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Resumo: este artigo visa esclarecer e definir as melhores práticas referentes ao processo de
preparação de tijolos resfriadores aplicados no processo de moldagem manual pesada. A análise
e determinação dos melhores parâmetros do processo de preparação de tijolos, foi feita por meio
da aplicação de um experimento na prática realizado pela fusão de um bloco teste. Neste bloco
teste se aplicou diversas combinações diferentes de preparação de tijolos resfriadores mais
conhecidos no meio dos fundidores, na análise do bloco-teste após desmoldagem e jateamento,
concentrou-se atenção para o acabamento superficial das áreas brutas de fusão onde se aplicou
tijolos resfriadores.
1 INTRODUÇÃO
1
Pós-graduando em Engenharia Metalúrgica pelo Instituto Superior Tupy – SOCIESC.
E-mail:silva.daniel.r@gmail.com
2. Aumentar o comprimento da zona de ação dos massalotes, reduzindo assim o
número dos mesmos, necessários em um fundido;
3. Modificar localmente a estrutura do metal de uma peça;
4. Aumentar a velocidade de resfriamento de peça de grande porte.
De acordo com André Pozenato (2009, para dimensionar o resfriador podem ser usados dois
critérios, ambos baseados na idéia de que ao reduzir o tempo de solidificação da peça ou região, o
resfriador estaria provocando a redução do módulo aparente da mesma, de Mo para Mr, onde Mo
é o módulo calculado a partir da geometria da peça e Mr é o módulo reduzido aparente. Também
devemos analisar que a capacidade de resfriamento do resfriador depende do tipo do material
com que é feito, do tamanho, forma, calor específico, peso e condutibilidade térmica do material
como veremos a seguir.
Os resfriadores externos possuem a mesma forma que a parte das paredes que substituem no
molde. Algumas vezes coloca-se o resfriador no momento da socagem do molde, outras vezes os
modelos possuem marcações que facilitam a colocação dos resfriadores da mesma maneira que
os machos.
Os dois métodos tem vantagens e desvantagens respectivas, na produção em série é mais
econômico colocar o resfriador diretamente no molde durante a socagem á máquina, porém há
riscos de se depositar umidade sobre o resfriador quando o molde permanece por muito tempo
parado antes de ser vazado.
Na moldagem manual é mais recomendado colocar o resfriador na sua marcação quando está se
fechando o molde, para facilitar a saída dos gases na interface entre o metal e o resfriador,
recomenda-se também que a face em contato com o metal seja rugosa.
Quando a superfície a ser resfriada é grande, é preferível utilizar vários resfriadores pequenos
para facilitar a saída dos gases e evitar os efeitos da dilatação que poderiam estragar o molde ou
provocar deformações na peça. Recomenda-se:
Para repartir vários resfriadores sobre uma grande superfície é preferível utilizar a disposição da
Figura 2 em vez da Figura 1 para evitar acúmulo de efeitos de arestas num mesmo ponto da peça.
Resfriador de tamanho insuficiente não vai corrigir o defeito pelo qual foi colocado. Pelo
contrário, resfriadores superdimensionados podem causar a formação de superfícies muito duras
e inusináveis quando se trata de peças de ferro fundido. Portanto, a determinação das dimensões
dos resfriadores tem grande importância.
Geralmente os resfriadores externos são metálicos e utilizam os seguintes materiais: aço, ferro
fundido,cobre ou alumínio. O cobre e o alumínio tem coeficiente de condutibilidade térmica bem
superior ao do aço ou ferro fundido porém os resfriadores são muito mais caros.
Sabe-se que a utilização de resfriadores metálicos nem sempre é fácil e necessita cuidados
especiais quando não se deseja encontrar defeitos tais como:
Portanto antes de decidir sobre a utilização de um resfriador metálico, deve-se procurar um meio
termo entre a necessidade de resfriar e a possibilidade de provocar alguns defeitos. Em certos
casos a utilização de materiais não metálicos como o carboneto de silício, a zirconita, a
magnesita, a cromita, podem facilitar soluções interessantes.
Em um trabalho recente Geicimar (2012) obteve as seguintes conclusões referentes ao material
dos resfriadores.
• Os resfriadores com matriz ferrítica possuem uma maior tendência a formação de gases,
material com maior tendência a oxidação, a absorção de água ocorre na interface da
grafita;
• Os resfriadores ferríticos possuem uma capacidade de extração de calor maior que os
resfriadores perlíticos;
• Os resfriadores cinzentos ferríticos possuem uma capacidade de extração de calor maior
que os resfriadores nodulares ferríticos, isto é devido a forma da grafita lamelar.
No quadro a seguir apresenta-se coeficiente de difusividade para vários tipos de material que
podem ser utilizados para resfriamento.
Para maior entendimento, verifica-se nas Figuras 3 e 4, imagens que mostram os tijolos
resfriadores preparados antes da moldagem e os tijolos já devidamente afixados no molde de
areia.
A utilização de tijolos resfriadores é uma solução para resolver diversos problemas conforme
citado neste artigo, no entanto, esta solução pode se tornar uma dor de cabeça para os fundidores,
pois existem inumeros defeitos possíveis de serem causados pelo resfriador metálico, listaremos
abaixo alguns deles:
• Dilatação do resfriado
A dilatação do resfriador, quando do enchimento do molde, pode quebrar pedaços de areia ou
pelo menos produzir trincas na areia que se reproduzem em forma de rebarbas nas paredes da
peça. Este defeito ocorre quando o comprimento do resfriador é muito grande. Recomenda-se
200mm como comprimento máximo.
• Formação de bolhas superficiais.
Ferrugem, graxa e umidade são os piores inimigos dos resfriadores. Sob o efeito do metal quente:
a umidade transforma-se em vapor de água; a graxa queima, gerando gases que ficam
aprisionados na superfície do fundido; já a ferrugem pode reagir com o carbono do metal líqüido
(aço ou ferro fundido) da seguinte maneira:
FeO+ C Fe + CO
FeзO2 + 3C 2Fe + 3CO
Na Fgura 5 é possível observarmos uma peça que apresenta defeito na região onde foi colocado o
tijolo resfriador.
Figura 5- Bolhas ou fervuras de tijolo resfriador
2.1 MATERIAIS
A prática de jateamento foi considerada uma variável fixa neste trabalho, por se considerar um
processo primário e básico para a mínima preparação de um tijolo resfriador. O material do tijolo
resfriador foi o ferro fundido cinzento, foi considerado também como uma variável fixa deste
experimento. O material do bloco teste foi o ferro fundido nodular, variável fixa.
A técnica de estufagem ou aplicação de maçarico, que objetiva a secagem da tinta e/ou
eliminação da umidade impregnada na superfície do tijolo, afim de minimizar a ocorrência de
fervuras ou bolhas de gases, foram variáveis exploradas arbitrariamente neste trabalho.
A aplicação de tinta especial para resfriadores, desmoldante ou tinta de moldagem, visa a
proteção superficial do resfriador, a minimização da ocorrência de caldeamento e de defeitos
superficiais. Estas três variáveis também foram exploradas arbitrariamente neste trabalho prático.
2.2 MÉTODO
Das diversas possibilidades de análises críticas a serem realizadas, o método de inspeção visual
foi o principal método aplicado para avaliação técnica das superficies fundidas de contato com os
tijolos resfriadores.
O critério Scrata (2006) regido pela ASTM será o padrão comparativo de superfícies fundidas
que guiará as análises e conclusões deste trabalho. No critério Scrata são contempladas as
seguintes características superficiais de peças fundidas:
• Acabamento bruto (A);
• Inclusões (B);
• Porosidades de gases (C);
• Junta fria (D);
• Sinterização (E);
• Chapelin (F);
• Superfície com corte maçarico (G);
• Superfície lixada/rebarbada (H);
• Solda (J).
A Figura 8 mostra placas comparativas/táteis Scrata que foram utilizadas neste trabalho de
análise crítica superficial.
Tabela 2- Checklist
CHECKLIST DE INSPEÇÃO VISUAL
RESFRIADOR BRUTO INCLUSÕES DESCASCAMENTO POROSIDADE JUNTA FRIA
A
B
C
D
E
F
G
H
Fonte: Autor (2016)
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a desmoldagem, corte de canais e jateamento do bloco teste, foi possível identificar e
localizar as marcas de tijolos resfriadores e as respectivas identificações do tipo de processo.
A Figura 9 mostra os dois blocos prontos para realização da inspeção visual.
Observou-se que a identificações em alto-relevo com as letras código de A até H foram reproduzidas legivelmente na
superfície dos blocos, o que foi fundamental para rastreabilidade do teste. A Figura 10 evidencia este fato.
A partir da identificação das letras código, foram enumerados os tijolos resfriadores de 1 até 12 e
registrado com marcador industrial ao lado de cada marca de tijolo. A Figura 11 mostra a
numeração marcada no bloco teste.
Figura 10- Marcas de tijolo identificadas/enumeradas.
As seguintes cinco categorias do Scrata não foram consideradas na análise visual pois não se
aplicam ao material que foi analisado:
• Sinterização (E);
• Chapelin (F);
• Superfície com corte maçarico (G);
• Superfície lixada/rebarbada (H);
• Solda (J).
Categoria Imagem
Inclusões (B)
Descascamento
Porosidades de gases
(C)
Foram definidas notas de 1 até 5, sendo 1 menos crítico e 5 mais crítico e após a inspeção visual
criteriosa dos dois blocos teste, o checklist proposto neste artigo foi devidamente preenchido e
apresentado conforme Tabela 4.
Tabela 4- Checklist preenchido
1 2 3 4 5
RESFRIADOR BRUTO INCLUSÕES DESCASCAMENTO POROSIDADE JUNTA FRIA
A 5, 7, 8, 9 e 10 3, 4, 6 1 nenhum 1, 2, 11 e 12
B 7, 8 e 9 3, 4, 5, 6, 10, 11 e 12 1, 2 e 3 nenhum 1
C 8 3, 4, 5, 6, 7, 9, 11 e 12 1 e 10 2 1
D 4, 7, 8 3, 5, 6, 9, 10, 11, 12 1,2, 5 e 6 nenhum 1
E 4,7,8,11 e 12 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 10, 11 e 12 1e 2 12 11 e 12
F 1 2, 3, 5, 7, 8, 9, 10, 11 e 12 2 4 4, 5, 6, 7, 8 e 9
G 2 1, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 11 e 12 1, 2, 6, 11 e 12 10 11 e 12
H 1, 2 e 10 3, 4, 6, 7, 8, 11 e 12 12 5 9
Fonte: Autor (2016)
Gráfico 1 - Classificação
Classificação dos processos preparação tijolos
60
56
50
47 48
40
Nota final
30 34 34
31 32
29
20
10
0
H B C A D E G F
Tipo de preparação
Dentre as conclusões obtidas, também foi possível identificar sugestões de próximos passos,
trabalhos;
• O método A (Jato + sem pintura) pode ser considerado o mais simples de todos.
Apresentou boa nota final, o que pode ser bom indicativo. Mas deve ser estudado mais a
fundo, pois foi o segundo método que apresentou maior incidência de Junta Fria, que é o
defeito mais grave considerado neste trabalho;
• Uma possvel desdobramento deste trabalho pode ser a realização do ensaio de Partículas
Magnéticas sobre as superfícies com o objetivo de aprimorar a qualidade da análise crítica
visual dos resultados e fazer a atribuição de novas notas para cada método de preparação.
REFERÊNCIAS
ROEDTER, H. Give more considerations to using chills in the overall ductile iron risering
system: Sorelmetal, Suggestions for Ductile Iron Production, 2006.
ASTM. Standard Practice for Steel Castings, Surface Acceptance Standards, Visual
Examination ASTM A802/A802M, 2006.