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CONHECENDO A DISCIPLINA
NÃ O PODE FALTAR
ATIVIDADES EXPRESSIVAS
Kaio César Celli Mota
CONVITE AO ESTUDO
Olá, estudante! Estamos prontos para iniciar os nossos estudos!
Em primeiro lugar, vamos procurar compreender a importância da expressão corporal
para o desenvolvimento do ser humano, ou seja, introduziremos as noções e os
conceitos da expressão corporal para percebermos como ela atua na linguagem não
verbal. A medida que nos aprofundarmos nos estudos, estabeleceremos relações de
expressividade do corpo com as movimentações, os jogos corporais e a criatividade —
temáticas que irão formar a nossa primeira unidade da disciplina de Expressão corporal
e dança. Perceba como um gesto expressivo muda todo o conteúdo do movimento do
corpo. Você, professor de escola, professor de dança, personal trainer ou técnico de
ginástica, já deve ter notado como alguns gestos/movimentos expressivos mudam a
qualidade do movimento, sendo assim, somos nós os responsáveis ao propormos as
mais diversas experiências.
Ao longo desta primeira unidade, esperamos que você seja capaz de conceituar e
relacionar os conteúdos da expressão corporal por meio da sensibilização e criatividade
do corpo, buscando ampliar os debates em salas de aula. Além do mais, esperamos que
você possa conhecer as características das atividades expressivas, entendendo o corpo
de maneira mais ampla, como fonte de criatividade e expressão.
Ainda assim, na Seção 1, discutiremos os conceitos de expressão corporal, o
aprendizado, a comunicação não verbal e as expressões afetivas. Na Seção 2, falaremos
sobre o corpo expressivo com a sensibilização corporal, os movimentos, a kinesfera, a
experimentação e as significações. Por fim, na Seção 3, discutiremos, por meio de
elementos práticos, jogos de dramatização e mímica, jogos teatrais, criatividade e a
criação de jogos corporais.
Convidamos você a embarcar nessa aventura!
CONCEITO-CHAVE
Querido estudante, após essa nossa breve introdução, chegamos no esperado momento
em que nos debruçamos sobre a temática da expressão corporal. Por mais que você não
note (ou ainda não tenha refletido sobre isso), a expressão corporal é um fator
fundamental para o desenvolvimento humano e, principalmente, para o convívio social.
Por meio das expressões, conseguimos criar vínculos e relações ao estabelecermos
diálogos com aqueles que estão ao nosso redor. Você já parou para analisar a maneira
como o corpo se comporta diante de algumas situações? Por exemplo, ao receber uma
notícia tão esperada, a feição do rosto muda, um sorriso toma conta, braços e cabeças se
agitam pelo ar. Ou ao contrário, você presencia alguma situação triste ou
desconfortável, as sobrancelhas se abaixam, o tronco se curva e os membros paralisam.
São por meio desses sinais que o nosso corpo se comunica de maneira não verbal, seja
num encontro com nossos familiares, amigos ou colegas de trabalho, seja numa peça de
teatro ou numa apresentação de dança. A expressão corporal é parte integrante do nosso
ser e está presente durante todo o nosso desenvolvimento.
Isso exposto, olharemos, agora, para algumas conceituações teóricas sobre expressão
corporal e expressividade, para que fique clara a importância de tratarmos esses
assuntos, enquanto professores de Educação Física, em salas de aula, academias de
ginástica, estúdios de dança etc. Dessa maneira, ofereceremos aos alunos a possibilidade
de terem outro contato com o seu próprio corpo. Sendo assim, para Stokoe e Harf
(1987), a expressão corporal é, também, uma linguagem pela qual o homem expressa
sentimentos, sensações e os pensamentos do seu corpo.
REFLITA
Ao refletirmos sobre a Educação Física, percebemos que, ao longo da sua história,
predominaram modelos de ensino tecnicistas, sistematizados, elitistas e alienados.
Sendo assim, ao corpo restou o enrijecimento e a não expressividade; o movimento
tinha fins em si próprio, ou seja, um lançar de disco era apenas um “lançar de disco” a
grandes distâncias e nada mais. Mais o que restava a esse corpo? Como ele se
comportava durante esse lançamento? A expressão do atleta significava algo?
Frustação? Alegria? Euforia?
Durante décadas, restou somente à arte (teatro, circo e dança) o trato da expressão
corporal como elemento de preparação técnica dos artistas. Ao pensarmos nela, então,
como um elemento da Educação Física, Pujade-Renaud (1990) defende que a expressão
corporal surgiu recentemente no nosso campo para questionar algumas ideologias
predominantes, como na competição. Ao voltarmos ao caso do atleta de lançamento de
disco, percebemos outras esferas que estão envolvidas com a sua gestualidade. Não é só
um lançar de disco, é toda uma comunicação não verbal que se estabelece entre atleta,
público e demais competidores. Dessa maneira, ao nos debruçarmos sobre a expressão
corporal, entendemos que o corpo estabelece uma “linguagem própria” por meio de sua
expressividade.
ASSIMILE
Para além de um processo natural do seu humano (ou seja, a todo momento, o homem
se expressa de maneira não verbal), o processo da expressão corporal também pode ser
estimulado e aprendido. Estando a Educação Física responsável pela atenção ao corpo,
também é nosso papel incentivar processos que desenvolvam a expressividade por meio
do movimento e da comunicação corporal.
EXEMPLIFICANDO
Os gestos possuem diversos significados nas diferentes culturas, porém o sorriso é um
gesto semelhante em toda a parte do mundo. Não devemos atribuir o significado de
prazer e alegria a todos eles, já que, como dito anteriormente, seu significado ainda é
diferente de cultura para cultura.
Fonte: iStock.
Tratando-se das expressões afetivas, percebemos, ao longo das nossas discussões, como
a expressão corporal é responsável pela transmissão dos sentimentos. Durante uma
conversa, se a outra pessoa franzi a testa, arregala os olhos, abaixa as sobrancelhas ou
abre um largo sorriso no rosto, pelo contexto desse diálogo, interpretamos essas
expressões e atribuímos sentimentos a elas. Da mesma maneira que acontece com o
outro, as nossas expressões também vão transmitir alguns sentimentos que influenciarão
a resposta alheia.
Enquanto professores e profissionais de Educação Física, devemos estar atentos aos
sinais afetivos dos nossos alunos. Sendo assim, podemos propor, para além de
atividades corporais e expressivas, situações que estimulem diálogos e trocas afetivas
entre os indivíduos. Devemos estar atentos a situações que provoquem gatilhos
sentimentais negativos e, dessa forma, criar um ambiente seguro para que os nossos
alunos possam se desenvolver de maneira integral.
A seguir, vamos propor uma série de atividades que poderão ser trabalhadas em sala de
aula com fins de se desenvolver a expressão corporal. Lembrando que atuamos em
contextos e realidades diferentes, sendo assim, as atividades aqui propostas devem (e
podem) ser adaptadas para o seu público específico.
Se o seu objetivo é atingir a expressividade por meio de “elementos lúdicos”, podemos
pensar numa atividade de “imitação dos animais”. Num contexto de primeira infância e
educação infantil, essa atividade pode ser desenvolvida de forma lúdica e divertida; o
professor propõe um cenário imaginário em que os alunos se tornam os animais da
floresta, em seguida, ao falar o nome de um animal, os alunos devem imitá-lo, mudando
sua gestualidade e sua expressão corporal de acordo com o animal sugerido. Para um
contexto de alunos mais velhos, o professor pode adaptar essa atividade para um
“mestre mandou”, em que um aluno faz um gesto ou movimento e os demais copiam.
Ainda assim, essa mesma atividade pode ser feita em duplas ou pequenos grupos.
Se o objetivo for trabalhar com “jogos rítmicos”, indicamos a brincadeira chamada “cup
song” ou “música do copos”. Ela consiste em uma série de movimentos com as mãos,
batidas de palmas e deslocamento do copo. Para essa atividade, o professor deve saber a
série de movimentos que ocorrem no jogo para poder ensiná-la aos alunos. À medida
que todos aprendem a sequência, forma-se uma roda em que todos executam juntos a
movimentação, que vai ocorrer de forma sincronizada e melódica. O último movimento
consiste em passar o seu copo para a pessoa a seguir, o que cria uma dinâmica de
movimentação, além de desenvolver a coordenação motora, ritmo e atenção.
Se o objetivo for desenvolver “brincadeiras cantadas”, indicamos a brincadeira chamada
“História da Serpente”, que acompanha a seguinte música: “Essa é a história da serpente
que desceu do morro para procurar um pedaço do seu rabo. Ei, você aí é um pedaço do
meu rabão!”. Para o desenvolvimento da atividade, todos os alunos devem ficar
espalhados pela sala de aula ou quadra; em seguida, uma pessoa deve começar a cantar
a música enquanto se descola pela sala e, então, escolher uma pessoa que está parada.
Essa pessoa, por sua vez, deve passar, engatinhando por baixo das suas pernas para, em
seguida, levantar e segurar a sua cintura de quem a escolheu, formando uma nova parte
do rabo da serpente, que deve se movimentar até a próxima pessoa e assim
sucessivamente, aumentando o tamanho da fila/serpente.
Se o objetivo for desenvolver a expressividade por meio da “percussão corporal”,
sugerimos a atividade “orquestra humana”. Ela consiste em cada aluno criar um
movimento/gesto/batida que produza um som próprio. Em seguida, o professor dirige e
coordena os movimentos que se integram de maneira a formar uma melodia entre todos
os integrantes.
Esperamos que até aqui você tenha obtido conhecimentos e ferramentas suficientes para
incorporar os conteúdos da expressão corporal nas suas aulas. Por mais que alguns
assuntos não tenham ficado tão claros, ao longo desta unidade, outros serão introduzidos
e somados aos que já foram discutidos até aqui.
REFERÊNCIAS
ATIVIDADES EXPRESSIVAS
Kaio César Celli Mota
Vamos relembrar a história de Patrícia, nossa professora de dança que foi cobrada por
sua chefe para desenvolver a expressão dos seus alunos, pois, segundo ela: eles não
“transmitiam” sentimento algum dançando no palco.
Propomo-nos, então, a ajudá-la, e, para isso, retomaremos alguns conceitos-chave para
compreender melhor o que é e como trabalhar a “expressão corporal” em sala de aula.
Antes de tudo, tenhamos em mente que ela é um processo natural do ser humano, ou
seja, por meio de uma linguagem não verbal, as pessoas se comunicam entre si, como
gestos, posturas e movimentos, que transmitem ideias e sentimentos.
Enquanto profissional da área de Educação Física, Patrícia tem os recursos e as
ferramentas necessárias para pesquisar e aplicar tais conteúdo. Dessa forma, quando
questionamos quais conteúdos Patrícia podem desenvolver em sala de aula, percebemos
que podem ser os mais diversos e plurais, a partir de atividades que proponham:
elementos lúdicos, jogos rítmicos, brincadeiras cantadas e percussão corporal. Dentro
desse leque de possibilidades, Patrícia deve escolher aquelas que melhor se encaixam as
suas aulas, logo, quais atividades propor? Oferecemos uma lista de exemplos, como:
jogos de imitação, mestre mandou, música dos copos, história da serpente etc. —
lembrando que as atividades aqui propostas são apenas sugestões que podem ser
trabalhadas em sala de aula e que devem ser adaptadas ao contexto da sua atuação
profissional.
Quando refletimos sobre como estimular a sensibilidade e expressividade do corpo,
percebemos que isso se dá, também, por meio do trabalho coletivo. Dessa forma, ao
propor exercícios em duplas e grupos, os alunos se tornam protagonistas da ação. O
professor, então, deve criar um ambiente que estimule a criatividade, pensando sempre
na integração e livre expressão do grupo.
Então, seria a “expressão corporal” um elemento apenas da dança ou está presente em
todas as esferas da Educação Física? Depois de todas as nossas discussões, surgem
algumas reflexões sobre isso. Estando a Educação Física sujeita ao trabalho com o
corpo, a expressão corporal aparece como um elemento inerente a ela. Devemos pensar
além das artes e atribuir um valor estético, sensível e expressivo para todas as atividades
do movimento humano. Logo, um chute no futebol, um mortal na ginástica, uma cesta
no basquete e um saque no vôlei são tão potentes quanto aquele “grand jete” do ballet,
na medida em que carregam consigo uma expressividade ao comunicar emoção e
sentimento entre atleta/artista e público.
Sendo assim, Patrícia passou a devolver, durante os 15 minutos iniciais das suas aulas,
atividades que trabalham a expressão corporal. Ela consultou livros, vídeos didáticos e
apostilas em busca de exercícios, atividades, jogos e brincadeiras, passando a trabalhá-
los semanalmente em suas aulas. Na apresentação que se seguiu, a sua chefe comentou:
“Agora sim seus alunos estão lindos em palco, eles transmitem algo, eu sinto!”
AVANÇANDO NA PRÁTICA
A DEFESA DO HANDEBOL
Carlos é técnico de Handebol e conduz uma equipe juvenil formada por meninos e
meninas de 14 a 17 anos. Ao decorrer dos jogos e competições, ele percebeu que a
postura dos seus atletas muda durante a defesa das jogadas e não colabora para intimidar
o time adversário. Mesmo que, tecnicamente, os atletas saibam o que fazer, ele sente
que falta algo para que eles também obtenham sucesso durante a defesa. A postura e
feição dos atletas mudam: eles parecem estar sempre tensos, assustados e preocupados!
Sendo assim, se você fosse o técnico desse time, o que faria para melhorar tal situação?
RESOLUÇÃO
Como técnico, você deve incentivar uma mudança de postura, a fim de que ela possa
passar confiança, perseverança, garra e força de vontade. Para isso, os atletas precisam
trabalhar expressão corporal. Carlos deve passar a propor atividades lúdicas e
expressivas. Sendo assim, ele pode recorrer a jogos teatrais e mímicas, criando situações
imaginárias de “ataque x defesa”, em que os alunos/atletas possam interpretar e resolver
a situação. Tal qual, na mímica, eles podem escolher uma temática que assuma essa
expressividade mais “forte”, como filmes de ação, jogos de computador etc.
Sendo assim, após incorporar essa nova gestualidade, que foi aflorada com os jogos e
brincadeiras teatrais, Carlos deve recorrer a essas posturas e memórias corporais durante
as situações reais de jogo. Espera-se, assim, que o time adversário passe a temer os
“soldados” que guardam o forte do gol.
NÃ O PODE FALTAR
CORPO EXPRESSIVO
Kaio César Celli Mota
Olá, estudante! Nesta seção, vamos nos debruçar sobre alguns aspectos expressivos do
corpo, assim como as suas relações com a dança. Mesmo não sendo a sua área de
atuação, em algum momento, você, profissional de Educação Física, poderá se deparar
com o ensino da dança em sala de aula, estúdios ou clubes. Dessa maneira, a intenção
desta seção é propor algumas reflexões sobre o corpo expressivo, o movimento e a
dança, de forma também prática, para que você possa transpor esses conhecimentos
adiante.
Como vimos na seção anterior, o corpo se expressa de maneira não verbal,
comunicando uma mensagem que pode carregar sentidos, sentimentos e pensamentos.
Ao propormos um ensino de dança (ou de Educação Física) mais sensível, estamos
ampliando as possiblidades sensórias e motoras dos nossos alunos, dessa forma, eles
serão capaz de perceber melhor o mundo ao seu redor, cooperando com os demais
colegas, respeitando as diferenças culturais e sendo mais conscientes de si, do outro e do
mundo.
Esperamos que você seja capaz de compreender a importância do desenvolvimento da
expressividade, da movimentação e sensibilização como elementos pertencentes à
Educação Física. No demais, contamos que você seja capaz de trabalhar com atividades
que estimulem essa linguagem, desenvolvendo o corpo expressivo dos seus alunos.
Para melhorar a sua aprendizagem, vamos propor a seguinte situação-problema:
imagine que você trabalha em um clube e é responsável pela área de dança; os seus
alunos são jovens de 13 a 17 anos. E para o encerramento do ano, o clube propôs a
montagem de um espetáculo, do qual todos irão participar. O tema escolhido foi
“amizade”, ainda assim, a sua turma ficou responsável por desenvolver os
“sentimentos”. Diante da complexidade do tema e tendo ele que estar relacionado com a
dança, de que maneira você pode começar a propor uma investigação em sala de aula?
Quais caminhos podem ser percorridos para que os alunos atinjam a expressividade do
corpo durante a dança? Quais atividades podem ser propostas em sala para melhorar os
aspectos expressivos da coreografia? Como relacionar o tema proposto com as
movimentações escolhidas para a sua coreografia?
Convidamos você a embarcar nessa aventura e esperamos que, ao final da seção, você
seja capaz de responder a esses questionamentos.
Vamos nessa?
CONCEITO-CHAVE
O ser humano está em constante movimento, afinal, é a partir dele que nos
desenvolvemos e nos expressamos. O corpo é assim, o meio pelo qual as ações
voluntárias (e involuntárias) se comunicam com a realidade física, afinal, somos e
sempre seremos “um corpo no mundo”. Pelas multiplicidades de contextos e realidades,
o corpo tem uma linguagem própria, que precede e complementa a linguagem oral,
sendo assim, a dança vai utilizar dessa linguagem de maneira a ampliá-la e codificá-la
(MALANGA, 1985).
Para ampliarmos os nossos conhecimentos, é preciso, sobretudo, refletirmos sobre os
conceitos de corpo e movimento, a fim de integrá-los como uma única unidade. Para
Rengel, Schaffner e Carmo (2016), o termo corpo diz sobre a relação de coexistência
com o mundo ao nosso redor, ou seja, o movimento não existe sem o corpo, assim como
o corpo não existe sem o movimento. Para compreendê-lo de maneira mais ampla, é
preciso entender que as subjetividades e expressividades fazem parte de uma
comunicação entre o indivíduo, o outro e o meio, logo, a dança vai utilizar dessas
ferramentas para propor uma linguagem mais específica.
ASSIMILE
Quando falamos das linguagens específicas da dança, estamos tratando daquelas
modalidades que já são codificadas e difundidas mundo a fora. Desse modo, podemos
exemplificar com: o ballet clássico, jazz dance, sapateado, flamenco, danças do ventre e
hip-hop.
REFLITA
Segundo a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a Dança é um dos conteúdos
curriculares pertencentes à Educação Física (EF), assim como jogos, lutas, ginástica,
esportes coletivos etc. Enquanto profissionais de EF, precisamos incorporar esses
conteúdos em nossas aulas, quebrando dicotomias que excluem e segregam a dança e a
EF.
Antes de entender o corpo como uma única unidade, é preciso compreendê-lo como
partes isoladas, ou seja, tronco, membros e cabeça. Na dança, para empregar
movimentos intencionais ou não intencionais, é preciso realizar uma escolha consciente
dos meios do movimento: de onde ele parte e para onde ele vai. Nesse sentido, o
objetivo dessa atividade é levar o estudante a entender e diferenciar as partes isoladas do
corpo, assim como a sua participação na condução de movimentos por meio de
diferentes segmentos corporais. A atividade pode ser desenvolvida na quadra
poliesportiva ou na sala de ginástica, e os materiais utilizados são bolas de borracha.
Desenvolvimento: espalhados pelo ambiente, o professor demonstra uma série de ações
que podem ser feitas com a bola, devendo, os alunos, observarem as partes do corpo que
estão envolvidas nas ações. Em seguida, os alunos devem explorar o material
livremente, achando os próprios caminhos do corpo. Como tarefa individual, o
professor propõe uma exploração que deve se concentrar, a princípio, exclusivamente
nas mãos, em seguida, nos pés, cabeça, ombros, costas, joelhos etc. Para cada parte do
corpo, é importante que o processo de exploração dure cerca de 3 minutos, para que os
alunos desenvolvam uma consciência específica daquela região trabalhada; em seguida,
deve ser inserida a locomoção. Como é possível se movimentar pelo espaço sem que
sejam executados passos? Nesse sentido, sugerimos rolar, girar, engatinhar, escorregar,
deitar-se no chão, andar de joelhos, costas etc. Esse primeiro momento é composto de
atividades individuais, de maneira que os alunos tomem consciência de si em primeiro
lugar; a seguir, atividades em duplas ou pequenos grupos podem ser inseridas. Em
duplas, os alunos utilizarão apenas uma bola, que deverá estar em contato com os dois
membros, que devem se locomover pelo espaço evitando que a bola caia ao chão. O
professor deve propor que o material esteja em contato com diferentes partes do corpo,
como testa, costas, quadril, peito etc., e os parceiros devem executar cuidadosamente a
tarefa, atentando-se ao sinal do professor para a troca do local da bola, além do convite
para um novo tipo de locomoção. Em atividades em duplas ou grupos, os alunos passam
a desenvolver a consciência do outro, além da cooperação e o trabalho em equipe.
A KINESFERA DE LABAN
Você já deve ter visto a famosa imagem de Leonard da Vinci, o Homem Vitruviano, na
qual observamos um corpo humano com braços e pernas abertos formando um círculo
ao seu redor. Ao pensarmos na tridimensionalidade do espaço (largura, altura e
profundidade) esse círculo representa uma esfera, e esse espaço contido dentro dessa
esfera (ou melhor, dentro desse icosaedro), vai ser chamado por Rudolf Laban (1990) de
Kinesfera ou Cinesfera, em que cine ou kine = movimento, mover. Logo, a Kinesfera
quer dizer esfera do movimento; ela representa o espaço pessoal de cada pessoa, ou seja,
o espaço em torno daquele que se movimenta, e, ainda assim, é delimitada pelo alcance
dos membros. Para Laban, cada pessoa possui a sua própria Kinesfera, e quando a
pessoa se move, ela carrega consigo a sua Kinesfera para outro lugar. “Na realidade,
nunca sai de sua esfera pessoal de movimento, mas a leva consigo como uma carcaça”
(LABAN, 1990, p. 86).
EXEMPLIFICANDO
Para fins didáticos pedagógicos, existe a possibilidade de construção do icosaedro de
Laban para exploração em sala de aula. Para isso, sugerimos que os materiais sejam
cabos de vassoura do mesmo comprimento (30 unidades). Com fins de elucidação,
observe a imagem abaixo:
Ainda assim, o ser humano nunca está sozinho no mundo. Mesmo que na dança possa
existir momentos de performances individuais (solos), a sua Kinesfera particular está se
relacionando, a todo momento, com as outras ao seu redor, estando mais evidente nos
momentos coletivos, de coreografias em conjunto, por exemplo.
Nesse sentindo, a seguir, iremos propor duas atividades com fins de desenvolver a
percepção e os conceitos de Kinesfera de maneira individual e coletiva. Para isso, os
locais escolhidos para as atividades são a quadra poliesportiva ou a sala de ginástica e
os materiais utilizados são os bambolês.
Desenvolvimento: espalhados pelo espaço e afastados entre si, os alunos fixam os pés
no chão como um ponto de apoio, podendo, as pernas, estarem levemente afastadas, e, a
partir desse ponto, começam um movimento de contração e expansão do corpo (cabeça,
tronco e membros), da menor contração para a maior expansão, fazendo com que
membros e cabeça alcancem a maior distância dentro dessa esfera. Durante esse
primeiro momento, é importante que os pés estejam fixos no chão e que eles não saiam
desse ponto de apoio; a seguir, o aluno deve começar a se movimentar ao redor desse
eixo, procurando a tridimensionalidade dos movimentos durante a contração e a
expansão, e para desenvolver a Kinesfera de maneira coletiva, optamos pelo uso do
bambolê. O aluno deve entrar no objeto e segurá-lo com as duas mãos na região da sua
cintura. É importante destacar que o tamanho do bambolê não representa o tamanho real
da Kinesfera de cada pessoa, porém para fins educativos, o professor pode usar esse
recurso para demonstrar aos alunos como as Kinesferas se relacionam dentro de um
mesmo espaço. Os alunos devem, então, começar a se locomover pelo espaço de modo
a se aproximar de outro colega e fazer com que os bambolês se confluem. Desse mesmo
modo, quando dançamos ou nos movimentamos com outras pessoas, as Kinesferas estão
em constante interação.
A dança é o maior sentimento de liberdade. Nela, as pessoas são livres para serem quem
são, por mais que a sociedade ainda tente nos enquadrar em certos estereótipos. Ao
olharmos ao longo da história, percebemos um movimento na dança em que as pessoas
pararam de dançar para adorar deuses ou a natureza e passaram a dançar para expressar
o que sentiam e pensavam em relação às pessoas e ao seu redor.
A dança em todas as épocas da História e/ou espaço geográfico, para todos os povos, é
representação de manifestação “de estado de espírito", de suas emoções, é expressão e
comunicação do ser, de suas características culturais.
REFERÊNCIAS
FUX, M. Dança, experiência de vida. Tradução: Norberto Abreu e Silva Neto.
São Paulo: Sammus, 1983.
HASELBACH, B. Dança, improvisação e movimento: expressão corporal na
Educação Física. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1988.
LABAN, R. Dança educativa moderna. São Paulo: Ícone, 1990.
MALANGA, E. B. Comunicação e balé. São Paulo, EDIMA, 1985.
RENGEL, L. P. et al. Elementos do movimento na dança. Salvador: UFBA, 2017.
RENGEL, L.; SCHAFFNER, C. P.; CARMO, C. E. O. do. Dança, corpo e
contemporaneidade. Salvador: UFBA; Superintendência de Educação a Distância,
2016.
SBORQUIA, S. P.; GALLARDO, J. S. P. A dança no contexto da educação
física. Ijuí: Ed. Unijuí, 2006.
CORPO EXPRESSIVO
Kaio César Celli Mota
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESOLUÇÃO
Ciente das dificuldades das ginastas, é importante que, durante esse processo de criação
e investigação, sejam propostas atividades que trabalhem a conscientização corporal, a
exploração de diferentes dinâmicas de movimentação, o trabalho de noções de tempo e
espaço, além de improvisação e criação coreográfica. Ainda assim, é importante que o
tema seja discutido entre as alunas, para que tragam ideias e reflexões que possam
auxiliar na coreografia e na descoberta de um bom caminho de interpretação e
expressividade em cena. Você e Jéssica podem juntar as suas turmas e fazer um trabalho
de investigação coletivo. Dessa forma, as suas coreografias podem carregar uma
mensagem condizente com o tema do espetáculo.
NÃ O PODE FALTAR
Olá, estudante! Que bom que chegamos até aqui! Nesta seção, iremos nos debruçar
sobre alguns jogos teatrais de dramatização e mímica a fim de compreendê-los como
processos por meio dos quais podemos trabalhar a criatividade e a expressividade
também dentro da Educação Física (EF). Além disso, vamos construir, juntos, alguns
jogos corporais que lidam com os aspectos citados anteriormente, e é importante
destacarmos que esses jogos podem (e devem) ser desenvolvidos em diferentes
contextos da EF, sendo uma importante ferramenta de prática de ensino.
Sendo a EF esse campo tão amplo, enquanto profissionais, podemos trabalhar e atuar
em diferentes realidades (escolas, clubes, academias, ginásios), sendo assim,
independentemente da especificidade da área, os jogos corporais auxiliam no
desenvolvimento da criatividade, sendo um processo em que o aluno passa a
desenvolver aspectos de inteligência corporal, resolução de problemas, cooperação e
trabalho em equipe, princípios pelos quais todas as áreas da EF compartilham.
Esperamos que você consiga compreender a importância do desenvolvimento da
ludicidade, criatividade e dramatização como elementos pertencentes à EF, bem como
que seja capaz de trabalhar com atividades que estimulem a linguagem criativa dos seus
alunos. E para uma melhor fixação dos conhecimentos obtidos por você ao longo desta
seção, iremos propor uma situação problema e esperamos que, ao final, você tenha
informações suficientes para solucioná-la. Digamos que você seja professor do
contraturno de uma escola e responsável pelo desenvolvimento da atividade
extracurricular de circo. Após o término das aulas regulares, os alunos o encontram duas
vezes na semana para juntos, desenvolverem atividades gerais de circo (tecido
acrobático, malabares, acrobacias, palhaçada etc.), e para o Dia das Mães, a turma
decidiu fazer uma apresentação com o tema “palhaços”. Vocês, então, devem construir
uma “cena” que envolva os elementos trabalhados ao longo dos últimos meses de aula,
além da teatralidade e comicidade dos palhaços. Como você, professor, pode estimular
os alunos a desenvolver essa criatividade? Como os jogos teatrais podem auxiliar nos
objetivos dessa apresentação?
Ainda assim, como dar espaço de protagonismo ao aluno para a construção desse
trabalho coletivo? Quais as atividades que desenvolvem criatividade e teatralidade que
podem ser feitas com a turma? Esperamos que as informações que iremos compartilhar
com você a seguir o ajudem a refletir melhor sobre essa temática. É importante que,
cada vez mais, nós, profissionais da EF, proporcionemos experiências diversas aos
nossos alunos, estimulando a sua criatividade e a imaginação. Boa Jornada!
CONCEITO-CHAVE
JOGOS TEATRAIS, DE DRAMATIZAÇÃO E MÍMICA – PRATICANDO E SENDO
CRIATIVO
Até este momento, propomos uma série de reflexões e atividades sobre o corpo, o
movimento, a expressão corporal e a dança. A partir de agora, vamos nos debruçar
sobre um cenário mais específico, que corresponde aos jogos teatrais, de dramatização e
mímica. Nosso intuito é trabalhar com atividades dentro dos contextos variados da
Educação Física (EF), como elementos que atuam a favor do desenvolvimento da
criatividade, imaginação, além, é claro, da expressividade.
Antes de mais nada, é importante vermos alguns conceitos para entender como eles
funcionam dentro das propostas aqui descritas. Dessa maneira, ao olharmos para o
“jogo”, recorremos a Huizinga (1996), no sentido de que, ao jogar, os participantes
experimentam beleza, ritmo, e harmonia, o que pode gerar tensão, alegria e diversão.
Ainda assim, no jogo, existem regras e ordens que devem ser seguidas pelos jogadores;
o seu caráter lúdico representa a liberdade da sua prática envolta, também, em grandes
aspectos afetivos (ANDRADE, 2007).
Ao tratarmos, então, dos jogos teatrais, estamos usando de recursos lúdicos que
auxiliam o aluno a desenvolver a sua expressividade, além da resolução de problemas e
o trabalho em equipe. Além disso, estando cercado dessa atmosfera teatral, o aluno
trabalha a concentração ao se envolver com a prática. Blick e Christofoletti (2010)
destacam que o caráter livre da prática do jogo teatral permite que o aluno atinja os
objetivos da atividade a sua maneira, ainda que os limites e as regras sejam
estabelecidos, o que aumenta o caráter de cooperação dentro dos jogos teatrais.
Para o teatro, o gesto representa o conteúdo da informação a ser desenvolvida. Dessa
maneira, ao se trabalhar com os jogos teatrais, de dramatização e mímica dentro da EF,
é possível compreender e comunicar o significado desse gesto (KOUDELA, 2006), que
se torna expressivo na medida em que está inserido dentro de um contexto e de uma
certa atividade. O professor torna-se a figura mediadora das ações e conflitos, aquela
que propõe a atividade, cria o cenário e estimula a participação de todos. Ele deve estar
sempre atento ao grupo, respeitando as capacidades individuais e o envolvimento de
cada um.
A partir desse ponto, vamos propor uma série de atividades com o objetivo de
desenvolver os jogos teatrais em sala de aula, lembrando que atuamos em diversos
contextos e, dessa forma, as atividades aqui propostas podem (e devem) ser adaptadas
para melhor atingir os objetivos das suas aulas.
ASSIMILE
Ainda no quesito da criatividade, Miel (1993) vai estabelecer fases para o estudo do
processo criativo. Segundo ele, a primeira é a abertura – fala quando o indivíduo se
abre para uma nova experiência; a segunda é a focalização – fala sobre tornar
consciente o que se estabelece no inconsciente; a terceira é a disciplina – compromisso
do indivíduo em seguir na caminhada; e a última é o fechamento – fala sobre a
autodescoberta.
Ao trazermos o debate para a nossa área, percebemos que o uso da criatividade entra em
declínio à medida que as pessoas se desenvolvem. Algumas pesquisas apontam que
pessoas adultas relatam usar cerca de 2% a 10% da sua capacidade criativa; segundo
elas: “A criatividade decai [...] e existe uma estreita relação entre a criatividade e a
expectativa positiva de futuro profissional” (TIBEAU, 2002, p. 3). Ainda assim, existe a
necessidade de se explorar o potencial criativo das pessoas, como um elemento capaz de
melhorar a percepção acerca da sua própria criatividade e a sua aplicabilidade para a
vida pessoal, com melhoria no trabalho e a participação ativa nas atividades em que
estão envolvidas.
REFLITA
Você se considera uma pessoa criativa? Quais foram as oportunidades que você teve na
vida para desenvolver a sua criatividade? Você participou de laboratórios de artes,
música, canto? Você desenhava quando era criança? Se sim, por que parou de desenhar?
Ao longo do nosso desenvolvimento, as atividades de cunho artístico são aquelas que
mais paramos de praticar; desse modo, as pesquisas aqui descritas corroboram o fato de
que pessoas adultas relatam usar cerca de 2% a 10% da sua capacidade criativa.
Quanto à criatividade, como dito antes, aspecto inato do ser humano e que entra em
declínio à medida que se dá o desenvolvimento e a maturação do indivíduo, existe a
urgência e a necessidade do aumento de processos de exploração livre e criativa dentro
de salas de aula. Na perspectiva dos processos pedagógicos do ensino, devemos propor
momentos de protagonismo aos alunos, ao passo que os mesmos se tornem agentes de
ensino e aprendizagem. Ou seja, não é somente o professor o único que detém o
conhecimento, ele também aprende com aqueles que estão ao seu redor, criando uma
rede de aprendizagem que será aflorada pelos processos criativos dos próprios alunos.
Tendo em mente os objetivos gerais de uma aula, por meio de dinâmicas individuais ou
em grupo, os alunos passam a ser responsáveis pela criação e a condução de uma certa
atividade. O professor pode propor um objetivo maior, como expressão corporal, ritmo
e imaginação, e, dessa forma, os alunos se organizam para construir, juntos, uma
atividade que atinja esses objetivos. Ainda assim, é importante que o professor
estabeleça o contexto da atividade, devendo, os alunos, refletirem sobre a integração de
todos os membros da turma, a cooperação, o lúdico, o tempo e o local dispostos para tal.
A criação desses jogos corporais depende de uma bagagem anterior dos alunos,
compreendida pelos conhecimentos prévios, pelas movimentações, técnicas e exercícios
propostos outrora pelo professor.
EXEMPLIFICANDO
O professor, nesse momento, deve oferecer uma série de conteúdos que dialoguem com
esse processo de pesquisa e criação em jogos teatrais. Sugerimos que os alunos
consultem vídeos, gibis, livros etc. com o intuito de aumentar as suas referências,
colaborando para o seu processo criativo.
REFERÊNCIAS
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESOLUÇÃO
Para a produção desse livro, você deve, em primeiro lugar, desenvolver exercícios com
a turma, para que ela compreenda do que se trata os jogos teatrais, de dramatização e
mímica. Nesse sentido, propomos que o professor pesquise atividades focando
criatividade, ludicidade, cooperação, projeção de voz, pantomima etc. Sugerimos,
também, alguns dos jogos que estão descritos neste livro (boneca de pano, jogo do
espelho, faz de conta que, telefonema com emoção etc.). Ainda assim, o professor pode
dividir a turma em pequenos grupos para que cada um desenvolva um jogo a sua
escolha, respeitando os objetivos propostos e o contexto da turma. Depois disso, vocês
podem condensar e organizar todo o conteúdo no formato de um livro.
NÃ O PODE FALTAR
CONCEITOS DE CONSCIÊNCIA
CORPORAL
Kaio César Celli Mota
CONVITE AO ESTUDO
CONCEITO-CHAVE
O CORPO EM DES(EQUILÍBRIO)
EXEMPLIFICANDO
Se você tem contato com familiares ou amigos com bebês na fase dos primeiros passos,
observe como funciona a dinâmica para aprender a andar, o jogo entre membros
superiores e inferiores (braços abertos, passadas largas, pouca flexão de joelho) e
troncos. Observe, também, como, progressivamente, ele vai incorporando as técnicas
corporais necessárias ao equilíbrio e à caminhada e, assim, vai melhorando a sua
performance.
A dança vai atuar nesse desequilíbrio, enquanto uma deformação técnica das ações
básicas do cotidiano, como caminhar, levantar e correr. Segundo Nunes (2017, p. 90),
“o equilíbrio e o desequilíbrio do corpo exercitado em técnicas corporais no teatro e na
dança acontece pelo uso direcionado e ampliado de uma condição que já é própria da
operacionalidade do corpo”.
Para manter-se em equilíbrio na dança, é necessário um maior esforço físico e tônus
muscular. No ballet clássico, por exemplo, para manter-se sobre a ponta dos pés, a
bailarina necessita desenvolver um bom trabalho da musculatura abdominal, membros
inferiores (região anterior, posterior e interna/medial), além das pequenas musculaturas
dos pés (quadrado plantar, por exemplo). Ainda nessa linha, no ballet clássico,
encontramos o termo “balance” para indicar o momento de equilíbrio. Segundo
Malanga (1985), esse termo é usado para indicar quando uma bailarina fica parada em
equilíbrio, geralmente, em uma posição, indicando o término de uma sequência.
Para maior compreensão, observe a imagem abaixo, na qual podemos observar a
bailarina em posição de equilíbrio (releve em quinta posição) na ponta dos pés. Neste
caso, o afastamento do centro de gravidade do seu corpo em relação à linha da
gravidade perpendicular do chão impõe um esforço muscular adicional, além de um
maior recrutamento dos ligamentos, dessa forma, é necessária uma ativação de
abdômen, da musculatura das pernas e dos pés e dos membros superiores para
sustentação dos braços na referida posição. Nesse sentido, concordamos com Nunes (p.
91, 2017):
A busca pelo equilíbrio precário, ou “de luxo”, ou a sua falta, o desequilíbrio, gera uma
infinidade de esforços de um complexo sistema de contrapesos representados pelos
ligamentos, ossos, articulações e músculos, no sentido de recuperar o equilíbrio,
condição também básica para a permanência e sobrevivência do homem.
Fonte: Pexels.
LATERALIDADE
REFLITA
Sobre o processo de lateralização e especialização de um dos hemisférios e sobre as
suas influências, existe um fator histórico e social que alterou, durante muitos anos, o
uso de certo lado do corpo. Acreditava-se, antigamente, que o uso do lado esquerdo não
era “bom e/ou natural”, obrigando crianças a utilizarem o lado direito (para escrever,
por exemplo). Aliás, essa ação, em decorrência de uma negligência e não comprovação
científica, mais a frente, poderia gerar problemas de desenvolvimento psíquico e de
linguagem para esses indivíduos.
Antes de adentrarmos nesse assunto, queremos lhe propor uma experiência: coloque a
mão sobre o seu peito, do lado esquerdo, e sinta as batidas do seu coração. Esse
movimento de sístole e diástole faz com que o sangue arterial e venoso percorra todo o
seu corpo. Essa constância de batidas pode ser chamada de “ritmo cardíaco”, e, ainda
assim, ele é alterado à medida que nos movimentamos ou estamos em repouso.
Perceba que o ritmo faz parte de todo processo da natureza, do movimento de rotação da
terra às cheias das marés e ao crescimento de uma árvore, bem como de aspectos
humanos, como andar, correr, mastigar e falar. Tratando-se de um elemento intrínseco
ao ser humano, o ritmo pode ser compreendido pela perspectiva do movimento e, ainda
mais, do movimento “ritmado e estético”. Para Sborquia (2014, p. 20): o ritmo faz parte
da própria essência do ser, e o meio em que se vive também é rítmico em sua natureza.
ASSIMILE
Etimologicamente, entendemos que a palavra ritmo vem do grego, da palavra rheis, que
pode significar fluir, correr. Ainda em grego, ela pode ser associada à palavra rhytmos,
significando aquilo que se move, aquilo que fui (SBORQUIA, 2014).
REFERÊNCIAS
CONCEITOS DE CONSCIÊNCIA
CORPORAL
Kaio César Celli Mota
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESOLUÇÃO
Antes de mais nada, é preciso fazer com que as crianças entendam que elas possuem (e
são) um corpo. O professor pode propor atividades de reconhecimento das partes do
corpo, em que os próprios alunos se tocam e percebem volume, temperatura, textura da
pele, membro, músculos etc. No demais, outra atividade pode ser proposta, em que eles
desenham o contorno dos seus corpos numa folha de papel Kraft e, em seguida,
colorem/completam-no da forma como eles se veem. Esses aspectos fazem desenvolver
uma consciência de si próprio, do espaço e do tempo.
NÃ O PODE FALTAR
Olá, estudante. Que bom que chegamos até aqui! Esperamos que, ao longo das nossas
discussões, fique cada vez mais clara para você essa estreita ligação entre o corpo, a
expressão corporal e a consciência corporal. Ao olharmos para essas questões mais
sensíveis e subjetivas, estamos nos colocando diante de uma nova percepção do ser
humano, em que a Educação Física passa a assumir um local de atuação.
Na última unidade, vimos que o esquema corporal diz sobre o corpo, o espaço e o
tempo; dessa forma, entendemos que o ritmo (dentro da dança e, principalmente, do
movimento estético e ritmado) estabelece uma relação harmônica entre os elementos
citados anteriormente. Sendo assim, é necessário entendermos quais são essas relações e
como a orientação espacial e temporal e a transferência do peso, por exemplo, podem
auxiliar um indivíduo a se colocar no espaço, saber quais são os caminhos possíveis de
deslocamento e como se comportar diante de diferentes ritmos e velocidades de uma
música.
Para clarear as discussões, vamos propor uma situação-problema e esperamos que, ao
longo desta seção, você tenha os instrumentos necessários para refletir e solucionar tal
situação. Suponhamos que você seja um professor de dança que precisa desenvolver as
habilidades espaciais e temporais dos seus alunos. Você, no entanto, percebeu uma
dificuldade, por parte dos alunos, de se posicionem no espaço da sala, assim como para
estabelecer um ritmo e uma contagem na música; diante disso, de que forma você pode
solucionar tais problemas? Quais são as atividades que objetivam desenvolver tais
habilidades? Além disso, como tais conhecimentos transcendem a área da dança e
podem colaborar para as demais áreas da Educação Física?
É urgente olharmos para a Educação Física como essa área mais ampla, que entende o
ser humano como um ser biológico, histórico e social. À medida que nos aprofundamos
nas discussões, fica evidente a necessidade de ampliarmos as nossas áreas de
conhecimento e propormos situações diversas que estimulem a real capacidade dos
alunos.
Esperamos que os assuntos fiquem mais claros para você! Boa jornada e bons estudos!
CONCEITO-CHAVE
A ORIENTAÇÃO ESPACIAL
Digamos que você acordou no meio da noite com vontade de ir ao banheiro; você se
levantou, calçou os chinelos e, ainda meio sonolento, caminhou até lá. Durante esse
percurso, suas pálpebras meio pesadas não permitiram que seus olhos ficassem
completamente abertos, mas mesmo assim (e sem imprevistos), você foi capaz de achar
o caminho até o banheiro, como se o seu cérebro tivesse decorado a posição exata dos
móveis, das portas, a quantidade de passos e os obstáculos do percurso. Foi devido a sua
“orientação espacial” que você foi capaz de realizar esse caminho.
Para Locatelli (2007), a orientação espacial fala sobre a condição de comportamento de
um indivíduo diante de espaços construídos ou naturais, bem como sobre o caminho em
que uma pessoa está e até onde pretende chegar. Ela também pode ser compreendida
como uma série de processos mentais e cognitivos, que indicam símbolos e locais que
guiam um indivíduo em movimento. Cabe destacarmos que a escolha dos padrões de
movimento é intencional.
ASSIMILE
Repare que a orientação espacial pode estar relacionada a uma condição de movimento
de um indivíduo perante o espaço que ocupa. Segundo Passini (1992), durante a etapa 3
(execução), o indivíduo, por meio das ações corporais (ex.: caminhar, correr, saltar),
executa a ação motora do corpo, parente o espaço, no sentido do deslocamento.
Tal modelo de orientação foi importado do ballet clássico, que utiliza essa linguagem
para situar melhor os bailarinos no espaço. É comum, em estágios mais avançados dessa
prática, que os professores apenas indiquem o nome do passo seguido do número
(direção) em que ele será executado. Por exemplo: Grand Plié para o canto dois =
grande flexão de joelhos com o corpo posicionado em direção ao canto da frente
direito.
Ainda nesse esquema, temos as “diagonais” como uma direção que indica uma linha
que parte de um canto da sala em direção ao seu oposto. Na dança, as diagonais são
utilizadas para exercícios de deslocamentos, saltos, giros e composições coreográficas, e
entendemos como diagonal direita aquela que começa no canto esquerdo do fundo e
termina no canto direito da frente (logo, de 6 para 2), já a diagonal esquerda é aquela
que começa no canto direito fundo e segue para o canto esquerdo frente (logo, de 4 para
8). Diante do esquema apresentado, indicamos que você, profissional, faça uma série de
experimentações que desenvolvam a orientação espacial como aspecto fundamental do
esquema corporal.
EXEMPLIFICANDO
São comuns, nas aulas de dança (dança contemporânea, jazz, ballet clássico, dança
moderna e popular), as chamadas “diagonais”. Como dissemos anteriormente, elas
podem ser compreendidas como o caminho de deslocamento de um canto para o outro
da sala. Durante as diagonais, podem ser desenvolvidas:
Caminhadas, como catwalk – jazz dance.
Giros, como piquet tour e chainé – ballet clássico.
Rolamento, como cambalhota – dança contemporânea.
ORIENTAÇÃO TEMPORAL
O termo orientação pode ser compreendido como uma direção que impulsiona alguém
para determinada coisa. Como vimos anteriormente, a orientação espacial fala sobre a
relação da pessoa com o espaço que a cerca, os objetos e os outros. Quando tratamos da
orientação temporal, percebemos uma estrita relação com o ritmo, o tempo musical e,
mais especificamente, com a área, o movimento, a dança, a ginástica etc.
As atividades físicas de cunho expressivo e estético dependem (em sua maioria) de um
fator externo musical, representado por aparelhos de som, playlists e uma série de
músicas. Para que os movimentos propostos funcionem no “ritmo da música”, é
necessário o desenvolvimento de uma percepção auditiva mais apurada, que se relaciona
com a harmonia e a contagem musical. Para Cordero (2014), o ritmo é trabalhado na
orientação temporal e, ainda assim, é um dos elementos básicos da psicomotricidade.
Sendo assim, é urgente que se desenvolva esse elemento a partir da primeira infância,
com foco na melhoria a longo prazo das relações do corpo e do movimento. Para Muller
e Tafner (2007, p. 102):
1–2–3–4–5–6–7–8/1-2–3–4–5–6–7–8/1–2–3–4–5–6–7–8
Na dança, existe uma estrita ligação entre a execução de um determinado passo,
movimento ou gesto técnico em sincronia com o tempo da música. A maioria dos
profissionais cria as suas sequências e/ou coreografias levando em consideração uma
contagem que será replicada mais a frente pelos alunos, e essa replicação e/ou repetição
de uma sequência coreográfica na contagem musical pode promover uma
conscientização maior acerca da orientação temporal. Para De Meur e Staes (1984), ela
é a capacidade de um indivíduo situar-se em função da sucessão dos acontecimentos
(antes, após e durante) e da duração dos intervalos.
Diante dos nossos conceitos e esclarecimentos, propomos, agora, um exercício com a
finalidade de desenvolver a percepção temporal, o ritmo e a contagem musical. Para
essa atividade, o espaço pode ser a sala de aula ou a quadra; já o material consiste em
um aparelho de som. O professor deve, anteriormente, montar uma “playlist” com
diferentes músicas, ritmos, velocidades e contagens; como introdução à atividade, os
alunos devem se colocar espalhados pelo espaço e, orientados pelo professor, achar a
contagem da música batendo palmas junto com ele. A seguir, eles devem passam a se
movimentar de acordo com o ritmo da música, ou seja, cada passo deve acontecer em
uma contagem musical.
Após a fixação do tempo, o professor pode propor diferentes dinâmicas corporais em
diferentes contagens. Por exemplo: andar em 4 tempos e parar em 4 tempos; andar em 4
tempos, parar em 4 tempos, jogar o braço para cima 4 vezes. As dinâmicas podem ser
das mais diversas, contanto que envolva a utilização dos membros, tronco e cabeça.
Com o aumento da complexidade da atividade, o professor pode reduzir o tempo de
execução dos movimentos e da música.
A fim de que essas experiências perceptivas sejam ampliadas e que outros caminhos
com outros sentidos do corpo sejam explorados, propomos a seguinte atividade: “O
toque e o cheiro das coisas”, que pode ser desenvolvida na sala de aula ou quadra e
cujos materiais podem ser de diversos tipos. Para a realização da atividade, o professor
pode pedir para que os alunos peguem um objeto qualquer que eles têm na bolsa ou
selecionar objetos aleatórios presentes no local da aula (ex.: bolas, coletes, anilhas,
cones, cadernos, livros, chave, canetas etc.).
Na primeira etapa, a fim de se estimular o tato, um aluno por vez deve ser vendado e um
objeto aleatório deve ser escolhido para ele; os demais colegas não podem denunciar
qual objeto está sendo usado, desenvolvendo um senso de coletividade para a
brincadeira. A seguir, tal material deve ser colocado à sua frente e o aluno deve tentar
adivinhar do que se trata; a princípio, podem ser usadas as mãos, mas em outro
momento, a fim de deixar a atividade mais complexa, o professor pode encosta o objeto
em diferentes partes do corpo do aluno, que deve tentar adivinhar sem o uso das mãos.
Na segunda etapa, o sentido estimulado será o olfato, logo, com a venda nos olhos (pode
ser utilizado um colete, camisa ou tecido qualquer) e um objeto apoiado numa mesa, o
aluno deverá adivinhar o objeto por meio do olfato, ou seja, cheirando-o. Nesse caso,
deve-se tomar cuidado para que o aluno não encoste as mãos no objeto, respeitando o
uso somente do nariz e do olfato.
TRANSFERÊNCIA DE PESO
Desde o momento em que nos posicionamos de pé, existe uma atuação entre as partes
do nosso corpo para se colocarem em equilíbrio, distribuindo o peso corporal entre os
membros a fim de se prepararem para o movimento. Para a caminhada, por exemplo,
existe uma alternância entre a passada das pernas direita e esquerda; durante esse
movimento, ocorre uma distribuição do peso corporal em sentido à perna de apoio, ou
seja, o centro de massa é deslocado para a direita e para a esquerda, e esse é um
exemplo básico de como o nosso corpo atua em constante reajustes para os diferentes
posicionamentos no espaço.
A transferência de peso pode ser compreendida na dança como um momento de
preparação para um movimento, ou seja, transferir o peso de uma das pernas para a
outra ou de uma perna para o centro do corpo. Quando se está em pé e parado, o peso é
dividido igualmente nas duas pernas e a sua capacidade fundamental pode ser
considerada a coordenação, já as capacidades secundárias são: equilíbrio, orientação
espaço-temporal, resistência, ritmo, agilidade (PITTA, 2019).
No ballet clássico, por exemplo, existe um passo chamado “Temps Lié”, com tradução
de: tempo ligado ou movimento conectado, que indica uma transferência de peso entre
as pernas numa sequência de passos e movimentos realizados em diferentes posições.
Ele é um importante exercício, geralmente utilizado na prática de centro (meio da sala
sem o auxílio da barra), que visa a ensinar o controle e o equilíbrio durante a
transferência de peso do corpo de uma posição para outra, de modo que a(o) bailarina(o)
o alcance por meio da suavidade e do ritmo (AYVAZOĞLU, 2015).
De modo a desenvolver a transferência de peso, propomos a seguinte atividade:
“amarelinha”, que é um clássico exercício para a obtenção de equilíbrio, coordenação
motora, centro de massa (peso) e transferências; para isso, o professor pode utilizar um
giz, para desenhar o trajeto no chão da sala ou da quadra. A brincadeira faz com que o
aluno tenha que avançar no trajeto alternando o apoio das pernas de uma para duas. A
fim de aumentar a complexidade, o professor pode aumentar o trajeto (de 10 para 20
casas, por exemplo) e, ainda, colocar desafios durante o percurso (ex.: na casa 8, o aluno
precisa fazer um agachamento; na casa 12, o aluno precisa dar um giro).
REFERÊNCIAS
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESOLUÇÃO
Uma das soluções para esse problema é desenvolver, nos seus alunos, a noção espacial
por meio de atividades que posicionem, orientem e definam melhor o espaço no qual
eles estão jogando. Umas das alternativas é dividir a quadra em “quadrantes” e, assim,
jogada por jogada, definir quais são as melhores opções de posicionamento levando em
consideração esses locais determinados no espaço. Enfatize as jogadas de defesa, aponte
os erros cometidos anteriormente e posicione os jogadores da melhor forma no espaço
da quadra.
NÃ O PODE FALTAR
Ao nos aprofundarmos nos debates de consciência corporal, fica cada vez mais evidente
como o corpo e o movimento são assuntos muito mais complexos e dinâmicos. Fez-se
valer, por muito tempo, um discurso dentro da Educação Física (EF) que tinha como
objeto de estudo uma ideia mais superficial do corpo. No sentido técnico e mecânico, o
ser humano passou a assumir um local de objeto utilitarista, no qual mais valia os bons
resultados.
Na contramão dessa abordagem, os estudos sobre expressão corporal e consciência
corporal assumiram um lugar dentro da EF para quebrar alguns paradigmas vigentes e
assumir um contexto muito mais complexo sobre o corpo e o movimento no sentido de
que o conhecimento dessas áreas parte das experiências e percepções que nascem em
um local de inconsciência para emergir a consciência do sujeito. Dessa forma, ele passa
a atuar melhor sobre o seu corpo, no sentido de ampliar os movimentos e gestos
técnicos.
Se você é um profissional da EF e trabalha nas áreas de dança, ginásticas, ritmos,
pilates, yoga etc., tenha em mente que um dos pilares dessas áreas é a consciência
corporal. Por meio de um desenvolvimento integral do corpo, o sujeito passa a perceber
a si próprio, os outros e o mundo de uma outra forma. Sendo assim, esteja ciente de que
é de sua responsabilidade o estímulo dessas capacidades/habilidades que são intrínsecas
ao ser humano.
Para que absorva melhor os conteúdos da seção, vamos propor uma situação-problema;
esperamos que, ao longo das discussões, você tenha ferramentas suficientes para agir
sobre ela. Suponhamos que você é um professor de dança de salão que ministra aulas de
“estilos diversos” para grupos de adultos e idosos. A sua turma mais recente está com
dificuldades no quesito de condução/coordenação quando o assunto é dançar com um(a)
parceiro(a). De que forma você pode solucionar tal questão e fazer com que eles
consigam dançar em duplas? Quais são os aspectos que devem ser trabalhados nas suas
aulas? Como a consciência corporal pode auxiliar para que seus alunos desenvolvam
uma percepção sinestésica de si e do outro e passe a dançar melhor em companhia?
Esperamos que, ao final da seção, você seja capaz de responder a tais questionamentos!
Boa jornada!
CONCEITO-CHAVE
CONDUÇÃO E INDUÇÃO
EXEMPLIFICANDO
O termo partner corresponde ao parceiro da dança. Geralmente, esse termo é cunhado
para indicar uma dança que acontece em duplas (duas pessoas, independentemente do
gênero).
Para que uma pessoa se movimente, existe uma série de acordos entre as partes do corpo
comandadas pelo sistema nervoso e que, juntas, atuam a favor de uma organicidade do
movimento. Esse fator pode ser conceituado como “coordenação motora”, no sentido de
organizar uma sequência lógica de passos ou movimentos, ou seja, numa cadeia motora.
Para Andrade, Barbosa e Bessa (2018, p. 2): “A coordenação é responsável pela
harmonia dos movimentos e seu desenvolvimento ocorre de acordo com a maturação do
sistema nervoso, sendo subdivida em global ou geral; viso-manual ou fina; e visual”.
Ao pensarmos no aspecto do desenvolvimento de um indivíduo, a coordenação motora
favorece a construção de novas habilidades físicas. Por meio de brincadeiras e jogos,
uma criança vai experienciar um processo de aprendizagem que colaborará para a sua
evolução motora. Os desafios corporais encontrados nos jogos objetivam o
desenvolvimento de:
Trabalho cognitivo.
Socialização
Imaginação e criatividade.
Noção de espaço.
Raciocínio lógico.
Equilíbrio e ritmo.
PERCEPÇÃO SINESTÉSICA
ASSIMILE
A percepção sinestésica pode ser compreendida como o sexto sentido do corpo, ainda
assim, ela depende intrinsecamente dos outros sentidos, no quesito de fornecer
estímulos sensoriais que serão interpretados pelo sistema nervoso. Essa percepção
corresponde às sensações provocadas pelo “movimento”, que serão somadas aos outros
estímulos sensórios, colaborando para a formação da consciência corporal.
“Sessão Pipoca”. A atividade pode ser realizada em sala de aula, com o auxílio de um
aparelho de vídeo. O professor deve escolher, previamente, uma apresentação de
dança da modalidade que bem lhe entender, visando à apreciação artística e estética.
Antes do início do vídeo, é importante frisar aos alunos que prestem maior atenção na
obra, de modo a perceber sentimentos, sensações e emoções da parte de quem dança
para quem assiste. Ao final do vídeo, deve-se abrir uma roda de conversa para
partilhar as impressões, e o objetivo dessa atividade é que os alunos passem a
desenvolver um gosto pela apreciação da arte, nesse caso, a dança.
REFLITA
Entenda que existe a necessidade de se estimular um senso de “apreciação”, no sentido
de público e plateia, dessa forma, à medida que você passa a propor certas atividades
nas suas aulas, faça com que os alunos se assistam e que um grupo se apresente para o
outro; estimule um ambiente em que os alunos discutam entre si sobre o que foi
assistido, ressaltando impressões, sensações e feedbacks. Se esse senso de apreciação
for desenvolvido e estimulado desde muito cedo, é esperado que esse indivíduo se torne
um adulto que (além de praticar), passe a consumir e apreciar a arte e os esportes como
elementos que provocam novas experiências e percepções.
REFERÊNCIAS
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESOLUÇÃO
Uma das atividades que pode ser desenvolvida é o pega-pega animal. Por meio dela, os
alunos andam em diferentes posições (alternando apoios de membros e tronco) numa
brincadeira tradicional de pega. Sendo assim: cachorro (andar em 4 apoios, pernas
flexionadas); canguru (saltar com as duas pernas juntas); caranguejo (apoio invertido de
prancha).
NÃ O PODE FALTAR
NOÇÕES DE RITMO
Kaio César Celli Mota
CONVITE AO ESTUDO
Caro estudante, passamos da metade da nossa jornada. É um prazer estar aqui contigo.
Esperamos que a partir deste ponto os assuntos estejam mais claros para você. Perceba
como até este momento construímos conceitos básicos a respeito da expressão corporal
e dança, além de termos proposto uma série de atividades práticas que concretizam os
temas trabalhados até o devido momento. Na unidade anterior, começamos a introduzir
o conceito de ritmo, só que, a partir de agora, nos aprofundaremos nele, no ponto em
que acreditamos que ele seja uma das principais temáticas da dança e, em uma
perspectiva mais ampla, ele esteja presente em diversas outras práticas corporais, seja
nas ginásticas, esportes coletivos e outras.
Com as discussões propostas adiante, esperamos que você conheça as noções básicas de
ritmo, compreendendo as características da atividade rítmica para atuar
profissionalmente com este conteúdo, podendo usar as múltiplas linguagens da dança.
E, deste modo, em uma perspectiva de prática e atuação, esperemos que você consiga
correlacionar o ritmo com a atividade física, além de compreender as noções de
musicalidade e reconhecer as diversas possibilidades nas linguagens da dança.
Na Seção 1, nos debruçaremos sobre as noções de ritmo de maneira mais ampla, de
forma que possamos relacioná-lo com diversas modalidades e práticas esportivas. Na
Seção 2 vamos olhar para atividades rítmicas, na intenção de ampliar nossos
conhecimentos a respeito da musicalidade, tipos de ritmo etc. Na Seção 3, discutiremos
as múltiplas linguagens da dança, tendo em mente as danças clássicas, danças de salão,
danças de rua, danças folclóricas e danças para pessoas com deficiência.
Esperamos que ao final desta unidade, você esteja no “ritmo” da disciplina e se sinta
cada vez mais confiante a trabalhar com essa temática nas suas aulas, de modo a
desenvolver de maneira mais integral os seus alunos, mediante as práticas esportivas
individuais escolhidas por cada um.
A partir deste ponto é necessário que você compreenda que a temática do ritmo é um
tema transversal, que perpassa todas as áreas da Educação Física. No basquetebol, por
exemplo, o bom desempenho da “passada” depende do ritmo em que o jogador bate a
bola no chão. Estando tão intimamente relacionado com a áreas expressivas – danças ou
ginástica rítmica, por exemplo – o ritmo deixa de ser um fator que pode ser
potencialmente explorado nas mais diversas áreas, desenvolvendo uma coordenação
motora e harmonia que estarão intrinsecamente conectadas com a técnica e o bom
desempenho nas performances.
Na Seção 1, trataremos novamente do conceito de ritmo, mas de maneira mais ampla,
de forma que possamos relacionar com diversas modalidades e práticas esportivas. Na
Seção 2, vamos olhar para o ritmo no dia a dia, na intenção de ampliar nossos
conhecimentos a respeito da temática, identificando as mais diversas situações que
atuam pelo ritmo. Na Seção 3, discutiremos a prática de atividade física e os seus
benefícios. Por fim, na Seção 4, vamos relacionar o ritmo com a prática de atividades
físicas, tendo em mente que ele não é um assunto desenvolvido somente pela dança, e
sim por todas as atividades motoras realizadas pelo corpo e pelo ser humano.
Com uma formação mais ampla, da qual o ritmo passa a ser uma ferramenta de trabalho
em salas de aula, campos e clubes, é sabido que os alunos terão maior desempenho e
mais destaque nas atividades esportivas que se propuserem a fazer. Dessa maneira,
frisamos a necessidade de que você, profissional de EF, amplie os seus horizontes, e se
alimente das mais diversas áreas do conhecimento para compor as suas próprias aulas.
Para melhorar a sua aprendizagem, proporemos uma situação-problema e esperamos
que até o final da unidade você tenha obtido conhecimentos suficientes para responder
tais questionamentos. Nessa situação, digamos que você é treinador de handebol.
Durante as últimas partidas de campeonatos na série infantil, você percebeu que os seus
alunos estão cometendo o erro de dar mais de três passadas sem quicar a bola, e tudo
isso deve-se ao fator do ritmo. Eles não estão conseguindo coordenar o movimento das
pernas com a quicada da bola nas mãos (membros superiores). De que maneira você
poderá solucionar essa situação?
Qual a relação que existe entre o erro percebido e o fator do ritmo? Existem outras
situações em quadra que o ritmo passa a ser um fator predominante?
Esperamos que até o final da unidade você esteja com as respostas na ponta da língua.
Estamos juntos nessa jornada, boa sorte!
CONCEITO-CHAVE
SOBRE RITMO
Como tratamos na unidade anterior, a palavra ritmo tem origem grega e está associada
com o movimento ou o fluxo regular das coisas. Para Martins e Rosa (2008, p. 150), “O
ritmo está diretamente ligado ao movimento corporal, pois todo movimento existente
em nosso corpo possui um ritmo.”
A EF precisa adotar o ritmo como um elemento fundamental a ser desenvolvido em
todas as suas áreas de conhecimento. É por meio das atividades rítmicas que os
estudantes passam a compreender melhor as potencialidades dos movimentos do seu
corpo, por meio do reconhecimento de uma consciência corporal e da percepção rítmica
(GODOY; ANTUNES, 2008; TIBEAU, 2006). Esse tipo de atividade vai permitir o
desenvolvimento de coordenação, harmonia e união entre os elementos físicos e
internos (como coordenação dos membros, por meio do sistema nervoso) e os elementos
externos (como os do ambiente; quadra, campo, bolas, aparelhos ginásticos etc.).
REFLITA
Discorra com os seus colegas a respeito das suas infâncias, e tente rememorar as aulas
de Educação Física: quais foram as atividades trabalhadas que contemplavam o
desenvolvimento do ritmo? Perceba como é discrepante, além da grande ausência, como
esse conteúdo vem sendo (ou não) abordado nas aulas de EF, pois acreditou-se por
muito tempo que o ritmo era um conteúdo restrito às aulas de dança ou ginásticas, por
exemplo.
Quando tratamos do ritmo no dia a dia, precisamos levar em consideração algumas das
suas características, ao perceber as diversas ações que estão envolvidas e dependem
dele. Para Sborquia et al. (2014), ele pode ser compreendido como:
Individual: acerca das relações do sujeito com ele mesmo e com o mundo que o cerca.
Grupal: acerca da interação dos sujeitos com seus semelhantes e suas adaptações para
atingir um ritmo coletivo.
ASSIMILE
O sono, considerado um ritmo interno circadiano, é dividido em duas fases: sono não
rem e sono rem. O primeiro é composto pelos estágios iniciais para se atingir o último,
que é considerado o momento de intensa atividade cerebral, com os sonhos e a fixação
de memórias (FERNANDES, 2006).
De um outro modo, o ritmo também pode ser classificado como externo, que são os
ritmos que nos rodeiam e influenciam todos os outros. Cada indivíduo responde de uma
maneira a esses ritmos e no fenômeno de ação coletiva, a adaptação a esses ritmos
formula a ideia de pertencimento de grupo, por meio de uma percepção e reprodução
rítmica (SBORQUIA et al., 2014). O ritmo externo pode ser subdividido em:
Como viemos discutindo até o momento, o ritmo se tornou um elemento essencial para
a EF, tendo como objeto o corpo que se dispõe em movimento. Dentro dessa
perspectiva, e a partir desse ponto, vamos pensar na prática quais são as diversas
atividades que contemplam o ritmo como elemento fundamental para o
desenvolvimento de uma certa modalidade.
No sentido de desenvolvimento de um ritmo individual, podemos pensar na perspectiva
de brincadeiras com palmas (cup song, peito estala bate etc.).
No sentido de desenvolvimento de um ritmo coletivo, as atividades propostas poderão
seguir a mesma linha de musicalização e sons, como no caso de brincadeiras de palmas.
Porém, agora, pensando na perspectiva do desenvolvimento de um trabalho grupal.
EXEMPLIFICANDO
Segundo Antunes et al. (2018), o frevo pode ser considerado um gênero musical
brasileiro, que foi reconhecido, no ano de 2012, como Patrimônio Imaterial da
Humanidade. Com música acelerada no estilo de bandinhas de carnaval, começou a ser
desenvolvido no nordeste brasileiro.
REFERÊNCIAS
NOÇÕES DE RITMO
Kaio César Celli Mota
Chegou o momento de retomarmos a nossa situação problema. Esperamos que até aqui
você tenha obtido recursos suficientes para responder tais questionamentos. Retomando,
digamos que você é treinador de handebol. Durante as últimas partidas de campeonatos,
você percebeu que os seus alunos estavam cometendo erros na passada e na quicada da
bola, por estarem fora do ritmo. De que maneira você poderá solucionar essa situação?
Primeiro foi preciso perceber que existe um fator fundamental de coordenação motora,
entre o movimento das pernas e a quicada da bola nas mãos (membros superiores).
Dessa forma, é necessário que se desenvolvam movimentos coordenativos com
finalidade de ritmo, assim, o professor poderá propor circuitos, envolvendo passadas e o
manuseio da bola.
Qual a relação que existe entre o erro percebido e o fator do ritmo? Percebemos que o
ritmo é fundamental para que os elementos de manuseio e passadas ocorram em
sincronia. Existem outras situações em quadra nas quais o ritmo passa a ser um fator
predominante? O ritmo pode ser considerado fundamental em todas as áreas da
Educação Física e do esporte, mesmo assim podemos destacar as modalidades dança de
salão, canoagem, zumba, ginástica artística, ginástica rítmica, step, voleibol etc.
Com o desenvolvimento de atividades que visam ao aspecto geral do ritmo, é esperado
que os seus alunos estejam hábeis a não cometer mais esse erro em quadra. Logo,
perceba como o ritmo é fundamental para o desenvolvimento de um elemento técnico
básico da modalidade do handebol.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
O LEVANTAMENTO NO VOLEIBOL
Digamos que você é técnico de voleibol, e percebeu uma certa dificuldade nas suas
atletas no momento do levantamento (segunda bola) para o ataque (terceira bola). As
jogadoras não estão em sincronia, logo, no momento do levantamento, a jogadora do
ataque está saltando antes ou após o toque e não está acertando o tempo para o ataque
da bola. Como você poderá resolver essa situação?
RESOLUÇÃO
Você poderá utilizar exercícios que envolvam o ritmo e a sincronia entre as atletas. Um
exemplo a ser seguido é simular as movimentações desejadas (de levantar e atacar),
porém sem o material e seguindo o ritmo de uma música. Esse elemento vai
desenvolver uma contagem, que levará em consideração a série de movimentos
realizados durante um certo período no tempo. Espera-se que dessa maneira as
jogadoras passem a estar em sincronia em quadra.
NÃ O PODE FALTAR
ATIVIDADE RÍTMICA
Kaio César Celli Mota
MAPEAMENTO MUSICAL
Para que a dança ou outras atividades rítmicas ocorram, é preciso, sobretudo, entender a
música – sua composição, melodia, ritmo, velocidade, andamento e sua estrutura,
ajudando o corpo a realizar os movimentos em sincronia entre a sonoridade e as
diversas técnicas escolhidas. Para Fux (p. 51, 1983), “O movimento unido ao estímulo
musical, permite uma compreensão total da música, o que não acontece quando alguém
escuta ou se move sem escutar”.
O corpo que se move diante de uma melodia se torna sensibilizado por ela, e é capaz de
integrar e deslizar os seus movimentos por entre os acordes, os graves e os agudos,
dando diferentes intenções de movimento para diferentes vibrações de música. Como
qualquer outra aprendizagem, isso pode ser treinado e aprimorado, e tratando-se do
ensino e aprendizado em dança: “Nas aulas de dança se adquire a música com o corpo:
pode-se escutar melhor movendo-se.” (FUX, p. 51, 1983).
Assim, entendemos que mapeamento, segundo o dicionário on-line de português
PRIBERAM (2022), pode significar tanto uma ilustração feita por meio de mapas como
uma representação gráfica das diversas partes de um todo. Se levarmos em consideração
uma música, o mapeamento musical indica a representação gráfica das diversas partes
dessa música.
Logo, é o desenho da música. Ele serve para facilitar a estrutura da aula ou uma
composição coreográfica, no sentido de indicar aos professores e alunos em que
momento ocorre, no compasso da música, cada gesto ou movimento, como no caso das
danças ou atividades rítmicas e expressivas. Sobretudo é preciso dividir, interpretar e
entender, para poder colocar as técnicas e as movimentações desejadas.
Dessa forma, para fins de mapeamento, vamos adotar os seguintes termos: pulso,
compasso, frase musical e bloco musical. Entendemos como pulso uma unidade abstrata
de medida do tempo musical, também conhecido como pulsação (PULSO, [s. d.]).
Então, indicaremos que ele representa um (1) tempo, ou uma batida. Pulso = 1 tempo.
Já o compasso indica uma regularidade no andamento de uma execução musical
(MICHAELIS, 2022). Neste sentido, indicamos que o compasso representa 4 unidades
de tempo, ou 4 batidas. Compasso = 4 tempos.
A frase musical vai indicar uma sequência transcorrida de 8 tempos, ou 8 batidas. Frase
musical = 8 tempos ou 2 compassos.
E um bloco musical representa, geralmente, as maiores partes de uma música, indicando
momentos de cortes e refrão, e pode ser compreendido em 32 tempos, ou 4 frases
musicais, ou, ainda, 8 compassos.
Esses termos foram criados para dividir uma música em blocos, de maneira a colaborar
com a sua compreensão e entendimento acerca do seu andamento. Nas aulas de danças
ou outras atividades rítmicas e expressivas que façam o uso de músicas, é essencial
saber escutar e desenvolver os exercícios em sincronia, assim, esse entendimento
anterior possibilita que os estudantes e professores treinem melhor os seus ouvidos e
atuem melhor em conjunto: entre si, seus corpos, o ambiente e a música.
EXEMPLIFICANDO
A frase musical está relacionada com a contagem de 32 tempos (ou 32 batidas). Passe a
reparar nas músicas que você escuta no seu dia a dia. Geralmente, a cada mudança na
frase musical ocorre uma modificação na música, com a entrada de um instrumento ou a
mudança na voz.
MAPEAMENTO NA PRÁTICA
Para fins de desenvolvimento prático deste assunto, proporemos que você, futuro
profissional, faça com os seus alunos, independentemente da área que venha atuar,
atividades que trabalham essa compreensão musical. Dessa forma, o exercício pode ser
feito em roda, sentados ao chão, com o som de uma música. É importante que você
selecione bem as músicas que vão ser reproduzidas, com atenção a letras, melodias e
fácil compreensão. Atente-se a explicar anteriormente os termos, para que a ideia de
tempo, compasso, frase e bloco musical já venham bem ancoradas por eles.
O exercício em si consiste em bater palmas e fazer gestos, em diferentes tempos,
compassos e blocos da música. Além das palmas, o professor define quais movimentos
que serão executados, por exemplo, cruzar os braços, jogar as mãos para cima, levar as
mãos ao rosto etc. No primeiro momento, é interessante que os estudantes estejam
sentados, levando a atenção aos ouvidos e braços, para posteriormente, com os
conceitos mais fixados, colocarem-se em pé e fazer mais movimentos com diferentes
partes do corpo.
REFLITA
Entenda que a música, pode (e deve) ser uma aliada na dança, quando servir de estímulo
sonoro, para uma composição artística ou movimento corporal. Ela não restringe a sua
prática, ou seja, uma dança pode também ocorrer sem o uso de música. O que persiste é
uma ideia de que uma coisa não existe sem a outra, porém, com um trabalho
corretamente orientado, as técnicas de dança podem ser desenvolvidas sem esse
estímulo sonoro, a depender dos objetivos do professor e da aula.
MUSICALIDADE NA PRÁTICA
Outro elemento da teoria musical diz respeito às notas musicais. Elas funcionam como
um alfabeto musical, o que permite agregar as frequências dos sons, auxiliando a
composição musical, ou seja, uma combinação que gera uma melodia. Essa
classificação, nomeada notação musical, foi inventada pelo monge e regente italiano
Guido D'Arezzo (992-1050) (MONTEIRO, 2020). As notas musicais são representadas
por símbolos (claves), e cada desenho e posição representam os sons DÓ – RÉ – MI –
FÁ – SOL – LÁ – SI – DÓ.
O ritmo é definido pelas variações entre a frequência e a intensidade dos sons. Partindo
dessa conceituação mais ampla, podemos dizer que o ritmo também pode representar as
categorias de uma música, ou seja, onde ela se enquadra. A respeito de sua
categorização, é preciso ter em mente instrumento, letra, função, estrutura e
contextualização.
A fim de afunilar as nossas discussões, os principais gêneros musicais existentes são:
Axé.
Blues.
Country.
Eletrônica.
Forró.
Funk.
Gospel.
Hip Hop.
Jazz.
Pop.
MPB.
Música clássica.
Pagode.
Reggae.
Rock.
Samba.
Sertanejo.
ASSIMILE
Na seção anterior, viemos abordando o conceito de ritmo de uma maneira mais geral, à
medida que identificamos suas relações com movimento e o corpo. No sentido da
música, o ritmo pode estar associado a um gênero musical, quando tratamos da sua
categorização. Ou seja, ritmo – no sentido de fluir, se mover, que é diferente de ritmo –
no sentido de gênero musical.
Para melhorar o contexto da aprendizagem, o professor deve fazer uma seleção musical
variada, com diferentes ritmos, mesclando músicas regionais e internacionais. O
exercício consiste em identificar os diferentes tipos de ritmos (quanto ao seu gênero). Se
for preciso, o professor poderá solicitar que os estudantes façam uma pesquisa mais
detalhada do ritmo escolhido, destacando origem, país, características, danças etc.
A partir deste ponto, você já tem recursos suficientes para conduzir uma aula de ritmo,
fazendo as relações com a música, o movimento e o corpo. Perceba a importância de
desenvolver os conhecimentos de teoria musical para se relacionar melhor com os
elementos sonoros que envolvem as danças e as atividades rítmicas em geral.
Esperamos que os próximos conteúdos lhe auxiliem cada vez mais.
REFERÊNCIAS
ATIVIDADE RÍTMICA
Kaio César Celli Mota
AVANÇANDO NA PRÁTICA
A MÚ SICA DA TURMA!
Você recebeu um desafio de criar, com os seus alunos de Educação física, uma música
instrumental, que só poderia ser tocada com objetos da aula de EF. Os materiais que
estariam ao seu dispor são aqueles tradicionais da aula: bolas, bastões, cones, apito etc.
Levando em consideração as noções compreendidas durante a seção de ritmo, melodia,
compasso e pulso, entre outras, como você poderia desenvolver tal atividade com a sua
turma?
RESOLUÇÃO
NÃ O PODE FALTAR
AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS DA
DANÇA
Kaio César Celli Mota
Caro estudante, que bom que chegamos até aqui! Até o momento nos debruçamos em
algumas questões mais técnicas e conceituais que envolvem a dança. Deste ponto em
diante, e com os conhecimentos um pouco mais ancorados, olharemos para aspectos
mais gerais, principalmente nos que dizem respeito às modalidades de dança e seu
desenvolvimento, e de maneira mais prática.
Futuramente se você vier atuar com essa área, existirão infinitas modalidades de danças
que poderão ser trabalhadas nos diversos contextos que forem apresentadas – desde de
um enfoque mais nacional, como algumas manifestações características da cultura
brasileira, como no caso das danças folclóricas, ou em um aspecto mais global, como as
danças clássicas ou as danças de salão. Se aceitamos que a dança é para todos, ela pode
ser trabalhada em um contexto mais inclusivo, como no caso das danças para pessoas
com deficiência. Caberá você decidir quais aspectos e em quais contextos de dança você
vai atuar, principalmente agora que reconhece o tamanho da sua variabilidade.
Se você é um profissional da EF e trabalha nas áreas de dança, tenha em mente que ela
proporciona um desenvolvimento integral do corpo, de modo que o sujeito passa a
perceber a si próprio, aos outros e ao mundo de uma outra forma. Assim, esteja ciente
que é de sua responsabilidade o estímulo dessas capacidades/habilidades que são
intrínsecas ao ser humano.
Para melhorar a sua aprendizagem, vamos propor uma situação-problema e esperamos
que ao final desta seção você se sinta capaz de analisá-la e respondê-la. Digamos que
você é professor de Educação Física Escolar. Durante este bimestre você deverá
desenvolver o conteúdo de dança para as turmas do 8º ano. Como estratégia de ensino,
você optou por abordar diferentes linguagens de dança, para que os estudantes
pudessem ter conhecimentos de variados estilos. Partindo dessa estratégia, como podem
ser organizadas as aulas? Quais serão os conteúdos abordados?
Ainda, quais são as linguagens de dança escolhidas para o trabalho? É importante saber
da história, conceitos e técnicas para desenvolver tais modalidades?
Esperamos que até o fim da seção os conteúdos auxiliem você a solucionar tais
questionamentos. Boa jornada!
CONCEITO-CHAVE
DANÇAS CLÁSSICAS
Para se refletir a respeito das danças clássicas é preciso, sobretudo, olhar para trás na
história e ver como foram entrelaçadas as relações sociais, da mesma forma como se
desenvolveram e como eram constituídas as sociedades daquela época. A princípio,
nota-se uma constituição dos “bailes da nobreza” desde a Idade Média, especialmente
na região da Itália e da França. Mais à frente, durante a Renascença, e devido à presença
do clero nas festas, novos movimentos foram incorporados, no sentido de uma dança
que tomava menor proporção teatral, surgindo nesta época as posições e os passos
de ballet (MALANGA, 1985).
A palavra ballet remete a bailado, e para aquela época lia-se como os bailes organizados
pela corte. Na Itália, durante o século XV também de desenvolvia esse “ballet”, sendo
Catarina de Médicis responsável por levar esses costumes para a França, quando se
casou com o rei Henrique II. Adiante, no século XVII, ocorreu a expansão
do ballet durante o reinado de Luís XIV, conhecido como Rei Sol – também bailarino e
uma figura que dava grande importância para a dança na época (MALANGA, 1985).
ASSIMILE
Foi durante o reinado de Luís XIV que Charles Beauchamps (1639-1705), mestre de
balé e coreógrafo da corte, professor da Académie de la Danse, fixou as posições dos
pés, que mais tarde foi ser publicada pelo padre jesuíta Ménestrier (MALANGA, 1985).
Essas são as posições dos pés no ballet clássico, das quais os passos de dança partem,
finalizam e transitam entre elas. Para fins de compreensão, faça a experimentação
dessas posições com os seus alunos, e em seguida, para memorizar, faça um jogo da
memória. Com os olhos vendados, o professor fala o nome de uma posição e os
estudantes fazem em seguida. Ao abrir os olhos, eles conferem entre si se a posição feita
foi a correta, e caso tenham errado, sejam corrigidos.
DANÇAS DE RUA
EXEMPLIFICANDO
O termo DJ, que pode ser traduzido como disc-jóquei, foi criado na França, e se refere à
pessoa responsável pela troca das músicas, nas festas, bailes e batalhas (CARVALHO,
2015).
A fim de aproximar o universo dos estudantes a essa manifestação cultural, peça uma
pesquisa dos elementos da cultura hip-hop. Apresente vídeos, e tente desenvolver algum
elemento técnico de estilo de um estilo de dança, como o caso do break, por exemplo.
Também solicite que os alunos reproduzam passos e coreografias por eles pesquisadas
em vídeos, e peça para que eles apresentem uns para os outros.
DANÇAS FOLCLÓRICAS
DANÇAS DE SALÃO
As danças de salão podem ser consideradas uma modalidade de dança que engloba em
si ritmos de diversas regiões e culturas de vários povos. São características da sua
prática: elegância, postura, força e fluência dos movimentos (OLIVEIRA; ROSA,
2008). Ainda para Silva e Rosa (2008, p. 49): “A dança de salão é uma vertente de
dança, normalmente praticada em reuniões sociais, onde pares de dançarinos
desenvolvem passos, que são variações do andar, formando figuras de forma a
harmonizar com a música e o parceiro.”
Como tratamos anteriormente, as danças de salão são organizadas em parceiras, ou seja,
duas (ou mais) pessoas executando os passos técnicos e característicos de um
determinado ritmo, somados em um jogo de ação e reação (aplicação e distribuição de
forças) entre as figuras de condutor e conduzido que se deslocam pelo espaço.
Atualmente as danças de salão são praticadas em todo o mundo, e sua popularização foi
tanta que passaram a surgir no campo das competições as chamadas danças esportivas.
Diversos são os ritmos que englobam essa modalidade, com destaque para cumbia, xote,
lambada, quizomba, rumba, merengue, valsa, soltinho, chá-chá-chá, zouk, tango, salsa,
bolero, forró e samba (SILVA; ROSA, 2014).
Esse tipo de dança permite que os praticantes aprendam a dançar com outra pessoa,
desenvolvendo a confiança, a entrega e a harmonia. Dessa maneira, julgamos o olhar
como uns dos meios de comunicação para esse tipo de dança, além do toque e dos
gestos. Para Martins e Rosa (2014, p. 67, 68), “Aprender a dançar com outra pessoa
sendo o seu par, é estabelecer uma relação que possibilita a harmonia de corpos
diferentes, sintonia, que proporciona um encontro consigo mesmo, a partir de encontros
com o próximo.”
PRÁTICA
REFLITA
Como profissional de Educação Física, você deve proporcionar um ambiente seguro e
inclusivo aos seus alunos. Ao tratar das atividades físicas para pessoas com deficiência
– especialmente no âmbito da dança –, garanta que as experiências vivenciadas
proporcionem o desenvolvimento das habilidades requisitadas, sobretudo, de maneira
divertida, fazendo com que toda a turma participe e acolha essas pessoas.
Ao ponto que em existem diversos espectros de deficiências, a dança vai exigir uma
série de adaptações para suprir as necessidades desse público em específico, e neste
sentido propomos a seguinte atividade: dividir a turma em grupos, e cada grupo deverá
ficar com um tipo de deficiência. A seguir, os grupos realizam uma pesquisa das
necessidades e características de cada deficiência. Tendo em mente essas necessidades,
eles deverão montar uma atividade de dança que estimule ritmo, coordenação motora e
capacidades físicas.
A partir deste momento, e com os conhecimentos mais ancorados, esperamos que você
se sinta capaz de trabalhar com as diversas modalidades de dança. Tenha em mente que
a dança faz parte das manifestações corporais humanas e elas precisam (e devem) ser
estimuladas nos diversos contextos, especialmente aqueles da Educação Física.
REFERÊNCIAS
AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS DA
DANÇA
Kaio César Celli Mota
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESOLUÇÃO
NÃ O PODE FALTAR
NORMAS DE MOVIMENTOS NA
DANÇA
Kaio César Celli Mota
CONVITE AO ESTUDO
Olá, estudante, que bom que chegamos até aqui. Agora, estamos no fim da nossa
jornada e esperamos que, até o momento, os assuntos estejam muito mais claros para
você. Perceba como, até aqui, construímos conceitos básicos a respeito da expressão
corporal e da dança, além de termos proposto uma série de atividades práticas que
concretizam os temas trabalhados até o devido momento. Na unidade anterior,
começamos a pesquisar as múltiplas linguagens da dança; a partir de agora,
abordaremos um ponto que acreditamos ser uma das principais temáticas da dança, que
é a composição coreográfica, e, numa perspectiva mais ampla, ela está presente em
diversas outras práticas corporais, como ginásticas, esportes coletivos etc.
Com as discussões propostas adiante, esperamos que você conheça o processo
coreográfico da dança por meio das normas de movimento, da formação de movimento
e da sequência coreográfica; desse modo, numa perspectiva de prática e atuação,
esperemos que você entenda as principais normas de movimentos na dança, além de
conhecer a formação e as sequências de movimentos.
Na Seção 1, vamos nos debruçar sobre as normas de movimento na dança e como elas
são desenvolvidas no Brasil e no exterior; na Seção 2, vamos olhar para a formação de
movimentos na dança e como eles são constituídos dentro de uma coreografia; por fim,
na Seção 3, discutiremos sobre sequências de movimento em relação a componente
didático pedagógico, escala, sequências e variações rítmicas.
Esperamos que, ao final desta unidade, você esteja apto a desenvolver a temática da
expressão corporal e da dança nas suas aulas, de maneira a desenvolver integralmente,
com os seus alunos, os sentidos rítmico, estético e expressivo.
Estamos no ponto da nossa jornada em que todos os assuntos abordados até o momento
auxiliarão você a compor a gama dos conhecimentos necessários para o
desenvolvimento da disciplina de expressão corporal e dança. Sendo uma das áreas de
atuação da Educação Física, em algum momento da sua jornada profissional, você se
deparará com o desafio de desenvolver as temáticas da dança nas suas aulas. Desse
modo, tudo que viemos tratando até o momento faz parte dessa gama de conhecimentos.
Os temas estudados adiante serão relevantes para a composição coreográfica em dança,
logo, perceba que existe uma estrutura que facilita e orienta o desenvolvimento de uma
coreografia em se tratando de: ritmo, velocidade, posicionamento, interações entre os
membros, entre o espaço e a música. Se você estiver habituado e familiarizado com
esses assuntos, diante do desafio da montagem coreográfica, não encontrará
dificuldades para a sua realização.
Se você é um profissional da EF e trabalha nas áreas de dança, tenha em mente que ela
proporciona um desenvolvimento integral do corpo, de modo que o sujeito passa a
perceber a si próprio, os outros e o mundo de outra forma. Sendo assim, esteja ciente de
que é de sua responsabilidade o estímulo dessas capacidades/habilidades que são
intrínsecas ao ser humano. Sendo assim, vamos propor uma situação-problema e
esperamos que, ao longo desta seção, você se sinta capaz de solucionar tais
questionamentos. Digamos que você é um professor de dança competitiva, de
modalidades de dança de salão, e que você e seus alunos irão participar, pela primeira
vez, de um campeonato internacional, que possui regras e características próprias. Antes
de montarem as suas coreografias, vocês precisam saber como são as normas e o
funcionamento da dança nesse país, suas competições e como elas podem influenciar
nas suas composições coreográficas. Diante disso, quais estratégias devem ser seguidas?
Ainda assim, quais as principais diferenças entre as normas do Brasil e do exterior?
Esperamos que, até o final da unidade, você esteja com as respostas na ponta da língua.
Estamos juntos nessa jornada, boa sorte!
CONCEITO-CHAVE
APLICAÇÃO
Quando falamos em normas, estamos nos referindo a um princípio que serve de regra
ou, ainda, aquilo que determina um comportamento, uma conduta ou uma ação. Se
pensarmos na dança e na sua constituição ao longo da história, perceberemos o
desenvolvimento de algumas correntes (ou, se preferir, técnicas) que foram se
estabelecendo por meio de normas e condutas.
Como vimos anteriormente, o ballet clássico representa uma dança imersa na técnica, na
qualidade dos movimentos e nos símbolos que a constituem. Como exemplo disso, as
posições dos braços e pés, criadas em meados do século XVII, perduram até os dias de
hoje; percebemos, ao longo da sua formação, um aprimoramento dessas técnicas
somadas a um desenvolvimento artístico, social, político e cultural das sociedades que
compunham as danças clássicas, o que fez com que as normas, especificamente para
esse tipo de dança, fossem estabelecidas como as conhecemos nos dias de hoje.
Para clarear as nossas reflexões, analise as imagens abaixo e perceba como algumas
normas do ballet clássico permanecem até a atualidade; veja como elas são aprimoradas
e desenvolvidas de acordo com as condições atuais dos bailarinos (seus corpos e
físicos).
Figura 4.1 | Posição de “atitude”. Pintura século XVIII x Bailarina século XXI
Fonte: Wikimedia Commons.
O Ballet Clássico, é uma modalidade de dança, que surgiu nas cortes com
entretenimento para os reis, foi sendo cada vez mais elaborado através de um código
técnico de passos e normas, e hoje vigora como umas das modalidades de dança mais
praticadas e reconhecidas.
Desde a sua constituição até os dias de hoje, algumas dessas características podem ser
destacadas:
REFLITA
Como tratado anteriormente, o uso do “en dehor” é uma característica marcante do
ballet clássico, ele pode ser compreendido como uma rotação externa da coxa, na
articulação coxofemoral, segundo o qual todos os passos serão executados. Alguns
estudos sugerem que o uso exacerbado dessa posição pode gerar inúmeras lesões,
devendo, então, ser trabalhado de maneira consciente.
Podemos dizer que os exemplos citados acima são algumas das normas do ballet
clássico que constituem a sua técnica. Independentemente do local em que for praticado,
essas características serão mantidas por conta de todo um respeito às normas
anteriormente fixadas, dessa forma, concordamos com Assumpção (2003, p. 7):
Hoje, o Balé Clássico segue um código de normas que pode ser francês, italiano, russo,
mas que não perde a rigidez, chegando ao ponto de haver correções na angulação do
rosto dos (as) bailarinos (as) .... Este código é usado por grupos de balé clássico, de jazz,
de moderno e de contemporâneo, graças a sua eficácia enquanto técnica.
ESTRUTURAÇÃO
Podemos dizer, então, que essa modalidade esportiva e competitiva da dança de salão,
chamada de Dança Esportiva, obedece às regras ditadas pela International DanceSport
Federation, que foram estabelecidas no ano de 1930 na Inglaterra (VOLP, 2010).
A saber, destacamos algumas das suas normas para que possa entender sua estruturação:
Podemos perceber que a dança esportiva obedece a uma série de regras internacionais
que foram fixadas para que pudessem ser praticadas em todo o mundo. Seguindo uma
mesma estrutura, essa dança rompe as fronteiras geográficas, permitindo que os
participantes (competidores) estejam páreo a páreo durante as competições. A saber,
destacamos a importância das normas e estruturação, para que seja desenvolvida uma
dança esportiva de caráter internacional.
NORMAS EM OUTROS PAÍSES
Como vimos, o contexto das danças é múltiplo e variado. Ao passo que elas foram se
desenvolvendo ao longo do planeta, foram incorporando características próprias de um
determinado povo, características essas que representam as suas culturas, seus
costumes, valores etc., desse modo, é correto inferir que existem diferenças de normas e
estruturações de certos tipos de dança, de uma parte do planeta para outra.
Diferentemente dos exemplos tratados anteriormente, como o caso do ballet clássico e
da dança esportiva, que formularam, ao longo das suas histórias, normas e regras que
são válidas para quaisquer praticantes de todo o mundo, lidaremos, adiante, com um
tipo de dança característico e próprio de um povo em específico, que é o caso das
danças indianas.
Em primeiro lugar, é preciso destacar a forte ligação desse povo e a sua cultura com a
religiosidade. A sua identidade cultural foi formada ao longo dos séculos por meio de
crenças e práticas religiosas, de modo que a arte manifesta a sua ligação com o divino.
Por ser um país geograficamente extenso e populoso, observa-se o desenvolvimento da
dança para além do contexto clássico, como as danças folclóricas, que variam de acordo
com a região do país.
Sendo assim, há sete estilos de dança indiana considerados “clássicos”, em que cada um
vem de uma determinada região. Para Andrade (2008), os estilos e suas características
são:
Brarata Natyam: estilo desenvolvido no Sul do país, considerado o mais antigo. Trata-
se de um estilo de dança que representa os sentimentos e que, inicialmente, era
praticado somente por mulheres.
Mohini Attam: considerada a “dança do encantamento”, com movimentos de árvores,
vento e ondas do mar, representa sedução, delicadeza e graciosidade.
Odissi: desenvolvida no Leste do país, dança que representa a energia masculina e
feminina.
Kathak: foi criada nas margens do Ganges e considerada como uma dança para
“contar histórias”. Ela é caracterizada por giros e trabalhos de pés.
Kuchipudi: pode ser considerada uma dança teatro ou uma dança folclórica. Os
dançarinos equilibram um pote com água na cabeça sem que ela caia, caracterizando
sua habilidade, agilidade e ritmo.
Kathakali: considerado um ritual de adoração a serpentes, com figurinos elaborados e
muito coloridos.
Manipuri: dança com ênfase nos movimentos corporais, com o uso de espadas e
escudos.
Para esse contexto internacional, especificamente das danças indianas, percebemos que
elas apresentam normas, estruturação e características próprias que vão representar os
costumes da sua cultura e do seu povo. Recentemente, por conta de intercâmbios
culturais, essa modalidade de dança está sendo difundida por mais regiões do planeta,
colocando-nos em contato com novas experiências e construindo um novo olhar para a
dança.
ASSIMILE
Entenda que, no contexto das danças internacionais, cada uma segue e respeita as
normas próprias do povo que a constituiu. Desse modo, ao decidir abordar esses
assuntos nas suas aulas, é necessário que você pesquise, oriente-se, informe-se e, se
possível, convide um especialista no assunto para trabalhar e o orientar nessas questões.
Figura 4.3 | Danças clássicas indianas
NORMAS NO BRASIL
EXEMPLIFICANDO
Fundada em 1988, a Quasar Cia de Dança, sediada em Goiânia – GO, pode ser
considerada uma cia que nasce fora das bases clássicas e as incorpora posteriormente,
resultando num corpo cênico mais eclético e mais próximo do urbano (TORRES, 2008).
REFERÊNCIAS
NORMAS DE MOVIMENTOS NA
DANÇA
Kaio César Celli Mota
Olá, estudante. Que bom que chegamos até aqui; esperamos que, ao longo desta seção,
você tenha compreendido melhor os conceitos relacionados às normas, aplicação e
estruturação das danças no Brasil e no exterior. Agora, com os conceitos um pouco mais
ancorados, chegou o momento de retomarmos a nossa situação-problema e esperamos
que você se sinta capaz de responder tais questionamentos.
Retomando, falamos que você é um professor de dança competitiva, das modalidades de
dança de salão, e que irá, com seus alunos, participar, pela primeira vez, de um
campeonato internacional, que possui regras e características próprias. Antes de montar
as suas coreografias, vocês precisam saber como são essas normas e o funcionamento da
dança específico para esse país e suas competições, bem como elas podem influenciar
nas suas composições coreográficas. Quanto os questionamos sobre quais as estratégias
a serem seguidas, percebemos que é necessário consultar o código de normas e regras
próprias da competição. Tratando-se das danças esportivas, esse código foi criado
pela International DanceSport Federation e é seguido internacionalmente.
Quanto aos questionamos sobre quais são as principais diferenças das normas para o
Brasil e o exterior, percebemos que, se for seguido o exemplo da dança esportiva, o
mesmo código de normas serve para o Brasil e os demais países. Nesse mesmo ponto, o
ballet clássico apresenta, também, uma série de códigos e condutas que também são
difundidos internacionalmente. Frente a isso, percebe como é importante o
entendimento de algumas normas e como elas caracterizam um certo tipo de dança? Ao
escolher trabalhar com isso, é urgente que você se atualize constantemente sobre as
danças e suas especificações.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESOLUÇÃO
Digamos que você seja professor escolar e, por demanda dos seus alunos, terá de
trabalhar a dança contemporânea em suas aulas. Partindo do pressuposto de que essa
modalidade é nova para você, como desenvolvê-la?
NÃ O PODE FALTAR
FORMAÇÃO DE MOVIMENTOS NA
DANÇA
Kaio César Celli Mota
Olá, estudante, que bom que chegamos até aqui. Estamos na reta final da nossa jornada
e é esperado que, até momento, você esteja seguro o suficiente para aplicar os
conhecimentos de expressão corporal e dança nas suas aulas, estimulando os seus
alunos por meio da dança, de jogos rítmicos, dinâmicas e movimentações desejadas para
essa disciplina.
Por mais que a dança não seja a sua principal área de atuação (e que sorte a sua se ela
for), espero que você se sinta apto e consciente de que esse é um conteúdo transversal
que ultrapassa todas as áreas da Educação Física (EF). Seja na EF escolar, em salas de
ginástica, quadras, campos, ginásios, tratando-se do corpo como nosso instrumento de
trabalho, ele é transpassado pelos fenômenos de movimento e ritmo, independentemente
da atividade que estiver sendo realizada. Logo, tenha em mente que esse é um conteúdo
extremamente importante para a EF e que servirá de apoio para as demais áreas.
Se você é um profissional da EF e trabalha nas áreas de dança, tenha em mente que ela
proporciona um desenvolvimento integral do corpo, de modo que o sujeito passa a
perceber a si próprio, os outros e o mundo de outra forma. Sendo assim, esteja ciente de
que é de sua responsabilidade o estímulo dessas capacidades/habilidades que são
intrínsecas ao ser humano.
Dessa maneira, iremos propor uma situação-problema e esperamos que, até o final da
unidade, você se sinta capaz de responder tais questionamentos. Digamos que você é
coreógrafo de uma companhia de dança e, para o seu próximo trabalho, você e seus
alunos terão de pesquisar e coreografar a partir da perspectiva de planos e significados.
Por meio de alguns tipos de movimentos, vocês terão que dar uma interpretação para
essa coreografia, logo, como solucionar tais questões? Qual o ponto de partida desse
trabalho? Como a interpretação na dança carrega significados para ela?
Esperamos que, até o final desta unidade, você se sinta suficientemente capaz de
responder a tais questionamentos. Desejamos força para você, estamos juntos para
finalizar essa jornada!
CONCEITO-CHAVE
INTERPRETAÇÃO
Quando falamos de interpretação, estamos nos referindo a uma ação executada por meio
da representação de algo que será transmitido como mensagem para outro alguém.
Segundo o site Significados (2022, [s. p.]):
A palavra tem origem do latim interpretatĭo,ōnis que significa “explicação, sentido” ...
que caracteriza uma ação ou efeito que estabelece uma relação de percepção da
mensagem que se quer transmitir, seja ela simultânea ou consecutiva, entre duas pessoas
ou entidades.
No contexto das artes, a palavra interpretação está diretamente relacionada com o “ato”
do ator, no que diz respeito a dar vida a um novo alguém (personagem), que estará
dentro de um contexto narrativo-fictício. Ainda assim, no caminho da música, a palavra
interpretação vai estar relacionada com a ação da execução musical e da performance;
agora, quando tratamos da dança, aproximamo-nos do conceito geral das artes, de forma
que a interpretação vai representar o momento em que dançarino se envolve com os
estímulos sonoros, técnicos, visuais e figurativos por meio das movimentações do seu
corpo e com todo o contexto apresentado, sendo um momento de entrega, harmonia e
fluxo entre ele mesmo, as pessoas, o ambiente e tudo que estiver ao seu redor. Desse
modo, concordamos com BritTo (2013, p. 3): “No movimento do que é, está em ato de
interpretação no seu corpo permissivo de linguagem, no qual o texto-dança vai se
desvelando a cada pouso e repouso próprio, a que pertence o movimento de interpretar-
se.”
De forma literal, a interpretação também pode ser usada na dança como meio de dar
vida a um personagem dentro de um enredo específico. Como no caso dos grandes
ballets de repertório, em que os bailarinos assumem as posições de determinados
personagens que serão representados por meio da vestimenta, da maquiagem, das
movimentações e ações técnicas específicas, como o caso da “Odette”, princesa
enfeitiçada no ballet O Lago dos Cisnes, de composição musical de Tchaikovsky.
PLANOS
O nível médio (ou plano médio) vai indicar um pequeno afastamento do centro de
massa do corpo em relação ao chão, havendo a necessidade de maior uso dos membros
inferiores para posições de grandes flexões dos joelhos, apoios com o joelho ao chão,
agachamento, pliés etc. Ainda no nível médio, ocorre a liberação do uso dos braços em
relação ao espaço ocupado pelo bailarino (Cinesfera – Laban, 1973), no sentido de
flutuar e explorar o “ar”, mas mesmo assim, ocorre a necessidade do uso para apoio das
mãos e braços em movimentação de “4 apoio”, por exemplo.
EXEMPLIFICANDO
Os cannons são movimentos amplamente usados na dança quando se referem a
coreografias em conjunto, ou seja, com mais de uma pessoa dançando. Eles representam
um movimento em cascata, em que cada integrante da turma realiza o mesmo
movimento um tempo depois do colega anterior; desse modo, o efeito visual atrai a
atenção do público por meio desses movimentos repetidos sequencialmente em cascata,
dando uma sensação de fluxo e fluidez.
O nível alto (plano vertical) vai indicar o máximo de afastamento do centro de massa no
corpo em relação ao chão, só que, dessa maneira, com mais extensão dos joelhos
(pernas esticadas, ou semi-estendida), elevação do tronco, liberação dos braços e
cabeça. Ainda no nível alto, poderíamos pensar num nível aéreo, indicando a perda de
contato durante momentos de saltos, por exemplo, com relação ao chão. As danças
clássicas, desde a sua concepção, busca um afastamento do chão, com elevação (no
sentido de superioridade) da bailarina, com o uso da sapatilha de ponta, por exemplo; o
nível alto é amplamente explorado pelas mais variadas modalidades de dança, sendo
possível o uso de saltos, giros, deslocamentos, diagonais, cannons, sequências etc.
PRÁTICA
A fim de fixação do conceito de níveis e planos, iremos propor duas atividades:
1. Pega-pega animal: a brincadeira consiste em um pega-pega tradicional, porém para
fins de incorporação dos níveis e transição entre eles, deverá ser feita imitando-se uma
cobra (arrastando o corpo no nível baixo), um caranguejo (posição de quatro apoio de
barriga para cima, no nível médio) e um canguru (saltos com os dois pés, no nível alto
aéreo); além disso, o professor é quem decide quando mudar o animal. 2. Passeando
pelos níveis. Com movimentos preestabelecidos, os alunos deveram transitar pelos
níveis de acordo com a orientação do professor. Se necessário, escolha uma modalidade
específica de dança, pesquise e ensine movimentações que trabalham com esse
conceito, a saber: saltos, giros, rolamentos, deslizamentos, apoios, flexões e tronco,
braços etc.
SIGNIFICADOS
REFLITA
A dança em toda a sua complexidade carrega uma infinitude de significados, que são
pessoais e intransferíveis de pessoa para pessoa. Desse modo, enquanto profissionais do
movimento, precisamos respeitar os processos individuais dos nossos alunos; à medida
que entendemos que a dança é algo natural e intrínseco do ser humano, cada um vai se
relacionar de uma forma diferente, no sentido mais profissional ao vocacional, de
pesquisa, por hobbies ou prática de atividade física. Ao proporcionarmos um ambiente
mais plural, estamos permitindo que nossos alunos encontrem um modo pessoal de se
relacionar com essa prática, além de descobrir os próprios caminhos com a dança.
Mesmo com vários significados, a dança será entendida pelo homem apenas no
movimento. Tanto para quem dança como para quem assiste, ela faz sentido e, também,
cria novos sentidos. Esses conceitos se entrelaçam e criam outros infinitos.
Para refletirmos melhor sobre “significados”, iremos propor a seguinte atividade: A
dança da sua família – cada aluno vai pesquisar em casa um estilo de dança que esteve
sempre presente nas festas familiares; no próximo passo, ele terá de fazer uma busca
sobre a história, características, artistas e músicas de referência dessa dança e uma lista
de recordações. Como disparador das reflexões, o professor poderá fazer os seguintes
questionamentos: o que essa dança significa para você? O que significa para a sua
família? Quais são as memórias que te vêm à mente? Quais são as emoções que você
vive ou viveu com essa dança? A seguir, os alunos deverão compartilham as
experiências e perceber os diferentes significados afetivos atribuídos a essas danças.
TIPOS DE MOVIMENTO
Ao tratarmos dos tipos de movimentos na dança, precisamos levar em consideração as
suas multiplicidades de estilos e modalidades, em que cada uma vai ter uma linguagem
própria, logo, diferentes tipos de movimentos. Pensando em um aspecto mais amplo, os
movimentos podem ser considerados a partir de uma exploração e criação de um
repertório motor próprio, nesse sentido, acreditamos que os alunos passarão a
desenvolver múltiplas habilidades, além, é claro, do desenvolvimento da criatividade
como fator essencial para a exploração de novos movimentos na dança. Desse modo,
concordamos com Rolfe e Harlow (1992, p. 32): “O equilíbrio entre desenvolver
movimentos com criatividade e com habilidade técnica deve ser uma busca
constantemente considerada.”
Sendo assim, a nossa intenção é exemplificar alguns tipos de movimentos que poderão
ser usados para as suas composições coreográficas, mas reforçamos a necessidade de
que você e seus alunos criem, explorem e compartilhem os seus próprios movimentos,
aqueles que fazem mais sentido para vocês. Logo adiante, alguns exemplos de
movimentos:
ASSIMILE
Os termos tratados ao final desta última seção foram usados como exemplos de tipos de
movimentos derivados, em sua maioria, da linguagem do ballet clássico. Em caso de
dúvidas ou, também, interesse em usá-los como exemplos de passos para se trabalhar
em aula, indicamos que consulte dicionários de ballet, além das plataformas de vídeos
na internet.
Esperamos que os assuntos vistos ao longo desta última seção o auxiliem em momentos
coreográficos. Entenda que é de sua responsabilidade a busca constante por informações
e novos conhecimentos, principalmente aqueles voltados para o campo da dança. Sendo
assim, esperamos que nosso material indique possíveis caminhos. Boa Jornada!
REFERÊNCIAS
FORMAÇÃO DE MOVIMENTOS NA
DANÇA
Kaio César Celli Mota
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESOLUÇÃO
Como vimos anteriormente, existem alguns tipos de movimentos que podem ser
explorados na dança, como: saltos, giros, deslocamentos, contração e expansão,
deslizamentos etc.. Tratando-se de uma turma que, provavelmente, apresentará algum
tipo de limitação, cabe ao profissional escolher adequadamente os movimentos
propostos.
NÃ O PODE FALTAR
SEQUÊNCIAS DE MOVIMENTOS
Kaio César Celli Mota
Querido estudante, finalmente, chegamos ao final da nossa jornada. Esperamos que, até
aqui, você tenha se sentido confortável em desenvolver os conteúdos da expressão
corporal e da dança nas suas aulas. Perceba como, ao longo das nossas discussões,
fomos trazendo uma série de conceitos e conteúdos que fazem parte da dança, tais como
ritmo, tipos de dança, interpretação, musicalidade etc. Independentemente da área que
você vier a atuar, você acabará se deparando com a dança ou ritmo, já que fazem parte
do conteúdo do movimento humano.
Se você é um profissional da EF e trabalha nas áreas de dança, tenha em mente que ela
proporciona um desenvolvimento integral do corpo, de modo que o sujeito passa a
perceber a si próprio, os outros e o mundo de outra forma. Sendo assim, esteja ciente de
que é de sua responsabilidade o estímulo dessas capacidades/habilidades que são
intrínsecas ao ser humano.
Para melhorar a sua aprendizagem, iremos propor uma situação-problema e esperamos
que, até o final da nossa última seção, você tenha obtido conhecimentos suficientes para
responder a tais questionamentos: chegamos em junho, comemoração das festas juninas
e a assessoria esportiva para a qual você trabalha foi contratada para coreografar a
“quadrilha” de uma empresa. Como um profissional do ritmo, você terá de organizar o
desenvolvimento de uma coreografia com base em sequências de movimentos
específicos para o tema apresentado, além da variação do ritmo com a famosa
“quadrilha maluca”. Diante disso quais são as estratégias necessárias para o
desenvolvimento desse trabalho?
Esperamos que, até o final desta seção, você se sinta suficientemente capaz de
responder a esse questionamento. Estamos juntos finalizando esta jornada!
CONCEITO-CHAVE
REFLITA
Durante o processo de ensino e aprendizagem na dança, assuma uma postura de troca e
compartilhamento de saberes com os seus alunos; faça com que eles se tornem
protagonistas e assumam, cada vez mais, o espaço de propor reflexões, exercícios e
novas experimentações na dança; faça com que aquilo que é comum à cultura do aluno
esteja presente durante as suas aulas.
ESCALAS
Para pensar nas escalas do movimento é preciso retomar as discussões feitas na Unidade
1, Seção 2, no capítulo movimento corporal e cinesfera. Lá, trouxemos as conceituações
cunhadas pelo pesquisador do movimento Rudolf Laban (1879-1958), que nos indicou
uma série de conceitos para pensarmos no corpo, nos segmentos corporais e nas
relações dele no espaço e no tempo.
Quando falamos de icosaedro, tratamos da figura geométrica que, quando relacionada
ao corpo em movimento, indica caminhos, sentido e planos, os quais o corpo alcança e
com os quais interage no espaço. Nesse sentido, Brasil (2011, p. 2) nos diz que:
Baseando-se nas ideias de Platão, quanto à perfeição das formas dos sólidos
geométricos, Laban organizou percursos a serem seguidos pelos movimentos do corpo,
explorando no espaço os elementos de poliedros platônicos imaginários. Seguindo esses
percursos, as chamadas escalas de movimento, baseadas nas escalas musicais, Laban
propunha que o indivíduo experimentasse com o corpo os princípios da harmonia
espacial.
Ao identificar a figura, perceba que cada face, aresta e vértice vai indicar, para
Laban: direções dimensionais, direções diagonais e direções diametrais. Brasil
(2011, p. 7) diz que “do centro da esfera de movimento, onde se encontra a interseção
das retas que marcam as três dimensões do espaço: largura, profundidade e altura.”
Quando o corpo se coloca em movimento contínuo com interação progressiva entre os
elementos dimensionais (largura, profundidade e altura) do espaço, vai se constituir
a escala dimensional. A partir da exploração dessas direções, seis ações corporais estão
associadas a elas:
1. Subir – alto.
2. Descer – baixo.
3. Cruzar – esquerda.
4. Abrir – direita.
5. Recuar – atrás.
6. Avançar – frente.
De outro modo, os movimentos que ocorrem nos pontos externos das diagonais internas
dessa figura vão ser denominadas direções diagonais, que são movimentos que podem
acontecer com o lado direito e esquerdo do corpo e que, se forem executados numa
sequência ordenada, formarão a escala diagonal (Brasil, 2011).
Já as direções que emergem do centro da figura para as arestas paralelas, no sentido do
ponto médio, vão indicar as direções diametrais. Delas, emergem o plano horizontal,
plano vertical e plano sagital.
A fim de fixarmos os conhecimentos, propomos a seguinte atividade prática: tratando
das escalas do movimento, vamos nos debruçar sobre a escala dimensional, no sentido
de explorar ações corporais que vão indicar essas 6 direções. Desse modo, cada aluno
deverá criar para si um movimento que indique: subir, descer, cruzar, abrir, recuar e
avançar; após esse momento de criação, cada aluno compartilhará seus movimentos
com a turma e, em seguida, irá se juntar em trio, em que, cada grupo, criará uma
sequência coreográfica com os movimentos indicados pelos colegas. Nessa sequência
ele deve passar, pelo menos, por 4 das e 6 direções – ações indicadas anteriormente.
SEQUÊNCIAS DE MOVIMENTOS
1. Em diagonal: saindo com a perna direita, dois passos avançando no espaço, chute para
frente com a perna direita, depois, com a esquerda (braços abertos ao lado); mais dois
passos (sempre saindo com a direita); passe com a perna direita e esquerda; mais dois
passos; por fim, um salto tesoura.
2. No centro da sala: giro para direita, joga os braços para direita; giro para a esquerda,
joga os braços para a esquerda; corrida para frente (4 passos); mais um salto afastado
no final.
ASSIMILE
Essas sequências são uma pequena demonstração das inúmeras possibilidades de
combinação de movimentos na dança. Como professor, você deve se aprofundar cada
vez mais nos diferentes tipos de movimentos e propor a melhor combinação de acordo
com os objetivos tencionados por você nas suas aulas.
VARIAÇÃO RÍTMICA
Logo, podemos dizer que a variação rítmica vai permitir que o aluno desenvolva as suas
habilidades rítmicas, físicas e motoras, cognitivas, além da expressividade própria para
a dança, Para De Lima (1998):
Para fixação desse conteúdo, propomos a seguinte atividade prática: explorar diferentes
ritmos. De maneira livre e improvisada, o professor propõe aos alunos a exploração de
diferentes ritmos musicais, com diferentes velocidades e pulsações, devendo os alunos
se moverem de acordo com esse ritmo. É necessário enfatizar que os alunos encontrem
as pulsações da música e se movimentam de acordo com a sua batida.
EXEMPLIFICANDO
O pot-pourri é um modo de executar várias músicas em uma única faixa, tocadas uma
após a outra, às vezes, sobrepostas e nem sempre tocadas por inteiro. Se deseja explorar
diferentes tipos de dinâmicas corporais com diferentes ritmos de músicas, procure esse
tipo de música nas plataformas digitais e apresente aos seus alunos.
Chegamos no final da nossa jornada e esperamos que agora você se sinta familiarizado e
pertencente à área da dança. Tenha em mente a necessidade de uma busca constante por
conhecimentos e atualizações e fique livre para propor os conteúdos a sua maneira. Foi
um prazer compartilhar esses momentos contigo. Boa Jornada!
REFERÊNCIAS
SEQUÊNCIAS DE MOVIMENTOS
Kaio César Celli Mota
AVANÇANDO NA PRÁTICA
JURADA DE DANÇA
Digamos que você foi convidado por um festival de dança para fazer parte da banca
avaliadora e avaliar a combinação de tipos de movimentos e diferentes sequências de
dança. Como você se sairia nessa situação?
RESOLUÇÃO
Partimos do pressuposto de que, após a leitura das regras do festival, você deve estar
atento ao número de sequências realizadas para além da correta execução dos passos. O
quesito expressividade, por exemplo, poderia ser examinado por outra avaliadora.