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Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS

Curso: Lic. em Matemática


Disciplina: Teoria da Educação
Professor: Luís Carlos Ferreira dos Santos
Discente: Monicleia Souza Santos

Fichamento: SONDRÉ, Muniz. Reivindicando a educação: diversidade,


descolonização e rede. Capítulo 1 – Cultura e educação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes,
2012.

“Tomemos educação como processo de incorporação intelectual e


Pg. 15 afetiva, pelos indivíduos, dos princípios e das forças que estruturam o
Bem de uma formação social[...].”
“[...] Para a preservação da vida e para a continuidade do grupo de
acordo com os princípios de sua fundação. As formas canônicas desse
Pg. 15 equilíbrio se chamam nos sistemas de conhecimento (ciências, artes,
narrativas, filosofia) e nas instituições (trabalho, parentesco, costumes,
códigos, leis)
“[...] Educar é socializar, individualizando, isto é, primeiramente
inscrever a criança no ordenamento social desejado e depois criar as
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condições cognitivas e afetivas para a sua autonomia individual como
adulto [...].”
“[...] A criança não iniciada apenas nasceu biologicamente, apenas ainda
tem um pai e uma mãe “reais”. Para se tornar um ser social ela tem de
passar pelo acontecimento simbólico do nascimento/morte iniciática, É
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preciso ter feito o trânsito da vida e da morte para entrar na realidade
simbólica da troca. O que modernamente se designa como educação é,
no limite, um eco da profundidade do processo iniciático[...].”
“[...] Para o homem tradicional, ser não significava simplesmente viver,
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mas pertencer a uma totalidade, que é o grupo [..]”
Pg. 17 “[..] O individuo pertence ao grupo tanto quanto a si próprio, pois ser um
ou outro depende, na verdade, dos limites que se estabeleçam para a
identidade[...]”
“[...] Não é lícito supor que seja possível educar sem ensinar, isto é, sem
Pg. 17 transmitir ou comunicar com autoridade as representações fantasmáticas
[...]”
“[...] Para o poeta e pensador português Fernando Pessoa (em seu
heterônimo Bernardo Soares), “os espíritos altamente analíticos só veem
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os defeitos: quanto mais forte é a lente, mais imperfeito nos parece o
objeto observado [...]”
“[...] Ainda que se possa questionar a ideia de um dever ser, configura-se
como crucial diferença entre olhar e ver, ouvir e escutar, assim como
entre a pura emoção e o sentimento, que é a sensibilidade lúcida, porque
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nessa diferença se constrói o discernimento, ou seja, outro nome para a
apreensão crítica do mundo[...]”
“A enunciação crítica está no cerne dessa aprendizagem. A crítica é um
modo de ler a realidade, mais precisamente, de aprender a ler a
Pg. 19 realidade, sem o qual se afigura inócua toda educação, uma vez que a
leitura é capaz de mostrar o real para além de toda realidade, ou seja,
para a pletora de outras possibilidades [...]”
“[...] O monoculturalismo pan-europeu é precisamente a civilização
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pensada no singular [...]”
“ Pan-Europa não diz respeito, portanto, à dimensão geográfica do
continente europeu, e sim e seu sistema- mundo cultural, um sistema de
decisões universalistas etnicamente orientado, desde o século XV, pela
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fantasia cristã-colonialista de uma unidade absoluta do sentido e
refratário à admissão de uma ecologia mundial dos saberes. Essa
ecologia é tacitamente reivindicada no momento da conscientização
global de que o Ocidente vem perdendo há muito tempo sua centralidade
simbólica e sua hegemonia política.”
“[...] Não se pode avaliar nenhuma cultura por parâmetros exteriores, ou
Pg. 21 seja, é impossível formular juízos de superioridade de uma cultura sobre
a outra[...]”
Pg. 22 “Não há como negar a importância do capital institucional acumulado ao
longo da história do Ocidente, cuja síntese se vislumbra em realizações
como o estado de direito, a democracia representativa, a imprensa livre
etc. Mas não há igualmente como negar os sinais de declínio desse
capital, o que desautoriza qualquer monismo euroculturalista legitimado
por um suposto universalismo da razão. Particularmente no âmbito da
educação, são enormes as consequências práticas desse primado monista
sobre a diversidade simbólica das variadas regiões do mundo- a maioria
das quais ancorada em formas visuais, sonoras e gestuais de
comunicação, e não na escrita [...]”
“A ideia do “saber único” termina recalcando uma parte importante da
realidade, “porque há práticas sociais baseadas em conhecimento
populares, conhecimentos indígenas, conhecimentos camponeses,
conhecimentos urbanos, mas que não avaliados como importantes ou
Pg. 23 rigorosos. Seus efeitos são igualmente danosos no tocante à educação,
porque o monismo cultural que privilegia a língua hegemônica impede o
pluralismo das linguagens característico de alunos provenientes de
diferentes estratos sociais, senão de outras regiões emigratórias do
mundo [...].”
“Vale frisar que a escola é o lugar determinado do sistema social onde se
Pg. 25 reconstitui o movimento de produção do conhecimento, mas sempre
como um efeito das relações de classe [...].”
[...] De fato, para a consciência euroculturalista, a Modernidade-palavra
criada por Théophile Gautier, mas redefinida por Baudelaire como “a
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eternidade no instante”- é entendida como a possibilidade de se
formularem juízos universais, até mesmo em situações particulares [...]”
“[...] Fatores do tipo crescimento do Produto Interno Bruto, expansão da
Pg. 28 indústria e das exportações etc. – absolutizados dentro de uma lógica
economista- deixam em segundo plano a cultura [...]”
Pg. 29 “[...] Circulam há muito tempo no campo das ciências sociais as
expressões “monoteísmo ideológico” ou “monismo” para referir-se à
redução de qualquer pluralismo de pensamento à unidade centrada no
ocidentalismo colonialista. Monocultura da mente é disso um sinônimo,
aplicável à tentativa de se conter a reflexão e a ação dentro de padrões de
uniformidade, impedindo a emergência de outras práticas baseadas em
conhecimento populares[...]”
“[...] O conhecimento posto à margem do capital e, portanto, não
Pg. 30 legitimado pela ideologia cientificista da verdade é semioticamente
associado ao trabalho manual e cultural desqualificado [...].”
“ A informação e a computação marcam, miticamente, uma suposta
Nova Era, como analisa Mosco: “O ciberespaço é de fato tecnológico e
Pg. 31 político, mas é também um espaço mítico – talvez mesmo um espaço
sagrado no sentido dado por Mircea Eliade (1959) quando se referia a
lugares que são repositórios da transcendências [...]”
“ É precisamente isso o que está por trás da progressiva conversão da
cultura em fator de produtividade capitalista, cuja face mais rebarbativa
recebeu, ainda na primeira metade do século passado, o nome adorniano
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de “indústria cultural” ou, para outros, cultura de massa, sobre a qual
recaíram acerbas críticas por parte dos pensadores da Escola de
Frankfurt e dos pós-modernistas [...]”
“[...] Como deixa bem claro bem claro Heidegger, a ciência é uma forma
de verdade – sistemática, metódica, com validade universal – que
pertence à existência, portanto, pertence a um modo como os homens
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compreendem a decidem sobre o que se pertence a um modo como os
homens compreendem e decidem sobre o que se lhes afigura como
fundamental [...]”
“Assim opera a ciência, que é a elaboração de um domínio de verdade
existencialmente aberto. Ela não é uma forma única ou superior, já que
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existem outras possibilidades de verdades, além daquela
tradicionalmente sustentada pela monocultura do saber [...]”
“[...] A troca do mito pela política e da tragédia pela filosofia – pensados
Pg.35 por Nietzsche como a divisão entre o apolíneo e o dionisíaco – está
subsumida na atitude científica [...].”
“[...] Natureza e linguagem são criações conceituais que visam dar uma
forma organicista – as coisas interligam- se racionalmente, cada objeto
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deve ser apreendido num todo – à singularidade histórica do antigo
grego[...]. ”

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