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Campina Grande – PB
Apostila elaborada em 2012
pelo Prof. Antonio Almeida
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Capítulo 1. CINEMÁTICA E DINÂMICA DOS MECANISMOS
1.1. Introdução
O estudo de cinemática e dinâmica de mecanismos é muito importante na engenharia
mecânica. Com o enorme avanço realizado no projeto de instrumentos, controles automáticos e
equipamentos automatizados, o estudo de mecanismos tomou novo significado. Mecanismos pode
ser definido como a parte de projeto de máquinas relacionadas com o projeto cinemático de
sistemas articulados, cames, engrenagens, etc.. O projeto cinemático se baseia nos requisitos
relativos ao movimento (posições, velocidades e acelerações), diferindo do projeto baseado em
requisitos de resistência (Mabie & Ocvirk, 1980).
A análise cinemática, ao lado da síntese, ocupa uma posição central no desenvolvimento de
projeto de um mecanismo com elevado conteúdo cinemático, conforme ilustra a Fig. 1.1. Nesta
etapa de projeto, o movimento não pode mais ser considerado de ordem exclusivamente geométrica,
pois, há necessidade de se introduzir o tempo como parâmetro aditivo. Deste parâmetro resultam
duas novas grandezas cinemáticas: a velocidade, como a razão de variação do deslocamento com o
tempo, e a aceleração, como a razão de variação da velocidade com o tempo.
Formulação do Problema
Síntese Cinemática
Análise Cinética
(Balanceamento, Vibrações)
2
1.1.2 Velocidade
1.1.3 Aceleração
Dinâmica de
Sistemas Mecânicos
3
1.2. Definições de Máquinas e Mecanismos
1.2.1 Mecanismos
Combinação de corpos rígidos ligados que se movem entre si com movimento relativo
definido (ex. sistema cursor-manivela de um motor de combustão interna, Fig. 1.4a).
1.2.2 Máquina
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Fig. 1.5 – Máquinas desenvolvidas: (a) Parafuso de Arquimedes; (b) Mecanismo de Watt.
No século XX, antes da segunda guerra mundial, a maior parte dos trabalhos teóricos sobre
cinemática foi feita na Europa, especialmente na Alemanha. Nos Estados Unidos, porém, só após a
década de 1940 novos estudos foram desenvolvidos, especialmente na área de síntese cinemática,
por engenheiros e pesquisadores como J. Denavit, A. Erdman, F. Freudenstein, A. S. Hall, R.
Hartenberg, R. Kaufman, B. Routh, G. Sandor e A. Soni. Muitos destes pesquisadores recorreram
ao computador para resolver problemas que até então não tinham solução.
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1.4. Aplicações de Mecanismos
Um dos primeiros passos para resolver qualquer problema de projeto de máquinas é definir a
configuração cinemática necessária para fornecer os movimentos desejados. Em geral a análise de
forças não pode ser feita até que as questões sobre cinemática sejam solucionadas (Norton, 2010).
Qualquer máquina ou dispositivo mecânico contém um ou mais elementos cinemáticos tais
como juntas, conexões, cames, engrenagens, correias ou correntes. A bicicleta, por exemplo, é um
sistema cinemático que contém uma transmissão por corrente que fornece variação do torque e um
sistema simples de freios acionados por cabos de aço. Um automóvel apresenta muito mais
exemplos de dispositivos cinemáticos. Os sistemas de direção, suspensão e motor a pistão contêm
conexões; as válvulas do motor são abertas por sistemas de cames; e a transmissão possui um
grande número de engrenagens. Até mesmo os limpadores de para-brisa são movidos por
mecanismos de barras. Outros exemplos de equipamentos de construção como tratores, guindastes e
retroescavadeiras usam extensivamente mecanismos em seus projetos. Também devem ser citados
os equipamentos de exercícios físicos como o mostrado na Fig. 1.7.
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1.5 Métodos de Análise Cinemática
A determinação de velocidades e acelerações nos mecanismos planos pode ser realizada por
intermédio de métodos gráficos (geométricos) ou analíticos (algébricos). Segundo Shigley & Uicker
(1995), tanto os métodos gráficos como os algébricos podem ser utilizados para calcular
deslocamentos, velocidades e acelerações. Métodos gráficos são mais rápidos e permitem boa
visualização para uma determinada posição do mecanismo, mas tornam-se tediosas se muitas
posições são solicitadas para se obter um desenho da performance do mecanismo durante um ciclo
completo de operação; sua precisão também é limitada. Métodos algébricos expressam
deslocamento, velocidade e aceleração por meio de equações que permitem serem manuseadas por
computadores com alto grau de precisão em todas as possíveis posições (Santos, 2001).
Bibliografia Consultada
BEZERRA, J. M. Mecanismos Articulados, Editora Universitária da UFPE, 2010.
GROSJEAN, J. Kinematics and Dynamics of Mechanisms, McGraw-Hill Intl. Ed., 1991.
MABIE, H. H.; OCVIRK, F. W. Mecanismos, LTC Editora, Rio de Janeiro, 1980.
MABIE, H. H.; OCVIRK, F. W. Dinâmica das Máquinas, LTC Editora, Rio de Janeiro, 1980.
MYSZKA, D. H. Machines & Mechanisms - Applied Kinematic Analysis, 3ª Ed., Prentice Hall, 2005.
NORTON, R. L. Cinemática e Dinâmica dos Mecanismos, McGraw-Hill, 2010.
SANTOS, I. F. Dinâmica de Sistemas Mecânicos, Makron Books, 2001.
SHIGLEY, J. E.; UICKER, J. J. Theory of Machines and Mechanisms, 3th Edition, McGraw-Hill, 1995.
SKARSKI, B. Análise Cinemática dos Mecanismos, Publicação CT-N° 9, Unicamp, 1980.
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Capítulo 2. FUNDAMENTOS DA CINEMÁTICA
2.1 Introdução
Analisar a cinemática de mecanismos requer que desenhemos de forma simplificada o
diagrama esquemático dos elos e juntas que o compõem. As Figs. 2.1 e 2.2 mostram as notações
esquemáticas recomendadas para elos binários, terciários, e de ordem superior, e para juntas móveis
e fixas de liberdade rotacional e translacional, junto com um exemplo de suas combinações.
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Note que no projeto de mecanismos cinemáticos, esses podem ser representados através de
blocos básicos interligados por elos ou barras e juntas. As juntas ou pares cinemáticos podem ser
classificados de diferentes maneiras: Em função do tipo de contato (linha, ponto ou superfície),
número de graus de liberdade (ex. rotação pura ou translação pura, M=1 e a união de rotação e
translação, M=2).
M 3L 2 J 3G (2.1)
onde:
M= graus de liberdade
L = número de elos
J = número de juntas
G= número de elos fixados
M 3 ( L 1) 2 J (2.2)
O valor de J nas Eqs. (2.1) e (2.2) deve indicar o valor de todas as juntas. Isto é, meias juntas
contam como ½ porque removem apenas 1 GDL. Então podemos utilizar a modificação de
Kutzbach na equação de Grueber, como:
M 3( L 1) 2 J1 J 2 (2.3)
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onde, J1= número de juntas com 1 GDL (completa);
J2= número de juntas com 2 GDL (meia junta).
Um corpo tem movimento de translação quando numa reta, definida por dois pontos
quaisquer desse corpo, fica constantemente paralela a si mesma. Neste caso, este movimento pode
ser ainda ser dividido em:
Translação retilínea - Todos os pontos do corpo têm como trajetórias, retas paralelas do tipo
movimento alternativo (ex. cursor de plaina limadora, pinhão-cremalheira, Fig. 2.5a);
Translação curvilínea – As trajetórias dos pontos são curvas idênticas, paralelas a um plano
fixo (ex. rodas motrizes de uma locomotiva).
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2.3.3 Movimento complexo
Muitos corpos têm movimento que é uma combinação de rotação e translação (ex. a biela do
mecanismo do tipo manivela-balancim). Outros tipos de movimentos são:
Movimento helicoidal – Quando um corpo rígido se move de modo que todos os seus pontos
tenham movimento de rotação em torno de um eixo e ao mesmo tempo possua translação
paralela a esse eixo (ex. movimento de coroa-parafuso sem fim, Fig. 2.5b);
Movimento esférico - Quando um corpo rígido se move de modo que todos os seus pontos
girem em torno de um ponto fixo, mantendo uma distância constante desse ponto.
Quando as peças de um mecanismo, partindo de uma posição inicial, tiverem passado por
todas as posições intermediárias e retornarem à mesma posição inicial, essas peças terão
completado um ciclo do movimento. O tempo necessário para completar um ciclo é chamado de
período ( T 1 f 2 ). As posições relativas de um mecanismo em um determinado instante,
durante um ciclo, constituem uma fase do movimento.
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2.3.6 Elo, junta e cadeia cinemática
Uma peça ou elo é um corpo rígido que possui dois ou mais pares de elementos e pode ser
articulado a outros corpos para transmitir força ou movimento. Junta é uma conexão entre dois ou
mais elos que permite o mesmo movimento entre os elos conectados. O sistema resultante é
chamado cadeia cinemática.
São formas geométricas pelas quais dois membros de um mecanismo são articulados de
modo que o movimento relativo entre estes dois membros seja coerente.
Par inferior - Se o contato entre os dois membros for uma superfície tal como eixo-mancal
ou através de guias de deslizamento (Fig. 2.7a);
Par superior - Se o contato for realizado segundo uma linha ou através de um ponto tal
como entre dentes de engrenagens ou em rolamentos de esferas (Fig. 2.7b).
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2.5. Classificação Geral de Mecanismos
Levando-se em conta os mecanismos em sua totalidade, estes podem ser divididos conforme
representado na Fig. 2.9. Uma descrição dos principais tipos de mecanismos de acionamento
mecânico é feita logo em seguida.
MECANISMOS
Engrenagens
Rodas de fricção
Movimento
Uniforme Mecanismos de rosca
Mecanismos de barras
Mecanismos intermitentes
Mecanismos
Compostos
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Fig. 2.10 - Classificação do mecanismo came-seguidor quanto à forma da came:
a) Came de translação; b) Came de disco; c) Came cilíndrica.
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Fig. 2.12 - Classificação do mecanismo came-seguidor segundo a trajetória do seguidor:
a) Seguidor radial; b) Seguidor transversal ou axial.
Se classificarmos o seguidor pela forma como este faz contato com a superfície da came,
pode haver seguidores de faca, de rolete, de prato ou pé plano e esférico (Fig. 2.13). Neste caso, as
escolhas serão em função da área de contato e restrições de lubrificação.
Fig. 2.13 - Classificação do mecanismo came-seguidor quanto ao contacto entre o seguidor e a came:
a) Seguidor de faca; b) Seguidor de rolete; c) Seguidor de prato; d) Seguidor esférico.
Estes mecanismos são amplamente utilizados e encontra sua maior aplicação no motor de
combustão interna. A Fig. 2.14 mostra uma representação clássica em que a peça 1 é o bloco do
motor, a peça 2 é a manivela (virabrequim), a peça 3 a biela e a peça 4 o cursor (pistão).
Analisando o seu funcionamento, haverá dois pontos mortos durante o ciclo, um em cada
posição extrema do curso do pistão. Para evitar o travamento do mecanismo é necessário o emprego
de um volante solidário à manivela. Este mecanismo também é usado em compressores de ar onde
um motor elétrico aciona a manivela que por sua vez impulsiona o pistão que comprime o ar. Como
já discutido anteriormente, a inversão desse mecanismo pode gerar pelo menos outros quatro
modelos com movimentos resultantes completamente diferentes.
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Fig. 2.14 - Mecanismo básico cursor-manivela.
Este mecanismo conhecido como garfo escocês é capaz de gerar movimento harmônico
simples (MHS). Inicialmente era empregado em bombas a vapor, mas atualmente é usado como
mecanismo de mesas vibratórias e gerador de seno e co-seno para mecanismos de computadores.
A Fig. 2.15a apresenta um esboço desse mecanismo e a Fig. 2.15b mostra como é gerado o
MHS. O raio da manivela r girando a uma velocidade angular constante r e a projeção do ponto
P sobre o eixo x (ou eixo y) se deslocam com movimento harmônico simples.
1 – Suporte
2 – Manivela
3 – Biela
4 – Balancim
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Enquanto a manivela 2 gira, não há perigo de travamento do mecanismo. Entretanto, se esta
oscila, deve-se tomar cuidado no dimensionamento dos comprimentos das peças para evitar pontos
mortos de modo que o mecanismo não pare em suas posições extremas (travamento). Estes pontos
mortos ocorrerão quando a linha de ação da força acionadora tiver a mesma direção da peça 4,
conforme indicado na linha tracejada A’B’ (Fig. 2.16).
Ângulos de transmissão
Além dos possíveis pontos mortos em um mecanismo de quatro barras, é necessário verificar
se o ângulo de transmissão entre as peças 3 e 4, representado por (Fig. 2.17a), atende as
recomendações de projeto.
Uma equação para o cálculo do ângulo de transmissão pode ser deduzida aplicando a Lei
dos co-senos aos triângulos semelhantes AO2O4 e ABO4:
Em geral, o ângulo de transmissão máximo não deve ser maior do que 140° e o mínimo não
deve ser inferior a 40°, se o mecanismo for empregado para transmitir grandes forças. A Fig. 2.17b
mostra os ângulos de transmissão mínimo e máximo e , respectivamente.
Configurações de montagem
O mecanismo de quatro barras pode assumir várias formas de montagem. Na Fig. 2.18a o
mecanismo está cruzado, isto é, quando as peças 2 e 4 giram, o fazem em sentido opostos. Este
mecanismo conhecido como manivela-balancim tem o mesmo tipo de movimento que o da Fig.
2.16. Na Fig. 2.18b as peças opostas têm o mesmo comprimento e, portanto, sempre permanecem
paralelas; as peças 2 e 4 têm o mesmo movimento de rotação. Este tipo de mecanismo é
característico das rodas motrizes de uma locomotiva a vapor.
A Fig. 2.18c mostra outro arranjo no qual a peça motriz e a conduzida giram continuamente.
Esta forma de quadrilátero articulado é a base para o mecanismo de manivela dupla e corrediça. Se
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a peça 2 girar a uma rotação constante, a peça 4 terá uma velocidade angular não uniforme. A Fig.
2.18d mostra um arranjo onde a peça 4 da Fig. 2.16 foi substituída por um bloco deslizante. O
movimento dos dois mecanismos é idêntico e é conhecido como balancim duplo.
(a) (b)
(c) (d)
Fig. 2.18 - Configurações de sistemas de quatro barras. (Mabie & Ocvirk, 1980)
Pode-se aplicar a lei de Grashoff como uma maneira de determinar se o mecanismo irá
operar como manivela-balancim, manivela-dupla ou balancim-duplo. Esta lei estabelece que se a
soma dos comprimentos da maior e da menor peça for menor do que a soma dos comprimentos das
outras duas, o mecanismo formará:
Se a soma dos comprimentos da maior e da menor peça for maior do que a soma dos
comprimentos das outras duas, somente resultarão balancins-duplos. Também, se a soma da maior
e da menor peça for igual à soma das outras duas, os quatro mecanismos possíveis são similares aos
dos casos 1, 2 e 3 acima. Entretanto, neste último caso a linha de centro do mecanismo pode ficar
alinhada com as peças de modo que a manivela conduzida possa mudar o sentido de rotação a não
ser que algo seja feito para evitá-lo. Tal mecanismo foi apresentado na Fig. (2.18b) onde as peças
podem ficar alinhadas com a linha de centros O2O4.
Estes mecanismos são usados em máquinas operatrizes para lhes dar um curso de corte lento
e um curso de retorno rápido para uma dada velocidade angular constante da manivela motriz. No
projeto de mecanismos de retorno rápido, a razão entre os ângulos descritos pela manivela motriz
durante o curso de corte e o curso de retorno é conhecido como razão de tempos. Esta razão deve
ser maior que a unidade e esse valor deve ser o maior possível para que haja um retorno rápido da
ferramenta de corte. Há diversos tipos de mecanismos de retorno rápido. Três configurações típicas
serão apresentadas e descritas a seguir.
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Mecanismo de plaina limadora
A Fig. 2.19 ilustra este mecanismo onde a peça 2 gira e a peça 4 oscila. Também é possível
observar a razão de tempos, onde é o ângulo descrito pela manivela durante o curso de corte e é
o correspondente ao curso de retorno. Supondo-se que a manivela opera a uma rotação constante, a
razão de tempos / é maior do que a unidade.
Este mecanismo é derivado do mecanismo de quatro barras e está mostrado na Fig. 2.20.
Para uma velocidade angular constante da peça 2, a peça 4 girará com velocidade de rotação não
uniforme. O cursor 6 irá subir com velocidade quase constante durante a maior parte do avanço
lento e descerá em retorno rápido quando a manivela girar no sentido anti-horário.
Mecanismo de Whitworth
Este mecanismo tem muitas aplicações onde se necessita vencer uma grande resistência com
uma pequena força motriz, como no caso das prensas mecânicas. A Fig. 2.22 mostra um esboço
onde as peças 4 e 5 têm o mesmo comprimento. À medida que os ângulos diminuem e estas se
tornam quase alinhadas, a força F necessária para vencer uma dada resistência P decresce conforme
a relação: F P 2 tg . Um britador utiliza este mecanismo para vencer uma grande resistência
com uma pequena força. Também pode ser usado em dispositivos de fixação de peças e de prensas.
Fig. 2.22
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2.5.7. Mecanismos traçadores de retas
São mecanismos projetados de modo que um ponto de uma das peças se mova em linha
reta. Dependendo do mecanismo, esta linha reta poderá ser aproximada ou teoricamente exata.
Um exemplo de um mecanismo traçador de retas aproximadas é o mecanismo de Watt,
mostrado na Fig. 2.23. O ponto P está localizado de tal modo que os segmentos AP e BP são
inversamente proporcionais aos comprimentos O2A e O4B. Portanto, se as peças 2 e 4 tiverem o
mesmo comprimento, o ponto P deverá estar no meio da peça 3. O ponto P descreverá uma
trajetória em forma de 8. Parte desta trajetória se aproximará muito de uma linha reta.
O mecanismo Peaucellier é um que pode gerar uma linha reta exata. A Fig. 2.24 mostra um
esboço onde as peças 3 e 4 são iguais. As peças 5, 6, 7 e 8 são iguais e a peça 2 tem seu
comprimento igual à distância O2O4.
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Capítulo 3. POSIÇÕES E VELOCIDADES (Métodos Algébricos e Gráficos)
3.1 Introdução
Os princípios de projeto e soluções da engenharia devem assegurar que o mecanismo
proposto ou a máquina não falhará sob as condições operacionais previstas. Para isso, as tensões no
material devem ser mantidas em um nível bem inferior às tensões admissíveis. Para calcular as
tensões, precisamos conhecer as forças estáticas e dinâmicas dos componentes utilizados. Para
calcular as forças dinâmicas, precisamos conhecer as acelerações. Para calcular as acelerações
devemos, primeiro, encontrar a posição de todos os elos ou elementos no mecanismo para cada
movimento de entrada; depois, derivar as equações de posição em relação ao tempo a fim de
encontrarmos as velocidades; e em seguida, derivar novamente e obter as equações de aceleração.
Isso pode ser feito por muitos métodos. Podemos usar a aproximação gráfica ou podemos
derivar as equações gerais para o movimento em qualquer posição. Se escolhermos a solução
gráfica para análise, devemos gerar uma solução gráfica independente para cada uma das posições
de interesse, o que torna o processo bastante longo. Em contrapartida, caso a solução algébrica ou
analítica seja obtida para um mecanismo particular, será rapidamente resolvida por um computador
para todas as posições, e ainda será possível visualizar o seu desempenho em tempo real.
A Fig. 3.1 mostra um mecanismo composto de manivela (2), biela (3) e cursor (4), onde d
representa a posição do cursor em relação ao eixo x. As relações dos comprimentos a e b são
conhecidos e representam o raio da manivela e comprimento da biela que completam o laço.
y
A
Ay 3
2 a
b θ3
O2 2 d Φ B
4
Ax 1 x
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Para uma dada posição angular θ2 da manivela, a posição linear do cursor B é:
Observando-se que o segmento AAx é o cateto oposto comum aos dois triângulos retângulos,
tem-se a relação: a sin 2 b sin , donde pode-se obter os ângulos Φ e θ3 por
a a
sin sin 2 arcsin sin 2 ; 3 (3.2)
b b
Se desejamos obter a posição do cursor B, em função do ângulo de entrada θ2 deve-se fazer
2
a
uso da relação trigonométrica: cos 1 sin 1 sin 2 .
2 2
b
2
a
X B d a cos 2 b 1 sin 2 2 (3.3)
b
Ou ainda, a fim de simplificar o lado direito da Eq. (3.3), o radical pode ser aproximado pela
série infinita dada por:
O uso dos dois primeiros termos da série já fornece uma precisão suficiente para fins de
cálculo de engenharia. Assim, podemos adotar a relação aproximada,
2 2
a 1a
1 sin 2 2 1 sin 2 2 (3.5)
b 2b
Portanto, substituindo a Eq. (3.5) no segundo termo da Eq. (3.3), obtém-se a equação
aproximada da posição do cursor B:
a2
X B d a cos 2 b sin 2 2 (3.6)
2b
Considerando que a manivela gira com velocidade angular constante ω2, e que 2 2 t ,
derivando-se a Eq. (3.6) em relação ao tempo, obtém-se a equação aproximada de velocidade do
cursor B, dada por:
22
a
VB d a2 sin 2 sin 22 (3.7)
2b
a
AB d a22 cos 2 cos 22 (3.8)
b
No exemplo a seguir, será mostrado que as equações aproximadas e exatas de posição e
velocidade do cursor B dão resultados muito próximos em termos de simulação computacional. Para
isso, foi deduzido um procedimento analítico e codificado num algoritmo Matlab.
Solução:
130
Deslocamento (mm)
120
110
100
90
80
70
60
50
0 50 100 150 200 250 300 350
Ângulo teta2 (graus)
23
Gráfico de Velocidade do Cursor
600
400
200
Velocidade (mm/s)
Curva exata
-200 Aproximada
-400
-600
0 50 100 150 200 250 300 350
Ângulo teta2 (graus)
4000
2000
Aceleração (mm/s )
2
-2000
-4000
-6000
-8000
Observações:
24
3.3 Métodos Gráficos para Análise de Velocidade
Fig. 3.4
25
Na Fig. 3.5 conhece-se por completo Va, a direção de Vb na linha BM e se pretende
encontrar Vc, que não se conhece nada. Por estarem A, B e C em linha reta, não é possível aplicar o
mesmo procedimento anterior da Fig. 3.4. Porém pode-se obter rapidamente Vc considerando que o
corpo m tem um movimento angular instantâneo ao redor de um eixo, e que os vetores
representativos das velocidades de A, B e C perpendiculares a AB devem ser proporcionais às
distâncias de cada um destes pontos ao eixo instantâneo de rotação. Obtém-se Vb conforme já
mostrado na Fig. 3.3. Em seguida, traça-se Cc=Aa, e teremos a componente de Vc na direção ACB.
Por c passa-se uma perpendicular que intercepta a linha que passa pelos pontos a1 e b1. O vetor Cc1
é a representação da velocidade linear Vc.
Fig. 3.5
Seja o mecanismo de quatro barras articuladas ilustrado na Fig. 3.6, onde a velocidade
angular da manivela 2 é de 100 rpm, no sentido anti-horário, e a 75° com a horizontal. Dados os
comprimentos das barras (cm): O2A=4,8; AB=7,7; BD=4,3; AC=3,7; BC=5,6; O2O4=12,0; O4B=9,2;
O4E=4,6. Pede-se determinar as velocidades lineares VB, VC, VD, VE e ω4:
4
3
A E
C
2
O2 2 =75 o O4
26
a) Solução: Calculando a velocidade angular da barra 2 e velocidade linear no ponto A,
2 n2 2 (100)
2 10,47 rad / s VA 2 .O2 A 50,26 cm / s
60 60
Após a determinação de VB, segue-se encontrando a velocidade angular da barra 4, dada por
VB 36,60
4 3,98 rad / s
O4 B 60
VA (cm/s) 30,26
VB (cm/s) 36,60
VC (cm/s) 53,20
VD (cm/s) 40,55
VE (cm/s) 18,30
ω4 (rad/s) 3,98
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3.3.2 Método dos centros instantâneos de rotação
O conceito de eixos instantâneos de rotação está associado à idéia de que, num determinado
instante, cada uma das partes ou elos da máquina gira ao redor de um eixo, que pode ser fixo ou
móvel. No caso do eixo móvel este pode ser considerado fixo por um instante.
A Fig. 3.7 representa uma peça oscilante de forma qualquer. A velocidade linear do ponto A
é completamente conhecida, enquanto num outro ponto B do mesmo corpo se conhece apenas a
direção-sentido da velocidade BX. O eixo instantâneo de rotação Q pode ser determinado pela
interseção das perpendiculares às direções das velocidades de ambos os pontos A e B. No instante
considerado, todos os pontos do corpo em questão tendem a girar ao redor de Q. A magnitude da
velocidade de B se obtém partindo da magnitude de A, empregando a semelhança de triângulos, por
que as velocidades lineares instantâneas de cada um dos pontos do corpo são proporcionais às
distâncias dos pontos ao eixo Q.
Fig. 3.7
A Fig. 3.8 mostra um sistema de notação aplicado a um mecanismo de quatro barras, onde o
centro instantâneo de rotação da peça 3 em relação à peça fixa 1 é denominado 31 ou 13. Assim o
centro instantâneo de rotação da peça 2 em relação à peça 1 é designado de 12 ou 21 e o da peça 4
em relação à peça 1 é designado de 14 ou 41 conforme mostrado.
O centro instantâneo de rotação de uma peça em relação a outra, quando ambas as peças são
móveis, também é de interesse. Tais centros são os pontos A e B, onde A2 e A3 têm uma velocidade
absoluta em comum VA (centro móvel 32 ou 23) e de modo semelhante B3 e B4 têm uma velocidade
absoluta em comum VB (centro móvel 43 ou 34). O centro instantâneo 42 ou 24 também está
mostrado, e será discutido na seção seguinte.
Fig. 3.8
28
Determinação de centros pelo teorema de Kennedy
Para três corpos independentes em movimento plano geral, o teorema de Kennedy estabelece
que os três centros instantâneos de rotação estão em uma linha reta comum. Na Fig. 3.9 as três
peças 1, 2 e 3 estão em movimento uma em relação à outra. Há três centros instantâneos de rotação
(12, 13 e 23), cujas posições instantâneas devem ser determinadas.
Se a peça 1 for considerada fixa, as velocidades das partículas A2 e B2 da peça 2 e as
velocidades de D3 e E3 da peça 3 podem ser consideradas como velocidades absolutas em relação à
peça 1. O centro instantâneo 12 pode ser localizado pela interseção das normais às direções das
velocidades de A2 e B2. De modo semelhante localiza-se o centro 13, por intermédio de D3 e E3.
Fig. 3.9
Resta determinar o terceiro centro instantâneo 23. Sobre uma reta traçada pelos centros 12 e
13, existe uma partícula C2 da peça 2 a uma velocidade absoluta Vc2 e que tem a mesma direção que
a da velocidade Vc3, da partícula C3 da peça 3. Como Vc2 é proporcional à distância de C2 a 12,
determina-se o módulo de Vc2 de um modo semelhante. Na interseção das retas de construção em k,
determina-se uma posição comum C2 e C3 de tal modo que as velocidades absolutas Vc2=Vc3 são
idênticas. Esta posição é o centro instantâneo 23, porque as velocidades absolutas das partículas
coincidentes são comuns e porque o centro 23 está sobre uma linha reta que une 12 e 13.
O teorema de Kennedy é bastante útil na determinação das posições dos centros instantâneos
em mecanismos que têm um grande número de peças. Em relação a um número n de peças, há um
total de n(n-1) centros instantâneos de rotação. Entretanto, como em cada posição dos centros
instantâneos há dois centros comuns, o número total N de posições é dado por N n (n 1) 2 .
Seja o mecanismo de quatro barras mostrado na seção anterior (Fig. 3.6), onde a velocidade
angular da barra 2 é de 100 rpm, no sentido anti-horário, e a 75° com a horizontal. Dados os
comprimentos das barras (cm): O2A=4,8; AB=7,7; BD=4,3; AC=3,7; BC=5,6; O2O4=12,0; O4B=9,2;
O4E=4,6. Pede-se determinar as velocidades lineares VB, VC, VD, VE e angulares ω3 e ω4:
n (n 1) 4 (4 1)
N 6 centros
2 2
29
Em seguida, após a construção do desenho do mecanismo em escala (Fig. 3.10a), e sabendo
as direções das velocidades VA e VB por observação direta, determinamos o centro 13, que servirá de
base para determinação das velocidades VB, VC e VD.
Note que uma vez medidas essas velocidades (em módulo), podemos calcular as velocidades
angulares através dos centros 13 e 14:
VA V V VB
3 B C 4,40 cm s ; 4 3,98 rad / s ;
O3 A O3 B O3C O4 B
Nesse caso vamos utilizar o teorema de Kennedy, para a determinação do centro 24,
relacionando-o com os demais centros, conforme ilustra a Fig. 3.10b.
Inicialmente, marcamos por observação direta os dois centros fixos O2 e O4, que
representam na notação os centros 12 e 14, bem como os dois centros móveis A e B, que
representam na notação os centros 23 e 34, respectivamente.
Em seguida, desenhamos a figura de um círculo dividido em 4 partes (ou número
elementos), e fechamos as ligações com os centros já conhecidos 12, 14, 23, 34.
Depois, encontramos os demais centros 13 e 24, usando as relações de triângulos
semelhantes, conforme o procedimento proposto da existência de 3 centros alinhados:
30
1
Centro 24 (12 14) (23 34) .
4 2
3
Assim, usando o centro 24, também podemos determinar VB e ω4 (ver desenho)
VA V24
2 V24 2 . 12 24 ; 4 3,98 rad / s ;
12 23 14 24
Portanto, determina-se VB
VB 4 . 14 24 36,6 cm / s .
31
3.3.3 Método dos polígonos de velocidade
Este método utiliza o conceito de movimento relativo entre partículas aplicado a corpos
rígidos em geral. Seja a Fig. 3.11a onde P e Q são duas partículas que se movem em relação a um
plano de referência fixo, com velocidades VP e VQ, respectivamente. Deseja-se determinar a
velocidade relativa VPQ entre as duas partículas. Será considerado o fato de que a soma de duas
velocidades iguais e opostas a cada partícula não altera a velocidade relativa das duas partículas.
Portanto, se somarmos, às partículas P e Q, duas velocidades uma igual e outra oposta a VQ,
a partícula Q ficará estacionária e P ganhará uma componente adicional de velocidade - VQ relativa
ao plano fixo. Assim, a nova velocidade relativa VPQ, como ilustrado na Fig. 3.11b, é dada por:
VPQ VP VQ (3.8)
De modo semelhante VQP pode ser obtida através da soma vetorial de -VP a cada partícula,
conforme mostrado na Fig. 3.11c. VQP é dado pela equação
VQP VQ VP (3.9)
De acordo com a Eq. (3.8), pode-se determinar a velocidade relativa VPQ de uma partícula
em relação à outra, a partir da diferença vetorial das velocidades absolutas VP e VQ desde que estas
sejam conhecidas. Entretanto, em sistemas articulados, conhece-se somente uma das velocidades
absolutas e a outra deve ser determinada.
A velocidade absoluta desconhecida, VP , pode-se determinar da seguinte forma:
VP VQ VPQ (3.10)
Embora VQ seja conhecida, é necessário que a velocidade relativa VPQ também o seja. Em
sistemas articulados, os movimentos das partículas P e Q não são independentes, mas são obrigadas
a se deslocarem uma em relação à outra de modo que seus movimentos são controlados.
Considerando o corpo rígido na Fig. 3.12a, qualquer partícula tal como Q pode estar à
velocidade absoluta VQ e a peça a uma velocidade angular absoluta ω3. Se a observação do
movimento for feita em relação a Q, então Q estará em repouso, conforme indicado na Fig.
3.12b. Entretanto, desde que cada partícula Q não tenha movimento angular, a velocidade
32
angular ω 3 da peça em relação a Q ficará inalterada. Conforme a Fig. 3.12b, em relação a Q, a
peça gira com velocidade angular ω3 em torno de Q como se Q fosse um centro fixo.
Na Fig. 3.12c, a direção de VPQ é tangente à trajetória circular relativa e é indicada por
um vetor atuando em P. O sentido de VPQ é determinado pela rotação de P em torno de Q no
mesmo sentido de ω3. Mostra-se na Fig. 3.12d o vetor VQP representando a velocidade de Q em
relação a P. Pode-se ver que em relação a P a velocidade ω3 da peça 3 tem o mesmo módulo e
sentido que no movimento em relação a Q. Portanto, os módulos de VQP e VPQ são os mesmos.
Suas direções também são as mesmas já que ambas são perpendiculares à linha PQ. Entretanto, o
sentido de VQP é oposto ao de VPQ.
Em muitos mecanismos tais como na Fig. 3.13, obtém-se a limitação do movimento relativo
guiando-se a partícula P de uma peça ao longo de uma trajetória predeterminada, em relação à
outra peça, através de uma superfície-guia. Tal restrição é encontrada em cames e nas inversões
do mecanismo cursor manivela, onde a superfície de uma peça controla o movimento de uma
partícula sobre outra peça através de deslizamento ou rolamento.
Na Fig. 3.13, a partícula P3 da peça 3 está em movimento ao longo de uma trajetória
curvilínea traçada sobre a peça 2 devido à ranhura-guia existente nessa peça. Essa trajetória está
mostrada na figura assim como a tangente t-t e a normal n-n que passam pelo ponto P3. A
partícula Q2 da peça 2 coincide em posição com a partícula P3 da peça 3. Pode-se ver que apesar
das velocidades angulares absolutas ω2 e ω3 das peças 2 e 3, a guia restringe o movimento de P3
de modo que essa partícula não pode se deslocar em relação a Q2 na direção normal n-n e,
portanto, não pode haver velocidade relativa entre as duas peças nessa direção.
33
Entretanto, a guia permite, à partícula P 3 , liberdade para se deslocar em relação a Q2 na
direção tangente t-t e, portanto, a velocidade relativa VP3Q2 somente poderá estar na direção
tangente à guia. Em mecanismos onde a restrição é feita através de guias, basta saber que a
velocidade relativa de partículas coincidentes somente pode estar na direção tangente à guia.
Um terceiro tipo de restrição em mecanismos é aquele que ocorre quando se obriga uma
peça a rolar sobre outra sem deslizamento no ponto de contato. Na Fig. 3.14, mostram-se as
circunferências primitivas de um par de engrenagens acopladas com as partículas coincidentes no
ponto de contato, P3 da engrenagem 3 e P2 da engrenagem 2. Como as circunferências estão em
contato de rolamento, essas partículas têm velocidades iguais de modo que VP3 = V P2 e a
velocidade relativa entre as duas partículas é zero.
34
Solução: Método dos polígonos de velocidades
VB O4 B
V 366 cm/s
VB = VA VBA onde VA O2 A ; medindo B
V AB VBA 230 cm/s
BA
35
VC ?
VC = VA VCA; onde VA O2 A
V CA
CA
VC ? VC 226 cm/s
VC = VB VCB ; onde VB O4 B medindo VCA 113 cm/s
V CB V 175 cm/s
CB CB
n( n - 1 ) 6( 6 - 1 )
Cálculo do numero de centros: N 15
2 2
Identificando os centros por observação direta: (12, 23, 34, 45, 56, 14 e 16)
36
Fig. 3.17 – Método dos centros.
(500)
VA 2 (5,5) 288 cm / s ;
30
Usando VB , obtém-se 4
VB 125,0
35,7 cm / s
O4 B 3,5
Usando o centro 26, e V26 diretamente, obtém-se VC 120,5 cm / s , pois as mesmas são paralelas
e possuem o mesmo módulo e direção.
37
Solução: b) Método dos polígonos
VB VA4 V 272,65
B VB 125,0 cm / s
O4 B O4 A 3,5 7,63
VB 125,0
Temos então a relação: 4 35,7rad / s
O4 B 3,5
Tabela de Resultados
Velocidades lineares (cm/s)
VA2 288,00
VA4 272,65
VA4A2 93,78
VB 125,00
VC 120,50
VCB 75,60
Velocidade angular ω4 35,7 rad/s
38
Capítulo 4 – POSIÇÕES E VELOCIDADES (Métodos Vetoriais)
A posição de um ponto no plano pode ser definida por meio de um vetor de posição cuja
escolha dos eixos de referência é arbitrária, para satisfazer o observador. A Fig. 4.1a mostra um
ponto A no plano, definido no sistema de coordenadas global, e a Fig. 4.1b mostra esse ponto num
sistema de coordenadas local cuja origem coincide com a do sistema global.
Figura 4.1 – Vetor de posição no plano. (a) Sistema global XY; (b) Sistema local xy.
Um vetor bi-dimensional tem dois atributos, que podem ser expressos tanto na forma polar
quanto em coordenadas cartesianas. A forma polar fornece o módulo e o ângulo do vetor. A forma
cartesiana fornece os componentes X e Y do vetor. Cada forma é conversível à outra por:
RY
RA RX2 RY2 ; arctan (4.1)
RX
39
RX Rx cos Ry sen ; RY Rxsen Ry cos (4.2)
4.1.3 Deslocamentos
Existem muitas formas de representar vetores. Eles podem ser definidos por coordenadas
polares, tendo seu módulo e ângulo, ou por coordenadas cartesianas, com componentes x e y.
Essas formas são conversíveis entre si usando as equações 4.1.
A Fig. 4.3a mostra um vetor posição. Usando a notação de números complexos, a
componente do vetor posição RA na direção X é chamada de parte real e a componente da direção Y
é chamada de parte imaginária.
Note que na Fig. 4.3b cada multiplicação do vetor RA pelo operador j resulta numa rotação
anti-horária de 90 graus do vetor. Uma vantagem de usar a notação dos números complexos para
j
representar vetores planos é obter a identidade de Euler: e cos j sen , onde j 1 .
40
Usaremos essa notação de número complexo nos vetores para desenvolver as equações para
posição, velocidade e aceleração dos mecanismos.
Figura 4.3 – (a) Representação de vetor no plano complexo; (b) Vetores rotacionados.
Seja o mecanismo biela-manivela composto de três vetores R1, R2 e R3, onde as direções e
sentidos dos vetores foram escolhidos em função dos ângulos θ2 e θ3, conforme ilustra a Fig. 4.4.
Para uma dada posição θ2 da manivela, o laço de vetores leva a equação:
R2 R3 R1 0 (4.4)
Y
A
R3
R2
a b 3
O2 2 d
B
R1 X
41
a (cos 2 j sen 2 ) b (cos 3 j sen3 ) d (cos 1 j sen1 ) 0 (4.5a)
a cos 2 b cos 3 d 0
(4.5b)
a sen 2 b sen 3 0
Aqui, nota-se que através da segunda relação da Eq. (4.5b), obtém-se diretamente θ3
a a
sen3 sen 2 3 arcsen sen 2 (4.5c)
b b
e substituindo θ3 na primeira relação da Eq. (4.5b), encontra-se a posição do cursor B, dada por
Obs: Note que a Eq. (4.5d) é idêntica à Eq. (3.1) obtida analiticamente, quando substituímos no
lugar da última relação vetorial com θ3, o ângulo complementar 3 .
Derivando a Eq. (4.5) original em relação ao tempo, considerando como constantes a, b e θ1,
porém o comprimento d, variando com o tempo, e lembrando que a derivada de uma função
exponencial complexa é:
d e j
j e j .
d
j e j , logo,
d
d
ae j 2 be j3 d e j1 , fica:
d dt
Separando a Eq. (4.6a) em suas partes real e imaginária, tem-se o sistema de equações,
onde, pela segunda relação da Eq. (4.6b), pode-se obter diretamente a velocidade angular ω3
42
a cos 2
3 2 (4.6c)
b cos 3
Logo, substituindo ω3 na primeira relação da Eq. (4.6b), obtém a velocidade linear do cursor
A análise gráfica desse problema é trivial e pode ser feita usando apenas trigonometria
básica. Após desenhar o mecanismo em escala com régua, compasso e transferidor em uma posição
particular (dada por θ2), será preciso somente medir os ângulos dos elos 3 e 4 com transferidor.
Note que todos os ângulos dos elos são medidos do eixo X no sentido anti-horário. Na Fig. 4.5a, um
sistema local de eixos xy, paralelo ao sistema global XY, deve ser criado no ponto A para medir θ3.
A Fig. 4.5b mostra a construção gráfica de um mecanismo de quatro barras do tipo
manivela-balancim, onde nota-se que pode assumir duas configurações: aberta e cruzada. O ponto B
pode ser obtido, traçando-se um arco com origem no ponto A e raio AB, e depois com centro na
origem O4 e raio O4B traça-se o novo arco cujos traçados terão dois pontos de interseção em B e B’.
O mesmo procedimento usado na Fig. 4.5 para resolver geometricamente pelas interseções
em B e B’ e ângulos θ3 e θ4 pode ser codificado para um algoritmo algébrico. Para uma dada
posição angular θ2 da manivela, as coordenadas do ponto A são obtidas de:
As coordenadas locais do ponto B são obtidas usando-se as equações dos dois círculos sobre
os centros A e O4:
b 2 ( Bx Ax ) 2 ( By Ay ) 2 ; c 2 ( Bx d ) 2 By2 (4.8)
43
que fornecem um par de equações simultâneas em termos de Bx e By. Da Eq. (4.8) e subtraindo a
segunda relação da primeira e após algumas arrumações, temos a expressão para Bx:
a 2 b2 c2 d 2 2 Ay By Ay By
Bx S (4.9)
2( Ax d ) 2( Ax d ) Ax d
Substituindo a Eq. (4.9) na segunda relação da Eq. (4.8), teremos uma equação quadrática de
By, que tem duas raízes ou soluções correspondentes, conforme já ilustrado na Fig. 4.5.
2
Ay By
B S
2
d c 2 0 (4.10)
Ax d
y
Isso pode se resolvido com uma expressão familiar para as raízes da equação quadrática
Q Q 2 4 PR
2
Ay
By , onde P 1;
2P ( Ax d ) 2
(4.11)
2 Ay (d S ) a2 b2 c2 d 2
Q ; R (d S ) 2 c 2 ; S
Ax d 2( Ax d )
Note que as raízes podem ser reais ou imaginárias. No último caso, indicará que os elos não
se conectam com o dado ângulo de entrada θ2 ou não satisfaz a lei de Grashoff. Se reais, quando os
dois valores de By forem encontrados (cadeia aberta ou cruzada), eles podem ser substituídos na Eq.
(4.9) para se obter os componentes de Bx. Os respectivos ângulos para essas posições são:
By Ay By
3 arctan ; 4 arctan (4.12)
Bx Ax Bx d
Seja o mecanismo de quatro barras composto pelos vetores R1, R2, R3 e R4, onde as direções
e sentidos dos vetores foram escolhidos em função dos ângulos θ2, θ3 e θ4, conforme a Fig. 4.6.
44
Para uma dada posição θ2 da manivela, o laço de vetores leva a equação:
R2 R3 R4 R1 0 (4.13)
Observando a Fig. 4.6, nota-se que para 1 0 sen1 0 e cos 1 1 , e separando a Eq.
(4.14a) em suas partes reais e imaginárias obtém-se um sistema de equações com duas incógnitas:
Para resolver esse sistema de equações simultâneas, podemos isolar θ3 e resolvemos θ4:
Agora, elevando os dois lados das equações acima ao quadrado e somando-os, obtém-se:
b2 ( sen 23 cos 2 3 ) (a sen 2 c sen 4 ) 2 (a cos 2 c cos 4 d ) 2 (4.14d)
Note que o valor resultante no lado esquerdo (entre parênteses) é igual a 1, eliminando θ3 da
equação. O lado direito dessa expressão deve agora expandir por:
Para simplificar essa expressão, são introduzidas as constantes K1, K2 e K3 dadas por
d d a 2 b2 c2 d 2
K1 ; K 2 ; K3 (4.15)
a c 2ac
45
Para reduzir a Eq. (4.16) para uma forma mais amigável, pode ser útil substituir a meia
identidade dos ângulos que serão convertidos em
Isso resulta, na forma simplificada, em que os comprimentos dos elos e a entrada conhecida
θ2 foram reagrupadas em termos das constantes A, B e C,
A tan 2 4 B tan 4 C 0 (4.18)
2 2
B B 4 AC
2
Note que a Eq. (4.18) é quadrática, e a solução é: tan 4
2 2A
B B 2 4 AC
41, 2 2 arctan (4.18a)
2 A
A solução para o ângulo θ3 é essencialmente similar à solução para θ4, onde agora novas
constantes são adotadas,
d d c2 d 2 a 2 b2
K1 ; K4 ; K5 (4.19)
a b 2a b
D tan 2 3 E tan 3 F 0 (4.20)
2 2
E E 2 4 DF
31, 2 2 arctan (4.20a)
2 D
46
Figura 4.7 – Polígonos dos vetores posição e velocidade (mecanismo de quatro barras).
Note que o termo θ1 foi cancelado, pois seu ângulo é constante e, portanto, sua derivada é
nula. Note ainda que a Eq. (4.21) é, na verdade, uma forma da equação da velocidade relativa,
conforme ilustrado no polígono de velocidades da Fig. 4.7b.
VA VBA VB onde,
(4.22)
VA ja 2e j 2 ; VBA jb3 e j3 ; VB jc4e j 4
Agora precisamos resolver a Eq. (4.21) para encontrar ω3 e ω4, conhecendo a velocidade de
entrada ω2, os comprimentos dos elos e todos os ângulos dos elos. A estratégia de solução será a
mesma feita para a análise de posição. Primeiro, substituir a identidade de Euler em cada termo,
47
a 2sen 2 b3 sen3 c4sen 4 0
(4.23b)
a 2 cos 2 b 3 cos 3 c 4 cos 4 0
Podemos resolver essas duas equações acima, por substituição direta, encontrando,
a2sen ( 4 2 ) a2sen ( 2 3 )
3 ; 4 (4.24)
b sen (3 4 ) c sen ( 4 3 )
Uma vez que já foram encontrados ω3 e ω4, podemos então resolver as velocidades lineares
substituindo as identidades de Euler nas Eqs. (4.22),
As Eqs. (4.24) e (4.25) fornecem uma solução completa para as velocidades lineares dos
elos e das velocidades angulares das juntas em um mecanismo de quatro barras.
Solução:
*Resultados: θ3=74°; θ4=110°; (Bx, By)=( 74.4, 214.9) mm; (Px, Py)=( -17.6, 216.5) mm.
ω3= -3.72 rad/s; ω4= -0.92 rad/s; VB= -209.2 mm/s; VP= -716.0 mm/s.
48
(b) Equações vetoriais (ver gráficos utilizando uma Rotina no Matlab)
145
140
Ângulo teta4 (graus)
135
130
125
120
115
110
105
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Ângulo teta2 (graus)
Gráfico de Velocidade, Vp
600
400
200
Velocidade Vp (mm/s)
-200
-400
-600
-800
-1000
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Ângulo teta2 (graus)
49
Capítulo 5 – ANÁLISE DE VELOCIDADES E ACELERAÇÕES
(Métodos Gráficos e Vetoriais)
5.1 Introdução
Considerando que a análise de posição já foi realizada, os próximos passos serão determinar
as velocidades e acelerações de todos os elos e pontos de interesse no mecanismo. A Fig. 5.1a
mostra o elo PA que possui rotação pura, pivotado no ponto A do plano XY. Sua posição é definida
pelo vetor de posição RPA. Nos interessa a velocidade do ponto P quando o elo gira com velocidade
angular ω. A velocidade VPA pode ser referida como uma velocidade absoluta, e poderíamos ter nos
referido a ela como VP, sem o segundo subscrito, já que A é origem global desse sistema de
coordenadas.
Já a Fig. 5.1b mostra um sistema diferente, em que o pivô A se movimenta. Ele tem
velocidade linear VA conhecida, que é a translação do bloco 3. Se ω permanece o mesmo, a
velocidade do ponto P em relação a A será a mesma que antes, mas VPA não poderá mais ser
considerada uma velocidade absoluta. Agora ela é uma diferença de velocidade e deve ser obtida
por meio da equação da diferença de posição, cuja solução gráfica é mostrada no polígono abaixo.
Figura 5.1 – (a) Elo em rotação pura; (b) Diferença de velocidades e polígono.
50
Pela Fig. 5.2a, se somarmos, às partículas P e Q duas velocidades, uma igual e outra oposta
a VQ, a partícula Q ficará estacionária e P ganhará uma componente adicional de velocidade - VQ
relativa ao plano fixo. A velocidade relativa VPQ, como ilustrado na Fig. 5.2b, é dada por:
VPQ VP VQ (5.1)
De modo semelhante VQP pode ser obtida através da soma vetorial de -VP a cada partícula,
conforme mostrado na Fig. 5.2c. VQP é dado pela equação
VQP VQ VP (5.2)
De acordo com a Eq. (5.1), pode-se determinar a velocidade relativa VPQ de uma partícula
em relação à outra, a partir da diferença vetorial das velocidades absolutas VP e VQ desde que estas
sejam conhecidas. A velocidade absoluta desconhecida, VP, pode-se determinar da seguinte forma:
VP VQ VPQ (5.3)
Embora VQ seja conhecida, é necessário que a velocidade relativa VPQ também o seja. Em
sistemas articulados, os movimentos das partículas P e Q não são independentes, mas são obrigadas
a se deslocarem uma em relação à outra de modo que seus movimentos são controlados.
Considerando o corpo rígido na Fig. 5.3a, qualquer partícula tal como Q pode estar à
velocidade absoluta VQ e a peça a uma velocidade angular absoluta ω3. Se a observação do
movimento for feita em relação a Q, então Q estará em repouso, conforme indicado na Fig. 5.3b.
Entretanto, desde que cada partícula Q não tenha movimento angular, a velocidade angular ω 3
da peça em relação a Q ficará inalterada. Conforme a Fig. 5.3b, em relação a Q, a peça gira
com velocidade angular ω3 em torno de Q como se Q fosse um centro fixo.
51
A velocidade relativa VPQ de P em relação a Q é tangente à trajetória relativa como na
Fig. 5.3c. Como o raio de curvatura R da trajetória relativa é igual a PQ e a velocidade angular
ωr do raio de curvatura é igual a ω3, o módulo de VPQ pode ser determinado por:
Na Fig. 5.3c, a direção de VPQ é tangente à trajetória circular relativa e é indicada por um
vetor atuando em P. O sentido de VPQ é determinado pela rotação de P em torno de Q no
mesmo sentido de ω3. Mostra-se na Fig. 5.3d o vetor VQP representando a velocidade de Q em
relação a P. Pode-se ver que em relação a P a velocidade ω3 da peça 3 tem o mesmo módulo e
sentido que no movimento em relação a Q. Portanto, os módulos de VQP e VPQ são os mesmos.
Suas direções também são as mesmas já que ambas são perpendiculares à linha PQ. Entretanto, o
sentido de VQP é oposto ao de VPQ.
Em muitos mecanismos tais como na Fig. 5.4, obtém-se a limitação do movimento relativo
guiando-se a partícula P de uma peça ao longo de uma trajetória predeterminada, em relação à
outra peça, através de uma superfície-guia. Tal restrição é encontrada em cames e nas inversões
do mecanismo cursor manivela, onde a superfície de uma peça controla o movimento de uma
partícula sobre outra peça através de deslizamento ou rolamento.
Na Fig. 5.4, a partícula P3 da peça 3 está em movimento ao longo de uma trajetória
curvilínea traçada sobre a peça 2 devido à ranhura-guia existente nessa peça. Essa trajetória está
mostrada na figura assim como a tangente t-t e a normal n-n que passam pelo ponto P3. A
partícula Q2 da peça 2 coincide em posição com a partícula P3 da peça 3. Pode-se ver que apesar
das velocidades angulares absolutas ω2 e ω3 das peças 2 e 3, a guia restringe o movimento de P3
de modo que essa partícula não pode se deslocar em relação a Q2 na direção normal n-n e,
portanto, não pode haver velocidade relativa entre as duas peças nessa direção.
Entretanto, a guia permite, à partícula P 3 , liberdade para se deslocar em relação a Q2 na
direção tangente t-t e, portanto, a velocidade relativa VP3Q2 somente poderá estar na direção
tangente à guia. Em mecanismos onde a restrição é feita através de guias, basta saber que a
velocidade relativa de partículas coincidentes somente pode estar na direção tangente à guia.
52
5.3 Método dos Polígonos de Acelerações
Da mesma maneira que o conceito de movimento relativo foi aplicado na análise de
velocidades de partículas em mecanismos, pode-se determinar as acelerações lineares de partículas
através da construção gráfica de polígonos de aceleração.
Seja a Fig. 5.5a onde P e Q são duas partículas que se movem em relação a um plano de
referência fixo. Se for conhecida a aceleração AQ de uma partícula Q, pode-se determinar a
aceleração AP de outra partícula P adicionando-se o vetor aceleração relativa APQ conforme
indicado na equação vetorial:
AP AQ APQ (5.5)
De acordo com a Fig. 5.5a, quando se consideram duas partículas P e Q na mesma peça
rígida, a distância fixa PQ obriga a partícula P a mover-se ao longo de um arco de circunferência
em relação a Q independendo do movimento linear absoluto de Q. Portanto, como a trajetória de P
em relação a Q é circunferencial, pode-se representar o vetor aceleração APQ pelos componentes
n
ortogonais da aceleração APQ t , respectivamente normal e tangente à trajetória relativa em P.
, APQ
Na Fig. 5.5b mostram-se os vetores acelerações relativas AQPn t de Q em relação a P
, AQP
onde os módulos e sentidos de ω3 e α3 são os mesmos que os da Fig. 5.5a.
2
VPQ
n
APQ ( PQ).32 (5.6)
PQ
53
t
APQ ( PQ).3 (5.7)
n
Deve-se observar que a direção de APQ é normal à trajetória relativa e que o seu sentido é
em direção ao centro de curvatura Q de modo que o vetor é dirigido de P para Q conforme
t
mostrado na Fig. (5.5a). A direção de APQ é tangente à trajetória relativa (normal à linha PQ), e o
sentido do vetor depende do sentido de α.
Considerando o mecanismo de retorno rápido da Fig. 5.6. A peça 2 com θ2=60°, girando
com uma velocidade angular ω2 de 30 rad/s e uma aceleração angular de α2 de 240 rad/s2 nas
direções indicadas. Determine a aceleração AB do ponto B, a aceleração Ac do ponto C, a aceleração
angular α3 da peça 3, a aceleração angular α4 da peça 4.
Dados: O2A =102; R =203; AB =203; O2X =203; AC =102; CB =152 mm.
Solução:
a) Polígonos de velocidades
54
Medindo no polígono e calculando então as velocidades angulares:
VC ?
VC = V A VCA ; onde V A O2 A
V CA
CA
VC ? VC 226 cm/s
VC = VB VCB ; onde VB O4 B medindo VCA 113 cm/s
V CB V 175 cm/s
CB CB
55
VB2 366 2
ABn = 6598 cm/s 2
O4 B 20,3
ABt = ?, onde ABt ; O4 B
V A2 306 2
A = n
A 9180 cm/s 2
O2 A 10,2
AAt = α 2 .O2 A = 240.10,2 = 2448 cm/s 2
2
VBA 230 2
A n
BA = 2605 cm/s 2
BA 20,3
t
ABA t
= ?, onde ABA ; AB
Solução:
56
AC ?
2
VCA 113 2
An
CA = 1252 cm/s 2 ; ACA
n
//CA
CA 10,2
t
ACA t
= ?; onde ACA AC
2
VCB 175 2
An
CB = 2014 cm/s 2 ; ACB
n
//CB
BC 15,2
t
ACB t
= ?; onde ACB ; BC
Medindo no polígono acima, tem-se: AC = 10400 cm/s2 . Outros resultados obtidos para
outros ângulos são listados na Tabela abaixo.
57
Fig. 5.7
VA = VA + VA A
4 2 4 2
(5.8)
n t n t n t
AA4 + AA4 = AA2 + AA2 + AA4A2 + AA4A2 + 2ω2 × VA4A2 (5.10)
n t n t n t
AA2 + AA2 = AA4 + AA4 + AA2A4 + AA2A4 + 2ω4 × VA2A4 (5.11)
n t
AA4A2 = AA4A2 + AA4A2 + 2ω2 × VA4A2
(5.12)
n t
AA2A4 = AA2A4 + AA2A4 + 2ω4 × VA2A4
VA22 A4
n
AA2A4 (5.13)
R
onde R é o raio de curvatura da trajetória do ponto A2 em relação ao ponto A4. Este componente é
dirigido dos pontos coincidentes para o centro de curvatura, ao longo do raio de curvatura. O
t
componente tangencial AA2A4 é conhecido em direção e é tangente à trajetória de A2 em relação a
58
A4 nos pontos coincidentes. Calcula-se facilmente a intensidade do componente da aceleração de
Coriolis 2ω4 × VA2A4 porque ω 4 já é conhecida e pode-se determinar VA2A4 do polígono de
velocidade. A direção deste componente é normal à trajetória de A2 relativa a A4 e o seu sentido
é o mesmo de VA2A4 girado de 90° em torno de sua origem, no mesmo sentido de ω4.
Com a Eq. (5.13) escrita nesta forma, e considerando o mecanismo da Fig. 5.7 pode-se
n
concluir facilmente que AA2A4 é zero porque a trajetória de A2 em relação a A4 é uma linha reta e
t
R é infinito. Pode-se traçar agora o polígono de aceleração e determinar AA4 e através deste,
calcular α4.
Consideremos a seguir o caso onde a peça-guia 4 da Fig. 5.7 tenha sido substituída por
uma peça-guia curva de forma circular conforme mostrado na Fig. 5.8. Neste mecanismo a
trajetória de A2 relativa a A4 é um arco de circunferência de raio e centro de curvatura
n
conhecida R. A intensidade de AA2A4 não é zero portanto, e o vetor que representa este
componente estará dirigido do ponto A para o centro de curvatura C.
Fig. 5.9
Fig. 5.8
n
O componente de Coriolis está sempre na mesma direção de AA2A4 caso exista, mas o
seu sentido pode ou não ser o mesmo. Considerando o termo 2ω4 × VA2A4 para o mecanismo da
Fig. 5.9, pode-se determinar a direção e o sentido do componente de Coriolis. Trace o vetor que
representa a velocidade relativa VA2A4 com direção e sentido corretos. Gire este vetor de 90°, em
torno de sua origem, no mesmo sentido de ω4. Isto dará a direção e o sentido do componente da
n
aceleração de Coriolis conforme mostrado na Fig. 5.9. Como se pode ver, os termos AA2A4 e
2ω4 × VA2A4 têm o mesmo sentido neste caso e se somarão. Obviamente, este método de
n
determinação da direção e sentido do componente de Coriolis se aplica mesmo se AA2A4 for zero.
onde:
59
VA2 = 2 O2 A; VA2 = 100 cm/s O2 A2
VA4 O4 A4
VA4 32,5 cm/s
V A4 = V A2 V A4A2 VA2 100cm/s O2 A
V VA4A2 95 cm/s
A4A2 // O4 A4
V A4 32,5
ω4 1,3 rad/s (SAH)
O4 A4 25
60
II. AA4 = AA2 + AA4A2
O2 A2 10
t
AA2 = 0; α 2 0
O4 A4 25
t
AA4 = ?; AA4
t
AA4
n
2
0; R
n V A2A4
A =A2A4
R
2ω4 V A2A4 21,3 95 247cm/s 2 ; 2ω4 V A2A4 V A2A4
t
AA2A4 = ?; AA2A4
t
2ω4 V A2A4
Medindo no polígono,
AA4 = 1188cm/s2 e t
AA4 = 1185cm/s2
t
AA4 1185
α4 = = = 47,4rad/s 2
O4 B 25
61
Ampliando mais, temos o polígono das acelerações:
Detalhes da Solução
A peça 4 é uma peça-guia que obriga os pontos A2 e A3 a seguirem uma trajetória retilínea
sobre a guia. Para este exemplo, escolhem-se A2 e A4 e a guia retilínea é a trajetória relativa de A2
sobre a peça 4. Assim, envolve-se os vetores V A2A4 e AA2A4 e pode-se determinar facilmente o
n
componente AA2A4 de AA2A4 , porque R=∞.
O polígono de velocidades mostra a determinação de VA4 e VA4A2 a partir da Eq. (I).
Mostra-se também o cálculo de ω4 .
62
A Eq. (II) expressa A4 em função de AA2 e AA4A2 . Entretanto, como a trajetória do ponto A4
em relação ao ponto A2 não é determinada facilmente, reescreve-se esta na forma da Eq. (III) de
modo a usar o componente AA2A4 conforme mencionado anteriormente.
Todos os componentes da Eq. (III) são conhecidos, conforme está indicado, em
intensidade, sentido e direção ou em direção. Na construção do polígono de aceleração
n
iniciando pelo lado da esquerda da Eq. (III), traça-se primeiro o vetor AA4 e a seguir a direção de
t
AA4 . Considere agora o membro da direita da Eq. (III) e trace o vetor AA2. A seguir, desenhe o
vetor 2ω4 × VA2A4 de modo que sua extremidade encontre a extremidade do vetor A A2 . Trace
t
AA2A4 na perpendicular ao componente de Coriolis até cruzar com a direção do vetor que
t t t
representa AA4 ; isto completa o polígono. Marcam-se os sentidos dos vetores AA4 e AA2A4 de modo
que a soma dos vetores do polígono concorde com a soma dos termos da Eq. (III). Finalmente,
pode-se determinar a intensidade e o sentido de α4 , usando-se AA4 t
, conforme está indicado.
Lembrando-se que a componente de Coriolis do mecanismo está indicada no polígono.
RP = R0 + R (5.14)
R= x i + y j z k (5.15)
A velocidade do ponto P relativa ao sistema XYZ pode ser obtida diferenciado a Eq. (5.14),
em relação ao tempo, para dar
VP = R P = R0 + R (5.16)
63
Diferenciando-se a Eq. (5.15) em relação ao tempo, vem
i = ω × i
j = ω × j
k = ω × k
onde ω é a velocidade angular do sistema móvel de coordenadas xyz em relação ao sistema fixo
XYZ. Fazendo as substituições, este segundo termo da Eq. (5.17) fica
xi + y j + z k = ω × R (5.19)
R = V + ω × R (5.20)
A equação (5.16) pode agora ser escrita fazendo V0 = R0 e substituindo R obtido da Eq. (5.20)
VP = V0 + V + ω × R (5.21)
AP = VP = V0 + V + ω
× R + ω × R (5.22)
64
Obtém-se V diferenciando a Eq. (5.18)
e da Eq. (5.18)
( x i + y j + zk) = V
Portanto,
x i + y j + zk = ω × V (5.25)
V = A + ω × V (5.26)
ω × R = ω × V + ω × (ω × R) (5.27)
AP = A0 + A + 2ω × V + ω
× R + ω × (ω × R) (5.28)
65
Dados:
O2A=0,102 m
AB=0,203 m
AC=0,102 m
BC=0,152 m
ω2 =30 rad/s
α2=240 rad/s2
VA = ω2 × O2 A = 3,06 m/s
At = α2 × O2 A = 24,48 m/s2
A
2
V
A = A = 91,80 m/s2
n
O2 A
A
Equações vetoriais:
VB = VO + V + ω × R (I)
AB = AO + A + 2ω × V + ω
× R + ω × (ω × R) (II)
Vo = VA
V = 0 porque R é um vetor constante no sistema xy
ω × R AB módulo desconheci do (ω = ω3 ; R = AB)
ω× R = ?
66
VB = VB cos 34° i + sen 34° j = 0,829VB i + 0,559VB j
V A = VA cos 5° i - sen 5° j = 0,996V A i - 0,087V A j = 3,047 i - 0,266 j
ω × R = (ω3 .R) j
AB = A0 + A + 2ω ×V + ω × R + ω × (ω × R)
A = 0 porque R cte; V 0
2ω ×V = 0 porque V = 0
ω × R = α3 .R AB módulo desconheci do
ω × R = ω .R j
ω × (ω × R) = - ω2 .R i sentido de B para A
ABt = α4 × O4 B O4 B ?
n VB 2
A =
B
= 66,35 m/s2 //BO4
O4 B
A = α2 × O2 A = 24,48 m/s2 O2 A
t
A
n VA 2
A =
A
= 91,80 m/s2 //O2 A
O2 A
67
ABt = ABt cos 34° i + sen 34° j = 0,829 ABt i + 0,559 ABt j
ABn = ABn - sen 34° i + cos 34° j = -37,10 i + 55,00 j
AAn = AAn - sen 5° i - cos 5° j = - 8,00 i - 91,45 j
AAt = AAt - cos 5° i + sen 5° j = - 24,38 i + 2,133 j
ω × R = ( .R )j = ABA
t
ω × ω × R -ω32 .R i -26,428 i = ABA
n
- 21,708
- 37,10 + 0,829 ABt = -8,00 - 24,38 - 26,428 ABt = = - 26,185 m/s 2 (i)
0,829
55,00 + 0,559 AB = -91,45 + 2,133 + ω × R ω × R = 129,68; ω = 638,8 rad/s 2 (j)
t
Portanto,
α3 = ω = 638,8 rad/s 2 (SAH)
- ABt
α4 = = 128,98 rad/s 2 (SH)
O4 B
AA = (A ) + (A )
n 2
A
t 2
A = 95,00 m/s2
AB = (A ) + (A )
n 2
B
t 2
B
= 71,32 m/s2
ABA = (A ) + (A )
n 2
BA
t
BA
2
= 132,36 m/s2
'
iii) Determinação de VC VC = VA ω × R (novo x’y’)
68
V A = VA cos 52° i - sen 52° j = 0,616VA i + 0,777 VA j
V A = 1,884 i - 2,411 j
ω × R = (ω3× R) j = 1,163 j
- 1,248
VC i + VC j = 1,884 i - 1,248 j θ3 = arctg = -33,5°
1,884
VC = 1,8842 + - 1,2482 = 2,26m/s
× R + ω × ω × R
iv) Determinação de AC AC = AA + ω
'
ACt = ACt cos 33,5° i - sen 33,5° j = 0,833 ACt i + 0,550 ACt j
ACn = ACn sen 33,5° i + cos 33,5° j = 0,550 ACn i + 0,833 ACn j
AAn = AAn - sen 52° i - cos 52° j = - 72,34 i - 56,52 j
AAt = AAt - cos 52° i + sen 52° j = - 15,07 i + 19,29 j
ω × R = ( α3 × R' )j = 65,15 j
ω × ω × R - ω32 R i -13,28 i
69
70