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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF

INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA – ICT

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Mariana Ferreira Imbelloni

Ruan Schlenz Sena de Sousa

FENÔMENOS DE TRANSPORTE

PROJETO DE TRANSPORTE DE FLUIDO EM DUTOS SUBMARINOS

EXPLORAÇÃO DE ÓLEO PESADO EM LDA RASA

Rio das Ostras, RJ

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03 de julho de 2017

Sumário

1 – Introdução

2 – Objetivo

2.1 – Objetivos específicos

3 – Fundamentação Teórica

4 – Projeto

4.1 – Dados de projeto

4.2 – Desenvolvimento de Alternativas de Projeto

4.3 – Análise de Resultados

5 – Conclusões

6 – Bibliografia

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1- Introdução
O processo de produção de petróleo e gás natural decorre da utilização de redes
submarinas de escoamento multifásico em dutos que ligam vários pontos entre o poço
à superfície. O desafio da equipe técnica responsável pela produção é justamente
garantir a continuidade operacional entre cabeças de poços, separadores,
reservatórios, processadores, bombas, plataformas de processamento primário, navios
de estocagem e a estação final em terra. Hoje, a otimização do arranjo submarino é
fundamental do ponto de vista econômico, uma vez que eliminando a necessidade de
unidades estacionárias da produção, campos que antes não eram atrativos passam a
ser viáveis economicamente.

Em muitos casos, parte desse sistema opera sob condições adversas, sob lâminas
de água superiores a 1000 m, sob expressivos gradientes de pressão e com trocas
térmicas entre o fluido e a água do mar. O escoamento comumente encontrado é
multifásico, onde dois ou mais fluidos imiscíveis coexistem separados por uma
interface.

2- Objetivos
O objetivo deste projeto é, analisando as condições iniciais apresentadas para
produção de elevação e escoamento, verificar se há energia suficiente no reservatório
para atingir a pressão deseja na superfície, levando em consideração as perdas de
carga. Também é objetivo determinar a variação de temperatura ao longo do sistema,
verificando se o duto utilizado permite a chega do fluido a uma temperatura pré-
estabelecida. Para estas análises, utiliza-se a avaliação do gradiente de pressão e de
temperatura das condições dadas no projeto.

2.1- Objetivos específicos


Considerando as condições do projeto que serão explicitadas no item 4.1 que
vem abaixo, os objetivos específicos do projeto são:

• Desenvolver a análise da perda de carga e do perfil de temperatura no fluxo de


fluxo de fluidos no ambiente submarino para determinar a pressão de entrega, o tipo
de material e a espessura de camada isolante de pipeline.

• Avaliar as condições de operação e propor requisitos operacionais e analisar


os fenômenos de transporte envolvidos.

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• Apresentar as hipóteses e as condições de modelagem de projeto.

3- Fundamentação Teórica

Árvore de Natal Molhada Vertical (ANM)

É um equipamento para uso submerso constituído basicamente por um


conjunto de válvulas gaveta, um conjunto de linhas de fluxo e um sistema de controle
a ser interligado ao painel localizado na plataforma de produção.

A ANM faz parte do sistema submarino de produção, constituindo a transição


entre este e o poço submarino. Através da ANM o Operador de Produção controla a
produção do poço a partir da UEP (Unidade Estacionária de Produção), podendo abrir
ou fechar válvulas e obter registro de parâmetros da produção como pressão e
temperatura. A ANM constitui um equipamento de segurança e de proteção do meio
ambiente uma vez que suas válvulas são, até certo ponto, do tipo fail safe (se fecham
em caso de vazamento nas linhas de controle).

Perda de Carga Distribuída

A parede dos dutos retilíneos causa uma perda de pressão distribuída ao longo
do comprimento do tubo, fazendo com que a pressão total vá diminuindo
gradativamente ao longo do comprimento. Esta perda de carga depende do diâmetro e
do comprimento do tubo, da rugosidade da parede, das propriedades do fluido, da
massa específica, da viscosidade e da velocidade do escoamento. A rugosidade da
parede depende do material de fabricação do tubo bem como do seu estado de
conservação. De maneira geral um tubo usado apresenta uma rugosidade maior que
um tubo novo.

Perda de Carga Localizada

Este tipo de perda de carga é causado pelos acessórios de canalização, isto é,


as diversas peças necessárias para a montagem da tubulação e para o controle do
fluxo do escoamento, que provocam variação brusca da velocidade, em módulo ou
direção, intensificando a perda de energia nos pontos onde estão localizadas. Dessa
forma, a perda de carga total é o somatório das perdas de cargas distribuídas (perdas
de cargas ao longo dos trechos retilíneos) e as perdas de cargas localizadas (perdas
de cargas nas conexões e peças especiais).

Transferência de Calor em Dutos

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Transferência de Calor (ou Calor) é energia em trânsito devido a uma diferença
de temperatura. Sempre que existir uma diferença de temperatura em um meio ou
entre meios ocorrerá transferência de calor. A transmissão de calor em dutos,
normalmente inclui somente dois mecanismos de transferência de calor: condução e
convecção.

Para dutos isolados, a condução refere-se ao fluxo de calor entre o produto


quente e a região de mais baixa temperatura, ou seja, a água do mar circundando o
duto, incluindo o revestimento, o material isolante, o duto portador. A condução está
relacionada à transferência de calor no material isolante e através da parede do duto.
A convecção está relacionada ao calor transferido pelo fluido à parede interior do duto,
e/ou pelo movimento da corrente de água ao redor do duto portador. Na maioria dos
casos, as perdas por radiação em dutos submarinos são desprezíveis comparadas
com as perdas por condução e convecção.

4 – Projeto

4.1 – Dados do Projeto

Estrutura modelo do projeto:

Dados do projeto:

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- Profundidade de reservatório do assoalho marinho: 2000 m

- Pressão de reservatório de óleo: 1100 psi

- Fluido óleo: 15º API 30% gás e 70% de óleo

- Produção: 1500 bbl/dia

- Temperatura do reservatório: 80º C

- Temperatura do mar: 15º C

- Árvore de Natal (ANM): 5 válvulas e 25 metros de altura

- LDA: 400 m

- Comprimento do riser: 480 m de largura e 4 polegadas de diâmetro

- Manifold: 150 x 60 m e 8 polegadas de diâmetro

- PLET: 120 m x 50 m; 6”x 4”

- Pipeline: 500 m e 8 polegadas de diâmetro

- Flowline: 4 polegadas de diâmetro e 650 m de comprimento

- Jumper: 280 m de comprimento e 8 polegadas de diâmetro

- Pressão final de entrega (na superfície): 400 psi

- Temperatura de entrega: 60º C

- Coeficientes de perda de carga:

90º Válvula Agulha Válvula Globo Válvula Gaveta


1.3 2 10 0,2

- Diâmetros

Válvula Gaveta Válvula Gaveta


Válvula Agulha Válvula Globo
1 2
2,5” 3,5” 3,5” 2.5”
W
- Coeficiente de convecção ( ):
m 2∗K

Fluido Mar
150 5930
W
- Coeficiente de condução ( ):
m∗K

Aço Laminado Isolante (Espuma de


Novo Poliuretano)
50,2 0,025
J
- Capacidade Térmica: 2200
kg∗K

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Premissas:

- Regime Estacionário

- Fluido incompressível

- Mistura homogênea

4.2 Desenvolvimento das alternativas do projeto


Propriedades do Fluido

Cálculo da Massa Específica:

Sabendo que e

Temos

Cálculo da Viscosidade:

Obtemos

Parte 1: Cálculo da Pressão

Iniciamos o cálculo da pressão sem a adição da bomba

A pressão inicial é:

A velocidade é dada por Logo

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Em seguida, calculamos o Nº de Reynolds e o Fator de Atrito

Sabemos que

Logo,

Considerando o escoamento laminar devido a faixa que o Número de Reynolds se

encontra, sabemos que o Fator de Atrito de Fanning é

Temos então:

Para o Fator de atrito de Darcy , temos:

Com isso a perda de carga distribuída é

A pressão ao final dessa perda de carga

O cálculo da pressão no ponto 2 em psi é dado por:

Então,

Árvore de Natal Molhada

Para calcular a perda de carga na ANM vamos considerar apenas a perda de


carga localizada, devido a sua extensão ser pequena ignoraremos a perda de carga
distribuída.

Pressão inicial

Velocidade

A primeira perda de carga distribuída é a troca de


diâmetro. Vamos desconsiderar a mudança de velocidade causada pela troca de
diâmetro, pois ela é muito pequena se comparada as perdas na ANM. Para essa
perda de carga calculamos o K com a troca no diâmetro.

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Então a perda de carga distribuída é

Temos que a pressão é dada por:

Em psi

Jumper

Convertemos a pressão e a calculamos velocidade

Calculamos então o Nº de Reynolds e, considerando o escoamento laminar, o


fator de atrito:

Temos então a perda de carga distribuída

Para a perda de carga localizada com diâmetros diferentes desconsideraremos,


novamente, a mudança de velocidade. Para o cálculo da troca de diâmetro temos:

O cálculo da perda de carga localizada, temos:

Com isso, a pressão ao final do jumper é:

Em psi :

Manifold

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Convertemos a pressão e a calculamos velocidade

Calculamos então o Nº de Reynolds e, considerando o escoamento laminar, o


fator de atrito:

Portanto, a perda de carga distribuída é

A perda de carga localizada é

Com isso, a pressão ao final do manifold é:

Em psi:

Pipeline

Convertemos a pressão e a calculamos velocidade

Calculamos o Nº de Reynolds e, considerando escoamento laminar, o fator de


atrito:

A perda de carga distribuída é:

Tem-se a pressão final no pipeline

Em psi

Plet

Convertemos a pressão e a calculamos velocidade:

Calculamos então o Nº de Reynolds e, considerando escoamento laminar, o


fator de atrito:

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Com isso, temos a perda de carga distribuída:

Obtemos então o valor de k na troca de diâmetro:

Com isso, temos a perda de carga localizada:

Cálculo da pressão ao final do plet

Em psi:

Flowline

Convertemos a pressão e a calculamos velocidade:

Obtemos então o Nº de Reynolds e, considerando o escoamento laminar, o fator


de atrito

Com isso, temos a perda de carga distribuída:

Nesta etapa, também calculamos o k da troca de diâmetro

Com isso, temos a perda de carga localizada:

Calculamos então a pressão ao final do plet:

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Em psi:

Riser

Convertemos a pressão e a calculamos velocidade:

Obtemos assim o Nº de Reynolds e, considerando o escoamento laminar, o fator


de atrito

Com isso, temos a perda de carga distribuída:

Com isso, temos a perda de carga localizada:

Assim, calculamos a pressão:

Em psi:

Devido a pressão na superfície não ser suficiente, devemos colocar uma bomba.
Abaixo, seguem os cálculos da bomba:

Pressão de entrega:

Cálculo da força necessária da máquina:

Calculamos a potência necessária:

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Considerando uma eficiência de 60% da bomba, como uma margem de
seguraça temos:

Colocaremos a bomba no poço, pois a vazão inicial não era suficiente para levar
o fluido até o final do tubing, calculamos a pressão com a bomba:

Pressão de inicial:

Pressão da Bomba:

Calculamos novamente as pressões, somando a pressão da bomba. Temos


abaixo os resultados:

Pressões com bomba (psi)


P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9
1100 883,77 883,51 882,54 882,46 882,21 881,29 876,24 400,02

Podemos analisar no gráfico o comportamento da pressão depois que a bomba


de 79 HP foi instalada.

Pressão x Distância Percorrida (com bomba x sem bomba)


3500

3000

2500
Pressão (psi)

2000
Com bomba
1500 Sem bomba

1000

500

0
-100 400 900 1400 1900 2400 2900 3400 3900 4400 4900

Distância percorrida (m)

Parte 2: Temperatura

Nesta etapa calculamos a perda de temperatura em duas situações: com


isolante e sem isolante

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Tubing

Calculamos o coeficente global e a temperatura sem o isolante:

Como a temperatura que está chegando no final do sistema é menor do que a


desejada, será usado um isolante na tubulação:

Calculamos novamente a temperatura

O isolante escolhido foi a Espuma de Poliuretano, pois sua constante de


condutividade era baixa e com isso um volume menor de isolantes seria utilizado.

Calculamos o coeficente global e a temperatura sem o isolante:

Calculamos então na Árvore de Natal Molhada, no Jumper e no Manifold

Como a temperatura de que está chegando no final do sistema é menor do que


a desejada, será usado um isolante na tubulação

Apesar de a temperatura estar maior do que a temperatura esperada para a

entrega, devemos mantê-la com uma margem de segurança porque a temperatura de

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entrega no reservatório não pode abaixar tanto, caso isso não ocorra a temperatura de

entrega não será suficiente como planejada, podendo causar entopimento na

tubulação e causará prejuízos financeiros.

Pipeline

Como a temperatura que está chegando no final do sistema é menor do que a


desejada, será usado um isolante na tubulação

Plet

Como a temperatura que está chegando no final do sistema é menor do que a


desejada, será usado um isolante na tubulação

Flowline – Riser

Como a temperatura que está chegando no final do sistema é menor do que a


desejada, será usado um isolante na tubulação

Podemos analisar no gráfico como a temperatura se comporta sem o isolante,


chegando a temperatura do mar (15°C).Colocando o isolante ao longo da tubulação a

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pressão de entrega é um pouco maior que a esperada, devido à uma margem de
segurança adotada.

5. Conclusões
Neste projeto foram apresentados os cálculos das energias envolvidas no sistema de
elevação e escoamento de um fluido multifásico (30% gás, 70% óleo) com o intuito de
verificar se seria possível atingir a pressão de 400psi na superfície sem a utilização de
uma bomba. Após os cálculos, chegou-se ao valor de -1455psi na superfície, provando
que a pressão exigida na superfície não foi alcançada. Assim, fez-se necessária a
utilização de uma bomba. O poço foi escolhido como local de implementação e
chegou-se ao valor da potência da bomba igual a 79hp para que a pressão exigida
fosse cumprida. A eficiência da bomba é de 60% para garantir a margem de
segurança. Uma bomba tem preço de mercado de 40 milhões de dólares.

Na segunda etapa, o projeto envolveu os cálculos de transferência de calor, onde foi


provado que sem um isolante não é possível atender a temperatura de 47,5°C na
cabeça do poço (média da temperatura da água do mar e do reservatório) e 60°C na
superfície. Sem o uso de isolante, a temperatura que chegava na superfície não
atendia às exigências, pois era igual a 15ºC, semelhante a temperatura do mar.

A Espuma de Poliuretano foi um isolante de condutividade térmica escolhido para ser


implementado ao longo de todo o duto e, assim, reduzir os efeitos da perda de calor e
alcançar o objetivo do projeto cumprindo a mesma margem de erro da primeira etapa.
Foi gasto 86m³ de isolante, usando um raio de 0.15m, o preço de m³ do isolante é R$
66,00, totalizando R$5.676,00. Foi usada uma margem de 6% de segurança no
isolanta, não foi maior porque o raio ficaria muito maior e não seria usual e ficaria mais
caro.

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O gasto total com adaptaçãoes para que o problema proposto possa ocorrer é de R$
133 milhões de reais

6. Bibliografia

Livro Fox 9ª edição

http://www.poliuretanos.com.br/Cap5/51mp.htm

http://www.protolab.com.br/Tabela-Condutividade-Material-Construcao.htm

https://www.panoramaoffshore.com.br/petroleo/o-manifold-na-extracao-de-petroleo

http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10014158.pdf

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