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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA

ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS - ESO


ADMINISTRAÇÃO

RODRIGO AFONSO BRITO DE FARIAS

LEI DE LICITAÇÃO E COMPRAS PÚBLICAS: A EXIGÊNCIA DA


TRANSPARÊNCIA NO PROCESSO

Manaus
2024
RODRIGO AFONSO BRITO DE FARIAS

LEI DE LICITAÇÃO E COMPRAS PÚBLICAS: A EXIGÊNCIA DA


TRANSPARÊNCIA NO PROCESSO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade do Estado do
Amazonas (UEA), como requisito para a
obtenção do grau de Bacharel em
Administração.

Orientador: Prof. Clairton Ferret, MSc.

Manaus
2024
LEI DE LICITAÇÃO E COMPRAS PÚBLICAS: A EXIGÊNCIA DA
TRANSPARÊNCIA NO PROCESSO

LAW ON BIDDING AND ADMINISTRATIVE CONTRACTS: THE REQUIREMENT


FOR TRANSPARENCY IN THE PROCESS

RESUMO

A transparência é um aspecto crucial da lei de licitações e compras públicas, pois


promove a justiça e a concorrência no processo. Licitação é o processo pelo qual a
administração pública contrata obras, serviços, compras e alienações. Ao garantir
que todas as partes interessadas tenham acesso às mesmas informações e sejam
avaliadas com base nos mesmos critérios, a transparência pode ajudar a prevenir o
favoritismo e garantir que o proponente mais qualificado e competitivo seja
selecionado. Isto não só beneficia o público, garantindo que recebe o melhor valor
pelo seu dinheiro, mas também beneficia os proponentes, proporcionando condições
de concorrência equitativas. Assim, o objetivo do presente artigo é analisar os
fatores da Nova Lei de Licitação que impactam nas compras públicas e o sistema de
transparência no Brasil. Para atender aos objetivos propostos, recorreu-se a uma
revisão de literatura qualitativa e exploratória. Os resultados evidenciam que a Nova
Lei de Licitações 14.133/21, recentemente implementada, traz inovações
significantes para licitações e contratações públicas no Brasil. Uma das mudanças
mais significativas é a incorporação de sistemas de licitação eletrônica, que podem
ajudar a reduzir a corrupção, aumentar a transparência e melhorar a eficiência do
processo de aquisição. Em conclusão, garantir a transparência no processo de
aquisição é fundamental para promover a confiança pública nas compras
governamentais. Ao desenvolver critérios de avaliação claros e objetivos, ao utilizar
plataformas eletrônicas para licitações e compras e ao proporcionar supervisão e
monitoramento independentes, as partes interessadas podem ter a certeza de que o
processo de aquisição está a ser conduzido de forma justa e transparente. Em
última análise, isto pode ajudar a prevenir a corrupção e promover a boa
governança, beneficiando tanto o poder público quanto a população.

Palavras-chave: Licitação; Legislações; Nova lei de licitações e contratos públicos;


Transparência.

ABSTRACT

Transparency is a crucial aspect of public procurement and bidding law, as it


promotes fairness and competition in the process. Bidding is the process by which
the public administration contracts works, services, purchases and disposals. By
ensuring that all interested parties have access to the same information and are
evaluated based on the same criteria, transparency can help prevent favoritism and
ensure that the most qualified and competitive bidder is selected. This not only
benefits the public by ensuring they receive the best value for their money, but it also
benefits bidders by providing a level playing field. Therefore, the objective of this
article is to analyze the factors of the New Bidding Law that impact public
procurement and the transparency system in Brazil. To meet the proposed
objectives, a qualitative and exploratory literature review was used. The results show
that the wew law 14.133/21, recently implemented, brings several innovations to
public bidding and contracting in Brazil. One of the most significant changes is the
incorporation of electronic bidding systems, which can help reduce corruption,
increase transparency and improve the efficiency of the procurement process. In
conclusion, ensuring transparency in the procurement process is critical to promoting
public trust in government procurement. By developing clear and objective evaluation
criteria, using electronic platforms for bidding and purchasing, and providing
independent oversight and monitoring, stakeholders can be assured that the
procurement process is being conducted in a fair and transparent manner. Ultimately,
this can help prevent corruption and promote good governance, benefiting both the
government and the public.

Keywords: Bidding; Legislation; New law on bidding and administrative contracts;


Transparency.
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1 INTRODUÇÃO

A contratação pública é o processo através do qual as entidades do setor


público adquirem bens, serviços e obras do setor privado. O objetivo dos contratos
públicos é garantir que o dinheiro do contribuinte seja gasto de forma eficiente e
eficaz; e que os bens e serviços são adquiridos ao melhor custo-benefício possível.
No Brasil, o sistema de compras públicas é regido pela Lei de Licitações, que
estabelece as regras e procedimentos para compras públicas. Ela visa garantir a
transparência, a concorrência e a igualdade de tratamento de todos os licitantes,
bem como prevenir a corrupção e a fraude.
A Lei de Licitações no Brasil estabelece diversas modalidades de licitação,
incluindo concurso, tomada de preço, convite, concurso e leilão. A lei também
estabelece prazos e requisitos rigorosos para cada etapa do processo licitatório,
incluindo a publicação de editais e a avaliação das propostas. A recente Nova Lei de
Licitações e Contratos Administrativos (nº 14.133/2021) foi sancionada em abril de
2021, o que trouxe algumas mudanças significativas ao sistema de compras
públicas no Brasil. Estas alterações visam melhorar a eficiência e a transparência do
sistema e simplificar o processo de licitação tanto para o setor público como para o
setor privado.
A transparência é um componente crítico das compras públicas no Brasil, pois
ajuda a prevenir a corrupção e a garantir que o processo de compras seja justo e
competitivo. Ao proporcionar acesso aberto a informações sobre o processo de
contratação; incluindo toda a documentação pertinente ao certame; a avaliação de
propostas e a seleção de fornecedores; a transparência proporciona confiança e
responsabilização no sistema de contratação pública. A nova Lei de Licitações
também enfatiza a importância da transparência ao exigir que todos os documentos
e informações sobre as licitações sejam disponibilizados ao público. A promoção da
transparência e da responsabilização nas compras públicas garante que os fundos
sejam usados de forma eficiente e eficaz e que o setor público forneça bens e
serviços com qualidade aos cidadãos.
Diante disto, surge a seguinte problemática: Quais os impactos da Nova Lei
de Licitação nas compras públicas e o sistema de transparência no Brasil?
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O objetivo geral do presente trabalho é analisar os fatores da Nova Lei de


Licitação que impactam nas compras públicas e o sistema de transparência no
Brasil. Já os objetivos específicos são: Apresentar o Sistema de Transparência nas
Contratações Públicas no Brasil; Identificar os fatores da escolha da modalidade de
compra mais eficaz; Apontar os desafios e melhorias na legislação de compras
públicas e licitações no Brasil.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Administração Pública e seus princípios

Administração é um dos termos que mais tem sido utilizado na área


empresarial e nas instituições, e é gerida pelo fator humano. A administração faz uso
de recursos humanos, materiais e financeiros, que são a base para a realização das
atividades administrativas; Gestão é o processo de trabalhar com pessoas e
recursos para alcançar os objetivos organizacionais. Bons gerentes fazem as coisas
com eficiência e eficácia; Quando o processo administrativo é executado
adequadamente, inclui uma variedade de atividades, tais como: planejamento,
organização, direção e controle. Essas atividades básicas são as funções
tradicionais da administração (KOHAMA, 2020).
Como se sabe, a administração pública tem tido um campo de estudo
claramente definido desde os dias da escrita fundadora de Bonnin, em 1808,
continuado por uma série de pensadores franceses, alemães, espanhóis, hispano-
americanos, norte-americanos e italianos. Nas páginas dos muitos escritos sobre
administração pública, um campo de conhecimento preciso e transcendental foi
amadurecendo, principalmente porque as instituições administrativas logo atingiram
um alto grau de evolução, mostrando-se como organizações diferenciadas e
especializadas. Ao mesmo tempo, o servidor público foi educado por meio de uma
variedade de escritos e processos de treinamento aplicados, o que revela seu
eminente profissionalismo (MINOZZO, 2021).
Talvez a administração pública seja a ciência social que mais tem invocado os
"princípios" como eixo axial de suas formulações científicas. Até a segunda edição
do livro de Bonnin os mostra orgulhosamente em seu título. Mas foi muito mais tarde
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que os princípios foram apresentados como fundamento epistemológico por um


punhado de pensadores administrativos. Um dos projetos mais característicos foi
desenvolvido pelo Movimento de Administração Científica, encabeçado por Luther
Gulick e Lyndall Urwick na década de 1930, que se propuseram a fundamentar sua
doutrina na busca dos princípios da administração como uma disciplina abrangente.
Mas foi a obra de Gulick que mais insistiu no uso de princípios, e foi essa escrita que
mais recebeu os estilhaços da espingarda epistemológica de Herbert Simon. De
fato, Simon argumentou que esses princípios de gestão nada mais eram do que
"provérbios" e que, ao contrário, era necessária a construção de conceitos
firmemente estabelecidos no behaviorismo. Um de seus artigos mais pungentes foi
dedicado à sua tentativa de demolir as contribuições de Gulick, depois disso, sua
obra-prima repetiu a dose e imediatamente formulou seus métodos conhecidos de
conduta na administração. A ciência administrativa comportamental propôs a
construção de categorias validadas pela pesquisa empírica, como requisito para a
formulação de princípios com aspiração de validade universal (MINOZZO, 2021).
Conforme Hely de Meirelles (2016) a administração Pública em sentido formal
é o conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo, em
sentido material é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em
geral. A administração Pública está dividida em: direta e indireta, onde a
Administração Direta é exercida pelo os Poderes da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, os quais não possuem Personalidade Jurídica, patrimônio ou
autonomia Administrativa.
Por outro lado, a Administração Indireta é composta por entidades as quais o
governo descentralizou competências, responsáveis a desempenhar os mais
diversos papeis junto a sociedade na prestação de serviços à população. Essas
entidades, por sua vez, possuem personalidade jurídica, e recursos próprios advindo
de receitas próprias. A Administração indireta é dividida em: autarquias, que são
criadas por meio de lei, com o objetivo de prestar serviços à população de forma
descentralizadas, nas mais diversas áreas, e temos como exemplo os Institutos
Federais de Educação, que possuem a finalidade de desenvolver atividades na
educação no desenvolvimento científico e tecnológico, ainda como exemplo temos a
FIO CRUZ – Fundação Oswaldo Cruz, que desenvolve atividades na área da saúde.
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E por fim, na administração indireta tem as empresas públicas e sociedade de


economia mista as quais são criadas após autorização em lei.
Ainda, para melhor entendimento sobre a Administração Pública serão tecidos
comentários sobre os princípios norteadores, os quais estão estabelecidos no caput
do artigo 37 da Constituição Federal:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência [...] (BRASIL, 1988).

Logo, todas as esferas da Administração Pública devem obedecer aos


princípios, fundamentais para o bom andamento das compras públicas.
A ostentação de princípios não é uma vaidade privada da administração
pública, pois para qualquer disciplina uma das mais fortes evidências de sua
validade científica reside em seu alcance de generalização, ou seja, que seus
conceitos básicos têm aspirações "universais". Ou seja, o conhecimento produzido
em um locus é utilizável, em grau e medida, em outro locus. Isso só é possível se
esses conceitos adquirirem a condição de "começo", ou seja, uma qualidade
"universal" no tempo e no espaço.
Por fim, de forma mais importante, os princípios podem estabelecer “relações
causais”, que são aquelas relacionadas com as condições necessárias e suficientes,
ou necessárias ou suficientes para o aparecimento de determinados fenômenos.
Embora esses tipos de princípios tenham sido formulados com mais frequência nas
ciências naturais, há desenvolvimentos nas ciências sociais, especialmente no
campo da administração pública, como podemos ver.

2.1.1 Princípio da legalidade

Esse princípio determina que os atos administrativos devem ser pautados em


lei, uma vez que busca representar a vontade geral, em outras palavras,
diferentemente de um cidadão comum, o gestor público deve agir em conformidade
com as normas estabelecidas por lei. O princípio em questão é de grande
importância para as licitações públicas, onde, o gestor tem a obrigação de utilizar
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tipos de modalidades de licitações em conformidade com a legislação (MEIRELLES,


2016).

2.1.2 Princípio da moralidade

O conceito de moral em resumo é um conjunto de regras abstratas seguida


por um grupo social. Na Administração Pública esse princípio deve estar impregnado
nos seus gestores, uma vez que o comportamento frente às aquisições públicas
requer tal atitude. A Administração Pública, na realidade, deve sempre buscar e
valorizar a moralidade em todos os seguimentos não somente nas aquisições, mas
em qualquer ato praticado (REK, 2014).

2.1.3 Princípio da impessoalidade

Esse Princípio é caracterizado pela imparcialidade em prol do interesse


público, onde deve-se agir de maneira imparcial diante de terceiros, não atuando
para prejudicar ou beneficiar pessoa ou empresa específica, buscando sempre o
interesse coletivo.
Furtado (2016, p.82) enfatiza que “a realização do interesse público é
característica do princípio da impessoalidade e uma vez ferido o gestor pode ser
reponsabilidade por suas ações”.
Trazendo especificamente às compras públicas, esse princípio deve ser
buscado de forma incansável pela Administração, evitando favorecimento à
determinado fornecedor ou ao interesse do próprio gestor. Isso é o que a sociedade
espera dos agentes públicos.

2.1.4 Princípio da publicidade

Também conhecido como princípio da transparência ou visibilidade, ele é


definido como total transparência que a Administração deve dá sobre os atos
praticados para a sociedade.
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Para fortalecer ainda mais esse princípio foi criada a Lei n° 12.527/2011,
conhecida como Lei da Transparência, onde a Administração deve prestar as
informações sempre que solicitada pelo cidadão.
Considerando o foco dessa pesquisa, todas compras públicas, com raras
exceções, podem ser conduzidas de forma eletrônica, facilitando o acesso às
informações e o acompanhamento por qualquer cidadão. Para os fornecedores, isso
possibilita a participação em qualquer certame, de acordo com a área de atuação.
Mendes (2012), fala que a transparência dos atos ddministrativos fortalece o
Estado, ao aproximá-lo dos cidadãos; sendo a internet e os sistemas informatizados
ferramentas importantes, facilitando essa proximidade.

2.1.5 Princípio da eficiência

Por último, tem-se o Princípio da Eficiência, o qual, como os demais, está


diretamente ligado à pesquisa em questão. O gestor público dentro do seu órgão
deve buscar critérios técnicos que garantam o melhor resultado possível. Logo, o
principal objetivo do princípio da eficiência é a constante busca em alcançar a
produtividade e economicidade. A partir da junção desses dois objetivos, o resultado
será a eficiência.
Carvalho Filho (2017) enfatiza que eficiência é quando se aumenta a
produtividade com menos energia, para as compras públicas seria a busca do
melhor preço, atendendo as especificidades do Edital/Termo Referência.
A escassez de recursos públicos remete o gestor público a buscar uma
aplicação de recursos mais eficiente, podendo assim atender ao máximo de
demandas da sociedade. E, nesse contexto, a escolha da melhor modalidade
licitação pode ajudar a alcançar esse objetivo.

2.2 Eficiência no âmbito público

As noções de eficácia e eficiência são familiares para nós: eficácia é a


obtenção bem-sucedida da realização desejada; Eficiência implicaria custos e
benefícios, vantagens e desvantagens, ganhos e perdas, inconvenientes e conforto,
enfim, economia na obtenção dessa conquista. Por sua vez, como a vida costuma
ser ação, e ação é decisão, e decisão é escolher entre infinitas opções, ambos os
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termos são sem dúvida fatores a ter em conta na hora de tomar uma decisão. De
fato: quando se adota um curso de ação, não se consideram apenas as
possibilidades de eficácia ou sucesso, mas também os custos e benefícios
envolvidos, ou seja, o grau de eficiência.
Se, nesse cenário, a decisão estiver relacionada a um serviço público - um
daqueles qualificados como tal por lei, prestado por permissionárias ou
concessionárias daquele tipo de serviço - o cenário torna-se mais interessante se
ambos os objetivos - eficácia e eficiência - forem atendidos.
Certamente, eficiência ou eficácia podem ser predicadas da prestação de um
serviço público. Pode-se também avaliar a eficiência ou, se for o caso, a eficácia de
um órgão regulador daquele serviço público. Poderíamos até ponderar a eficiência
ou, se for o caso, a eficácia dos próprios regulamentos, sejam de natureza
econômica ou não econômica. E, no intuito de não nos limitarmos à frieza do
objetivo alcançado, ou à mensuração dos custos envolvidos, poderíamos ainda fazer
considerações sobre o nível de justiça, presente, intergeracional envolvido nestas
avaliações de eficácia e eficiência: os horizontes da estrutura de estudo pareceriam
intermináveis (MEIRELLES, 2016).
Especificamente, o que foi dito é relevante no campo dos serviços públicos
porque, sejam eles prestados por um particular ou pelo próprio Estado, parece claro
que devem ser concluídos ou executados com sucesso ou eficácia e ao menor
custo, ou seja, com eficiência, mas sem esquecer a linha humana envolvida, que por
vezes exige soluções de equidade visto que nem todos estão em igualdade de
condições e mesmo em condições iniciais iguais.
Do ponto de vista da economia moderna, a análise de custo-benefício pode
ajudar a caracterizar a noção de eficiência. Essa análise, por sua vez, pode servir
como um esquema conceitual para a avaliação de projetos públicos ou privados.
Originário da área de projetos, esse tipo de análise é utilizado para analisar
decisões, por isso falamos de "custos e benefícios" de uma decisão, seja ela
emanada do setor privado ou do setor público.
Quando a decisão econômica residir na esfera pública ou dela emanar como
decisão de natureza regulatória, irradiando efeitos gerais, como uma
regulamentação, os custos poderão ser mensurados por meio de estudos
econométricos que relacionem as funções de produção e custos, por avaliações de
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gastos para medir quanto custa à empresa cumprir a medida, por abordagens de
engenharia que medem o custo marginal da nova tecnologia necessária, por estudos
de produtividade na presença e ausência da medida e por modelos de equilíbrio
geral que analisam como um perfeitamente mercado competitivo reage à
regulamentação. Por outro lado, os benefícios são mais difíceis de mensurar, razão
pela qual muitas vezes se busca opiniões sobre quanto se pagaria pelas mudanças
regulatórias propostas, ou se infere, a partir do estudo das condutas, o valor
efetivamente pago ao longo do tempo (DI PIETRO, 2020).
O fato de a análise custo-benefício ter em conta os custos - a rigor, todos os
custos - e os benefícios implica, inevitavelmente, relacioná-la com a noção de
eficiência. Isso porque, ao se levar em conta a eficácia da decisão, comparam-se
meios e fins; Intuitivamente, afirma-se que um meio é eficiente quando serve para
atingir determinado fim, ao menor custo, com a menor quantidade possível de
recursos - insumo - para obter determinada quantidade de produto ou produto, com
a qual a eficiência de uma operação econômica reside no fato de que, podendo-se
obter o mesmo produto com diferentes procedimentos, é escolhido aquele que
importa com menor custo ou despesa. Do ponto de vista da eficiência, então, a
decisão tomada após uma análise de custo-benefício, que implique o menor custo,
será eficiente. Assim, a análise de custo-benefício é essencial para avaliar a
eficiência de uma regulação. Quando este regulamento for de conteúdo econômico,
pelo menos seus custos econômicos serão medidos, sem prejuízo de outros, como
custos sociais.
Um grande marco no Brasil foi a partir da criação da Lei Complementar n°
101/2000, conhecida como Responsabilidade Fiscal, a qual cobrou maior
transparência e responsabilidade na aplicação dos recursos públicos, considerando
o quadro de corrupção e o número de casos de agentes públicos buscando
benefício próprio ou favor de empresas privadas, trazendo prejuízo ao bem comum.
De acordo com Bresser (2004), um governo é eficiente quando as instituições
e políticas públicas são boas, capazes de garantir o alcance dos objetivos básicos.
Já no entendimento de Mendes (2012), é condição necessária para o
desenvolvimento de um país, não somente o aumento da renda per capita, mas
também a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos, mediante competição
por mérito, disputando assim a alocação de recursos públicos ou privados em
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projetos inovadores e com grande retorno social. O Estado eficiente é aquele que
consegue cumprir seus objetivos, através da maximização dos resultados e
minimização dos problemas.
No Brasil as compras públicas representam cerca de 8,7% do PIB brasileiro,
motivo esse, a eficiência desse processo tem sido tema de diversos estudos
(Bresser 2004, Mendes (2012). O termo eficiência geralmente é utilizado nas
organizações privadas, mas que cada vez mais vem ganhando força no âmbito dos
órgãos públicos. O tema em questão resultou no aumento da preocupação com a
maximização da produção, onde visa a ampliação dos serviços públicos com a
utilização de menos recursos atendendo uma maior quantidade de beneficiários.
Alguns autores afirmam que para avaliar a eficiência não se pode deixar de
levar em consideração a efetividade, Di Pietro (2020) afirma que se a eficiência
mede o custo do que foi produzido, a efetividade mede a qualidade dos resultados;
assim, quando medimos a eficiência, podemos saber quanto nos custa alcançar uma
produção determinada, ao passo que ao medir a efetividade, sabemos se o
investimento valeu a pena.
A eficiência na Administração Pública tem em seu objeto fazer com que o
agente público de execute suas tarefas da maneira rápida e com o menor
desperdício possível, sempre buscando atender a sociedade como um todo. Ao
assumir uma função pública, o agente público deve estar ciente de que estará
assumindo um compromisso com a coletividade, onde trabalhará para fazer com que
se obtenha o melhor resultado possível com os recursos e material humano
disponível
Para a Administração Pública, embora o foco principal não seja o lucro, isso
não desvincula a necessidade da busca pelos melhores resultados, onde os
gestores públicos devem sempre melhorar suas ações e decisões, com o intuito de
alcançar a principal missão que é o atendimento do interesse público. A eficiência
impõe um compromisso da Administração Pública, onde cada servidor e agente
público deve agir de maneira a atender o objetivo maior, ou seja, o interesse
coletivo.

2.3 Compras públicas


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Compras Públicas ou Compras Governamentais tratam da aquisição de


materiais, bens e contratação de obras e serviços necessários a suprir a
Administração.
Constantino (2012), afirma que as compras governamentais têm papel
relevante para Administração Pública, pois é responsável pela aquisição de bens e
contratação de serviços necessários a fim de que as instituições públicas possam
executar suas atividades.
Viana (2002), entende que a compra tem a finalidade de suprir as
necessidades das instituições, por meio da aquisição de materiais e/ou serviços
advindas das solicitações dos usuários, com o objetivo de identificar no mercado as
melhores condições comerciais e técnicas.
Baily (2000), por sua vez, afirma que a realização de compras numa
organização, deve atender a alguns objetivos básicos: suprir a organização com
materiais que atendam a suas necessidades, assegurar continuidade de suprimento,
comprar eficientemente e sabiamente fazendo valer cada centavo gasto na
aquisição.
Logo, para o bom funcionamento das atividades da Administração Pública, é
necessário a realização das compras públicas, ou seja, desde as aquisições mais
básicas até as mais complexas. E para alcançar o êxito nas compras, a ferramenta
utilizada é a Licitação, que é o método formal para realização das compras públicas
e está regida pela Lei 8.666/93, onde se faz a escolha da melhor e mais vantajosa
proposta.
Nesse contexto, pode-se afirmar que a licitação é processo administrativo
para selecionar, conforme os critérios estabelecidos no instrumento convocatório, a
proposta mais vantajosa para a Administração, garantindo a máxima participação de
fornecedores com isonomia no tratamento.
Para Carvalho Filho (2017), licitação é o procedimento administrativo pelo
meio do qual os entes da Administração selecionam a melhor proposta, com dois
objetivos – a celebração de contrato ou a obtenção do melhor trabalho técnico,
artístico ou científico. Nesse contexto, a finalidade da licitação é a escolha da melhor
proposta para a Administração e o comprador público deve estar atento para
analisar o melhor preço aliado a melhor qualidade.
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De forma resumida, a ferramenta chamada licitação é um procedimento


administrativo onde a Administração Pública convida potenciais
fornecedores/interessados a apresentarem propostas para determinados serviços ou
objetos. De um lado a Administração informa as condições/regras da licitação por
meio do Edital e Termos de Referências, e de outro lado os fornecedores
apresentam propostas e garantias.
Um grande marco no Brasil foi a partir da criação da Lei Complementar n°
101/2020, conhecida como Responsabilidade Fiscal, a qual cobrou maior
transparência e responsabilidade na aplicação dos recursos públicos, considerando
o quadro de corrupção generalizada e a grande quantidade de agentes públicos
agindo em benefício próprios ou favor de empresas privadas e não no bem comum
como um todo.
De acordo com Carvalho Filho (2017), um governo é eficiente quando as
instituições e políticas públicas são boas, capazes de garantir o alcance dos
objetivos básicos.
Já no entendimento de Mendes (2012), é condição necessária para o
desenvolvimento de um país, não somente o aumento da renda per capita, mas
também a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos, mediante competição
por mérito, disputando assim a alocação de recursos públicos ou privados em
projetos inovadores e com grande retorno social. O Estado eficiente é aquele que
consegue cumprir seus objetivos, através da maximização dos resultados e
minimização dos problemas.
Em busca dessa eficiência o governo federal elaborou diversas leis e
decretos, objetivando sempre a qualidade nas compras pública e mais qualidade na
alocação de recursos, conforme demostrado por (QUADRO 1).

Quadro 1 – Principais Legislações em compras públicas no Brasil


Lei nº
Institui as normas para licitações e Institui em seu Art. 22, como modalidades
8.666/1993
contratos da Administração Pública, de licitação a concorrência, a tomada de
(Lei das
normatizando as compras públicas preços, o convite, o concurso e o leilão
Licitações)
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Institui, no âmbito da União,


Estados, Distrito Federal e Instituiu o pregão como modalidade
Municípios, nos termos do art. 37, licitatória para aquisição de bens e serviços
Lei n° inciso XXI, da Constituição Federal, comuns, ou seja, “aqueles cujos padrões de
10.520/2002 modalidade de licitação desempenho e qualidade possam ser
denominada pregão, para aquisição objetivamente definidos pelo edital, por
de bens e serviços comuns, e dá meio de especificações usuais no mercado”
outras providências.
Estabelece a exigência de utilização
do pregão, preferencialmente na
forma eletrônica, para entes
públicos ou privados, nas
contratações de bens e serviços
Decreto nº A forma eletrônica torna-se modalidade
comuns, realizadas em decorrência
5.504/2005 preferencial para entes públicos ou
de transferências voluntárias de
privados nas contratações
recursos públicos da União,
decorrentes de convênios ou
instrumentos congêneres, ou
consórcios públicos.
FONTES: BRASIL (1993); BRASIL (2000); BRASIL (2001); BRASIL (2002a); BRASIL
(2002b); BRASIL (2005a); BRASIL (2005b)

Com a elaboração das Leis e Decretos o governo demonstra sua


preocupação fazer uma concorrência ampla e propiciar condições isonômicas para
poder reduzir o custo da aquisição, considerando que um maior número de
concorrentes resultará em maiores descontos e mais vantajosos para a
Administração.
No Brasil, as aquisições e contrações, via de regra, devem ser realizados por
meio de licitação. Então a Lei 8.666/1933 é a base para as formas de contratações
da Administração pública, onde no seu artigo 22 prever as modalidades de
licitações, a saber: Concorrência, Tomada de Preços, Convite Concurso e Leilão.
Cada uma das modalidades citadas possui ritos específicos, onde o gestor deve
observar as características e valor do objeto para a escolha da modalidade mais
adequada. Abaixo, de forma resumida segue o conceito de cada modalidade:
a) Concorrência: modalidade dividida em duas fases, sendo a primeira a
apresentação da documentação exigidas em Edital, pelas empresas
interessas. A segunda consiste na verificação da situação financeira e
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econômica das empresas afim de verificar a se as mesmas têm


capacidade de cumprir o objeto descrito no Edital. Os valores dessa
modalidade são acima de R$ 3.300.00,00 (três milhões e trezentos mil
reais) para obras e serviços de engenharia e acima de R$ 1.430.00000
(um milhão e quatrocentos e trinta mil reais) compras e serviços.
b) Tomada de Preço: modalidade em que os valores variam de R$
330.000,00 ( trezentos e trinta mil reais) e 3.300.000,00 (três milhões e
trezentos mil reais), para obras e serviços de engenharia e entre R$
176.000,00 ( centro e setenta e seis mil reais) e R$ 1.430.000,00 (um
milhão e quatrocentos e trinta mil reais) para outras compras e serviços. É
uma modalidade intermediária entre a Concorrência e o Convite.
Conforme valores citados, são firmados contratos de médio porte.
c) Convite: modalidade de licitação que ocorre por meio da convocação de
algumas empresas que possuem habilidades em atividades especificas
necessárias para Administração. Devem haver no mínimo 3 (três)
propostas para que a licitação seja considerada válida. Valores que variam
de para obras e serviços de engenharia é de até 330.000,00 (trezentos e
trinta mil reais) e de R$ 176.000,00 (centro e setenta e seis mil reais) para
compras e serviços.
d) Concurso: modalidade que consiste na escolha de empresa com
conhecimento técnico e científico, observando as especificações do edital.
É uma das modalidades menos utilizadas pela Administração.
e) Leilão: modalidade onde qualquer interessado pode participar e seu
objetivo principal são as alienações. Sua operação se dá por lances
sucessivos maiores que os anteriores.

2.4 Sistema de transparência nas contratações Públicas no Brasil

O sistema de transparência no Brasil desempenha um papel vital para


garantir a responsabilização e prevenir a corrupção nas compras públicas. As regras
da Lei nº 14.133/2021 aplicam-se a toda a administração pública, incluindo os entes
federais, estaduais e municipais. Esta lei estabelece os princípios e procedimentos
para a contratação pública, incluindo a exigência de transparência em todas as fases
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do processo. O sistema de transparência proporciona ao público acesso a


informações sobre o processo de compras, incluindo a publicação de editais,
licitações e contratos. Este sistema garante que o público possa monitorizar o
processo de contratação e responsabilizar os funcionários públicos pelas suas ações
(SILVA, 2020).
Uma das principais características do sistema eletrônico de compras públicas
do Brasil é a capacidade de realizar leilões eletrônicos. Esse sistema levou à adesão
de mais de 3.300 municípios ao sistema de compras do Governo Federal, com
resolução de conflitos de forma mais eficiente e transparente. O método de
contratação por leilão eletrônico também aumentou a concorrência e reduziu a
probabilidade de fraude e corrupção. Além disso, o sistema de registro de preços
garante que as compras públicas são realizadas a preços justos e razoáveis,
estabelecendo uma lista de fornecedores e preços pré-aprovados. Estas
características do sistema eletrônico de contratação pública promovem a
transparência e a eficiência no processo de contratação pública.
A implementação de um sistema de contratação pública transparente
proporciona inúmeros benefícios, incluindo o aumento da concorrência, a redução
de custos e a melhoria da qualidade dos bens e serviços. Ao promover a
transparência e a responsabilização, o sistema também ajuda a prevenir a
corrupção, o que pode poupar o dinheiro dos contribuintes e garantir que os fundos
públicos são utilizados para os fins a que se destinam. Além disso, o Portal Nacional
dos Contratos Públicos (PNCP), criado pela Lei dos Concursos Administrativos e
Contratos, proporciona uma plataforma centralizada para a publicação de
informações sobre contratos públicos, simplificando o processo de contratação e
aumentando a transparência. Um sistema de contratação pública transparente
conduz, em última análise, a uma melhor governança, a uma utilização mais
eficiente dos recursos públicos e a uma maior confiança do público no governo
(RODRIGUES, 2021).

2.5 Desafios e melhorias na legislação de compras públicas e licitações no


Brasil
18

A legislação sobre compras públicas e licitações no Brasil enfrenta vários


desafios que dificultam a transparência e a eficiência no processo. Um dos desafios
mais significativos é a falta de critérios claros e objetivos para a avaliação das
propostas, o que conduz à falta de transparência e de responsabilização. Além
disso, a corrupção e a fraude são questões predominantes nas compras públicas no
Brasil, com algumas licitações sendo fraudadas em favor de certas empresas ou
indivíduos. A complexidade do processo de compras, os procedimentos burocráticos
e os recursos limitados também aumentam os desafios enfrentados pelas compras
públicas e pela lei de licitações no Brasil.
Para enfrentar estes desafios, várias melhorias potenciais podem aumentar a
transparência e a eficiência no processo de contratação pública. A Nova Lei de
Licitações entrou em vigor em 1º de abril de 2021, com o objetivo de modernizar e
aprimorar o sistema de compras públicas. A Lei concentra-se na transparência,
eficiência e responsabilização, introduzindo novas regras para o processo de
licitação e gestão de contratos. A Lei também promove a utilização de tecnologia
para agilizar o processo de contratação, como a licitação eletrônica, o que pode
ajudar a reduzir a corrupção e aumentar a transparência. Outras melhorias
potenciais incluem a simplificação do processo de aquisição, o aumento da
concorrência e o reforço da capacidade dos funcionários governamentais para gerir
os processos de aquisição (MINOZZO, 2021).
Várias iniciativas de transparência bem-sucedidas foram implementadas no
Brasil para melhorar as leis de compras públicas e licitações. A Secretaria de Gestão
da Presidência da República lançou um Portal de Transparência, que permite
acesso público a informações sobre processos de compras governamentais. O
portal inclui dados sobre contratos, fornecedores e processos de licitação,
permitindo que os cidadãos monitorem o processo de compras e responsabilizem o
governo. Outra iniciativa de sucesso é o modelo de Parceria Público-Privada (PPP),
que envolve um contrato de longo prazo entre um parceiro privado e uma entidade
governamental para fornecer um bem ou serviço. As PPP podem aumentar a
transparência e a eficiência, promovendo a concorrência e partilhando riscos e
responsabilidades entre os setores público e privado. Essas iniciativas demonstram
o potencial para maior transparência e eficiência nas compras públicas e na
legislação de licitações no Brasil (BRASIL, 2023).
19

3 METODOLOGIA

3.1 Quanto à abordagem

O objetivo desta revisão da literatura é o pesquisador compartilhar os


resultados de outros estudos tangenciais aos seus, para mostrar como seu estudo
se relaciona com o panorama geral e quais lacunas no conhecimento que estão
tentando resolver. Desta forma, em relação à abordagem, o estudo é qualitativo,
uma vez que, segundo Nascimento (2018), é uma abordagem de pesquisa que
estuda aspectos subjetivos de fenômenos sociais e do comportamento humano.
Dado que existe um vasto corpo de conhecimento para se extrair quando se trata de
métodos qualitativos, os pesquisadores tendem a ter uma quantidade
substancialmente grande de literatura no início e estruturá-la de forma dedutiva.
Assim, conforme destacam Lakatos e Marconi (2015), enquadrar a revisão da
literatura de forma dedutiva permite ao pesquisador, no final da revisão da literatura,
estabelecer de forma clara e mensurável suas questões e hipóteses de pesquisa.

3.2 Quanto à natureza

Por tratar-se de uma revisão de literatura, a pesquisa possui uma natureza de


pesquisa básica, pois se refere a estudos e pesquisas destinadas a aumentar a base
de conhecimento científico. Conforme menciona Nascimento (2018), muitas vezes,
esse tipo de pesquisa é puramente teórico, com o intuito de aumentar a
compreensão de certos fenômenos ou comportamentos, mas sem buscar resolver
ou tratar esses problemas.

3.3 Quanto aos objetivos

Trata-se de uma pesquisa exploratória que, segundo Lakatos e Marconi


(2015), é realizada quando um tópico precisa ser compreendido em profundidade.
Para este tipo de pesquisa não existe uma metodologia específica e as fontes de
informação são gratuitas, são, dito de outra forma, aquelas que podemos encontrar:
20

artigos, dissertações, teses e é sempre uma primeira etapa, um estudo exploratório


preliminar que permitirá iniciar investigações posteriores, já com informação prévia, e
neste caso utilizando técnicas quantitativas.
Essas investigações são, portanto, importantes, para estabelecer um primeiro
passo no caminho que deve-se percorrer posteriormente, pois carecerão de
conclusões definitivas sobre a temática proposta.

3.4 Quanto aos procedimentos

Recorreu-se ao uso da pesquisa bibliográfica para dar subsídio aos objetivos


propostos. Para Nascimento (2018), é um dos métodos mais baratos usados para
descobrir uma hipótese. Há uma quantidade enorme de informações disponíveis em
bibliotecas, fontes online ou mesmo bancos de dados comerciais. As fontes podem,
revistas científicas, livros de bibliotecas, artigos relacionados a tópicos específicos
publicados nas bases de dados, teses, dissertações e assim por diante.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como visto, no Brasil, as compras públicas são regidas por um conjunto de


leis e regulamentos que visam garantir a transparência, a concorrência e a eficiência
no processo de licitação e na gestão dos contratos. Uma das leis mais significativas
nesta área é a Lei 8.666, que foi promulgada em 1993 e estabeleceu as regras para
licitações e contratações com a administração pública. Esta lei está em vigor há
quase três décadas e sofreu diversas alterações e interpretações ao longo dos anos.
Apesar de sua importância, a Lei 8.666 gerou críticas por suas limitações e
desafios, incluindo procedimentos burocráticos, falta de flexibilidade e atrasos no
processo de compras. Estas questões levantaram apelos quanto a instauração de
uma nova lei que atendesse a real necessidade da administração. Em 2021, a Lei
14.333 foi promulgada como alternativa à Lei 8.666. Esta nova lei representa uma
evolução significativa no processo licitatório e nos contratos administrativos no
Brasil, trazendo mudanças significativas nas modalidades de licitação, fases e
critérios de julgamento.
21

Pela Lei 14.333, as licitações e contratos celebrados com base na Lei 8.666
continuarão a ser regidos por esta até sua conclusão. Contudo, a nova lei introduz
diversas melhorias, como o uso de tecnologia e plataformas eletrônicas para facilitar
o processo de contratação, a adoção de novas modalidades de licitação e o
estabelecimento de novos critérios de julgamento. Além disso, a nova lei procura
promover a transparência, a concorrência e a eficiência no processo de contratação,
ao mesmo tempo em que proporciona maior flexibilidade e autonomia às partes
contratantes. No geral, a introdução da Lei 14.333 representa um avanço
significativo na modernização das compras públicas no Brasil.

4.1 Principais alterações introduzidas pela Lei 14.333

Uma das principais mudanças advindas com a Lei 14.333 é a introdução de


novos métodos de contratação. Esta nova lei amplia os métodos de contratação
disponíveis na Lei 8.666, que previa apenas cinco tipos de licitação: concorrência,
tomada de preço, convite, concurso e leilão. A nova lei inclui métodos de
contratação adicionais, como a utilização de leilões eletrônicos reversos, que podem
ajudar a aumentar a concorrência e a reduzir os custos. Estes novos métodos de
contratação proporcionam maior flexibilidade e opções para as entidades públicas
selecionarem o método mais adequado às suas necessidades específicas.
Outra mudança significativa introduzida pela Lei 14.333 é a maior flexibilidade
nos procedimentos de compras. A nova lei procura agilizar os processos de
contratação, reduzindo a burocracia e simplificando procedimentos. Isto inclui a
possibilidade de utilizar um único processo de concurso para vários contratos,
reduzindo os encargos administrativos e poupando tempo e recursos. A lei também
permite a utilização de procedimentos negociados em determinadas circunstâncias,
proporcionando maior flexibilidade e eficiência no processo de contratação.
O foco na eficiência e na transparência é outra mudança importante
introduzida pela Lei 14.333. A nova lei inclui disposições para garantir uma maior
transparência no processo de contratação, tais como a exigência de as entidades
públicas publicarem todas as informações relacionadas com o processo de
contratação no seu portal on-line. Além disso, a lei inclui medidas para prevenir
conflitos de interesses, tais como a exigência de que as entidades públicas
22

estabeleçam um código de ética para os funcionários de compras. Estas medidas


visam aumentar a confiança do público no processo de contratação e garantir que os
fundos públicos são utilizados de forma eficiente e eficaz.

4.2 Impacto da Lei 14.333 nas compras públicas no Brasil

A implementação da Lei 14.333 no Brasil trouxe melhorias significativas na


eficiência dos processos de compras públicas, com redução da burocracia e adoção
de novas tecnologias. Esta nova lei busca simplificar e agilizar o processo licitatório,
substituindo a anterior Lei 8.666/1993, que vigorava há 28 anos. Uma das principais
mudanças introduzidas pela Lei 14.333 é o aumento do limite para isenção de
licitação, assim como o ajuste anual deste valor, permitindo maior flexibilidade nos
processos de compras. Ao reduzir as barreiras burocráticas e aumentar a
flexibilidade, a nova lei tem o potencial de melhorar significativamente a eficiência
das compras públicas no Brasil.
Outro impacto importante da Lei 14.333 é o aumento da concorrência e a
melhor relação custo-benefício que ela pode proporcionar. A nova lei procura
promover a concorrência leal e a transparência no processo licitatório, incentivando
a participação de um maior número de licitantes e promovendo a inovação. Além
disso, a introdução do critério da “melhor relação qualidade/preço” no processo de
concurso permite uma avaliação mais abrangente das propostas, tendo em conta
fatores que vão além do preço. Isto pode levar à seleção de propostas de maior
qualidade que ofereçam uma melhor relação qualidade/preço, beneficiando, em
última análise, as entidades públicas e os contribuintes.
Apesar das melhorias introduzidas pela Lei 14.333, também existem desafios
e críticas em torno da nova legislação. Alguns críticos argumentam que a nova lei
não vai suficientemente longe na abordagem de questões como a corrupção e o
favoritismo no processo de aquisição. Além disso, a inserção de contratos
administrativos na gestão de serviços públicos suscitou algumas preocupações
relativamente ao potencial de conflitos de interesses. Resta saber como esses
desafios serão enfrentados e até que ponto a nova lei será eficaz na melhoria das
compras públicas no Brasil.
23

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A legislação sobre compras públicas no Brasil enfrenta vários desafios,


incluindo um quadro jurídico complexo e demorado. A estrutura legal que rege as
compras públicas no Brasil é extensa, com múltiplas leis, regulamentos e diretrizes
que podem ser difíceis de explorar. Esta complexidade pode levar a confusão e
atrasos no processo de aquisição, bem como a maiores oportunidades de corrupção
e fraude. A nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/2021) visa enfrentar
alguns desses desafios, mas sua eficácia ainda está sendo analisada. O quadro
jurídico deve ser simplificado e racionalizado para garantir que o processo de
aquisição seja eficiente e eficaz, mantendo ao mesmo tempo a transparência e a
responsabilização.
Outro desafio significativo na legislação de compras públicas no Brasil é a
supervisão e fiscalização insuficientes. Apesar da existência de órgãos reguladores
responsáveis pela fiscalização das compras públicas, como o Tribunal de Contas da
União (TCU), ainda existem casos de corrupção, fraude e desperdício no processo
de compras. Esta falta de supervisão e fiscalização pode levar à falta de confiança
no processo de aquisição e pode prejudicar a capacidade do governo de fornecer
bens e serviços públicos de forma eficaz. A nova Lei de Licitações e Contratos inclui
disposições destinadas a melhorar a supervisão e a execução, mas resta saber se
estas disposições serão eficazes na prática.
A falta de transparência e responsabilidade é outro desafio significativo na
legislação de compras públicas no Brasil. A falta de transparência no processo de
aquisição pode levar à corrupção, ao desperdício e à ineficiência, bem como à falta
de confiança nas instituições governamentais. A nova Lei de Licitações e Contratos
inclui disposições destinadas a aumentar a transparência e a responsabilização, tais
como a exigência de divulgação pública de informações sobre contratos públicos e a
criação de um sistema nacional de contratos eletrônicos. No entanto, a
implementação destas disposições exigirá esforços e recursos significativos, e a sua
eficácia ainda não foi verificada. Para garantir a transparência e a responsabilização
nos contratos públicos, é essencial estabelecer uma cultura de transparência e
responsabilização em todas as instituições governamentais e fornecer recursos
adequados para a supervisão e a execução.
24

REFERÊNCIAS

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informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no §
2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de
1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159,
de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em
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administrativos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
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Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição
de bens e serviços comuns, e dá outras providências.

BRASIL. DECRETO nº 5.504, de 05 de agosto de 2005b. Estabelece a exigência de


utilização do pregão, preferencialmente na forma eletrônica, para entes públicos ou
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