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“Criando Nossos Filhos Para Serem Guardiões – Parte

2″ por Dr. Joel Beeke


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5- Ensine-os a discernir os tempos Quer os nossos filhos entrem ou não no campo da política,
economia, ou jornalismo, nós precisamos encorajá-los a aprender sobre essas diferentes esferas. Nossos
filhos não podem ser guardiões efetivos em qualquer área da sociedade se eles não souberem bastante a
respeito da cultura em que vivem. É bom informar as nossas crianças sobre os debates políticos recentes
na Capital do Governo. Também é sábio discutir os problemas contemporâneos que movem nosso
situação política. Nossos filhos precisam saber da agenda básica daqueles que são chamados a servirem
o nosso país. Nós também deveríamos encorajá-los a usarem as suas finanças bem, entendendo o
básico sobre contabilidade e orçamento. Nós devemos ensiná-los sobre mercado, bolsa de valores e
instituições econômicas do nosso país. Especialmente no atual clima econômico, nossos filhos precisam
ser ensinados como usar dinheiro sem discernimento pode levar a gasto desnecessário e futuro débito.
Nossos filhos também precisam ser alertados sobre questões contemporâneas que afetam o nosso país
e o mundo. Enquanto a mídia continua a se desintegrar em difamação, fofoca e injúria, nós temos que
ajudar os nossos filhos a filtrarem essas reportagens para discernir a verdade. Ester novamente é um
modelo em entender a cultura em que vivia. Em muitos aspectos, ela era o produto de sua cultura; ela foi
criada por um primo na região da Pérsia. Como uma exilada da terra de Israel, ela teve que enfrentar
duras realidades de se viver no exílio. Ainda muito nova, ela foi forçada a entrar no harém de um rei, onde
ela passou por um ano de embelezamento. Depois, como uma participante de um concurso de beleza, ela
desfilou diante do rei. Pela providência de Deus, ela foi escolhida para

ser a nova rainha. Apesar de Esther ser judia, ela tinha um grande entendimento da lei persa. Ela sabia do
perigo de se aproximar do rei sem ser convidada. Ela claramente sabia da imutabilidade da lei persa de
que uma vez algo tendo sido assinado como lei, nada, nem mesmo o rei, poderia mudá-lo. Ela entendia o
lugar de grande dignidade que Hamã tinha dentre os persas. E ela sabia de muitas brechas na lei persa
para reverter a ordem do grande genocídio do judeus. Ester, em muitos aspectos, é um excelente
exemplo do que é estar “no”mundo mas não ser “do” mundo (cf João 17:6-19). Converse com seus filhos
sobre o que está acontecendo no seu país e na sua cultura hoje. Cultive neles um amor (ou preocupação)
pelas nossas culturas, sociedades e mundo. Abra os olhos deles para que entendam que a vida não é
sempre glamourosa e que se extende muito além de seu “mundinho” (sua pequena comunidade).
Impulsione os seus corações a serem fiéis guardiões, treinando-os para se tornarem líderes em suas
comunidades e países.

6- Impulsione-os a terem a coragem de trabalhar por mudança Segundo muitas pesquisas, a maioria
das pessoas vêem problemas no nosso governo hoje, como divisão política, competitividade de ideologias
e ataques infundados dos dois lados. O último presidente dos EUA foi eleito com o slogan “Mudança”, o
qual todos nós podemos abraçar apesar de divergirmos adamantemente sobre as formas de mudança. À
luz dessa necessidade, é imperativo que nós encorajemos os nossos filhos a tomarem um papel ativo na
liderança do nosso país nessa mudança. Enquanto muitas pessoas nos dois lados políticos enxergam a
necessidade de mudança política, econômica ou social, os cristãos estão convencidos que a mudança
mais necessária é a espiritual. Nós precisamos fazer mudanças duradouras que só podem ocorrer
colocando princípios bíblicos em prática. Um desses princípios é que mudança política só poderia
avançar legalmente (veja Rm 13). Quando Neemias procurou reconstruir as muralhas de Jerusalém, ele
apelou para o rei pedindo permissão. Quando Ester procurou reverter a lei persa, ela o fez usando a lei.
Em ambos os casos, os líderes bíblicos procuraram reformar seus governos por meio de uma mudança
legal. Para causar uma reorientação espiritual em nosso país, nós também devemos lutar por isso
legalmente, pois, como a Bíblia diz, o coração do rei está nas mãos do Senhor (Prov 21:1). Nós tambem
devemos criar os nossos filhos a serem fiéis guardiões da nossa sociedade para causarem a necessária
mudança nas esferas políticas, econômicas ou sociais. Francis Schaeffer certa vez disse que a única
maneira de trazer mudança bíblica é com os cristãos se infiltrando na academia, na arena política, nos
jornais e em outros “portões”da nossa sociedade. Mesmo um número pequeno de políticos, economistas
e jornalistas que falem abertamente podem causar uma tremenda mudança. A agenda homossexual
revela quão influente uma minoria que fala pode ser. Se essa minoria corajosa estivesse falando
abertamente a favor de princípios cristãos, imagine que mudança isso poderia causar. Alguns podem
argumentar dizendo “o que a nação precisa não é primeiramente de uma mudança social mas do
evangelho. Qualquer coisa menos que isso não serve.” É verdade que a nossa nação precisa mais do que
uma transformação política, econômica ou social; o evangelho é a única esperança para uma mudança
duradoura. Apesar das chances dos EUA se tornarem mais uma vez uma “nação cristã” serem pequenas,
nós ainda temos a obrigação de liderar a nossa sociedade conforme os princípios cristãos. Quando um
agricultor prepara sua terra para uma boa colheita, ele ara toda a terra. Ele trabalha com grande
dificuldade para preparar acres de terra. Ele cuidadosamente remove grandes pedras espalhadas pelo
campo. Ele arranca as ervas daninhas que roubariam água e matariam as plantas que estão germinando.
A terra é preparada para uma grande colheita, apesar de que talvez nem toda a terra seja usada. Se
encorajarmos os nossos filhos a serem guardiões fiéis e corajosos para trazerem mudanças nas
diversas esferas, talvez nós não convertamos uma nação, mas nós prepararemos nossa terra para
a colheita da Palavra de Deus, removendo as ervas daninhas e pedras que de outra forma
atrapalhariam o progresso do evangelho.

7- Ensine-os a estarem atentos às cosmovisões Não existem idéias, opiniões ou perspectivas neutras.
Tudo o que políticos, economistas e jornalistas externalizam, fluem do seu conhecimento de Deus, do
homem e do mundo (Lucas 6:45). É importante, portanto, que nós ensinemos aos nossos filhos que os
nossos líderes não estão envolvidos em idéias neutras. Geralmente, a figura é bem mais ampla do que os
nossos olhos conseguem enxergar. Se um economista em específico observa o dinheiro apenas em
termos de poder de compra, é provável que ele não entenderá o débito como algo que escraviza. Se um
economista enxerga o dinheiro como algo que serve para o seu próprio prazer, é provável que ele
aconselhe os seus clientes a ganharem o máximo possível, mesmo às custas dos outros. Da mesma
forma, se um jornalista escreve um artigo negligenciando o trabalho social da cidade, é provável que esse
problema molde sua visão de como as pessoas devem auxiliar os oprimidos e marginalizados. Entender
que nenhuma ideia, opinião ou perspectiva é neutra irá preparar os nossos filhos a serem cautelosos
quando se aproximarem de várias vocações. Nem mesmo aqueles que ensinam tópicos específicos
conseguem permanecer neutros. Enquanto os professores de universidades seculares clamam que
abordam tópicos com neutralidade, eles não o fazem. Prepare os seus filhos encorajando-os a olharem
as cosmovisões, valores e ideologias presentes em todas as idéias ao nosso redor.

8- Exorte-os a entenderem o chamado para amar os nossos inimigos À medida que ensinamos os
nossos filhos em como se envolver, responder e defender sua cosmovisão cristã nas arenas da política,
economia e jornalismo, nós também temos que ensiná-los a importância de amarem os seus inimigos.
Pense na situação política de hoje. É comum ouvir anúncios, propagandas políticas e debates que
lançam insultos contra os oponentes. Eles cultivam um espírito de ódio. Para ensinar os nossos filhos a
serem fiéis guardiões nós temos que ensiná-los a importância suprema de amar os nossos inimigos (Mt
5:45-48). É fácil ceder às guerras políticas, que devolvem o mal com o mal. É compreensível que
políticos, economistas e jornalistas se atrapalhem no frenesi de suas emoções e sintam a necessidade de
responderem a altura os seus oponentes pecadores. Mas nós devemos ensinar às nossas crianças a
virarem a outra face, a odiarem o que é mal e a se apegarem ao que é bom, e sempre terem o
interesse do seu próximo em mente. Provérbios ensina a simples verdade “A resposta branda desvia o
furor, mas a palavra dura suscita a ira”(Pv 15:1). Nós temos que ensinar os nossos filhos que o amor
dever suportar suas atitudes contra qualquer um que busque manchar os seus nomes. Nós temos que ser
irrepreensíveis em todas as coisas (cf 1Tm 3:2), estar em paz com todos os homens (Rm 12:18) e ter um
amor genuíno (Rm 12:9). Quando nossos filhos observarem esse tipo de atitude, eles transmitirão a
mensagem para o mundo que eles respondem a um chamado superior à política, economia ou jornalismo.
Ele mostrarão que existem coisas mais importantes que ganhar uma eleição ou escrever uma história
jornalística de destaque. Eles serão firmes no comando de Jesus de fazer aos outros como a si mesmos.
Pense nas atitudes dos personagens bíblicos que tratamos. Obadias, Neemias, Esther e Daniel. Todos
tinham inimigos, mas ainda assim eles não buscaram vingança nem revidaram. Enquanto Deus trouxe
justiça a alguns dos opressores, esses líderes estavam satisfeitos em esperar pela vingança do Senhor
(veja Dt 32:35). Da mesma forma, nós não podemos pensar que é o nosso dever endireitar todo mal feito
contra nós, mas devemos suportar com paciência a opressão de pessoas más. Confie seus filhos à
graça de Deus Encorajar os nossos filhos a adentrarem na esfera pública em vocações como políticos,
economistas, homens de negócios ou jornalistas é arriscado. Existem muitos outros princípios que nós
poderíamos retirar das Escrituras para preparar os nossos filhos contra dificuldades, pressão e tentações
dessas vocações. Apesar dos perigos dessas vocações, é importante criarmos os nossos filhos a
maximizarem os seus dons para a glória de Deus. Nós temos que educar os nossos filhos para se
preocuparem com as suas nações, culturas e com o próximo. Nós precisamos encorajar os nossos filhos
a serem guardiões de suas culturas. Nós queremos criar os nossos filhos para serem guerreiros na
arena pública pelo Senhor. Nós queremos lutar pela liberdade em nossa cultura para estudar e
pregar o evangelho. Nós precisamos de líderes para removerem leis, ideologias ou princípios que
atrapalhem a Palavra de Deus. Fazendo isso, nós não apenas iremos glorificar a Deus mas
melhoraremos a nossa sociedade e prepararemos o caminho para a mudança que todos
esperamos. Finalmente, confiando os nossos filhos à graça de Deus, nós precisamos mandá-los
para o mundo, confiando que Deus fará coisas neles e por meio deles (Fp 1:6) para a Sua glória.

_________________ *Esse artigo foi originalmente publicado na revista The Banner of Sovereign Grace
Truth (Edição online de Janeiro/2013) , traduzido com permissão do autor. **Dr. Joel Beeke é presidente e
professor de teologia sistemática no Puritan Reformed Theological Seminary (EUA). É pastor da Heritage
Netherlands Reformed Congregation, editor da Banner of Sovereign Grace Truth, diretor editorial de
Reformation Heritage Books, presidente da Inheritance. Foi co-autor, escreveu ou editou mais de 50
livros, dentre os quais, “Vivendo para a Glória de Deus” e “Vencendo o Mundo”. Obteve seu Ph.D. em
Teologia da Reforma e Pós-reforma no Westminster Theological Seminary. Ele é convidado
freqüentemente para lecionar em seminários e pregar em conferências ao redor do mundo. Ele e sua
esposa, Mary, foram abençoados com três filhos: Calvin, Esther e Lydia. _________________ ***
Tradução: Roberta Macedo

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