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Mestrado em Engenharia Mecânica

Relatório do Trabalho Prático

Discos de Travões

Autores: André Gonçalves Simões, PG50012


Eduardo Nunes
Francisco Campos
Leitão

Docente: Ana Maria Pires Pinto


Unidade Curricular: Materiais Metálicos e Não-Metálicos Avançados

Universidade do Minho

Escola de Engenharia

Novembro, 2022
Resumo
No âmbito da unidade curricular de “Materiais Metálicos e Não-Metálicos”, foi-nos
proposto pelo docente o desenvolvimento de um projeto para avaliação. Este projeto
remete para a aplicação dos conteúdos lecionados na unidade curricular, tendo como
objetivo a pesquisa e consequente aprofundamento de um componente de aplicabilidade
metálica, explorando todas as vertentes do mesmo.

A decisão tomada pelo grupo em conjunto com a docente foi a de adotar os discos de
travão como componente de estudo, e através deste elaborar uma consolidação de
conteúdos que vão ao encontro dos objetivos propostos para esta unidade curricular,
permitindo que no final deste trabalho sejam retiradas conclusões acerca de todas as
vertentes do mesmo.

São abordados todos os pontos críticos necessários, nomeadamente quais os tipos de


discos existentes e seus processos de fabrico, possíveis materiais, suas vantagens e
desvantagens, relacionando estas possibilidades com casos do dia a dia que melhor se
adequem, expondo por último alguns casos especiais que possam cativar o interesse.
Desta forma será possível decidirmos qual o melhor material para um determinado disco
de travão.

Palavras-chave
Abstract

Key-Words
Índice
1. Introdução............................................................................................................................6
1.1 Tipos de disco e suas vantagens.........................................................................................7

Índice de Figuras
Figura 1: Travões de tambor------------------------------------------------------------------------------- 6
Figura 2: Tipos de discos----------------------------------------------------------------------------------- 8
1. Introdução
É difícil pensar num componente mais importante no mundo automóvel que os travões,
estes são cruciais à segurança dos condutores, por isso é essencial mante los bem
conservados.

Os primeiros travões a ser utilizados foram os travões de tambor. Este sistema de


travagem usava uma banda de aço inoxidável flexível, enrolada num tambor no eixo
traseiro. Quando o condutor acionava o travão, a banda aplicava pressão no tambor e o
carro parava. Este tipo de travões tinha problema com a dissipação de calor a altas
velocidades e perda de eficiência em água, é então daí que surge os travões de disco.
Estes são utilizados pela primeira vez em 1898 pelo inventor norte americano Elmer
Ambrose Sperry, num carro elétrico onde a pastilha era forçada contra o disco por meio
eletromagnético.

Os travões a disco são um componente de conversão de energia cinética em calor por


meio de fricção, onde a sua eficiência é medida pela capacidade de dissipar o calor
gerado. De forma a parar a roda, um material na forma de pastilhas montado num
dispositivo chamado pinça é forçado mecânica, hidráulica, pneumática ou
electromagneticamente contra os dois lados do disco, cirando atrito que reduz a
velocidade do veículo. Uma evolução importante dos sistemas de travagem de disco foi
a integração de um sistema que impede o bloqueio das rodas quando o sistema de
travagem é usado em emergências chamado ABS (Anti-lock Braking System). Este
sistema melhora o controlo do carro porque evita que as rodas se bloqueiem e entrem
em derrapagem.

Figura 1: Travões de tambor


1.1 Tipos de disco e suas vantagens

 Disco de travão plano

O disco de travão mais convencional é o disco plano e liso, feito geralmente de ferro e
afixado ao eixo rotativo. Este é especialmente utilizado em veículos mais pequenos,
pois o seu peso é mais baixo, sendo adequado para o seu funcionamento, estes são
também relativamente baratos para produzir e substituir. Detêm uma excelente potência
de travagem dado à imensa área de superfície em contacto com a pastilhas, mas poderão
perder a eficácia em períodos de travagem prolongados. Calor, gás e resíduos de
material de fricção podem acumular-se entre o disco e a pastilha, podendo causar a
deformação do disco se o aumento de calor for elevado.

 Disco de travão ventilado

À medida que o tamanho e o peso do veículo aumentam, também aumenta a carga nos
travões. Isso gera mais calor, o que causa problemas para o sistema de travagem. O
disco precisa de alguma ajuda para libertar calor de forma rápida para evitar danos, à
medida que aumentam os níveis de calor. Para ajudar o disco a dissipar o excesso de
calor, é necessária ventilação. Isso irá permitir que o calor gerado pelas superfícies de
contacto saía mais facilmente, através da irradiação para o exterior por via das aberturas
entre as duas faces. A única desvantagem de um disco ventilado é um ligeiro aumento
no peso, caso contrário, são muito melhores em manterem-se dentro dos limites de
temperatura de trabalho ideal que os discos planos convencionais.

 Disco de travão perfurado

Outra forma de os discos não sobreaquecerem. é aumentar a área da superfície através


de furos completos através dos mesmos. Estes orifícios proporcionam igualmente uma
rota de fuga para o calor, gás e resíduos, evitando que se acumulem nas superfícies de
contacto. Reduzem ligeiramente o peso dos discos devido á perfuração do material.
As desvantagens são que, os buracos podem acumular material e outros detritos, estão
sujeitos a deformações e rachas sob elevadas temperaturas. Embora os orifícios não
comprometam a integridade estrutural do disco, eles reduzem a quantidade de calor que
o disco pode tolerar, uma vez que excede a quantidade que o disco pode dissipar
efetivamente.
 Discos de travão com fenda ou ranhura
Ao efetuar a adição de ranhuras ou fendas a um disco, o mesmo funciona de forma
semelhante aos discos perfurados, dado que estes últimos trabalham para remover o
excesso de calor, gás e material da superfície de fricção sem enfraquecer, contudo, a
resistência ao calor do disco.
Os sulcos irradiam do centro do disco num ângulo específico para libertar os resíduos e
afastá-los com a rotação do disco.
Estes tipos de disco detêm a tendência a serem mais ruidosos do que os outros, dado que
as ranhas friccionam as pastilhas.

Figura 2: Tipos de discos

Podem existir também combinações entre discos com ranhuras e perfurados, com o
objetivo de obter os benefícios de ambos, minimizando as desvantagens.

Os discos podem também ser ondulados ou com a borda ondulada, de forma a reduzir o
peso do mesmo sem comprometer a força e resistência.

A presença de furos ou ranhuras num disco de travão é uma garantia de melhor


aderência e certamente um sistema de travagem mais ágil e eficaz. Este efeito deve-se à
superfície dos orifícios ou ranhuras que garantem, sobretudo nas fases iniciais de
travagem, um melhor desempenho graças a um coeficiente de atrito superior ao dos
discos convencionais. Outra vantagem importante do uso de discos perfurados e com
ranhuras é a renovação constante do material de fricção das pastilhas. Sendo que estes
também interrompem o lençol de água que se deposita na superfície de travagem com a
chuva.

2. Fabrico de componentes

2.1. Escolha dos possíveis materiais para o fabrico do


componente

2.2. Explicar as vantagens e desvantagens de cada tipo de


material

2.3. Critérios de escolha do material

Os materiais encontrados nos discos de travões devem satisfazer requisitos rigorosos.


Estes requisitos dependem da utilidade final dos discos.
Os materiais usados na produção dos discos têm de oferecer:
 Alta resistência ao desgaste;
 Resistência à oxidação,
 Elevado tempo de vida útil;
Os discos dividem-se em dois grupos principais de materiais:
Discos de ferro fundido cinzento:
Para utilização convencional, há uma grande porção de discos de travão que são feitos
de ferro fundido cinzento. Habitualmente são usadas ligas com cromita (principal
mineral do crómio) e molibdénio.
O crómio aumenta consideravelmente a resistência à oxidação (corrosão) e à
temperatura ambiente é muito resistente a “ataques” químicos.
O molibdénio melhora consideravelmente as propriedades físicas e químicas das ligas
em que está presente e também apresenta um alto ponto de fusão (2623 °C). Um ponto
comum com o crómio é a sua elevada resistência ao oxigénio a temperatura ambiente,
sendo que apenas ocorre algum tipo de reação a temperaturas mais elevadas.
Disco de cerâmica de carbono:
Estes discos são utilizados em veículos de alta performance pelo que as características
dos materiais usados diferem em certa parte dos materiais dos discos convencionais.
O facto de serem feitos de carbono e cerâmica confere muito mais resistência a altas
temperaturas. Para além do peso reduzido, apresentam uma capacidade de travagem
muito superior sendo capazes de parar um veículo a alta velocidade em poucos metros.
O componente cerâmico presente nestes discos é o silício, que é bastante resistente a
ácidos, sendo poucos os que conseguem oxidá-lo. Desta forma, apresenta uma elevada
resistência à corrosão.
As fibras de carbono são compósitos filamentosos constituídos por pelo menos 90% de
carbono. As fibras unem-se entre si por meio de uma resina que funciona como uma
cola. É um material com elevada resistência à tração, módulo de elasticidade
extremamente elevado, baixa massa específica, além de inércia química, exceto quanto
à oxidação.

2.4. Identificação do processo de fabrico

Discos de travão de ferro fundido:


Como o nome indica, ocorre um processo de fundição e posteriormente o ferro fundido
é adicionado a um molde. Após arrefecer totalmente, o disco é submetido a processos de
acabamento.
Discos de travão cerâmicos:
A mistura de fibras de carbono e resina é colocada num molde;

Figura 3: Preenchimento do molde com as fibras de carbono e resina

O molde entra numa prensa que aplica 20 toneladas de força enquanto aquece o molde a
200 ºC. Isto compacta a fibra de carbono e transforma a resina em plástico.
Depois de arrefecido, o molde é aberto e o disco é retirado do molde.
Posteriormente, o disco é colocado num forno durante dois dias que aquece
gradualmente até aos 980 ºC. Isto cria uma transformação química do plástico em
carbono.
O disco é colocado num recipiente resistente ao calor onde é adicionado o pó de silício.
O recipiente, juntamente com o disco, é colocado num forno durante 24h que aquece
gradualmente até aos 1650 ºC derretendo o silício. Isto cria um material novo, o
carboneto de silício.
Após isto, é aplicada no disco, uma tinta protetora que isola o disco do oxigénio. Isto é
importante pois a altas temperaturas, o oxigénio queima o carbono. Este tratamento anti-
oxidação garante um ciclo de vida maior.
O disco é submetido a processos de acabamento.

3. Utilização de diferentes materiais para discos

Bicicletas

Com a grande capacidade de travagem em qualquer clima, os discos em aço inoxidável


são os mais utilizados em bicicletas. Estes são utilizados devido ao facto de apesar de se
tratar de um aço leve, tem uma dureza elevada permitindo uma boa resistência ao
desgaste, enquanto que a sua ductilidade permite uma manufatura simples. A longo
prazo, alta resistência à corrosão e resistência ao desgaste ajudar a manter uma boa
performance de travagem.

Quando se trata de discos de travão, é utilizado um aço inoxidável com uma


microestrutura martensítica tais como: Dura 4024 (EN grade 1.4024 standard) ou Dura
420/4028 (EN 1.4028). Tratamentos térmicos possibilitam o aumento da dureza do
material martensítico para um nível ideal, obtendo um equilíbrio entre a resistência ao
desgaste e a ductilidade.

Figura 4- Disco de travão de bicicleta


Carros

O disco de travão tem de ir de encontro a requerimentos rigorosos. Têm de ser capazes


de resistir a:

 Stress mecânico aplicado como resultado de forças de tensão e tração que


ocorrem durante as travagens;
 Forças centrifugais que ocorrem com a rotação da roda a altas velocidades;
 Cargas térmicas

Ferro fundido cinzento

A maioria dos discos de travão são feitos de um ferro fundido cinzento especial (ferro
fundido cinzento perlítico). Ligas com crómio e molibdénio aumentam a resistência ao
desgaste e melhoram as características de hot cracking. Além disso, a grande quantidade
de carbono permite uma maior taxa de absorção de calor.

Figura 5- Disco de travão de ferro fundido cinzento


Materiais Cerâmicos

Materiais cerâmicos ( Fibra de carbono cerâmica ou carbono cerâmico) são também


cada vez mais utilizados no fabrico de discos de travões. Os benefícios da utilização
desdes discos são:

 Grande estabilidade dimensional a qualquer temperatura:


 Peso próprio baixo, com boa resposta de travagem
 Tempo de vida muito longo

No que diz respeito a desvantagens, incluem-se a baixa condutividade térmica( o que


requer materiais específicos para os brake pads) e um preço elevado. Este último
explica o porque destes discos, atualmente, só são utilizados como equipamento
especial em veículos de classes mais elevadas.

Figura 6- Disco de travão em carbono cerâmico

Carro Fórmula 1 vs Carro


Fabrico do Componente
1. Escolha dos possíveis materiais para o fabrico do componente
2. Explicar as vantagens e desvantagens de cada tipo de material
3. Bem como os critérios para a escolha de um determinado material
4. Identificar os processos de fabrico e relacioná-los
2. Posto isto relacionar utilizações de materiais para discos com casos do dia a dia
(bicicleta, carro mais barato, caro, f1, …), constatando o porquê de esse tipo de veículo
selecionar esse determinado material para os seus discos.
Inovação dos discos de travagem
Abordar alguns casos onde a inovação tem vindo a ser chave para o desenvolvimento
desse tipo de discos. (ex: caso Elon Musk).
Possibilidade de produção de energia na travagem.
Conclusão
Bibliografia

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