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CEI

Círculo de Estudos pela Internet

Ministério Público
Semestral
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CORPO DOCENTE

Thimotie Aragon Heemann (coordenador). Promotor de Justiça no Estado do Paraná.


Graduado em Direito pela Escola Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul/
ESFMP. Pós graduado em Direito. Coautor do livro Jurisprudência Internacional de Direitos
Humanos. Professor de Direitos Humanos e Direito Constitucional do Curso CEI. Palestrante.
Autor de artigos publicados em revistas especializadas.

Rafael Pereira. Promotor de Justiça no Estado do Paraná. Ex-servidor efetivo do MPSC e


assistente por 08 anos. Pós graduado em Direito Penal e Processo Penal pela Faculdade
Damásio de Jesus. Ex-professor de Direito Civil, Direito Constitucional e Direito Empresarial
da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) e Universidade do Vale do Rio do
Peixe. Palestrante.

Teilor Santana da Silva. Promotor de Justiça do Estado do Paraná. Ex-servidor efetivo do


Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (aprovado em 1º lugar). Pós-graduado
em direito processual penal pela Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes.

Carlos Frederico Escocard. Promotor de Justiça no Estado do Paraná. Graduado em Direito


na Universidade Cândido Mendes. Especialista em Direito pela Emerj. Professor de Direito
Administrativo de diversos cursos preparatórios (Escola da Magistratura do Paraná – EMAP,
Ius Premium, Emerj, CEI). Palestrante.

Lucas Losch Abaid. Promotor de Justiça no Estado do Paraná, aprovado nos concursos
públicos da Defensoria Pública do Estado do Paraná e Ministério Público do Estado de
Roraima, ex-assessor jurídico no Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime
Organizado do Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul, Especialista em Direito
Penal e Processo pela Faculdade Damásio, Especialista em Direito Constitucional pela
Faculdade Damásio, Professor de Cursos Preparatórios para Concursos Públicos.

Bruno Figueiredo Cachoeira Dantas. Promotor de Justiça do Estado do Paraná. Classificado


1º lugar na Prova Oral do MP de Roraima. Especialista em Direito Constitucional pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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SUMÁRIO

CORPO DOCENTE................................................................................................................................... 2
CRONOGRAMA...................................................................................................................................... 5
QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO...................................................................... 6
DIREITO PENAL............................................................................................................................ 6
EXECUÇÃO PENAL........................................................................................................................ 9
DIREITO PROCESSUAL PENAL...................................................................................................... 9
DIREITO CIVIL............................................................................................................................. 12
DIREITO EMPRESARIAL.............................................................................................................. 14
DIREITO PROCESSUAL CIVIL...................................................................................................... 14
DIREITO PROCESSUAL COLETIVO.............................................................................................. 16
DIREITO CONSTITUCIONAL........................................................................................................ 17
DIREITO ELEITORAL.................................................................................................................... 18
DIREITOS HUMANOS................................................................................................................. 19
DIREITO ADMINISTRATIVO........................................................................................................ 19
DIREITO TRIBUTÁRIO E DIREITO FINANCEIRO.......................................................................... 21
DIREITO AMBIENTAL.................................................................................................................. 22
DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE.................................................................................. 23
DIREITO DO CONSUMIDOR....................................................................................................... 23
TEORIA GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO................................................................................. 24
GABARITO............................................................................................................................................ 26
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO.......................................................................................... 27
DIREITO PENAL.......................................................................................................................... 27
EXECUÇÃO PENAL...................................................................................................................... 38
DIREITO PROCESSUAL PENAL.................................................................................................... 42
DIREITO CIVIL............................................................................................................................. 55
DIREITO EMPRESARIAL.............................................................................................................. 70
DIREITO PROCESSUAL CIVIL...................................................................................................... 76
DIREITO PROCESSUAL COLETIVO.............................................................................................. 81
DIREITO CONSTITUCIONAL........................................................................................................ 85
DIREITO ELEITORAL.................................................................................................................... 90
DIREITO HUMANOS................................................................................................................... 94
DIREITO ADMINISTRATIVO........................................................................................................ 98
DIREITO TRIBUTÁRIO E DIREITO FINANCEIRO........................................................................ 109

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DIREITO AMBIENTAL................................................................................................................ 112


DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE................................................................................ 115
DIREITO DO CONSUMIDOR..................................................................................................... 119
TEORIA GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO............................................................................... 123
QUESTÃO DISSERTATIVA.................................................................................................................... 127
DIREITO AMBIENTAL................................................................................................................ 127
QUESTÃO DISCURSIVA....................................................................................................................... 128
DIREITO PROCESSUAL PENAL.................................................................................................. 128

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CRONOGRAMA

Limite para Publicação do


Rodada Publicação Limite p/ resposta
correção espelho

1ª Rodada 28/02/20 05/03/20 15/03/20 19/03/20

2ª Rodada 13/03/20 18/03/20 28/03/20 01/04/20

3ª Rodada 27/03/20 01/04/20 13/04/20 19/04/20

4ª Rodada 10/04/20 15/04/20 21/04/20 25/04/20

5ª Rodada 24/04/20 29/04/20 10/05/20 14/05/20

6ª Rodada 08/05/20 13/05/20 24/05/20 28/05/20

7ª Rodada 22/05/20 27/05/20 07/06/20 12/06/20

8ª Rodada 05/06/20 10/06/20 16/06/20 20/06/20

9ª Rodada 19/06/20 24/06/20 05/07/20 09/07/20

10ª Rodada 03/07/20 08/07/20 18/07/20 22/07/20

11ª Rodada 17/07/20 22/07/20 02/08/20 06/08/20

12ª Rodada 31/07/20 05/08/20 15/08/20 19/08/20

13ª Rodada 14/08/20 19/08/20 29/08/20 02/09/20

14ª Rodada 28/08/20 02/09/20 12/09/20 16/09/20

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

🏳🏳 DIREITO PENAL

QUESTÃO 1. A respeito das alterações legislativas recentes no tratamento dos casos de “violência doméstica
e familiar contra a mulher”, assinale a alternativa CORRETA:

A) A ofendida, em caso de violência doméstica, deverá propor eventual ação de divórcio ou de


dissolução de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, por se tratar
de competência absoluta em razão da matéria.

B) Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão
relacionada à partilha de bens.

C) Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou


de dissolução de união estável, a ação não terá preferência no juízo onde estiver, visto que eventuais
prioridades de tramitação devem ser aferidas no momento em que a ação é ajuizada.

D) Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou
patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados com tratamentos particulares,
ressalvados os que forem realizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

E) Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para


o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas,
por se tratar de serviço público custeado por meio da receita geral dos impostos, não terão seus custos
repassados ao agressor.

QUESTÃO 2. Tendo em vista interpretação conferida pelo Superior Tribunal de Justiça à Lei 11.340/2006,
assinale a alternativa INCORRETA:

A) Conforme entendimento sumulado do STJ, não se aplica o princípio da insignificância nos crimes
ou contravenções penais praticados contra a mulher em situação da violência doméstica e familiar,
porém é possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

B) Eventual reconciliação entre vítima e agressor, nas hipóteses de violência doméstica e familiar
contra a mulher, não é fundamento idôneo para afastar a necessidade de fixação do valor mínimo
para reparação dos danos causados pela infração penal.

C) A retratação anunciada no art. 16 da Lei 11.340/2006 deverá ser colhida em audiência especificamente
designada para esse fim, não podendo ser colhida em cartório de Vara.

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D) A natureza jurídica do afastamento por até seis meses em razão de violência doméstica e familiar
é de interrupção do contrato de trabalho, incidindo, analogicamente, o auxílio-doença, devendo a
empresa se responsabilizar pelo pagamento dos quinze primeiros dias, ficando o restante do período
a cargo do INSS.

E) Compete ao juízo da vara de violência doméstica e familiar contra a mulher apreciar eventual
pedido de medida protetiva de manutenção de vínculo trabalhista, por até seis meses, em razão de
afastamento do trabalho de ofendida decorrente de violência doméstica e familiar.

QUESTÃO 3. A respeito dos CRIMES DE TRÂNSITO, segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
e do Supremo Tribunal Federal, é CORRETO afirmar:

A) Para a caracterização do crime previsto no art. 307 do CTB, a suspensão ou a proibição de se


obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor poderá ser decorrente de restrição
administrativa ou de decisão judicial.

B) Os crimes de embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) e o de lesão corporal culposa na direção de
veículo automotor (art. 303 do CTB) são autônomos. Além disso, o primeiro não é meio normal, nem
fase de preparação ou de execução para a ocorrência do segundo, motivo pelo qual não se aplica o
princípio da consunção.

C) O crime previsto no art. 305 do CTB (Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para
fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída) é inconstitucional, porquanto viola
o princípio da não autoincriminação.

D) A desobediência a ordem de parada da autoridade de trânsito ou de seus agentes, ou de policiais


ou de outros agentes públicos no exercício de atividades relacionadas ao trânsito, constitui crime de
desobediência, previsto no art. 330 do Código Penal.

E) O crime do art. 310 do CTB (permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa
não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por
seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com
segurança) é de perigo concreto, de modo que exige a ocorrência de lesão ou perigo de dano concreto
na conduta de quem permite, confia ou entrega a direção de veículo automotor nas condições descritas
no tipo penal.

QUESTÃO 4. Quanto à LEI DE DROGAS, de acordo com a interpretação conferida pelos Tribunais Superiores,
assinale a alternativa INCORRETA.

A) A condenação pela prática da infração penal do art. 28 da Lei 11.343/2006 (porte de droga para

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consumo pessoal) poderá determinar prestação de serviços à comunidade e/ou medida educativa de
comparecimento a programa ou curso educativo pelo prazo máximo de cinco meses e, em caso de
reincidência específica, pelo prazo máximo de dez meses.

B) Para a ocorrência do tráfico transnacional (art. 40, I, da Lei 11.343/2006), assim como do tráfico
entre Estados/Distrito Federal (art. 40, V, da Lei 11.343/2006), não se exige a efetiva transposição de
fronteiras, bastando a prova da destinação internacional da droga (no primeiro caso) ou da intenção
de realizar o tráfico entre as respectivas unidades da federação (no segundo caso).

C) Incide a majorante prevista no art. 40, III, da Lei 11.340/2006 na hipótese de tráfico de drogas
praticado nos arredores de estabelecimento de ensino, ainda que o crime tenha ocorrido no período
da madrugada, em finais de semana ou em horário em que a escola não estava em funcionamento.

D) Para a incidência da majorante descrita no art. 40, III, da Lei 11.343, em caso de crime de tráfico
de drogas ocorrido em transporte público, é necessária a efetiva comercialização da droga no local,
não bastando o fato de o agente utilizar o veículo como meio de locomoção e transporte da droga.
No entanto, para fins de incidência da majorante, não é necessário que a droga passe por dentro de
presídio, bastando que o cometimento dos crimes tenha ocorrido em seu interior.

E) A participação de infante pode ser considerada para configurar o crime de associação para o tráfico
(art. 35 da Lei 11.343/2006) e, igualmente, para majorar a pena, com base no art. 40, VI, da Lei n.
11.343/2006 (sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação), sem que
configure indesejado bis in idem.

QUESTÃO 5. Após a leitura dos enunciados abaixo, assinale a alternativa CORRETA:

I – A ação penal, no crime de estelionato, passou a ser, como regra, pública condicionada à representação.

II – A representação, no caso das investigações em andamento, tem natureza de condição de


prosseguibilidade, todavia, nas ações penais iniciadas, é considerada condição de procedibilidade.

III – A ação penal será pública incondicionada no caso de crimes praticados contra idosos; contra a
Administração Pública, Direta ou Indireta; ou contra pessoa com deficiência.

IV – A exigência de representação (ação penal pública condicionada), por razões de proporcionalidade,


deverá ser aplicada, analogicamente, aos crimes de furto, apropriação indébita e receptação, visto que
tutelam o mesmo bem jurídico que o estelionato.

A) Apenas as alternativas I e II estão corretas.

B) Apenas as alternativas II e IV estão corretas.

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C) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.

D) Apenas as alternativas I, II e III estão corretas.

E) Apenas a alternativa I está correta.

🏳🏳 EXECUÇÃO PENAL

QUESTÃO 6. Acerca prática de falta grave e seus reflexos na execução da pena, assinale a alternativa
INCORRETA:

A) A posse de telefone celular ou de seus componentes, tais como chip, carregador e bateria, caracteriza
falta grave.

B) A prática de fato definido como crime doloso no decorrer da execução penal caracteriza falta grave,
sendo prescindível o trânsito em julgado de eventual sentença penal condenatória.

C) Atualmente, em virtude da ausência de previsão específica na Lei de Execução Penal, o prazo


prescricional para apurar a ocorrência de falta grave é de 03 (três) anos.

D) A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime e para a
obtenção do livramento condicional. No entanto, não interrompe o prazo para o indulto e a comutação,
salvo se houver expressa previsão no decreto concessivo dos referidos benefícios.

E) A data-base para o cômputo do prazo de nova progressão do regime de cumprimento da sanção é


aquela em que ocorreu o preenchimento dos requisitos elencados no art. 112 da Lei 7.210/1984, e não
a data do efetivo ingresso no regime anterior ou da decisão judicial concessiva do benefício.

🏳🏳 DIREITO PROCESSUAL PENAL

QUESTÃO 7. Acerca da promoção de arquivamento do inquérito policial, antes da vigência da Lei nº 13.964,
de 2019, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A promoção de arquivamento fundamentada na existência de causa extintiva de punibilidade


faz coisa julgada formal e material, não se admitindo a reabertura das investigações, a exceção da
declaração da extinção da punibilidade baseada em certidão de óbito falsa.

B) Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do


inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes
as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no
pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Trata-se do princípio da

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devolução.

C) Nas hipóteses de atribuição originária do Procurador-Geral de Justiça, deverá o Tribunal acatá-la,


considerando a titularidade exclusiva da ação penal.

D) Não se admite no ordenamento jurídico brasileiro o arquivamento indireto, caracterizado quando


o titular da ação penal deixa de incluir na denúncia fato delituoso ou qualquer dos investigados sem
manifestação expressa.

E) Da decisão que determina o arquivamento do inquérito policial, em regra, não cabe recurso.

QUESTÃO 8. Acerca da ação penal, assinale a alternativa CORRETA:

A) Compreende-se por justa causa duplicada a necessidade da demonstração de indícios suficientes


de autoria e materialidade para a deflagração da ação penal em juízo.

B) No âmbito do direito processual penal, o Ministério Público possui a prerrogativa da contagem dos
prazos em dobro, em virtude da aplicação subsidiária do Código de Processo Civil.

C) A ação penal acidentalmente privada é admitida no processo penal brasileiro nos casos de inércia
do Ministério Público.

D) A ausência de justa causa é causa de absolvição sumária, sendo cabível o recurso de apelação.

E) Norteia a ação penal pública e privada o princípio da obrigatoriedade.

QUESTÃO 9. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa


INCORRETA:

A) As tabelas de honorários elaboradas unilateralmente pelos Conselhos Seccionais da OAB não


vinculam o magistrado no momento de arbitrar o valor da remuneração a que faz jus o defensor
dativo que atua no processo penal. Servem como referência para o estabelecimento de valor que seja
justo e que reflita o labor despendido pelo advogado.

B) Ocorre a substituição do Relator quando ele for vencido quanto à mera admissibilidade da acusação
na fase do artigo 6º da Lei n. 8.038/1990, que trata dos delitos de competência originária dos Tribunais
Superiores.

C) Nas hipóteses em que o juiz da causa considerar desproporcional a quantia indicada na tabela da
OAB em relação aos esforços despendidos pelo defensor dativo para os atos processuais praticados,
poderá, motivadamente, arbitrar outro valor.

D) São vinculativas, quanto aos valores estabelecidos para os atos praticados por defensor dativo, as

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tabelas produzidas mediante acordo entre o Poder Público, a Defensoria Pública e a seccional da OAB.

E) Compete à Justiça Federal julgar crime contra a vida em desfavor de policiais militares, consumado
ou tentado, praticado no contexto de crime de roubo armado contra órgãos, autarquias ou empresas
públicas da União.

QUESTÃO 10. De acordo com o Código de Processo Penal, assinale a alternativa CORRETA:

I - Entende-se por ação civil ex delicto a ação proposta no juízo cível, independentemente da existência
de ação penal, em desfavor do autor do delito. Objetiva a formação de um título executivo judicial para
reparação do dano, sendo facultativa a suspensão do processo a partir do momento em que intentada a
ação penal.

II - Caberá o sequestro dos bens imóveis como medida assecuratória, desde que observada a referibilidade,
ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.

III - O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação


da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de
oferecida a denúncia ou queixa.

A) Apenas as alternativas I e II estão corretas.

B) Apenas a alternativa II está correta.

C) Apenas as assertivas I e III estão correta.

D) Apenas as assertivas II e III estão correta.

E) Todas as alternativas estão corretas.

QUESTÃO 11. Sobre a Nova Lei de Abuso de Autoridade (Lei n. 13.869/2019), assinale a alternativa
CORRETA:

I - Poderá funcionário aposentado figurar como sujeito ativo do crime de abuso de autoridade previsto na
Lei n. 13.869/2019.

II - Todos os crimes previstos na Lei n. 13.869/2019 são de ação penal pública de natureza incondicionada.

III - Dentre os efeitos da condenação, a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública,
pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e a perda do cargo, do mandato ou da função pública, são
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos,
devendo ser declarados motivadamente na sentença.

A) Apenas as alternativas I e II estão corretas.

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B) Apenas a alternativa II está correta.

C) Apenas as assertivas I e III estão correta.

D) Apenas as assertivas II e III estão correta.

E) Todas as alternativas estão corretas.

🏳🏳 DIREITO CIVIL

QUESTÃO 12. Em relação a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, aponte a alternativa
INCORRETA:

A) Os critérios interpretativos se dividem em dois grupos, tendo como referência as fontes ou os meios.

B) São mecanismos de integração: a analogia; os costumes; os princípios gerais do direito.

C) Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. A
lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

D) Equidade é a aplicação do Direito como justo, benévolo, a partir do sentimento de justiça. Importante
observar que a equidade deve ser aplicada nos casos expressamente previstos em lei.

E) O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido


no Brasil depois de 1 (um) ano da data da separação de fato, salvo se houver sido antecedida de
separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas
as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal
de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado,
decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros,
a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.

QUESTÃO 13. A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro sofreu diversas alterações devido a lei nº
13.655/2018, sobre essas alterações aponte a alternativa INCORRETA:

A) Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos
abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.

B) Segundo a LINDB, nas esferas administrativa, controladora e judicial, as decisões serão motivadas,
sendo que essa motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis
alternativas.

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C) Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito


público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva
do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de
relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável,
o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.

D) Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades


reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, mesmo que eventualmente venha
causar prejuízo aos direitos dos administrados.

E) A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova


sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito,
deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento
de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses
gerais.

QUESTÃO 14. Sobre as pessoas naturais e a concepção do direito civil, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Atualmente prevalece uma leitura do direito civil constitucional, no qual as regras do direito civil
devem ser aplicadas numa visão constitucional.

B) O Código Civil de 2002 consagrou os vetores da eticidade, da socialidade e da operabilidade, os


quais são aplicados a diversos institutos nas relações privadas, desde contratos até direitos reais.

C) A capacidade prevista no artigo inicial do código civil, refere-se capacidade especial para determinado
ato ou negócio jurídico.

D) Para a teoria natalista o nascituro não é pessoa.

E) É cabível indenização do DPVAT por morte do feto em acidente de trânsito.

QUESTÃO 15. Sobre as incapacidades, aponte a alternativa INCORRETA.

A) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil somente os menores de
16 (dezesseis) anos.

B) São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer, aqueles que, por causa
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade

C) Diante do ausente ser considerado absolutamente incapaz, faz-se necessário a nomeação de um


representante para resguardar seus direitos.

D) O instituto da morte no direito civil é divido em morte real e em morte presumida.

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E) Quanto à aquisição da personalidade, o direito brasileiro não adotou o habilis vitae.

🏳🏳 DIREITO EMPRESARIAL

QUESTÃO 16. Assinale a alternativa CORRETA em relação ao empresário.

A) A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, não


responderá pelas obrigações contraídas.

B) Poderá o incapaz, independentemente de representante, continuar a empresa antes exercida por


ele enquanto capaz.

C) Considera-se empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou


artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores.

D) Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a


produção ou a circulação de bens ou de serviços.

E) É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva


sede, antes do início de sua atividade, contudo não é obrigatória a inscrição de filial em outra jurisdição
da matriz.

QUESTÃO 17. Sobre as sociedades empresariais aponte a alternativa INCORRETA.

A) A sociedade empresária é a que exerce atividade própria de empresária, tem seu registro na junta
comercial e se submete ao processo de falência.

B) As sociedades podem ser classificadas quanto a responsabilidade dos sócios em sociedades com
responsabilidade ilimitada, responsabilidade limitada ou mistas.

C) Diante das previsões constitucionais que estabelecem os primados da livre-iniciativa e da livre-


concorrência, não é possível restringir a criação de uma sociedade empresarial a autorização do
governo.

D) É possível, segundo o Código Civil, a formação de sociedade empresarial entre cônjuges.

E) Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a


cooperativa.

🏳🏳 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

QUESTÃO 18. Sobre o Novo Código de Processo Civil e o Pacote Anticrime, é correto afirmar:

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A) À luz do Pacote Anticrime, não se declarará a nulidade de sentença absolutória por ausência de
fundamentação, tendo em vista a inexistência de prejuízo para as partes.

B) O Novo Código de Processo Civil não influenciou o Pacote Anticrime.

C) Na seara penal, a invocação de precedente judicial é capaz de, por si só, fundamentar uma decisão
interlocutória.

D) O instituto da distinção está restrito às demandas cíveis.

E) O Novo Código de Processo Civil aplica-se subsidiariamente aos processos de natureza criminal.

QUESTÃO 19. Acerca das fases metodológicas da ciência do Processo, assinale a alternativa correta:

A) Na fase do praxismo demarcavam-se as fronteiras entre o direito material e o processual. Assim,


existiam duas relações jurídicas autônomas: a material e a processual.

B) Segundo a fase do processualismo, o processo era estudado nos aspectos práticos, ocorrendo uma
“confusão metodológica” entre o direito material e o processual.

C) À luz da doutrina contemporânea, a evolução histórica do direito processual é dividida em três


fases: sincretismo, autonomismo e instrumentalismo.

D) A fase do instrumentalismo reconhece as diferenças funcionais entre o direito processual e o direito


material, mas estabelece-se uma relação de mútua influência, resgatando a proximidade das relações
jurídicas de forma que o processo possa ser um instrumento de acesso à justiça.

E) Nenhuma das alternativas está correta.

QUESTÃO 20. Sobre tutela inibitória, assinale a alternativa incorreta:

A) Em virtude da existência de novos direitos ligados aos idosos, crianças e adolescentes, direito do
consumidor, direito ambiental, entre outros marcados pela relevância, a tutela inibitória surge como
mecanismo de defesa preventiva e satisfativa, falando-se em uma medida atípica.

B) O objeto da tutela inibitória é o dano.

C) A tutela inibitória ataca o ilícito em três dimensões: evitar sua prática, continuidade ou repetição.

D) É irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo para fins de


acolhimento do pleito inibitório.

E) A tutela inibitória tem previsão expressa no Novo Código de Processo Civil.

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QUESTÃO 21. À luz da técnica de ampliação do colegiado e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
é correto afirmar:

A) Não é garantido o direito a sustentação oral perante os novos julgadores.

B) A técnica de ampliação do colegiado não pode ser aplicada de ofício.

C) Trata-se de um recurso.

D) Pode ocorrer após a conclusão do julgamento.

E) A técnica aplica-se ao instituto da apelação.

🏳🏳 DIREITO PROCESSUAL COLETIVO

QUESTÃO 22. À luz das disposições do Novo Código de Processo Civil e da Lei Maria da Penha, assinale a
alternativa incorreta:

A) A vítima tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

B) É competente o foro da vítima de violência doméstica para a ação de divórcio, separação, anulação
de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável.

C) O Ministério Público deve intervir nas ações de família quando uma das partes figure como vítima
de violência doméstica.

D) A prioridade de tramitação não se restringe aos processos criminais envolvendo violência doméstica.

E) Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher são competentes para julgar a
pretensão relacionada à partilha de bens.

QUESTÃO 23. A decisão estrutural consiste na implantação de uma reforma estrutural em um ente,
organização ou instituição, a fim de “concretizar um direito fundamental, realizar uma determinada
política pública ou resolver litígios complexos”1. Sobre as demandas de natureza estrutural, assinale a
alternativa incorreta:

A) A concepção de demanda estrutural teve seu nascedouro a partir da postura ativa dos juízes norte-
americanos. Determinou-se, à época, a matrícula de estudantes negros numa escola pública dedicada
à educação de pessoas brancas.

B) A demanda de natureza estrutural possui uma estrutura deôntica de norma-regra e outra de norma-

1 p. 455.

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princípio.

C) As demandas estruturais restringem-se os casos que o ente público é parte.

D) As fórmulas tradicionais de intervenção dos processos individuais são insuficientes para garantir a
ampla participação nos processos estruturais.

E) Os processos estruturais demandam aprofundamento e modificações na ideia de separação dos


poderes e análise do mérito administrativo.

QUESTÃO 24. Sobre representatividade adequada, legitimação coletiva e pertinência temática, assinale a
alternativa correta.

A) A representatividade adequada e a legitimidade ad causam estão atreladas ao sistema romano-


germânico (common law).

B) É unânime na doutrina a possibilidade de controle judicial da representatividade adequada.

C) A pertinência temática é a exigência de que a atuação do legitimado ativo coletivo se dê de acordo


com suas finalidades institucionais.

D) O Brasil tratou a representatividade adequada em similitude ao que ocorre nos Estados Unidos.

E) Não há divergência acerca da inserção da pertinência temática dentro das categorias processuais
do sistema jurídico brasileiro.

🏳🏳 DIREITO CONSTITUCIONAL

QUESTÃO 25. São legitimados a propor a edição, cancelamento ou revisão de súmula vinculante, exceto:

A) Presidente da República.

B) Vice-presidente da república.

C) Procurador-Geral da República.

D) Governador de Estado ou do Distrito Federal.

E) Defensor Público-Geral da União.

QUESTÃO 26. São consectários do constitucionalismo abusivo (abusive constitucionalism), também


chamado de legalismo autocrático, exceto:

A) Ataques às cortes constitucionais e tribunais máximos de determinado país.

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B) Ataques a atores internos que limitam o poder do Estado.

C) Ataques a atores internos que fiscalizam o poder do Estado.

D) Ataques a atores internacionais e tribunais internacionais de direitos humanos.

E) Ataques a atores e a monumentos históricos de determinado país que simbolizam o direito à


diferença.

QUESTÃO 27. O reconhecimento da inconstitucionalidade de parte do regime sucessório do(a)


companheiro(a) pelo Supremo Tribunal Federal materializa o princípio da proibição do retrocesso na sua
vertente:

A) Institucional.

B) Social.

C) Ecológica.

D) Civil.

E) Política.

QUESTÃO 28. São princípios constitucionais da ordem econômica, exceto:

A) Defesa do consumidor.

B) Livre concorrência.

C) Propriedade privada.

D) Soberania nacional.

E) Tratamento favorecido para as empresas de médio porte constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sua sede e administração no País.

🏳🏳 DIREITO ELEITORAL

QUESTÃO 29. Sobre o princípio da anualidade eleitoral, assinale a alternativa incorreta.

A) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da anualidade eleitoral possui a


natureza jurídica de cláusula pétrea.

B) A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando
à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

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C) O princípio da anualidade eleitoral e o princípio da atipicidade eleitoral são sinônimos e tratam do


mesmo tema.

D) O princípio da anualidade eleitoral deve ser observado inclusive no caso de emendas constitucionais
que alterem o processo eleitoral.

E) O princípio da anualidade eleitoral deve ser observado inclusive nos efeitos irradiados de decisões
do Tribunal Superior Eleitoral que alterem o processo eleitoral.

🏳🏳 DIREITOS HUMANOS

QUESTÃO 30. Sobre a relação do direito interno com o direito internacional e o direito comparado, assinale
a alternativa incorreta:

A) Denomina-se como “cherry picking” o fenômeno pelo qual o intérprete do direito seleciona
estrategicamente um país ou um caso estrangeiro que apresenta semelhanças pontuais com o caso
paradigma, com vistas a meramente reforçar o argumento comparativo, sem se ter o cuidado de se
justificarem os motivos pelos quais o caso em comparação realmente se adequa ao paradigma.

B) A Corte Interamericana de Direitos Humanos atua como uma verdadeira “quarta instância” após o
esgotamento das causas no Supremo Tribunal Federal.

C) A Corte Interamericana de Direitos Humanos não é um tribunal revisor das decisões do Supremo
Tribunal Federal.

D) Na utilização do Direito Internacional dos Direitos Humanos no direito interno, o princípio do


cosmopolitismo ético deve ser respeitado.

E) O transconstitucionalismo propõe o entrelaçamento entre ordens jurídicas sem a existência de


hierarquia entre as mesmas.

QUESTÃO 31. Qual destes tratados o Brasil ainda não internalizou em seu ordenamento jurídico?

A) Convenção Interamericana sobre Direito das Pessoas Idosas.

B) Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).

C) Convenção da ONU sobre Direitos da Criança.

D) Convenção Interamericana sobre Desaparecimento Forçado.

E) Convenção da ONU sobre Prevenção e Combate à Tortura.

🏳🏳 DIREITO ADMINISTRATIVO

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QUESTÃO 32. Tendo em vista as recentes decisões dos Tribunais Superiores (STF e STJ), assinale a alternativa
CORRETA:

A) Se a infração disciplinar praticada for, em tese, também crime, o prazo prescricional do processo
administrativo disciplinar será determinado pelo art. 109 do Código Penal, desde que essa conduta
também esteja sendo apurada na esfera criminal.

B) Não há responsabilidade estatal pelos danos causados por notários e registradores, pois os serviços
notariais e de registro são exercidos em caráter privado.

C) Prefeitos podem ser condenados por crime de responsabilidade, mas não por ato de improbidade,
pois, nesse caso, haveria bis in idem.

D) O teto remuneratório de Procuradores Municipais é o subsídio de Desembargador de TJ.

E) A Lei n. 9.784/1999 é aplicável somente à União. Assim, não pode ser aplicada, de forma subsidiária,
aos Estados e Municípios, ainda se inexistente norma local e específica que regule a matéria.

QUESTÃO 33. Sobre a Administração Indireta, assinale a alternativa INCORRETA:

A) De acordo com a doutrina majoritária, o Poder Judiciário pode criar entidades da Administração
Indireta.

B) A Lei n. 13.303/16 dispõe sobre o estatuto das estatais e é aplicada para as empresas públicas e
sociedades de economia mista que exercem atividade econômica ou prestam serviços públicos.

C) A Lei n. 13.303/06 permite expressamente que o estatuto da empresa pública, da sociedade de


economia mista e de suas subsidiárias disponha sobre a contratação de seguro de responsabilidade
civil pelos administradores, mas esse seguro não cobre atos fraudulentos.

D) Cabe ao Ministério Público a fiscalização das fundações estatais, tal como ocorre com as fundações
privadas.

E) As estatais submetem-se ao controle pelo Tribunal de Contas.

QUESTÃO 34. Assinale a alternativa CORRETA:

A) No caso de concessão e/ou permissão de serviço público, há transferência da titularidade do serviço


ao particular, mas isso só ocorre mediante licitação.

B) É Possível que a Administração Pública firme permissão e concessão de serviços públicos com
pessoa jurídica, física ou ainda com consórcio de empresas.

C) Por envolver recursos públicos, não é possível a utilização da arbitragem para solucionar as

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controvérsias envolvendo a Administração Pública e a concessionária de serviços públicos.

D) O edital de licitação de concessão de serviços públicos somente pode prever como fonte de receita
da concessionária a tarifa que será paga pelos usuários do serviço público prestado.

E) Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os


prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida
pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade.

QUESTÃO 35. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) A autarquia é o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

B) São exemplos de autarquias os conselhos fiscalizadores de profissões regulamentadas, tai como


o Conselho Federal de Medicina, os Conselhos Federais e Regionais de Contabilidade e a Ordem dos
Advogados do Brasil.

C) As obras, serviços, compras e alienações contratados com terceiros pelas autarquias são, em regra,
objeto de contratos administrativos, sujeitos ao mesmo regime jurídico predominantemente de direito
público aplicável a todos os contratos administrativos, inclusive à exigência de licitação prévia, salvo
exceção expressa estabelecida em lei.

D) O orçamento das autarquias, em sua forma, é idêntico ao dos órgãos da administração direta; suas
receitas e despesas integram o chamado orçamento fiscal parte integrante da lei orçamentária anual.

E) As autarquias responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

🏳🏳 DIREITO TRIBUTÁRIO E DIREITO FINANCEIRO

QUESTÃO 36. Considerando os entendimentos sumulados pelo Supremo Tribunal Federal, assinale a
alternativa INCORRETA:

A) Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio
da anterioridade.

B) Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a fundações,
entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, quando atenderem os requisitos da lei e desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas
atividades para as quais tais entidades foram constituídas.

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C) Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do


desembaraço aduaneiro.

D) Viola a Constituição a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de


cálculo própria de determinado imposto, ainda que haja integral identidade entre uma base e outra.

E) É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial


na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

QUESTÃO 37. A cobrança de taxas pode ocorrer:

A) Apenas pela utilização efetiva de serviços públicos divisíveis e de utilização compulsória.

B) Sempre por serviços públicos específicos e divisíveis ou pelo exercício regular do poder de polícia.

C) Pela efetiva utilização de serviços públicos específicos e indivisíveis.

D) Pelo exercício regular do Poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial de serviço público
específico e indivisível.

E) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

🏳🏳 DIREITO AMBIENTAL

QUESTÃO 38. Sobre os Princípios Ambientais, aponte a alternativa INCORRETA:

A) O princípio do Poluidor Pagador assenta-se na vocação redistributiva do Direito Ambiental e se


inspira na teoria econômica de que os custos sociais externos que acompanham o processo produtivo
devem ser internalizados.

B) O princípio da prevenção, segundo o qual a ausência de certeza científica absoluta não deve servir
de pretexto para procrastinar a adoção de medidas efetivas visando a evitar a degradação do meio
ambiente.

C) O princípio do Direito ao desenvolvimento sustentável infere-se da necessidade de um duplo


ordenamento – e, por conseguinte, de um duplo direito –, com profundas raízes no Direito Natural
e no Direito Positivo: o direito do ser humano de desenvolver-se e realizar as suas potencialidades,
quer individual quer socialmente, e o direito de assegurar aos seus pósteros as mesmas condições
favoráveis.

D) O Princípio da função social da propriedade rural está expresso na constituição federal.

E) A proibição do retrocesso em matéria ambiental vem no sentido de garantir que no evoluir do

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tempo, e da edição de novas normas e de sua aplicação, também se mantenha o piso de garantias
constitucionalmente postas ou se avance na proteção do meio ambiente.

🏳🏳 DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE

QUESTÃO 39. No que pertine à ESCUTA ESPECIALIZADA e ao DEPOIMENTO ESPECIAL, assinale a alternativa
INCORRETA.

A) “Escuta especializada” é o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou


adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o
cumprimento de sua finalidade, enquanto que “depoimento especial” é o procedimento de oitiva de
criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária.

B) A aplicação e a interpretação da Lei n. 13.431/2017 tem como base os princípios da proteção integral
e da prioridade absoluta, devendo-se observar as condições peculiares da criança e do adolescente
como pessoa em desenvolvimento. De igual maneira, a aplicação da Lei é facultativa para vítimas e
testemunhas de violência entre 18 e 21 anos de idade.

C) Há fungibilidade entre a aplicação dos institutos da “escuta especializada” e do “depoimento


especial”.

D) Eventual inobservância dos institutos previstos na Lei n. 13.431/2017 para a oitiva da vítima ou
testemunha acarreta nulidade da prova obtida, consoante o Superior Tribunal de Justiça.

E) Na hipótese de existir demanda e não haver o serviço especializado, a criação e o desenvolvimento


das atividades poderão ser requeridas em juízo, por meio de ação civil pública de obrigação de fazer,
para a qual o Ministério Público é parte legítima a figurar no polo ativo.

🏳🏳 DIREITO DO CONSUMIDOR

QUESTÃO 40. Acerca do Direito do Consumidor e proteção da tutela coletiva, assinale a alternativa
INCORRETA:

A) A compreensão de “processo em massa” para defesa dos direitos de maneira coletiva correlaciona-
se com a ideia de “demandas átomo”.

B) Nas ações individuais que versem sobre direitos homogêneos, em caso de procedência haverá coisa
julgada material erga omnes, ao passo que no caso de improcedência a coisa julgada não terá efeito
erga omnes, exceto se o interessado interveio na ação civil pública como litisconsorte.

C) A coisa julgada material secundum eventum litis está vinculada à procedência ou improcedência do

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pedido formulado pelo autor.

D) A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados, abrangendo as vítimas cujas
indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras
execuções. É competente para a execução o juízo da ação condenatória, quando coletiva a execução.

E) Nas ações coletivas para a defesa de interesses individuais homogêneos, o Ministério Público, se
não ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal da lei.

QUESTÃO 41. No que se refere à qualidade de produtos e serviços, da prevenção e da reparação dos danos,
assinale a alternativa CORRETA:

I - Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança
dos consumidores, exceto os considerados normais.

II - Não se admite no mercado de consumo produtos de periculosidade adquirida.

III - A Teoria da Qualidade não se correlaciona com a Teoria Unitária da Responsabilidade Civil.

A) Apenas as alternativas I e II estão incorretas.

B) Apenas a alternativa II está correta.

C) Apenas a assertiva III está incorreta.

D) Todas as alternativas estão incorretas.

E) Apenas as alternativas II e III estão corretas.

🏳🏳 TEORIA GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

QUESTÃO 42. Tendo em vista o que dispõe a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, assinale a opção
INCORRETA:

A) São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência


funcional.

B) Os Ministérios Públicos dos Estados formarão lista tríplice, dentre integrantes da carreira, na forma
da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder
Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução, observado o mesmo procedimento.

C) São órgãos auxiliares do Ministério Público a Comissão de Concurso e os estagiários.

D) São órgãos de execução do Ministério Público os Procuradores de Justiça, os Promotores de Justiça,

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o Conselho Superior do Ministério Público e os Centros de Apoio Operacional.

E) As decisões do Ministério Público fundadas em sua autonomia funcional, administrativa e financeira,


obedecidas as formalidades legais, têm eficácia plena e executoriedade imediata, ressalvada a
competência constitucional do Poder Judiciário e do Tribunal de Contas.

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GABARITO

Q. 1 - GABARITO: B 28 Q. 24 - GABARITO: C 84

Q. 2 - GABARITO: A 30 Q. 25 - GABARITO: B 86

Q. 3 - GABARITO: B 33 Q. 26 - GABARITO: E 87

Q. 4 - GABARITO: C 35 Q. 27 - GABARITO: D 89

Q. 5 - GABARITO: E 38 Q. 28 - GABARITO: E 90

Q. 6 - GABARITO: D 42 Q. 29 - GABARITO: C 94

Q. 7 - GABARITO: D 46 Q. 30 - GABARITO: B 97

Q. 8 - GABARITO: C 47 Q. 31 - GABARITO: A 98

Q. 9 - GABARITO: B 51 Q. 32 - GABARITO: D 102

Q. 10 - GABARITO: E 53 Q. 33 - GABARITO: D 105

Q. 11 - GABARITO: D 55 Q. 34 - GABARITO: E 107

Q. 12 - GABARITO: E 58 Q. 35 - GABARITO: B 109

Q. 13 - GABARITO: D 62 Q. 36 - GABARITO: D 110

Q. 14 - GABARITO: C 66 Q. 37 - GABARITO: B 112

Q. 15 - GABARITO: C 70 Q. 38 - GABARITO: B 115

Q. 16 - GABARITO: D 73 Q. 39 - GABARITO: D 118

Q. 17 - GABARITO: C 75 Q. 40 - GABARITO: A 121

Q. 18 - GABARITO: E 77 Q. 41 - GABARITO: D 123

Q. 19 - GABARITO: D 78 Q. 42 - GABARITO: D 126

Q. 20 - GABARITO: B 79

Q. 21 - GABARITO: E 80

Q. 22 - GABARITO: E 82

Q. 23 - GABARITO: C 83

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO

PROFESSOR TEILOR SANTANA DA SILVA


E-mail: profcei.teilorsantana@gmail.com

🏳🏳 DIREITO PENAL

QUESTÃO 1. A respeito das alterações legislativas recentes no tratamento dos casos de “violência doméstica
e familiar contra a mulher”, assinale a alternativa CORRETA:

A) A ofendida, em caso de violência doméstica, deverá propor eventual ação de divórcio ou de dissolução
de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, por se tratar de competência
absoluta em razão da matéria.

B) Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão
relacionada à partilha de bens.

C) Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou


de dissolução de união estável, a ação não terá preferência no juízo onde estiver, visto que eventuais
prioridades de tramitação devem ser aferidas no momento em que a ação é ajuizada.

D) Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou
patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados com tratamentos particulares,
ressalvados os que forem realizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

E) Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para


o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas,
por se tratar de serviço público custeado por meio da receita geral dos impostos, não terão seus custos
repassados ao agressor.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A assertiva está em desacordo com o que dispõe o art. 14-A da Lei 11.340/2006, com redação
incluída pela Lei 13.894/2019: “A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união
estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher”. Em razão disso, não se trata de
competência absoluta em razão da matéria, e sim de faculdade que a lei confere a ofendida, podendo ajuizar
a demanda no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

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B) CORRETA: A assertiva apresenta-se em conformidade com o art. 14-A, § 1º, da Lei 11.340/2006, o qual
dispõe: “Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão
relacionada à partilha de bens”. Isso porque o Juizado não tem por finalidade apreciar demandas de cunho
patrimonial, como é o caso da partilha de bens, em prejuízo da celeridade que se pretende atribuir aos casos
que envolvem situação de violência doméstica e familiar contra a mulher.

C) INCORRETA: A assertiva vai de encontro ao que dispõe o art. 14-A, § 2º, da Lei 11.340/2006, tendo em
vista que, caso a situação de violência doméstica e familiar seja superveniente ao ajuizamento da ação de
divórcio ou de dissolução de união estável, a demanda passará a ter preferência no juízo onde estiver. Assim,
a prioridade de tramitação não será aferida meramente no momento em que a ação é ajuizada, podendo
ser atribuída em oportunidade superveniente, como é o caso de haver situação de violência doméstica e
familiar contra a mulher.

D) INCORRETA: a assertiva não está de acordo com o Art. 9º, § 4º, da Lei 11.340/2006, após a redação
conferida pela Lei 13.871/2019. Deve-se destacar que a novel legislação traz verdadeira hipótese de
ressarcimento integral dos prejuízos causados por meio do ato ilícito e lesivo à vítima – inclusive ficando o
agressor obrigado a ressarcir o “Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos
aos serviços de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e
familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas
unidades de saúde que prestarem os serviços”.

E) INCORRETA: de acordo com o disposto no art. 9º, § 5º, da Lei 11.340/2006, “os dispositivos de segurança
destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência
doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor”, não
havendo distinção sobre a origem do dispositivo utilizado (público ou privado), tampouco acerca da forma
de custeio, motivo pelo qual a assertiva é incorreta. Por fim, para exaurir a alteração legislativa sobre a
temática, vale destacar a redação do art. 9º, § 6º: “O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo
não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem
configurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada”.

💡💡 GABARITO: B

QUESTÃO 2. Tendo em vista interpretação conferida pelo Superior Tribunal de Justiça à Lei 11.340/2006,
assinale a alternativa INCORRETA:

A) Conforme entendimento sumulado do STJ, não se aplica o princípio da insignificância nos crimes ou
contravenções penais praticados contra a mulher em situação da violência doméstica e familiar, porém é
possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

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B) Eventual reconciliação entre vítima e agressor, nas hipóteses de violência doméstica e familiar contra a
mulher, não é fundamento idôneo para afastar a necessidade de fixação do valor mínimo para reparação
dos danos causados pela infração penal.

C) A retratação anunciada no art. 16 da Lei 11.340/2006 deverá ser colhida em audiência especificamente
designada para esse fim, não podendo ser colhida em cartório de Vara.

D) A natureza jurídica do afastamento por até seis meses em razão de violência doméstica e familiar é de
interrupção do contrato de trabalho, incidindo, analogicamente, o auxílio-doença, devendo a empresa se
responsabilizar pelo pagamento dos quinze primeiros dias, ficando o restante do período a cargo do INSS.

E) Compete ao juízo da vara de violência doméstica e familiar contra a mulher apreciar eventual pedido de
medida protetiva de manutenção de vínculo trabalhista, por até seis meses, em razão de afastamento do
trabalho de ofendida decorrente de violência doméstica e familiar.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A primeira parte da assertiva está de acordo com o Enunciado 589 do STJ, segundo o qual “é
inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no
âmbito das relações domésticas”. Entretanto, a segunda parte da assertiva destoa da jurisprudência do STJ,
visto que a Corte da Cidadania sedimentou que “a prática de crime ou contravenção penal contra a mulher
com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos” (Enunciado 588 do STJ).

B) CORRETA: De início, em questão dita de passagem no julgado em apreço, ressaltou-se que o STJ fixara,
desde Recurso Especial Repetitivo n. 1.675.874/MS, a compreensão de que “a prática de violência doméstica
e familiar contra a mulher implica a ocorrência de dano moral in re ipsa”, o qual emerge da mera prática do
ato ilícito, diante da “desonra e do menosprezo à dignidade e ao valor da mulher como pessoa”. Superadas
tais premissas, fixou-se que “a reconciliação entre a vítima e o agressor, no âmbito da violência doméstica e
familiar contra a mulher, não é fundamento suficiente para afastar a necessidade de fixação do valor mínimo
para reparação dos danos causados pela infração penal” (REsp 1.819.504-MS, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta
Turma, por unanimidade, julgado em 10/09/2019, DJe 30/09/2019). Isso porque a previsão anunciada no
art. 387, IV, do CPP não pode ser mitigada diante de posterior reconciliação entre o autor e a vítima, diante
da ausência de previsão legal, bem como pelo fato de caber à mulher a decisão no sentido de promover, ou
não, a execução do título executivo judicial formado em seu favor.

C) CORRETA: a assertiva está de acordo com a legislação regente e a jurisprudência do STJ. De início,
destaca-se que o art. 16 da Lei 11.340/2006 traz verdadeira hipótese de “retratação da representação”,
aplicável aos crimes perseguidos por meio de ação penal pública condicionada à representação. Exige-se

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que (a) a retratação ocorra perante o juízo competente; (b) seja designada audiência especialmente para
essa finalidade; (c) se obedeça limite temporal, ou seja, antes do recebimento da denúncia; (d) haja prévia
oitiva do Ministério Público, titular da ação penal. Assim, nesse contexto, o STJ decidiu que “não atende ao
disposto no art. 16 da Lei Maria da Penha, a retratação da suposta ofendida ocorrida em cartório de Vara,
sem a designação de audiência específica necessária para a confirmação do ato” (HC 138.143-MG, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 03/09/2019, DJe 10/09/2019).

D) CORRETA: não custa lembrar, diante deste questionamento, que a Lei Maria da Penha possui evidente
caráter interdisciplinar, tanto que está a se tratar da natureza jurídica do afastamento temporário da
mulher em situação de violência doméstica, qual a disciplina jurídica aplicável, bem como quem são os
responsáveis pelo custeio. O instituto tem previsão no art. 9º, § 2º, II, da Lei 11.340/2006 e, de acordo com
o STJ, “a natureza jurídica do afastamento por até seis meses em razão de violência doméstica e familiar é
de INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO, incidindo, analogicamente, o AUXÍLIO-DOENÇA, devendo
a EMPRESA se responsabilizar pelo pagamento dos quinze primeiros dias, ficando o restante do período a
cargo do INSS” (REsp 1.757.775-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado
em 20/08/2019, DJe 02/09/2019).

E) CORRETA: Conforme previsto no art. 9º, § 2º, II, da Lei 11.340/2006, a manutenção do vínculo trabalhista
da mulher em situação de violência doméstica e familiar, por até seis meses, incumbe ao JUIZ. Todavia, não
há previsão expressa acerca de qual o juízo competente: trabalhista ou da vara de violência doméstica e
familiar contra a mulher. Instado a se manifestar, o STJ decidiu que “compete ao juízo da vara especializada
em violência doméstica e familiar a apreciação do pedido de imposição de medida protetiva de manutenção
de vínculo trabalhista, por até seis meses, em razão de afastamento do trabalho de ofendida decorrente
de violência doméstica e familiar” (REsp 1.757.775-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 20/08/2019, DJe 02/09/2019).

💡💡 GABARITO: A

QUESTÃO 3. A respeito dos CRIMES DE TRÂNSITO, segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
e do Supremo Tribunal Federal, é CORRETO afirmar:

A) Para a caracterização do crime previsto no art. 307 do CTB, a suspensão ou a proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor poderá ser decorrente de restrição administrativa
ou de decisão judicial.

B) Os crimes de embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) e o de lesão corporal culposa na direção de
veículo automotor (art. 303 do CTB) são autônomos. Além disso, o primeiro não é meio normal, nem fase
de preparação ou de execução para a ocorrência do segundo, motivo pelo qual não se aplica o princípio
da consunção.

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C) O crime previsto no art. 305 do CTB (Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à
responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída) é inconstitucional, porquanto viola o princípio
da não autoincriminação.

D) A desobediência a ordem de parada da autoridade de trânsito ou de seus agentes, ou de policiais


ou de outros agentes públicos no exercício de atividades relacionadas ao trânsito, constitui crime de
desobediência, previsto no art. 330 do Código Penal.

E) O crime do art. 310 do CTB (permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado
de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança) é
de perigo concreto, de modo que exige a ocorrência de lesão ou perigo de dano concreto na conduta de
quem permite, confia ou entrega a direção de veículo automotor nas condições descritas no tipo penal.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: O tipo penal do art. 307 do CTB está assim redigido: “Art. 307. Violar a suspensão ou a
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento
neste Código: Penas – detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico
prazo de suspensão ou de proibição. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de
entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação”.
Salienta-se que, no julgamento do HC 427.472 (Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por maioria, SEXTA
TURMA, julgado em 23/08/2018, DJe 12/12/2018), o STJ decidiu que “é atípica a conduta contida no art.
307 do CTB quando a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor advém de restrição administrativa”, de modo que somente estará caracterizada a infração penal
quando houver descumprimento de DECISÃO JUDICIAL.

Em complemento: “evidente que o legislador quis qualificar a suspensão ou proibição para dirigir veículo
automotor como PENA DE NATUREZA PENAL, deixando para a hipótese administrativa o seu viés peculiar.
A conduta de violar DECISÃO ADMINISTRATIVA que suspende a habilitação para dirigir veículo automotor
NÃO configura o CRIME do artigo 307, caput, do CTB, embora possa constituir outra espécie de infração
administrativa, segundo as normas correlatas, pois, dada a natureza penal da sanção, somente a decisão
lavrada por juízo penal pode ser objeto do descumprimento previsto no tipo do art. 307, caput, do CTB no
referido tipo”.

B) CORRETA: De acordo com a jurisprudência do STJ, não se aplica o princípio da consunção na hipótese, visto
que se trata de crimes autônomos e que tutelam bens jurídicos diversos, não havendo nexo de dependência
entre as condutas. Confira-se: “1. Incabível a consunção entre os delitos de embriaguez ao volante e homicídio

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culposo, porquanto, além de constituírem delitos autônomos, tutelam bens jurídicos diferentes. 2. Ademais,
considerando que o Tribunal de Justiça, soberano na análise probatória, entendeu pela não aplicação do
princípio da consunção em razão de que as condutas eram autônomas, a reversão do julgado demandaria o
reexame probatório, inadmissível a teor da Súmula 7/STJ” (AgRg no AREsp 1320706/MS, Rel. Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 13/12/2018, DJe 04/02/2019).

C) INCORRETA: Ao julgar o RE 971.959/RS, sob a sistemática da repercussão geral (Rel. Min. Luiz Fux,
PLENÁRIO, julgado em 14/11/2018), o STF reconheceu que há compatibilidade vertical do art. 305 do CTB
com a Constituição da República. Por isso, não há falar em inconstitucionalidade. Igualmente, o indigitado tipo
penal não viola o princípio da não autoincriminação. Nas palavras do Relator, “a jurisprudência do STF sempre
prestigiou o princípio da não autoincriminação, porém evoluiu no sentido de que não há direitos absolutos e
que, no sistema de ponderação de valores, é admitida uma certa mitigação. Essa evolução consolidou-se no
julgamento do RE 640139, quando se afirmou que o princípio constitucional da autoincriminação não alcança
aquele que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intuito de ocultar maus antecedentes”.

D) INCORRETA: A citada conduta não caracteriza o crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Código
Penal, tendo em conta que há sanção administrativa específica anunciada no art. 195 do CTB. Por isso,
os princípios da subsidiariedade e da intervenção mínima tornam inviáveis a intervenção do Direito Penal
na espécie. Nesse ponto, veja-se: “II - Segundo jurisprudência deste Tribunal Superior, a desobediência de
ordem de parada dada pela autoridade de trânsito ou por seus agentes, ou mesmo por policiais ou outros
agentes públicos no exercício de atividades relacionadas ao trânsito, não constitui crime de desobediência,
pois há previsão de sanção administrativa específica no art. 195 do Código de Trânsito Brasileiro, o qual não
estabelece a possibilidade de cumulação de sanção penal. Assim, em razão dos princípios da subsidiariedade
do Direito Penal e da intervenção mínima, inviável a responsabilização da conduta na esfera criminal” (HC
369.082/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 01/08/2017).

E) INCORRETA: diferentemente do que afirmado na assertiva, trata-se de crime de perigo abstrato, ao contrário
do que ocorre com os crimes dos arts. 309 e 311, ambos do CTB, nos quais a lei exige a ocorrência de “perigo
de dano”. Nesse sentido, já decidiu o STJ sob a sistemática dos recursos repetitivos: “É de perigo abstrato o
crime previsto no art. 310 do Código de Trânsito Brasileiro. Assim, não é exigível, para o aperfeiçoamento do
crime, a ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na conduta de quem permite, confia ou entrega
a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir
suspenso, ou ainda a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em
condições de conduzi-lo com segurança. Ao contrário do que estabelece o crime imediatamente anterior (art.
309), ou mesmo o posterior (art. 311), nos quais o tipo exige que a ação se dê “gerando perigo de dano”, não
há tal indicação na figura delitiva prevista no art. 310”. (...) “Em segundo lugar, não há total identidade das
situações previstas nos arts. 309 e 310. Naquela, cinge-se o tipo a punir quem dirige sem habilitação; nesta,
pune-se quem permite, confia ou entrega a direção de veículo automotor tanto a pessoa não habilitada, com

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habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso quanto a quem, por seu estado de saúde, física ou
mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança. Trata-se, na verdade,
de uma visão que deve repousar mais corretamente no incremento do risco ocasionado com a entrega da
direção de veículo para pessoa não habilitada ou em quaisquer das outras hipóteses legais” (REsp 1.485.830-
MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 11/3/2015, DJe 29/5/2015).

💡💡 GABARITO: B

QUESTÃO 4. Quanto à LEI DE DROGAS, de acordo com a interpretação conferida pelos Tribunais Superiores,
assinale a alternativa INCORRETA.

A) A condenação pela prática da infração penal do art. 28 da Lei 11.343/2006 (porte de droga para
consumo pessoal) poderá determinar prestação de serviços à comunidade e/ou medida educativa
de comparecimento a programa ou curso educativo pelo prazo máximo de cinco meses e, em caso de
reincidência específica, pelo prazo máximo de dez meses.

B) Para a ocorrência do tráfico transnacional (art. 40, I, da Lei 11.343/2006), assim como do tráfico entre
Estados/Distrito Federal (art. 40, V, da Lei 11.343/2006), não se exige a efetiva transposição de fronteiras,
bastando a prova da destinação internacional da droga (no primeiro caso) ou da intenção de realizar o
tráfico entre as respectivas unidades da federação (no segundo caso).

C) Incide a majorante prevista no art. 40, III, da Lei 11.340/2006 na hipótese de tráfico de drogas praticado
nos arredores de estabelecimento de ensino, ainda que o crime tenha ocorrido no período da madrugada,
em finais de semana ou em horário em que a escola não estava em funcionamento.

D) Para a incidência da majorante descrita no art. 40, III, da Lei 11.343, em caso de crime de tráfico de
drogas ocorrido em transporte público, é necessária a efetiva comercialização da droga no local, não
bastando o fato de o agente utilizar o veículo como meio de locomoção e transporte da droga. No entanto,
para fins de incidência da majorante, não é necessário que a droga passe por dentro de presídio, bastando
que o cometimento dos crimes tenha ocorrido em seu interior.

E) A participação de infante pode ser considerada para configurar o crime de associação para o tráfico (art.
35 da Lei 11.343/2006) e, igualmente, para majorar a pena, com base no art. 40, VI, da Lei n. 11.343/2006
(sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo,
diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação), sem que configure indesejado
bis in idem.

💡💡 GABARITO COMENTADO

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A) CORRETA: Conforme consta no art. 28, incisos II e III, da Lei 11.343/2006, em caso de condenação,
poderão ser aplicadas, além da advertência, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de
comparecimento a programa ou curso educativo. No § 3º, anuncia-se que as penas serão aplicadas pelo
prazo máximo de cinco meses e, de acordo com o § 4º, o limite será aumentado para dez meses em caso
de reincidência. No entanto, o STJ, ao realizar interpretação topográfica, decidiu que “a reincidência de que
trata o § 4º do art. 28 da Lei n. 11.343/2006 é a específica” (REsp 1.771.304-ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 10/12/2019, DJe 12/12/2019). Desse modo, na esteira do caso
concreto apreciado, eventual “condenação anterior por crime de roubo não impede a aplicação das penas do
art. 28, II e III, da Lei n. 11.343/2006, com a limitação de 5 meses de que dispõe o § 3º do referido dispositivo
legal”.

B) CORRETA: Trata-se de entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, de acordo com os
enunciados a seguir: Enunciado nº 587: “Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei n.
11.343/2006, é DESNECESSÁRIA a efetiva transposição de fronteiras entre estados da Federação, sendo
SUFICIENTE a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual”. Enunciado nº 607:
“A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006) configura-se com a prova
da destinação internacional das drogas, AINDA QUE não consumada a transposição de fronteiras”.

C) INCORRETA: Ao conferir interpretação teleológica ao dispositivo legal, o STJ decidiu que a prática de
tráfico de drogas nas proximidades de estabelecimento de ensino não atrai a incidência da majorante caso o
crime ocorra, por exemplo, período da madrugada, em domingos, horários em que a escola não estava em
funcionamento. Isso porque, na hipótese, não houve maior proveito e facilidade ao agente para a difusão
da prática criminosa, visto que não ocorreu maior aglomeração de pessoas. Trata-se, isso sim, de ELEMENTO
CIRCUNSTANCIAL, não justificando punição mais severa. Quanto à temática: “1. A causa de aumento de
pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei n.º 11.343/2006 tem natureza objetiva, não sendo necessária a
efetiva comprovação de mercancia na respectiva entidade de ensino, ou mesmo de que o comércio visava a
atingir os estudantes, sendo suficiente que a prática ilícita tenha ocorrido em locais próximos, ou seja, nas
imediações do estabelecimento”. (…) “3. Na espécie, diante da prática do delito em dia e horário (domingo
de madrugada) em que o estabelecimento de ensino não estava em funcionamento, de modo a facilitar a
prática criminosa e a disseminação de drogas em área de maior aglomeração de pessoas, não há falar em
incidência da majorante, pois ausente a ratio legis da norma em tela” (REsp 1719792/MG, Rel. Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 13/03/2018, DJe 26/03/2018).

D) CORRETA: As duas subdivisões da assertiva estão corretas. A jurisprudência entende necessário que
ocorra a efetiva COMERCIALIZAÇÃO ou OFERTA da droga no interior do transporte coletivo. Nesse espeque:
“4. O entendimento deste Superior Tribunal é de que, para a caracterização da majorante do art. 40, III, da
Lei n. 11.343/2006, é necessária a efetiva oferta ou a comercialização da droga no interior do veículo público,
não bastando, para a sua incidência, o só fato de o agente ter se utilizado dele como meio de locomoção e

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transporte da substância ilícita” (HC 455.652/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
04/09/2018, DJe 14/09/2018).

No entanto, no que se refere aos PRESÍDIOS, “não é necessário que a droga passe por dentro do presídio
para que incida a majorante prevista no art. 40, III, da Lei n. 11.343/2006” (HC 440.888-MS, Rel. Min. Joel
Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 15/10/2019, DJe 18/10/2019). Isso porque o
dispositivo legal não exige que o objeto do crime – drogas –, de fato passe por dentro do(s) presídio(s),
de modo que é suficiente a prática dos crimes em seu interior. O caso concreto julgado pelo STJ trazia os
seguintes limites fáticos: “parte dos acusados de integrar associação criminosa que movimentava grandes
volumes de entorpecentes entre estados diversos da federação estavam presos e organizavam a dinâmica
da quadrilha por meio de telefones celulares possuídos clandestinamente”. Assim, embora não houvesse o
efetivo ingresso de entorpecentes no ergástulo, toda a dinâmica dos crimes era organizada no interior do
local, o que ensejou a incidência da majorante.

E) CORRETA: A assertiva está de acordo com a jurisprudência do STJ, segundo a qual “não se observa violação
ao princípio do non bis in idem a aplicação da causa de aumento do art. 40, inciso VI, da Lei 11.343/2006,
cumulativamente, para os crimes de associação para o tráfico (art. 35 da Lei de drogas) e de tráfico de
drogas (art. 33 da mesma legislação), haja vista tratarem-se de delitos autônomos. 4. É cabível a aplicação
da majorante de o crime envolver ou visar a atingir criança ou adolescente (art. 40, VI, da Lei 11.343/2006)
em delito de associação para o tráfico de drogas com menor de idade” (HC 250.455/RJ, Rel. Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 17/12/2015, DJe 05/02/2016).

Quanto à citada majorante, vale conferir o seguinte julgado: “o fato de o agente ter envolvido um menor
na prática do tráfico e, ainda, tê-lo retribuído com drogas, para incentivá-lo à traficância ou ao consumo e
dependência, justifica a aplicação, em patamar superior ao mínimo, da causa de aumento de pena do art. 40,
VI, da Lei n. 11.343/2006, ainda que haja fixação de pena-base no mínimo legal. Isso porque a jurisprudência
do STJ posiciona-se no sentido de que a aplicação da causa de aumento em patamar acima do mínimo é
plenamente válida desde que fundamentada na gravidade concreta do delito” (HC 250.455-RJ, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, SEXTA TURMA, julgado em 17/12/2015, DJe 5/2/2016).

💡💡 GABARITO: C

QUESTÃO 5. Após a leitura dos enunciados abaixo, assinale a alternativa CORRETA:

I – A ação penal, no crime de estelionato, passou a ser, como regra, pública condicionada à representação.

II – A representação, no caso das investigações em andamento, tem natureza de condição de


prosseguibilidade, todavia, nas ações penais iniciadas, é considerada condição de procedibilidade.

III – A ação penal será pública incondicionada no caso de crimes praticados contra idosos; contra a

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Administração Pública, Direta ou Indireta; ou contra pessoa com deficiência.

IV – A exigência de representação (ação penal pública condicionada), por razões de proporcionalidade,


deverá ser aplicada, analogicamente, aos crimes de furto, apropriação indébita e receptação, visto que
tutelam o mesmo bem jurídico que o estelionato.

A) Apenas as alternativas I e II estão corretas.

B) Apenas as alternativas II e IV estão corretas.

C) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.

D) Apenas as alternativas I, II e III estão corretas.

E) Apenas a alternativa I está correta.

💡💡 GABARITO COMENTADO

E) CORRETA (responde as demais alternativas): Considerando que se trata de importante novidade


introduzida pelo “Pacote Anticrime” (Lei n. 13.964/2019), serão tecidas considerações detalhadas sobre os
pontos que poderão vir a ser cobrados nos concursos públicos no decorrer do ano.

Conforme descrito no art. 100, caput e § 1º, do Código Penal; bem como no art. 24 do Código de Processo
Penal; a ação penal, como regra, é de natureza pública incondicionada, devendo ser promovida pelo Ministério
Público, independentemente de manifestação volitiva por parte do ofendido (ou de seu representante legal).
Todavia, caso haja expressa previsão legal em sentido diverso, a ação penal poderá ser pública condicionada
(ou à representação do ofendido, ou requisição do Ministro da Justiça) ou de iniciativa privada. Fixadas
tais balizas, não custa rememorar que, até a entrada em vigor da Lei 13.964/2019, a ação penal relativa
ao crime de estelionato (art. 171 do Código Penal) era pública incondicionada, salvo na hipótese de ser
praticado no contexto do art. 182 do Código Penal. Atualmente, porém, a ação penal passou a ser, via de
regra, condicionada à representação e, excepcionalmente, de natureza pública incondicionada.

Desde logo, portanto, é relevante salientar: tendo em conta que a regra é o processamento por meio de
“ação penal pública incondicionada”, exigindo-se previsão legal expressa para dispor de modo diverso (ação
penal pública condicionada ou ação penal de iniciativa privada), de modo algum, poderá o intérprete, ainda
que por motivos de razoabilidade ou proporcionalidade, alterar a natureza da ação penal, em descompasso
com a legislação vigente, sob pena de indesejada interferência indevida em atividade que é exclusiva do
legislador. Por isso, deve-se considerar incompatível com o ordenamento jurídico o Enunciado 05 da DPEMG:
“A condição de procedibilidade inserida no artigo 171, §5º, do CP, deve ser aplicada, em decorrência da regra
da proporcionalidade, aos artigos 155, caput, 168, caput, e 180, caput, e §3º, todos do CP”.

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Superadas tais discussões introdutórias, deve-se analisar as hipóteses que excepcionam a nova regra relativa
ao crime de estelionato – ação penal pública condicionada à representação –, tornando-a de natureza pública
incondicionada. São as seguintes hipóteses reveladas pelo art. 171, § 5º, do Código Penal:

I – Administração Pública, direta ou indireta: trata-se de previsão legal despicienda, visto que o art. 24, §2º,
do Código de Processo Penal, ao dispor sobre a ação penal, esclarece que “seja qual for o crime, quando
praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública”.
Além disso, cuida-se de norma penal em branco, cujo complemento, ou seja, o conceito de “administração
pública, direta e indireta”, é trazido pelo Decreto-Lei 200/1967 – arts. 4º e 5º.

II – Criança ou adolescente: trata-se de norma penal em branco, em que o complemento é trazido pelo art.
2º da Lei 8.069/1990 (ECA), segundo o qual “considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”.

III – Pessoa com deficiência mental: cuida-se de norma penal em branco, devendo o intérprete, na sua
atividade, avaliar o conceito do art. 2º da Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) – “Considera-
se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.

IV – Maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz: necessário avaliar que o inciso em comento, na
oportunidade em que se referiu ao “maior de 70 (setenta) anos”, adotou critério cronológico de ordem
objetiva. Assim, em primeiro lugar, não se confunde com o conceito legal de idoso, o qual, segundo o art.
1º da Lei 10.741/2003, é toda pessoa “com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos”. Em segundo lugar,
dispensa-se a avaliação de condições individuais da vítima, tais como a presença, ou não, de limitações
cognitivas, bastando o mero fato de ser maior de 70 (setenta) anos.

No que se refere ao “incapaz”, também se cuida de norma penal em branco, devendo-se adotar os conceitos
trazidos no art. 3º (absolutamente incapaz) e no art. 4º (relativamente incapaz), ambos do Código Civil. Além
disso, considerando que a norma não fez distinção, a ação penal é pública de natureza incondicionada nas
duas espécies de incapacidade (tanto absoluta, quanto relativa).

Outro ponto a ser debatido é a respeito da natureza jurídica da alteração promovida na ação penal. No
momento em que deixou de ser pública incondicionada e passou-se a adotar, como regra, a necessidade de
representação, não se pode negar o caráter processual da norma. Todavia, não se afigura razoável realizar
interpretação rasa do dispositivo legal, de sorte a negligenciar que, a partir de então, incidem, por exemplo,
novas causas de extinção da punibilidade (por conta da exigência de representação), como é o caso da
decadência (art. 107, IV, do Código Penal), sem contar o fato de permitir a rejeição da denúncia em virtude
da ausência de condição específica para o exercício da ação penal (art. 395, II, do Código de Processo Penal).
Assim, deve-se reconhecer, igualmente, caráter material à alteração legislativa.

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💡💡 GABARITO: E

PROFESSOR TEILOR SANTANA DA SILVA


E-mail: profcei.teilorsantana@gmail.com

🏳🏳 EXECUÇÃO PENAL

QUESTÃO 6. Acerca prática de falta grave e seus reflexos na execução da pena, assinale a alternativa
INCORRETA:

A) A posse de telefone celular ou de seus componentes, tais como chip, carregador e bateria, caracteriza
falta grave.

B) A prática de fato definido como crime doloso no decorrer da execução penal caracteriza falta grave,
sendo prescindível o trânsito em julgado de eventual sentença penal condenatória.

C) Atualmente, em virtude da ausência de previsão específica na Lei de Execução Penal, o prazo prescricional
para apurar a ocorrência de falta grave é de 03 (três) anos.

D) A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime e para a obtenção
do livramento condicional. No entanto, não interrompe o prazo para o indulto e a comutação, salvo se
houver expressa previsão no decreto concessivo dos referidos benefícios.

E) A data-base para o cômputo do prazo de nova progressão do regime de cumprimento da sanção é


aquela em que ocorreu o preenchimento dos requisitos elencados no art. 112 da Lei 7.210/1984, e não a
data do efetivo ingresso no regime anterior ou da decisão judicial concessiva do benefício.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Conforme prevê o art. 50, VII, da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal – LEP), “comete falta
grave o condenado à pena privativa de liberdade que” (…) “tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo”.
Além disso, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entende que “a posse de aparelho celular
bem como de seus componentes essenciais, tais como chip, carregador ou bateria, constitui falta disciplinar
de natureza grave” (AgRg no REsp 1708448/RJ, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado
em 07/06/2018, DJe 15/06/2018).

Ainda sobre o tema, importante ressaltar que, a teor do art. 127 da LEP, caso o apenado pratique falta grave,

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o juiz poderá revogar ATÉ 1/3 (um terço) do tempo remido, por meio de decisão com “fundamentação
concreta”, observado o disposto no art. 57 LEP (natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências
do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão), recomeçando a contagem a partir da data da
infração disciplinar. Nesse sentido, vale conferir: STJ, AgRg no HC 529.496/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS,
QUINTA TURMA, julgado em 17/12/2019, DJe 19/12/2019.

Por fim, igualmente por se tratar de questão recorrente, sobretudo em 1ª fase, a prática de falta grave
sujeita o apenado a regressão do regime de cumprimento de pena (art. 118, I, da LEP), hipótese na qual
a jurisprudência exige a instauração de procedimento administrativo disciplinar, por parte do diretor do
estabelecimento prisional, assegurando-se o direito de defesa por intermédio de advogado constituído ou
de defensor público nomeado (STJ, Recurso Repetitivo, Tema 652).

Nesse sentido, vale conferir excerto da ementa: “Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar,
no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor
do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou
defensor público nomeado” (REsp 1378557/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 23/10/2013, DJe 21/03/2014).

B) CORRETA: Consoante o art. 52 da LEP, “a prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave”.
Interpretando o dispositivo legal, o STJ, por meio de recurso repetitivo (Tema 655), sedimentou que o
reconhecimento da prática de falta grave não exige o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Confira-se: “recurso especial representativo de controvérsia provido para afastar a nulidade proclamada
e reconhecer a prática de falta grave independentemente do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória” (REsp 1336561/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, Rel. p/ Acórdão Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/09/2013, DJe 01/04/2014). De igual sorte, o Enunciado
526 do STJ destaca que “o reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como
crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no
processo penal instaurado para apuração do fato”. Por fim, a prática de fato definido como crime doloso
sujeitará o apenado à forma regressiva de cumprimento de pena, nos termos do art. 118, I, da LEP.

C) CORRETA: A LEP não prevê, em nenhum dispositivo, prazo prescricional para a apuração de falta grave no
âmbito da execução penal. Por esse motivo, aplica-se, por analogia, o menor prazo previsto no art. 109 do
Código Penal, qual seja, 03 (três) anos (inciso VI). Deve-se ressaltar, no entanto, que, caso a falta grave tenha
sido praticada antes da entrada em vigor da Lei 12.234/2010 (06 de maio de 2010), o lapso prescricional
será de 02 (dois) anos, por conta da vedação à retroatividade da norma penal mais gravosa (art. 5º, XL,
da CRFB; art. 2º do CP). Veja-se: (…) “FALTA GRAVE COMETIDA ANTES DA EDIÇÃO DA LEI N.º 12.234/2010.
PRAZO PRESCRICIONAL: 2 (DOIS) ANOS”. (…) “1. À mingua de legislação específica, o prazo prescricional para
a apuração de faltas graves é o previsto no inciso VI do art. 109 do Código Penal. 2. Na hipótese, levando-

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se em consideração que a perpetração se deu em 26/12/2008, isto é, antes da entrada em vigor da Lei n.º
12.234/2010, o prazo prescricional aplicável é de 2 (dois) anos e, portanto, em tendo sido a falta grave
reconhecida e anotada em 27/4/2010, não subsiste a alegação de que ocorreu a prescrição” (HC 467.098/SP,
Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 27/11/2018, DJe 12/12/2018).

D) INCORRETA: trata-se de questão recorrente em 1ª fase de concurso público. Por isso, é sempre importante
relembrar o tema. Assim, ressalta-se que a prática de falta grave INTERROMPE o prazo para a progressão
de regime (Súmula 534 do STJ), o que NÃO ocorre no livramento condicional (Súmula 441 do STJ). Nesse
ponto, vale a pena destacar dois precedentes recentes do STJ: ainda que eventual falta grave não constitua
marco interruptivo para o cômputo do prazo afeto ao livramento condicional (Súmula 441 do STJ), o fato de o
apenado possuir “histórico de mau comportamento durante o cumprimento da pena, incluindo o cometimento
de infração disciplinar de natureza grave, de modo que não apresenta comprovação de comportamento
satisfatório durante a execução da pena” (AgRg no HC 545.427/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
SEXTA TURMA, julgado em 17/12/2019, DJe 19/12/2019).

Além disso, “esta Corte firmou entendimento de que a posse de droga no interior de estabelecimento prisional,
ainda que para uso próprio, configura falta disciplinar de natureza grave, nos moldes do art. 52 da Lei de
Execução Penal. Precedentes” (STJ, HC 540.770/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 10/12/2019, DJe 19/12/2019).

Superados tais pontos, ressalta-se que NÃO interfere para fins de indulto e comutação (Súmula 535 do STJ),
salvo se houver expressa previsão no decreto concessivo de ambos. Sabe-se que há inúmeros precedentes
quanto à matéria, todavia o Tema 709 dos Recursos Repetitivos do STJ é esclarecedor e abrangente: “1. A
prática de falta grave INTERROMPE o prazo para a progressão de regime, acarretando a MODIFICAÇÃO DA
DATA-BASE e o início de nova contagem do lapso necessário para o preenchimento do requisito objetivo. 2.
Em se tratando de livramento condicional, NÃO ocorre a interrupção do prazo pela prática de falta grave.
Aplicação da Súmula 441/STJ. 3. Também NÃO é interrompido automaticamente o prazo pela falta grave
no que diz respeito à comutação de pena ou indulto, mas a sua concessão deverá observar o cumprimento
dos requisitos previstos no decreto presidencial pelo qual foram instituídos” (REsp 1364192/RS, Rel. Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/02/2014, DJe 17/09/2014).

Ademais, deve-se atentar para as alterações promovidas pelo “Pacote Anticrime” no art. 83 do Código Penal:
“Art. 83. (requisitos do livramento condicional) (…) III – comprovado: a) bom comportamento durante a
execução da pena; b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; c) bom desempenho no
trabalho que lhe foi atribuído; e d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto”.

Nesse contexto, o art. 83 do Código Penal elenca os requisitos do “livramento condicional”. A Lei 13.964/2019
manteve a redação dos demais incisos do dispositivo legal (I, II, IV e V), somente alterando o inciso III.
Eis a redação anterior: “comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena (a), bom

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desempenho no trabalho que lhe foi atribuído (c) e aptidão para prover à própria subsistência mediante
trabalho honesto (d)”.

Como se percebe, o “Pacote Anticrime”, em linhas gerais, repetiu a redação original do dispositivo, incluindo,
de modo expresso, o item (b), consistente em o agente não ter cometido falta grave nos últimos 12 (doze)
meses. Diz-se “de modo expresso” porque, anteriormente, o cometimento de falta grave, malgrado não
estar descrito em lei, poderia ser interpretado na condição de “comportamento insatisfatório durante a
execução da pena”, de modo a obstar a concessão do benefício.

Assim, apenas a título argumentativo, poderá ser sustentado o caráter de novatio legis in pejus do requisito
descrito no item (b), diante da ausência de previsão específica na redação anterior do art. 83 do Código
Penal, vedando-se a sua aplicação aos casos ocorridos antes do dia 23 de janeiro de 2020. Todavia, conforme
dito acima, a expressão utilizada pelo legislador (consistente em o agente não ter cometido falta grave nos
últimos doze meses), deve ser interpretada – e compreendida – na qualidade de especificação de requisito
presente na redação original do dispositivo, qual seja, o agente comprovar comportamento satisfatório
durante a execução da pena.

Isso porque não se pode negar que a prática de falta grave acarreta, logicamente, comportamento
insatisfatório por parte do reeducando. Desse modo, efetivada a interpretação teleológica dos dispositivos
legais (redação original e redação atual do art. 83, III, do Código Penal), não há falar em retroatividade de
norma penal mais gravosa, mas de mera subsunção do fato à norma.

E) CORRETA: na esteira da jurisprudência do STJ, a decisão do juízo da execução da pena que concede a
progressão de regime possuir natureza DECLARATÓRIA, e não constitutiva. Por isso, conforme narrado na
assertiva, a data-base para o cômputo do prazo de nova progressão do regime de cumprimento da sanção
é aquela em que ocorreu o preenchimento dos requisitos elencados no art. 112 da Lei 7.210/1984. Idêntica
razão de decidir é aplicada pelo STJ em casos de punição disciplinar: a data-base para nova progressão de
regime será contada a partir da ocorrência da falta grave, e não do dia em que for publicada decisão que a
reconhece judicialmente. Isso porque as nuances do sistema progressiva de pena não podem ser utilizadas
em prejuízo do apenado, diante de eventual mora judiciária em conceder os benefícios da execução. Com
efeito, nas palavras do STJ, “embora a análise célere do pedido seja o ideal, é cediço que a providência
jurisdicional não ocorre dessa forma e, por vezes, pode demorar meses ou anos para ser implementada.
Por tais motivos, o período de permanência no regime mais gravoso, por mora do Judiciário em analisar
requerimento de progressão ao modo intermediário de cumprimento da pena, deverá ser considerado para o
cálculo de futuro benefício, sob pena de ofensa ao princípio da dignidade do apenado, como pessoa humana
(art. 1°, III, CF) e prejuízo ao seu direito de locomoção. Assim, o entendimento da Sexta Turma alinha-se à
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, para estabelecer, como marco para a subsequente progressão,
a data em que o reeducando preencheu os requisitos legais do art. 112 da LEP” (HC 369.774-RS, Rel. Min.

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Rogerio Schietti Cruz, por maioria, julgado em 22/11/2016, DJe 7/12/2016).

💡💡 GABARITO: D

PROFESSOR LUCAS LOSCH ABAID


E-mail: profcei.lucasabaid@gmail.com

🏳🏳 DIREITO PROCESSUAL PENAL

QUESTÃO 7. Acerca da promoção de arquivamento do inquérito policial, antes da vigência da Lei nº 13.964,
de 2019, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A promoção de arquivamento fundamentada na existência de causa extintiva de punibilidade faz coisa


julgada formal e material, não se admitindo a reabertura das investigações, a exceção da declaração da
extinção da punibilidade baseada em certidão de óbito falsa.

B) Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do


inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as
razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá
a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Trata-se do princípio da devolução.

C) Nas hipóteses de atribuição originária do Procurador-Geral de Justiça, deverá o Tribunal acatá-la,


considerando a titularidade exclusiva da ação penal.

D) Não se admite no ordenamento jurídico brasileiro o arquivamento indireto, caracterizado quando


o titular da ação penal deixa de incluir na denúncia fato delituoso ou qualquer dos investigados sem
manifestação expressa.

E) Da decisão que determina o arquivamento do inquérito policial, em regra, não cabe recurso.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Partindo das lições de Renato Brasileiro de Lima, a decisão de arquivamento fundamentada
na ausência de pressupostos processuais ou condições para o exercício da ação penal e ausência de justa
causa para o exercício da ação penal fazem coisa julgada formal, ou seja, admite-se a realização de novas
pesquisas, se de outras provas tiver notícia, nos termos do art. 18 do Código de Processo Penal.

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Por outro lado, quando suscitada a atipicidade da conduta delituosa, existência de manifesta causa
excludente de ilicitude, existência de manifesta causa excludente de culpabilidade e existência de causa
extintiva da punibilidade haverá a formação de coisa julgada formal e material, restando impossibilitado o
desarquivamento do caderno investigatório e, por consequente, a renovação de diligências e oferecimento
de denúncia.

Notadamente no que se relaciona às hipóteses da existência de causa excludente de culpabilidade,


excepciona-se a possibilidade de reabertura das investigações quando fundamentada em certidão de óbito
falsa. No caso, a falsidade arreda a formação da coisa julgada material, uma vez que a fraude arquitetada não
pode ser imputada ao Estado, comprometendo-se o direito de punir.

“A decisão que, com base em certidão de óbito falsa, julga extinta a punibilidade do réu pode ser revogada,
dado que não gera coisa julgada em sentido estrito. II. - Nos colegiados, os votos que acompanham
o posicionamento do relator, sem tecer novas considerações, entendem-se terem adotado a mesma
fundamentação. III. - Acórdão devidamente fundamentado. IV. - H.C. indeferido” (HC 84525, Relator(a): Min.
CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em 16/11/2004, DJ 03-12-2004 PP-00050 EMENT VOL-02175-02
PP-00285 LEXSTF v. 27, n. 315, 2005, p. 405-409).

Especificamente no que tange à formação de coisa julgada formal e material na promoção de arquivamento
com fundamento na existência de manifesta causa excludente de ilicitude, é de todo oportuno trazer a lume
a divergência existente nos Tribunais de Superposição. Nesse rumo, no Superior Tribunal de Justiça prevalece
o entendimento de que não é possível o desarquivamento, ao passo que no Supremo Tribunal Federal se
sobrepõe a sua admissibilidade.

“O arquivamento de inquérito policial não faz coisa julgada nem causa a preclusão. Contrariamente ao que
ocorre quando o arquivamento se dá por atipicidade do fato, a superveniência de novas provas relativamente
a alguma excludente de ilicitude admite o desencadeamento de novas investigações.” (HC 87395, Relator(a):
Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 23/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-048
DIVULG 12-03-2018 PUBLIC 13-03-2018)”

“A permissão legal contida no art. 18 do CPP, e pertinente Súmula 524/STF, de desarquivamento do inquérito
pelo surgimento de provas novas, somente tem incidência quando o fundamento daquele arquivamento foi
a insuficiência probatória - indícios de autoria e prova do crime. A decisão que faz juízo de mérito do caso
penal, reconhecendo atipia, extinção da punibilidade (por morte do agente, prescrição...), ou excludentes
da ilicitude, exige certeza jurídica - sem esta, a prova de crime com autor indicado geraria a continuidade da
persecução criminal - que, por tal, possui efeitos de coisa julgada material, ainda que contida em acolhimento
a pleito ministerial de arquivamento das peças investigatórias. Promovido o arquivamento do inquérito
policial pelo reconhecimento de legítima defesa, a coisa julgada material impede rediscussão do caso penal
em qualquer novo feito criminal, descabendo perquirir a existência de novas provas.” (REsp 791.471/RJ, Rel.

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Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 16/12/2014)

B) CORRETA: De acordo com o artigo 28 do Código de Processo Penal, “se o órgão do Ministério Público, ao
invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou
peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério
Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a
atender”.

Aqui, a doutrina costuma fazer referência ao princípio da devolução, segundo o qual o juiz, discordando
da promoção de arquivamento feita pelo órgão ministerial, e zelando pelo princípio da obrigatoriedade,
devolverá a questão ao Procurador-Geral de Justiça.

Salienta-se que o princípio da devolução é igualmente reconhecido no art. 384, § 1º do Código de Processo
Penal, quando da negativa do Ministério Público à promoção do aditamento da denúncia e no art. 4º, § 2º
da Lei de Organização Criminosa, quando da discordância pelo magistrado das cláusulas previstas no acordo
de colaboração premiada.

C) CORRETA: Consoante jurisprudência já sedimentada no âmbito do Supremo Tribunal Federal, quando


se tem promoção de arquivamento promovida pela Procuradoria-Geral da República, titular da ação penal
pública, não há se falar em aplicação do princípio da devolução, inserto no art. 28 do Código de Processo
Penal.

Sabe-se que na atuação ministerial de primeiro grau, em havendo discordância do juiz em relação à promoção
de arquivamento, poderá ele remeter os autos à autoridade competente para fins de revisão, o que, lado
outro, não se aplica aos Procuradores-Gerais de Justiça e à Procuradora-Geral da República.

Destaca-se, para fins de conhecimento, que no âmbito Estadual cabe Colégio de Procuradores de Justiça
rever, mediante requerimento de legítimo interessado, decisão de arquivamento de inquérito policial ou
peças de informações determinada pelo Procurador-Geral de Justiça, nos casos de sua atribuição originária
(art. 12, inciso XI da Lei 8.625/1993). Contudo, inexiste previsão correlata na Lei Complementar 75/93 (art.
53), o que reforça a tese de equívoco da decisão.

Em suma, em caso de promoção de arquivamento de Inquérito pelo Procurador-Geral da República, órgão


legítimo e exclusivo para formação de opinio delicti, outra alternativa não resta senão o seu acatamento pelo
Supremo Tribunal Federal.

D) INCORRETA: O enunciado fez a troca dos conceitos de arquivamento implícito e indireto.

Entende-se por arquivamento implícito “o fenômeno de ordem processual decorrente de o titular da


ação penal deixar de incluir na denúncia algum fato investigado ou algum dos indiciados, sem expressa

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manifestação ou justificação deste procedimento. Este arquivamento se consuma quando o juiz não se
pronuncia na forma do art. 28 com relação ao que foi omitido na peça acusatória” (Direito Processual penal.
11ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2002, p. 170).

De se pontuar que o arquivamento implícito pode ser objetivo, quando omisso fato delituoso, ou subjetivo,
quando não incluído investigado.

O arquivamento indireto, por sua vez, “ocorre quando o juiz, em virtude do não oferecimento de denúncia
pelo Ministério Público, fundamentado em razão de incompetência da autoridade jurisdicional, recebe tal
manifestação como se tratasse de um pedido de arquivamento. Quando o magistrado não concorda com
o pedido de declinação de competência formulado pelo órgão ministerial, não pode obrigar o Ministério
Público a oferecer denúncia, sob pena de violação a sua independência funcional (CF, art. 127, § 1º). (…) Não
se trata de um conflito de competência, porquanto o dissenso não foi estabelecido entre duas autoridades
jurisdicionais. Também não se cuida de conflito de atribuições, já que o dissenso envolve uma autoridade
judiciária e um órgão do Ministério Público. Nesse caso, deve o juiz receber a manifestação como se tratasse
de um pedido indireto de arquivamento, aplicando, por analogia, o quanto disposto no art. 28 do CPP”
(LIMA, 2016, ps. 172/173).

E) CORRETA: Da promoção de arquivamento formulada pelo Ministério Público, titular exclusivo da ação
penal, não cabe recurso, sequer ação penal subsidiária da pública, considerando que não há se falar em
inércia do parquet.

Contudo, a doutrina costuma apontar algumas exceções de cuja promoção de arquivamento cabe recurso:

a) Art. 7º da Lei 1.521/1951 (Lei da Economia Popular): Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem
os acusados em processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando
determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial.

Salienta-se que não se trata de um recurso propriamente dito, mas sim de remessa necessária, já que ausente
a “voluntariedade”. Trata-se de uma condição de eficácia objetiva da decisão.

b) Art. 6º da Lei 1.508/51 (Contravenção do Jogo do Bicho e Corridas de Cavalo fora do Hipódromo): Quando
qualquer do povo provocar a iniciativa do Ministério Público, nos termos do Art. 27 do Código do Processo
Penal, para o processo tratado nesta lei, a representação, depois do registro pelo distribuidor do juízo, será
por este enviada, incontinenti, ao Promotor Público, para os fins legais.

Parágrafo único. Se a representação fôr arquivada, poderá o seu autor interpôr recurso no sentido estrito.

c) Art. 12 da Lei 8.625/93: O Colégio de Procuradores de Justiça é composto por todos os Procuradores
de Justiça, competindo-lhe: XI - rever, mediante requerimento de legítimo interessado, nos termos da
Lei Orgânica, decisão de arquivamento de inquérito policial ou peças de informações determinada pelo

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Procurador-Geral de Justiça, nos casos de sua atribuição originária.

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 8. Acerca da ação penal, assinale a alternativa CORRETA:

A) Compreende-se por justa causa duplicada a necessidade da demonstração de indícios suficientes de


autoria e materialidade para a deflagração da ação penal em juízo.

B) No âmbito do direito processual penal, o Ministério Público possui a prerrogativa da contagem dos
prazos em dobro, em virtude da aplicação subsidiária do Código de Processo Civil.

C) A ação penal acidentalmente privada é admitida no processo penal brasileiro nos casos de inércia do
Ministério Público.

D) A ausência de justa causa é causa de absolvição sumária, sendo cabível o recurso de apelação.

E) Norteia a ação penal pública e privada o princípio da obrigatoriedade.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Entende-se por justa causa a existência de lastro probatório mínimo para a deflagração do
processo penal por meio da peça acusatória, o qual se consubstancia na existência de indícios suficientes de
autoria e materialidade.

Nas hipóteses de justa causa duplicada, necessária a demonstração da existência de justa causa não só em
relação ao delito principal apurado, mas também em relação aos crimes antecedentes, quando existentes. A
título de exemplificação, cita-se o delito de lavagem de capitais e de receptação.

“Em se tratando de crimes de lavagem de capitais, não basta demonstrar a presença de lastro probatório
quanto à ocultação de bens, direitos ou valores, sendo imprescindível que a denúncia também seja instruída
com suporte probatório demonstrando que tais valores são provenientes, direta ou indiretamente, de
infração penal. (…). Tem-se aí o que a doutrina chama de justa causa duplicada, ou seja, lastro probatório
mínimo quando à lavagem e quanto à infração penal precedente. A propósito, o art. 2º, § 1º da Lei 9.613/98,
estabelece que a denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente,
sendo puníveis os fatos previstos nesta lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a
punibilidade da infração penal antecedente.” (LIMA, 2016, p. 210).

B) INCORRETA: No âmbito do direito processual penal, entendeu o Supremo Tribunal Federal (HC 120275)
que o Ministério Público não possui a prerrogativa da contagem dos prazos em dobro, ainda que se admita
a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil.

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Isso porque, não há se falar em omissão do diploma processual penal diante da imperatividade do comando
inserto no art. 798 do Código de Processo Penal, segundo o qual “todos os prazos correrão em cartório e
serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado”. Ademais, afasta-
se a aplicação da Súmula 116 do Superior Tribunal de Justiça.

C) CORRETA: “ação penal privada subsidiária da pública (ou ação penal acidentalmente privada): diz a
Constituição Federal que será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada
no prazo legal (art. 5º, LIX). Seu cabimento está subordinado à inércia do Ministério Público”.

Registre-se que a ação penal privada subsidiária da pública ou ação penal acidentalmente privada é apontada
pela doutrina como mecanismo de fiscalização do princípio da obrigatoriedade.

Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em
todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

D) INCORRETA: Nos termos do art. 395 do Código de Processo Penal, a denúncia ou queixa será rejeitada
quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Por outro lado, deverá o juiz absolver o acusado quando verificar, nos termos do art. 397 do Código de
Processo Penal: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de
causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente
não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente.

Da decisão que rejeitar a denúncia por ausência de justa causa caberá Recurso em Sentido Estrito, por força
do disposto no art. 581, inciso I do CPP.

E) INCORRETA: No âmbito das ações penais públicas deve ser observado, em regra, o princípio da
obrigatoriedade (art. 24 do CPP), segundo o qual presentes as condições da ação deverá o Ministério Público
oferecer denúncia. Em sentido diverso, rege a ação penal privada o princípio da oportunidade e conveniência,
consistente na “faculdade que é outorgada ao titular da ação penal para dispor, sob determinadas condições,
de seu exercício, com independência de que se tenha provado a existência de um fato punível contra um
autor determinado” (LIMA, 2016, p. 233).

💡💡 GABARITO: C

QUESTÃO 9. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa


INCORRETA:

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A) As tabelas de honorários elaboradas unilateralmente pelos Conselhos Seccionais da OAB não vinculam
o magistrado no momento de arbitrar o valor da remuneração a que faz jus o defensor dativo que atua
no processo penal. Servem como referência para o estabelecimento de valor que seja justo e que reflita o
labor despendido pelo advogado.

B) Ocorre a substituição do Relator quando ele for vencido quanto à mera admissibilidade da acusação
na fase do artigo 6º da Lei n. 8.038/1990, que trata dos delitos de competência originária dos Tribunais
Superiores.

C) Nas hipóteses em que o juiz da causa considerar desproporcional a quantia indicada na tabela da OAB
em relação aos esforços despendidos pelo defensor dativo para os atos processuais praticados, poderá,
motivadamente, arbitrar outro valor.

D) São vinculativas, quanto aos valores estabelecidos para os atos praticados por defensor dativo, as
tabelas produzidas mediante acordo entre o Poder Público, a Defensoria Pública e a seccional da OAB.

E) Compete à Justiça Federal julgar crime contra a vida em desfavor de policiais militares, consumado ou
tentado, praticado no contexto de crime de roubo armado contra órgãos, autarquias ou empresas públicas
da União.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: DESTAQUE: As tabelas de honorários elaboradas unilateralmente pelos Conselhos Seccionais


da OAB não vinculam o magistrado no momento de arbitrar o valor da remuneração a que faz jus o defensor
dativo que atua no processo penal; servem como referência para o estabelecimento de valor que seja justo
e que reflita o labor despendido pelo advogado.

“A indicação de advogado dativo, consoante o art. 22, § 1°, da Lei n. 8.906/1994, resulta em arbitramento
de honorários àquele profissional, os quais devem ser suportados pelo Estado, compreendido como ente
político a quem incumbia o dever de prestar a assistência judiciária. Assim, no caso da Justiça estadual, tal
incumbência é do ente federado respectivo. No que toca ao tema objeto deste Recurso, se há, de um lado,
os que defendem que a remuneração do defensor dativo não se enquadra em nenhuma das hipóteses em
que incidiria a Lei de Responsabilidade Fiscal, máxime porque sua atuação é imposta por determinação
judicial, de outro lado é inquestionável que os gastos com pagamentos de honorários são suportados com
o orçamento da Administração Pública, o que reflete, em alguma medida, o objetivo proposto pela referida
lei de controle fiscal. A condição sui generis da relação estabelecida pelo advogado e o Estado, não só por
se tratar de particular em colaboração com o Poder Público, mas também por decorrer de determinação
judicial, a fim de possibilitar exercício de uma garantia fundamental da parte, implica a existência, ainda que
transitória, de vínculo que o condiciona à prestação de uma atividade em benefício do interesse público. Em

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outras palavras, a hipótese do parágrafo primeiro do art. 22 do Estatuto da OAB abrange os casos em que
não é possível celebrar, sem haver previsão legal, um contrato de honorários convencionais com o Poder
Público. O parágrafo segundo, por sua vez, compreende justamente os casos em que, a despeito de possível
o contrato de honorários convencionais, tal não se dá, por qualquer motivo. O arbitramento judicial é a
forma de se mensurarem, ante a ausência de contratação por escrito, os honorários devidos. Apesar da
indispensável provocação judicial, não se confundem com os honorários de sucumbência, porquanto não
possuem natureza processual e independem do resultado da demanda proposta. Especificamente para essa
hipótese é que o parágrafo segundo prevê, diversamente do que ocorre com o parágrafo primeiro, que
os valores a serem arbitrados não poderão ser inferiores aos previstos nas tabelas da Seccionais da OAB.
Assim, há um tratamento explicitamente distinto para ambos os casos. A utilização da expressão “segundo
tabela organizada”, prevista no primeiro parágrafo do art. 22 do Estatuto da OAB, deve ser entendida como
referencial, visto que não se pode impor à Administração o pagamento de remuneração com base em tabela
produzida unilateralmente por entidade representativa de classe de natureza privada, como contraprestação
de serviços prestados, fora das hipóteses legais de contratação pública. Já a expressão “não podendo ser
inferiores”, contida no parágrafo segundo, objetiva resguardar, no arbitramento de honorários, a pretensão
do advogado particular que não ajustou o valor devido pela prestação dos serviços advocatícios. Portanto, na
linha de precedentes das Seções de Direito Público, a tabela de honorários produzida pela OAB deve servir
apenas como referencial, sem nenhum conteúdo vinculativo, sob pena de, em alguns casos, remunerar, com
idêntico valor, advogados com diferentes dispêndios de tempo e labor, baseado exclusivamente na tabela
indicada pela entidade representativa.” (REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção,
por unanimidade, julgado em 23/10/2019, DJe 04/11/2019 (Tema 984))

B) INCORRETA: DESTAQUE: Não ocorre substituição do Relator quando ele for vencido quanto à mera
admissibilidade da acusação na fase do artigo 6º da Lei n. 8.038/1990.

“O juízo de admissibilidade da denúncia nos delitos de competência originária dos Tribunais Superiores,
regido pelo artigo 6º da Lei n. 8.038/1990, é distinto daquele realizado pelos juízes singulares, disciplinado
pelo CPP. “Deveras, ao contrário do que acontece nos procedimentos submetidos à Lei n. 8.038/1990, em
que o recebimento da denúncia e a análise das causas de absolvição sumária são englobadas em decisão
única, colegiada (artigo 6º), nos procedimentos regidos pelo CPP o recebimento da denúncia é realizado por
via de ato judicial sem conteúdo decisório (artigo 396), o qual é posteriormente integrado pela decisão que
analisa as causas de absolvição sumária, depois de apresentada resposta à acusação” (artigo 397 do CPP).
(AP 947, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, DJe de 16/05/2017). Em razão de condensar situações de
absolvição sumária e de mero recebimento da denúncia, a fase processual do artigo 6º da Lei n. 8.038/1990,
viabiliza decisões com ou sem análise de mérito, definitivas ou não. Segundo a doutrina, “a decisão que
deixa de admitir a ação penal poderá ser de simples rejeição da denúncia, presente umas das hipóteses do
art. 395 do CPP; de absolvição sumária, consoante o art. 397, I a III, do CPP; ou de extinção da punibilidade,

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na forma do art. 397, IV, do CPP”. Posto isso, caso vencido o Relator em posicionamento apto a produzir coisa
julgada material nessa fase do artigo 6º da Lei n. 8.038/1990, ou seja, em matéria refletida sobre o mérito da
causa – casos de absolvição sumária ou de extinção da punibilidade (art. 397 do CPP) – deve a Relatoria ser
substituída. Em sentido contrário, se vencido o Relator sob o fundamento incapaz de produzir coisa julgada
material, como no caso de ausência de justa causa (art. 395 do CPP), não ocorre a substituição da relatoria.
Conclui-se para assentar que o Ministro Relator que for vencido quanto à mera admissibilidade da acusação
na fase do artigo 6º da Lei n. 8.038/1990 não deve ser substituído na relatoria para a instrução da ação penal.
Nesse caso, o Ministro prolator do primeiro voto divergente fica designado apenas para lavrar o acórdão, e
prevento, tão somente, para os recursos e incidentes relacionados a esse julgamento. Por outro lado, vencido
em questão de mérito relacionada à definição da ação penal, o relator originário deve ser substituído pelo
Ministro que primeiro proferiu o voto divergente, ainda que antecipado, independentemente da adesão
posterior à divergência pelo Ministro que sucede o relator originário na ordem de julgamento. É a inteligência
do artigo 101 do RISTJ (“Se não houver revisor, ou se este também tiver sido vencido, será designado para
redigir o acórdão o Ministro que proferiu o primeiro voto vencedor (art. 52, II)”).” (APn 849-DF, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, Corte Especial, por maioria, julgado em 07/08/2019, DJe 25/10/2019)

C) CORRETA: DESTAQUE: Nas hipóteses em que o juiz da causa considerar desproporcional a quantia indicada
na tabela da OAB em relação aos esforços despendidos pelo defensor dativo para os atos processuais
praticados, poderá, motivadamente, arbitrar outro valor.

“A tabela de honorários produzida pela OAB deve servir apenas como referencial, sem nenhum conteúdo
vinculativo. Entretanto, ao fixar os honorários, o Magistrado, a despeito do caráter não vinculativo da tabela
da OAB, deve tê-la como norte para avaliação, em cada situação concreta, de todo o trabalho desempenhado
pelo profissional em confronto com os valores ali estabelecidos, de modo que o resultado dessa análise
constitua valor justo e que represente um equilíbrio entre aquele que é indicado pela OAB e o extraído do
labor e das despesas efetivas despendidas pelo defensor dativo, se, evidentemente, a tabela não possibilite
refletir a realidade constatada pelo magistrado. Em outras palavras, nas hipóteses em que o juiz da causa
considerar desproporcional a quantia indicada na tabela da OAB em relação aos esforços despendidos pelo
defensor dativo para os atos processuais praticados, poderá, motivadamente, arbitrar outro valor.” (REsp
1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 23/10/2019, DJe
04/11/2019 (Tema 984)

D) CORRETA: DESTAQUE: São vinculativas, quanto aos valores estabelecidos para os atos praticados por
defensor dativo, as tabelas produzidas mediante acordo entre o Poder Público, a Defensoria Pública e a
seccional da OAB.

“A tabela de honorários produzida pela OAB deve servir apenas como referencial, sem nenhum conteúdo
vinculativo. Entretanto, ao fixar os honorários, o Magistrado, a despeito do caráter não vinculativo da tabela

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da OAB, deve tê-la como norte para avaliação, em cada situação concreta, de todo o trabalho desempenhado
pelo profissional em confronto com os valores ali estabelecidos, de modo que o resultado dessa análise
constitua valor justo e que represente um equilíbrio entre aquele que é indicado pela OAB e o extraído do
labor e das despesas efetivas despendidas pelo defensor dativo, se, evidentemente, a tabela não possibilite
refletir a realidade constatada pelo magistrado. Nesse contexto, as tabelas produzidas com a convergência
da Defensoria Pública, Poder Público e OAB devem ser observadas, isto é, passam a ser vinculativas, visto que
sua confecção, diversamente do que ocorre com a tabela geral, não se deu de maneira unilateral, mas como
resultado de acordo formulado pelas referidas entidades.” (REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 23/10/2019, DJe 04/11/2019 - Tema 984)

E) CORRETA: DESTAQUE: Compete à Justiça Federal julgar crime contra a vida em desfavor de policiais
militares, consumado ou tentado, praticado no contexto de crime de roubo armado contra órgãos, autarquias
ou empresas públicas da União.

“A Terceira Seção já teve oportunidade de assentar a competência da Justiça comum estadual para julgar
crimes de homicídio praticados contra Policiais Militares estaduais no exercício de suas funções, mesmo que
ocorridos no contexto do crime federal de contrabando. Não obstante propõe-se, aqui, uma diferenciação.
Na situação em que o crime de homicídio ou tentativa de homicídio é praticado no contexto do delito federal
de contrabando, não se questiona a competência Estadual. Entretanto, quando o crime contra a vida é
executado ou tentado no contexto de crime de roubo armado contra órgãos, autarquias ou empresas públicas
da União, cuja tipificação traz as elementares da violência ou da grave ameaça, impera o reconhecimento da
competência do Juízo Federal. Segundo a doutrina, quando um crime ocorre para garantir a impunidade ou
vantagem de outro, tem-se a conexão objetiva consequencial ou sequencial. No caso de roubo praticado em
detrimento de empresa pública federal – por exemplo, Empresa de Correios e Telégrafos, Caixa Econômica
Federal –, havendo a imediata perseguição com troca de tiros, eventual homicídio, consumado ou tentado,
implicará conexão consequencial entre os dois delitos. O crime contra a vida, nessa hipótese, só existe em
razão do delito contra a empresa federal e seu objetivo último é o exaurimento da infração patrimonial. Em
outros termos, no mundo fenomenológico, esse homicídio orbita em torno do roubo em detrimento da
empresa pública federal em total dependência deste.” (CC 165.117-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira
Seção, por unanimidade, julgado em 23/10/2019, DJe 30/10/2019).

💡💡 GABARITO: B

QUESTÃO 10. De acordo com o Código de Processo Penal, assinale a alternativa CORRETA:

I - Entende-se por ação civil ex delicto a ação proposta no juízo cível, independentemente da existência
de ação penal, em desfavor do autor do delito. Objetiva a formação de um título executivo judicial para
reparação do dano, sendo facultativa a suspensão do processo a partir do momento em que intentada a

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ação penal.

II - Caberá o sequestro dos bens imóveis como medida assecuratória, desde que observada a referibilidade,
ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.

III - O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação


da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de
oferecida a denúncia ou queixa.

A) Apenas as alternativas I e II estão corretas.

B) Apenas a alternativa II está correta.

C) Apenas as assertivas I e III estão correta.

D) Apenas as assertivas II e III estão correta.

E) Todas as alternativas estão corretas.

💡💡 GABARITO COMENTADO

Assertiva I (correta): Os conceitos de ação civil ex delicto e ação de execução ex delicto não se confundem.

Entende-se por ação civil ex delicto a ação proposta no juízo cível, independentemente da existência de
ação penal, em desfavor do autor do delito. Trata-se de uma ação de conhecimento voltada à formação
de um título executivo judicial, por meio do qual se busca a reparação do dano em face do autor do delito,
para, em seguida, executá-lo. Sobre o tema, cita-se o disposto no art. 64 do CPP, segundo o qual se admite a
facultativa suspensão do processo a partir do momento em que intentada a ação penal (art. 62, § 1º do CPP).

Por sua vez, a ação de execução ex delicto refere-se à ação cível ajuizada a partir de um título executivo
judicial obtido por força de sentença penal condenatória transitada em julgado, nos termos do art. 63 do
Código de Processo Penal. No caso, o ajuizamento da ação na seara cível não tem natureza cognitiva, mas
executória ou de liquidação (art. 515, inciso VI do CPC c/c art. 91, inciso I do CP).

Assertiva II (correta): O sequestro, na qualidade de medida cautelar, somente poderá abranger bens que
tenham relação direta com o objeto da ação penal, restringindo-se àqueles que foram adquiridos com os
proventos da infração apurada, o que se denominada “referibilidade”.

A propósito, consta da literalidade do art. 125 do Código de Processo Penal: “Caberá o sequestro dos bens
imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a
terceiro”.

Assertiva III (correta): Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou

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mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo
ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.

💡💡 GABARITO: E

QUESTÃO 11. Sobre a Nova Lei de Abuso de Autoridade (Lei n. 13.869/2019), assinale a alternativa
CORRETA:

I - Poderá funcionário aposentado figurar como sujeito ativo do crime de abuso de autoridade previsto na
Lei n. 13.869/2019.

II - Todos os crimes previstos na Lei n. 13.869/2019 são de ação penal pública de natureza incondicionada.

III - Dentre os efeitos da condenação, a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública,
pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e a perda do cargo, do mandato ou da função pública, são
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos,
devendo ser declarados motivadamente na sentença.

A) Apenas as alternativas I e II estão corretas.

B) Apenas a alternativa II está correta.

C) Apenas as assertivas I e III estão correta.

D) Apenas as assertivas II e III estão correta.

E) Todas as alternativas estão corretas.

💡💡 GABARITO COMENTADO

Assertiva I (incorreta): Como bem ensina Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco (2019, p. 26), “é
ensinamento predominante na doutrina que o funcionário público aposentado não pode cometer o crime,
pois se desvincula da funcionalmente da Administração Pública”.

Preconiza o art. 2º da Lei de Abuso de Autoridade:

Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor
ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se
limitando a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;

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II - membros do Poder Legislativo;


III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.
Inicialmente, é de se destacar que o rol de sujeito ativo elencado no art. 2º da Lei é meramente
exemplificativo. Para caracterização do delito, basta que o agente invoque a autoridade do cargo ou função
exercidos, independentemente de estar ou não no efetivo exercício da função. O que se exige, lado outro, é
a manutenção vinculação jurídica ao cargo.

Assim, considerando que com a aposentadoria há cessação do vínculo jurídico, isto é, desvinculação total do
cargo ou função, não há se falar em cometimento do delito de abuso de autoridade, afinal, não mais existe
“autoridade”.

Assertiva II (correta): Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.

§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos
do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.

§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar
o prazo para oferecimento da denúncia.

Assertiva III (correta): Art. 4º São efeitos da condenação:

I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do
ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando
os prejuízos por ele sofridos;

II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco)
anos;

III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.

Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à ocorrência

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de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados
motivadamente na sentença.

💡💡 GABARITO: D

JARDIM, Afrânio Silva. Direito Processual penal. 11ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2002, p. 170).

LIMA, Renato Brasileiro de. Código de Processo Penal comentado. 3ª ed. Salvador: Juspodivm, 2018.

PROFESSOR RAFAEL PEREIRA


E-mail: profcei.rafaelpereira@gmail.com

🏳🏳 DIREITO CIVIL

QUESTÃO 12. Em relação a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, aponte a alternativa
INCORRETA:

A) Os critérios interpretativos se dividem em dois grupos, tendo como referência as fontes ou os meios.

B) São mecanismos de integração: a analogia; os costumes; os princípios gerais do direito.

C) Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. A
lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

D) Equidade é a aplicação do Direito como justo, benévolo, a partir do sentimento de justiça. Importante
observar que a equidade deve ser aplicada nos casos expressamente previstos em lei.

E) O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido


no Brasil depois de 1 (um) ano da data da separação de fato, salvo se houver sido antecedida de separação
judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições
estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma
de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em
pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a
produzir todos os efeitos legais.

💡💡 GABARITO COMENTADO

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A) CORRETA: Normalmente a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB) acabado sendo
desconsiderada nos estudos para o Ministério Público. Contudo, diante da alteração pela lei 13.655 de 2018,
que trouxe novas implicações principalmente na Administração Pública.

E uma das questões mais debatidas na parte antiga da LINDB se refere tanto quanto aos critérios quanto aos
meios interpretativos.

a) jurisprudencial ou judicial, é aquela fixada pelos Tribunais (não é demais lembrar que não tem força
coercitiva, apesar de sua indiscutível importância);

b) doutrinária ou doutrina, realizada pelos cientistas do Direito, pelos estudiosos e comentaristas;

c) autêntica ou literal, que é a interpretação procedida pelo próprio legislador, através de outro ato normativo,
como no exemplo da edição de uma lei interpretando outra norma já editada.

- Quanto aos meios, a interpretação poderá ser:

a) gramatical ou literal, realizada através das regras de linguística, analisando o texto normativo pelas regras
gramaticais, buscando o seu sentido filológico. É o mais pobre dos métodos interpretativos, sendo, não raro,
repelido até mesmo pela lei;”

b) lógica, na qual se desenvolve um raciocínio lógico, transcendendo a letra fria da lei, com o fito de fixar o
alcance e extensão da lei a partir das motivações políticas, históricas e ideológicas;

c) histórica, com a averiguação da origem do texto a ser interpretado, desde os projetos de lei e votações;

d) sociológica, também dita teleológica, quando se procura adaptar a lei às exigências atuais e concretas da
sociedade; e, finalmente,

e) sistemática, que é a interpretação partindo da ideia de que a lei não existe isoladamente, devendo ser
alcançado o seu sentido em consonância com as demais normas que inspiram aquele ramo do Direito.

B) CORRETA: são mecanismos de integração: (1) a analogia; (2) os costumes; (3) os princípios gerais do
direito. Analogia é procedimento lógico de constatação, por comparação, das semelhanças entre diferentes
casos concretos, chegando a juízo de valor. É o processo de aplicação a uma hipótese não prevista em lei de
disposição concernente a um caso semelhante.

Relembre-se, à saciedade, que existem diversos limites à integração analógica. Em sendo assim, em sede
penal (onde somente é admitida a analogia in bonam partem) e tributária não é possível, através da analogia,
criar ou aplicar sanções penais ou exigir tributos. Por igual, nas normas de ordem pública e nas normas
sancionatórias não se admite o emprego da analogia. Outrossim, nas normas de Direito Administrativo a
analogia resta afastada, uma vez que prevalece o princípio da legalidade.

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Costume, por sua vez, é a conduta reiterada a partir da falsa impressão de existir norma jurídica a respeito
da matéria. Trata-se do conjunto de preceitos, não positivados (não escritos), formados de maneira instintiva
pelo grupo social e impondo, em certo nível uma obediência geral. Enfim, é a prática repetitiva e uniforme de
determinado comportamento em virtude de se imaginá-lo obrigatório. Dessa noção conceitual, é fácil retirar
os dois elementos caracterizadores do costume: o objetivo (prática reiterada) e o subjetivo ou psicológico (a
convicção de estar seguindo uma norma jurídica).

Não se olvide que o costume é, também, fonte do Direito e que o sistema jurídico reconhece o costume
secundum legem (utilizado por força de lei) e o costume praeter legem (cujo uso decorre da falta de lei),
inadmitindo o costume contra legem (contrário à lei), em face da impossibilidade de alegação do erro de
direito (Lei introdutória, art. 3º. deve ser feita, outrossim, ao fato de que o art. 373 do Código de Processo
Civil impõe a quem alega o ônus de provar, em JUIZO, o costume invocado princípios gerais de direito
são as formulações gerais do ordenamento jurídico, alinhavando pensamentos diretores de uma de uma
regulamentação jurídica, que como diretrizes gerais e básicas, fundamentam e dão unidade a um sistema ou
a uma instituição”.

Não mais é possível confundir os princípios gerais do direito com os princípios fundamentais constitucionais,
“já que a antiga finalidade meramente integrativa, preconizada pela Lei de Introdução, não representa mais o
único papel desempenhado pelos princípios”, tendo ocorrido uma mutação no papel por eles desempenhado,
conferindo-lhes, também, caráter fundante da ordem jurídica.

C) CORRETA: A resposta está de acordo com a previsão no Art. 2º, Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de
1942, Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010).

Cuidado para não confundir validade com vigência e eficácia. Validade se relaciona com o aspecto formal
e material em vista principalmente com a constituição. Vigência está relacionado com a publicidade do ato
normativo e a eficácia com os efeitos da norma.

D) CORRETA: Equidade é a aplicação do Direito como justo, benévolo, a partir do sentimento de justiça.
Importante observar que a equidade deve ser aplicada nos casos expressamente previstos em lei. Inclusive,
o parágrafo único do art. 140 do Código de Processo Civil é de clareza solar ao asseverar que “o juiz só
decidirá por equidade nos casos previstos em lei”, evidenciando o caráter excepcional do uso da equidade.

A título ilustrativo, vale a pena explicitar algumas hipóteses em que o sistema jurídico admite o julgamento
por equidade. Primeiramente, lembre-se que o art. 85, § 8º, do Código de Processo Civil de 2015 autoriza
o juiz a decidir com esteio na equidade sobre a fixação da verba honorária devida pelo vencido na ação,
quando a causa não tinha repercussão econômica ou quando se trata de proveito econômico irrisório, como
uma ação de guarda de filhos. Já no âmbito do Código Civil, o art. 413 permite o uso da equidade pelo juiz
para fins de redução do valor da cláusula penal (multa contratual) quando a obrigação foi cumprida em parte
ou quando tiver sido fixada em percentual excessivo.

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E) INCORRETA: A alternativa está incorreta devido que o prazo quanto ao divórcio realizado no estrangeiro
em que um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, haverá reconhecimento no Brasil depois de um ano da
data da sentença do divórcio e não da separação de fato. Importante lembrar que os prazos mínimos para
o divórcio foram banidos do sistema jurídico nacional desde a entrada em vigor da Emenda do Divórcio, em
julho de 2010 (EC 66/2010), portanto o dispositivo ser lido com ressalvas.

O STJ já afastou os prazos previstos na LINDB em caso concreto:

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. INVENTÁRIO E PARTILHA. RENÚNCIADE HERDEIRA.


COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA AUTORIDADE JUDICIAL BRASILEIRA. PRECEDENTE. 1. A jurisprudência desta
Corte e do STF autoriza a homologação de sentença estrangeira que, decretando o divórcio, convalida acordo
celebrado pelos ex-cônjuges quanto à partilha de bens situados no Brasil, assim como na hipótese em que a
decisão alienígena cumpre a vontade última manifestada pelo de cujus e transmite bens também localizados
no território nacional à pessoa indicada no testamento. 2. No caso que se examina, o testamento legou
bens única e exclusivamente à filha do falecido a qual, por sua vez, renunciou à herança sem ressalvas. 3.
Diante disto, a autoridade judicial helvética promoveu a liquidação da herança conforme as normas jurídicas
estrangeiras e, na sequência, cedeu ao ora requerente bens deixados pelo de cujus em troca do valor de
CHF 20.000,00 (vinte mil francos suíços). 4. A situação estampada nos autos não se confunde com a mera
transmissão de bens em virtude de desejo manifestado em testamento, já que, recusada a herança pela
pessoa indicada pelo falecido, a autoridade judiciária estrangeira transferiu de forma onerosa a propriedade
de bem localizado no Brasil a terceiro totalmente estranho à última vontade do de cujus, isto é, dispôs sobre
bem situado em território nacional em processo relativo à sucessão mortis causa, o que vai de encontro
ao art. 89, II, do Código de Processo Civil-CPC. 5. Pedido de homologação indeferido. (STJ - SEC: 3532 EX
2011/0104173-3, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 15/06/2011, CE - CORTE ESPECIAL,
Data de Publicação: DJe 01/08/2011).

Por fim, como bem observa TARTUCE, 2018, cabe destacar que o art. 961, § 5.º, do CPC/2015 passou a
prever que a sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de
homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. Diante desta última dispensa, o Provimento do CNJ 53, de 16
de maio de 2016, trata da averbação direta, por Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais, da sentença
estrangeira de divórcio consensual simples ou puro, no assento de casamento, independe de homologação
judicial.

💡💡 GABARITO: E

QUESTÃO 13. A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro sofreu diversas alterações devido a lei nº
13.655/2018, sobre essas alterações aponte a alternativa INCORRETA:

A) Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos

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abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.

B) Segundo a LINDB, nas esferas administrativa, controladora e judicial, as decisões serão motivadas, sendo
que essa motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de
ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas.

C) Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público,
inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico
e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral,
celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a
partir de sua publicação oficial.

D) Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades


reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, mesmo que eventualmente venha causar
prejuízo aos direitos dos administrados.

E) A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova


sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito,
deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de
direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Mais uma questão da LINDB agora específica sobre as alterações da lei nº 13.655/18.

Cuidado com a previsão no art. 20 da lei:

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos
abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. (Incluído pela Lei nº 13.655,
de 2018) (Regulamento)

Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação


de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas.

Há discussão referente a esse artigo, especialmente quanto à vedação a valores jurídicos abstratos. Isso
porque, os princípios podem ser considerados como um valor jurídico abstrato, nesse sentido, não se poderia
decidir com base em princípios? Não há ressalva na utilização desses valores abstratos?

É de se ressaltar que as normas incluídas na LINDB visam proteger na grande maioria a administração
pública, poder executivo, dos demais órgãos em uma espécie de interferência. Exemplo claro é o artigo
20, a busca pela vedação de decisão em valores abstratos é justamente de frear o ativismo judicial, que

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normalmente aplica sopesamento de princípios para casos em concreto, por isso da inclusão da oração
sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. Exemplo, evitar o famoso conflito de
mínimo existencial e reserva do possível.

Por fim, interessante crítica de Márcio André Lopes Cavalcante2:

Previsão contraditória

Vale ressaltar que esse art. 20 revela uma enorme contradição. Isso porque ele defende que o julgador
não deve decidir com base em “valores jurídicos abstratos” sem que sejam consideradas as consequências
práticas da decisão. Ocorre que a própria Lei nº 13.655/2018 introduz na LINDB uma série de expressões
jurídicas abstratas, como por exemplo: “segurança jurídica de interesse geral”, “interesses gerais da época”,
regularização “de modo proporcional e equânime”, “obstáculos e dificuldades reais do gestor”, “orientação
nova sobre norma de conteúdo indeterminado” etc.

Conhecer esse artigo ajudar tanto para uma primeira fase como para eventual questionamento de segunda
fase.

B) CORRETA: Em consonância com a previsão no parágrafo único do Art. 20, Decreto-Lei Nº 4.657, de 4 de
setembro de 1942 (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018).

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos
abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. (Incluído pela Lei nº 13.655, de
2018) (Regulamento)

Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação


de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas.

Seguindo a linha do caput o parágrafo único busca vedar decisão sem motivação, mas principalmente a
análise com base na proporcionalidade, tanto que afirma a demonstração da necessidade e adequação.

Importante observação do Professor Marçal quanto a este parágrafo3:

Se existirem alternativas diversas, devem elas ser examinadas. Será inválida a decisão que infringir a
proporcionalidade, ainda que possa ser reputada como compatível com as normas jurídicas consideradas de
modo genérico. Assim por exemplo, será inválida decisão de adotar a solução de maior poder restritivo de
que outra, que também seria comportada pelo conjunto das normas aplicáveis ao caso.

C) CORRETA: Conforme Art.26, Decreto-Lei Nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. (Incluído pela Lei nº 13.655,

2 https://www.dizerodireito.com.br/2019/06/breves-comentarios-lei-136552018-e-ao.html
3 Edição Especial - Direito Público na Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro - LINDB (Lei nº 13.655/2018) > Justen
Filho. Revista de Direito Administrativo | e-ISSN: 2238-5177

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de 2018).

Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito
público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão
jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse
geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá
efeitos a partir de sua publicação oficial.

O artigo 26 traz a expressão termo de ajuste de gestão, que tem como objetivo firmar acordo com o
interessado pela administração pública para corrigir atos que não contenham elemento subjetivo (dolo e
culpa).

Outro ponto interessante dessa previsão é que busca a solução dos conflitos de maneira consensual entre
administração e o particular, evitando uma demanda judicial futura.

Importante mencionar que o Decreto nº 9.830/2019, que regulamentou alguns aspectos da Lei de Introdução
às normas do Direito Brasileiro – LINDB, devido as alterações da Lei nº 13.655/2018, prevê, no art. 11, o
termo de ajuste de gestão:

Termo de ajustamento de gestão

Art. 11. Poderá ser celebrado termo de ajustamento de gestão entre os agentes públicos e os órgãos de
controle interno da administração pública com a finalidade de corrigir falhas apontadas em ações de controle,
aprimorar procedimentos, assegurar a continuidade da execução do objeto, sempre que possível, e garantir
o atendimento do interesse geral.

§ 1º A decisão de celebrar o termo de ajustamento de gestão será motivada na forma do disposto no art. 2º.

§ 2º Não será celebrado termo de ajustamento de gestão na hipótese de ocorrência de dano ao erário
praticado por agentes públicos que agirem com dolo ou erro grosseiro.

§ 3º A assinatura de termo de ajustamento de gestão será comunicada ao órgão central do sistema de


controle interno.

Indispensável a leitura, já que poderá ser cobrado nos próximos concursos.

D) INCORRETA: Em razão que a administração pública não pode causar prejuízo a direito dos administrados,
iria em conflito com a própria regra da LINDB em que são assegurados, o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada (Art. 6º. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada).

Para complementação dos estudos da lei, recomendo a leitura do texto elaborado pelos juristas que
auxiliaram na elaboração do anteprojeto.

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Segue o link: https://www.conjur.com.br/dl/parecer-juristas-rebatem-criticas.pdf

E) CORRETA: De acordo com a previsão no Art. 23, Decreto-Lei Nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. (Incluído
pela Lei nº 13.655, de 2018).

Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova
sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá
prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja
cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.

O presente artigo traz uma norma de transição da mudança de entendimento previsto, a fim de que evite
prejuízo às partes além de um tratamento igual para aqueles que tem o mesmo direito em tempos diferentes
e intérpretes diferentes.

É uma espécie do signaling do sistema de precedentes.

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 14. Sobre as pessoas naturais e a concepção do direito civil, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Atualmente prevalece uma leitura do direito civil constitucional, no qual as regras do direito civil devem
ser aplicadas numa visão constitucional.

B) O Código Civil de 2002 consagrou os vetores da eticidade, da socialidade e da operabilidade, os quais


são aplicados a diversos institutos nas relações privadas, desde contratos até direitos reais.

C) A capacidade prevista no artigo inicial do código civil, refere-se capacidade especial para determinado
ato ou negócio jurídico.

D) Para a teoria natalista o nascituro não é pessoa.

E) É cabível indenização do DPVAT por morte do feto em acidente de trânsito.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Atualmente o direito civil deve ser lido sob a concepção da constituição, é o que se denomina
de Direito civil constitucional, tendo como principal ponto os efeitos de irradiação da constituição nos
institutos privados do direito civil, surgindo por exemplo a aplicação da teoria da eficácia horizontal dos
direitos fundamentais.

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Neste aspecto aponta TARTUCE4:

O conceito de Direito Civil Constitucional, à primeira vista, poderia parecer um paradoxo. Mas
não é. O direito é um sistema lógico de normas, valores e princípios que regem a vida social,
que interagem entre si de tal sorte que propicie segurança – em sentido lato – para os homens
e mulheres que compõem uma sociedade. O Direito Civil Constitucional, portanto, está
baseado em uma visão unitária do ordenamento jurídico. Ao tratar dos direitos fundamentais,
José Joaquim Gomes Canotilho também fala em unidade da ordem jurídica, sustentando a
viabilidade de uma interação entre o Direito privado e a Constituição, mesmo que em tom
cético. Para o mesmo Gustavo Tepedino, um dos principais idealizadores desse novo caminho
metodológico, é “imprescindível e urgente uma releitura do Código Civil e das leis especiais
à luz da Constituição”. Desse modo, “reconhecendo a existência dos mencionados universos
legislativos setoriais, é de se buscar a unidade do sistema, deslocando para a tábua axiológica
da Constituição da República o ponto de referência antes localizado no Código Civil.
O Direito Civil Constitucional, como uma mudança de postura, representa uma atitude bem
pensada, que tem contribuído para a evolução do pensamento privado, para a evolução dos
civilistas contemporâneos e para um sadio diálogo entre os juristas das mais diversas áreas.
Essa inovação reside no fato de que há uma inversão da forma de interação dos dois ramos do
direito – o público e o privado –, interpretando o Código Civil segundo a Constituição Federal
em substituição do que se costumava fazer, isto é, exatamente o inverso.
“A incidência franca da Constituição nos diversos âmbitos das relações entre particulares,
mormente nos contratos, nas propriedades e nas famílias, à luz de comandos inafastáveis
de proteção à pessoa; há, nada obstante, criativas tensões entre a aplicação de regras (e
princípios) constitucionais e o ordenamento privado codificado; como há, sob o sistema
constitucional, concepções filosóficas, o Estado liberal patrocinou o agasalho privilegiado
da racionalidade codificadora das relações interprivadas; a ordem pública pode limitar a
autonomia ou o autorregulamento dos interesses privados, sob a vigilância das garantias
fundamentais; os Códigos Civis são reinterpretados pelas Constituições do Estado Social de
Direito5”.
B) CORRETA: Alternativa correta, importante conhecer desses princípios para o direito civil, especialmente
para primeira e segunda fases, eles são vetores que decorrem sobre diversas normas do código.

Eticidade: está relacionado no comportado do homem ético (com valor e respeito ao próximo), maior
exemplo da influência desse vetor é o princípio da boa-fé objetiva.

4 TARTUCE, Flávio. Manual de DireitoCivil. São Paulo: Gen-Método, 2018, p. 57


5 FACHIN, Luiz Edson. Direito civil. Sentidos, transformações e fim. Rio de Janeiro: Renovar, 2014. p. 10-11.

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Socialidade: está relacionado na visão da vida em sociedade, ou seja, é necessário pensar os bens privados
também na visão coletiva. Aqui exemplo é da função social que está nos contratos como na propriedade, etc.

Operabilidade: Está relacionado a aplicação do direito extraído das diversas cláusulas gerais existentes no
novo código. Não esqueçam da Teoria tridimensional do direito (plano objetivo) – trazida por Miguel Reale,
em que o direito é fato, valor e norma.

Veja o que diz o Tartuce:

O princípio da operabilidade, que tem dois significados. De início, há o sentido de simplicidade,


uma vez que o Código Civil de 2002 segue tendência de facilitar a interpretação e a aplicação
dos institutos nele previstos. Como exemplo, pode ser citada a distinção que agora consta em
relação aos institutos da prescrição e da decadência, matéria que antes trazia grandes dúvidas
pela lei anterior, que era demasiadamente confusa. Por outra via, há o sentido de efetividade,
ou concretude do Direito Civil, o que foi seguido pela adoção do sistema de cláusulas gerais.
C) INCORRETA: CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR OS CONCEITOS DE CAPACIDADE, LEGITIMIDADE E
LEGITIMAÇÃO.

O art.1º do Código Civil trata da capacidade para todos os atos da vida civil. A teoria das capacidades pode
ser sintetizada: CAPACIDADE DE DIREITO (GOZO) + CAPACIDADE DE FATO (EXERCÍCIO) = CAPACIDADE CIVIL
PLENA.

CAPACIDADE DE DIREITO: todas as pessoas têm, conforme previsão no artigo 1º. Diferentemente de outros
países que exigem que a pessoa tem forma humana para adquirir essa capacidade. No Brasil, basta ser pessoa.
Já a capacidade de fato, pode ser interpretada como exclusão, ou seja, se não estiver no art. 3º incapacidade
absoluta ou art. 4º incapacidade relativa, possuirá capacidade plena. Somada ambas as capacidades, chega-
se a capacidade plena.

A questão está incorreta, pois traz que é a capacidade especial para alguns atos, isso é o que a doutrina
chama de legitimação e tem como maior exemplo a outorga conjugal para venda de imóvel.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro,
exceto no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

D) CORRETA: Embora batidas, precisamos revisar e conhecer as teorias de aquisição da personalidade da


pessoa natural. A mais clássica é a natalista, a qual afirma que a pessoa natural só adquire a personalidade
com o nascimento com vida. Sendo assim, como o nascituro é aquele que está “maduro” para nascer ele não
será considerado pessoa.

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Há muita confusão em relação ao art. 2º do Código Civil porque coloca ao mesmo tempo termos como
nascimento e concepção, surgindo o contraponto da natalista que é a teoria concepcionista, que diz que a
personalidade jurídica da pessoa natural começa com a concepção.

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.

O que tem prevalecido é na doutrina contemporânea é a teoria concepcionista, resguardando direitos


do nascituro desde a sua concepção, as provas e doutrinas costumam citar como exemplo o direito aos
alimentos gravídicos como adoção a essa teoria. Outro exemplo foi a possibilidade de danos morais ao
nascituro, num caso famoso envolvendo humorista e o filho de uma cantora (STJ, REsp 1.487.089/SP, 4.ª
Turma, Rel. Min. Marcos Buzzi, j. 23.06.2015). Por fim, o caso das células-tronco previstos na lei 11.105/05,
que o STF declarou constitucional.

E) CORRETA: Conforme apontando acima, a discussão das famosas teorias natalistas e concepcionistas, sobre
a aquisição da personalidade também muito debatida na jurisprudência. E essa alternativa é um dos casos
em que se adotou a teoria concepcionista ao afirmar que nascituro teria direito a indenização de seguro
DPVAT mesmo antes de nascer.

DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO. ART. 2º DO CÓDIGO CIVIL DE 2002.
EXEGESE SISTEMÁTICA. ORDENAMENTO JURÍDICO QUE ACENTUA A CONDIÇÃO DE PESSOA DO NASCITURO.
VIDA INTRAUTERINA. PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. ART. 3º, INCISO I, DA LEI N. 6.194/1974.
INCIDÊNCIA.

1. A despeito da literalidade do art. 2º do Código Civil - que condiciona a aquisição de personalidade jurídica
ao nascimento -, o ordenamento jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação
entre o nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização de direitos,
como pode aparentar a leitura mais simplificada da lei.

2. Entre outros, registram-se como indicativos de que o direito brasileiro confere ao nascituro a condição
de pessoa, titular de direitos: exegese sistemática dos arts. 1º, 2º, 6º e 45, caput, do Código Civil; direito do
nascituro de receber doação, herança e de ser curatelado (arts. 542, 1.779 e 1.798 do Código Civil); a especial
proteção conferida à gestante, assegurando-se-lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim e
ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do nascituro); alimentos gravídicos, cuja titularidade é,
na verdade, do nascituro e não da mãe (Lei n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa viva do
nascituro - embora não nascida - é afirmada sem a menor cerimônia, pois o crime de aborto (arts. 124 a 127
do CP) sempre esteve alocado no título referente a “crimes contra a pessoa” e especificamente no capítulo
“dos crimes contra a vida” - tutela da vida humana em formação, a chamada vida intrauterina (MIRABETE,
Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume II. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 62-63; NUCCI, Guilherme

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de Souza. Manual de direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 658).

3. As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro - natalista e da personalidade condicional - fincam
raízes na ordem jurídica superada pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O paradigma
no qual foram edificadas transitava, essencialmente, dentro da órbita dos direitos patrimoniais. Porém,
atualmente isso não mais se sustenta. Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de direitos não
patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa - como a honra, o nome, imagem, integridade moral e psíquica,
entre outros.

4. Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias restritivas, há de se reconhecer a
titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais importante. Garantir
ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe
for garantido também o direito de nascer, o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais.

5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro DPVAT, com base no que dispõe o art.
3º da Lei n. 6.194/1974. Se o preceito legal garante indenização por morte, o aborto causado pelo acidente
subsume-se à perfeição ao comando normativo, haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do
nascituro, ou o perecimento de uma vida intrauterina.

6. Recurso especial provido.

(REsp 1415727/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 04/09/2014, DJe
29/09/2014)

💡💡 GABARITO: C

QUESTÃO 15. Sobre as incapacidades, aponte a alternativa INCORRETA.

A) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil somente os menores de 16
(dezesseis) anos.

B) São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer, aqueles que, por causa transitória
ou permanente, não puderem exprimir sua vontade

C) Diante do ausente ser considerado absolutamente incapaz, faz-se necessário a nomeação de um


representante para resguardar seus direitos.

D) O instituto da morte no direito civil é divido em morte real e em morte presumida.

E) Quanto à aquisição da personalidade, o direito brasileiro não adotou o habilis vitae.

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💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: O art. 114 do Estatuto da Pessoa com Deficiência alterou os dispositivos do art. 3.º revogando
todos os incisos, permanecendo somente como incapaz absoluto o menor de 16 anos.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos.

Falar na teoria das incapacidades é falar da idoneidade psicofísica de alguém (termo utilizado pelo examinador).
Primeiro é necessário entender a capacidade de direito ou de gozo que é aquela para ser sujeito de direitos
e deveres na ordem privada, e que todas as pessoas têm sem distinção. Em suma, em havendo pessoa, está
presente tal capacidade e a capacidade de direitos que nem todos tem, aplicando-se por exclusão aqueles
que não pertencem as regras do art. 3º incapacidade absoluta e art. 4º incapacidade relativa.

Sobre a evolução o código civil tratava como loucos de todo gênero, tratando doentes mentais incapazes dos
atos da vida civil. Havia muita crítica pela vagueza e pela atecnia no conceito, gerando graves problemas nos
demais institutos do direito civil.

O CC de 2002 tirou a estigmatização de louco, mas manteve em relação a expressão deficientes mentais,
mantendo a dificuldade técnica e ainda falta de trato com a pessoa deficiente.

Já não se sustentava essa diferença, os diferentes podiam ser iguais e atuarem de maneira igual no direito.

Em seguida analisando-se a CF 88 surge o supraprincípio da DIGINIDADE DA PESSOA HUMANA, irradiando


para todo o ordenamento a necessidade de levar consideração no direito a pessoa como vetor principal
resguardando sempre sua autonomia.

Com o estatuto da pessoa com deficiência alterou significativamente as incapacidades no direito civil para
salvaguardar a pessoa com deficiência o princípio da igualdade, assegurando os mesmos direitos.

Com o estatuto das pessoas com deficiência deixou-se a teoria da diginidade-vulnerabilidade para a teoria
da diginidade-liberdade, ou seja, foi reconhecida a pessoa com deficiência a autonomia concreta.

O modelo biomédico da deficiência interpreta a deficiência como incapacidade a ser superada, considera-
se a deficiência como consequência de uma doença ou acidente, que deve ser objeto de tratamento para a
habilitação ou a reabilitação do máximo de capacidades, aproximando-se da cura.

Já o paradigma da dignidade da pessoa humana, não se limita ao atributo biológico, pois se refere à
interação entre a pessoa e as barreiras ou os elementos facilitadores existentes nas atitudes e na provisão
de acessibilidade e de tecnologia assistiva.

A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada em Nova York, em 30 de

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março de 2007, aprovada pelo Congresso Nacional através do Decreto Legislativo n º 186, de 9 de julho de
2008, e promulgada pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em 25 de agosto de 2009, através
do Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, passou a ter o status de Emenda Constitucional por força do
no §3º art. 5º da Carta de 1988 já estabeleceu a evolução desses paradigmas.

Nesse sentido, é a previsão na Convenção:

Artigo 1

Propósito

O propósito da presente Convenção é o de promover, proteger e assegurar o desfrute pleno e eqüitativo


de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por parte de todas as pessoas com deficiência e
promover o respeito pela sua inerente dignidade.

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os
quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
com as demais pessoas.

Replicando essa evolução o Estatuto da Pessoa com deficiência trouxe:

Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Portanto, não se conceitua uma pessoa com deficiência por critério exclusivamente médico e sim pelos
impedimentos de longo prazo de participar na sociedade em igualdade de condições.

B) CORRETA: Previsão expressa do art. 4º, III, do CC.

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:

III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade

Conforme mencionado acima, houve um importante impacto do Estatuto da Pessoa Com deficiência no tema
incapacidades. Essa previsão anteriormente estava incluída como absolutamente incapaz, porém agora está
como relativa devendo ser vista a luz do próprio estatuto, pois a deficiência não presume a incapacidade
para todos os atos da vida civil.

Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

C) INCORRETA: Cuidado! Ausente não é mais considerado absolutamente incapaz como constava da

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codificação anterior (art. 5.º, IV, do CC/1916). A ausência significa morte presumida da pessoa natural,
após longo processo judicial, com três fases: curadoria dos bens do ausente, sucessão provisória e sucessão
definitiva (arts. 22 a 39 do CC).

Art. 22 - Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.

Embora não seja absolutamente incapaz faz-se necessário observar a nomeação de curador, após a declaração
de ausência.

D) CORRETA: Vimos o começo da pessoa natural com o nascimento e agora quando que termina a morte.
Costuma-se dizer que o direito civil rege os atos da pessoa natural do nascimento a morte. Veja que o código
trata da aquisição da personalidade, depois fala do casamento, filhos e por fim a sucessão, relacionando-se
a morte.

A morte para o direito civil pode ser classificada em: Morte real, quando ocorre a morte com a verificação da
morte cerebral, ou a morte presumida, que decorre dos casos previstos no art.7º do Código Civil. A questão
da morte real, inclusive está prevista no art. 3º da Lei n. 9.434/97, lei que trata sobre a remoção de órgãos,
tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante:

Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante
ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois
médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos
e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.

A morte presumida exige requisitos legais estabelecidos no art. 7º, quais sejam:

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra.

Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

E) CORRETA: O nascimento com vida fixa o início da personalidade, ou seja, a partir daí o ente passa a ser
sujeito de direito e de deveres.

As exigências no Direito brasileiro são mais simples que as de algumas outras legislações, como aquelas que
reclamam para a aquisição da personalidade não só o nascimento com vida, mas a viabilidade, habilis vitae,

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ou que o recém-nascido tenha figura humana ou que haja vivido ao menos vinte e quatro horas, como no
direito português.

Ter nascido com vida, porém, é requisito inafastável, e sua ocorrência ou não determina consequência da
mais alta relevância, inclusive do aspecto sucessório.

Quanto ao nascituro há controvérsia na doutrina (Natalista, conceptualista, condicional etc).

Ainda, não se há de confundir, porém, o nascituro com a prole eventual. A prole eventual não passa de
mera expectativa; contudo, a lei permite que lhe sejam atribuídos bens na sucessão e que ficará sob a
guarda de curador nomeado pelo juiz, pelo prazo de dois anos, dentro do qual, salvo disposição em contrário
do testador, deverá ser concebido o herdeiro esperado, e, tal não ocorrendo, os bens serão deferidos aos
herdeiros legítimos (arts. 1.799, 1, e 1.800).

Há ainda o natimorto, é o ente que nasce sem vida, ou seja, é o nascituro que nasce morto.

Luciano L. Figueiredo e Roberto L. Figueiredo6 (2015, p. 131) explicam que, “(...) em conceito contraditório,
afirmam os manuais que o natimorto é aquele que já nasceu morto, porém, que, antes de morrer, o
natimorto fora um nascituro, sendo tutelado pelo ordenamento jurídico. Justo por isso, afirma o Enunciado
1 do Conselho da Justiça Federal (CJF) que ‘a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto
no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura’. O natimorto terá,
ainda, registro de nascimento e óbito, em livro específico, nas pegadas do art. 53 da LRP”.

💡💡 GABARITO: C

PROFESSOR RAFAEL PEREIRA


E-mail: profcei.rafaelpereira@gmail.com

🏳🏳 DIREITO EMPRESARIAL

QUESTÃO 16. Assinale a alternativa CORRETA em relação ao empresário.

A) A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, não responderá
pelas obrigações contraídas.

B) Poderá o incapaz, independentemente de representante, continuar a empresa antes exercida por ele
enquanto capaz.

C) Considera-se empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística,

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ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores.

D) Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a


produção ou a circulação de bens ou de serviços.

E) É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede,


antes do início de sua atividade, contudo não é obrigatória a inscrição de filial em outra jurisdição da
matriz.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Olá pessoal estamos começando direito empresarial, o qual tem sido cobrado nos
concursos do Ministério Público e muitas vezes tem auxiliado na aprovação, já que a cobrança das questões,
principalmente de primeira fase, não exige um aprofundamento da matéria.

Para organização de estudo, e desde já compreensão das matérias que mais são cobradas, trabalharemos
inicialmente com as disposições do direito empresarial do Código Civil e em seguida das leis esparsas como
LC 123/06 Microempresa, lei de falências, franquia, direitos autorais e etc.

Diante das poucas questões iniciaremos já com o conceito de empresário e algumas disposições de sociedades
empresárias, as quais terão ainda maior aprofundamento.

Alternativa está incorreta em razão de que a pessoa legalmente impedida de exercer a atividade de
empresário, caso exerça, responderá pelas obrigações contraídas. Art. 973, do Código Civil.

Os impedimentos para ser empresário, estão espalhados por toda a legislação, como por ex. Na lei de
falências, os falidos não reabilitados, pelo fato de não terem recuperação judicial ou extrajudicial, sendo a
perda seus bens e até a administração deles, são considerados parte da massa falida. E por esse motivo, não
poderão exercer a atividade empresarial até sua reabilitação que é decretada pelo juiz.

No entanto, um artigo utilizado para exemplificar os impedimentos legais é o Art. 1.011, do Código Civil, que
trata do administrador, aplicando-se ao impedimento para ser empresário.

Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência
que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios.

§ 1º Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena
que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação,
peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional,
contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade,
enquanto perdurarem os efeitos da condenação.

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B) INCORRETA: capacidade para ser empresário, poderá o incapaz mediante representante ou devidamente
assistido. Art. 974, do Código Civil. Aliás artigo de lei muito cobrado em concursos.

Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes
exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.

§1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da
empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos
os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por
terceiros.

§2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou
da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder
a autorização.

§3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou
alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os
seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)

I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)

II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)

III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por
seus representantes legais

C) INCORRETA: Veja o parágrafo único do Art. 966, do Código Civil: Parágrafo único. Não se considera
empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

D) CORRETA: Esse é o conceito de empresário, segundo o Art. 966 do Código Civil.

Sistematizando o conceito:

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços.

1- Profissionalmente: aquele que desenvolve a atividade habitualmente.

2- Atividade econômica: com intuito lucrativo, assumindo os riscos da atividade.

Direito do Trabalho: empregado x empregador.

Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade

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econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador,
sob a dependência deste e mediante salário.

3- Organizada: articula os fatores de produção, são os recursos, ou seja, organiza pessoas, dinheiro,
transportes (Recursos humanos, tecnológicos, financeiros, etc.).

4- Produção ou a circulação de bens ou de serviços: dois pontos, primeiro que evolui da teoria do comércio,
ou seja, toda atividade organizada, econômica, exercida de forma habitual será atividade empresarial, ou
seja, não só o comércio em si como compra e venda de produtos ou serviços, mas outras atividades, como
importação, exportação, representação, etc. não restringe o termo “comercial”. E outro ponto que a produção
e circulação de mercadorias e serviços é para o mercado e não para o consumo próprio.

E) INCORRETA: Deve-se inscrever a filial, sucursal ou agência sujeira a outra jurisdição da matriz.

Veja a previsão nos Arts.967 e 969 do Código Civil:

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva
sede, antes do início de sua atividade.

Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro
Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária.

Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 17. Sobre as sociedades empresariais aponte a alternativa INCORRETA.

A) A sociedade empresária é a que exerce atividade própria de empresária, tem seu registro na junta
comercial e se submete ao processo de falência.

B) As sociedades podem ser classificadas quanto a responsabilidade dos sócios em sociedades com
responsabilidade ilimitada, responsabilidade limitada ou mistas.

C) Diante das previsões constitucionais que estabelecem os primados da livre-iniciativa e da livre-


concorrência, não é possível restringir a criação de uma sociedade empresarial a autorização do governo.

D) É possível, segundo o Código Civil, a formação de sociedade empresarial entre cônjuges.

E) Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a

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cooperativa.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Importante iniciar os estudos entendendo a diferença entre sociedades empresárias e


sociedades simples.

Sociedade pode ser conceituado como ato de manifestação de vontade de duas ou mais pessoas com o
propósito de criar um ente e com uma finalidade econômica, titularizando direitos e assumindo deveres.

Nesse sentido, a sociedade empresária é a que exerce atividade própria de empresária, tem seu registro na
junta comercial e se submete ao processo de falência (Lei n. 11.101/2005).

Já a sociedade simples é adotada para profissionais liberais ou cooperativa. Os registros são feitos no cartório
de registro de pessoas jurídicas e se submete ao processo de insolvência civil e não da lei de falências.

Empresária Simples

- exerce atividade própria de empresário - profissionais liberais ou cooperativas

- junta comercial - registros de PJ

- submete-se processo de falência, Lei n. - insolvência civil


11.101/2005

B) CORRETA: Essa é a classificação adotada pelo nosso código civil, que diferencia as sociedades com base
na responsabilidade, a qual poderá ser ilimitada, limitada ou mista.

Veja o que a doutrina de André Luiz Santa Cruz Ramos:

Segundo esse critério classificatório, pois, as sociedades podem ser de responsabilidade ilimitada (por
exemplo, a sociedade em nome coletivo), de responsabilidade limitada (por exemplo, a sociedade anônima e
a sociedade limitada) ou mistas (por exemplo, a sociedade em comandita simples e a sociedade em comandita
por ações).

É preciso destacar que a limitação ou ilimitação de responsabilidade dos sócios diz respeito à sua
responsabilidade pessoal por dívidas da sociedade, ou seja, à possibilidade de os credores da sociedade
executarem o patrimônio pessoal dos sócios para satisfação de obrigações sociais. A responsabilidade dos
sócios é que será limitada ou ilimitada. A responsabilidade da sociedade, por sua vez, será sempre ilimitada.

Assim sendo, nas sociedades de responsabilidade limitada, todos os sócios respondem limitadamente pelas
obrigações sociais, ou seja, seu patrimônio pessoal, em princípio, não pode ser executado para a satisfação

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de débitos sociais. Sendo possível executar o seu patrimônio pessoal, eventualmente, haverá um limite
de responsabilidade. Nas sociedades de responsabilidade ilimitada, por outro lado, os sócios respondem
ilimitadamente, ou seja, esgotado o patrimônio da sociedade, os credores podem executar todo o restante
da dívida social no patrimônio dos sócios, sem limite.

C) INCORRETA: Embora haja a previsão dos os primados da livre-iniciativa (art. 170, parágrafo único) e da
livre-concorrência (art. 170, inciso IV), por questões de segurança nacional poderá ser restringindo a criação
das sociedades empresárias.

Como por exemplo nos casos de sociedades empresárias da área de comunicação, bem como de sociedades
estrangeiras.

Vejas as disposições do Código Civil:

Art. 1.123. A sociedade que dependa de autorização do Poder Executivo para funcionar reger-se-á por este
título, sem prejuízo do disposto em lei especial.

Parágrafo único. A competência para a autorização será sempre do Poder Executivo federal.

Art. 1.141. Mediante autorização do Poder Executivo, a sociedade estrangeira admitida a funcionar no País
pode nacionalizar-se, transferindo sua sede para o Brasil.

D) CORRETA: Acabando com antiga discussão, o Código Civil de 2002 que estabeleceu regras gerais do direito
empresarial, previu a possibilidade de cônjuges firmarem sociedade.

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham
casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.

E) CORRETA: Previsão no parágrafo único do art. 982, do Código Civil, sempre cobrado em provas de direito
empresarial, devido a sua imposição legal restringindo a criação de sociedades específicas.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício
de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967 ); e, simples, as demais.

Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e,
simples, a cooperativa.

💡💡 GABARITO: C

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PROFESSOR BRUNO FIGUEIREDO CACHOEIRA DANTAS


E-mail: profcei.brunodantas@gmail.com

🏳🏳 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

QUESTÃO 18. Sobre o Novo Código de Processo Civil e o Pacote Anticrime, é correto afirmar:

A) À luz do Pacote Anticrime, não se declarará a nulidade de sentença absolutória por ausência de
fundamentação, tendo em vista a inexistência de prejuízo para as partes.

B) O Novo Código de Processo Civil não influenciou o Pacote Anticrime.

C) Na seara penal, a invocação de precedente judicial é capaz de, por si só, fundamentar uma decisão
interlocutória.

D) O instituto da distinção está restrito às demandas cíveis.

E) O Novo Código de Processo Civil aplica-se subsidiariamente aos processos de natureza criminal.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: Dispõe o Código de Processo Penal: Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade
não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
V - em decorrência de decisão carente de fundamentação. A nulidade por ausência de fundamentação
foi incluída pelo referido pacote (apesar de, ao meu sentir, já ser decorrência do texto constitucional).
A alternativa está errada, pois a ausência de fundamentação na sentença absolutória traz prejuízo para
a acusação. Quando esta for exercida pelo Ministério Público, é de extrema importância ressaltar que o
órgão (vocês) atuam em defesa também da sociedade e da vítima. O Professor Mauro Fonseca Andrade7
ensina que a concepção dos direitos humanos e dos direitos fundamentais não podem ser direcionados
unicamente para a proteção de quem viola as regras de conduta de uma sociedade. Esta, também formada
por seres humanos, e eles, em caráter individual, também são detentores dos mesmos direitos presentes em
cada constituição que os internaliza, não se podendo negar que à sociedade, de modo geral ou individual,
igualmente os aspectos protetivos desses direitos.

B) INCORRETA: Como se pode perceber já no comentário da alternativa anterior, o Novo Código de Processo
Civil possui em seu espírito trazer o tema da fundamentação das decisões como umas das perspectivas mais
importantes dentro do seu texto. Nesse liame, foram vários dispositivos do Pacote Anticrime que foram
modificados (ou introduzidos) para que o Código de Processo Penal também trabalhasse a temática de

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forma explicita.

C) INCORRETA: Art. 315 do Código de Processo Penal. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão
preventiva será sempre motivada e fundamentada. § 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão
judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado
de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento
se ajusta àqueles fundamentos.

D) INCORRETA: VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte,
sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

E) CORRETA: Art. 15 do Novo Código de Processo Civil. Na ausência de normas que regulem processos
eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e
subsidiariamente. Preciosa a lição do Professor Renato Brasileiro: “(…) Interpretação literal do referido
dispositivo pode nos levar à conclusão (equivocada) de que o novo Código de Processo Civil só pode ser
aplicado subsidiariamente aos processos eleitorais, trabalhista ou administrativos, ou seja, como o dispositivo
não faz qualquer menção aos processos criminais, ter-se-ia como inviável a aplicação residual do novo CPC
aos processos de natureza criminal. No entanto, não há nenhuma razão lógica para se afastar a aplicação
subsidiária do novo CPC ao processo penal, até mesmo porque tal prática já era – e continuará sendo –
recorrente na vigência do antigo (e do novo) CPC. Exemplificativamente, como o Código de Processo Penal
nada diz acerca do procedimento a ser utilizado para a produção da prova antecipada prevista no art. 225,
a doutrina sempre sustentou a possibilidade de aplicação subsidiária dos arts. 846 a 851 do antigo CPC
(arts. 381 a 383 do novo CPC). Portanto, quando o art. 15 do novo CPC faz referência apenas aos processos
eleitorais, trabalhistas ou administrativos, houve uma omissão involuntária do legislador, que deve ser
suprida pela interpretação extensiva para fins de ser reconhecida a possibilidade de aplicação supletiva e
subsidiária do novo diploma processual civil ao processo penal (comum e militar).

💡💡 GABARITO: E

QUESTÃO 19. Acerca das fases metodológicas da ciência do Processo, assinale a alternativa correta:

A) Na fase do praxismo demarcavam-se as fronteiras entre o direito material e o processual. Assim,


existiam duas relações jurídicas autônomas: a material e a processual.

B) Segundo a fase do processualismo, o processo era estudado nos aspectos práticos, ocorrendo uma
“confusão metodológica” entre o direito material e o processual.

C) À luz da doutrina contemporânea, a evolução histórica do direito processual é dividida em três fases:
sincretismo, autonomismo e instrumentalismo.

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D) A fase do instrumentalismo reconhece as diferenças funcionais entre o direito processual e o direito


material, mas estabelece-se uma relação de mútua influência, resgatando a proximidade das relações
jurídicas de forma que o processo possa ser um instrumento de acesso à justiça.

E) Nenhuma das alternativas está correta.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A fase do praxismo ou sincretismo é aquela que não visualizava-se a distinção entre o direito
material e o processo. O processo era estudado apenas em seus aspectos práticos. O conceito delineado na
alternativa é da fase do processualismo ou autonomismo.

B) INCORRETA: Aqui houve uma inversão de conceitos como se pode perceber. A expressão “confusão
metodológica” é utilizada pelo Professor João Paulo Lordelo8 como forma de ilustrar a fase em comento,
tendo em vista que o direito processual não era estudado como uma ciência autônoma.

C) INCORRETA: À luz da lição do Professor Fredie Didier Jr9, a fase atual do processo deve ser encarada com
uma quarta categoria: Neoprocessualismo. Com conexões com o termo Neoconstitucionalismo, a quarta
fase de estudo do processo estuda as categorias fundamentais (jurisdição, ação, defesa e processo) a partir
das premissas do Estado Constitucional. Ressalte-se, a título de aprofundamento, que a Universidade Federal
do Rio Grande do Sul denomina essa fase como formalismo valorativo.

D) CORRETA: Fredie Didier Jr.10 ainda acrescenta que na fase instrumentalista, o processo passa a ser objeto
de estudo de outras ciências, como a sociologia (busca da justiça). Ademais, para se garantir o acesso à
justiça, os ordenamentos jurídicos devem passar por 3 ondas renovatórias de alterações legislativas: a)
justiça aos pobres; b) coletivização do processo; e c) efetividade das normas processuais.

E) INCORRETA: A alternativa D está correta.

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 20. Sobre tutela inibitória, assinale a alternativa incorreta:

A) Em virtude da existência de novos direitos ligados aos idosos, crianças e adolescentes, direito do
consumidor, direito ambiental, entre outros marcados pela relevância, a tutela inibitória surge como
mecanismo de defesa preventiva e satisfativa, falando-se em uma medida atípica.

B) O objeto da tutela inibitória é o dano.

9 Curso de Direito Processual Civil, 2019, p. 52.


10 Curso de Direito Processual Civil, 2019, p. 52.

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C) A tutela inibitória ataca o ilícito em três dimensões: evitar sua prática, continuidade ou repetição.

D) É irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo para fins de


acolhimento do pleito inibitório.

E) A tutela inibitória tem previsão expressa no Novo Código de Processo Civil.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETO: Gregório Assagra de Almeida11 ensina que a tutela inibitória tem origem remota no interdito
proibitório do direito romano, mas em virtude dos “novos direitos”, hoje se fala em tutela inibitória atípica,
positiva ou negativa.

B) INCORRETO: Aduz o Novo Código de Processo Civil no parágrafo único do art. 497: “Para a concessão da
tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção,
é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo”. Gregório Assagra
de Almeida12 explica com clareza: “(…) o objeto da tutela inibitória é o ilícito, enquanto o dano seria objeto
da tutela ressarcitória ou reparatória. O dano seria uma consequência do ilícito. (…) em sendo uma tutela
genuinamente preventiva, ela se volta para o futuro”.

C) CORRETO: O já citado Professor menciona as três dimensões e exemplifica: ACP para evitar que uma
empresa entre em funcionamento sem licenciamento ambiental; que a empresa continue funcionando; ou
que determinada empresa venha novamente a se instalar em nova localidade sem o devido licenciamento.

D) CORRETO: Vide comentários do item “B”.

E) CORRETO: O instituto está previsto de forma expressa no art. 497 do Novo Código de Processo Civil.

💡💡 GABARITO: B

QUESTÃO 21. À luz da técnica de ampliação do colegiado e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
é correto afirmar:

A) Não é garantido o direito a sustentação oral perante os novos julgadores.

B) A técnica de ampliação do colegiado não pode ser aplicada de ofício.

C) Trata-se de um recurso.

11 Temas Avançados de Ministério Público, p. 397.


12 Temas Avançados de Ministério Público, p. 398.

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D) Pode ocorrer após a conclusão do julgamento.

E) A técnica aplica-se ao instituto da apelação.

💡💡 GABARITO COMENTADO

E) CORRETA (responde as demais alernativas): A técnica de ampliação do colegiado está prevista no art.
942 do Novo Código de Processo Civil: “Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos
termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de
inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente
suas razões perante os novos julgadores. A técnica pode ser aplicada de ofício e, conforme se extrai do
texto legal, as partes podem sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. A previsão é
importante, tendo em vista que o poder de influência é umas das dimensões do contraditório real e efetivo.
Ademais, a parte não precisa requerer sua aplicação, ou seja, pode ser aplicada de ofício. Sobre a natureza
jurídica do instituto, explica com clareza o Ministro Luis Felipe Salomão (REsp 1733820/SC, Rel. Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 02/10/2018, DJe 10/12/2018): “A forma de julgamento
prevista no art. 942 do CPC de 2015 não se configura como espécie recursal nova, porquanto seu emprego
será automático e obrigatório, conforme indicado pela expressão “o julgamento terá prosseguimento”, no
caput do dispositivo, faltando-lhe, assim, a voluntariedade e por não haver previsão legal para sua existência
(taxatividade)”.

Avançando, é preciso ter em mira que, como não se trata de recurso, não haverá a proclamação do resultado
sem a apreciação pelo colegiado. Veja-se a previsão do parágrafo primeiro do citado artigo: “Sendo possível,
o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que
porventura componham o órgão colegiado”.

Atentem-se que a alternativa “e” pode parecer uma pegadinha. Ela está correta, pois, conforme o caput,
a técnica aplica-se ao recurso de apelação, mas a alternativa não entra nas nuances e demais requisitos.
O instituto também aplica-se: § 3º A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao
julgamento não unânime proferido em: I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença,
devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento
interno; II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.

💡💡 GABARITO: E

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PROFESSOR BRUNO FIGUEIREDO CACHOEIRA DANTAS


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🏳🏳 DIREITO PROCESSUAL COLETIVO

QUESTÃO 22. À luz das disposições do Novo Código de Processo Civil e da Lei Maria da Penha, assinale a
alternativa incorreta:

A) A vítima tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

B) É competente o foro da vítima de violência doméstica para a ação de divórcio, separação, anulação de
casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável.

C) O Ministério Público deve intervir nas ações de família quando uma das partes figure como vítima de
violência doméstica.

D) A prioridade de tramitação não se restringe aos processos criminais envolvendo violência doméstica.

E) Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher são competentes para julgar a pretensão
relacionada à partilha de bens.

💡💡 GABARITO COMENTADO

Muitas alterações recentes no plano processual envolvendo mulheres vítimas de violência doméstica e
familiar contra a mulher. Vejamos os pontos trabalhados na questão.

A) CORRETO: Art. 14-A da Lei Maria da Penha. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de
dissolução de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

B) CORRETO: Art. 53 do Novo Código de Processo Civil. É competente o foro: I - para a ação de divórcio,
separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: d) de domicílio da
vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei 11.340/06.

C) CORRETO: Art. 698 do Novo Código de Processo Civil. Nas ações de família, o Ministério Público somente
intervirá quando houver interesse de incapaz e deverá ser ouvido previamente à homologação de acordo.
Parágrafo único. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas ações de família em que figure
como parte vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei 11.340. Veja-se que ocorreu uma
ampliação da participação do Ministério Público na intervenção dos processos de família.

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D) CORRETO: Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos
judiciais: III - em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei 11.340/06.
Essa alteração é de extrema importância, tendo em vista que a Lei Maria da Penha trazia de forma explícita
a prioridade nos feitos de natureza criminal.

E) INCORRETO: Art. 14-A, § 1º, da Lei Maria da Penha. Exclui-se da competência dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à partilha de bens. Outra importante alteração,
tendo em vista que as ações envolvendo violência doméstica, possuem a marca da urgência. Tal necessidade
é incompatível com tramitação da partilha de bens, assegurando a vítima, caso ela faça essa opção, a rapidez
necessária para dissolução do vínculo com o agressor.

💡💡 GABARITO: E

QUESTÃO 23. A decisão estrutural consiste na implantação de uma reforma estrutural em um ente,
organização ou instituição, a fim de “concretizar um direito fundamental, realizar uma determinada
política pública ou resolver litígios complexos”13. Sobre as demandas de natureza estrutural, assinale a
alternativa incorreta:

A) A concepção de demanda estrutural teve seu nascedouro a partir da postura ativa dos juízes norte-
americanos. Determinou-se, à época, a matrícula de estudantes negros numa escola pública dedicada à
educação de pessoas brancas.

B) A demanda de natureza estrutural possui uma estrutura deôntica de norma-regra e outra de norma-
princípio.

C) As demandas estruturais restringem-se os casos que o ente público é parte.

D) As fórmulas tradicionais de intervenção dos processos individuais são insuficientes para garantir a
ampla participação nos processos estruturais.

E) Os processos estruturais demandam aprofundamento e modificações na ideia de separação dos poderes


e análise do mérito administrativo.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETO: Segundo os Professores Fredie Didier Jr. e Hermes Zanetti Jr.14, a concepção de decisão estrutural
teve seu nascedouro a partir da postura ativa dos juízes norte-americanos entre 1950 e 1970. Especificamente

13 p. 455.
14 Curso de Direito Processual Civil: Processo Coletivo, 13ª ed., 2019, Ed. JusPodivm. p. 455.

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no ano de 1954, determinou-se a matrícula de estudantes negros numa escola pública dedicada à educação
de pessoas brancas. Essa ampla modificação no sistema educacional fez surgir o structural reform.

B) CORRETO: Transcreve-se a rica lição dos citados Professores na íntegra15: “Normalmente, prescreve uma
norma jurídica de conteúdo aberto; não raro o seu preceito indica um resultado a ser alcançado – uma
meta, um objetivo – assumindo, por isso, e nessa parte, a estrutura deôntica de uma norma-princípio, com
o objetivo de promover um determinado estado de coisas. Mas não é só isso: uma decisão que estrutura
o modo como se deve alcançar esse resultado, determinando condutas que precisam ser observadas ou
evitadas para que o preceito seja atendido e o resultado, alcançado – assumindo, por isso, e nessa parte, a
estrutura deôntica de uma norma-regra.”

C) INCORRETO: Em continuidade, os citados Professores observam que as decisões de natureza estrutural


possuem como principais características a acentuada intervenção na atividade dos sujeitos públicos ou
privados envolvidos no processo, bem como provimentos em cascata, ou seja, decisões posteriores à
principal buscam resolver os novos problemas advindos da efetivação das decisões anteriores.

D) CORRETO: Em virtude da complexidade das decisões estruturais e a potencialidade de atingir grande


número de pessoas, verifica-se que as fórmulas de intervenção de terceiros tradicionais não são suficientes
para garantir a ampla participação nos processos estruturais. Necessário, portanto, estudar a participação
de novos sujeitos no processo, como a admissão de amicus curiae e a realização de audiências públicas. A
audiência pública é instrumento consensual de participação dos interessados, caracterizada por ser uma
forma de participação, através de debates abertos e públicos, com o objetivo de a sociedade ser consultada
e, assim, manifestar seus posicionamentos, opiniões e propor soluções.

E) CORRETA: Preciosa é a lição do Professor Ricardo Duarte Jr16 no sentido de que a ideia de separação dos
poderes tal como vislumbrada por Montesquieu não subsiste mais. Com efeito, há uma separação de funções
do Estado “em que cada poder possui diversas funções, típicas e atípicas, delimitadas pelo ordenamento
jurídico positivo vigente”. No mesmo pórtico, também é necessário repensar a ideia que o judiciário não
pode “interferir” na análise do mérito administrativo. Com efeito, a determinação de uma implantação
de uma política pública inexistente, complementação ou aperfeiçoamento de uma política deficiente, são
formas de imiscuir-se no mérito da atividade administrativa.

💡💡 GABARITO: C

QUESTÃO 24. Sobre representatividade adequada, legitimação coletiva e pertinência temática, assinale a
alternativa correta.

15 p. 456.
16 Agência Reguladora, Poder Normativo e Democracia Participativa, p. 462.

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A) A representatividade adequada e a legitimidade ad causam estão atreladas ao sistema romano-


germânico (common law).

B) É unânime na doutrina a possibilidade de controle judicial da representatividade adequada.

C) A pertinência temática é a exigência de que a atuação do legitimado ativo coletivo se dê de acordo com
suas finalidades institucionais.

D) O Brasil tratou a representatividade adequada em similitude ao que ocorre nos Estados Unidos.

E) Não há divergência acerca da inserção da pertinência temática dentro das categorias processuais do
sistema jurídico brasileiro.

💡💡 GABARITO COMENTADO

As lições aqui retratadas possuem como base de sustentação e análise as lições do Professor Gregório
Assagra de Almeida17.

A) INCORRETO: A representatividade adequada está mais atrelada ao sistema anglo-americano (common


law), enquanto a legitimidade ad causam é instituto mais ligado ao sistema romano-germânico (civil law).
Dois erros na alternativa, portanto.

B) INCORRETO: Há divergência forte nesse sentido. Sugiro um aprofundamento nessa temática, pois é
majoritário no Supremo Tribunal Federal a possibilidade de tal controle. No entanto, em solo doutrinário,
vertente doutrinária (Gregório Assagra de Almeida e Nelson Nery Jr.) entende pela impossibilidade do
controle judicial restritivo da representatividade adequada, salvo na hipótese do §4º do art. 5º da Lei de Ação
Civil Pública. Isso porque o sistema brasileiro optou pela aferição prévia da representatividade adequada
(ope legis).

C) CORRETO: Conceito do Professor Gregório Assagra de Almeida.

D) INCORRETO: No sistema norte-americano (class actions), a representação adequada é aferida ope judicis,
ou seja, pelo juiz de forma concreta.

E) INCORRETO: Outro ponto tormentoso que vocês devem conhecer da divergência. Hugo Nigro Mazzili, por
exemplo, sustenta que o instituto da pertinência temática trata-se de um pressuposto processual. Noutro
viés, Gregório Assagra de Almeida defende que o instituto está mais atrelado à legitimidade ad causam.

💡💡 GABARITO: C

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🏳🏳 DIREITO CONSTITUCIONAL

QUESTÃO 25. São legitimados a propor a edição, cancelamento ou revisão de súmula vinculante, exceto:

A) Presidente da República.

B) Vice-presidente da república.

C) Procurador-Geral da República.

D) Governador de Estado ou do Distrito Federal.

E) Defensor Público-Geral da União.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: O presidente da república é um dos legitimados para propor a edição, cancelamento ou revisão
de súmula vinculante, nos termos do artigo 3º, inciso I, da Lei 11.417/2006.

B) INCORRETA: Este é o gabarito da questão, uma vez que o vice-presidente da república não está no rol de
legitimados do artigo 3º da Lei 11.417/2006. Percebam que a leitura da Lei 11.417/2006 é muito importante
na matéria de Direito Constitucional. Principalmente em prova objetiva sempre aparece uma questão sobre
esse tema. O examinador por vezes se atenta ao fato que o estudo do Direito Constitucional gira em torno
da leitura do texto constitucional e de questões filosóficas sobre a matéria e acaba cobrando uma questão
sobre este tema. Portanto, não deixem de ler a Lei 11.417/2006!

C) CORRETA: O Procurador-Geral da República (PGR) está entre os legitimados para propor a edição,
cancelamento ou revisão de súmula vinculante, nos termos do artigo 3º, inciso IV, da Lei 11.417/2006.

D) CORRETA: Os Governadores de Estado e do Distrito Federal também estão no rol de legitimados para
propor súmulas vinculantes, precisamente no artigo 3º, inciso X, da Lei 11.417/2006.

E) CORRETA: Este talvez seja o legitimado que mais aparece nos enunciados de provas de concurso público:
o Defensor Público-Geral. Os examinadores colocam o DPG nas provas pois em que pese seja possível a
propositura de edição, revisão e cancelamento de súmulas vinculantes pelo DPG, não há a mesma previsão
no caso de propositura de ações no controle concentrado. Assim, o examinador tenta confundir os

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candidatos. No entanto, lembre-se: o Defensor Público-Geral está entre os legitimados para propor edição,
cancelamento ou revisão de súmula vinculante (art. 3º, inciso VI, da Lei 11.417/2006).

💡💡 GABARITO: B

QUESTÃO 26. São consectários do constitucionalismo abusivo (abusive constitucionalism), também


chamado de legalismo autocrático, exceto:

A) Ataques às cortes constitucionais e tribunais máximos de determinado país.

B) Ataques a atores internos que limitam o poder do Estado.

C) Ataques a atores internos que fiscalizam o poder do Estado.

D) Ataques a atores internacionais e tribunais internacionais de direitos humanos.

E) Ataques a atores e a monumentos históricos de determinado país que simbolizam o direito à diferença.

💡💡 GABARITO COMENTADO

Ao analisar a medida cautelar na ADPF 622 proposta pela Procuradoria-Geral da República no fim do ano
de 2019, o Ministro Luis Roberto Barroso suspendeu trechos do editado por Bolsonaro e restabeleceu
os mandatos dos antigos conselheiros do CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente. Um dos fundamentos levantados por Barroso foi justamente o constitucionalismo abusivo
que, em breve síntese, pode compreendido como atos aparentemente legais, mas que provocam retrocesso
democrático.

A ideia de constitucionalismo abusivo foi cunhada por David Landau que define este modo de
constitucionalismo como “o uso de institutos de origem democrática para ceifar o espaço do pluralismo num
determinado país”. Esta forma de constitucionalismo, portanto, utiliza de mecanismos formais de mudança
constitucional para atentar contra o regime democrático.

O constitucionalismo abusivo pode ser visualizado na América Latina em períodos nos quais os Estados
americanos passaram por ditaduras, uma vez que em diversas destas situações, buscou-se dar uma aparente
legalidade e legitimidade para estes regimes. Sobre o tema, Barroso ao julgar a MC na ADPF 622 salientou
que: “Ao contrário, as maiores ameaças à democracia e ao constitucionalismo são resultado de alterações
normativas pontuais, aparentemente válidas do ponto de vista formal, que, se examinadas isoladamente,
deixam dúvidas quanto à sua inconstitucionalidade. Porém, em seu conjunto, expressam a adoção de medidas
que vão progressivamente corroendo a tutela de direitos e o regime democrático.”

O Ministro Luis Roberto Barroso também chama o constitucionalismo abusivo de legalismo autocrático e em

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texto denominado “Democracia Liberais, Direitos Humanos e Papel dos Tribunais Internacionais” conceitua
o fenômeno como um modelo que: “produz democracias iliberais, isto é, sem suficiente proteção a direitos,
com enfraquecimento das instituições e os riscos à autenticidade e lisura dos processos eleitorais que daí
advêm. Suas lideranças elegem alvos estratégicos na debilitação da democracia”.

OBS: Este tema ainda não apareceu em concursos públicos então fiquem atentos. É uma novidade que
certamente irá aparecer ao longo deste ano de 2020.

Barroso também define quatro consectários do constitucionalismo abusivo, vejamos nas alternativas:

A) CORRETA: Ataques às cortes supremas ou tribunais constitucionais: “Este é um alvo bastante óbvio: são
esses tribunais que apreciam a validade dos atos administrativos e normativos que vêm do Executivo e do
Legislativo, com o poder de invalidá-los. Tais ataques envolvem: (i) supressão de matérias da sua competência
jurisdicional; (ii) redução da idade de aposentadoria dos juízes, de forma a criar vagas a serem preenchidas
pelo governo; (iii) alteração do número de membros do tribunal; (iv) modificação do processo de escolha
de tais membros; e (v) restrição das garantias da magistratura. Tais ataques têm o objetivo de reduzir a
independência judicial e transformar as cortes em órgãos legitimadores das medidas do governo”

B) e C) CORRETAS: Ataques a atores internos que fiscalizam ou limitam o poder (aqui entraria o caso
analisado na ADPF 622): “Diversos atores públicos e privados funcionam como barreira de contenção ao
exercício abusivo do poder: o Legislativo, o Ministério Público, os partidos políticos de oposição, a imprensa, as
organizações não-governamentais (ONGs), movimentos sociais, entidades da sociedade civil (como OAB, por
exemplo) e a academia. As armas para esses ataques incluem a desqualificação pública, a interferência em
nomeações, o corte de financiamento, a imputação inverídica de delitos criminais a membros da sociedade
civil, a jornalistas e órgãos de imprensa e a supressão de recursos para pesquisas acadêmicas, em meio a
outras medidas”.

D) CORRETA: Ataques a atores internacionais e tribunais internacionais: “Também as cortes internacionais


são usualmente alvo de ataques por parte de líderes autoritários. Esses ataques envolvem a sua desqualificação
como agentes a serviço de interesses ilegítimos, a alegação de que não dispõem de legitimidade democrática
e de que desconhecem as realidades do país, o descumprimento aberto de suas decisões e, por fim, a denúncia
a tratados internacionais para, com isso, furtar-se à sua jurisdição”.

E) INCORRETA: Este não é um dos consectários do constitucionalismo abusivo segundo o Ministro Barroso.

Por fim, saliento que o constitucionalismo abusivo está ligado também com o movimento do
hiperpresidencialismo, tema que abordarei ao longo deste curso.

💡💡 GABARITO: E

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QUESTÃO 27. O reconhecimento da inconstitucionalidade de parte do regime sucessório do(a)


companheiro(a) pelo Supremo Tribunal Federal materializa o princípio da proibição do retrocesso na sua
vertente:

A) Institucional.

B) Social.

C) Ecológica.

D) Civil.

E) Política.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A dimensão institucional da vedação do retrocesso é uma novidade trazida pela doutrina e
pela PGR no final do ano de 2019. Na ADPF proposta contra a redução do número de cadeiras no CONANDA
(Conselho Nacional da Criança e do Adolescente), a Procuradoria-Geral da República sustentou a dimensão do
princípio da vedação do retrocesso institucional, uma vez que o enfraquecimento democrático do CONANDA
redundaria em um menor controle social por parte da população e acabaria com a paridade entre sociedade
e Estado no número de cadeiras no CONANDA. A liminar foi dada recentemente pelo Ministro Luis Roberto
Barroso.

B) INCORRETA: Esta é a clássica dimensão ou vertente do princípio da proibição do retrocesso. Segundo


o voto do Min. Celso de Mello no MS 24.875, a vedação do retrocesso social pode ser encarada como “o
postulado da proibição do retrocesso social, cuja eficácia impede – considera a sua própria razão de ser
– sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas pelo cidadão, que não pode ser despojado, por isso
mesmo, em matéria de direitos sociais, no plano das liberdades reais, dos níveis positivos de concretização
por ele já atingidos”.

C) INCORRETA: Esta dimensão da proibição do retrocesso está ligada a questões de direito ambiental. Ao
se deparar com diversos julgamentos, como por exemplo as ações diretas de inconstitucionalidade sobre o
Novo Código Florestal, a doutrina e até mesmo os tribunais superiores reconhecem a existência da proibição
do retrocesso em sua vertente ambiental, qual seja, a vedação ao retrocesso ecológico (termo utilizado pelo
doutrinador ambientalista Paulo Leme Machado).

D) CORRETA: Este é justamente o gabarito da questão. Vejamos a lição de André de Carvalho Ramos: “Ao
julgar no ano de 2017 a (in)constitucionalidade da desigualdade sucessória conferida pelas Leis 8.971/94
e 9.287/96 em cotejo com o Código Civil de 2002, O Ministro Luis Roberto Barroso reconheceu que “O

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Código Civil foi anacrônico e representou um retrocesso vedado pela Constituição na proteção legal das
famílias constituídas pela União Estável” (STF, RE 878.694/MG, Voto do Min. Luis Roberto Barroso). Neste
julgamento o STF fixou a seguinte tese: “é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges
e companheiros prevista no art. 1.790 do Código Civil de 2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de
casamento quanto nas de união estável, o regime do artigo 1.829 do CC/2002” (Curso de Direitos Humanos
– André de Carvalho Ramos).

E) INCORRETA: A dimensão política da proibição do retrocesso não está ligada com o enunciado da questão.
O princípio da vedação do retrocesso político foi mencionado pela Min. Cármen Lúcia ao julgar a medida
cautelar na ADI 4.543 que dispunha sobre a volta do “voto impresso”. Para a Ministra do Supremo Tribunal
Federal, “a proibição de retrocesso político-constitucional impede que direitos conquistados como o da
garantia do voto secreto pela urna eletrônica retrocedam para dar lugar ao modelo superado do voto
impresso” (STF, ADI 4.543-MC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 19/10/2011, Plenário; grifo nosso).

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 28. São princípios constitucionais da ordem econômica, exceto:

A) Defesa do consumidor.

B) Livre concorrência.

C) Propriedade privada.

D) Soberania nacional.

E) Tratamento favorecido para as empresas de médio porte constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sua sede e administração no País.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A, B, C e D) CORRETAS: O tema da ordem econômica é por vezes deixado de lado pelos alunos que não
costumam dar tanta importância para a matéria quanto em outros pontos do direito constitucional. A
questão é simples, mas os princípios constitucionais da ordem econômica devem ser decorados pelo aluno,
bem como todos os dispositivos sobre este tema que se encontram na Constituição Federal de 1988. Assim,
transcrevo os princípios da ordem econômica previstos no artigo 170 da Constituição Federal de 1988: “Art.
170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V -

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defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme
o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII -
busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as
leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 6, de 1995) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.

E) INCORRETA: Conforme já exposto no item anterior, apenas as empresas de “pequeno porte” constituídas
sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país recebem tratamento favorecido”.

💡💡 GABARITO: E

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🏳🏳 DIREITO ELEITORAL

QUESTÃO 29. Sobre o princípio da anualidade eleitoral, assinale a alternativa incorreta.

A) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da anualidade eleitoral possui a


natureza jurídica de cláusula pétrea.

B) A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

C) O princípio da anualidade eleitoral e o princípio da atipicidade eleitoral são sinônimos e tratam do


mesmo tema.

D) O princípio da anualidade eleitoral deve ser observado inclusive no caso de emendas constitucionais
que alterem o processo eleitoral.

E) O princípio da anualidade eleitoral deve ser observado inclusive nos efeitos irradiados de decisões do
Tribunal Superior Eleitoral que alterem o processo eleitoral.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: o Supremo Tribunal Federal já decidiu que em caso de alteração do processo eleitoral, até

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mesmo as emendas constitucionais devem respeitar o princípio da anualidade eleitoral. Senão vejamos o
precedente exarado pela Corte Constitucional brasileira:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 2º DA EC 52, DE 08.03.06. APLICAÇÃO


IMEDIATA DA NOVA REGRA SOBRE COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS ELEITORAIS, INTRODUZIDA NO
TEXTO DO ART. 17, § 1º, DA CF. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
DA LEI ELEITORAL (CF, ART. 16) E ÀS GARANTIAS INDIVIDUAIS DA SEGURANÇA JURÍDICA E DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF, ART. 5º, CAPUT, E LIV). LIMITES MATERIAIS À ATIVIDADE DO
LEGISLADOR CONSTITUINTE REFORMADOR. ARTS. 60, § 4º, IV, E 5º, § 2º, DA CF. 1. Preliminar
quanto à deficiência na fundamentação do pedido formulado afastada, tendo em vista a
sucinta porém suficiente demonstração da tese de violação constitucional na inicial deduzida
em juízo. 2. A inovação trazida pela EC 52/06 conferiu status constitucional à matéria até
então integralmente regulamentada por legislação ordinária federal, provocando, assim, a
perda da validade de qualquer restrição à plena autonomia das coligações partidárias no
plano federal, estadual, distrital e municipal. 3. Todavia, a utilização da nova regra às eleições
gerais que se realizarão a menos de sete meses colide com o princípio da anterioridade
eleitoral, disposto no art. 16 da CF, que busca evitar a utilização abusiva ou casuística do
processo legislativo como instrumento de manipulação e de deformação do processo eleitoral
(ADI 354, rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 12.02.93). 4. Enquanto o art. 150, III, b, da CF encerra
garantia individual do contribuinte (ADI 939, rel. Min. Sydney Sanches, DJ 18.03.94), o art. 16
representa garantia individual do cidadão-eleitor, detentor originário do poder exercido pelos
representantes eleitos e “a quem assiste o direito de receber, do Estado, o necessário grau
de segurança e de certeza jurídicas contra alterações abruptas das regras inerentes à disputa
eleitoral” (ADI 3.345, rel. Min. Celso de Mello). 5. Além de o referido princípio conter, em si
mesmo, elementos que o caracterizam como uma garantia fundamental oponível até mesmo
à atividade do legislador constituinte derivado, nos termos dos arts. 5º, § 2º, e 60, § 4º, IV,
a burla ao que contido no art. 16 ainda afronta os direitos individuais da segurança jurídica
(CF, art. 5º, caput) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). 6. A modificação no texto do
art. 16 pela EC 4/93 em nada alterou seu conteúdo principiológico fundamental. Tratou-se de
mero aperfeiçoamento técnico levado a efeito para facilitar a regulamentação do processo
eleitoral. 7. Pedido que se julga procedente para dar interpretação conforme no sentido de
que a inovação trazida no art. 1º da EC 52/06 somente seja aplicada após decorrido um ano
da data de sua vigência. (ADI 3685, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado
em 22/03/2006)
B) CORRETA: A alternativa menciona o conteúdo do princípio da anualidade eleitoral previsto no artigo 16
da Constituição da República Federativa do Brasil na sua literalidade: “A lei que alterar o processo eleitoral
entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de

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sua vigência”.

C) INCORRETA: O princípio da atipicidade eleitoral não possui correlação com o tema do princípio da
anualidade eleitoral. O princípio da atipicidade eleitoral, também chamado de princípio da vedação da
restrição de direitos políticos ou da estrita legalidade eleitoral estipula que a restrição de direitos políticos
no direito eleitoral brasileiro ocorre de forma taxativa. Assim, compete apenas ao legislador estipular as
situações nas quais os direitos políticos podem ser restringidos no Brasil, não cabendo ao intérprete criar
novas hipóteses de perda ou suspensão dos direitos políticos pela via interpretativa. Sobre o princípio da
atipicidade eleitoral e sua aplicação no Estado brasileiro, é a lição de Thales Tácito: “No Direito Eleitoral
brasileiro, nas situações em que não se estiver restringindo direitos políticos, não cabe ao intérprete fazê-
lo. Esse princípio é fundamental, é norma de aplicação geral e corresponde exatamente ao in dubio pro
reo do Direito Processual Penal. Podemos chamá-lo de in dubio pro candidato ou in dubio pro eleitor, ou
seja, havendo dúvida deve sempre o juiz ou Tribunal priorizar a não estrição de direitos políticos”. (TÁCITO,
Thales. Direito Eleitoral Esquematizado. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 35).

D) CORRETA: Este enunciado está intimamente relacionado com o debate envolvendo a PEC das Diretas
Já na época em que se buscava a aprovação de uma PEC para que o povo escolhesse o substituto(a) da ex-
presidente Dilma após o processo de impeachment. Para boa parte da doutrina brasileira, a PEC das Diretas,
estaria eivada de vício, uma vez que a mesma violaria o princípio da anualidade eleitoral previsto no artigo
16 da Constituição Federal. Nesse sentido, lembro ao aluno que segundo a própria Corte Constitucional
brasileira, o referido princípio possui status de cláusula pétrea. Voltando ao tema das emendas à Constituição,
o Supremo Tribunal Federal já decidiu que em caso de alteração do processo eleitoral, até mesmo as emendas
constitucionais devem respeitar o princípio da anualidade eleitoral. Senão vejamos o precedente exarado
pela Corte Constitucional brasileira:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 2º DA EC 52, DE 08.03.06. APLICAÇÃO


IMEDIATA DA NOVA REGRA SOBRE COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS ELEITORAIS, INTRODUZIDA NO
TEXTO DO ART. 17, § 1º, DA CF. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
DA LEI ELEITORAL (CF, ART. 16) E ÀS GARANTIAS INDIVIDUAIS DA SEGURANÇA JURÍDICA E DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF, ART. 5º, CAPUT, E LIV). LIMITES MATERIAIS À ATIVIDADE DO
LEGISLADOR CONSTITUINTE REFORMADOR. ARTS. 60, § 4º, IV, E 5º, § 2º, DA CF. 1. Preliminar
quanto à deficiência na fundamentação do pedido formulado afastada, tendo em vista a
sucinta porém suficiente demonstração da tese de violação constitucional na inicial deduzida
em juízo. 2. A inovação trazida pela EC 52/06 conferiu status constitucional à matéria até
então integralmente regulamentada por legislação ordinária federal, provocando, assim, a
perda da validade de qualquer restrição à plena autonomia das coligações partidárias no
plano federal, estadual, distrital e municipal. 3. Todavia, a utilização da nova regra às eleições
gerais que se realizarão a menos de sete meses colide com o princípio da anterioridade

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eleitoral, disposto no art. 16 da CF, que busca evitar a utilização abusiva ou casuística do
processo legislativo como instrumento de manipulação e de deformação do processo eleitoral
(ADI 354, rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 12.02.93). 4. Enquanto o art. 150, III, b, da CF encerra
garantia individual do contribuinte (ADI 939, rel. Min. Sydney Sanches, DJ 18.03.94), o art. 16
representa garantia individual do cidadão-eleitor, detentor originário do poder exercido pelos
representantes eleitos e “a quem assiste o direito de receber, do Estado, o necessário grau
de segurança e de certeza jurídicas contra alterações abruptas das regras inerentes à disputa
eleitoral” (ADI 3.345, rel. Min. Celso de Mello). 5. Além de o referido princípio conter, em si
mesmo, elementos que o caracterizam como uma garantia fundamental oponível até mesmo
à atividade do legislador constituinte derivado, nos termos dos arts. 5º, § 2º, e 60, § 4º, IV,
a burla ao que contido no art. 16 ainda afronta os direitos individuais da segurança jurídica
(CF, art. 5º, caput) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). 6. A modificação no texto do
art. 16 pela EC 4/93 em nada alterou seu conteúdo principiológico fundamental. Tratou-se de
mero aperfeiçoamento técnico levado a efeito para facilitar a regulamentação do processo
eleitoral. 7. Pedido que se julga procedente para dar interpretação conforme no sentido de
que a inovação trazida no art. 1º da EC 52/06 somente seja aplicada após decorrido um ano
da data de sua vigência. (ADI 3685, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado
em 22/03/2006).
E) NCORRETA: As decisões do Tribunal Superior Eleitoral que, no curso das eleições, impliquem mudança
de entendimento jurisprudencial não possuem aplicabilidade imediata, sob pena de violação do princípio
da anualidade eleitoral, e por conseguinte, o princípio da segurança jurídica. Vejamos um precedente do
Supremo Tribunal Federal sobre o tema:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. REELEIÇÃO. PREFEITO. INTERPRETAÇÃO


DO ART. 14, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. MUDANÇA DA JURISPRUDÊNCIA EM MATÉRIA
ELEITORAL. SEGURANÇA JURÍDICA. I. REELEIÇÃO. MUNICÍPIOS. INTERPRETAÇÃO DO ART. 14,
§ 5º, DA CONSTITUIÇÃO. PREFEITO. PROIBIÇÃO DE TERCEIRA ELEIÇÃO EM CARGO DA MESMA
NATUREZA, AINDA QUE EM MUNICÍPIO DIVERSO. (...) II. MUDANÇA DA JURISPRUDÊNCIA
EM MATÉRIA ELEITORAL. SEGURANÇA JURÍDICA. ANTERIORIDADE ELEITORAL. NECESSIDADE
DE AJUSTE DOS EFEITOS DA DECISÃO. Mudanças radicais na interpretação da Constituição
devem ser acompanhadas da devida e cuidadosa reflexão sobre suas consequências, tendo
em vista o postulado da segurança jurídica. Não só a Corte Constitucional, mas também
o Tribunal que exerce o papel de órgão de cúpula da Justiça Eleitoral devem adotar tais
cautelas por ocasião das chamadas viragens jurisprudenciais na interpretação dos preceitos
constitucionais que dizem respeito aos direitos políticos e ao processo eleitoral. Não se pode
deixar de considerar o peculiar caráter normativo dos atos judiciais emanados do Tribunal
Superior Eleitoral, que regem todo o processo eleitoral. Mudanças na jurisprudência eleitoral,

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portanto, têm efeitos normativos diretos sobre os pleitos eleitorais, com sérias repercussões
sobre os direitos fundamentais dos cidadãos (eleitores e candidatos) e partidos políticos.
No âmbito eleitoral, a segurança jurídica assume a sua face de princípio da confiança para
proteger a estabilização das expectativas de todos aqueles que de alguma forma participam
dos prélios eleitorais. A importância fundamental do princípio da segurança jurídica para
o regular transcurso dos processos eleitorais está plasmada no princípio da anterioridade
eleitoral positivado no art. 16 da Constituição. O Supremo Tribunal Federal fixou a
interpretação desse artigo 16, entendendo-o como uma garantia constitucional (1) do devido
processo legal eleitoral, (2) da igualdade de chances e (3) das minorias (RE 633.703). Em
razão do caráter especialmente peculiar dos atos judiciais emanados do Tribunal Superior
Eleitoral, os quais regem normativamente todo o processo eleitoral, é razoável concluir que
a Constituição também alberga uma norma, ainda que implícita, que traduz o postulado da
segurança jurídica como princípio da anterioridade ou anualidade em relação à alteração
da jurisprudência do TSE. Assim, as decisões do Tribunal Superior Eleitoral que, no curso do
pleito eleitoral (ou logo após o seu encerramento), impliquem mudança de jurisprudência
(e dessa forma repercutam sobre a segurança jurídica), não têm aplicabilidade imediata ao
caso concreto e somente terão eficácia sobre outros casos no pleito eleitoral posterior. (...)
(RE 637485, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2012; grifo
nosso).
💡💡 GABARITO: C

PROFESSOR THIMOTIE ARAGON HEEMANN


E-mail: profcei.thimotieheemann@gmail.com

🏳🏳 DIREITO HUMANOS

QUESTÃO 30. Sobre a relação do direito interno com o direito internacional e o direito comparado, assinale
a alternativa incorreta:

A) Denomina-se como “cherry picking” o fenômeno pelo qual o intérprete do direito seleciona
estrategicamente um país ou um caso estrangeiro que apresenta semelhanças pontuais com o caso
paradigma, com vistas a meramente reforçar o argumento comparativo, sem se ter o cuidado de se
justificarem os motivos pelos quais o caso em comparação realmente se adequa ao paradigma.

B) A Corte Interamericana de Direitos Humanos atua como uma verdadeira “quarta instância” após o
esgotamento das causas no Supremo Tribunal Federal.

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C) A Corte Interamericana de Direitos Humanos não é um tribunal revisor das decisões do Supremo
Tribunal Federal.

D) Na utilização do Direito Internacional dos Direitos Humanos no direito interno, o princípio do


cosmopolitismo ético deve ser respeitado.

E) O transconstitucionalismo propõe o entrelaçamento entre ordens jurídicas sem a existência de hierarquia


entre as mesmas.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Este é justamente o conceito de cherry-picking. Senão vejamos um trecho da ADI 6299 MC/DF:
“Denomina-se como “cherry picking” o fenômeno pelo qual o intérprete do direito seleciona estrategicamente
um país ou um caso estrangeiro que apresenta semelhanças pontuais com o caso paradigma, com vistas a
meramente reforçar o argumento comparativo, sem se ter o cuidado de se justificarem os motivos pelos
quais o caso em comparação realmente se adequa ao paradigma. Trata-se, assim, de um mero uso retórico
do direito comparado, que desconsidera particularidades dos arranjos institucionais e da cultura política
de cada um dos países, divergências contextuais, dissidências doutrinárias e jurisprudenciais, entre outros
pontos”. (STF, ADI 6299 MC/DF)

O cherry-picking consiste, portanto, em um uso indevido e à la carte do Direito Comparado.

B) INCORRETA: Em sua defesa no caso Gomes Lund outros vs. Brasil, o Estado brasileiro alegou em exceção
preliminar que a Corte Interamericana de Direitos Humanos não poderia atuar como uma “quarta instância”
perante o Judiciário brasileiro. Nessa linha, o Estado brasileiro informou à Corte IDH a decisão do Supremo
Tribunal Federal acerca da constitucionalidade da Lei de Anistia brasileira. Ao analisar a exceção preliminar
arguida pelo Estado brasileiro, a Corte Interamericana de Direitos Humanos não acolheu a “teoria da quarta
instância”; afinal, segundo o tribunal interamericano, não há uma relação de hierarquia entre as cortes
domésticas (leia-se, tribunais brasileiros) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Na mesma linha,
a Corte IDH não se caracteriza como um tribunal de revisão das decisões dos tribunais domésticos, mas
apenas exerce o controle de convencionalidade da legislação doméstica em face da Convenção Americana
de Direitos Humanos. Por fim, a Corte IDH lembrou que, para o direito internacional, as decisões das cortes
domésticas equivalem a mero fato, não havendo como se falar em bis in idem. Sobre este ponto da matéria, é
a lição de André de Carvalho Ramos: “Como o processo perante San José ainda estava em curso, tanto que a
ADPF 153 foi julgada improcedente por maioria de votos, o Brasil imediatamente peticionou perante a Corte
IDH arguindo mais uma exceção preliminar: a existência de uma decisão da mais Alta Corte Brasileira levaria
a Corte IDH a um papel proibido de ser uma ‘quarta instância’ judicial, reformando o julgamento local. Para
o Estado, caso o julgamento internacional prosseguisse, a Corte IDH se transformaria em uma instância de

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revisão das decisões judiciais do STF, uma verdadeira ‘quarta instância’. Só que a jurisdição interamericana
de direitos humanos aprecia a conduta do Estado brasileiro em face da Convenção Americana de Direitos
Humanos. Não há, então, nenhuma pretensão de rescindir julgados nacionais, mas sim em obrigar o Estado
a respeitar os direitos humanos. Por isso, o que a Corte fez foi um ‘controle de convencionalidade’, analisando
a Lei da Anistia em face da Convenção Americana de Direitos Humanos, pouco importando a análise feita
pelo STF sobre a compatibilidade da Lei da Anistia em face da Constituição Federal brasileira” (RAMOS,
André de Carvalho. Processo internacional de direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 385).

Resumo dos argumentos da Corte IDH pela não admissibilidade da teoria da quarta instância:
- A Corte Interamericana de Direitos Humanos não é um tribunal de revisão das decisões
domésticas.
- Não há hierarquia entre a Corte Interamericana de Direitos Humanos e os tribunais
domésticos.
- As decisões dos tribunais domésticos são consideradas como “mero fato” para o direito
internacional, logo, não há como se falar em bis in idem.
C) CORRETA: Ver comentários da assertiva (B).

D) CORRETA: O constitucionalismo moderno foi erigido a partir de um pressuposto fático, que hoje já
não se verifica plenamente o Estado nacional soberano, detentor do monopólio da produção de normas,
da jurisdição e do uso legítimo da força no âmbito do seu território, que não reconhece qualquer poder
superior ao seu. O Estado continua sendo o principal ator político no mundo contemporâneo. Porém, com a
globalização, atualmente, o Estado nacional perdeu em parte a capacidade que tinha para controlar os fatores
econômicos, políticos, sociais e culturais que atuam no interior das suas fronteiras, pois esses são cada vez
mais influenciados por elementos externos, sobre os quais os poderes públicos não exercem quase nenhuma
influência. No mundo contemporâneo, os Estados nacionais, sozinhos, não conseguem enfrentar alguns dos
principais problemas com que se deparam em áreas como a economia, o meio ambiente e a criminalidade.
Em paralelo, surgem novas entidades internacionais ou supranacionais, no plano global ou regional, que
exercem um poder cada vez maior e tensionam a soberania estatal e a supremacia constitucional. Ao lado
disso, se desenvolve na sociedade global, desde o final da II Guerra Mundial, um “cosmopolitismo ético”,
que cobra dos Estados mais respeito aos direitos humanos, não aceitando a invocação da soberania ou de
particularismos culturais como escusa para as mais graves violações à dignidade humana. Sobre o princípio
do cosmopolitismo ético, é a lição de Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto: “No Supremo
também é frequente a invocação do Direito Constitucional Comparado. São cada vez mais comuns na Corte
as referências às constituições de outros países, às decisões proferidas por outros tribunais constitucionais
e às elaborações teóricas neles desenvolvidas. Um ótimo exemplo é o do princípio da proporcionalidade,
desenvolvido, originariamente, na jurisprudência constitucional alemã, e que vem sendo muito empregado
na jurisprudência constitucional brasileira, como se verá no próximo capítulo. Ao adotar técnicas de decisão

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mais heterodoxas no controle de constitucionalidade, como a modulação dos efeitos temporais da decisão, o
STF também tem invocado com frequência a experiência constitucional de outros países. Em alguns julgados
importantes, a Corte recorre tanto ao Direito Internacional dos Direitos Humanos como ao Direito Comparado,
como ocorreu no julgamento do caso Elwanger, em que se examinou os limites da liberdade de expressão
para manifestações de racismo voltadas contra judeus. Em seu voto condutor, em que afirmou a prevalência
da igualdade e da dignidade humana, o relator, Min. Maurício Corrêa, invocou a Convenção Internacional
sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial, além de diversos precedentes jurisdicionais de
outros países. Na nossa história constitucional, não é novidade o recurso ao Direito Comparado, feito muitas
vezes de modo acrítico. Uma das razões para que Oliveira Vianna criticasse o “idealismo da constituição”
era o fato de os constitucionalistas brasileiros tenderem a copiar instituições estrangeiras estranhas à
nossa realidade político-social. Não é preciso endossar as concepções autoritárias desse pensador brasileiro
para lhe dar razão, quanto à tendência que muitas vezes se manifesta em nossa cultura jurídica de imitar
modelos e modismos alienígenas, muitas vezes visivelmente imprestáveis para o nosso contexto. Daí a
advertência de que o princípio do cosmopolitismo, conquanto extremamente importante, deve ser usado de
maneira criteriosa, evitando-se a postura de deslumbramento servil com tudo o que vem de fora. Os aportes
internacionais e do Direito Comparado são relevantes, mas há que se atentar sempre para as particularidades
do nosso ordenamento constitucional positivo, para as especificidades do quadro empírico brasileiro, para
os desígnios concretos do nosso povo. Adotadas essas cautelas, a interpretação constitucional tem muito
a ganhar quando incorpora um olhar cosmopolita, abrindo-se para as influências do Direito Internacional
e do Direito Comparado, sobretudo em algumas áreas, como a dos direitos fundamentais”. (SARMENTO,
Daniel. NETO, Cláudio Pereira de Souza. Direito Constitucional. Teoria, História e Métodos de Trabalho. Belo
Horizonte: Fórum, 2014, pp.150).

E) CORRETA: Atualmente, existem fontes normativas e instâncias de resolução de conflitos alheias ao Estado,
que não se subordinam ao Direito estatal, inclusive ao emanado da Constituição. O constitucionalismo em
rede ou multinível toma o lugar da tradicional pirâmide Kelseniana; a emergência do Direito Comunitário,
sobretudo no contexto europeu; o fortalecimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos; e a difusão
global de uma lex mercatoria, composta por práticas aceitas pelos agentes do comércio internacional, que se
situam às margens dos ordenamentos estatais; o conflito entre o universalismo dos direitos fundamentais e
o respeito às diferenças culturais, são exemplos de questões colocadas à frente do constitucionalismo. Para
que o constitucionalismo estatal não se torne autista, Marcelo Neves sustenta o transconstitucionalismo para
manutenção do diálogo constitucional entre diferentes esferas, permitindo que as respectivas imperfeições
e incompletudes sejam percebidas e eventualmente corrigidas.

💡💡 GABARITO: B

QUESTÃO 31. Qual destes tratados o Brasil ainda não internalizou em seu ordenamento jurídico?

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A) Convenção Interamericana sobre Direito das Pessoas Idosas.

B) Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).

C) Convenção da ONU sobre Direitos da Criança.

D) Convenção Interamericana sobre Desaparecimento Forçado.

E) Convenção da ONU sobre Prevenção e Combate à Tortura.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Este é justamente o gabarito da questão. O Brasil não internalizou a Convenção Interamericana
sobre Direito das Pessoas Idosas (primeiro tratado setorizado sobre este grupo vulnerável). Foi exatamente
este o gabarito de uma questão de direitos humanos do último concurso do MPSP. As bancas de concursos
públicos costumam cobrar em provas objetivas quais foram os tratados internalizados pelo Estado brasileiro
e quais os tratados que o Brasil ainda não internalizou.

B) INCORRETA: A Convenção Americana de Direitos Humanos, tratado internacional de direitos humanos


central e regente do sistema interamericano de direitos humanos foi internalizado pelo Estado brasileiro
com a promulgação do Decreto 678 de 1992.

C) INCORRETA: A Convenção da ONU sobre Direitos da Criança foi internalizada no Brasil pelo Decreto 99.710
de 1990. Vale lembrar que para a Convenção da ONU sobre Direito das Crianças é considerada criança toda
a pessoa até os dezoito anos de idade.

D) INCORRETA: Até pouco tempo atrás a Convenção Interamericana sobre Desaparecimento Forçado não
havia sido internalizada no Brasil. No entanto, em maio de 2016, a Presidência da República internalizou no
Estado brasileiro o referido tratado a partir da promulgação do Decreto 8.766/2016.

E) INCORRETA: Um dos tratados mais importantes do sistema onusiano, a Convenção da ONU sobre Tortura
foi internalizada no Brasil a partir do Decreto 40 de 1991.

💡💡 GABARITO: A

PROFESSOR CARLOS FREDERICO ESCOCARD


E-mail: profcei.carlosfrederico@gmail.com

🏳🏳 DIREITO ADMINISTRATIVO

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QUESTÃO 32. Tendo em vista as recentes decisões dos Tribunais Superiores (STF e STJ), assinale a alternativa
CORRETA:

A) Se a infração disciplinar praticada for, em tese, também crime, o prazo prescricional do processo
administrativo disciplinar será determinado pelo art. 109 do Código Penal, desde que essa conduta
também esteja sendo apurada na esfera criminal.

B) Não há responsabilidade estatal pelos danos causados por notários e registradores, pois os serviços
notariais e de registro são exercidos em caráter privado.

C) Prefeitos podem ser condenados por crime de responsabilidade, mas não por ato de improbidade, pois,
nesse caso, haveria bis in idem.

D) O teto remuneratório de Procuradores Municipais é o subsídio de Desembargador de TJ.

E) A Lei n. 9.784/1999 é aplicável somente à União. Assim, não pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos
Estados e Municípios, ainda se inexistente norma local e específica que regule a matéria.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A jurisprudência anterior do STJ era exatamente no sentido da alternativa apresentada.


Ocorre que houve mudança de orientação a partir de 2018. Atualmente, o STJ entende que se a infração
disciplinar praticada for, em tese, também crime, o prazo prescricional do processo administrativo disciplinar
será o previsto no art. 109 do CP, independentemente da apuração criminal da conduta do servidor. Nesse
sentido: “O prazo prescricional previsto na lei penal se aplica às infrações disciplinares também capituladas
como crime independentemente da apuração criminal da conduta do servidor. (...) Era entendimento
dominante desta Corte Superior o de que a aplicação do prazo previsto na lei penal exige a demonstração
da existência de apuração criminal da conduta do servidor (MS 13.926/DF, Rel. Min. Og Fernandes, Terceira
Seção, DJe 24/04/2013 e MS 15.462/DF, Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, DJe 22/3/2011). Ocorre
que nos EDv nos EREsp 1.656.383-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, DJe 05/09/2018, a Primeira Seção superou
seu posicionamento anterior sobre o tema, passando a entender que, diante da rigorosa independência das
esferas administrativa e criminal, não se pode entender que a existência de apuração criminal é pré-requisito
para a utilização do prazo prescricional penal. Assim, tanto para o STF quanto para o STJ, para que seja
aplicável o art. 142, § 2º da Lei n. 8.112/1990, não é necessário demonstrar a existência da apuração
criminal da conduta do servidor. Isso porque o lapso prescricional não pode variar ao talante da existência
ou não de apuração criminal, justamente pelo fato de a prescrição estar relacionada à segurança jurídica.
Assim, o critério para fixação do prazo prescricional deve ser o mais objetivo possível – justamente o previsto
no dispositivo legal referido –, e não oscilar de forma a gerar instabilidade e insegurança jurídica para todo o
sistema”. (MS 20.857-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, Primeira Seção,

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por maioria, julgado em 22/05/2019, DJe 12/06/2019).

B) INCORRETA: Ao contrário do texto, o STF entende que há responsabilidade objetiva do Estado em razão
dos danos causados por notários e registradores. É inegável que os registros notariais e de registros são
exercidos em caráter privado, mas por delegação do Poder Público. Assim: (...) 1. Os serviços notariais e
de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. Tabeliães e registradores
oficiais são particulares em colaboração com o poder público que exercem suas atividades in nomine do
Estado, com lastro em delegação prescrita expressamente no tecido constitucional (art. 236, CRFB/88).
2. Os tabeliães e registradores oficiais exercem função munida de fé pública, que destina-se a conferir
autenticidade, publicidade, segurança e eficácia às declarações de vontade. 3. O ingresso na atividade
notarial e de registro depende de concurso público e os atos de seus agentes estão sujeitos à fiscalização
do Poder Judiciário, consoante expressa determinação constitucional (art. 236, CRFB/88). Por exercerem um
feixe de competências estatais, os titulares de serventias extrajudiciais qualificam-se como agentes públicos.
4. O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de
suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo
ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. (STF. Tribunal Pleno. RE 842846/ SC - SANTA CATARINA.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a): Min. LUIZ FUX. Julgamento: 27/02/2019).

C) INCORRETA: O entendimento do Supremo Tribunal Federal é em sentido contrário ao texto. Nesse sentido:

CONSTITUCIONAL. AUTONOMIA DE INSTÂNCIAS. POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO PENAL E POLÍTICA


ADMINISTRATIVA (DL 201/1967) SIMULTÂNEA À POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, DEVIDAMENTE
TIPIFICADO NA LEI 8.429/92. INEXISTÊNCIA DE BIS IN IDEM. 1. “Fazem muito mal à República os políticos
corruptos, pois não apenas se impregnam de vícios eles mesmos, mas os infundem na sociedade, e não
apenas a prejudicam por se corromperem, mas também porque a corrompem, e são mais nocivos pelo
exemplo do que pelo crime” (MARCO TÚLIO CÍCERO. Manual do candidato às eleições. As leis, III, XIV, 32).
2. A norma constitucional prevista no § 4º do art. 37 exigiu tratamentos sancionatórios diferenciados entre
os atos ilícitos em geral (civis, penais e político-administrativos) e os atos de improbidade administrativa,
com determinação expressa ao Congresso Nacional para edição de lei específica (Lei 8.429/1992), que não
punisse a mera ilegalidade, mas sim a conduta ilegal ou imoral do agente público voltada para a corrupção, e
a de todo aquele que o auxilie, no intuito de prevenir a corrosão da máquina burocrática do Estado e de evitar
o perigo de uma administração corrupta caracterizada pelo descrédito e pela ineficiência. 3. A Constituição
Federal inovou no campo civil para punir mais severamente o agente público corrupto, que se utiliza do
cargo ou de funções públicas para enriquecer ou causar prejuízo ao erário, desrespeitando a legalidade
e moralidade administrativas, independentemente das já existentes responsabilidades penal e político-
administrativa de Prefeitos e Vereadores. 4. Consagração da autonomia de instâncias. Independentemente
de as condutas dos Prefeitos e Vereadores serem tipificadas como infração penal (artigo 1º) ou infração
político-administrativa (artigo 4º), previstas no DL 201/67, a responsabilidade civil por ato de improbidade

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administrativa é autônoma e deve ser apurada em instância diversa. 5. NEGADO PROVIMENTO ao Recurso
Extraordinário. TESE DE REPERCUSÃO GERAL: “O processo e julgamento de prefeito municipal por crime
de responsabilidade (Decreto-lei 201/67) não impede sua responsabilização por atos de improbidade
administrativa previstos na Lei 8.429/1992, em virtude da autonomia das instâncias”. (RE 976566, Relator(a):
Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 13/09/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-210 25-
09-2019).

D) CORRETA: De fato, de acordo com o Supremo Tribunal Federal, o teto remuneratório de Procuradores
Municipais é o subsídio de Desembargador de TJ. Assim:

DIREITO ADMINISTRATIVO. REPERCUSSÃO GERAL. CONTROVÉRSIA DE ÍNDOLE CONSTITUCIONAL ACERCA


DO TETO APLICÁVEL AOS PROCURADORES DO MUNICÍPIO. SUBSÍDIO DO DESEMBARGADOR DE TRIBUNAL
DE JUSTIÇA, E NÃO DO PREFEITO. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.
1. Os procuradores municipais integram a categoria da Advocacia Pública inserida pela Constituição da
República dentre as cognominadas funções essenciais à Justiça, na medida em que também atuam para
a preservação dos direitos fundamentais e do Estado de Direito. 2. O teto de remuneração fixado no texto
constitucional teve como escopo, no que se refere ao thema decidendum, preservar as funções essenciais à
Justiça de qualquer contingência política a que o Chefe do Poder Executivo está sujeito, razão que orientou a
aproximação dessas carreiras do teto de remuneração previsto para o Poder Judiciário. 3. Os Procuradores
do Município, consectariamente, devem se submeter, no que concerne ao teto remuneratório, ao subsídio
dos desembargadores dos Tribunais de Justiça estaduais, como impõe a parte final do art. 37, XI, da
Constituição da República. 4. A hermenêutica que exclua da categoria “Procuradores” - prevista no art. 37,
XI, parte final, da CRFB/88 – os defensores dos Municípios é inconstitucional, haja vista que ubi lex non
distinguit, nec interpres distinguere debet. 5. O termo “Procuradores”, na axiologia desta Corte, compreende
os procuradores autárquicos, além dos procuradores da Administração Direta, o que conduz que a mesma
ratio legitima, por seu turno, a compreensão de que os procuradores municipais, também, estão abrangidos
pela referida locução. (STF. Tribunal Pleno. RE 663696/ MG - MINAS GERAIS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
Relator(a): Min. LUIZ FUX. Julgamento: 28/02/2019.

E) INCORRETA: A alternativa é em sentido oposto ao entendimento consolidado do STJ. Nesse sentido


vale observar o enunciado 633 da Corte Superior: “A Lei 9.784/1999, especialmente no que diz respeito ao
prazo decadencial para a revisão de atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode
ser aplicada, de forma subsidiária, aos estados e municípios, se inexistente norma local e específica que
regule a matéria”. Além disso, importante mencionar a seguinte decisão: “(…) candidatos aprovados em
concurso público, que passem a figurar dentro do número de vagas ofertadas no instrumento convocatório
em decorrência da desistência de candidatos aprovados em classificação superior, têm o direito líquido e
certo à nomeação. Precedentes do STF e do STJ. 2. Na ausência de lei estadual específica para disciplinar,
no âmbito doméstico, o processo administrativo, devem ser aplicados os comandos contidos na Lei Federal

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n. 9.784/1999. Inteligência da novel Súmula 633/STJ. 3. A Lei Federal n. 9.784/1999 contém comandos
dirigidos à atuação do Poder Público em relação aos administrados, dentre os quais avultam o da vedação da
imposição de obrigações e restrições além daquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse
público (art. 2.º, parágrafo único, inciso VI), o da obrigação da “adoção de formas simples, suficientes para
propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados” (art. 2º, parágrafo
único, inciso IX) e, ainda, o da obrigatoriedade da adoção de modo menos oneroso para os atos que exijam
a atuação dos interessados (art. 29, § 2º). 4. Portanto, na ausência de regramento local ou de específica
regulamentação editalícia quanto ao modo de formalização do termo de desistência de candidato aprovado
no certame, revela-se admissível sua materialização por intermédio de endereço eletrônico (e-mail) fornecido
pela própria Administração Pública, não podendo a desistência assim comunicada ser ignorada pelo gestor
público ou ter o seu processamento postergado até o escoamento do prazo de validade do concurso, em
prejuízo do legítimo interesse de candidatos sequentemente classificados. (AgInt nos EDcl no RMS 60302 /
RS. Ministro SÉRGIO KUKINA. Primeira Turma. 04/02/2020)

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 33. Sobre a Administração Indireta, assinale a alternativa INCORRETA:

A) De acordo com a doutrina majoritária, o Poder Judiciário pode criar entidades da Administração Indireta.

B) A Lei n. 13.303/16 dispõe sobre o estatuto das estatais e é aplicada para as empresas públicas e
sociedades de economia mista que exercem atividade econômica ou prestam serviços públicos.

C) A Lei n. 13.303/06 permite expressamente que o estatuto da empresa pública, da sociedade de


economia mista e de suas subsidiárias disponha sobre a contratação de seguro de responsabilidade civil
pelos administradores, mas esse seguro não cobre atos fraudulentos.

D) Cabe ao Ministério Público a fiscalização das fundações estatais, tal como ocorre com as fundações
privadas.

E) As estatais submetem-se ao controle pelo Tribunal de Contas.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Existe alguma divergência na doutrina, mas prevalece o entendimento de que é possível
que o Poder Judiciário e o Poder Legislativo criem entidades da Administração Indireta. É nesse sentido o
entendimento do prof. José dos Santos Carvalho Filho: “Sempre que se faz referência A Administração Indireta
do Estado, a ideia de vinculação das entidades traz à tona, como órgão controlador, o Poder Executivo.
Entretanto, o art.37 da Constituição alude à Administração Direta, Indireta e fundacional de qualquer dos

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poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Assim dizendo, poder-se-ia admitir a existência de
entidades da Administração Indireta vinculadas também às estruturas dos Poderes Legislativo e Judiciário,
embora o fato não seja comum por ser o Executivo o Poder incumbido basicamente da administração do
Estado.18”

Por outro lado, não se pode deixar de mencionar que existe posicionamento (minoritário) no sentido da
impossibilidade de criação de entidades da Administração Indireta por parte do Poder Legislativo e Judiciário
por ausência de permissivo constitucional específico que legitime essa criação19.

B) CORRETA. A alternativa está correta, pois de acordo com a Lei n. 13.303/16. Observe o art.1º da lei: “Esta Lei
dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias,
abrangendo toda e qualquer empresa pública e sociedade de economia mista da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios que explore atividade econômica de produção ou comercialização de bens
ou de prestação de serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da
União ou seja de prestação de serviços públicos”.

C) CORRETA: De fato, a Lei nº 13.303/06 trata da questão no art. 17, §1º: “O estatuto da empresa pública,
da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias poderá dispor sobre a contratação de seguro de
responsabilidade civil pelos administradores”. Entretanto, doutrina e jurisprudência apontam para a
impossibilidade do seguro cobrir atos fraudulentos. Nesse sentido o STJ: RECURSO ESPECIAL. CIVIL. SEGURO
DE RESPONSABILIDADE CIVIL DE DIRETORES E ADMINISTRADORES DE PESSOA JURÍDICA (SEGURO DE RC
D&O). RENOVAÇÃO DA APÓLICE. QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE RISCO. INFORMAÇÕES INVERÍDICAS
DO SEGURADO E DO TOMADOR DO SEGURO. MÁ-FÉ. CONFIGURAÇÃO. PERDA DO DIREITO À GARANTIA.
INVESTIGAÇÕES DA CVM. PRÁTICA DE INSIDER TRADING. ATO DOLOSO. FAVORECIMENTO PESSOAL. ATO DE
GESTÃO. DESCARACTERIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE COBERTURA. (…) 5. O seguro de RC D&O (Directors and Officers
Insurance) tem por objetivo garantir o risco de eventuais prejuízos causados por atos de gestão de diretores,
administradores e conselheiros que, na atividade profissional, agiram com culpa (Circular/SUSEP nº 541/2016).
Preservação não só do patrimônio individual dos que atuam em cargos de direção (segurados), o que incentiva
práticas corporativas inovadoras, mas também do patrimônio social da empresa tomadora do seguro e de
seus acionistas, já que serão ressarcidos de eventuais danos. 6. A apólice do seguro de RC D&O não pode
cobrir atos dolosos, principalmente se cometidos para favorecer a própria pessoa do administrador, o que
evita forte redução do grau de diligência do gestor ou a assunção de riscos excessivos, a comprometer tanto
a atividade de compliance da empresa quanto as boas práticas de governança corporativa. Aplicação dos
arts. 757 e 762 do CC. 7. Considera-se insider trading qualquer operação realizada por um insider (diretor,
administrador, conselheiro e pessoas equiparadas) com valores mobiliários de emissão da companhia, em
proveito próprio ou de terceiro, com base em informação relevante ainda não revelada ao público. É uma

18 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Ed. Atlas, 31ª edição, 2017. pág. 486.
19 FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Direito Administrativo. Ed. Fórum, 2007.

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prática danosa ao mercado de capitais, aos investidores e à própria sociedade anônima, devendo haver
repressão efetiva contra o uso indevido de tais informações privilegiadas (arts. 155, § 1º, e 157, § 4º, da
Lei nº 6.404/1976 e 27-D da Lei nº6.385/1976). 8. O seguro de RC D&O somente possui cobertura para
(i) atos culposos de diretores, administradores e conselheiros (ii) praticados no exercício de suas
funções (atos de gestão). Em outras palavras, atos fraudulentos e desonestos de favorecimento pessoal
e práticas dolosas lesivas à companhia e ao mercado de capitais, a exemplo do insider trading, não
estão abrangidos na garantia securitária. 9. Recurso especial não provido. (STJ – RESP 16015555/SP. Rel.
Ricardo Villas Bôas Cueva, 3ª t.Dje 20/02/2017).

D) INCORRETA: Diferentemente do que ocorre com as fundações privadas20, as estatais não se submetem à
fiscalização do Ministério Público. Esse entendimento é defendido, entre outros, pela profª. Di Pietro.

De acordo com o prof. Rafael Oliveira, isso se deve a três razões fundamentais: “a) o art.66 CC refere-se,
exclusivamente, às fundações privadas, instituídas por particulares; b) o §3º do art. 5º do DL 200/67 afasta,
em sua parte final, a aplicação das normas do Código Civil, relativas às fundações privadas, às fundações
estatais; e c) as fundações estatais já estão submetidas ao controle do Executivo e do Legislativo, não sendo
necessária a instituição de outras formas de controle estatal21.”

Nesse mesmo sentido leciona o prof. José dos Santos Carvalho Filho: “No caso das fundações governamentais,
é dispensável essa fiscalização, independentemente da natureza da entidade, haja vista que o controle
finalístico já é exercido pela Administração Direta. Haveria, em consequência, duplicidade de controle para os
mesmos fins. Esse é o motivo pelo qual em várias leis orgânicas estaduais do Ministério Público há expressa
menção de que a Curadoria das fundações não tem atribuições para fiscalizar fundações governamentais22.”

E) CORRETA: Tradicionalmente, o STF afastava as estatais do controle pelo tribunal de contas, tendo em vista
o patrimônio privado dessas entidades, o que afastaria a aplicação do art. 71, II, da CF que prevê o referido
controle em relação às contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta.

Atualmente, no entanto, a Corte Suprema admite o controle das estatais pelo tribunal de contas. Em verdade,
sem que houvesse qualquer alteração no dispositivo, o STF implementou uma nova interpretação ao art. 71,
II, da CF para afirmar a possibilidade do controle, tendo em vista que, na instituição das empresas estatais,
haveria a contribuição do erário (patrimônio público). Ou seja: o dano às estatais representaria, ainda que
reflexamente, um dano ao erário”23. Nesse sentido o STF:

20 Art. 66 do Código Civil: Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
21 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. Ed. Método, 7ª edição, 2019. pág.152.
22 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Ed. Atlas, 31ª edição, 2017. pág.572.
23 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. Ed. Método, 7ª edição, 2019. pág.141.

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EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL DE CONTAS. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA:


FISCALIZAÇÃO PELO TRIBUNAL DE CONTAS. ADVOGADO EMPREGADO DA EMPRESA QUE DEIXA DE
APRESENTAR APELAÇÃO EM QUESTÃO RUMOROSA. I. - Ao Tribunal de Contas da União compete julgar as
contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração
direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal, e
as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário (CF, art. 71, II; Lei 8.443, de 1992, art. 1º, I). II. - As empresas públicas e as sociedades de economia
mista, integrantes da administração indireta, estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, não
obstante os seus servidores estarem sujeitos ao regime celetista. III. - Numa ação promovida contra a
CHESF, o responsável pelo seu acompanhamento em juízo deixa de apelar. O argumento de que a não-
interposição do recurso ocorreu em virtude de não ter havido adequada comunicação da publicação da
sentença constitui matéria de fato dependente de dilação probatória, o que não é possível no processo do
mandado de segurança, que pressupõe fatos incontroversos. IV. - Mandado de segurança indeferido. (MS
25092/ DF. MANDADO DE SEGURANÇA. Relator(a): Min. CARLOS VELOSO Julgamento: 10/11/2005).

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 34. Assinale a alternativa CORRETA:

A) No caso de concessão e/ou permissão de serviço público, há transferência da titularidade do serviço ao


particular, mas isso só ocorre mediante licitação.

B) É Possível que a Administração Pública firme permissão e concessão de serviços públicos com pessoa
jurídica, física ou ainda com consórcio de empresas.

C) Por envolver recursos públicos, não é possível a utilização da arbitragem para solucionar as controvérsias
envolvendo a Administração Pública e a concessionária de serviços públicos.

D) O edital de licitação de concessão de serviços públicos somente pode prever como fonte de receita da
concessionária a tarifa que será paga pelos usuários do serviço público prestado.

E) Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os


prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo
órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETO. Quando determinado serviço público é transferido a um particular, o que se transfere é


o exercício apenas. Não há transferência de titularidade. Não se pode esquecer que o poder concedente

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tem a obrigação de fiscalizar o serviço prestado e ainda que pode extinguir a concessão. (ex: art. 29, IV, Lei
8987/95).

B) INCORRETO. Repare que a permissão só é possível com pessoa física ou jurídica, mas não com consórcio
de empresas. Nesse caso, é preciso ter em mente o que dispõe a Lei 8.987/95:

Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:

(...)

II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

(…)

IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços
públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco.

C) INCORRETO. A arbitragem é admitida expressamente pela Lei n. 8.987/95. Nesse sentido:

“Art.23-A – O contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos privados para resolução de
disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua
portuguesa, nos termos da Lei 9307/96”.

Há autores, entretanto, (ex.: Celso Antônio Bandeira de Mello) que não admitem a arbitragem. Usam como
argumento a inafastabilidade do controle judicial e o princípio da indisponibilidade do interesse público.
Contudo, a doutrina majoritária entende que o dispositivo é constitucional.

D) INCORRETO. Esse tema específico já foi cobrado inúmeras vezes em concurso. Entretanto, a resposta é
simples e depende apenas da leitura da legislação. Nesse sentido:

Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder concedente prever, em
favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas
alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a
favorecer a modicidade das tarifas, observado o disposto no art. 17 desta Lei.

E) CORRETO. A alternativa corresponde exatamente ao disposto no art. 25 da lei de concessões.

Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os
prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo
órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade.

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§ 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se refere este artigo, a concessionária poderá contratar com
terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido,
bem como a implementação de projetos associados.

§ 2º Os contratos celebrados entre a concessionária e os terceiros a que se refere o parágrafo anterior


reger-se-ão pelo direito privado, não se estabelecendo qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder
concedente.

§ 3º A execução das atividades contratadas com terceiros pressupõe o cumprimento das normas
regulamentares da modalidade do serviço concedido.

💡💡 GABARITO: E

QUESTÃO 35. Assinale a alternativa INCORRETA:

A) A autarquia é o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

B) São exemplos de autarquias os conselhos fiscalizadores de profissões regulamentadas, tai como


o Conselho Federal de Medicina, os Conselhos Federais e Regionais de Contabilidade e a Ordem dos
Advogados do Brasil.

C) As obras, serviços, compras e alienações contratados com terceiros pelas autarquias são, em regra,
objeto de contratos administrativos, sujeitos ao mesmo regime jurídico predominantemente de direito
público aplicável a todos os contratos administrativos, inclusive à exigência de licitação prévia, salvo
exceção expressa estabelecida em lei.

D) O orçamento das autarquias, em sua forma, é idêntico ao dos órgãos da administração direta; suas
receitas e despesas integram o chamado orçamento fiscal parte integrante da lei orçamentária anual.

E) As autarquias responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETO, pois corresponde ao disposto no art.5º, I, do DL 200/67.

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:

I – Autarquia – o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita

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próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

II – Empresa Pública – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio
próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo
seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de
qualquer das formas admitidas em direito.

III – Sociedade de Economia Mista – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada
por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.

IV – Fundação Pública – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução
por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

§ 1º No caso do inciso III, quando a atividade for submetida a regime de monopólio estatal, a maioria
acionária caberá apenas à União, em caráter permanente.

§ 2º O Poder Executivo enquadrará as entidades da Administração Indireta existentes nas categorias


constantes deste artigo.

§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem personalidade jurídica com a inscrição da
escritura pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando as demais
disposições do Código Civil concernentes às fundações.

B) INCORRETO. É notório que os conselhos fiscalizadores de profissões regulamentadas são autarquias, mas
a OAB não se enquadra nesse conceito e isso já foi reconhecido pelo próprio STF. Veja-se: “Não procede a
alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta. A OAB não
é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público independente, categoria
ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. A OAB não está incluída na
categoria na qual se inserem essas que se tem referido como “autarquias especiais” para pretender-se
afirmar equivocada independência das hoje chamadas “agências”. Por não consubstanciar uma entidade
da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas
partes está vinculada. (...) Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público.
A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e independência, não pode ser tida
como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente
a finalidades corporativas. Possui finalidade institucional. Embora decorra de determinação legal, o
regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma e

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independente. (...) Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados sob o regime
trabalhista pela OAB” (ADI3.026/DF. Rel. Min. Eros Grau, 08.06.06).

C) CORRETO, pois corresponde ao constante no art.37, XXI, CF.

D) CORRETO. A Constituição Federal estabelece que a lei orçamentária anual compreenderá o orçamento
fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta,
inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público (art. 165, § 5º, I). Assim:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I – o plano plurianual;

II – as diretrizes orçamentárias;

III – os orçamentos anuais.

(…)

§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração
direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

E) CORRETO. Nesse sentido, vale observar o disposto no art. 37, §6º, da Constituição Federal, aplicável ao
caso já que as autarquias são pessoas jurídicas de direito público: “As pessoas jurídicas de direito público
e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa”.

💡💡 GABARITO: B

PROFESSOR CARLOS FREDERICO ESCOCARD


E-mail: profcei.carlosfrederico@gmail.com

🏳🏳 DIREITO TRIBUTÁRIO E DIREITO FINANCEIRO

QUESTÃO 36. Considerando os entendimentos sumulados pelo Supremo Tribunal Federal, assinale a
alternativa INCORRETA:

A) Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da

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anterioridade.

B) Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a fundações,
entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
quando atenderem os requisitos da lei e desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para
as quais tais entidades foram constituídas.

C) Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do


desembaraço aduaneiro.

D) Viola a Constituição a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo
própria de determinado imposto, ainda que haja integral identidade entre uma base e outra.

E) É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na


qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: A alternativa está de acordo com o teor da súmula vinculante nº 50, do STF: “Norma legal que
altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade”.

B) CORRETA: A alternativa está correta, pois seu teor corresponde exatamente ao que dispõe a Súmula
Vinculante nº 52, do STF: “Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente
a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.”

C) CORRETA: A alternativa corresponde a Súmula Vinculante nº 48 do STF: “Na entrada de mercadoria


importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.”

D) INCORRETA: Essa é a alternativa que deve ser marcada, pois está em desacordo com entendimento do
Supremo Tribunal Federal. (Súmula Vinculante nº 29: “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa,
de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra”).

E) CORRETA: A alternativa está correta, pois corresponde exatamente ao que dispõe a Súmula Vinculante nº
28: “É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na
qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário”.

💡💡 GABARITO: D

QUESTÃO 37. A cobrança de taxas pode ocorrer:

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A) Apenas pela utilização efetiva de serviços públicos divisíveis e de utilização compulsória.

B) Sempre por serviços públicos específicos e divisíveis ou pelo exercício regular do poder de polícia.

C) Pela efetiva utilização de serviços públicos específicos e indivisíveis.

D) Pelo exercício regular do Poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial de serviço público
específico e indivisível.

E) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETO. Não é necessária a utilização efetiva, sendo suficiente que seja potencial.

Constituição Federal: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os
seguintes tributos:

(...)

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.

B) CORRETO. O tema não apresenta maiores dificuldades, sendo suficiente a leitura da legislação. Entretanto,
é preciso que se faça uma leitura atenta para que não haja confusão com informações que “parecem” fazer
sentido.

Assim, recomenda-se que nesses casos, antes de olhar as alternativas, se reflita sobre o conceito de taxa e
suas principais características. Isso reduz a chance de ser levado a erro.

Sobre o tema, importa observar o contido no art. 145, II da CF e no art.77 do Código Tributário Nacional.
Assim:

Constituição Federal: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os
seguintes tributos:

(...)

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.

Código Tributário Nacional: Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do
poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao

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contribuinte ou posto à sua disposição.

Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a
imposto nem ser calculada em função do capital das empresas

C) INCORRETO. Conforme mencionado nos comentários do item anterior, não se está tratando de serviços
públicos indivisíveis, mas de serviços públicos divisíveis.

D) INCORRETO. Mais uma vez, reitera-se que o correto seria serviços públicos divisíveis, e não serviços
públicos indivisíveis.

E) INCORRETO. Ver comentários ao item B.

💡💡 GABARITO: B

PROFESSOR RAFAEL PEREIRA


E-mail: profcei.rafaelpereira@gmail.com

🏳🏳 DIREITO AMBIENTAL

QUESTÃO 38. Sobre os Princípios Ambientais, aponte a alternativa INCORRETA:

A) O princípio do Poluidor Pagador assenta-se na vocação redistributiva do Direito Ambiental e se inspira


na teoria econômica de que os custos sociais externos que acompanham o processo produtivo devem ser
internalizados.

B) O princípio da prevenção, segundo o qual a ausência de certeza científica absoluta não deve servir de
pretexto para procrastinar a adoção de medidas efetivas visando a evitar a degradação do meio ambiente.

C) O princípio do Direito ao desenvolvimento sustentável infere-se da necessidade de um duplo


ordenamento – e, por conseguinte, de um duplo direito –, com profundas raízes no Direito Natural e
no Direito Positivo: o direito do ser humano de desenvolver-se e realizar as suas potencialidades, quer
individual quer socialmente, e o direito de assegurar aos seus pósteros as mesmas condições favoráveis.

D) O Princípio da função social da propriedade rural está expresso na constituição federal.

E) A proibição do retrocesso em matéria ambiental vem no sentido de garantir que no evoluir do tempo, e da
edição de novas normas e de sua aplicação, também se mantenha o piso de garantias constitucionalmente
postas ou se avance na proteção do meio ambiente.

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💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: Olá pessoal, vamos começar Direito Ambiental, matéria forte nos concursos de Ministério
Público falando sobre princípios. Além dos trabalhados nas questões não deixem de buscar outros que
tratam da matéria, você poderá além de estar preparado para a primeira fase usar do conhecimento para
eventuais segundas fases com peças de direito ambiental ou até mesmo na prova oral!

O primeiro é o princípio do poluidor pagador, o qual o enunciado trabalha o conceito trabalhado e consagrado
pelo professor Édis Milare24. Os demais conceitos também são extraídos da obra do professor, os quais são
os mais cobrados em concursos.

Princípio do Poluidor Pagador: O princípio do Poluidor Pagador assenta-se na vocação redistributiva do


Direito Ambiental e se inspira na teoria econômica de que os custos sociais externos que acompanham o
processo produtivo devem ser internalizados, vale dizer, que os agentes econômicos devem levá-los em
conta ao elaborar os custos de produção e, consequentemente, assumi-los.

B) INCORRETA: Este é o conceito do famoso princípio da precaução e não da prevenção, também muito
cobrado em primeira fase de concursos.

Princípio da Prevenção: é basilar em Direito Ambiental, concernindo à prioridade que deve ser dada às
medidas que evitem o nascimento de atentados ao ambiente, de molde a reduzir ou eliminar as causas de
ações suscetíveis de alterar a sua qualidade.

Princípio da Precaução: “Conferência de Terra” - ou ECO 92 - adotou em seu ideário o conhecido princípio
da precaução, segundo o qual a ausência de certeza científica absoluta não deve servir de pretexto para
procrastinar a adoção de medidas efetivas visando a evitar a degradação do meio ambiente.

Para acrescentar segue jurisprudência do STF recente sobre este princípio:

O princípio da precaução é um critério de gestão de risco a ser aplicado sempre que existirem incertezas
científicas sobre a possibilidade de um produto, evento ou serviço desequilibrar o meio ambiente ou
atingir a saúde dos cidadãos, o que exige que o Estado analise os riscos, avalie os custos das medidas de
prevenção e, ao final, execute as ações necessárias, as quais serão decorrentes de decisões universais, não
discriminatórias, motivadas, coerentes e proporcionais. Não há vedação para o controle jurisdicional das
políticas públicas sobre a aplicação do princípio da precaução, desde que a decisão judicial não se afaste da
análise formal dos limites desses parâmetros e que privilegie a opção democrática das escolhas discricionárias
feitas pelo legislador e pela Administração Pública. Por ora, não existem fundamentos fáticos ou jurídicos a
obrigar as concessionárias de energia elétrica a reduzir o campo eletromagnético das linhas de transmissão

24 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 4.ed. atual e ampl.; São Paulo: Revista dos Tribunais,
2005.

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de energia elétrica abaixo do patamar legal fixado. Por força da repercussão geral, é fixada a seguinte
tese: no atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da
exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados
por sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros
propostos pela Organização Mundial de Saúde, conforme estabelece a Lei 11.934/2009. [RE 627.189, rel.
min. Dias Toffoli, j. 8-6-2016, P, DJE de 3-4-2017, tema 479.]

C) CORRETA: Princípio Desenvolvimento Sustentável: O princípio do Direito ao desenvolvimento sustentável


infere-se da necessidade de um duplo ordenamento - e, por conseguinte, de um duplo direito -, com profundas
raízes no Direito Natural e no Direito Positivo: o direito do ser humano de desenvolver-se e realizar as suas
potencialidades, quer individual quer socialmente, e o direito de assegurar aos seus pósteros as mesmas
condições favoráveis. Neste princípio, talvez mais do que em outros, surge tão evidente a reciprocidade entre
direito e dever, porquanto o desenvolver-se e usufruir de um planeta plenamente habitável não é apenas
direito, é dever precípuo das pessoas e da sociedade. Direito e dever como contrapartidas inquestionáveis.

D) CORRETA: Princípio da Função Social da Propriedade: A função social da propriedade urbana vem
qualificada no art. 182, § 2.º, da Constituição, ou seja, é cumprida quando atende às exigências fundamentais
de ordenação da cidade expressas no plano diretor. A função social da propriedade rural, de sua parte,
encontra qualificação no art. 186 da mesma Carta, que a tem por cumprida quando atende, entre outros
requisitos, à utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e à preservação do meio ambiente.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios
e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

E) CORRETA: A proibição do retrocesso em matéria ambiental vem exatamente no sentido de garantir que no
evoluir do tempo, e da edição de novas normas e de sua aplicação, também se mantenha o piso de garantias
constitucionalmente postas ou se avance na proteção do meio ambiente.

Ao discorrer sobre o tema, Antônio Herman Benjamin anota que os controles legislativos e mecanismos de
salvaguarda dos direitos humanos e do patrimônio natural das gerações futuras devem “caminhar somente
para a frente”. É sob essa ideia, diz, que surge o “princípio jurídico da proibição do retrocesso, que expressa
uma ‘vedação ao legislador de suprimir, pura e simplesmente, a concretização da norma’, constitucional ou
não, ‘que trate do núcleo essencial de um direito fundamental’ e, ao fazê-lo, impedir, dificultar ou inviabilizar

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‘a sua fruição, sem que sejam criados mecanismos equivalentes ou compensatórios’. Princípio esse que
transborda da esfera dos direitos humanos e sociais para o Direito Ambiental.

Ainda em relação ao princípio do retrocesso ambiental ou ecológico, não deixem de ler a decisão na ADIn
4.717 que declarou inconstitucional a adoção de MP para redução de áreas ambientais protegidas.

💡💡 GABARITO: B

PROFESSOR TEILOR SANTANA DA SILVA


E-mail: profcei.teilorsantana@gmail.com

🏳🏳 DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE

QUESTÃO 39. No que pertine à ESCUTA ESPECIALIZADA e ao DEPOIMENTO ESPECIAL, assinale a alternativa
INCORRETA.

A) “Escuta especializada” é o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou


adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o
cumprimento de sua finalidade, enquanto que “depoimento especial” é o procedimento de oitiva de
criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária.

B) A aplicação e a interpretação da Lei n. 13.431/2017 tem como base os princípios da proteção integral
e da prioridade absoluta, devendo-se observar as condições peculiares da criança e do adolescente como
pessoa em desenvolvimento. De igual maneira, a aplicação da Lei é facultativa para vítimas e testemunhas
de violência entre 18 e 21 anos de idade.

C) Há fungibilidade entre a aplicação dos institutos da “escuta especializada” e do “depoimento especial”.

D) Eventual inobservância dos institutos previstos na Lei n. 13.431/2017 para a oitiva da vítima ou
testemunha acarreta nulidade da prova obtida, consoante o Superior Tribunal de Justiça.

E) Na hipótese de existir demanda e não haver o serviço especializado, a criação e o desenvolvimento das
atividades poderão ser requeridas em juízo, por meio de ação civil pública de obrigação de fazer, para a
qual o Ministério Público é parte legítima a figurar no polo ativo.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: o conceito de “escuta especializada” é extraído do art. 7º da Lei 13.431/2017. Devem ser

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salientados os seguintes aspectos: (a) trata-se de procedimento de entrevista, sem caráter jurisdicional, visto
que é realizado perante órgão da rede de proteção – e não em juízo; (b) limita-se ao que for estritamente
necessário para a sua finalidade, qual seja, descrever eventual situação de violência presenciada/vivenciada
por criança ou adolescente. Por sua vez, o “depoimento especial” é descrito pelo art. 8º da Lei 13.431/2017,
de maneira que é relevante destacar que, ao contrário da “escuta especializada”, o “depoimento especial”
não se realiza por meio de órgão da rede de proteção, e sim perante a autoridade judiciária ou policial.

B) CORRETA: regulamentados pela Lei 13.431/2017, não custa relembrar que se trata de procedimentos
utilizados para a realização da oitiva de crianças e de adolescentes vítimas ou testemunhas de situação de
violência. Têm por fundamento o princípio da proteção integral e a necessária observância das condições
peculiares da criança e do adolescente como pessoa em desenvolvimento, cuja fruição de direitos deve ser
assegurada com absoluta prioridade. Além disso, deve-se pontuar que a aplicação da Lei é facultativa para
vítimas e testemunhas de violência entre 18 e 21 anos (art. 3º, parágrafo único, da Lei 13.431/2017; art. 2º,
parágrafo único, do ECA).

A teor do art. 4º, para os efeitos da Lei, sem prejuízo da tipificação de condutas criminosas, são formas de
violência: (a) física; (b) psicológica; (c) sexual; e (d) institucional. Importante ressaltar o conceito de violência
institucional trazido pela Lei, a qual é entendida como a ação ou omissão “praticada por instituição pública
ou conveniada, inclusive quando gerar revitimização”. Neste ponto, importante conferir os comentários de
Murillo José Digiácomo e Eduardo Digiácomo:

Uma importante inovação desta Lei foi o reconhecimento expresso que a intervenção
estatal, mesmo quando efetuada pelos órgãos de proteção à criança e ao adolescente,
se não for adequadamente planejada e executada e/ou não seguir os parâmetros legais e
normas técnicas aplicáveis, pode também se constituir numa forma de violência, gerando a
chamada “revitimização”. Em razão disto, é fundamental estabelecer “fluxos” e “protocolos”
de atendimento (com todos os “combinados” daí decorrentes), bem como promover a
qualificação técnica dos agentes que irão realizar as abordagens e intervenções respectivas,
evitando o improviso e o amadorismo que, em muitos casos, ainda permeiam a matéria.
(Comentários à Lei nº 13.431/2017, p. 21, disponível em http://www.crianca.mppr.mp.br/
arquivos/File/publi/caopca/lei_13431_comentada_jun2018.pdf, acesso em 10 de fevereiro
de 2020).
C) CORRETA: de acordo com o que se extrai da interpretação do texto legal, não há “ordem de preferência”,
tampouco “escala hierárquica” entre ambos os procedimentos que objetivam a escuta humanizada de
crianças e adolescentes. Assim, conforme se infere dos comentários de Murillo José Digiácomo e Eduardo
Digiácomo, há, de fato, “fungibilidade” entre a “escuta especializada” e o “depoimento especial”. Nesse
sentido:

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Foi opção do legislador elencar, num mesmo Capítulo, no âmbito de uma lei voltada
especificamente ao atendimento humanizado de crianças e adolescentes vítimas ou
testemunhas de violência, 02 (duas) formas distintas para coleta do se seu relato, não
estabelecendo qualquer restrição ou ressalva quanto à validade e/ou possibilidade de
utilização da escuta especializada como método de produção de prova alternativo ao
depoimento especial (e com o mesmo valor probatório que este), nos moldes do preconizado
de maneira expressa pelo art. 22 desta Lei.
Por força do já referido art. 5º, inciso LVI da CF (a contrariu sensu), todos os meios lícitos
de prova devem ser admitidos em Direito, devendo a “valoração” da prova, seja por qual
método for colhida, ser efetuada no caso em concreto, à luz de todos os elementos coligidos
no processo (op. cit., p. 37).
D) INCORRETA: ao contrário do que consta na assertiva, eventual inobservância dos institutos previstos na
Lei 13.431/2017 para a oitiva da vítima ou testemunha NÃO acarreta nulidade da prova obtida, conforme
o Superior Tribunal de Justiça. A Corte da Cidadania, em resumo, adota as seguintes razões de decidir: (a)
evitar a revitimização do ofendido, em virtude das sucessivas inquirições, policiais e judiciais, muitas das
vezes realizadas por pessoas sem conhecimento técnico especializado; (b) os institutos estão colocados
“à disposição e discricionariedade” das vítimas e testemunhas para o seu resguardo, não havendo falar
em nulidade quando a vítima ou testemunha escolheu depor perante o juízo; (c) os institutos constituem
verdadeira “medida de proteção” adotada em favor da vítima ou testemunha, de modo que não é razoável
reconhecer a nulidade de prova obtida, o que militaria em favor do réu; (d) a oitiva pelo psicólogo – e não
pelo juízo – não traria nenhum benefício processual ao réu, visto que tem o objetivo de ouvir a vítima ou
testemunha “a respeito do suposto ocorrido e não uma função psicodiagnóstica”; (e) a aplicação do brocardo
“pas de nullité sans grief” exige a demonstração de prejuízo concreto para declaração de nulidade, o que não
ocorre na espécie. Colaciona-se, a seguir, a íntegra da ementa do julgado:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. NULIDADE. AUSÊNCIA DE


REALIZAÇÃO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DA VÍTIMA, DE SUA GENITORA E DO PACIENTE.
ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. VÍTIMA E GENITORA QUE
OPTARAM PELO DEPOIMENTO PERANTE O JUÍZO, DISPENSANDO OITIVA ESPECIAL, NOS
TERMOS DA RECOMENDAÇÃO N. 33/CNJ. AUSÊNCIA DE OITIVA DO PACIENTE PERANTE A
PSICÓLOGA DESIGNADA PELO JUÍZO. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL NÃO EVIDENCIADO.
1. O Conselho Nacional de Justiça, considerando o disposto no art. 227 da Constituição Federal,
na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e nas disposições do Estatuto da
Criança e do Adolescente, bem como a necessidade de viabilizar maior confiabilidade na
produção de provas testemunhais, na busca da verdade e na responsabilização penal de

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agressores, editou a Recomendação n. 33/2010, no intuito de recomendar aos Tribunais a


adoção de providências para implementar procedimentos de colheita especial de prova oral,
evitando-se, notadamente em casos como o presente, a revitimação do ofendido, ocorrida
em decorrência de sucessivas inquirições sobre o mesmo fato, seja na fase investigatória
seja na processual.
2. Os mecanismos de “Escuta Especializada” estão colocados à disposição e discricionariedade
das vítimas e testemunhas de violência para o seu devido resguardo, não sendo plausível o
reconhecimento de suposta nulidade em virtude da sua não realização, quando a vítima ou
testemunha efetivamente deseja depor perante o Juízo, como ocorreu na espécie, não se
podendo retirar a validade das declarações colhidas perante o magistrado, mormente quando
respeitados o contraditório e a ampla defesa.
3. Nos termos do parecer do Ministério Público Federal, a inquirição especial a que
alude a Recomendação n. 33/CNJ constitui “medida de proteção que deve ser utilizada,
exclusivamente, em benefício da vítima, não sendo razoável admitir - diferentemente
daquilo que pretende aqui a Defesa - que a ausência de tal procedimento seja tomada em
seu desfavor”.
4. Na hipótese, nenhum benefício à defesa adviria da realização de entrevista do paciente
com a psicóloga designada pelo Juízo, haja vista que, como ressaltado pela profissional,
“a entrevista [teria o objetivo] de ouvi-lo a respeito do suposto ocorrido e não uma função
psicodiagnóstica”, de maneira que, consoante consignou o Tribunal de origem, nada mais
poderia ser obtido além do que se obteve com a instrução, notadamente o interrogatório do
paciente e a “longa e detalhada prova oral defensiva”.
5. O princípio do pas de nullité sans grief exige, em regra, a demonstração de prejuízo concreto
à parte que suscita o vício, o que não ocorreu na espécie.
6. Habeas corpus denegado.
(HC 422.635/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
26/02/2019, DJe 12/03/2019)
E) CORRETA: na esteira do que consta na assertiva, caso exista demanda e não haja o serviço especializado,
tanto a criação quanto o desenvolvimento das atividades poderão ser requeridas em juízo, por meio de
ação civil pública de obrigação de fazer, havendo legitimidade ativa do Ministério Público para tanto. Nesse
sentido: STF, RE 482.611, Min. Celso de Mello, julgado em 23/3/2010; STF, RE 636.344, Min. Roberto Barroso,
julgado em 25/8/2014. Não se pode descuidar, no entanto, que nada impede a atuação ministerial no sentido
de composição extrajudicial, consentânea com a “atuação resolutiva e não demandista”, preconizada pelas
diretrizes da Carta de Brasília.

💡💡 GABARITO: D

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PROFESSOR LUCAS LOSCH ABAID


E-mail: profcei.lucasabaid@gmail.com

🏳🏳 DIREITO DO CONSUMIDOR

QUESTÃO 40. Acerca do Direito do Consumidor e proteção da tutela coletiva, assinale a alternativa
INCORRETA:

A) A compreensão de “processo em massa” para defesa dos direitos de maneira coletiva correlaciona-se
com a ideia de “demandas átomo”.

B) Nas ações individuais que versem sobre direitos homogêneos, em caso de procedência haverá coisa
julgada material erga omnes, ao passo que no caso de improcedência a coisa julgada não terá efeito erga
omnes, exceto se o interessado interveio na ação civil pública como litisconsorte.

C) A coisa julgada material secundum eventum litis está vinculada à procedência ou improcedência do
pedido formulado pelo autor.

D) A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados, abrangendo as vítimas cujas
indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras
execuções. É competente para a execução o juízo da ação condenatória, quando coletiva a execução.

E) Nas ações coletivas para a defesa de interesses individuais homogêneos, o Ministério Público, se não
ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal da lei.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) INCORRETA: A compreensão de “processo em massa” para defesa dos direitos de maneira coletiva
correlaciona-se com a ideia de “demandas-molécula”, considerando que a terminologia “demandas-átomo”
refere-se às demandas individualizadas.

“Para adequar-se à ‘sociedade de massa’, onde despontavam conflitos envolvo coletividades mais ou
menos extensas, desprovidas de personalidade definida, cuja vinda a juízo de todos os ofendidos era,
senão impossível, extremamente difícil., era necessário desenvolver um processo em massa, ou seja,
instrumentos processuais de defesa coletiva. (…) O caminho evolutivo rumo a esse ‘processo em massa’ é
ilustrado frequentemente pela seguinte metáfora: em lugar das ‘demandas-átomos’, das lides fragmentadas
nas tradicionais ações individuais, necessitava-se concentrar a defesa judicial dos direitos de massa em
‘demandas-molécula’, ou seja em ações coletivas que dispensassem a exigência de todos os interessados

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integrarem o processo” (MASSON, 2017, p. 11).

B) CORRETA: Nas ações individuais que versem sobre direitos homogêneos, em caso de procedência haverá
coisa julgada material erga omnes.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:

III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores,
na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.

Em complementação, destaca-se o disposto no § 2º do referido artigo, que preconiza que “na hipótese
prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados que não tiverem intervindo no
processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual.”

É de se pontuar que nas ações individuais homogêneas haverá coisa julgada com efeito erga omnes em caso
de procedência, o qual será afastando, por outro lado, em caso de improcedência.

Contudo, não podemos nos esquecer da faculdade prevista no art. 94 do Código de Defesa do Consumidor,
segundo o qual “proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam
intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação
social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.”

Nesse cenário, havendo intervenção do interessado na ação civil pública, na qualidade de litisconsorte,
certamente que será ele atingido pela coisa julgada, ainda que o pedido seja julgado improcedente. A
participação processual como terceiro o vincula ao resultado do julgamento.

C) CORRETA: “Nas ações civis públicas em defesa de qualquer espécie de interesse transindividual, a
existência de coisa julgada erga omnes ou ultra parte depende de ser a sentença favorável (procedente)
ou desfavorável (de improcedência) ao autor. Por tal razão, afirma-se que a coisa julgada material se dá
scundum eventum litis.

Além disso, exclusivamente nas ações civis públicas em prol de interesses difusos e/ou coletivos, a coisa julgada
material, nas sentenças de improcedência, depende do seu fundamento: ela só existirá se a improcedência
se der em um contexto probatório robusto, suficiente, em que haja juízo de certeza (cognição exauriente).
Por tal motivo, diz-se que, nelas, a coisa julgada material é secundum eventum probationis.

(…)

Perceba-se, ainda, que nas ações civis públicas em prol de interesses individuais homogêneos a coisa julgada
material é secundum eventum litis, mas não é secundum eventum probationis, pois mesmo a improcedência
por pretensão infundada (ou seja, quando foram produzidas todas as provas necessárias ao exame do
mérito) não afeta o direito de as vítimas buscarem sua tutela em ações individuais, ou seja, qualquer que

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seja o fundamento, não há coisa julgada erga omnes” (MASSON, 2017, p. 251).

D) CORRETA: Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o
art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem
prejuízo do ajuizamento de outras execuções.

§ 1° A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de liquidação, da qual deverá constar
a ocorrência ou não do trânsito em julgado.

§ 2° É competente para a execução o juízo:

I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;

II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.

E) CORRETA: Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal da lei.

💡💡 GABARITO: A

QUESTÃO 41. No que se refere à qualidade de produtos e serviços, da prevenção e da reparação dos danos,
assinale a alternativa CORRETA:

I - Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança
dos consumidores, exceto os considerados normais.

II - Não se admite no mercado de consumo produtos de periculosidade adquirida.

III - A Teoria da Qualidade não se correlaciona com a Teoria Unitária da Responsabilidade Civil.

A) Apenas as alternativas I e II estão incorretas.

B) Apenas a alternativa II está correta.

C) Apenas a assertiva III está incorreta.

D) Todas as alternativas estão incorretas.

E) Apenas as alternativas II e III estão corretas.

💡💡 GABARITO COMENTADO

Assertiva I (incorreta): Nos termos do art. 8º do CDC, “os produtos e serviços colocados no mercado de
consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e
previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese,

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a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.

Assertiva II (incorreta): Dispõe o art. 10 do Código de Defesa do Consumidor que “o fornecedor não poderá
colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de
nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança”.

O caderno legislativo elencou uma série de direitos básicos do consumidor, a exemplo da proteção da
vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços
considerados perigosos ou nocivos e a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e
preço, bem como sobre os riscos que apresentem (art. 6º, incisos I e III do CDC).

Não por menos que se estabeleceu um tópico específico para proteção da saúde e segurança do consumidor
(art. 8º a 10 do CDC), no qual determina-se que a inserção de produtos e serviços colocados no mercado de
consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e
previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a
dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito, sendo vedada a colocação no mercado de consumo
de produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à
saúde ou segurança (art. 10). Nesse ponto, a doutrina aponta a existência de uma pluralidade de espécies de
periculosidade no que se relaciona à segurança dos produtos e serviços, destacando-se: a) periculosidade
inerente, compreendida como aquela de natureza normal e previsível, que, ao menos em regra, não gera o
dever de indenização pelos danos ocorridos; b) periculosidade adquirida, compreendida como aquela que
surge em razão da ocorrência de um defeito ou vício no produto e serviço, cuja inexistência não apresentaria
risco superior àquele normal e previsível, sendo, portanto, passíveis de reparação. Os defeitos, nesse ponto,
poderão ser de fabricação (intrínsecos), de concepção, design, projeto ou fórmula (intrínsecos) ou ainda
por comercialização, informação ou instrução (extrínsecos); c) periculosidade exagerada, cujas cautelas ou
informações são insuficientes para afastar ou reduzir os riscos do produto ou serviço, de sorte a ser vedada
a sua colocação no mercado de consumo por violação à proporcionalidade esperada.

Nota-se, nesse ponto, que a periculosidade inerente e adquirida são toleráveis no mercado de consumo,
ainda que sujeite o fornecedor ao dever de indenizar. Porém, a periculosidade exagerada, diante de seu alto
potencial lesivo, não é admitida pelo ordenamento jurídico.

Assertiva III (incorreta): Na discussão em torno da qualidade de produtos e serviços, da prevenção e da


reparação dos danos surge a TEORIA DA QUALIDADE, capitaneada por Antônio Herman Benjamin, a qual
impõe aos fornecedores em sentido amplo o dever legal de manutenção e resguardo da qualidade dos
produtos e serviços que são diuturnamente inseridos no mercado de consumo. De acordo com a doutrina,
tem-se, em verdade, uma imputação objetiva de dever de qualidade, fundamento da responsabilização, em
regra objetiva, da reparação dos danos.

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Diante da especificidade das relações de consumo e da subsidiariedade da aplicação das normas de direito
civil, tem-se que da Teoria da Qualidade decorre a observância da Teoria Unitária da Responsabilidade
Civil, de modo que não há se fazer qualquer diferenciação entre a compreensão de responsabilidade
contratual e extracontratual.

Infere-se a imposição de um dever anexo, ou seja, implícito, que independe de qualquer previsão contratual,
tanto que extensível a toda cadeia de fornecedores que atuam na colocação dos produtos ou serviços no
mercado de consumo.

É de pontuar que a Teoria da Qualidade não se estende única e exclusivamente aos consumidores definidos
na cabeça do art. 2º do CDC, mas também àqueles por equiparação, a exemplo da coletividade de pessoas,
ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo (art. 2º, parágrafo único do CDC),
das vítimas do evento (fato do produto ou serviço) (art. 17 do CDC) e de todas as pessoas determináveis ou
não, expostas às práticas consumeristas (art. 29 do CDC).

Costuma-se apresentar um desmembramento da Teoria da Qualidade em qualidade-adequação, da qual


decorre um vício de qualidade por inadequação (art. 18 a 25), e qualidade-segurança, da qual tem-se um
defeito por qualidade por insegurança (art. 12 a 17).

A qualidade-segurança correlaciona-se à responsabilidade pelo fato ou defeito do produto ou serviço, a qual


é objetiva e solidariamente imposta a toda cadeia de fornecedores, a exceção do comerciante, que será
responsabilizado subsidiariamente (art. 13 do CDC). Excepcionalmente, poderá deixar o fornecedor de ser
responsabilidade se demonstradas as hipóteses delineadas no art. 12, § 3º do CDC.

Por sua vez, a qualidade-adequação apresenta um regime jurídico correlacionado aos vícios por inadequação,
os quais podem ser de improbidade, de diminuição de valor ou de disparidade informativa (art. 18 do
CDC). Igualmente, tem-se a responsabilidade objetiva e solidária de todos que participam da introdução do
produto ou serviço no mercado de consumo. Chama atenção que os vícios poderão ser de ordem qualitativa
ou quantitativa.

💡💡 GABARITO: D

PROFESSOR CARLOS FREDERICO ESCOCARD


E-mail: profcei.carlosfrederico@gmail.com

🏳🏳 TEORIA GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

QUESTÃO 42. Tendo em vista o que dispõe a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, assinale a opção

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INCORRETA:

A) São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência


funcional.

B) Os Ministérios Públicos dos Estados formarão lista tríplice, dentre integrantes da carreira, na forma da
lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo,
para mandato de dois anos, permitida uma recondução, observado o mesmo procedimento.

C) São órgãos auxiliares do Ministério Público a Comissão de Concurso e os estagiários.

D) São órgãos de execução do Ministério Público os Procuradores de Justiça, os Promotores de Justiça, o


Conselho Superior do Ministério Público e os Centros de Apoio Operacional.

E) As decisões do Ministério Público fundadas em sua autonomia funcional, administrativa e financeira,


obedecidas as formalidades legais, têm eficácia plena e executoriedade imediata, ressalvada a competência
constitucional do Poder Judiciário e do Tribunal de Contas.

💡💡 GABARITO COMENTADO

A) CORRETA: A alternativa está correta, pois corresponde ao disposto no parágrafo único do art.1º da Lei n.º
8625/93:

Art. 1º O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

Parágrafo único. São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a


independência funcional.

B) CORRETA: A alternativa corresponde ao disposto no art. 9º, caput, da LONMP.

C) CORRETA: a alternativa corresponde ao disposto no art. 8º da LONMP:

Art. 8º São órgãos auxiliares do Ministério Público, além de outros criados pela Lei Orgânica:

I - os Centros de Apoio Operacional;

II - a Comissão de Concurso;

III - o Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional;

IV - os órgãos de apoio administrativo;

V - os estagiários.

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D) INCORRETA: Os procuradores de Justiça e os Promotores de Justiça são, de fato, órgãos de execução do


Ministério Público. Entretanto, os Centros de Apoio Operacional são órgãos auxiliares, conforme visto no
item anterior. Nesse sentido, confira-se o disposto no art.7º da LONMP:

Art. 7º São órgãos de execução do Ministério Público:

I - o Procurador-Geral de Justiça;

II - o Conselho Superior do Ministério Público;

III - os Procuradores de Justiça;

IV - os Promotores de Justiça.

E) CORRETA: a alternativa corresponde exatamente ao disposto no parágrafo único do art.3º da Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público. O dispositivo é fundamental e requer uma leitura atenta, razão pela qual
cita-se na íntegra:

Art. 3º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional, administrativa e financeira, cabendo-lhe,


especialmente:

I - praticar atos próprios de gestão;

II - praticar atos e decidir sobre a situação funcional e administrativa do pessoal, ativo e inativo, da carreira
e dos serviços auxiliares, organizados em quadros próprios;

III - elaborar suas folhas de pagamento e expedir os competentes demonstrativos;

IV - adquirir bens e contratar serviços, efetuando a respectiva contabilização;

V - propor ao Poder Legislativo a criação e a extinção de cargos, bem como a fixação e o reajuste dos
vencimentos de seus membros;

VI - propor ao Poder Legislativo a criação e a extinção dos cargos de seus serviços auxiliares, bem como a
fixação e o reajuste dos vencimentos de seus servidores;

VII - prover os cargos iniciais da carreira e dos serviços auxiliares, bem como nos casos de remoção, promoção
e demais formas de provimento derivado;

VIII - editar atos de aposentadoria, exoneração e outros que importem em vacância de cargos e carreira e dos
serviços auxiliares, bem como os de disponibilidade de membros do Ministério Público e de seus servidores;

IX - organizar suas secretarias e os serviços auxiliares das Procuradorias e Promotorias de Justiça;

X - compor os seus órgãos de administração;

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XI - elaborar seus regimentos internos;

XII - exercer outras competências dela decorrentes.

Parágrafo único. As decisões do Ministério Público fundadas em sua autonomia funcional, administrativa
e financeira, obedecidas as formalidades legais, têm eficácia plena e executoriedade imediata, ressalvada
a competência constitucional do Poder Judiciário e do Tribunal de Contas.

💡💡 GABARITO: D

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QUESTÃO DISSERTATIVA

PROFESSOR RAFAEL PEREIRA


E-mail: profcei.rafaelpereira@gmail.com

🏳🏳 DIREITO AMBIENTAL

QUESTÃO. Após devida apuração em Inquérito Civil, o Ministério Público ingressou com ação civil pública
em face da empresa GAS de combustível, por danos ambientais diante de derramamento de óleo em uma
lagoa. Durante a ação, a empresa GAS requereu o chamamento ao processo da empresa CANOS, terceirizada
da LUZ, responsável pela tubulação. Diante desse cenário responda os seguintes questionamentos em forma
de texto.

1. Qual a natureza da responsabilidade civil ambiental?

2. Se entender que é solidária, justifique e qual a amplitude desta solidariedade?

3. Por fim, mencione o que se aplica sobre o litisconsórcio passivo no direito ambiental aplicando caso acima?

INSTRUÇÕES PARA ENVIO DE RESPOSTA


A resposta para correção individualizada deverá ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 03/03/20:
profcei.rafaelpereira@gmail.com - LIMITE MÁXIMO DE 60 LINHAS

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QUESTÃO DISCURSIVA

PROFESSOR LUCAS LOSCH ABAID


E-mail: profcei.lucasabaid@gmail.com

🏳🏳 DIREITO PROCESSUAL PENAL

QUESTÃO. Em que consiste a descontaminação do julgado?

INSTRUÇÕES PARA ENVIO DE RESPOSTA


A resposta para correção individualizada deverá ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 03/03/20:
profcei.lucasabaid@gmail.com - LIMITE MÁXIMO DE 15 LINHAS

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ALUNO (A) DATA

PROFESSOR(A) MATÉRIA QUESTÃO

FOLHA DE RESPOSTA PADRÃO - 60 LINHAS

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ALUNO (A) DATA

PROFESSOR(A) MATÉRIA QUESTÃO

FOLHA DE RESPOSTA PADRÃO - 15 LINHAS

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