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PS053 – INVESTIGAÇÃO DE HOMICÍDIOS

TRABALHO CONV. ORDINÁRIA


Trabalho: Semelhanças e diferenças entre as várias técnicas de elaboração do
perfil criminal.

Nome e sobrenome(s): Mauro Amado Muzuto Daniel

Usuário: AOPSMC3116513

Data: 05 de Novembro de 2023

Introdução

Segundo o manual de apoio da cadeira de Investigação de Homicídios da FUNIBER


(2023), “os perfis criminais são definidos como um método para aproximar as
investigações policiais da elucidação dos crimes. Ele não estabelece a identidade do
autor, mas deixa as características psicológicas do autor, e desta forma os investigadores
fecham o quadro de suspeitos”. O interessante nesta técnica é o contexto em que ela é
aplicada, sendo importante saber em que consiste e como deve ser construído um perfil
criminal.

Neste trabalho iremos destacar as semelhanças e diferenças entre várias técnicas de


elaboração do perfil criminal através de uma curta explicação das quatro técnicas de
perfilagem criminal estudadas.

O método do FBI

A técnica de perfilhamento criminal, de acordo com o FBI, pode ser definida como “um
processo de investigação que identifica a grande personalidade e as características
comportamentais do infractor com base nos crimes que ele ou ela tenham cometido”
(Turvey, em citado em Mendes, 2014, p. 11)

O método desenvolvido pelo FBI, é o mais famoso em uso na criminologia e fundamenta-


se sobre a dicotomia organizado e desorganizado para caracterizar o agressor. E tal
abordagem surgiu do estudo realizado com vários agressores por meio de entrevistas e
analises dos seus crimes. O mesmo está dividido em três fases de pesquisas que são:

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1º Análise da cena d crime: Qualquer investigação sobre um homicídio começa com
uma análise minuciosa da cena do crime. Tal analise não se limita a busca clássica de
pistas, traços e evidencias forenses presentes, em todas as investigações do homicídio,
mas abrange muitos outros aspectos e considerações de natureza psicológica baseadas
nos estudos e experiências acumuladas ate o momento, cuja importância é decisiva.
Para tal é necessário prestar atenção especial a alguns elementos psicologicamente
significativos que podem ser encontrados no crime:

- Número e tipo de cenas de crime

- Aspecto geral do local

- Armas usadas ou encontradas

- Eventos ou circunstâncias diversas

- O estudo de cadáver

- Outros indicadores

2º Vitimologia: Este processo é entendido como o que leva o assassino a capturar uma
pessoa como vítima, consiste em quatro momentos:

- Fantasia (planejamento dos actos que deseja realizar e para os quais precisa de uma
vítima), quase sempre de natureza sexual.

- Simbolismo (representação do sexo através de fetiches ou parcialidades)

- Ritualismo (necessidade de realizar a fantasia de uma certa maneira muito semelhante


em todos os casos)

- Compulsão (vontade irresistível de repetir o ciclo

Na análise vitimologica procura-se também: identificar o tipo de vítima, mapear suas


redes sociais, identificar fatores de risco pessoais e situacionais, identificar actividades ou
comportamentos que representam um risco de vitimização e localizar as vítimas
sobreviventes.

3º Análise da dinâmica do crime: A análise da dinâmica do crime, concentra-se no


estudo da actividade do infractor e da vítima antes, durante e após a prática do crime
para determinar sua relação com o resultado final do crime.

O modelo britânico

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O modelo Britânico ou Psicologia Investigativa foi fundado pelo professor David Canter,
um psicólogo inglês de renome, em 1985, ele trata de abordar o perfilamento tendo com
base a investigação, sendo um método indutivo e dependendo da precisão de
informações colhidas na investigação criminal. Apesar de compartilhar com o FBI a
crença de que é possível prever certas características dos criminosos com base em seu
comportamento durante o crime, Canter não encaixa os criminosos em tipologias rígidas
(organizados e desorganizados) e ao contrário dos especialistas do FBI, suas opiniões
não vem de anos de experiência em casos criminais, mas da análise dos resultados
obtidos através de estudos controlados.

O modelo britânico usa as mesmas fontes de informação que o modelo do FBI (exame da
cena do crime e fotografias, informações sobre vítimas, etc) e identifica cinco
características previsíveis do criminoso em relação ao seu comportamento:

- Localização de residência: o conhecimento sobre os locais onde uma série de crimes


foram cometidos pode nos dar informações sobre a área mais provável de residência do
infractor.

- Biografia criminal: o estudo cuidadoso de como uma pessoa cometeu um crime fornece
informações sobre as características sociais do infractor.

- Caracteristicas da personalidade: estas reflectem o tipo de crime e o estado do


agressor. Canter sugere que as mesmas características exibidas pelo infractor durante o
crime são visíveis em sua vida diária.

- História educacional ou profissional: um exame do comportamento durante a agressão


nos dá pistas concretas sobre o agressor.

O método V.E.R.A

V.E.R.A. é um acrônimo para Victima-Escena-Reconstrucción-Autor (Vítima-cena-


reconstrução-autor). O método é aplicado em casos de homicídio , sequestro, roubo,
agressão sexual, em casos únicos ou em série. Também quando ocorrem
desaparecimentos de alto risco de pessoas. Utiliza uma combinação de conceitos e
princípios da psicologia, estudos de investigação e de experiência profissional própria.

O método V.E.R.A. é uma técnica progressiva e cumulativa, realizada em quatro fazes


seguintes:

- Colecta de dados: nesta fase os dados colectados sobre o evento investigado, são
categorizados conforme os pilares (V.E.R.A), sempre tendo em conta a diferenciação

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entre os modos operandi, ritual, encenação e selo pessoal. Cada dado colectado recebe
uma letra D, inicial da palavra dados e as iniciais V, E, R ou A, dependendo se é um dado
referente a vítima, à cena, a reconstrução ou ao autor, respectivamente, seguido de um
número ordinal de modo que cada dado seja totalmente identificado.

- Fazendo inferências: consiste em fazer inferências lógicas a partir dos dados existentes.
Estas podem ser feitas a partir de um único dado ou de vários dados ao mesmo tempo.
Assim como na primeira fase, cada uma das inferências é registrada e recebe um código
que começará sempre com a letra I de inferência, seguida da letra que corresponde caso
seja em referência à vítima, ao autor, etc. As inferências devem ser rigorosas e objetivas,
sendo descartadas quando novos dados o exigirem.

- Desenvolvimento de hipóteses: nesta fase elaboram-se hipóteses com base nas


inferências feitas. Cada hipótese é codificada de forma a identificar de quais inferência
ela vem, com a letra H, inicial da palavra hipótese, e um número ordinal seguido do
código da inferência ou inferências de onde ela vem. As hipóteses também podem derivar
umas das outras, ou seja, são elaboradas de forma progressiva.

- Perfil psicológico e situações operacionais: nesta fase o conjunto de hipóteses dá


origem ao perfil psicológico do autor mais provável que, é apresentado com um relatório
que é dado aos investigadores para sua exploração e que, além das hipóteses, inclui
uma série de sugestões de acção operacional para falsificar ou confirmar as hipóteses
dadas.

O método geográfico

O Perfil Geográfico é uma técnica de análise espacial que avalia as localizações


conhecidas de eventos criminais, os quais são conectados geograficamente a uma base
operacional desconhecida, a fim de determinar sua localização provável. A base de
operações pode ser a casa do infractor, seu local de trabalho, a casa de um amigo ou
algum outro local frequentado pelo ofensor. Logo, sabendo-se de uma série de crimes
perpetrados por um mesmo indivíduo pode-se realizar uma análise preditiva dos locais
mais prováveis de se encontrar esse criminoso.

Segundo Rossmo (1999), a metodologia é baseada no modelo que descreve a caçada


criminal. O comportamento de caça refere-se a processos de busca e ataque de vítimas
por um ofensor, e os locais de destino são os vários locais geograficamente conectados
por uma série de crimes. Os padrões e métodos da atividade de caça de infractores são
analisados a partir de uma perspectiva geográfica da criminalidade. Ao estabelecer esses

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padrões, é possível delinear, através da análise dos locais dos crimes, a área mais
provável de residência do agressor.

Rossmo (1995) aplicou o conceito de alvo geográfico criminoso (CGT), baseado em um


algoritmo que leva em conta princípios matemáticos para projeta o mapa funcional. O
programa trata de diferentes variáveis previamente introduzidas pelo operador com base
nas informações fornecidas pelos investigadores e este projeta mapas bidimensionais e
tridimensionais classificados por cores de alto e baixo risco (vermelho, amarelo, verde,
etc) que indicam a área onde o agressor poderia estar localizado.

Tal sistema, além de permitir o estudo de áreas urbanas, também estuda ambientes
rurais de grande extensão por meio da implementação de dados e coordenadas via
satélite (GPS) e oferece a possibilidade de extrair informações diretamente de outros
sistemas de gerenciamento de informações. Uma vez concluída a analise o sistema gera
automaticamente um relatório estatístico do caso.

Apesar deste sistema ser utilizado por um grande número de organizações policias em
todo o mundo, como a Royal Canadian Mounted Police, o FBI, a National, Faculty (Great
Britain), a German Federal Police (B.K.A), o Serviço de Investigação Criminal (SIC) e
muitos outros, o mesmo apresenta algumas desvantagens como o seu alto preço, a
necessidade de treinamento prévio do usuário do sistema e a existência de uma versão
do sistema com múltiplos idiomas.

Bibliografia

[1] Mendes, B. S. A. (2014). Profiling Criminal: Técnica auxiliar de investigação criminal.


[Tese de mestrado Universidade do Porto].
https://core.ac.uk/download/pdf/143403239.pdf

[2] Budner, S. (2022). Método VERA para traçar perfis de criminosos.


https://amenteemaravilhosa.com.br/metodo-vera-perfis-criminosos/

[3] Rossmo, K. (1999) Geographic profiling.


https://www.perlego.com/book/2191363/geographic-profiling-pdf.

[4] FUNIBER, Fundação Ibero-americana (2023). Investigação de Homicídios.

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