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Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Escola de Belas Artes – EBA

Curso: Design de Interiores

Disciplina: Artes no Brasil 1 – BAH - 502

Docente: Paula Amparo

Discente: Lucas Santana Silveira DRE:121150120

Turma: 14h – 17h

2021.2

Resenha: Arte e Agência - Alfred Gell Cap.1 (Aula 3)


Resenha crítica sobre o capítulo 1 do livro de “Arte e Agência”, Alfred Gell.

É muito comum, desde antigamente com o surgimento dos primeiros movimentos


artísticos e arquitetura, as pessoas acreditarem que as obras de arte têm apenas funções
decorativas, de afirmação de status e poder, mas elas não sabem identificar qualquer
significado em que as mesmas podem oferecer. Mas na verdade o que muitas pessoas
leigas no assunto não sabem é que a arte tem o poder de expressar sentimentos e tradições
de um determinado grupo no qual aquela obra foi desenvolvida, pois tem como finalidade
transmitir a sensibilidade do artista.

No Capítulo 1 do livro “Arte e Agência”, Alfred Gell apresenta um texto de leitura


muito simples e direta onde ele disserta que sim, a arte indígena/étnica tendo como as
(os) artistas desconhecidas (os) ou grupos étnicos, tem a mesma importância no que
tange o conceito de obra de arte, da mesma maneira que uma obra europeia e
conceituada tem em relação ao meio artístico e deve também ser conceituada e discutida
como a dos homens brancos são, pelo fato de serem atribuídos valores semânticos e
semióticos como todo tipo de arte deve ter, ou seja, uma intenção em ter sido
desenvolvida e qual mensagem ela quer passar, contando histórias sobre determinados
feitos, costumes, tradições, entre outros influenciando os seus interlocutores através das
ferramentas supracitadas. Para que possamos saber dar o devido reconhecimento e tratar
qualquer tipo de pessoa como uma desenvolvedora e provedora de arte, temos que
entender que o conceito de arte é de extrema importância de ser estudado, absorvido e
difundido, com uma forma de gerar intencionalidade e mostrá-la através de um objeto
criado. Ou seja, por que não dar total crédito ao artista não-ocidental?

Concordo plenamente com Gell, quando ele afirma que estudiosos e transmissores de
conceitos artísticos devem sim estudar todos os tipos de arte, inclusive as indígenas e
africanas, não apenas as ocidentais, como as obras de autores renomados e populares para
que além de disseminarem ideias de estilos de vida de certos povos considerados “não
importantes", possam também fazer uma comparação e relação de estilos de vida de
determinada época e distintos povos, e da inclusão dos mesmos no âmbito social. É
também de grande valia que façam se presente um termo muito importante e significativo
muito presente e importante nos dias de hoje, a representatividade, que muito se vale no
conceito de reconhecimento e valorização de sua identidade perante os demais e seu lugar
na cultura mundial.

Outro ponto de Gell que vai de encontro com as minhas ideias é quando ele não faz
objeções no que se refere a dar mais visibilidade para artistas não ocidentais, esta é sem
dúvidas alguma, uma excelente forma de fazer com que pessoas ignorantes abram mão
de atribuir aos povos étnicos a característica de serem selvagens, e como consequência
não terem a habilidade de criar peças que passem para os seus observadores uma sensação
de sensibilidade e delicadeza nas peças. Ao meu ver, o termo selvagem pode ser atribuído
de forma positiva uma arte considerada mais agressiva, forte, incisiva a que muitos não
ocidentais e ocidentais podem compartilhar, e não como forma de estereotipar e depredar
povos indígenas, pois atribuem aos povos indígenas esse termo pejorativo pelo fato de os
mesmos terem uma ligação com a natureza mais forte e longe da civilização, como muitas
pessoas infelizmente supõe.

Infelizmente, quando se fala em estética, as pessoas pensam absolutamente em objetos


bonitos visualmente, feitos com os materiais mais nobres de que se tem conhecimento, e
é exatamente por conta disso, que temos que atribuir o termo de estética a também objetos
primitivos, pois pelo fato de serem feitos por pessoas sem formação acadêmica ou
consideradas autodidatas e dotadas de toda a teoria, facilmente esses povos, sendo eles
indígenas e/ou africanos, são subestimados por desenvolverem artigos feitos com
materiais encontrados na natureza e feitos de forma rústica que simbolizam lendas e
religiosidades típicas de sua ancestralidade. Outro ponto bem importante sobre a estética
é o fato de certo grupo de pessoas, depredarem ou torcerem o nariz para objetos
considerados divergentes de sua estética ocidental, mesmo preconceito sofrido em que
muitos povos sofrem em relação a variedade linguística de sua região.

Posso afirmar que o conceito de arte ao meu ver, é um termo bastante relativo, pois assim
como a variação linguística citada por mim anteriormente, é algo desprovido de conflitos,
já que os objetos artísticos seguem um conceito cultural em que se está situado, e ditar
um jeito certo de se fazer arte, limita o pensamento crítico de muitas pessoas que não
estão inseridas ou não conhecem esta área. Dito isso, posso dizer que seria hipócrita dizer
que a arte ocidental é superior a arte não ocidental e vice e versa, já que chegar a essa
conclusão é o mesmo que escolher qual arte é mais importante e influente para a
sociedade.

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Referências:

GELL, Alfred. Arte e Agência. Cap. 1, pág. 243-258. 1º edição. Ubu Editora.

Figura 1: ARTE INDÍGENA Vaso em Cerâmica Representando A LENDA DO


SETESTRELO Astronomia Indígena, Tema Pintado a Mão e Assinado

Figura 2: Arte indígena brasileira. Escultura em barro policromado. 19cm. Figura


feminina carajá.

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