Você está na página 1de 3

PARECER

Nº 2814/2016

- PE – Poder Executivo. Aumento de


repasses de recursos financeiros
para o Tratamento Fora do Domicílio
(TFD). Portaria SAS/055. Secretaria
de Estado da Saúde. Fundo Nacional
de Saúde. Considerações a respeito.

CONSULTA:

Determinada Prefeitura solicita-nos parecer jurídico acerca de


como aumentar os repasses de recursos financeiros para o TFD
(Tratamento Fora do Domicílio).

A consulta não veio documentada.

RESPOSTA:

O SUS é um sistema único, cuja direção geral compete à União e


com a participação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

O Tratamento Fora de Domicílio - TFD é um instrumento legal


que permite, através do Sistema Único de Saúde - SUS, o
encaminhamento de pacientes a outras unidades de saúde, a fim de
realizar tratamento médico fora de seu Município, quando esgotados todos
os meios de atendimento na localidade de residência ou no Estado, e
desde que haja possibilidade de cura total ou parcial, limitado ao período
estritamente necessário e aos recursos orçamentários existentes.

A Portaria SAS/055, de 24/02/99, estabelece que estas despesas


serão pagas através do Sistema de Informação Ambulatorial - SIA/SUS,
além de incluir procedimentos específicos.

As despesas permitidas pelo TFD são aquelas relativas a

1
transporte aéreo, terrestre e fluvial, diárias para pernoite e ajuda de custo
para alimentação do paciente e acompanhante (se houver), bem como as
despesas com preparação e traslado do corpo, em caso de óbito em TFD.

O Município, como integrante do SUS, tem o dever de atender


aos pacientes que buscam atendimento de saúde nas unidades locais do
SUS. Não sendo possível o atendimento com o pessoal e os
equipamentos existentes, o Município tem o dever de realizar o
encaminhamento a outro Município ou ao Estado, com base no sistema e
referências e contra-referências estabelecido pelo órgão estadual do SUS.
Encaminhado o paciente, cabe ao Município arcar com os custos relativos
aos deslocamentos feitos através de TFD, obedecendo à Portaria do
Ministério da Saúde.

As despesas com diárias de pacientes encaminhados a outras


unidades de saúde, fora do Município, por TFD, são cobertas com
recursos destinados à saúde, recebidos da União ou próprios do
Município, alocados no teto financeiro de média e alta complexidade.

Cumpre consignar que, conforme dispõe a Portaria no seu art.5º,


caberá às Secretarias de Estado da Saúde/SES propor às respectivas
Comissões Intergestores Bípartite - CIB a estratégia de gestão entendida
como: definição de responsabilidades da SES e das SMS para a
autorização do TFD; estratégia de utilização com o estabelecimento de
critérios, rotinas e fluxos, de acordo com a realidade de cada região e
definição dos recursos financeiros destinados ao TFD.

Ou seja, em cada Estado existem rotinas determinadas para


utilização do procedimento do TFD, geralmente estabelecidas em manuais
(§1º do art. 5º da Portaria), como, por exemplo, Manual de TFD do Estado
de Santa Catarina disponível em: http://portalses.saude.sc.gov.br/
index.php?option=com_content&view=article&id=110&Itemid=130.

Não tivemos acesso, nem mesmo em pesquisa realizada na


internet, ao manual estadual de TFD do Maranhão, o que nos
impossibilitou de elababorar um parecer jurídico conclusivo.

Todavia, tomando como referência o Manual de TFD do Estado

2
de Santa Catarina, quer nos parecer que as despesas relacionadas ao
TFD deverão observar o teto financeiro definido para cada Município e/ou
Estado, em conformidade com a sistemática operacional instituída através
dos parâmetros do financiamento para TFD, bem como a disponibilidade
orçamentária do Município/Estado (2.11 do Manual de SC).

Considerando que os valores do programa de TFD fazem parte


do teto financeiro da Média e Alta Complexidade - MAC, as despesas com
o TFD deverão ser apresentadas no SIA/SUS para fins de processamento
e pagamento.

Em consulta ao site do Fundo Nacional de Saúde (link http://


www.fns.saude.gov.br/visao/consulta/simplificada/detalhe.jsf), obtivemos a
informação de que o município consulente recebe atualmente para
tratamentos de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar o
correspondente à R$49.911,99 (quarenta e nove mil, novecentos e onze
reais e noventa e nove centavos). Neste sentido, quer nos parecer que,
deflagrada a necessidade de aumentar o valor repassado, uma proposta
devidamente motivada e instruída, visando o referido aumento, deverá ser
apresentada à Secretaria de Estado da Saúde.

Ante o exposto, conclui-se a presente consulta na forma das


razões aduzidas.

É o parecer, s.m.j.

Fabienne Oberlaender Gonini Novais


Assessora Jurídica

Aprovo o parecer

Marcus Alonso Ribeiro Neves


Consultor Jurídico

Rio de Janeiro, 26 de setembro de 2016.

Você também pode gostar