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Atividade diagnóstica de leitura, análise de – Faço um trato com você – disse o marido ao

texto e produção escrita de questões garoto – dou tudo de valor que tenho em casa,
dissertativas contanto que você não toque em ninguém.
E se as crianças chegarem de repente? Pensou a
mulher. Meu Deus, o que esse bandido vai fazer
com as minhas crianças? O garoto gaguejou:
O Assalto, de Luís Fernando Veríssimo – Eu… eu… é aqui que tem umas garrafas para
Quando a empregada entrou no elevador, o garoto pegar? (...)
entrou atrás. Devia ter uns dezesseis anos, – Não é para agradar, mas eu compreendo você.
dezessete anos. Preto. Desceram no mesmo Você é uma vítima do sistema. Deve estar
andar. A empregada com o coração batendo. O pensando: “Esse burguês cheio da nota está
corredor estava escuro e a empregada sentiu que querendo me conversar”, mas não é isso não.
o garoto a seguia. Botou a chave na fechadura da Sempre me senti culpado por viver bem no meio
porta de serviço, já em pânico. Com a porta aberta de tanta miséria. Pode perguntar para minha
virou-se de repente e gritou para o garoto: mulher. Eu não vivo dizendo que tenho casa. Não
– Não me bate! somos ricos. Somos, com alguma boa vontade, da
– Senhora? classe média alta. Você tem razão. Qualquer dia
– Faça o que quiser, mas não me bate! também começamos a assaltar para poder comer.
– Não senhora, eu… A dona da casa veio ver o que Tem que mudar o sistema. Tome.
estava havendo. Viu o garoto na porta e o rosto O garoto pegou o dinheiro meio sem jeito.
apavorado da empregada e recuou, até pressionar – Olhe, eu só vim pegar as garrafas…
as costas na geladeira. – Sônia, busque as suas joias. Ou melhor, vamos
– Você está armado? todos buscar as joias. Os quatros foram para a
– Eu? Não. suíte do casal. O garoto atrás. No caminho ele
A empregada, que ainda não largara o pacote de sussurrou para a empregada:
compras, aconselhou a patroa sem tirar os olhos – Aqui é o 712? Me disseram para pegar umas
do garoto: garrafas…
– É melhor não fazer nada, madame. O melhor é – Nós não temos mais nada, confie em mim.
não gritar. Também somos vítimas do sistema. Estamos do
– Eu não vou fazer nada, juro! – disse a patroa, seu lado. Por favor, vá embora!
quase aos prantos. – Você pode entrar. Pode fazer
o que quiser. Não precisa usar de violência. (O analista de Bagé. Porto Alegre, L& PM, 1981.)
O garoto olhou de uma mulher para a outra.
Apalermado. Perguntou: Questões
– Aqui é o 712?
– O que você quiser. Entre. Ninguém vai reagir. 1-A crônica de Luís Fernando Veríssimo narra um
O garoto hesitou, depois deu um passo para fato relativamente comum nas grandes cidades.
dentro da cozinha. A empregada e a patroa Qual é esse fato?
recuaram ainda mais. A patroa esgueirou-se pela 2-Qual o tema abordado pelo texto?
parede até chegar à porta que dava para a saleta 3-Porque a empregada estava “com o coração
de almoço. Disse: batendo” no início da crônica? Havia motivos
– Eu não tenho dinheiro, mas meu marido deve para ela se sentir assim?
ter. Ele está em casa. Vou chamá-lo. Ele lhe dará 4-Ao descer o elevador a empregada fica ainda
tudo. mais desesperada. Por que ela implorou ao garoto
O garoto também estava com os olhos para que não batesse nela?
arregalados. Perguntou de novo: 5-O que a dona do elevador deduziu ao ver a
– Este é o 712? Me disseram que era para pegar empregada e o garoto na porta? Por que fez essa
umas garrafas no 712. dedução?
A mulher chamou com voz trêmula: 6-A dona da casa também teve medo?
– Henrique! 7-O que a frase “Chegou a hora”, revela sobre os
O marido apareceu na porta do gabinete. Viu o sentimentos do marido ao ver a cena?
rosto da mulher, o rosto da empregada e o garoto 8-No decorrer do texto, por várias vezes o garoto
e entendeu tudo. Chegou à hora, pensou. Sempre pergunta às pessoas se lá era o 712 e comenta que
me indaguei como me comportaria no caso de um estava ali para pegar umas garrafas. Por que as
assalto. Chegou a hora de tirar a prova. pessoas não ouviam o que ele dizia?
– O que você quer? – perguntou, dando-se conta 9-Por que o garoto pegou o dinheiro “meio sem
em seguida do ridículo da pergunta. Mas sua voz jeito”?
estava firme. 10-O título da crônica é “O assalto”. Houve
– Eu disse que você tinha dinheiro – falou a realmente um assalto? Se o garoto não fosse
mulher. negro, a história seria diferente?
Sondagem de leitura e análise de texto Aí, Carlos Alberto resolveu jogar bola sozinho.
Nós passávamos pela casa dele e víamos. Ele
batia bola com a parede. Acho que a parede
Texto: O dono da bola era o único amigo que ele tinha. Mas eu acho
Ruth Rocha que jogar com a parede não deve ser muito
divertido.
Porque, depois de três dias, o Carlos Alberto
não aguentou mais. Apareceu lá no
O nosso time estava cheio de amigos. O que campinho.
nós não tínhamos era a bola de futebol. Só – Se vocês me deixarem jogar, eu empresto a
bola de meia, mas não é a mesma coisa. minha bola.
Bom mesmo é bola de couro, como a do Carlos Alberto estava outro. Jogava direitinho
Caloca. e não criava caso com ninguém.
Mas, toda vez que nós íamos jogar com E, quando nós ganhamos o jogo final do
Caloca, acontecia a mesma coisa. E era só o campeonato, todo mundo se abraçou
juiz marcar qualquer falta do Caloca que ele gritando:
gritava logo: – Viva o Estrela-d’Alva Futebol Clube!
– Assim eu não jogo mais! Dá aqui a minha – Viva!
bola! – Viva o Catapimba!
– Ah, Caloca, não vá embora, tenha espírito – Viva!
esportivo, jogo é jogo… – Viva o Carlos Alberto!
– Espírito esportivo, nada! – berrava Caloca. – Viva!
– E não me chame de Caloca, meu nome é Então o Carlos Alberto gritou:
Carlos Alberto! – Ei, pessoal, não me chamem de Carlos
E assim, Carlos Alberto acabava com tudo que Alberto! Podem me chamar de Caloca!
era jogo.
A coisa começou a complicar mesmo, quando Atividades sobre o texto
resolvemos entrar no campeonato do nosso
bairro. Nós precisávamos treinar com bola de
verdade para não estranhar na hora do jogo. 1) Quem é o protagonista, isto é, o
Mas os treinos nunca chegavam ao fim. personagem principal da história?
Carlos Alberto estava sempre procurando 2) Quem narra a história participa dela
encrenca: ou não?
– Se o Beto jogar de centroavante, eu não 3) Carlos Alberto costumava fazer
jogo! chantagem e impor condições para
– Se eu não for o capitão do time, vou emprestar sua bola de couro.
embora! Comprove a afirmação com uma frase
– Se o treino for muito cedo, eu não trago a retirada do texto.
bola! 4) Qual era a finalidade da reunião que
E quando não se fazia o que ele queria, já Catapimba, o secretário do time,
sabe, levava a bola embora e adeus, treino. resolveu fazer?
Catapimba, que era o secretário do clube, 5) Qual era o nome do time?
resolveu fazer uma reunião: 6) Ao final, o time saiu campeão. Se
– Esta reunião é para resolver o caso do Carlos Alberto tivesse continuado com
Carlos Alberto. Cada vez que ele se zanga, o mesmo comportamento de antes,
carrega a bola e acaba com o treino. você acha que o time sairia vitorioso?
Carlos Alberto pulou, vermelhinho de raiva: Justifique sua resposta.
– A bola é minha, eu carrego quantas vezes eu 7) Tem alguma parte do texto que você
quiser! não entendeu?
– Pois é isso mesmo! – disse o Beto, zangado. 8) Ao ler esse texto, o que sentiu?
– É por isso que nós não vamos ganhar Conseguiu lembrar de outras histórias
campeonato nenhum! parecidas de alguma forma com essas?
– Pois, azar de vocês, eu não jogo mais nessa
droga de time, que nem bola tem.
E Caloca saiu pisando duro, com a bola
debaixo do braço.

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