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NOME: EDUARDO PINHEIRO - RA: 16271 – CURSO: 4º SEM ENG.

CIVIL

FECAF – FACULDADE capital federal


Av. Vida Nova, 166, Taboão da Serra - SP

Estudo de Caso
2021.1

Disciplina: Ciência e Tecnologia dos Materiais
Professor: Fábio Larsen

A explosão do ônibus espacial Challenger

Visão geral
Os fatos:

O Challenger foi um dos três ônibus espaciais lançados pela NASA. Um ônibus espacial consiste em um
orbitador de asa-delta que contém os motores principais, uma área de carga, acomodações para a tripulação e a
cabine de comando. Os motores principais são alimentados com nitrogênio líquido e oxigênio, fornecidos por um
tanque descartável externo. No lançamento, o veículo é extremamente pesado, pois os tanques cheios pesam
milhões de quilos. Portanto, são necessários dois foguetes de lançamento, que usam combustível sólido, durante
os 2 minutos iniciais do voo. Os dois foguetes de lançamento são ejetados em seguida, para evitar que queimem
na atmosfera, e assim possam ser recuperados para uso posterior.

Os foguetes de lançamento são extremamente grandes (50 metros de comprimento, 4 metros de


diâmetro), de modo que são difíceis de transportar. Eles são montados a partir de seções menores, que são
vedadas por anéis de borracha vulcanizada e uma massa aderente de cromato de zinco. As secções seladas são,
então, abastecidas com dois milhões de quilos de combustível a base de óxido de alumínio/cloreto de
potássio/ferro. Os foguetes de lançamento usados nos três ônibus espaciais foram construídos pela empresa
Morton-Thiokol.

A vedação dos foguetes de lançamento vinha dando trabalho à NASA. A inspeção dos foguetes de
lançamento que foram recuperados mostrou que os gases devidos à combustão podem atingir os anéis de
vedação e carbonizá-los. A experiência mostrou aos engenheiros que esse problema era particularmente sério no
inverno, quando a massa aderente e os anéis são menos flexíveis. Portanto, um programa para melhorar o projeto
dessas peças foi implantado.

O ônibus espacial é um feito maravilhoso da engenharia que deu novas capacitações à NASA, como a
habilidade de fazer reparos em satélites de órbitas baixas. No entanto, esse programa nasceu em meio a
controvérsias. Como era extremamente caro, muitos outros programas foram cancelados, incluindo o de foguetes
ejetáveis para cargas pesadas. A NASA alegou que o ônibus espacial seria uma “carreta espacial” barata, mas
que os lançamentos frequentes eram necessários para amortizar o custo do desenvolvimento. Assim a NASA
estava sob pressão para fazer lançamentos frequentes e provar a viabilidade de seu enorme investimento. Na
verdade, alegava que o ônibus espacial geraria rendimento suficiente para se autofinanciar. Alguns membros do
governo Reagan até mesmo sugeriram que o ônibus fosse privatizado e vendido à uma companhia aérea.

Qualquer grande projeto de engenharia, como o ônibus espacial, deveria ser visto como um experimento.
Embora alguns componentes possam ser testados independentemente (parte eletrônica, motores, bombas, etc.),
a única maneira de testar o sistema completo é lançá-lo. Cada lançamento apresenta problemas, como lâminas
de bombas que racham ou algum sopro de gases em anéis de vedação. Cada vez que é tomada uma decisão de
prosseguir com o lançamento apesar da preocupação com equipamentos, isso é visto como um teste de sistema.
Eventualmente, os limites do sistema são explorados e o sistema falha.
NOME: EDUARDO PINHEIRO - RA: 16271 – CURSO: 4º SEM ENG. CIVIL
No dia 28 de janeiro de 1986, a NASA inadvertidamente testou os limites de temperatura do ônibus
espacial Challenger. A temperatura na noite anterior esteve abaixo de zero, enquanto na manhã desse dia a
temperatura era cerca de 2°C. Antes de qualquer lançamento, são realizadas reuniões entre gerentes e
engenheiros da NASA para discutir a viabilidade do lançamento. Dessa vez, os engenheiros expressaram suas
preocupações de que o gelo formado no local de lançamento poderia danificar o orbitador ou seu tanque de
combustível. Ondas violentas haviam forçado os navios que resgataram os foguetes de lançamento a retornarem à
costa. Além disso, havia grande preocupação entre os engenheiros em relação aos anéis de vedação dos foguetes
de lançamento. Roger Boisjoly, um engenheiro da Morton-Thiokol, recomendou que nenhum lançamento fosse
realizado em temperaturas abaixo de 12°C, com base em sua experiência de lançamentos anteriores. Ele e seu
colega Arnold Thompson expressaram suas preocupações junto aos diretores da NASA e da Morton-Thiokol. Mas,
como a Morton-Thiokol estava negociando futuros contratos envolvendo o foguete de lançamento, eles não
queriam retratar seu produto como sendo de baixa qualidade. A NASA estava interessada em um agressivo
cronograma de lançamento para provar que o ônibus espacial era economicamente viável. Dessa forma, as muitas
preocupações dos engenheiros foram ignoradas pelos diretores. Foi tomada a decisão de lançar o ônibus espacial
às 11h38min. Após 76 segundos de voo, a 165 km de altitude, as juntas de vedação do foguete de lançamento
falharam, permitindo que gases aquecidos vazassem e inflamassem o hidrogênio líquido. Todos os sete membros
da tripulação morreram.

Figura 2
Figura 1

As borrachas:

As borrachas são um tipo de material de comportamento bastante peculiar. Podem esticar e serem
comprimidas, voltando ao estado natural quando a ação externa cessa. Tal propriedade só é possível graças ao
processo de vulcanização da borracha, desenvolvido por Charles Goodyear. Nesse processo, é adicionado ao
látex, enxofre e óxido de chumbo.

Os polímeros que formam as borrachas são chamados de elastômeros. Os elastômeros, tal e qual o vidro,
são compostos classificados como não cristalinos ou amorfos, por não possuírem um arranjo atômico regular e
repetitivo. Os sólidos amorfos não mudam de estado físico como os sólidos cristalinos (os metais, por exemplo).
Quando aquecidos e atingindo uma certa temperatura especial, que é chamada de temperatura de transição vítrea
(Tg). Cada material tem a sua temperatura própria para esta transição.

Quando uma borracha é submetida a temperaturas inferiores à sua temperatura de transição vítrea ela
deixa de ser flexível, passando a ser dura e frágil como o vidro, o que, para muitas aplicações pode ser
indesejável.

Questão:

O que poderia ter dado errado no caso do lançamento da Challenger? Justifique sua resposta, tendo em
vista as propriedades das borrachas em baixa temperatura. Outro ponto que deve ser abordado é o que
poderia ter sido feito, do ponto de vista de Ciências dos Materiais, para prevenir o acontecimento do
acidente.
NOME: EDUARDO PINHEIRO - RA: 16271 – CURSO: 4º SEM ENG. CIVIL
Análise do contexto (estudo das variáveis)
Ao analisarmos o texto apresentado e realizado uma pesquisa sobre o estudo de caso, podemos
concluir que no momento do lançamento, o foguete do lado direito poderia ter explodido ao ser dada a ignição,
pois pelo fato das borrachas de vedação estarem contraídas e abaixo do Tg, não estariam dentro da temperatura
de trabalho, impedindo o seu funcionamento correto, que era o de fazer a vedação após sua dilatação. Mas isso
não veio a acontecer, pois o combustível do foguete ser um combustível sólido e possuir resíduos de metais,
como o alumínio, oque fez com que complementasse a falta de dilatação dos o’rings, vedando-o a junta da
primeira seção do foguete.

Conclusão e Propostas de Solução para o Problema


Uma possível solução seria a utilização de um dos materiais que compõem a borracha vulcanizada, que
são os elastómeros termoplásticos. Pode-se dizer que elastómeros termoplásticos são polímeros que combinam
a elevada deformabilidade elástica característica das borrachas vulcanizadas, com as condições de
transformação mais favoráveis dos materiais termoplásticos.

Os elastómeros termoplásticos de melhor desempenho são muitas das vezes mais caros do que muitos
tipos de borracha convencionais vulcanizadas. Mas, no entanto, todo seu material pode ser reutilizado na sua
produção novamente, por meio de uma reciclagem, pelo fato dele não ser vulcanizado. Os elastómeros
termoplásticos e as borrachas são bem comuns nos trabalhos realizados, mas apresentam também aspectos
muito diferentes no que diz respeito à reversibilidade do processo de moldagem e às suas estruturas
moleculares.

O que são os elastómeros termoplásticos. Podemos dizer que elastómeros termoplásticos são polímeros
que combinam a elevada deformabilidade elástica característica das borrachas vulcanizadas, com as condições
de transformação mais favoráveis dos materiais termoplásticos. O resultado para isto se dá criando
uma estrutura de copolímeros de bloco, em que se alternam segmentos de cadeia muito elásticos – que são os
que conferem as propriedades características da borracha vulcanizada, com segmentos ou domínios, que à
temperatura ambiente, apresentam uma grande rigidez e coesão, característica dos materiais plásticos. Estes
domínios desempenham, à temperatura ambiente, um papel semelhante às ligações químicas que se formam
durante a vulcanização, e tendem a impedir o deslocamento relativo das cadeias moleculares, sob a ação de
forças aplicadas. Porém, quando a temperatura é elevada acima da sua temperatura de transição vítrea (Tg) ou
da sua temperatura de fusão (Tm), essas ligações, por serem estritamente de natureza física, perdem a sua
coesão e permitem que o material adquira uma certa fluidez e possa ser conformado por extrusão, calandragem
ou moldagem (em geral por injeção). Após arrefecimento, o material volta a adquirir as propriedades
características de um elastómero. Para além de se prescindir de um processo de vulcanização, todo o material
não transformado em peças, tais como rebarbas, jitos, peças defeituosas, etc., podem ser reciclados e utilizados
na produção dos mesmos produtos. Sua Tg varia entre -50ºC e 120ºC, portanto torna-se um material ideal para a
substituição dos anéis de vedação dos foguetes.

Referências:
HOLTZAPPLE, Mark T., REECE, W. Dan. Introdução à Engenharia. 1ª Edição, LTC, 2006. ISBN
9788521615118. CHEMELLO, Emiliano. A explosão do ônibus espacial Challenger. 2021. Disponível em:
http://www.quimica.net/emiliano/artigos/2010novembro-challenger.pdf. Acesso em 02/04/2021.
Elastómeros termoplásticos https://www.ctborracha.com/borracha-sintese-historica/materias-
primas/borrachas/elastomeros-termoplasticos/ Acesso em 19/05/2021
Elastómeros termoplásticos vulcanizados e seu papel na indústria
https://www.compostos.com.br/blog/elastomeros-termoplasticos-
vulcanizados#:~:text=Os%20elast%C3%B4meros%20termopl%C3%A1sticos%20vulcanizados%2
0na%20ind%C3%BAstria&text=Os%20elast%C3%B4meros%20termopl%C3%A1sticos%20vulcan
izados%20tamb%C3%A9m,40%C2%BA%20C%20a%20135%C2%BA%20C. Acesso em 19/05/2021
URL das imagens:
Figura1: https://www.10emtudo.com.br/_img/upload/artigo/artigo_9_0.gif
Figura 2: http://2.bp.blogspot.com/-qAGTlKZgkt0/UtvkhXkBV8I/AAAAAAAAC38/fgGQ7nP5JVg/s1600/c56002.jpg

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