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Em 18/12/2018 o Respeitável Irmão Joseney Lirmann, iniciado na Loja Luz e Harmonia, 1.

567, GOB-PR, ao Oriente de


Telêmaco Borba, Pr., atualmente radicado em Portugal, exercendo seu ofício maçônico numa Loja Distrital Inglesa que se
reúne no Hotel Cidadela de Cascais, estando ele ligado também a vários Supremos Conselhos existentes na Península
Ibérica, apresenta uma questão pertinente a escrita de uma palavra utilizada pela Maçonaria:

BOOZ OU BOAZ?

Deparei-me com um estudo da palavra “Booz” ou “Boaz” e com este dilema peço sua opinião?

Não existem vogais no Hebraico e sim acentuações laterais, acima e abaixo da letra que irão definir... mas o grande estudo
era se tinha “o” ou “a” ...

Do nome “Boaz” ou “Booz”, eu sei da corruptela da tradução para o cristianismo e também conheço um pouco de hebreu e
as regras massoréticas - as vogais hebraicas são pontos acima, abaixo ou ao lado das consoantes.

Mas sempre gostei de seu ponto de vista e situações do REAA, foi ai que peço a sua opinião.

CONSIDERAÇÕES:

Respeitável Irmão Joseney, mesmo o Irmão conhecendo a questão das versões bíblicas, vou transcrever abaixo uma
resposta que eu dei no ano de 2013 a um Respeitável Irmão do Estado de Santa Catarina que me questionou a respeito.

Segue também o parecer do Respeitável Irmão Sérgio Kander mencionando essa mesma questão:

Minha resposta datada de abril de 2013:

“Muitos já escreveram a respeito da diferença de escrita da palavra. Alguns trabalhos dignos de


apreciação e outros repletos de opiniões pessoais sem qualquer contribuição para o tema.

A diferença da escrita se apresenta de acordo com as duas principais versões bíblicas – a


Septuaginta (Dos Setenta) e a Vulgata.

Septuaginta - Versão dos "Setenta" ou "Alexandrina" é provavelmente a principal versão grega por
sua antiguidade e autoridade. Sua redação deu-se a partir da Bíblia hebraica no período de 275 -
100 a. C., sendo usada pelos judeus de língua grega ao invés do texto hebreu.

O nome "Setenta" se deve ao fato de que a tradição judaica atribui sua tradução a 70 sábios judeus
helenistas, enquanto que "Alexandrina" por ter sido feita em Alexandria,

Em relação à questão, particularmente nessa versão bíblica a palavra tem a grafia de BOAZ.

Vulgata - No sentido em curso, Vulgata é a tradução para o latim da Bíblia, escrita entre fins do século IV início do século
V, por São Jerônimo por determinação do Papa Dâmaso I, que foi usada pela Igreja Cristã.

Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se, sobretudo da língua grega, passando após a tradução latina denominada
Vulgata a consolidar-se, sobretudo a partir da edição da Bíblia de 1532.

No tocante à questão, nessa versão a palavra é rotulada como BOOZ.

Ainda não menos importante citar é que por ocasião da Reforma Protestante que quebraria o monopólio latino da língua,
está à tradução da Bíblia por Martinho Lutero para a língua alemã. Nessa tradução, no tocante particular ao termo,
encontra-se a palavra BOAZ.

Na concepção protestante inglesa de tradução bíblica o termo BOOZ é desconhecido, senão identificado como BOAZ.

Outro aspecto para ser considerado é que o termo BOOZ é desconhecido no vernáculo hebraico, senão a palavra BOAZ.

Sob esse prisma a palavra correta deveria ser BOAZ, já que BOOZ é considerada uma corruptela da palavra apropriada
adquirida por equivoco de São Jerônimo por ocasião da tradução para a Vulgata. Em linhas gerais a conservação dessa
corruptela deu-se pela Igreja Católica alegando respeito ao tradutor bíblico (São Jerônimo) e resolveu manter a tradição
da Vulgata.

Em termos de Maçonaria é facilmente compreensível o uso dessa palavra dependendo da sua vertente. No Craft inglês e,
por conseguinte no Americano, dentre outros costumes anglo-saxônicos, a dita é tida como BOAZ, enquanto que na
vertente latina (francesa) da qual pertence o REAA∴, não na sua totalidade, porém na sua grande maioria, o termo é
compreendido como BOOZ, provavelmente influenciado pela Vulgata (latina por excelência).
A Maçonaria brasileira – filha espiritual da França – acabaria nos ritos de origem francesa por
adquirir o costume de uso da corruptela (BOOZ), tornando-se um elemento consuetudinário,
sobretudo no Rito Escocês Antigo e Aceito.

Dadas essas considerações, devido ao caráter de segredo do Grau imposto à palavra no Rito
Escocês na sua forma de transmitir, não existe oficialmente uma orientação para o uso da
palavra BOAZ ou da corruptela BOOZ no Grande Oriente do Brasil, senão o costume
consuetudinário do modo errado de se escrever ou se pronunciar a dita palavra.

Penso que a Maçonaria como investigadora da Verdade e dela fazendo parte o Grande Oriente
do Brasil, urge a necessidade de revisão sobre esses conceitos amparados por tradições
superadas. Se a palavra correta é BOAZ, que sentido teria o uso de uma corruptela?

Enquanto permanece o equívoco, sugiro que as Lojas pelo menos ministrem uma instrução
esclarecendo os fatos sobre o assunto, ao mesmo tempo em que remeto o Irmão a consultar
uma excelente Peça de Arquitetura intitulada “Discussões Bíblicas – BOOZ ou BOAZ” do respeitável Irmão Willian
Almeida de Carvalho (encontrada na Internet) que em minha opinião fecha o assunto, além de dar subsídios para
pesquisa sobre o tema” (a) Pedro Juk.

Comentário do Respeitável Irmão Sérgio Kander em junho de 2014:

“(...) acho que não se precisa nem de São Jeronimo, nem de Martin Luther (que não gostava de judeus) nem da Versão dos
Setenta (feita para judeus tão helenizados que não sabiam mais ler hebraico). Peguem qualquer judeu que se preze (ou um
que não se preza como eu) e vamos ao texto hebraico do Livro de Ruth. Está lá: Letra Beit (é o som do Bê, mais o sinal
vocálico do som do Ó (é um pontinho), mais a letra Áiin com o sinal vocálico de A mais a letra Záin que sempre tem som
de Zê. Resultado: BOAZ” (a) Sérgio Kander.

Assim, o meu ponto de vista é o de que, independente do Rito, a escrita correta da palavra é BOAZ. Entendo que assim
deveria ser também no REAA.

T.F.A.
PEDRO JUK

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