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PATERNIDADE RESPONSÁVEL

Livre. Ponderada. Generosa.


Por Silvia Paula Monteiro da Costa
Diretora Administrativa da CENPLAFAM WOOMB BRASIL

Através da Paternidade Responsável, vamos descobrir o que ensina o


Magistério da Santa Igreja Católica sobre a transmissão da vida humana que é missão
daqueles que são vocacionados para o Sacramento do Matrimônio. Vamos conhecer
alguns dos principais documentos da Santa Igreja Católica que falam sobre o tema e
o magistério dos últimos papas. Vamos descobrir qual é o real significado deste termo
“Paternidade Responsável”, onde é vivida na Liberdade, na ponderação e na
generosidade dos cônjuges. Vamos refletir juntos as implicações desse tema sobre o
nosso trabalho como instrutores do Método de Ovulação Billings. Essas explanações
transformam o Método de Ovulação Billings, de uma excelente ferramenta científica
de ajudar os casais a conseguir ou espaçar a gravidez ou ainda monitorar a saúde
reprodutiva, numa excelente ferramenta de preservação da castidade matrimonial que
é tão atacada pela contracepção e pela mentalidade antivida que vige na nossa
sociedade.
“A grandeza e dignidade dos esposos está em tornar o seu amor fecundo em
criar uma família. A família, além de ser a comunhão das pessoas, é o santuário da
vida, é o espaço vital, o lugar onde a vida pode ser gerada, aceita, acolhida, protegida
e educada, para que o crescimento humano seja verdadeiro. A família é um ninho

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seguro para o filho e nela acontece a cultura do amor e da vida” (Guia de preparação
para a vida matrimonial da pastoral familiar).
O que torna o casal digno não é o lugar onde moram, o tamanho de sua casa,
o bairro. O que torna o casal grande não é o seu status social, o seu sobrenome ou a
antiguidade da família. O que torna o casal digno é a ABERTURA À VIDA. É tornar o
seu amor fecundo. Assim, se você é vocacionado ao matrimônio, necessariamente
você é vocacionado à paternidade. O “SIM” no altar no dia do consentimento
matrimonial tem de ser um sim para a geração e educação dos filhos. É preciso refletir
se hoje, mesmo os casais católicos, compreendem essa realidade. Se nós
perguntarmos para a maioria dos casais, mesmo os católicos, os filhos estão nos seus
planos? O que eles vão nos responder? Quais são os seus projetos enquanto casal?
As pessoas vão dizer: sim, nós queremos filhos, lógico, mas... Maldita conjunção
adversativa! Então eles pensam assim: “Primeiro, antes de ter filhos, nós temos que
comprar nossa casa, reformá-la, ter um carro ou dois ou comprar vários dispositivos
eletrônicos, ou nós vamos esperar um pouco mais até termos bens materiais. Mas
depois eles vão ter filhos? Não! Eles vão colocar outra situação: Nós somos jovens,
precisamos curtir a vida, precisamos viajar, conhecer o mundo, nos divertir. Então
vamos esperar mais um pouco até a gente conhecer tudo o que a gente deseja e viver
tudo o que a gente quer viver, depois nós vamos ter filhos. E depois, ainda antes de
ter filhos, nós vamos precisar ter estabilidade financeira (que sinceramente, hoje em
dia é quase impossível, principalmente nós brasileiros). Então precisamos ter como
bancar a escola mais cara da cidade para o nosso filho. Vamos esperar até termos
estabilidade financeira e depois a gente também tem de esperar, porque afinal de
contas, para termos estabilidade financeira, a gente precisa ter uma formação
acadêmica, então tenho que fazer a minha faculdade, a minha segunda faculdade, a
minha pós-graduação, o meu mestrado, o meu doutorado, enfim, ter sucesso
profissional para depois ter filhos...” E quando percebemos, os filhos ficaram lá para
trás, lá por último.
O Papa Francisco nos lembrou na exortação pós sinodal Amoris Laetitia o
seguinte: “Os padres sinodais referiram que não é difícil constatar como se está
espalhando uma mentalidade que reduza a geração da vida a uma variável de projetos
individuais ou dos cônjuges”. Não, os filhos não podem estar depois dos nossos
projetos individuais, OS FILHOS DEVEM SER PARTE DOS PROJETOS.

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O Matrimônio e o amor conjugal ordenam-se por sua própria natureza à
geração e educação da prole. Os filhos são, sem dúvida, o maior dom do matrimônio
e contribuem muito para o bem dos próprios pais (Gaudium et spes, documento do
Concílio Vaticano II que fala sobre a Igreja no mundo atual). O que que isso quer
dizer? Antes de se casarem, os cônjuges devem ter essa realidade em mente, mas
se se casam sem tê-la, é necessário converter as suas consciências para essa
verdade. Os filhos são o maior dom, o maior presente, o maior bem do Matrimônio.
Santa Gianna Beretta Molla chamava os filhos de tesouros, ela tinha uma relação
muito linda com a maternidade. Santa Gianna, antes mesmo de se casar, escrevia
para o seu noivo cartas de amor, e ela escreveu assim para ele certa vez: “Meu
querido Pietro. Faltam poucos dias e sinto-me comovida por aproximar-me de receber
o Sacramento do amor. Tornamo-nos colaboradores de Deus na criação, assim
poderemos dar-lhes filhos que o amem e o sirvam”. Que consciência do Sacramento
do Matrimônio! Essa noiva que há poucos dias iria se casar, lembrava para o seu
noivo, NÓS VAMOS GERAR FILHOS PARA DEUS. Nós não podemos esquecer que
o Matrimônio é Sacramento, e como todo Sacramento é dado por Cristo à Igreja, para
a santificação dos fiéis. Nos casamos para nos santificar. E os filhos nos ajudam muito
nesse processo de santificação, porque eles nos ensinam um amor diferente, um amor
que se esvazia, um amor que se doa. Então, quer ser Santo? Tenha filhos!
O catecismo da Santa Igreja Católica, promulgado por São João Paulo II, traz
a doutrina da Igreja de forma sistematizada, simples e resumida, ensinando de forma
clara também sobre o Matrimônio e os filhos. “A fecundidade é um dom, uma finalidade
do Matrimônio, porque o amor conjugal tende naturalmente a ser fecundo. O filho não
vem de fora juntar-se ao amor mútuo dos esposos; surge no próprio coração deste
dom mútuo, do qual é fruto e complemento” (CIC, 2366). Assim, a fecundidade, a
possibilidade de gerar filhos para Deus é ao mesmo tempo um dom, como já vimos, e
também é uma finalidade do Matrimônio. É dom, porque é um presente de Deus, não
é um direito do casal. Não podemos esquecer que o filho em si já é um sujeito de
direito. E é uma finalidade do Matrimônio. O Matrimônio Católico tem na geração e
educação da prole uma das suas finalidades, é um cumprimento da ordem de
Gênesis: “Crescei e multiplicai-vos”! É interessante vermos que o filho não é um
invasor. Certas pessoas dizem: “eu não quero ter filhos porque vai interferir no
relacionamento com meu esposo, ou quando a criança nasce, começa a ter muito

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ciúme do filho porque acha que está tomando todo o tempo da esposa...” NÃO! O filho
não é um inimigo, o filho não é um adversário, de jeito nenhum. O FILHO É
COMPLEMENTO. O magistério da Igreja fala em complemento porque o amor
conjugal precisa de algo para se aperfeiçoar e se tornar completo, senão, não falava
em complemento. Portanto, os filhos são complemento do amor conjugal, simples
assim. “Vede, os filhos são um dom de Deus, é uma recompensa o fruto das
entranhas” (Salmo 126, versículo 3). Filho é dom, filho é bênção, filho é uma
recompensa. As Escrituras sempre trataram os filhos como uma bênção de Deus.
“As forças do mal estão direcionadas contra a família!” O doutor John Billings
disse isso numa conferência da WOOMB Internacional, quando se comemorou o
décimo ano de aniversário da Humanae vitae. E ele continuou: “As forças do mal estão
direcionadas contra a família, particularmente contra o membro mais fraco da família,
que é a criança dentro do útero. A criança se tornou um inimigo”. Doutor Billings tinha
razão. O FILHO NÃO É UM INIMIGO A SER COMBATIDO!
Na sociedade que nós vivemos, que é uma sociedade voltada apenas para o
prazer, para o imediatismo, para o agora, para a cultura do bem-estar, os filhos são
vistos como uma dívida e não como uma DÁDIVA. Diferentemente do que nos explica
o Catecismo da Santa Igreja Católica, que diz que os filhos são uma dádiva e não uma
dívida, são o dom mais excelente do Matrimônio e o filho não pode ser considerado
um objeto de propriedade, etc. Então, essa mentalidade que vige na nossa sociedade
de hoje, que grita para nós: Não tenha filhos. Dá muito trabalho. Aprisiona a mulher.
É muito caro. Atrapalha. Estraga o corpo. Superpopulação mundial, você precisa
colaborar. Isso tudo NÃO está de acordo com o plano de Deus! Há décadas, essa
mentalidade antivida tem prevalecido, consolidando na idéia das pessoas a defesa
desse lema “não tenha filhos” e a propagação da contracepção e do aborto como
direito reprodutivo, por exemplo, comprovam a disseminação dessa ideologia antivida.
O feminismo também colabora com isso, instrumentalizando as mulheres, fazendo
crer que a maternidade é uma maldição. É tão triste isso. Então, no mundo que nós
vivemos, a fertilidade é vista como uma maldição, como uma doença que a gente
precisa tomar remédio para poder curar, como algo a ser “prevenido”. Todos os dias,
mulheres cada vez mais jovens buscam os consultórios médicos para tomarem
anticoncepcional, para serem iniciadas cada vez mais cedo. Mães levam jovens de 12
e 13 anos para começar a tomar pílula porque começam a namorar, não se ensina

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mais a beleza da castidade. Não ensinam mais sobre a sexualidade, onde ela deve
ser vivida, que é no Matrimônio, levam para tomar pílula. É como se dissesse assim
para a filha: olha, você pode fazer o que quiser com o seu corpo, só não me dê netos.
Que mensagem que essa mãe está transmitindo para a filha? Está dizendo assim para
ela: filho não é legal, filho não é bom, não tenha filho, filho é uma porcaria. É lógico
que esta filha não está vivendo a sexualidade do modo correto, mas ela vai levar essa
ideia também quando estiver no casamento. Portanto, para nós cristãos, temos o
dever de remar contra a corrente!! Temos o dever de gritar para o mundo que
FERTILIDADE É DOM DE DEUS! Precisamos anunciar essa verdade. E nós, que
somos instrutores do Método de Ovulação Billings, temos que ter isso como pano de
fundo a cada gráfico que analisamos, a cada casal que atendemos. Nós estamos
anunciando ali que a fertilidade é dom de Deus!
E quando o casal não pode ter filhos? São João Paulo II na sua exortação
Apostólica Familiaris Consortio, que trata da função da família no mundo de hoje, nos
ensina o seguinte: “Não deve, todavia, esquecer-se que, mesmo quando a procriação
não é possível, nem por isso a vida conjugal perde o seu valor. A esterilidade física,
de fato, pode ser para os esposos ocasião de outros serviços importantes à vida da
pessoa humana, como a adoção, as várias formas de obras educativas, a ajuda a
outras famílias, as crianças pobres ou deficientes”. Ou seja, esse casal vai ser
fecundo!
A Santa Igreja nos ensina que o ato conjugal, que é o ato sexual entre o casal,
possui dois aspectos, o aspecto unitivo e o aspecto procriativo. O aspecto unitivo tem
a ver com o dom total da entrega entre os cônjuges, entre o casal. E o aspecto
procriativo tem a ver com a abertura à vida, a geração da vida humana. Então, São
João Paulo II na Carta às Famílias (12), nos relembrou que: “As duas dimensões da
união conjugal, a unitiva e a procriadora, não podem ser separadas artificialmente
sem atentar contra a verdade íntima do próprio ato conjugal”. Atentar contra a verdade
íntima significa transformá-lo em mentira. Se a pessoa quer viver o ato conjugal,
separando o aspecto unitivo do aspecto procriativo, está vivendo uma MENTIRA, não
está vivendo a sexualidade conforme Deus sonhou, trazendo consequências
devastadoras na vida do casal. Um casamento em que o casal só tem relação sexual
para ter prazer, somente para isso, a vida toda, por toda a vida, um dia vai ACABAR
essa atração sexual e o casamento acaba! Ou então um casal que só tenha relações

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sexuais para conceber, para gerar filhos sem ter o aspecto unitivo, em certa altura,
alguém vai se sentir usado e essa relação ACABA. Um casamento em que a vida
sexual é vivida de forma que o aspecto unitivo seja afastado do aspecto procriativo,
vive uma mentira, ou seja, é um FALSO AMOR!
Aqui nós temos mais um trecho do Catecismo da Santa Igreja Católica (CIC,
2366): “Por isso a Igreja que <<toma partido pela vida>>, ensina que todo o ato
matrimonial deve, por si estar aberto à Transmissão da Vida”. Todo o ato conjugal
deve ser aberto à vida! Então, pode surgir um questionamento, por exemplo, o casal
que usa de um método como o Método Billings, quando tem relação sexual nos
períodos sabidamente inférteis, como fica? Isso não é estar fechado à vida? São João
Paulo II nos responde: “Quando, pelo contrário, os cônjuges, mediante o recurso de
períodos de infecundidade a períodos de fecundidade, respeitam uma conexão
indivisível dos significados unitivo e procriativo da sexualidade humana, comportam-
se como ministros do plano de Deus e usufruem da sexualidade segundo o dinamismo
originário da doação total sem manipulações e alterações”. Existe uma diferença
antropológica e ao mesmo tempo moral entre contracepção e o recurso aos ritmos
temporais. “Trata-se de uma diferença muito vasta”, diz São João Paulo II, no item 32
da Familiaris Consortio. Quando vivemos o Método Billings ou outro método natural,
não estamos dissociando o aspecto unitivo do aspecto procriativo, isso é importante
entender. Uma coisa que precisa ficar bem clara é que Paternidade Responsável não
é a mesma coisa que controle de natalidade (vale ressaltar que, de acordo com a
Santa Igreja Católica, está claro que o casal pode evitar <<ou espaçar>> as
gestações somente mediante motivos justos, usar métodos naturais para evitar
os filhos por egoísmo, ou por querer ter controle das situações, é pecado
gravíssimo, visto que também é uma quebra da promessa feita no altar, diante
de Deus, no recebimento do Sacramento do Matrimônio, de acolher
generosamente e educar na fé Católica todos os filhos que Deus enviar, os
métodos naturais devem favorecer a vida e a família, Deus é quem deve ter o
controle sobre nossas vidas).
O controle de natalidade é uma medida executada pelo Estado. Muitos países
controlam o número de filhos que as famílias podem ter, interferindo na vida particular
das pessoas. ISSO É PÉSSIMO! Os estados totalitários, como a China e a Índia, por
exemplo, já estabeleceram políticas de controle de natalidade. Na China, tinha a

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política do filho único, quem não se lembra disso? Na Europa existe uma grande
campanha para a redução do número de filhos. De certa forma, aqui na América Latina
também. E os meios que os Estados empregam é a contracepção, os métodos
artificiais e a esterilização. Na Índia, já houve casos em que a esterilização era
forçada. Temos o testemunho da Madre Santa Teresa de Calcutá, que ensinava o
Método Billings com suas irmãs, foi pedir às autoridades públicas para que, por favor,
não esterilizassem aqueles casais que optassem pelo Método Billings. Lá ela provou
que o Método Billings era eficaz e conseguiu que a as autoridades da Índia não
esterilizassem os usuários que se identificassem.
Já a Paternidade Responsável é a livre, ponderada e generosa decisão dos
cônjuges de ter uma família numerosa ou a de espaçar um novo nascimento por algum
tempo, ou ainda por tempo indeterminado, diante da existência de graves motivos
(Planejamento Natural da Família). Um dos meios de viver a Paternidade Responsável
é se utilizando dos métodos naturais, entre eles, o Método de Ovulação Billings
(MOB).
Portanto, pode-se concluir que, de um lado, o controle de natalidade é uma
medida que acontece de fora para dentro do núcleo da família, sendo uma medida
que é imposta para a realidade dos casais fazendo com que a vida humana não seja
vista como um bem, mas que seja vista como um mal a ser evitado, com o Poder
Público interferindo na vida particular das pessoas. Paulo VI já havia alertado na
Humanae Vitae, que se a contracepção fosse usual, muitos estados iriam interferir na
vida dos casais. Já a Paternidade Responsável é algo que acontece de dentro para
fora. É uma atitude interior. É uma conversão interior. Na Paternidade Responsável A
VIDA HUMANA É SEMPRE VISTA COMO UM BEM e nunca como um mal a ser
evitado! Ela pode ser até adiada, por motivos justos, mas NUNCA evitada.
Paternidade Responsável: livre, ponderada e generosa. A Liberdade que é
própria dos filhos de Deus, Deus nos fez livres à sua imagem e semelhança, nos
deixou livres para escolher. Ponderada, que é próprio das consciências que são
iluminadas pelo Espírito Santo, as consciências que ponderam em Deus, que
analisam e reflitam: “será que essa decisão de adiar o próximo filho não é de egoísmo?
Será que realmente temos justos motivos para espaçar essa gravidez?” E generosa,
porque a generosidade é a característica mais importante da Paternidade
Responsável. A generosidade é própria de quem ama! Só consegue ser generoso

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quem ama de verdade. Só consegue viver a Paternidade Responsável quem ama de
verdade. Isso nos afasta da mentalidade controlista que vem dessa política de controle
de natalidade.
A responsabilidade da Paternidade Cristã não está relacionada a uma visão
materialista da vida, mas ao amor, porque, para nós, cristãos, o egoísmo é sempre
irresponsável. Então, não podemos perder de vista que a Santa Igreja Católica sempre
viu nas famílias numerosas uma grande alegria, uma grande bênção, um grande
testemunho de amor conjugal. É muito belo as famílias generosas, e que elas
continuem existindo, para o bem da Igreja.
A Humanae Vitae é o documento que é a coluna vertebral do nosso trabalho.
Convido você que não conhece, que leia, é fácil achar na internet. No site do Vaticano,
você acha gratuitamente. E aqui nós temos o magistério de São Paulo VI, ele nos
ensina que: “Sendo assim, o amor conjugal requer nos esposos uma consciência da
sua missão de Paternidade Responsável” [...]. São Paulo VI insiste que a
Paternidade é uma missão. Talvez você já tenha se perguntado, como é que você,
casado, pode ser missionário? E Paulo VI está lembrando para você, você pode ser
missionário formando sua família. Você pode ser missionário tendo filhos e educando-
os para Deus. A sua missão de cônjuge, de casado, é exatamente essa! Ele também
se refere à Transmissão da vida como um dever. Já no primeiro item da Humanae
Vitae, diz que, o gravíssimo dever de transmitir a vida humana, pelo qual os esposos
são colaboradores livres e responsáveis de Deus Criador, foi sempre fonte de grandes
alegrias e algumas vezes acompanhadas de não poucas dificuldades. A Igreja
reconhece isso, mas ela não retira de nós a nossa missão e o nosso dever de gerar
filhos para Deus. Então, é necessário ter CONSCIÊNCIA.
“Os casais devem, porém, verificar se tal desejo, o desejo de espaçar os filhos,
não procede do egoísmo, e se está de acordo com a justa generosidade duma
Paternidade Responsável” (CIC, 2368). Mais uma vez o Catecismo nos lembra que
Paternidade Responsável não combina com egoísmo. É interessante entendermos e
nos preocuparmos se é amor ou egoísmo. Como na hora que olhamos no gráfico e
nos perguntamos, é fértil ou infértil? Através dos padrões. Com isso, temos que olhar
o padrão da nossa verdade, iluminado pela verdade de Deus e entender, é egoísmo
ou é amor? Olha que lindo!

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“Quando se trata, portanto, de conciliar o amor conjugal com a transmissão
responsável da vida, a moralidade do comportamento não depende apenas da
sinceridade da intenção e da apreciação dos motivos, deve também determinar-se por
critérios objetivos (ou seja, determinar-se pela Verdade), tomados da natureza da
pessoa e dos seus atos; critérios que respeitem, num contexto do autêntico amor, o
sentido da mútua doação e da procriação humana. Tudo isto só é possível se se
cultivar sinceramente a virtude da castidade conjugal” (GS, 51). Quem vive a
contracepção se afastou há muito tempo da castidade matrimonial.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) resume que é intrinsecamente má
qualquer ação, querem previsão do ato conjugal, que adiante durante a sua
realização, quer no desenrolar das suas consequências naturais, se proponha como
fim ou como meio tornar possível a procriação. Portanto, todos os métodos
anticoncepcionais são intrinsecamente maus. Ou seja, eles são maus em si mesmos,
eles são elaborados de forma má, eles não vêm de Deus. Tudo o que interfere com a
obra do Criador não pode ser bom. Por exemplo a pílula, ela vai agir no mecanismo
ovulatório impedindo a nidação do óvulo fecundado. Isso pode ser bom? Claro que
não! O DIU vai tornar o endométrio agressivo para a vida que está nascendo. Isso
pode ser bom? Claro que não! A camisinha vai impedir que o homem ejacule dentro
da vagina da mulher, impedindo assim a concepção. Isso pode ser bom? Claro que
não! A pílula do dia seguinte e o DIU que são abortivos. Isso pode ser bom? Claro que
não! E muito pior as esterilizações, as pessoas se mutilam de medo de gerar vida,
isso é muito sério. A laqueadura e vasectomia, na verdade, são mutilações! É a
pessoa pedir para um médico cortar algo que está funcionando direito em seu corpo
para evitar os dons de Deus.
Por outro lado, a continência periódica, os métodos de regulação dos
nascimentos baseados na auto-observação e no recurso aos períodos infecundos,
são conforme o critério objetivo da moralidade. Esses métodos respeitam o corpo dos
esposos, estimulam uma ternura entre eles e favorecem a educação de uma
Liberdade Autêntica, diz o catecismo da Santa Igreja Católica. Desse modo, nós
temos os métodos naturais que são moralmente lícitos, como a Tabelinha, o Método
Sintotérmico, o Método Creighton, e também o Método de Ovulação Bollings, que é o
que está sendo oferecido para a humanidade. O MOB é um método natural, está
nesse rol, os doutores Billings sempre defenderam a castidade matrimonial, eles eram

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abertos à vida e descreveram esse método tão eficaz. Sabemos quanto eficaz o
método é se utilizado corretamente. E eles escolheram ter filhos, tiveram 8 filhos
biológicos e adotaram uma criança, eles realmente defenderam em vida a castidade
matrimonial e deixaram no seu legado a defesa da castidade matrimonial. Desta
maneira, o fruto do seu trabalho agora está a serviço dos casais para que não percam
o céu, para que continuem castos vivendo a castidade. A castidade matrimonial não
é abstinência sexual, ela é, em geral, a vivência da sexualidade segundo o plano de
Deus para o seu estado de vida. Por exemplo, o sacerdote, ele é celibatário e não tem
vida sexual por causa do seu estado de vida, ele vive a sua castidade sendo
celibatário. Nós casados vivemos a castidade matrimonial tendo atos conjugais, que
não dissociam o aspecto unitivo e o aspecto procriativo. Então, os doutores Billings
deixaram fruto do seu trabalho, para que eu e você, para que os casais que ensinamos
possam viver a castidade matrimonial.
Esse ensinamento da Igreja não está ultrapassado, os papas atuais continuam
reafirmando essa doutrina. Por exemplo, Bento XVI, em vários momentos reafirmou
esse Magistério, a seguir uma mensagem que ele falou ao Congresso Internacional
no aniversário de 40 anos da Humanae Vitae de Paulo VI (02/10/2008): “A
possibilidade de procriar uma nova vida humana está incluída na doação integral dos
cônjuges. Se, com efeito, toda a forma de amor tende a difundir a plenitude de que
vive, o amor conjugal tem o seu próprio modo de se comunicar: gerar filhos. Assim,
ele não só se assemelha, mas também participa no amor de Deus, que quer
comunicar-se chamando à vida as pessoas humanas. Excluir esta dimensão
comunicativa mediante uma ação que vise impedir a procriação significa negar a
verdade íntima do amor esponsal, com que se comunica o dom Divino”. O Papa
Francisco também reafirmou esse Magistério, não somente na Amoris Laetitia, mas
também em outros momentos do seu Magistério. A Amoris Laetitia, é uma exortação
pós sinodal que ele escreveu em 2016, depois do sínodo dos bispos que foi sobre a
família, lá ele escreveu o seguinte: “[...] A opção da Paternidade Responsável
pressupõe a formação da consciência que é “o centro mais secreto e o santuário do
homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do
seu ser”. Quanto mais procurarem os esposos ouvir, na sua consciência, a Deus e os
seus mandamentos (cf. Rm 2, 15) e se fizerem acompanhar espiritualmente, tanto
mais a sua decisão será intimamente livre de um arbítrio subjetivo e da acomodação

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às modas de comportamento no seu ambiente”. Nisto está dizendo o seguinte: vocês
querem fazer a vontade de Deus? Deixe a sua consciência ser iluminada pelo Criador!
Não haja com os seus próprios impulsos. Não haja de acordo com modinhas, com
posições sociais. Quer ser feliz? Se faça acompanhar espiritualmente. E quando for
preciso decidir pelo espaçamento dos filhos, SE FOR NECESSÁRIO, SE TIVEREM
JUSTOS MOTIVOS, a sua decisão vai ser livre do seu arbítrio subjetivo, isso é muito
lindo.
Lembrando daquele trecho do livro do Gênesis, em que Deus disse para o
homem e para a mulher: “CRESCEI E MULTIPLICAI!” Acontece que hoje em dia as
pessoas não querem nem crescer e muito menos multiplicar. As pessoas querem
continuar sendo adolescentes, essa é a grande verdade. Não existe mais
comprometimento. As pessoas têm medo das decisões para a vida toda. O
Casamento é para a vida toda e as pessoas fogem do casamento. Os filhos são para
a vida toda e as pessoas fogem dos filhos. Infelizmente são sinais do nosso tempo.
Hoje os casais estão trocando os filhos por animais, é um fenômeno da nossa
sociedade muito preocupante. O Papa Francisco também tem observado isso. A
seguir um trecho de uma homilia que ele fez em 2014 sobre esse assunto: “Estes
Matrimônios que não querem os filhos, que querem permanecer sem fecundidade.
Esta cultura do bem-estar de dez anos atrás convenceu-nos: “É melhor não ter filhos!
É melhor! Assim, tu podes ir conhecer o mundo, de férias, podes ter uma casa no
campo, tu estás tranquilo”... Mas é melhor talvez – mais cômodo – ter um cãozinho,
dois gatos e o amor vai para o cão e para os dois gatos. É verdade isto, ou não? Já
viram isto, não é? E no final, este Matrimônio chega a velhice em solidão, com a
amargura da triste solidão. Não é fecundo, não faz aquilo que Jesus faz com A SUA
IGREJA, que é fecundá-la” (Francisco – Homilia da Residência de Santa Marta.
02/06/2014). É triste vermos como os casais não compreendem, não querem nem
crescer e muito menos multiplicar.
São João Paulo II é considerado o Papa das Famílias, porque talvez tenha sido
o papa que mais falou às famílias, aos casais, que mais ensinou sobre o amor
humano, sobre a sexualidade humana. A Teologia do Corpo é o conjunto das
Catequeses que o papa fez na praça de São Pedro às quartas-feiras durante os
primeiros anos do pontificado dele. Busque, procure conhecer a Teologia do Corpo.
Numa das suas catequeses, São João Paulo II disse o seguinte: “Corporalmente, o

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amor sexual é para expressar “a linguagem do ágape” (01/09/1982), espelhada no
amor de Cristo: O amor de Cristo é caracterizado por quatro qualidades particulares:
LIVRE, TOTAL, FIEL e FECUNDO!” E onde Nosso Senhor nos amou? Aonde foi a
maior demonstração de amor de Cristo por mim, por você? Na CRUZ! Ali na Cruz
Jesus demonstrou o seu amor Livre, Total, Fiel e Fecundo. Livre sim, porque ninguém
tirou a vida do Nosso Senhor, Ele diz, ninguém toma a minha vida, Eu a dou! E Ele
deu generosamente. As Escrituras dizem que Ele não se prevaleceu da Sua condição
Divina, Ele se rebaixou, se fez homem e foi até o fim por nós de maneira Livre. Ele
veio de maneira Livre fazer a vontade do Pai para a nossa salvação. Ali, Nosso
Senhor, nos amou de maneira Total, Cristo não reteve nada para si. O filho de Deus
não se prevaleceu de Sua condição Divina, se fez homem e foi obediente até a morte,
e morte de Cruz. Derramou até a última gota do Seu Preciosíssimo Sangue para a
nossa salvação, a ponto de, quando o soldado Romano furou o seu peito, saiu sangue
e água. Essa é a doação Total de Cristo por nós. Jesus nos amou de forma Fiel, Ele
foi até o fim! No Horto das Oliveiras, Ele rezou dizendo: Pai, se possível, afasta de
mim esse cálice, mas não faça a minha vontade, faça a Tua vontade. E o amor de
Cristo foi Fecundo ali no coração, ferido no coração aberto de Cristo jorrou a Igreja.
Foi pela entrega de Cristo na Cruz que nós tivemos vida! É assim que a doutrina nos
ensina, é nisso que nós confiamos, no amor de Jesus que nos redimiu.
No dia do Matrimônio, nós falamos os votos conjugais e fazemos algumas
promessas – “N. e N., viestes aqui para unir-vos em Matrimônio. Por isso, eu vos
pergunto perante a Igreja: É de livre e espontânea vontade que o fazeis?” As pessoas
respondem SIM! Amor Livre. E continua – “Abraçando o Matrimônio, ides prometer
amor e fidelidade um ao outro. É por toda a vida que o prometeis?” Total. Fiel. E
continua – “Estais dispostos a receber com amor os filhos que Deus vos confiar,
educando-os na Lei de Cristo e da Igreja?” Fecundo. Percebe-se que nos votos
conjugais, lembramos das quatro características do amor de Cristo. O amor conjugal
tem muito a ver com a Cruz. Se a Cruz aconteceu para a nossa salvação, para a nossa
santificação, o amor conjugal também é para a nossa salvação e para a nossa
santificação. Quantos são os momentos que nós vamos viver as cruzes do dia a dia
juntos?! Portanto, para o amor conjugal ser autêntico, ele precisa ter essas
características: ser Livre, Total, Fiel e Fecundo.

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Livre. A liberdade que temos de viver como filhos de Deus, a escolha do
Sacramento do Matrimônio, a escolha do esposo, da esposa, se o Sacramento não
for celebrado de maneira livre ele não será válido, o consentimento não será válido.
Total. É se entregar completamente, sem reservas, não colocar condições para
se casar, não colocar condições para viver a vida Matrimonial.
Fiel. Porque é para sempre, e é para com ele(a) somente, somente ele(a) tem
o direito sobre seu corpo.
Fecundo. Como os filhos são parte da finalidade do Matrimônio, se a pessoa
se aproxima do altar e dentro de si não quer ter filhos, se ela tem a negativa do bem
da prole dentro do coração, o casamento é NULO. Esta é uma das causas mais
frequentes de nulidade matrimonial.
Repetindo, se retirar uma única característica do amor conjugal: “Livre, Total,
Fiel ou Fecundo”, estaremos diante de um falso amor. Retire a Fecundidade do
Matrimônio e será um falso amor. Coloque a contracepção, será um falso amor. Tudo
isso está muito distante do Amor de Cristo!
Conclusão, vamos exercer a nossa atividade para sermos instrumentos na vida
dos casais, para que eles possam viver a verdade do autêntico amor conjugal, que é
livre, total, fiel e inclusive fecundo, preservando assim, a castidade matrimonial.

“Se os casais viverem sua vocação de modo


completo, sua união vai expressar o mesmo amor:
LIVRE, TOTAL, FIEL e FECUNDO que o Amor de
Cristo expressa!”

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