Você está na página 1de 62

Universidade Federal de Alagoas – Campus A.C.

Simões

Operações Unitárias 3

TROCADORES DE CALOR

Profa. Lívia K. S. Lima


Contato: liviakdsl@yahoo.com.br
SUMÁRIO

■ Introdução a Trocadores de Calor: Características. Fatores de Incrustação. Queda de


Pressão em Trocadores de Calor. Tipos de Escoamentos. Tipos de Trocadores de Calor.
■ Coeficiente Global de Transferência de Calor.
■ Metodologia para o Cálculo de Trocadores de Calor.
– Análise de Trocadores de Calor: Média Logarítmica das Diferenças de Temperatura.
Trocador de calor com Escoamento Paralelo, Contracorrente, Escoamento Cruzado e
Múltiplos Passes.
– Análise de Trocadores de Calor: Método da Efetividade NUT.
Trocadores de Calor

■ É um equipamento onde ocorre troca térmica entre dois fluidos, normalmente separados por uma
parede.

■ As variáveis envolvidas são muitas e quase sempre interdependentes. As principais varáveis de


processo num equipamento de troca térmica são:
– Características dos Fluidos
– Temperaturas de Operação
– Pressões de Operação
– Velocidade de Escoamento
– Perda de Carga Admissível
– Fator de Sujeira
– Localização dos Fluidos
Características dos Fluidos
■ Características: Produto extremamente corrosivo, produto alimentício, Produto tóxico, fluido com
coeficiente de troca térmica muito elevado (vapor d’água).
■ Cuidados com vazamento do fluido.
■ Propriedades físicas de maior interesse na troca térmica:
– condutibilidade térmica, (k)
– densidade,
– Viscosidade,
– calor específico. r.Cp

Essas propriedades influenciam no desempenho do trocador de calor em conjunto com a


geometria e tipo de operação.
os valores das propriedades variam em função da temperatura se alterando ao longo do
trocador de calor. Neste caso, é aceitável que se adote valores das propriedades à temperatura
média entre a entrada e a saída.
Temperaturas de Operação

■ As temperaturas de entrada e saída de um fluido num trocador de calor, chamadas de


temperaturas terminais (nos extremos do trocador), dependem das exigências do processo.
■ Em geral são especificadas e vão determinar o valor do potencial térmico (a força motriz térmica)
para promover a troca térmica.
■ Se os valores das temperaturas terminais (ou os valores das diferenças entre elas) forem muito
elevados, devem ser seguidas recomendações sobre o assunto:
– o uso de materiais de construção mais nobres,
– uso de juntas de expansão
– etc.
Pressões de Operação
■ As pressões dos fluidos dependem da unidade de processo no qual o trocador esta inserido.
■ As pressões podem ser definidas pelas exigências específicas do processo de troca térmica.
– Por exemplo, para possibilitar a condensação de certos fluidos, a pressão de operação tem
que ser alta, se se quer usar água como fluido de resfriamento.
■ Para as situações em que as pressões são muito elevadas, deve-se consultar normas específicas a
respeito. A espessura da parede deve ser naturalmente maior e sistemas de segurança adequados
precisam ser previstos.
■ A pressão de operação também tem que levar em consideração à contaminação dos fluidos num
acidente de ruptura dos tubos.
– Por exemplo, no caso do resfriamento do ácido sulfúrico por água. Opera-se com uma
pressão maior no lado da água e não do ácido. Assim, quando ocorre um vazamento pelos
tubos, a água passa para o lado do ácido. Para evitar que a água que passa por toda a
unidade contamine o resto do sistema.
Velocidade de Escoamento
■ Influenciam em quatro aspectos:
– eficiência de troca térmica
– a perda de carga,
– a erosão e,
– depósito de sujeira.
■ Quanto maior a velocidade de escoamento num trocador de calor, maior a intensidade de turbulência
criada e melhor deve ser o coeficiente de transporte de energia. Conseqüentemente, a área do trocador
necessária para uma dada carga térmica será menor. Nesse aspecto, é desejável que a velocidade de
escoamento seja alta.
■ Mas essa turbulência intensa também implica num atrito maior e uma perda de carga maior, podendo
até ultrapassar valores máximos admissíveis. Nesse aspecto, não é desejável uma velocidade de
escoamento exagerada. É necessário melhorar a eficiência de troca térmica sem acarretar uma perda
de carga excessiva.
■ Erosão e depósito de sólidos - Uma velocidade muito pequena pode favorecer o depósito de sujeira e a
dificuldade da sua remoçao. No entanto, uma velocidade excessivamente alta pode acarretar uma
erosão intensa; se o fluido é corrosivo ou contém sólidos em suspensão, o efeito será mais danoso
ainda.
Faixas de valores práticos, recomendados para
velocidade de escoamento num trocador de
calor
Perda de Carga
■ A queda de pressão (ou mais precisamente a variação de energia expressa em altura
manométrica) entre a entrada e a saída é conhecida como a perda de carga num trocador de
calor. Para cada fluido num dado processo, é estipulado um valor de perda de carga máximo ou
perda de carga admissível.
■ Deve-se trabalhar com um valor de perda de carga o mais próximo possível do admissível
■ Uma perda de carga excessiva representa um consumo operacional de energia elevado, devendo
portanto ser evitada. Além disso, não se deve esquecer que o trocador de calor é sempre um
equipamento componente de uma unidade de processo. O fluido que sai dele, em muitas vezes,
vai ainda passar por tubulações e outros equipamentos a jusante, com suas respectivas perdas de
carga; portanto na saída do trocador de calor, o fluido precisa ter ainda uma pressão suficiente
para vencer as perdas subseqüentes.
Faixas de valores usuais para perdas de carga admissíveis:
Fator de Sujeira (ou sujidade)
■ O depósito de materiais indesejáveis na superfície de um trocador de calor aumenta a
resistência à transferência de energia, diminuindo a eficiência de troca térmica e pode
obstruir a passagem do fluido, aumentando a sua perda de carga.

■ Um dos modos adotados na prática para saber o grau de depósito num trocador de calor em
operação é acompanhar, ao longo do tempo de uso, as temperaturas e as pressões terminais
do trocador. À medida que o depósito aumenta, a eficiência de troca térmica cai (observado
através das temperaturas) e a diferença de pressões cresce.
■ O processo de formação do depósito pode ser devido à sedimentação, à polimerização, à
cristalização, ao coqueamento, à corrosão, ou a causas de natureza orgânica (como algas).
Esses mecanismos podem ocorrer independente ou paralelamente.

■ A taxa de depósito é afetada pelas condicões de processo do trocador tais como a natureza
dos fluidos, a velocidade de escoamento, as temperaturas dos fluidos, a temperatura na
parede, o material de construção do equipamento, o grau de acabamento da superfície como
a rugosidade ou tipo de revestimento interno.
Fator de Sujeira (ou sujidade)
■ Para facilitar a quantificação desse efeito que conforme visto é complicado, costuma-
se usar um parâmetro definido como fator de incrustação ou fator de sujeira ("fouling
factor"). Dimensionalmente é o inverso do coeficiente de transporte de energia por
convecção. Logo, quanto maior o fator de incrustação, maior o depósito, maior a
resistência à troca térmica.

■ Faixas de valores típicos desse fator podem ser encontrados na literatura para
diversos casos de operação comuns.

■ Esses valores são interessantes e úteis porque servem de orientação geral. Mas
como o depósito é um processo complexo, depende de uma série de variáveis e
portanto difícil de ser previsto, os valores típicos da literatura devem ser usados com
muita reserva e cuidado, pois nunca vão refletir a realidade específica de um
processo. Os valores mais confiáveis são os obtidos experimentalmente para um
dado caso particular.
Fator de Sujeira (ou sujidade)

O fator de incrustação deve ser considerado a priori num


projeto de trocador de calor, pois a área de troca térmica calculada
deve ser suficiente para as necessidades do processo quando o
trocador está novo (limpo) e quando está em operação há algum
tempo (já com sujeira). Como o valor desse fator é difícil de ser
previsto, essa deficiência constituirá uma das causas principais da
imprecisão no projeto de um trocador de calor. A experiência
profissional nesse aspecto será fundamental.
Localização dos Fluidos
■ Para um trocador de calor do tipo casco-tubos, uma das decisões importantes a ser
tomada no início do projeto é definir qual dos fluidos deve circular pelo lado interno (feixe
tubular) e qual pelo lado externo (casco). Uma localização mal feita implica num projeto
não otimizado e numa operação com problemas freqüentes.

■ Os aspectos básicos levados em consideração referem-se à limpeza do equipamento, à


manutenção, a problemas decorrentes de vazamento e à eficiência de troca térmica.

■ Para decidir a localização dos fluidos, deve-se considerar:


– Fluido com maior tendência de incrustação,
– Fluido com temperatura ou pressão muito elevadas,
– Fluido com menor velocidade de escoamento,
– Fluido corrosivo,
– Fluidos muito viscosos,
– Fluidos letais e tóxicos,
– Fluido com diferença entre as temperaturas terminais muito elevada
Trocadores de Calor
■ O projeto pode ser dividido em 3 etapas:

– Projeto térmico: determinação da área de troca térmica, para uma determinada vazão e
temperatura de fluidos.

– Projeto mecânico: considerações sobre pressões e temperaturas de operação, caracteristicas


dos fluidos (fluido corrosivo), expansões térmicas e a relação do trocador com os demais
equipamentos da unidade de processo.

– Projeto de fabricação: o conhecimento das características e dimensões físicas em uma


unidade que possa ser construída a baixo custo. Seleção de materiais, vedações, invólucros e
arranjo mecânico ótimo.
Trocadores de Calor
Parâmetros que definem o projeto térmico e mecânico
 Diferença de temperatura
 Área do material
 Distância do tubo
 Define a área de contato onde vai ocorrer a troca de calor.

 Condutividade térmica do material

Funções que um trocador de calor desempenha na indústria


 Aquecedor
 Resfriador
 Refervedor (Mudança de fase)
 Condensador
Classificação do Trocador de Calor

■ Os trocadores são classificados de diversas maneiras, tais como:

– Quanto ao modo de troca de calor;


– Quanto ao número de fluidos;
– Tipo de construção, etc.
Classificação dos
Trocadores de calor

De acordo com De acordo com


o processo de o tipo de
transferência construção

Contato Direto Contato indireto Tubular Tipo placa

Transferência Tipo
Casco e Tubo Tubo duplo Serpentina
direta armazenamento
Classificação do Trocador de Calor
Trocador de calor de contato direto:
 Neste trocador, os dois fluidos se misturam;
 Aplicações comuns de um trocador de contato direto envolvem transferência de
massa além de transferência de calor;
 Comparado a recuperadores de contato indireto e regeneradores, são
alcançadas taxas de transferência de calor muito altas;
 Sua construção é relativamente barata.
Classificação do Trocador de Calor
Trocador de calor de contato indireto: Tipo de
trocadores de transferência direta

 Neste tipo, há um fluxo contínuo de calor do


fluido quente ao frio através de uma parede
que os separa.
 Não há mistura entre eles, pois cada corrente
permanece em passagens separados.
 Este trocador é designado como um trocador
de calor de recuperação, ou simplesmente
como um Recuperador.
Classificação do Trocador de Calor
Trocador de calor de contato indireto: Tipo de trocadores de armazenamento

 Em um trocador de armazenamento, os ambos fluidos percorrem alternativamente as


mesmas passagens de troca de calor.
 A superfície de transferência de calor geralmente é de uma estrutura chamada matriz.
 Para aquecimento, o fluido quente atravessa a superfície de transferência de calor e a energia
térmica é armazenada na matriz. Posteriormente, quando o fluido frio passa pelas mesmas
passagens, a matriz “libera” a energia térmica (em refrigeração o caso é inverso).
 Este trocador também é chamado regenerador.
 Podem ser dinâmicos ou estáticos.
 Os estáticos não possuem partes móveis e consistem em uma
matriz através da qual passa ernadamente os fluidos quentes e frios.
Classificação do Trocador de Calor
Trocadores Tubulares: Casco e Tubo

 Este trocador é construído com tubos e uma


carcaça.
 Um dos fluidos passa por dentro dos tubos, e
o outro pelo espaço entre a carcaça e os
tubos.
 São os mais usados para quaisquer
capacidades e condições operacionais, tais
como pressões e temperaturas altas,
atmosferas altamente corrosivas, fluidos
muito viscosos, etc.
Classificação do Trocador de Calor

Trocadores Tubulares: Tubo duplo

 O trocador de tubo duplo consiste de


dois tubos concêntricos.
 Um dos fluidos escoa pelo tubo
interno e o outro pela parte anular
entre tubos, em uma direção de
contra fluxo.
 Este é talvez o mais simples de todos
os tipos de trocador de calor pela fácil
manutenção envolvida. É geralmente
usado em aplicações de pequenas
capacidades.
Classificação do Trocador de Calor

Trocadores Tubulares: Serpentina

 Este tipo de trocador consiste em uma ou mais


serpentinas (de tubos circulares) ordenadas em uma
carcaça.
 Uma grande superfície pode ser acomodada em um
determinado espaço utilizando as serpentinas.
 As expansões térmicas não são nenhum problema, mas a
limpeza é muito problemática.
Classificação do Trocador de Calor
Trocadores Tubulares: Tipo placa

 Este tipo de trocador normalmente é construído com


placas planas lisas ou com alguma forma de
ondulações.
 Geralmente, este trocador não pode suportar pressões
muito altas, comparado ao trocador tubular
equivalente.
 São trocadores de calor tipo compactos .
 A razão entre a área de superfície de transferência
de calor e o volume do trocador é maior que 700
m2/m3.
 Exemplo: radiadores de automóveis
(As/V=1100 m m ).
2/ 3
Classificação do Trocador de Calor

PARTICULARIDADES
Trocadores de calor de acordo com o tipo de
construção: Trocadores de calor de placa aletada

 São construídos de forma que aletas com o


tipo de construção;
 São construídos de forma que aletas planas ou
onduladas são separadas por chapas planas;
 Correntes cruzadas, contracorrente ou
correntes paralelas são arranjos facilmente
obtidos.
Classificação do Trocador de Calor

PARTICULARIDADES
Trocadores de calor de acordo com o tipo
de construção: Trocadores de calor de
tubo aletado

 São geralmente construídos com tubos


cilíndricos ou chatos onde são
instaladas aletas.
 Suportam altas pressões.
PARTICULARIDADES
Trocadores de calor de acordo com a disposição do
escoamento:
Trocadores de calor de correntes paralelas
• Os fluidos quente e frio entram na mesma
extremidade do trocador de calor, fluem na mesma
direção e deixam juntos a outra extremidade.
Trocadores de calor em contracorrente
• Os fluidos quente e frio entram em extremidades
opostas do trocador de calor e fluem em direções
opostas .
Trocadores de calor de correntes cruzadas
• Os fluidos, em geral, fluem perpendicularmente um
ao outro.
• Na disposição em correntes cruzadas, o
escoamento pode ser misturado ou não misturado.
PARTICULARIDADES
Trocadores de calor de acordo com a disposição
do escoamento:

Trocadores de calor de escoamento em


multipasse
• A configuração em passes múltiplos é
frequentemente empregada em trocadores de
calor por intensificar a troca térmica.
• É possível uma grande variedade de
configurações.
O Coeficiente Global de Transferência de
Calor
1 1 1 1 1 1 1 Rd" , f Rd" ,q 1
= = = + Rp + = + + Rp + +
UA U f A f U q Aq (hA) f (hA)q UA ( 0 hA) f ( 0 A) f (0 A)q (0 hA)q

Tabela 1 - Fatores de deposição representativos


Fluido Rd” (m2 . K/W)
Água do mar e água tratada para alimentação de caldeira (abaixo de 50 ºC) 0,0001

Água do mar e água tratada para alimentação de caldeira (acima de 50 ºC) 0,0002
Água de rio (abaixo de 50 ºC) 0,0002 – 0,0001
Óleo combustível 0,0009
Líquidos de refrigeração 0,0002
Vapor de água (sem arraste de óleo) 0,0001
O Coeficiente Global de Transferência de
Calor
• Superfície do lado quente ou frio sem deposição.
q =  0 hA(Tb − T ) • Deposição desprezível

tanh (mL )
= (1 −  a )
Aa
0 = 1 − a =
A mL
Caso a deposição seja significativa troca-se h por Up (coeficiente global de transferência de calor parcial)

h
Up =
(
1 + hRd" )
hq hf
U p ,q = U p, f =
(1 + h R )
q
"
d ,q
(1 + h R )
f
"
d, f
O Coeficiente Global de Transferência de
Calor
Tabela 2 – Valores representativos do coeficiente global de transferência de calor
Combinação de fluidos U (W/(m2 . K))
Água para água 850-1700

Água para óleo 110-350


Condensador de vapor de água (água nos tubos) 1000-6000
Condensador de amônia (água nos tubos) 800-1400
Condensador de álcool (água nos tubos) 250-700
Trocador de calor com tubos aletados (ar em escoamento cruzado) 25-50
O Coeficiente Global de Transferência de
Calor
Para trocadores de calor tubulares não aletados:
" "
1 1 1 1 𝑅𝑑,𝑖 ln 𝐷𝑒 Τ𝐷𝑖 𝑅𝑑,𝑒 1
= = = + + + +
𝑈𝐴 𝑈𝑖 𝐴𝑖 𝑈𝑒 𝐴𝑒 ℎ𝑖 𝐴𝑖 𝐴𝑖 2𝜋𝑘𝐿 𝐴𝑒 ℎ 𝑒 𝐴𝑒

As superfícies interna e externa do tubo (Ai = pDiL e Ae = pDeL) podem estar


expostas tanto ao fluido quente quanto ao fluido frio.

O coeficiente global de transferência de calor pode ser calculado a partir:


• Conhecimento dos coeficientes de transferência de calor nos fluidos quente e frio;
• Fatores de deposição;
• Parâmetros geométricos apropriados.
Para superfícies não aletadas, os coeficientes convectivos podem ser estimados por
correlações apropriadas.
Exemplo 1

Em uma caldeira flamatubular, produtos de combustão


quente, escoando através de uma matriz de tubos com paredes
finas, são utilizadas para ferver água escoando sobre os tubos.
Na instalação, o coeficiente global de transferência de calor era
igual a 400 W/m2.K. Após 1 ano de uso, há deposição sobre as
superfícies interna e externa dos tubos, correspondendo a fatores
de deposição de Rd.i”= 0,0015 m2/K.W e Rd.e”= 0,0005 m2/K.W,
respectivamente. A caldeira deveria ser parada para serviços de
limpeza das superfícies dos tubos?
Resposta: U = 222 W/m2.K
Análise de Trocadores de Calor: Uso da Média
Log das Diferenças de Temperaturas
Para projetar ou prever o desempenho de um trocador de calor é essencial relacionar a taxa total de
transferência de calor a grandezas como:
• Temperaturas de entrada e saída dos fluidos;
• Coeficiente global de transferência de calor;
• Área superficial total disponível para a transferência de calor.

q = m q (iq ,ent − iq , sai ) q = m f (i f , sai − i f ,ent )


 

Sem mudança de fase e admitido calores específicos


constantes tem-se: Temperatura média dos fluidos na
localização indicada.

q = m f c p , f (T f , sai − T f ,ent )
⋅  Balanços de energia globais para os fluidos quente e frio
𝑞 = 𝑚𝑞 𝑐𝑝,𝑞 𝑇𝑞𝑒𝑛𝑡 − 𝑇𝑞,𝑠𝑎𝑖 de um trocador de calor com dois fluidos.
Análise de Trocadores de Calor: Uso da Média
Log das Diferenças de Temperaturas
Outra expressão útil pode ser obtida relacionando-se a taxa de transferência de calor total q à
diferença de temperaturas DT entre os fluidos quente e frio, sendo:
DT  Tq − T f

Essa expressão seria uma extensão a lei do resfriamento de Newton, com o coeficiente global de
transferência de calor U usado no lugar de um único coeficiente de transferência de calor h. Como
DT varia com a posição no trocador de calor, torna-se necessário trabalhar com uma equação para a
taxa na forma:
q = UADTm

Na qual DTm é uma média apropriada de diferenças de temperaturas..


Análise de Trocadores de Calor: Uso da Média Log
das Diferenças de Temperaturas
Trocador de calor em escoamento paralelo
A temperatura do fluido frio na saída nunca pode ser
Inicialmente, a diferença de temperaturas DT superior a do fluido quente.
é grande, mas diminui com o aumento de x,
aproximando-se de zero.

Distribuições de temperaturas em um trocador de calor com escoamento paralelo.


Análise de Trocadores de Calor: Uso da Média
Log das Diferenças de Temperaturas
A forma de DTm pode ser determinada pela aplicação de um balanço de energia em
elementos diferencias nos fluidos quente e frio. Cada elemento tem um comprimento dx e uma
área de transferência de calor dA. Os balanços de energia e a análise a seguir estão sujeitos às
seguintes considerações:

1. O trocador de calor encontra-se isolado termicamente da vizinhança, situação na qual a única


troca de calor ocorre entre os fluídos quente e frio;
2. A condução axial ao longo dos tubos é desprezível;
3. As mudanças nas energias cinética e potencial são desprezíveis;
4. Os calores específicos dos fluidos são constantes;
5. O coeficiente global de transferência de calor é constante.
Análise de Trocadores de Calor: Uso da Média
Log das Diferenças de Temperaturas
Aplicando o balanço de energia nos elementos diferencias e resolvendo as integrais
conclui-se que a diferença de temperaturas média apropriada é uma média logarítmica (média log)
das diferenças de temperaturas, DTml. Logo podemos escrever:

q = UADTlm

DT2 − DT1 DT1 − DT2


DTlm = =
ln(DT2 DT1 ) ln(DT1 DT2 )

Lembrando que para escoamento paralelo: DT1  Tq ,1 − T f ,1 = Tq ,ent − T f ,ent 


 
D
 2
T  Tq,2 − T f ,2 = T q , sai − T f , sai 

Análise de Trocadores de Calor: Uso da Média
Log das Diferenças de Temperaturas

Trocador de calor em escoamento contracorrente


A diferença de temperaturas DT em relação ao A temperatura do fluido frio na saída pode ser superior a
x não é em posição alguma tão elevada quanto do fluido quente na saída.
na região de entrada de um trocador de calor
com escoamento paralelo.

Distribuições de temperaturas em um trocador de calor com escoamento contracorrente.


Análise de Trocadores de Calor: Uso da Média
Log das Diferenças de Temperaturas

Lembrando que para escoamento contracorrente:

DT1  Th ,1 − Tc ,1 = Th ,i − Tc ,o 
 
DT2  Th , 2 − Tc , 2 = Th ,o − Tc ,i 

Note que, para as mesmas temperaturas de entrada e saída, a média log das diferenças de
temperaturas no arranjo contracorrente é superior à do paralelo, DTml,CC > DTml,EP. Dessa maneira
admitindo-se um mesmo valor de U para os dois arranjos, a área necessária para que ocorra uma
dada taxa de transferência de calor q é menor no arranjo contracorrente do que no arranjo paralelo.
Condições operacionais especiais
Lembrando que para escoamento contracorrente:

Condições especiais em trocadores de calor. (a) Cq >> Cf ou um vapor condensado. (b) Um líquido
evaporando ou Cq << Cf . (c) Um trocador de calor em contracorrente com fluidos de taxas de
capacidades caloríficas equivalentes (Cq = Cf).
Exemplo 2
Um trocador de calor bitubular (tubos concêntricos) com
configuração contracorrente é utilizado para resfriar o óleo
lubrificante para um grande motor de turbina a gás industrial. A
vazão mássica da água de resfriamento através do tubo interno
(Di = 25 mm) é de 0,2 kg/s, enquanto a vazão do óleo através da
região anular (De = 45 mm) é de 0,1 kg/s. O óleo e a água entram
em temperaturas de 100 e 30 ºC, respectivamente. Qual deve ser
o comprimento do trocador, para se obter uma temperatura de
saída do óleo de 60 ºC? U = 38,1 W/m2K;
Óleo, 80 ºC, cp = 2131 J/kgK Água,
35 ºC: cp = 4178 J/kgK
Resposta: L = 65,9 m
Exemplo 3
Um trocador de calor casco e tubos (dois passes no casco
e quatro passes nos tubos) configuração contra-corrente, é
usado para aquecer 10.000 kg/h de água pressurizada de 35 a
120 ºC, utilizando 5000 kg/h de água pressurizada que entra no
trocador a 300 ºC. Sendo o coeficiente global de transferência
de calor igual a 1500 W/m2.K, determine a área de transferência
de calor requerida. (cpH2O = 4178 J/kgK)

Resposta: A = 4,95 m2
Análise de Trocadores de Calor: Uso da Média Log das
Diferenças de Temperaturas
Na prática, a utilização da LMTD é só uma aproximação, pois, em geral, U não é
uniforme nem constante. Geralmente U é avaliado em uma seção média na metade da distância
entre as extremidades.

Caso U apresente variação significante, a integração numérica da equação 𝑑𝑞 =


𝑈𝑑𝐴Δ𝑇 pode ser necessária.

No caso de trocadores complexos, como no caso do trocador de casco e tubos


envolvendo várias passagens pelo casco ou pelos tubos, e no caso dos trocadores de correntes
cruzadas que funciona com escoamento misto e não misto, a derivação matemática de uma
expressão para LMTD torna-se muito complexa. O procedimento normal é modificar a LMTD
simples por meio de fatores de correção, publicados na forma de gráficos por vários autores.

Quando (mcp)quente = (mcp)frio então a diferença de temperatura é constante na


configuração contracorrente e ∆Tml = ∆T1 = ∆T2. Se a diferença ∆T1 não é mais que 50 %
maior que ∆T2, a diferença de temperatura média aritmética estará entre 1 % da LMTD,
podendo ser utilizada para simplificar os cálculos.
Análise de Trocadores de Calor: Uso da Média
Log das Diferenças de Temperaturas
Os gráficos a seguir apresentam os fatores de correção (F) para seis tipos de
configurações de trocadores de calor.
Os parâmentros Y e Z presentes nas figuras são obtidos pelas equações:

𝑇𝑡,𝑜𝑢𝑡 − 𝑇𝑡,𝑖𝑛
𝑌=
𝑇𝑠,𝑖𝑛 − 𝑇𝑡,𝑖𝑛

𝑚𝑐
ሶ 𝑝 𝑡𝑢𝑏𝑒 𝐶𝑡 𝑇𝑠,𝑖𝑛 − 𝑇𝑠,𝑜𝑢𝑡
𝑍= = =
𝑚𝑐
ሶ 𝑝 𝐶𝑠 𝑇𝑡,𝑜𝑢𝑡 − 𝑇𝑡,𝑖𝑛
𝑠ℎ𝑒𝑙𝑙

Onde os subescritos s e t se referem ao fluido do lado do casco e ao fluido do lado do


tubo, respectivamente. A quantidade lida no eixo da ordenada, para dados valores de Y
e Z, é o fator de correção F para configurações mais complicadas.
(a) Um passe no casco e dois ou múltiplos passes no tubo
(b) Um passe no casco e três ou múltiplo de três passes no tubo.
(c) Dois passes no casco e dois ou múltiplo de dois passes no tubo.
(a) Um passe no casco e dois ou múltiplos passes no tubo.
(b) Um passe no casco e três ou múltiplo de três passes no tubo.
(c) Dois passes no casco e dois ou múltiplo de dois passes no tubo.
(a) Fluxo cruzado, Passe único, dois fluidos não misturados.
(b) Fluxo cruzado, Passe único, um fluido não misturados.
c) Fluxo cruzado, Passe do tubo misturado, fluido escoa sobre o primeiro e o segundo
passe em série.
Exemplo 4

Utilizando os dados dados do exemplo 3, aplique o


fator de correção para obter a nova área do trocador de
calor. Explique o resultado comparando com a área
encontrada no exemplo 3.
Exemplo 5
Determine a área da superfície de transferência de calor necessária para
um trocador de calor montado com um tubo de 0,0254 m de diâmetro externo
para arrafecer 6,93 kg/s de uma solução de 95 % de álcool etílico (cp = 3810
J/kg.K) de 65,6 ºC para 39,4 ºC, utilizando 6,3 kg/s de água disponível a 10 ºC.
Suponha que o coeficiente global de transferência de calor com base na área
externa do tubo seja de 568 W/m2.K e considere cada arranjo a seguir:
A) Tubo e carcaça de correntes paralelas
B) Tubo e carcaça de correntes opostas
C) Trocador de correntes opostas com 2 passagens pela carcaça e 72 passagens
pelos tubos. O álcool flui ao longo da carcaça, e a água, ao longo dos tubos.
D) Correntes cruzadas, com uma passagem pelos tubos e uma passagem pela
carcaça. O fluido do lado da carcaça é misto.
Análise de Trocadores de Calor: O Método da
Efetividade - NUT
Se apenas as temperaturas de entrada dos fluidos no trocador forem conhecidas, o uso do
MLDT necessita de um procedimento iterativo. Nestes casos, é preferível utilizar uma alternativa
de aproximação, denominada método da efetividade NUT.

Para definir efetividade de um trocador de calor, deve-se primeiro determinar a taxa


máxima de transferência de calor, que poderia, a princípio ser atingida em um trocador de calor de
correntes contrárias, de comprimento infinito. Em tal trocador, um dos fluidos iria sofrer a maior
diferença de temperaturas possível, Th,e – Tc,e.

qmáx = Cmin (Tq ,ent − T f ,ent )

*Cmin é igual a Cc ou Ch, que é sempre o menor valor.


Análise de Trocadores de Calor: O Método da
Efetividade - NUT
Logo, a efetividade, e, é a razão entre a taxa real de transferência de calor e taxa máxima
de transferência de calor possível.
q
e=
qmáx

𝐶ℎ 𝑇ℎ,𝑒 −𝑇ℎ,𝑠 𝐶𝑐 𝑇𝑐,𝑠 −𝑇𝑐,𝑒


𝜀= 𝜀=
𝐶𝑚𝑖𝑛 𝑇ℎ,𝑒 −𝑇𝑐,𝑒 𝐶𝑚𝑖𝑛 𝑇ℎ,𝑒 −𝑇𝑐,𝑒

*Por definição a efeitividade é adimensional, deve estar na faixa 0 ≤ e ≤ 1.

A taxa de transferência de calor também pode ser dada por:

q = eCmin (Tq ,ent − T f ,ent )


Análise de Trocadores de Calor: O Método da
Efetividade - NUT
Para qualquer trocador de calor tem-se que:

 C 
e = f  NTU , min 
 C max 

Sendo Cmin/Cmáx = Cr.

Tem-se que:
𝑈𝐴
NUT = 𝐶𝑚𝑖𝑛

Os quadros e os gráficos a seguir mostram as relações de efetividade do trocador de calor.


Análise de Trocadores de Calor: O Método da Efetividade - NUT
Análise de Trocadores de Calor: O Método da Efetividade - NUT
Análise de Trocadores de Calor: O Método da Efetividade - NUT
Análise de Trocadores de Calor: O Método da Efetividade - NUT
Análise de Trocadores de Calor: O Método da Efetividade - NUT
Exemplo 5
Gases quentes de exaustão, que entram em um tubo aletado de um
trocador de calor com correntes cruzadas a 300 ºC e saem a 100 ºC, são
utilizados para aquecer água pressurizada a uma vazão de 1 kg/s de 35 ºC a
125 ºC. O coeficiente global de transferência de calor com base na área
superficial no lado do gás é igual a Uq = 100 W/m2.K. O calor específico
dos gases de exaustão é de aproximadamente 1000 J/kg.K. Determine a
área necessária da superfície do lado do gás Ah utilizando o método NUT.
Ambos os fluidos são não misturados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
■ http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/cap2-9.html
■ INCROPERA, F.P., Fundamentos de Transferência de Calor e Massa, Editora: LTC , ISBN
978-85-216-1584-2, 6ª edição, 644 p., 2008.
■ BEJAN, A., Transferência de Calor, Edgard Blücher , ISBN 8521200269, 1ª edição, 540
p.,1996.
■ KREITH, F., BOHN, M. S., Princípios de Transferência de Calor, Editora Thomson Pioneira,
ISBN 8522102848, 623 p., 2011.
■ HOLMAN, J.P., Heat Transfer, McGraw-Hill Science, ISBN: 0072406550, 9ª edição, 688
p., 2001.
■ http://sites.poli.usp.br/pme/sisea/Portugues/disciplinas/ApostilaPME2361/Aulas%201
-11-Condu%C3%A7%C3%A3o.pdf

Você também pode gostar