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FOGUETE DE GARRAFA PET

BARBOSA, Joaquim de Oliveira


Professor/Pesquisador/Orientador - IFMT,
Doutor em Educação/Engenharia Biomédica
MENDES, Evandro Vettorazzi de Carvalho
Aluno Bolsista, IFMT/PROIC/2012
PINHEIRO, Gabriel Antunes
Aluno Bolsista, IFMT/ PROIC/2012
MARCÍLIO, Débora Campos, Voluntária
Aluna, Campus Cuiabá/2013

RESUMO

O foguete de garrafa PET proporciona uma atividade de montagem simples e atrativa para
os alunos que estejam cursando o Ensino Médio, uma vez que utiliza conceitos de Física e
alguns de Química. Neste trabalho de pesquisa, descreve-se a construção deste foguete
utilizando-se garrafas descartáveis de refrigerante (PET) de dois litros e a montagem de um
sistema de propulsão que funciona com vinagre e bicarbonato de sódio. Mostra-se também
alguns fatores que podem interferir na estabilidade do foguete durante seu lançamento e o
vôo propriamente dito, como por exemplo, uma ótima relação entre centro de massa e
centro de pressão. Apresenta-se ainda a teoria envolvida durante o lançamento mostrando a
aplicabilidade de assuntos comuns estudados no Ensino Médio. Na Mecânica dos Sólidos,
utiliza-se as leis de Newton, Momento Linear, Centro de Massa, Centro de Gravidade, etc.
Na Mecânica dos Fluídos, utiliza-se as propriedades dos fluídos, a equação da continuidade
e a equação de Bernoulli. Com uma montagem relativamente simples, porém cuidadosa,
pode-se ter uma boa propulsão de lançamento e atingir alturas interessantes, entre 100 a
250 metros.

Palavras-Chave: Foguete. Garrafa PET. Energia.

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1 - Introdução
Segundo a terceira lei de Newton, quando dois corpos interagem aparece um par de
forças como resultado dessa interação, ou seja, a ação que um corpo exerce sobre outro.
Estas forças são comumente chamadas de par ação-reação. Este é o principal princípio uti-
lizado no lançamento de foguetes.
O termo foguete aplica-se a um motor que impulsiona um veículo expelindo gases
de combustão por queimadores situados em sua parte traseira. Difere de um motor a jato
por transportar seu próprio oxidante, o que lhe permite operar na ausência de um
suprimento de ar. Os motores de foguetes vêm sendo utilizados amplamente em voos
espaciais, nos quais sua grande potência e capacidade de operar no vácuo são essenciais,
mas também podem ser empregados para movimentar mísseis, aeroplanos e automóveis.
Nesta concepção, a construção de um foguete de garrafa PET tem como objetivo a
demonstração de alguns conceitos físicos e químicos estudados principalmente na
disciplina de Física como: Impulso, quantidade de movimento, leis de Newton, aceleração
dos corpos, etc., e da Química, principalmente a parte referente a reações químicas.
Os resultados práticos (lançamento e vôo) são bastante interessantes, o que mostra
na prática a teoria estudada.

2 - Fundamentos Teóricos
O foguete de garrafa PET aborda uma grande quantidade de fenômenos físicos, e
assim, permitindo a interação entre diversas áreas da Física e da Química.
O princípio de funcionamento do motor de foguete baseia-se na terceira lei de New-
ton, a lei da ação e reação, que diz que "a toda ação corresponde uma reação, com a mesma
intensidade, mesma direção e sentido contrário".
Imaginemos uma câmara fechada onde exista um gás em combustão. A queima do
gás irá produzir pressão em todas as direções. A câmara não se moverá em nenhuma dire-
ção pois as forças nas paredes opostas da câmara irão se anular.

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Se introduzirmos um bocal na câmara, onde os gases possam escapar, haverá um
desequilíbrio. A pressão exercida nas paredes laterais opostas continuará não produzindo
força, pois a pressão de um lado anulará a do outro. Já a pressão exercida na parte superior
da câmara produzirá empuxo, pois não há pressão no lado de baixo (onde está o bocal).
Assim, o foguete se deslocará para cima por reação à pressão exercida pelos gases
em combustão na câmara de combustão do motor. Por isto este tipo de motor é chamado
de propulsão por reação.
Como no espaço exterior não há oxigênio para queimar com o combustível, o fo-
guete deve levar armazenado em tanques não só o propelente (combustível), mas também
o oxidante (comburente).
A magnitude do empuxo produzido (expressão que designa a força produzida pelo
motor de foguete) depende da massa e da velocidade dos gases expelidos pelo bocal. Logo,
quanto maior a pressão dos gases expelidos, maior o empuxo. Assim, surge o problema de
proteger a câmara do bocal e o bocal das altas temperaturas produzidas pela combustão.
Uma maneira engenhosa de fazer isto é usar um fino jato do próprio propelente
usado pelo foguete nas paredes do motor, para formar um isolante térmico e refrigerar o
motor.
A equação abaixo representa a reação que ocorre no interior do foguete antes do
lançamento.
2 H3C – COOH(aq) + Na2CO3(s) → 2H3C – COONa(aq) + H2O(l) + CO2(g)
Segundo a reação, a solução aquosa de ácido etanóico(vinagre) reage com
bicarbonato de sódio sólido para formar etanoato de sódio aquoso, água liquida e dióxido
de carbono gasoso.
O dióxido de carbono é o responsável pela elevação da pressão no interior do apare-
lho e, ao ser liberada da trava de segurança do lançador o impulsiona no sentido contrário
ao seu sentido de escape, conforme previsto pela lei da ação-reação de Newton.
Como a lei da ação e reação age no experimento?

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Tudo se inicia com a reação química que ocorre entre o vinagre (ácido acético) e o
bicarbonato de sódio. Tal reação libera CO2 (gás carbônico) com um progressivo aumento
da pressão no interior da garrafa. A pressão aumenta a ponto de a rolha escapar. Quando
isso acontece, a água e o ar são violentamente expulsos (ação) e empurrando (reação) a
garrafa na mesma direção e sentido oposto.
Por outro lado, a razão entre a força (F) exercida por um corpo perpendicularmente
sobre uma superfície e a área (A) de contato deste corpo com a superfície denomina-se
pressão [P].
O foguete funciona, pois o vinagre e o bicarbonato de sódio (que este embrulhado
na trouxinha de papel) reagem entre si formando CO 2. Quanto mais gás é liberado, maior a
pressão no interior da garrafa. A pressão chega a um ponto tal, que a rolha é forçada a sair.
Quando isso ocorre, o vinagre é empurrado para fora em alta velocidade, fazendo com que
a garrafa seja empurrada para cima.

3 – Materiais e métodos
O projeto foi desenvolvido através da construção de protótipos, onde se evidenciou
a possibilidade de lançamento de um foguete construído com garrafas PET de dois litros
pela propulsão produzida pela reação química bicarbonato de sódio e vinagre.
Utilizou-se basicamente, garrafas PET, materiais e equipamentos de baixo custo,
tais como madeira compensada, canos de PVC, vinagre e bicarbonato de sódio.
As duas garrafas PET são os principais componentes do foguete, pois serão
utilizadas para a construção da sua fuselagem, que é composta pela câmara de combustão
(que chamaremos de câmara de compressão) e pelo nariz, região frontal do foguete.
Para a câmara de compressão utilizou-se uma garrafa inteira sem alterações. Esta é
a parte do foguete em que estará contido o seu combustível. Para o nariz, utilizou-se
apenas a parte de cima da garrafa, cônica, como mostra a figura 1. Essa peça tem a função
de minimizar o atrito do ar durante o vôo do foguete, fornecendo ao mesmo um formato
mais aerodinâmico.

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Figura 1Foguete de PET

Fonte: Construção do autor

Em seguida, é fixada a parte cônica no fundo da outra garrafa inteira com fita
adesiva, conforme mostrada ainda na figura 1. É importante que se tenha um bom
alinhamento entre estas partes para que não haja maiores complicações durante o vôo.
O próximo passo é a construção das aletas do foguete. Elas são fundamentais para
sua estabilidade durante o voo. Recorta-se as bandejas de isopor de alta densidade no
formato de trapézios, de modo que eles se encaixem na parte cônica da garrafa inteira. O
formato das aletas é arbitrário, mas utilizou-se trapézios por conter somente retas e ser
mais fácil de manipular durante o corte.
Assim, o “foguete” está pronto.
A utilização destes materiais se deveu ao fato da concepção de que se pode mostrar
o princípio de funcionamento de equipamentos e máquinas sofisticadas como um foguete,
utilizando materiais de baixo custo.
Para encontrar o melhor ângulo em que a plataforma deveria estar para que o
foguete alcance a maior distância, vários testes foram realizados com ângulos de
lançamento diferentes. Para este trabalho, utilizou-se os ângulos de 30, 45 e 60 graus,
sendo que com o ângulo de 30 graus o foguete chegou a alcançar uma altura de 127
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metros.
Portanto, com base nas distâncias obtidas pode-se observar que a maior distância
alcançada foi com o ângulo de 30°, podendo-se concluir que o melhor ângulo para se ajus-
tar a plataforma é o de 30°.
As técnicas de construção utilizadas foram a construção de um modelo de foguete
com garrafas PET e utilizando a reação química entre o vinagre e bicarbonato de sódio
para produzir a força propulsora de lançamento.
Deve-se observar também alguns cuidados na montagem para garantir que o
foguete tenha uma boa velocidade e aceleração na partida, o que poderá leva-lo a grandes
alturas.

5 – Considerações finais
Neste trabalho descreveu-se a construção de um foguete utilizando garrafas
descartáveis de refrigerante (PET) de 2 litros e a montagem de um sistema de propulsão
que funciona com vinagre e bicarbonato de sódio.
Mostrou-se também vários fatores que influenciam na estabilidade do foguete
durante o voo, como a obtenção e relação entre centro de massa e centro de pressão.
Apresentou-se ainda a teoria envolvida durante o lançamento por meio de algumas
aproximações, mostrando a aplicabilidade de assuntos comuns no Ensino Médio como as
leis de Newton, conceito de momento linear, velocidade relativa e movimento de um fluido
utilizando-se o conceito de pressão, a equação de Bernoulli e a equação de continuidade.
Desta forma, pode-se concluir que a pesquisa alcançou os resultados esperados,
mostrando assim que os conteúdos de várias disciplinas podem estar interligados e traba-
lhados de forma interdisciplinar, com alternativas de metodologias práticas e simples moti-
vadoras para os estudantes propiciando que eles entendam melhor os fenômenos que os
cercam.

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Assim, a pesquisa procurou demonstrar a modelagem de fabricação de foguetes
(princípio de funcionamento) utilizando reações químicas como força propulsora, um mo-
delo bastante simples com conceitos já conhecidos pelos alunos de Ensino Médio.
Ressalta-se neste trabalho, que é necessário que se traga o conteúdo da Física e da
Química de uma maneira pratica visando despertar o interesses dos estudantes sobre os
aspectos do universo e as leis que o regem de um modo “palpável” que possa influenciar
de maneira estimuladora para o desenvolvimento de novos jovens cientistas que com o
estimulo certo serão o futuro e o progresso das Ciências.

6 – Referências Bibliográficas

Física na Escola, v. 8, n. 2, 2007.

HALLIDAY, David.; RESNICK, Robert; WALKER, J. Fundamentos de Física:


Gravitação, Ondas e Termodinâmica. V. 2, 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008 (Livros
Técnicos.

NUSSENSVEIG. Moisés H. Curso de Física Básica: Fluidos, Oscilações, Ondas e


Calor. v. 2, 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2002.

Relatório de foguete movido a vinagre e bicarbonato de sódio. Disponível em:


www.ebah.com.br. Acesso em 25/04/2013.

Um foguete de garrafas pet. Disponível em: www.sbfisica.org.br.Acesso em 25/04/2013

Faça um foguete com garrafa pet. Disponél em: www.madscience.com.br. Acesso em


25/04/2013.

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