua
professores, afirmou que não. Sua experiência foi construída sozinha e ela “passa” aos
outros muito pouco do que construiu. Troca um pouco com a professora da outra escola
(municipal), em que atua com 7a e 8a séries. Mônica é disciplinada e tem dia certo para
planejar suas aulas da semana e para corrigir as tarefas que passa para os alunos, que
sempre valem notas parciais. Tem oito turmas, situadas em três séries, totalizando vinte e
quatro tempos semanais de trabalho. No total, trabalha nas duas escolas três dias da
semana.
lista são complementares e não mais ou menos importantes. Assim, marcou-os pela
freqüência de seu uso, na seguinte ordem: aula expositiva, livro didático, documentos
sempre com as roupas arrumadas entra na sala, cumprimenta seus alunos com sua
seriedade simpática e começa a aula retomando os desenhos que haviam sido feitos por
Pollyana acomodou-se em uma das carteiras da sala que fica no prédio mais novo e
ventilado da escola, com amplas janelas que dão acesso a uma área interna. A sala é
relativamente conservada, bem como o próprio prédio. Diferentes alunos a observam, mas
conservam-se atentos à aula – como se não houvesse nada muito fora do habitual (mais
tarde alguém pergunta à pesquisadora “o quê ela era”). O mobiliário estava organizado
em cinco fileiras individuais de mesas e cadeiras e o espaço é suficiente para a circulação
em sala. A turma parece curiosa, alegre e simpática. Estão todos sentados e parecem ser
assim”.
aula. A professora encaminha a conversa com a turma durante todo o tempo da aula
ficando de pé, deslocando-se pela frente da sala, de uma ponta à outra. Apesar de estar
falando o tempo quase todo, seu tom grave e agradável de voz propicia que ninguém fique
incomodado. Pede que peguem os cadernos e alguém pergunta se é para escrever com
caneta ou lápis. Ela explica que eles é que vão definir isso. Que quando fizerem exercícios
Parte 11 (03/03/2004)
P. Bom, isso aqui é o seguinte: Unidade I significa que estamos entrando na primeira parte
da nossa matéria e cada assunto a gente divide em unidades, tá? Então seria o primeiro
assunto nosso, em Iniciando o estudo da história. Então vamos tentar entender (++),
meninos, [fala isso chamando a atenção] que matéria é essa, né? Uma matéria diferente,
qual é o assunto dela, pra que a gente tem que estudar essa matéria, então essa primeira
unidade, a gente vai tentar entender isso. Qual é o assunto dessa matéria e porque (...)
Então, como é que a gente faz pra saber dela. Como é que a gente aprende história.
1
Utilizei notações simplificadas e modificadas a partir de Marcuschi (1991) para o registro das aulas
gravadas. Assim, o símbolo (+) indica pausa curta ou (++) longa. (...) indica palavra não compreendida
na transcrição e [a ] indica ações realizadas durante, antes ou depois do diálogo.
Aluno: Fiz o Big Bang explodindo.
P. Big Bang! E no lado do mundo de hoje, você fez o quê?
Aluno: Um carro.
P. Um carro! Vamos colocar aqui: antigamente, Big Bang...
Aluno: Professora, posso ir ao banheiro?
P. Sim...E no lado de hoje, o carro. Todo mundo sabe o que é Big Bang?
(...)
P. Bom, vamos lá. Um outro que eu achei muito bom: Igor! O que você colocou no mundo
de antigamente, Igor?
Aluno: O mundo pré-histórico.
P. O mundo pré-histórico tem o quê? Quais as características do mundo pré-histórico aqui?
Que elementos aqui indicam que isso aqui é o mundo pré-histórico?
Aluno: Tem o homem das cavernas...
P. É também... se chama,(+++). O pterodátilo é um animal que não existe mais. E no
mundo de hoje?
Aluno: Dinheiro.
P. Dinheiro, que é uma nota de um real, né? Então ele botou dinossauro, homem das
cavernas e real. Só uma questão aqui. O homem das cavernas e o dinossauro nunca se
encontraram. Por que?
A: (...)
P. Os dinossauros viveram muito antes e morreram muito antes de os homens surgirem.
Né? Não houve um encontro do homem das cavernas, bater no do dinossauro, correr atrás
do dinossauro. Não aconteceu, tá?Mas os dois elementos fazem parte do mundo de
antigamente, então vamos escrever aqui: dinossauro, homem das cavernas e do outro lado,
o real.
Ruth.
(...)
P. Então ela comparou mesmo o transporte. Botou aquele ônibus antigos, que ela acha que
é aquele ônibus...
Aluno: Aquele que vai em Chocolate com Pimenta.
P. ...é. E o avião. Chocolate com Pimenta aparece o bonde, né? Porque interior era o bonde.
Então vamos colocar aqui: bonde que é esse veículo que aparece na novela, que é todo
aberto do lado (...) ligado ao fio de eletricidade. Alguns homens nem esperavam parar, já
saltavam pra dentro porque a velocidade era baixa.
como dinossauros e roupas. Surgiu o desenho de uma guerra que suscitou uma discussão
sobre esse tema e qual a época em que se pode ser colocado – se no passado ou no presente
- que durou alguns minutos. A lista do quadro comparativo ficou como exposto abaixo:
Unidade I
I - Iniciando o estudo da História
Antigamente Hoje
Big- bang Carro
Dinossauro Real (moeda)
Homem das cavernas Avião
Bonde Cidade
Campo Prédio
Vestido longo Aparelho de som
Vitrola Pijama
Camisola Navio
Arco-e-flecha Fuzil
Calhambeque Liberdade
Escravidão Relógio
Ampulheta Cemitério
Cartola Mini-saia
Carroça Bermuda
Fogão a lenha Fogão
Cristaleira Celular
Índios Calça
Fogueira Estrada
Pesca Mercado
Natureza Poluição
floresta desmatamento
P. Bom, vamos ver se (...) a partir disso tudo o que vocês fizeram! Vocês fizeram muita coisa,
não é? Fizeram coisa à beça. Dá pra discutir mais de uma hora, só que eu vou me prender
em 3 pontos que eu acho que são fundamentais. Antes vamos (...) as palavrinhas. Eu usei a
palavrinha “antigamente” e a palavrinha “hoje” porque eu não sabia se vocês já conheciam
as outras duas palavrinhas que eu gostaria de ter usado: “passado” e “presente”. Né?
Passado seria o mundo de antigamente. É o que já aconteceu! Quem falou que é o pretérito
aí? É o que já foi! Tá? E hoje, a gente tá... Igor, shhhh...vamos falar menos, Igor!! Hoje a
gente chama de presente! Por isso que quando eu faço a chamada você falam: presente!
Dá pra botar a sua pastinha em baixo da mesa, vira pra frente...
Então, passado e presente. São as palavrinhas que estão na história. Mais do que
antigamente e hoje. São palavras que aparecem mais no livro de vocês e vocês têm que
conhecer o significado. Todo mundo já sabia o que era passado e o que era presente? Ótimo!
Então agora vamos ao que interessa aqui! Vocês percebam uma coisa: vocês colocaram no
mundo de antigamente coisas do tipo dinossauro, homem das cavernas, calhambeque... não,
agora ninguém vai escrever nada! Agora é pra ouvir! Calhambeque, tô selecionando alguma
assim... e bonde. Vocês acham que esses quatro elementos que eu marquei aqui, fizeram parte
do mesmo mundo, da mesma época?
Turma: Não!!!
P. Não! Mas vocês todos colocaram no lado de antigamente! Então nós temos aí uma questão
que é a seguinte: todos fazem parte do passado, porém não do mesmo passado, da mesma
época passada. Os dinossauros fizeram parte do mundo que existiam há 60 milhões de anos.
Marcelo!!! Se você não prestar atenção aqui, você não vai entender nada.
O mundo dos dinossauros, foi um mundo que existiu há 60 milhões de anos. E do homem das
cavernas? (+++) um milhão de anos atrás! Tá? Um milhão! Então já (...) de uma época
bem diferente da outra. Milhões de anos de diferença, porém nós concordamos que ambos
fazem parte do passado. O bonde! O bonde existe, existiu há cerca de 100 anos atrás. Então
olha a diferença de um passado pro outro. O calhambeque também. Cerca de 100 anos
também.
Então, shhh...olha só, Igor! Que que vocês então têm que pescar desse assunto (...)? a gente
fala em passado, a gente tá falando de coisas muito diferentes. O dinossauro era de um
mundo completamente diferente do mundo do homem das cavernas e pertenceu a um estilo
de vida completamente diferente do que existia na época do calhambeque e do bonde. Então
quando a gente fala “vou estudar o passado”, pode ser um período enorme de tempo! Então
a gente procura dividir esse passado em pedaços, pra gente entender o que a gente vai
estudar. Por enquanto eu só vou dividir o passado em dois pedaços grandes: o passado
distante da gente, esse oh, que tá lá longe e esse outro passado que tá perto de nós, o
calhambeque. Ele falou “na minha rua tem um vizinho que tem um calhambeque”, né? Lá
no bairro do Rio, em Santa Tereza, tem um bairro que existe um bonde ainda. Não é mais o
mesmo transporte usual, mas ainda existem alguns, então essas coisas que ainda estão por
aí, em pouca quantidade, mas existem, elas fazem parte do passado perto de nós. Então,
presta atenção nas duas palavrinhas: passado remoto e passado próximo. Passado próximo
é aquele que aconteceu há pouco tempo e a gente ainda consegue observar alguma coisa
dele, ou conversar com pessoas que viveram ele e o passado distante, a gente chama de
passado remoto, é aquele que tá lá 300, 400, 500 anos pra trás da gente e que a gente não
tem mais nenhum indício, nenhuma sobrevivência dele. Só sobraram pequenos restos.
Aluna: Professora. Lá no Rio, ainda tem trem lá.
P. Tem. Trem, é um meio de transporte que surgiu há quase 200 anos, há mais de 200 anos
o trem, e ainda existe. Então, vamos aproveitar isso que ele falou e dizer o seguinte: tem
coisas que pertencem ao passado mas também pertencem ao presente e continuaram a
existir. Que não acabaram, que não sumiram, que ainda permanecem em nossa vida. O trem
é um meio de transporte criado há 200 anos, mas que continua a existir. Fala!
(Aluna fala algo, a professora responde muito baixo)
Olha só. A palavra remoto, vocês sabem o que significa? Remoto!
Vocês não têm na casa de vocês o controle remoto? E o que que ele ajuda vocês a fazer?
Alunos: Pra trocar de canal, na televisão também tem botão pra gente trocar!
P. Qual é a vantagem...
[Crianças fazem muito barulho]
P. Então oh! Você não precisa se aproximar do objeto que você quer mudar. Você à
distância, você controla. Remoto significa distante. Então o controle remoto é um controle a
distância! Passado remoto é aquilo que já passou e tá muito distante da gente! Tá distante
de nós! Passado remoto. E passado próximo tá perto da gente! Tá? Vou colocar depois no
quadro. A última coisa que eu quero que vocês verifiquem aqui! Comparando antigamente
com hoje, passado com presente (++) Fernanda, vamos prestar atenção? Comparando
antigamente com hoje, vocês notam mais coisa parecida ou coisa diferente?
[ a turma responde mas não é possível transcrever]
Diferente? Ou parecida?
Quanta coisa se repetiu dos dois lados, gente?
Aluno: Poucas coisas.
P. Poucas coisas!! Ele falou o trem, que ele lembrou agora e já tem aqui, né? Poucas coisas
que a gente pode dizer que permaneceram iguais. A maioria das coisas passou por que?
Aluno: Uma transformação!
P. Uma transformação!! Então esta palavrinha “transformação” ou mudança, é muito
importante pra gente, porque a nossa matéria, ela se dedica a estudar o porque dessas
mudanças aconteceram, onde é que mudou, porque o homem mudou. Então a mudança da
nossa... da vida do homem em sociedade, é o que interessa pra gente. Brendal, vamos prestar
atenção!
Olha só. O que o Português estuda?
A língua! (...) a língua portuguesa, que a gente fala e escreve.
O que Matemática estuda? Os números! Como é que a gente agrupa eles, soma, divide,
multiplica.
Ciências estuda o que? Estuda o corpo humano, os seres vivos, né?
E a História?
(...)
P. Estuda as mudanças que o homem atravessou ao longo do tempo. Mudanças no corpo
do homem? Não! Mudanças nos hábitos do homem, nos objetos que ele usa, na forma dele
se governar. Então, a história vai estudar como é que o homem vem se modificando, as
sociedades em que o homem vive vieram se transformando. Vou escrever isso no quadro,
pra gente fechar essa idéia. Na próxima aula a gente faz um exercício e uma avaliação.
Vamos pegar o caderno pra copiar!!
Conclusões:
Mônica deixou a sala por alguns momentos e a turma continuou quieta. Quando ela
bastante da sala para "ir ao banheiro" ou "beber água", sem qualquer restrição imposta por ela.
A professora esperou os alunos copiarem o que estava no quadro para poder começar a explicar
o que ela chamou de conclusão para o assunto da aula, avisando que na próxima eles começariam
O mês de março teve em torno de cinco semanas de aulas Isto significou para a
turma 502 aproximadamente quinze aulas de História. Esta é uma das disciplinas novas
para estes alunos, como Francês e Educação Física. Mas, entre elas, talvez seja a mais
datas com utilização de notação a .C. e d.C. conversão de escrita de datas e séculos (com
o uso de algarismos romanos); e articulado a essas noções algumas que podem ser
História.
alunos que vão ser a matéria prima da próxima aula e ao mesmo tempo produz as noções
a serem trabalhadas.
Nesse sentido, nessa aula, a partir dos desenhos elaborados na aula anterior, ela
Analisemos alguns momentos dessa aula mais detalhadamente. Na aula seguinte, ela
iria pedir-lhes a elaboração de uma história de suas vidas. Dela, ela vai retirar não só um
conhecimento maior sobre seus alunos, mas a reflexão sobre o que é fonte (de informação
e histórica) e sobre o que é marco (significativo na vida da criança, portanto histórico para
ela própria e histórico para uma sociedade). Vejamos um fragmento dessa outra aula por
sua relação e ênfase de diferenças na própria vida privada e cotidiana, seguida de sua
Parte 3 (12/03/2004)
[...]
P. Agora a segunda pergunta que eu falei que faria para quem tivesse feito a redação. Vocês
escolheram falar do passado de um jeito, porque, que tipo de coisa vocês separaram para
escrever sobre ele?
[Nesse trecho, a professora fala junto com os alunos]
P. Quando começaram a estudar, o que mais? Então ele falou de hábitos dele, ela falou de
uma data importante, quando ela começou a estudar, que mais? Isso. Alguém falou de algum
aniversário, alguma festa? Importante? O dia que alguém da família morreu? Ou algum
animal morreu? Nascimento de um irmão, de um primo? Então olha só, vamos prestar
atenção. Alguém, alguém aqui escreveu sobre o que almoçou ano passado no mês de março?
(++) escreveram sobre isso? (++) alguém aqui escreveu a que horas foi dormir no dia 11
de março de 2001? (++) alguém escreveu que horas foi fazer xixi anteontem? (++) Mas vem
cá, essas coisas não aconteceram na vida de vocês?Vocês não almoçaram ano passado, não
fizeram xixi anteontem? Não foram dormir no dia 11 de março de 2001? (++). Brendal,
vamos prestar atenção agora! (+) Porque que isso não interessou a vocês na hora de
escrever?
(turma fala toda junto)
P. Dá vergonha ou você não sabe? Você sabe? Não tem importância, mas a gente não precisa
comer, fazer xixi, e dormir? Então, faz parte da nossa vida, é importante para nos manter
vivos. Porém , dona Juliana, não foi importante (...) ficar vivo, não foi importante no sentido
de ter deixado alguma marca na nossa vida. Quando (...) aprendeu a andar de bicicleta,
aquilo foi importante para ele, um acontecimento único, o dia que a gente aprende a andar
de bicicleta é um dia só na vida, depois a gente já aprendeu, já sabe. Mas aquele dia produziu
uma mudança para ele. Antes ele não sabia, depois daquele dia ele soube. O dia que você
foi batizado é um dia só. Você não é batizado todo dia. Então aquele batizado, ele de alguma
maneira deixou alguma marca na sua vida. Ele produziu alguma mudança na sua situação.
Esses momentos, Wesley, esses momentos que não se repetem, que são momentos que
marcam uma alegria, uma tristeza, uma mudança para a gente tem um nome também: marcos
históricos. Marco porque marca. É fácil da gente entender. Marco histórico é aquele
momento que nos deixou marcas. Que fez a gente sentir coisas diferentes, que não são do dia
a dia. Então a morte de um cachorro que a gente gosta é um marco histórico na nossa vida,
o nascimento de um irmão é um marco histórico na nossa vida. (++) E num país? será que
alguém saberia dar um marco histórico de um país?
(turma fala)
das crianças e constituir um texto que signifique o que estão tentando exprimir, bem
como ela própria. Mônica organiza o texto conclusivo sobre o conteúdo tal como
Unidade I
[...]
b) Marcos históricos: são os acontecimentos considerados importantes
pelos historiadores, fatos que marcaram uma sociedade e provocaram
transformações.
(...)
Como uma aula pode acontecer numa sala em que sempre há alguém provocando,
brincando, zombando do outro, em diferentes partes da sala? Pois essa é a pergunta que
fiquei me fazendo durante as aulas de História que acompanhei nesta turma. Os alunos
que tentavam estudar ali (e eram relativamente poucos) pareciam peixes fora d’água em
tamanha confusão. Tentavam criar um isolamento, pelo silêncio e pela quietude, entre si
quase em igual número2 às aulas de História, essa agitação se reduzia, mas ainda assim
os pólos de confusão, os alunos mais agitados e que falavam provocando os demais com
na quadra quanto na Sala de Jogos. Essa observação foi muito proveitosa, pois parecia
que ali a maioria se encontrava em seu ambiente. Aquilo que em sala de aula era estranho,
desagradável, como gritar, pular, trapacear na brincadeira, ali acontecia sem problemas.
Quase todos demonstraram gostar muito de participar dessas aulas, nos dois espaços. Na
quadra, os meninos aceitam participar de qualquer atividade com toda a disposição. Entre
tentavam estudar em sala). Na sala de jogos, a maioria dos meninos e meninas que em
2
Eu possuía disponibilidade para acompanhar as aulas imediatamente antes ou depois da aula de História.
Como a anterior era Educação Física, que raramente era na quadra, dediquei-me a acompanhar as aulas
de Ciências. Além disso, houve um dia de tentativa de troca fracassada de aulas entre Ciências e História
que acabou propiciando a Ciências ficar mais tempo com a turma e História ficou sem aulas.
sala procuravam estudar e não se misturar com os colegas bagunceiros preferiam jogos
em que o corpo ficava mais quieto, controlado, como damas e dominó. Com algum
as atividades nessa sala pude ver os alunos conversando animadamente e, quase aos gritos.
Entretanto, justamente pela algazarra criada, nesses dois ambientes ficou impossível
elementos para pensar em trajetórias escolares diferenciadas em uma mesma escola para
turmas tão díspares em relação a sua forma de estar naquele espaço. Na turma 505 um em
cada quatro alunos declara vir de famílias em que o aluno é o primeiro a se escolarizar,
sendo que diversos alunos declaram precária escolarização para seus pais. Não se
diferencia das demais turmas na resposta da motivação para o estudo, apontando o desejo
família. Em duas outras turmas houve equilíbrio entre os que se incluíram ou não. Na
turma 502, 21 alunos se incluíram entre os leitores da família e nesta turma apenas 7
alunos se incluíram entre as pessoas da família que gostam de ler. Ainda assim, com salva-
Outro aspecto em que essa turma se destacou das demais foi o da retenção em
alguma série. Nesta turma, de 33 alunos 28 foram retidos em alguma série do ensino
fundamental e 2 foram retidos mais de uma vez. Apenas na quinta série 12 alunos foram
escolarização e relação com a escrita, ao não verem seus esforços (mesmo que difusos ou
dispersos) resultarem em aprovação escolar ao final do ano. Também existe o outro lado
suas dificuldades, a única alternativa que lhe parece existir: o de fazê-los repetir a série
mais uma vez, tendo a chance de aprender o que ainda não foi aprendido. Seguramente
essa decisão não é tomada de modo confortável por todos os professores. Este foi,
inclusive, um dos pontos de debate de uma das reuniões do grupo de História de que
promover os alunos a qualquer preço pra a série seguinte, a escola dava aos jovens uma
visão errônea do que era a avaliação social em geral. Estranhamente, na 505 o clima
estabelecida entre tantos da turma, pareciam não ter ainda se dado conta dos problemas
Por outro lado, o perfil que se elabora aqui é o de uma turma que tem relativa
turma distribuíram essas notas entre o 1 e o 10, com grande concentração na faixa da nota
5. Em relação à leitura autônoma dos livros didáticos, um dos pontos que em sala percebi
como de dificuldade na turma, a avaliação que fazem é pouco clara, mas distribuída. Há
alunos que avaliam como difícil, outros de dificuldade média e um número expressivo
considera essa leitura fácil. Esta turma escolheria majoritariamente a revista de Ciências
Sua atenção consciente se dirige mais para a aula de Língua Portuguesa, seguida
indagada sobre o tema que estudavam em História, a grande maioria respondeu dentro do
tema de estudo. Existem, entretanto, algumas diferenças importantes entre esta turma e a
outra turma acompanhada na série, que não conseguiu esse resultado nesta pergunta.
Além da 505 contar com um número relativamente alto de repetentes, que conhecem
superficialmente o programa, o tema adiantado pela professora era mais unitário que o da
De qualquer modo fica uma dúvida. Será que, em sua agitação, a turma 505
consegue compreender alguma coisa que nós, professores adultos, supomos impossível
naquela algazarra?
Cláudia, a professora desta turma e também da sexta série, é a professora com maior
dezessete turmas em quatro séries (incluindo duas disciplinas na quinta série; História e
esta carga (horária e de diversidade) - diretamente relacionada por ela ao baixo salário - a
“pouca criatividade” (adjetivo atribuído pela professora) de suas aulas. Logo de início,
atribuiu relevância aos livros didáticos como apoio ao trabalho docente, o que explica sua
busca por livros didáticos no início do ano, remanescentes do ano anterior. Lamentou não
ter condições (como transporte) para sair com os alunos para passeios didáticos de
História, pois entende que, sem eles, a História fica muito abstrata para os alunos mais
novos. Enfim, de acordo com sua fala, a disponibilidade de recursos como livros didáticos
de atuar com os alunos menores, e como está em vias de se aposentar em uma de suas
matrículas, pretende passar a atuar somente com turmas e séries mais adiantadas,
preferivelmente do Ensino Médio. Entende que estes alunos estão em melhores condições
de estudar a História. Afirmou que, dependendo da turma em que está, nem se lembra do
salário que ganha, pois os alunos retribuem a aula que estão recebendo com uma atenção
Adiante em sua entrevista e em alguns momentos de suas aulas, comenta que não se
sente bem trabalhando com as turmas de alunos com defasagem de idade na quinta
os pequenos ainda estão perdidos (a ser orientados) e os que passam da faixa etária...se
perdem e perdem o interesse. Avalia que esses alunos deveriam estar em outro lugar, no
ensino supletivo, ou estar recebendo outro tipo de acompanhamento. Sua fala sugere que
se sente despreparada para lidar com os alunos dessas turmas, “Os sobreviventes do
sistema acordam e chegam ao Ensino Médio”. Ainda assim, “...as turmas começam
ocorreriam em todas as séries ou se somente nas séries mais baixas, afirmou que
compreende que tais dificuldades existem de forma mais crítica nas séries mais baixas (5a
e 6a). No Ensino Médio, modalidade em que ministra aulas à noite, considera que estas
a maior parte de sua carreira como professora da Educação Infantil na rede pública
estadual. Compreende que essa experiência foi fundamental para seu crescimento
profissional, pois atribui sua paciência com os alunos e sua compreensão de que até
lhes explique bem a matéria - à perspectiva aprendida na Educação Infantil. Até então,
sua formação era a do antigo curso normal (realizado entre 1966 a 1968).
Acerca da motivação para fazer o curso de História, Claudia afirmou ter sempre
gostado dessa disciplina, de ler livros sobre seus temas e depois de fazer pesquisa também
nessa área. Enumerou, entre os livros de sua literatura predileta, Cem anos de Solidão,
mineiras.
A professora registra que prepara suas aulas nos finais de semana, em um espaço
próprio de sua casa, onde reúne livros didáticos, jornais e revistas de onde possa retirar
materiais para suas aulas. Sobre a troca com outros professores, informou que não
acontece muito. Que ocorre mais com Mônica, a partir da identificação que ambas
históricos (com a restrição de que nem sempre é possível usar o que se prefere).
Todas as aulas de História nesta turma vieram ocorrendo logo após as aulas de
Educação Física. Isto, além de gerar um certo atraso na chegada dos alunos, que vinham
do banheiro e vestiário, provocava neles uma grande agitação física e psicológica, pois
chegavam em grande movimento e expansão física. Eu vinha antes para a sala e ficava
ali, aguardando a chegada de todos. Observava o clima de agitação e brincadeira com que
iam chegando, ainda sob o efeito da aula de Educação Física. A professora também
chegava depois, pedindo que se aquietassem, para fazer a chamada. Esse era seu ritual de
abertura da aula. Sentar-se à mesa, fazer a chamada, fazer algumas anotações e leitura de
alguns materiais pessoais e depois então dava as instruções a respeito do que seria feito
na aula. Habitualmente ficava sentada à mesa, de onde lia o texto do livro didático e o
Observei que, nesta turma, os professores chegavam como que prontos para uma
guerra, pois logo perceberam logo que com muita facilidade, a confusão se instalava e
evidenciando estar contrariada. Mas, mesmo quando algum aluno fazia alguma coisa fora
do normal, como pular ou gritar, não havia descontrole em sua voz, falando em tom baixo
e equilibrado. Nestas ocasiões a professora perguntava o que era aquilo, pedia que
em voz alta (em letra marrom) para diferenciá-la da fala da professora no continuum da
Parte 1 (08/03)
P: Se vocês gritarem dessa maneira que, primeiro vocês vieram lá de fora, Camila dá um
tempinho, vocês vieram agora da aula de Educação Física, com o maior calor, né, então
você chegam aqui sem sossego, ainda aos gritos com o colega do lado aí vai ficar uma
coisa assim impossível da gente conseguir. Então vamos acalmar, para vocês melhorarem
do calor, já coloquei presença para todo mundo que entrou depois, para todo mundo com
presença então vamos sossegar senão vocês não vão conseguir nem fazer nada.
Pessoal, vamos abrir o livrinho para gente continuar que eu acho que falta um pedacinho
do capítulo dois, a gente começou a leitura, mas a gente leu só uma parte. Vamos dar uma
olhadinha em que página a gente estava.
Eu acho que paramos na dezessete. Vê se não foi assim, o calendário. A última coisa que a
gente leu não foi o calendário? Quem é que continua?
Iuri... (...)
Iuri, cadê seu livro?
A: Tá aqui.
P: Abre aí na página 17.
(...) nós paramos no calendário. Então eu estou na página dezessete embaixo da gravura.
Essa gravura ela está explicando o seguinte: os calendários apresentam o sistema temporal
para a localização das atividades humanas, como a agricultura, as caças, as festas, o
trabalho, ou seja cada atividade dessa é feita num determinado tempo, tá, numa
determinada a etapa do tempo. Uma determinada data. Ao lado, ilustração francesa do
século quinze, representando diversas atividades agrícolas conforme que o mês do ano.
Abaixo dessa gravura, tem assim: Os povos criaram diferentes calendários de acordo com
seus conhecimentos, critérios e necessidades. Não se sabe exatamente quando foi criado o
primeiro calendário, mas supõe-se que tenha sido entre 2000 e 3000 o anos antes do
nascimento de Cristo. Provavelmente foram os chineses, os egípcios ou os sumarianos, que
inventaram com base em observação do sol e da lua. Os antigos gregos, gente olha a
conversa, adotaram (...) para a contagem de tempo, a realização da primeira olimpíada em
776 antes do nascimento de Cristo. Os antigos romanos contavam o tempo a partir da
fundação de Roma que teria acontecido em 753 antes do nascimento de Cristo. Os povos
cristãos têm como marco base a contagem de tempo o nascimento de Cristo, por isso são
chamados de calendários cristãos. Então vamos marcar (...) em calendário cristão. Então
vamos continuar. Origem do calendário cristão. Em 532, um monge, eu acho até que já li
isso para vocês e eu expliquei...
A: Já, já.
P: Não já? O monge que se dedica a vida religiosa, fica no mosteiro... então vamos aqui
para baixo. Segundo, vamos marcar logo o segundo, segundo o calendário cristão as datas
anteriores ao nascimento de Cristo recebem a abreviatura a.C. que significa antes de Cristo.
E as datas posteriores, o que quer dizer posteriores? Que vem antes ou depois? (++)
Depois. Ao seu nascimento podem vir acompanhadas ou não da abreviatura d.C. depois de
Cristo, podem vir ou não, tá pessoal? Não é o usual, a gente não escreve assim (+) 8 de
março de 2004 d.C. . Tá? Porque a gente está vivendo esse ano, se a gente está vivendo isso,
a gente já sabe que é depois de Cristo. Tá? Então as datas depois de Cristo não usam, só as
antes, que é para exatamente situar a gente que foi antes do nascimento de Cristo. Quando
o 1 no calendário cristão é identificado como o ano nascimento de Cristo, vamos marcar
até aí. Assim como outros calendários, um cristão agrupa o tempo em dias, semanas, meses
e anos. Os períodos maiores são agrupados de dez em dez anos, década, de 100 em 100
anos, século, de 1000 em 1000 anos, milênio. Então vamos marcar de assim até milênio. O
século é uma unidade de tempo muito utilizada no estudo da história. Costuma indicar os
séculos por algarismos romanos, pois essa é uma tradição que vem da Roma antiga.
Exemplos: séculos XV, século XVII, século XX. O modo básico de saber a que século
pertence determinado ano é somar 1 ao número de centenas do ano, por exemplo, o ano de
1997, o número de centenas é dezenove, temos então dezenove mais um, século vinte. Assim
1997 pertence ao século vinte. No entanto quando o ano termina em zero, como, por
exemplo, 1900, é uma exceção à regra. Nesse caso o número de centenas indicam século
1900, século XIX. Isso significa que o ano de 1900 ainda pertence ao século XIX, entretanto
o ano de 1901 pertence ao século vinte. Na tabela seguinte você poderá ver a que século
corresponde cada ano até o ano 2000. Tá, aí ele coloca essa tabelinha que vocês podem
utilizar pra gente fazer exercícios.
Períodização histórica. Já trabalhamos isso aqui, periodização da história é a divisão da
história em fatos importantes é mais ou menos, que tiveram mais ou menos as mesmas
características então os historiadores dividiram isso em períodos históricos. Que eu
coloquei o ali no quadro pra vocês, que antes da história vêm o que mesmo, hein? Qual é o
período que vem antes da história? (++) A pré-história. Muito bem. Quando aqui nós
dizemos que a história é parecida? (++) Como é que eu sei que daí para frente os
historiadores consideraram esses períodos, períodos na história? O que aconteceu, qual foi
o fato muito importante que determinou esse aparecimento da história? (++) Vai lá. Pode
falar.(++) O que que aconteceu pessoal? Lá, antes da pré-história, o homem da pré-história
ele tinha uma escrita? Não, não é? Ele se comunicava através de que?
A: Através de desenhos.
P: De desenhos, de sinais, não é? Mas o desenho (...) e aí quando ele começa a registrar,
tá, os seus acontecimentos através de sinais que nós determinamos de escrita? Nós vemos
surgir o que? (++) Acabei de falar pessoal... a história. Então a história, o acontecimento
marcante que vai determinar que estamos estudando a história é quando o homem começa
a registrar seus acontecimentos através de dois sinais, nós chamamos de escrita. Não eram
sinais como os que nós utilizamos hoje. Eram sinais diferentes, tá, mais que tinham,
passavam mensagens, então é a escrita. Vocês têm que prestar atenção na hora que eu estou
falando por que vocês esquecem. Aí daqui a pouco eu pergunto de novo e vocês estão
viajando e esquecem novamente.
Cada período, cada período histórico deve apresentar características consideradas
significativas e importantes (...) diferente de outros períodos. Mas todo (...) histórica estão
de acordo com o ponto de vista de quem a elaborou. O tipo de periodização muito utilizada
e tradicional que divide a história em grandes períodos é a pré-história, idade antiga,
Antiguidade, idade média ou medieval, idade moderna e idade contemporânea. Esta divisão
foi feita por historiadores europeus que no século XIX davam maior importância aos (...)
escritos e aos fatos políticos. Por isso todo o período anterior a invenção da escrita foi
chamado pré-história. Como eram europeus, todos marcos que dividem as idades da
história são acontecimentos ocorridos na Europa. Então nós vamos marcar de vejamos até
Europa e vamos encerrar hoje aqui, essa materiazinha. Pode ficar com o livro... oi? Vejamos
até Europa. Que gravura é essa aí gente, hein? Do lado aí. Como é que nós chamamos essa
gravura? (++) alguém lembra? Alguém que estava aqui no ano passado, lembra?
(++)Como é que chama esta figura aí?(++) Ninguém lembra?(++) Então eu vou contar
só depois. Se vocês lembrassem...
Parte 2
Fragmento 1 (15/03)
[ Depois da correção dos exercícios da aula anterior, a professora solicita que os alunos
(na ordem do diário, leiam em voz alta a continuação do capítulo no tópico Cronologia.
Alguns não querem ler. Quem lê, o faz em voz muito baixa, inaudível. A professora vai
comentando o conteúdo relativo a cada trecho lido. No trecho abaixo, a aluna acabou de
ler um trecho sob título cujo título Periodização Tradicional.]
(...)
P: Repentinamente. Aí tem um pontinho. Obrigada, Daiane. Ele tá explicando, que essa
periodização, História Antiga, Idade Média, Idade Moderna, ele diz que um dos motivos é
que é o estudo de algumas regiões da Europa. Que outra coisa que fala, que não pode ser
generalizada naquele período, que eles dizem na Europa, alguns historiadores de História
Antiga, da Idade Antiga, e outros países, outros pedaços do continente, olha conversa, na
hora da prova vai se afundar. Não é só por causa de uma prova não, (...) principalmente. A
gente não pode dizer, por exemplo, que no período que ocorria a Idade Média lá na Europa,
outros países do Oriente Médio ou da África, pudessem ser classificados têm Idade Média.
Então a gente tem que ficar atento quanto a essa divisão, porque essa divisão se refere à
Europa. Realmente é o que nós estudamos. A História é instrumental da Europa.
Parte 3 (25/03)
[Nesta aula a professora inicialmente corrigiu exercícios da aula anterior (ainda relativos
ao conteúdo de cronologia ministrado no mês de fevereiro e início de março) e depois pediu
que pegassem os livros para iniciar a leitura do capítulo 3, referente à Pré-história. Começa
uma confusão pela falta de livros.]
P: Olha, eu não sei se na sala de Ângela tem não. Cadê o seu? Então deixa, pega em casa,
se você não ficar conversando. [...] Pessoal, vamos abrir na página, no capítulo 3, na página
23. Já estudamos isso, já foi explicado, vamos ver agora o que fala o autor Gilberto Cotrim.
Vamos só acompanhando, (...), eu já expliquei para vocês, e já botamos no caderno, vamos
ver agora a visão do autor Gilberto Cotrim e o que ele fala além daquilo que eu já falei.
Entre os mais antigos hominídeos está o (...) cerca de 40% do esqueleto do fóssil, o que que
é fóssil? São coisas que a gente encontra já petrificado, por muito tempo e que os
arqueólogos procuram. De sua espécie (...) foi encontrado por Donald Johnson em 1964 e
batizado de Lucy, na figura da direita vemos a reconstrução do esqueleto de Lucy feita pelo
antropólogo (...). Do lado de cá pessoal, eles acharam, olha pra frente, gente! Eles acharam
esses fragmentos aí foram compondo e viram que era o corpo de um hominídeo do sexo
feminino que faltavam algumas peças então lhes fizeram a essas peças e reconstruíram
como Lucy, esse astralopitecus (...), tá ela aqui do lado inteirinha. Não sei se vocês sabem,
olha, por que 3 juntos? Olha foi a última vez, não tem livro, desculpa o termo grosseiro,
azar! Bom, se é sorte, agora, porque no futuro será um azar muito grande! Já sabe qual é o
dia da aula, não trás fica quieto na sala! E ainda vai perturbar quem não quer ficar de
algazarra!
O esqueleto feminino é diferente do esqueleto masculino. Os ossos da bacia do esqueleto
feminino são mais largos e o cérebro é diferente também, não é o cérebro desculpa pessoal,
a caixa craniana. Onde fica o cérebro. Por isso que eles sabem que esse australopitecos era
uma fêmea. Uma mulher. E batizaram de Lucy. Vamos virar a folha na página 24.
Investigando nossas origens. Desde os tempos mais antigos nos fazemos uma pergunta
básica como o ser humano surgiu na Terra? Diferentes sociedades têm dado várias
respostas para essa pergunta. Uma dessas respostas foi elaborada pela tradição religiosa
que se encontra na bíblia no livro do Gênesis. Como é que se chama a teoria cristã e a teoria
religiosa? (+) Como se chama? (+) A teoria religiosa? (+) Qual é o nome dela?
A: Cristã?
P: Não. (+) Muito bem, criacionista. Nós vimos não tem um mês atrás. Um mêsinho não
tem. Segundo a teoria criacionista, no livro do Gênesis, no princípio Deus criou o céu e a
terra, Deus disse "haja luz" e houve luz, deus viu que a luz era boa e deus declarou o a luz
e as trevas. Deus chamou a luz, dia e as trevas, noite. Deus disse, que a terra reproduza
seres vivos segundo a sua espécie, animais domésticos, répteis feras segundo a sua espécie.
E assim se fez. Deus disse que, façamos um homem a nossa imagem e semelhança e que ele
domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos
os répteis que rastejam sobre a Terra. Deus criou o homem a sua imagem. A imagem de
Deus, ele os criou. Homem e mulher, ele os criou. Que aquilo que eu tinha dito a vocês, nós
não estamos aqui numa aula de história pra discutir religião. Nós estamos aqui para ver as
duas teorias, ver a origem do homem e não (...) se é ou se deixa de ser. O relato bíblico, vê
no livrinho de vocês aí embaixo o relato bíblico traz a idéia de que o ser humano foi uma
criação especial de Deus. As pessoas que em essência, ou seja, que verdadeiramente crêem
nessa visão religiosa defendem uma doutrina chamada criacionismo. Segundo a tese
criacionista o que diferencia o ser humano das demais criaturas vivas é a espiritualidade
que se manifesta no desenvolvimento de características como, inteligência, vontade,
sentimento, linguagem elaborada, (...) e senso de moralidade. Está marcado aí em
moralidade?
A: está.
P: Se não está, marca. De um relato bíblico até moralidade. A visão criacionista sobre a
origem humana...
(...)
P: A visão criacionista sobre a origem predominou nas sociedades cristãs até o século XIX,
século XIX, 1800, tá, 1801, a partir daí é século XIX.. Surgiram então os estudos do cientista
inglês Charles Darwin. Ele nasceu de em 1809 e morrem em 1882, que resultaram em idéias
diferentes. Em (...) após muitos anos de observação da natureza, Charles publicou "a origem
das espécies". Nesse livro, Darwin propôs o evolucionismo, teoria segundo a qual uns seres
vivos evoluíam a partir de um antepassado comum. Para Darwin, o mecanismo biológico
pela qual as espécies mudam evoluem e se diferenciam é a seleção natural, processo em que
os indivíduos mais adaptados ao meio ambiente têm mais chances de sobreviver e deixar
descendentes. Foi aquilo que nós falamos aqui sobre os dinossauros. Ou aconteceu alguma
coisa muito grave ou com passar do tempo eles não conseguiram se adaptar e foram
extintos. Que aqui a ele diz assim, que todas as espécies vem de um antepassado comum.
Qual é o nosso antepassado?
A: macaco.
P: Qual é o nosso antepassado? (+) de onde nós viemos? Quem é que deu origem ao
homem?
A: Deus!
P: Quem?
A: Deus!
P: Os hominídeos. Eu estou falando agora da teoria evolucionista. Quem está marcado,
ótimo. Quem não está, marca de a visão até descendentes. A explicação da teoria
evolucionista do Darwin é que um homem descende de algum animal semelhante ao macaco.
E não é produto de uma criação especial. Isso aí é retirado de um livro chamado "a evolução
da humanidade". As sociedades cristãs do século XIX e da Europa e da América ficaram
chocados com a tese evolucionista. Darwin foi duramente criticado por autoridades
religiosas e cientistas cristãos que não aceitavam que os humanos eram aparentados com
outras criaturas e animais. Por não entenderam o evolucionismo, muitas pessoas se
assustam até hoje com a falsa idéia de que os homens descendem do macaco. Pessoal, eu
cansei de explicar isso aqui. A nossa descendência é dos chimpanzés, do orangotango e do
macaco prego?
A: não.
P: Eu cansei de dizer isso aí. A nossa descendência é de que? Vocês acabaram de falar no
decorrente aí. As pessoas falam macaco, por que os hominídeos, os primeiros, eram mais
baixinhos, tinham pelos no corpo, ainda não estavam totalmente eretos, por isso, tá? Não
vamos achar que a gente andava pulando em árvore. Tá todo mundo com o livrinho marcado
aí até macaco? Embaixo, o último parágrafo. Aí tem a teoria dele, do Darwin, olha só o que
ele diz. Publicada em 24 de novembro de 1859 a obra "a origem das espécies" de Charles
Darwin é considerado um dos livros mais revolucionários da biologia. Suas idéias básicas
são: o processo de evolução das espécies é gradual e continuo, ou seja, não é uma coisa
rápida, e está sempre acontecendo, não é de uma hora para outra e também não para. Vocês
estão prestando atenção no que eu estou explicando? Todos os seres vivos de descendem
em última instância de um ancestral comum. Ele está querendo dizer que no final, no final,
no final quando a gente pesquisa, pesquisas, pesquisa a gente vai ver que nós tivemos um
início comum a todos os outros e daí as espécies foram se modificando e evoluindo ou
involuindo, tá, ele diz isso. O mecanismo pelo qual os seres vivos mudam e evoluem é a
seleção natural. Os indivíduos mais adaptados ao meio ambiente conseguem melhores
resultados na luta pela sobrevivência. O animal normalmente quando ele nasce com uma
deficiência, normalmente ele não sobrevive, e até o ser humano mesmo, se é uma deficiência
muito grave, tipo assim, crianças que às vezes nascem sem cérebro, acabam não
sobrevivendo. O que está acontecendo aí com um livro?
[Uma aluna reclama que, enquanto a professora explicava, colega implicou come ela
usando uma reprodução de imagem do livro (Criação do Homem, de Michelangelo).]
Aluna: Ele tá falando que aquilo ali é a minha família.
P: Eu não estou nem me incomodando, porque eu vou me reservar o direito de colocar no
dia da avaliação, são coisas que eu falei aqui na sala de aula, quem ouviu, ouviu e que quem
não ouviu, azar. Não vou ficar facilitando a vida de quem vem pra cá (...) não.
Aluna: você ouviu o que ela falou pra mim? Você tá achando que ela tá falando de mim?
P: Não, não tô falando pra ela não! Eu tô falando pra quem tava com o livrinho, virado pra
trás, amolando ela.
Aluno: Não tô falando com ela, professora!
Alna: Tá sim!
P: Poxa, to explicando uma coisa importante. aí vocês saem daqui e dizem assim:
(...)
[Quase ao final da aula, a professora pergunta a hora e vê que ainda sobram alguns
minutos. Decide utiliza-los continuando a ler.
P: Olha só, aproveitando esse espacinho, eu vou pedir para vocês lerem para ver como a
turma está lendo. Eu vou começar(++) pode ser com você. Homo (...).
[o aluno se recusa a ler, parecendo estar com vergonha]
P: Olha só, pessoal, eu não quero ler não. Eu também de repente hoje, nesse momento,
queria tá em outro lugar, mas eu tenho necessidade de estar aqui, no mesmo caso que vocês.
Tenho escolha não! Quem é que vai ler? Vamos lá!
(...)
Legenda: