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Durante o período em que é escrito o Que Fazer? havia se tornado especialmente atraente a
palavra de ordem da “liberdade de crítica”. Reclamariam algumas tendências do movimento
social-democrata a necessidade de manter aberto o quadro geral de debate interno de tal
corrente política. Lênin busca demonstrar que a tal liberdade aqui reivindicada, na verdade, é a
abertura de portas para a perda de claras delimitações do programa e da teoria
revolucionários.
, Atilio Boron, lembra que diversos autores identificam as teses lançadas no Que Fazer? à
elaboração das 21 condições às quais os partidos comunistas tinha de se adequar para fazer
parte da III Internacional31. Dentre elas, a exigência de partidos centralizados de caráter
conspiratório figura entre as suas principais. Este tem sido, inclusive, ainda a principal forma
de organização dos partidos que, nos mais diversos contextos, reivindicam a concepção
leninista de organização, decalcando os moldes apresentados pelo revolucionário.
Aqui, pretendemos uma apresentação do que nos pareceram os aspectos mais marcantes
desta questão durante a leitura do Que Fazer?. Trata-se, portanto, de demonstrar porque a
defesa de Lênin de determinado formato organizativo para os revolucionários.
Em um primeiro momento, cabe lembrar que o objetivo leniniano é “elevar a atividade das
massas operárias” até o nível da luta de classes, no sentido acima indicado de luta pela
revolução política. Para tanto, a primeira identificação que faz o dirigente social-democrata é
de que é necessária uma organização de revolucionários capaz de atuar em toda a Rússia. Isto
o coloca em contraposição ao que denominou de “trabalho artesanal” largamente aplicado
durante os primeiros anos da Social-Democracia naquele país32. Em geral, representava
operações que não resultavam “de um plano sistemático, bem meditado e minuciosamente
preparado, de uma luta prolongada e tenaz” sendo, simplesmente o crescimento espontâneo
do trabalho iniciado ainda embrionariamente por militantes sem experiência política. O
desfecho freqüente destas posturas era a prisão dos militantes que as punham em prática.