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M Ó D U L O I

INTRODUÇÃO

A matéria Introdução Bíblica é a porta de acesso a esse nível de lei-


tura bíblica. Como matéria introdutória, prepara o estudante para o
aprofundamento dos temas que aborda em matérias especificas tais
como Antigo Testamento, e Novo Testamento, Hermenêutica Bíblica,
entre outras. Como porta de entrada para o início dos estudos bíbli-
cos no Seminário, a disciplina requer do estudante um espírito aberto
aos novos conhecimentos e novas possibilidades talvez nunca dantes
imaginadas. Cada capítulo estudado suscita no estudante o desejo de
conhecer tudo num curto espaço de tempo, o que é difícil e impro-
dutivo, tornando-se muitas vezes uma barreira ao desenvolvimento
acadêmico. Isso vem revelar o ecletismo da disciplina uma vez que
fornece uma visão panorâmica da Bíblia.
1.1 - O NOME “BÍBLIA” e sacrifícios). Os profetas perceberam esse
desvio bem cedo. Desde então, já anuncia-
Vem do latim “Biblia” o qual por vam o “novo“ (Is. 43; 18-19; Jr. 31:31-33).
sua vez, vem do grego BIBLOS. Já em épocas Essa concepção de “NOVO TESTAMENTO” foi
anteriores a Cristo os judeus empregavam a compreendida pelos cristãos como realizada
expressão ”Os Livros“ para descrever a cole- plenamente na vida e morte de Jesus (Mt. 26:
ção de seus escritos. Nos evangelhos existem 28; I Co.11:25). A partir de Paulo percebe-se
expressões que ”caracterizam uma concep- Moisés e seus escritos como “antiga aliança”
ção fragmentária e por blocos, oriunda do (II Co.3:12- 15) ou como “primeira aliança”
judaísmo da época de Jesus. Alguns exemplos (Hb.8:7-13; 9:15).
são: “Lei e Profetas” (Mt.7:12); “Lei Profetas A separação para fins didáticos só
e Salmos” (Lc. 24:44); “Escrituras” (Jo.5:39); aparece a partir do momento em que o cânon
“Escrituras” (II Tm.3:16); “Sagradas Letras” (II do Novo Testamento ganha forma semelhante
Tm.3:15); outra expressões foram utilizadas a que temos hoje (a partir do Sec.V).
pelos pais apostólicos: “Escritura Divina, Di-
vina Biblioteca, Letras do Senhor, Código Di- 1.3 - DIVISÃO EM UNIDADES,
vino”. Na Igreja grega, a partir do Sec.V, com CAPÍTULOS E VERSÍCULOS.
João Crisóstomo, a expressão TA BIBLIA come-
ça a figurar como título do conjunto de todos
A leitura bíblica na sinagoga já exigia
os sessenta e seis livros, uma vez que até en-
uma divisão do texto em passagens maiores
tão o conceito de livros inspirados e sagrados
e menores, uma vez que o texto era contínuo
era destinado aos escritos vetero-testamentá-
e o acesso a sua leitura era restrito àqueles
rios. O título foi aceito pelos teólogos do início
que conheciam o hebraico (escribas, em sua
da Idade Média sob a forma do plural neutro
maioria), língua que no tempo de Jesus não
“BÍBLIA”, título esse que permanece até hoje.
era falada pelo povo comum. A divisão atual
da Bíblia em capítulos e em versículos é bem
1.2 - DIVISÃO EM TESTAMENTOS: recente e originou-se a partir do trabalho dos
ANTIGO E NOVO seguintes indivíduos:

A religião de Israel baseava-se num a) CAPÍTULOS – Estevão Langton (1220


pacto entre YHWH e seu povo. Por sua pro- d.C.), professor em Paris e depois arce-
messa, YHWH estabeleceu o pacto (testamen- bispo em Cantuária. Morreu em 1228.
to, concerto, aliança) e coube ao povo cumprir
os mandamentos divinos (Ex. 34:10,11). O si- b) VERSÍCULOS – Robert Estienne (tam-
nal desse ajuste era a circuncisão. Na verdade, bém chamado Robertus Stephanus),
os textos sacerdotais sempre apresentam um tipógrafo parisiense, que empregou
Deus que se apresenta ao homem através de essa divisão pela primeira vez em sua
pactos . edição da Vulgata de 1555 (Sec. XVI).
Na criação, Gn. 2; Em Noé, Gn. 9;
Em Abraão, Gn. 12; e em Gn. 17; Em Moisés, Embora nem sempre concorde com
Ex, 19). Com o passar do tempo, a religião de o conteúdo dos parágrafos, a divisão em capí-
Israel tornou-se incapaz em observar correta- tulos e versículos é de utilidade incontestada
mente as condições do pacto, ou melhor, na pois a partir dela a leitura do texto se torna
medida em que se desviou do direito trans- mais popularizada pois dessa forma se torna-
mitido aos antigos, desobedecendo a YHWH va possível localizar textos. Com o decorrer
e tornando a religião num ritualismo cego dos trabalhos de tradução e revisão do texto
manifestado por práticas exteriores (liturgias bíblico foram sendo colocados sobre partes de
textos alguns títulos com o objetivo de desig- >> Engessamento de estruturas, coisa bastan-
nar as unidades de texto. Atualmente percebe- te comum ao ser humano que sempre acredi-
-se que nem sempre esses títulos (geralmente ta que as coisas devem ser sempre “daquele
em negrito) conseguem encerrar todo o sen- jeito” (tendência ao fatalismo).
tido daquela porção e, algumas vezes, podem >> Razões teológicas (comparar a tradução
corromper teologicamente o texto original do Sl.116:15 nas traduções de Almeida, NVI,
(exemplo: o título em Gn. 18 e em At.6; obser- NTLH e Bíblia Viva). Resultado: tendência à
var também a divisão que versões diferentes cristianização do AT.
fazem de Ef.5:21 ou 22). Apesar disso não se >> Má interpretação do texto de Apocalipse
pode menosprezar o seu valor, pois têm sido 22:18-19.
de grande valia para a leitura do leigo. >> Tendência de atribuição da propriedade de
inspiração (próprio do original) à determinada
1.4 - TRADUÇÕES OU VERSÕES tradução. Assim, algumas traduções assumi-
ram caráter de santidade, tais como a Vulgata
DA BÍBLIA
Latina e a chamada “King James” (Inglaterra),
culminando na proibição, por parte da Igreja
Com a dispersão dos judeus após
oficial, da iniciativa de outras traduções para
o evento do exílio babilônico, a expansão do
línguas não autorizadas ou não “santas”.
cristianismo e, conseqüentemente, a necessi-
Tudo isso nos leva ao pensamento
dade de transportar o “texto original” para no-
de que em essência as traduções são também
vos códigos de linguagem e, conseguir nas no-
versões, ou seja, muitas vezes podem estar
vas línguas, palavras que encerrem o sentido
servindo a interesses teológicos ou políticos e
dos termos primários, teve inicio a produção
ainda, no lado positivo, representam o esforço
de traduções da Bíblia. O processo é dinâmico.
de uma procura constante de atualização da
Deve-se provavelmente aos seguintes fatores:
Palavra de Deus com a busca de fidelidade ao
texto original. Isso pode significar que dois ou
• Mudanças de termos a cada
mais tradutores podem usar termos diferen-
geração.
tes numa mesma época de acordo com a per-
• Ajustes textuais à antropologia e à
cepção lingüística. Veremos a seguir algumas
cultura de povos evangelizados.
das mais importantes traduções ou versões
• O encontro de manuscritos bíblicos
bíblicas existentes.
mais antigos e, portanto, mais próxi-
mos dos originais.
• A descoberta de textos extra-bíblicos 1.4.1 - VERSÕES ANTIGAS
ajuda no esclarecimento dos “Hapax-
-Legômena”, apelido para os termos 1.4.1.1 – LXX (SEPTUAGINTA ou VERSÃO DOS
que só aparecem uma única vez no he- SETENTA) – Representa a primeira tradução
braico e que recebem sinalizações (um de um texto bíblico, a saber, a tradução do
lâmed) do escriba no corpo do texto. Antigo Testamento do hebraico para o grego
feita em Alexandria, no Egito, por volta de 280
Ora, se a língua sofre contínuas mu- a.C. Segundo a carta de Aristeu (Aristéia) essa
danças, as traduções e suas revisões também tradução foi feita sob solicitação do Rei Ptolo-
devem acompanhar esse ritmo, na meta de meu II Philadelphus ao sumo sacerdote Elea-
trazer de forma mais atualizada possível o que zar. Ptolomeu II pretendia atender aos judeus
o texto primitivo queria dizer. Entretanto, essa de fala grega que não conheciam o hebraico
tarefa não é tão simples assim. Geralmente as ou, segundo uma idéia muito forte, visava o
novas traduções geram rejeições. Algumas ra- engrandecimento da biblioteca de Alexandria.
zões para a não aceitação dessas novas tradu- Eleazar teria resistido em princípio, mas de-
ções são: pois enviou seis escribas de cada tribo israelita
uma revisão do Novo Testamento. Ao termi-
(6 x 12 = 72). Por isso, o nome é uma referên-
nar essa primeira parte, Jerônimo trabalhou
cia aos “setenta e dois” sábios judeus que, de
na tradução do Antigo Testamento para o la-
acordo com Aristeu, realizaram, cada um, tra-
tim com base no texto da Septuaginta. O tra-
duções independentes, durante setenta e dois
balho se estendeu de 391 a 405 d.C. Em 1952,
dias, combinando-as no final. Além de ter sido
foi feita uma revisão melhorada, a qual tem
utilizada pelo Apóstolo Paulo, a LXX tornou-se
sido a base da bíblia católica até hoje. Durante
base para a maioria das traduções bíblicas que
séculos a Igreja considerou a Vulgata intocável
surgiria a partir de então.
a ponto de não permitir qualquer outra tradu-
1.4.1.2 – TARGUNS (Targumim) – Em con-
ção que não fosse na Vulgata Latina, uma ver-
seqüência da diminuição do conhecimento da
são “sagrada”. Apesar desse cuidado da Igreja,
língua hebraica entre o povo a partir do perío-
o trabalho original continha muitos erros. Um
do persa (Séc. VI a.C.), surgiu a necessidade de
dos mais famosos, caracterizado pela troca de
uma tradução do texto bíblico lido na sinagoga
“Qaran” (brilhar) por “Qeren” (chifre) no tex-
para o dialeto aramaico da região. No come-
to de Ex. 34:29-31, chegou mesmo a inspirar
ço, a tradução era puramente oral, a cargo do
obras de arte no final da Idade Média.
leitor da comunidade, sob a característica de
paráfrase. Só pelo fim do primeiro século da
era cristã é que os targuns receberam forma 1.4.2 - TRADUÇÕES PARA O
escrita. INGLÊS
1.4.1.3 – PESHITTA – Significa “simples” –
Tradução do Antigo Testamento do hebraico 1.4.2.1 – JOHN WYCLIFF (1330 – 1384) -
para o siríaco, ou seja, o dialeto aramaico fa- Desde o Séc. VIII, algumas traduções parciais
lado na Síria, feita nos séculos II e III da era estavam sendo feitas para o inglês antigo. Um
cristã. Mais tarde quando os livros do Novo abade de Malmesbury cujo nome era Aldhelm,
Testamento foram agregados ao cânon siríaco, traduziu, nesta mesma época o Livro dos Sal-
não foram inclusos na Peshitta os livros de II mos. Entretanto a primeira Bíblia completa
Pd., II e III Jo., Jd e Apocalipse. As razões serão em inglês foi obra de um teólogo humanista
estudadas na unidade própria sobre o Cânon. de Oxford chamado John Wycliff (no ano de
1.4.1.4 – GÓTICA – Por volta do Séc.IV d.C 1380) cuja tradução foi feita a partir do texto
os bárbaros (nórdicos ou germânicos) vindos da Vulgata Latina. Depois de muitas persegui-
do norte fizeram incursões no império roma- ções, morreu enfermo e, em 1415, seus ossos
no. A família de Ulfilas foi levada como escra- foram desenterrados e queimados por ordem
va. Vivendo entre os godos, Ulfilas tornou-se eclesiástica. Uma das maiores características
um missionário cristão. Sentindo a necessi- do trabalho de Wycliff foi a organização dos lo-
dade de traduzir a Bíblia para os bárbaros largos, grupos de leigos que visitavam aldeias
que não possuíam linguagem escrita, Ulfilas levando a Palavra de Deus em inglês oralmen-
inventou a escrita gótica. Um detalhe dessa te.
tradução é que não possuía os livros dos reis 1.4.2.2 – WILLIAM TYNDALE - Em 1526, uma
de Israel, provavelmente por causa do grande outra tradução, fruto do trabalho de William
número de guerras. Tyndale, outro teólogo de Oxford, foi intro-
1.4.1.5 – VULGATA – Por volta do final do duzida às ocultas na Inglaterra em virtude de
Séc. IV d.C. havia uma boa quantidade de tra- ter sido feita diretamente dos originais e não
duções bíblicas para o latim (Vetus Latina). da Vulgata (texto autorizado pela Igreja). Por
Esses textos existiam desde o Sec.II d.C e ge- conta disso, Tyndale foi perseguido e em maio
ralmente criavam muita confusão em virtude de 1535 foi preso de levado para Bruxelas. 1
de conterem muitas divergências entre si. Por ano depois, em 06/10/1536 foi enforcado e
isso, o bispo de Roma Damasus I solicitou a um queimado. Antes de morrer Tyndale orou: “Ó
erudito chamado Jerônimo para que fizesse Deus, abre os olhos do Rei da Inglaterra!”
1.4.2.3 - BÍBLIA DE GENEBRA – Uma das pri-
meiras a ser feita no formato de um só volu- 1.4.3 - TRADUÇÕES PARA A
me, representa o esforço de tradução do NT LÍNGUA ALEMÃ
(1557) e do AT (1560) para os ingleses que
migraram para a Suíça. Outra peculiaridade é 1.4.3.1 – LUTERO – Na época de Lutero já
que esta foi a primeira bíblia em inglês com existiam aproximadamente 18 traduções da
divisão em versículos. Possuía notas textuais Bíblia para o alemão clássico, língua que o
com forte tendência para o calvinismo. Foi a povo não podia entender. Lutero, enquanto
tradução lida por Shakspeare e John Buyann. estava no claustro, começou uma tradução
1.4.2.4 – KING JAMES (Rei Tiago) – Entre- para o alemão falado pelo povo. Traduziu o
tanto, a versão mais famosa foi a chamada Novo Testamento em 1522 e a Bíblia completa
“King James”, autorizada em 1604 pelo rei em 1534. Uma observação interessante é que
da Inglaterra para revisar as traduções ingle- a tradução de Lutero continha os apócrifos.
sas existentes. O trabalho foi realizado por 50
eruditos e concluído em 1611. Essa tradução 1.4.4 - TRADUÇÕES PARA A
continha notas textuais para combater o cal-
vinismo da Bíblia de Genebra. A versão é tida
LÍNGUA ESPANHOLA
como um tesouro da língua inglesa por causa
1.4.4.1 – BÍBLIA DEL OSO – Possuía o nome
da beleza e graça de sua tradução. Os termos
“Oso” (Urso) por causa da logomarca da edi-
de tratamento para Deus são preferencial-
tora constante nesta bíblia. Também conheci-
mente termos majestosos. Fato importante é
da por REYNA Y VALERA, nomes do seu autor
que a “King James” foi e ainda é tratada como
(Reyna, 1569) e revisor (Valera, 1602). Conti-
inspirada, tal qual a Vulgata.
nha os Apócrifos. Outras revisões foram fei-
1.4.2.5 - GOOD NEWS BIBLE (Today’s En-
tas em 1909, 1960 e 1995. O objetivo dessa
glish Version) – Obra de do Dr. Roberto Brat-
tradução foi a evangelização do povo de fala
cher, filho de missionários batistas americanos
espanhola.
no Brasil, representa o esforço de tradução da
1.4.4.2 – DIOS HABLA HOY – Tradução em
Bíblia num inglês mais coloquial. O Novo Tes-
espanhol coloquial. O Novo Testamento (pu-
tamento foi traduzido em 1966, mas a Bíblia
blicado sob o título “Dios llega al hombre”)
completa só saiu em 1976. Vale à pena regis-
ficou pronto em 1966. A Bíblia completa
tras duas traduções anteriores à do Dr.Brat-
(D.H.H.) ficou pronta em 1979.
cher: An American Translation (Goodspeed
em 1935) e a The New Testament in Modern
English (Philips em 1958). 1.4.5 - VERSÕES PARA A LÍNGUA
1.4.2.6 - NEW ENGLISH BIBLE – Traduzida PORTUGUESA
pelo teólogo C. H. Dood em 1970 e revisada
em 1989 (Revised English Bible). As primeiras tentativas de
1.4.2.7 - NEW INTERNATIONAL VERSION apresentação da Bíblia em português
(N.I.V.) – Concluída em 1978 nos Estados Uni- são traduções parciais de pequenas
dos, constituiu-se numa tradução mais livre, porções textuais e de alguns livros do
às vezes servindo-se de paráfrases, às vezes, Novo Testamento. Em 1320 durante o
literal. reinado de D. Diniz, os monges de Al-
1.4.2.8 - CONTEMPORARY ENGLISH VER- cobaça publicaram os Atos dos Após-
SION (C.E.V.) – O Novo Testamento ficou con- tolos. No Séc. XV durante o reinado de
cluído em 1991 e a Bíblia completa em 1995, D. João I (1385-1433), foram traduzidos
nos Estados Unidos. Possui leitura bastante os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e
fácil para a juventude, principalmente para as Cartas Paulinas. Veremos a seguir as
a leitura pública, agradando a audiência por principais obras completas para a lín-
causa do tipo de inglês que utiliza. gua portuguesa.
1.4.5.1 – TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA ginais hebraicos, tornando difícil a compreen-
DE ALMEIDA – A primeira tradução completa são e pronúncia dos mesmos. A SBB trabalha
da Bíblia para a língua portuguesa é resulta- uma revisão desse texto.
do do trabalho de um pastor português pro- 1.4.5.4 – TRADUÇÃO DE MATOS SOARES –
testante, chamado João Ferreira de Almeida. É uma tradução da Vulgata Latina editada em
Nascido em Portugal em 1628, tornou-se Portugal em 1932 pelo Pe. Manuel de Matos
pastor em 1645. Foi enviado como missioná- Soares e reproduzida no Brasil. Em 1975 as
rio entre os povos de fala portuguesa na In- Edições Paulinas fizeram uma edição corrigida.
donésia. Em 1681 concluiu a primeira edição 1.4.5.5 – LIGA DE ESTUDOS BÍBLICOS (LEB)
do Novo Testamento. Morreu em 1691, tendo – Primeira versão católica em português feita
traduzido o Antigo Testamento até o Capítulo diretamente dos textos originais, elaborada
48 de Ezequiel. A partir daí, discípulos seus, por uma equipe de professores e teólogos ca-
missionários da Liga Holandesa de Missões, tólicos. O trabalho teve início em 1953 e foi
se encarregaram de completar a obra, a qual concluído em 1968, publicado em 8 volumes.
foi concluída entre 1748 e 1753 na Batávia, 1.4.5.6 – BÍBLIA DE JERUSALÉM – No final
atual Ilha de Java (Indonésia). Essa tradução da década de 50, a Escola Bíblica de Jerusa-
não continha os livros Apócrifos. A partir daí lém, localizada na França, publicou uma obra
muitas revisões têm sido feitas ao texto ori- criteriosa baseada nos melhores manuscritos
ginal de Almeida em virtude do dinamismo hebraicos e gregos. Em 1973 no Brasil, teve
que permeia o desenvolvimento da língua. início trabalho de tradução a partir desse texto
Em 1898 foi feita uma tradução revisão revi- francês.
sada e corrigida (R.C.) na qual foi incluída em
Ap.22:14 a expressão “no sangue do cordeiro”
para harmonizar com Ap.7:14. Depois surgi- TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA
ram as mais significativas revisões de Almeida:
a R.A (Revista e Atualizada), em 1959, tirava os A primeira tradução completa da
lusitanismos da R.C. de 1898, adotando os no- Bíblia para a língua portuguesa é resul-
vos textos originais disponíveis, fruto de des- tado do trabalho de um pastor portu-
cobertas arqueológicas. Mais tarde, em 1995, guês protestante, chamado João Fer-
uma outra revisão corrigida (R.C.) foi feita, reira de Almeida. Nascido em Portugal
tirando algumas expressões difíceis de serem em 1628, tornou-se pastor em 1645.
lidas em público. Por exemplo, a substituição, Foi enviado como missionário
em At.28:5 do termo “bicha” por “cobra”. entre os povos de fala portuguesa na
1.4.5.2 – TRADUÇÃO DE ANTÔNIO FERREI- Indonésia. Em 1681 concluiu a primeira
RA DE FIGUEIREDO – É obra do padre portu- edição do Novo Testamento. Morreu
guês de mesmo nome o qual traduziu a Bíblia em 1691, tendo traduzido o Antigo Tes-
tomando como base a Vulgata. A primeira tamento até o Capítulo 48 de Ezequiel.
tradução culminou na publicação do Novo A partir daí, discípulos seus, mis-
Testamento em 1778. O Antigo Testamento foi sionários da Liga Holandesa de Mis-
concluído em 1821. Continha os “Apócrifos“. sões, se encarregaram de completar a
O fato curioso é que numa nova edição pre- obra, a qual foi concluída entre 1748 e
parada por Bagster (editor inglês de Bíblias) 1753 na Batávia, atual Ilha de Java (In-
em 1828 foram eliminados os “Apócrifos”. Em donésia).
1842 a rainha de Portugal, D. Maria II, aprovou Essa tradução não continha os li-
o trabalho de Bagster. vros Apócrifos. A partir daí muitas revi-
1.4.5.3 – TRADUÇÃO BRASILEIRA – Feita sões têm sido feitas ao texto original de
em 1917 por Rui Barbosa. Caiu rapidamente Almeida em virtude do dinamismo que
em desuso, talvez porque os nomes próprios permeia o desenvolvimento da língua.
estavam transliterados mais próximos dos ori-
CONCLUSÃO
A bíblia, apesar de ter variás versões, não perde o
seu valor histórico ou teólogico.
Ela continua sendo um best seller apreciado por
diferentes linguas e nações.

Continue utilizando ela como objeto de estudo.


Além de um manual de sobreviência nessa, tão
decaída, terra.

Que sejamos sempre praticantes dessa palavra e


não somente ouvintes
M Ó D U L O I I

O CÂNON DAS
ESCRITURAS

O termo “Cânon” provém da palavra grega “Kanõn”, que significa


“vara reta de medir” (Ez 40.5). No mundo grego, cânon veio a sig-
nificar “Norma; regra; norma para julgar e avaliar todas as coisas”.
Os cristãos começaram a empregar o termo de modo teológico para
designar os escritos que tinham cumprido os requisitos para serem
considerados “Escrituras Sagradas”. Os livros canônicos, pois, são
considerados a revelação autorizada e infalível da parte de Deus que
compõem as Sagradas Escrituras.

A tradição sugere que, em grande medida, Esdras foi o responsável


pela reunião dos escritos sagrados dos judeus num cânon oficial-
mente reconhecido. No entanto, o reconhecimento do cânon do An-
tigo Testamento usualmente se deu num suposto Concílio de Jâmnia,
entre 90 e 100 d.C.
O Cânon do Novo Testamento que ETAPA DE TRANSMISSÃO ORAL
hoje possuímos, foi oficialmente reconhecido
pelo Terceiro Concílio de Cártago, em 397 d.C., Essa fase precede a escritura do
e pela igreja Oriental até 500 d. C. livro. O conteúdo futuro do livro circula de
Estabelecer o Cânon da Bíblia não maneira oral através de formas fixas de trans-
foi, porém, decisão dos escritores, nem dos missão. Era forma comum aos povos orientais.
líderes religiosos, nem de um concílio eclesi- Muitas leis circularam primeiramente na for-
ástico. Pelo contrário: o processo da aceitação ma oral. Os evangelhos representam a reda-
desses livros como Escritura, deu-se median- ção da pregação dos apóstolos sobre Jesus e
te a influência providencial do Espírito Santo a escritura dos mesmos ocorre a partir de 30
sobre o povo de Deus. A Igreja não resolveu anos depois da morte de Jesus. Realizar a lei-
quais livros deveriam estar no Cânon Sagra- tura dos seguintes textos: Dt. 6:6-7 e Lc. 1:1-4.
do, mas limitou- se a confirmar aqueles que o
povo de Deus já reconhecia como a Sua Pala-
vra. Fica claro que a Igreja não era autoridade;
ETAPA DE TRANSMISSÃO ORAL
mas percebia a autoridade na Palavra inspira-
da. No entanto, vários critérios ou princípios Essa fase precede a escritura do
orientadores tem sido sugeridos para os escri- livro. O conteúdo futuro do livro circula de
tos canônicos, a saber: maneira oral através de formas fixas de trans-
missão. Era forma comum aos povos orientais.
Muitas leis circularam primeiramente na for-
- Apostolicidade ma oral. Os evangelhos representam a reda-
- Universalidade ção da pregação dos apóstolos sobre Jesus e
- O uso na Igreja a escritura dos mesmos ocorre a partir de 30
- A capacidade de sobrevivência anos depois da morte de Jesus. Realizar a lei-
- A Autoridade tura dos seguintes textos: Dt. 6:6-7 e Lc. 1:1-4.
- A Antiguidade
- O Conteúdo ETAPAS DE ESCRITURA
- A Auroria
- A Autenticidade Nessa fase todas as tradições e pre-
gações são colocadas na forma de escritura,
regidas por motivos, razões ou objetivos. Du-
O cânon bíblico está fechado. A re- rante o desenrolar dessa unidade serão dis-
velação infalível que Deus fez de si mesmo já cutidas essas motivações tanto para o Antigo
foi registrada. quanto para o Novo Testamento.
Hoje, Ele continua falando através
de Sua Palavra. São 66 livros canônicos, 39 no ETAPAS DE CANONIZAÇÃO
Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento.
Os nomes canônicos comuns do Livro Sagra- Nesse período ocorre o conheci-
do são: Escrituras Sagradas ou Escrituras (Mt mento e o reconhecimento da escritura como
21.42; Rm 1.2). literatura autorizada. A fase começa antes
mesmo dos concílios eclesiásticos, revelando
ETAPAS DE FORMAÇÃO DOS a força da comunidade no processo de sele-
LIVROS BÍBLICOS ção. Um bom exemplo é a coleção das car-
tas de Paulo que se encontrava sedimentada
Em geral, os livros bíblicos passam quando Marcião divulgou uma das primeiras
por três etapas desde a sua origem até o reco- listas de livros reconhecidos na segunda me-
nhecimento como escritura sagrada. tade do Séc. II (conforme seu entendimento).

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