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Estudo Panorâmico em Juízes

1. Introdução

Por volta do fim da vida de Josué, o poder dos cananeus foi quebrado, mas eles ainda estavam
presentes na terra. O povo de Israel precisava concluir seu trabalho, limpando Canaã de seu
povo e religião ímpios. Mas a vida de Israel, sem um líder evidente para uni-los, fragmentou-se
e deteriorou-se nos trezentos anos seguintes. Eles esqueceram seu Deus, mas Deus não os
esqueceu.
A história do Livro de Juízes se passa no período que vai desde a conquista da terra de Canaã
até o começo da monarquia em Israel, um período de mais ou menos cento e oitenta anos (de
1.210 a.C. até 1.030 a.C.).
O nome do livro deriva das pessoas, os “juízes”, que Deus levantava periodicamente para
conduzir e libertar os israelitas, após se desviarem para a apostasia e caírem vítimas da
opressão de nações vizinhas estrangeiras. Os juízes (treze deles são mencionados neste livro)
vieram de várias tribos e funcionavam como chefes militares e magistrados civis. Muitos se
limitavam à sua própria tribo quanto à esfera de influência, ao passo que alguns serviam a toda
a nação de Israel. Samuel, geralmente considerado o último dos juízes e o primeiro dos
profetas, não é mencionado neste livro.

2. Autor, data e destinatário

O Livro de Juízes não revela especificamente o nome do seu autor. A tradição é que o profeta
Samuel foi o autor de Juízes. Evidência interna indica que o autor viveu logo após o período
dos juízes. Samuel se encaixa nessa qualificação.
O destinatário deste livro novamente é o povo de Israel, em crise de liderança.
O livro de Juízes foi provavelmente escrito entre 1045 e 1000 aC.

3. Versículos Chaves

Juízes 2.10 “Depois que toda aquela geração foi reunida a seus antepassados, surgiu uma nova
geração que não conhecia o Senhor e o que ele havia feito por Israel”.

Juízes 2.16-19 “ Então o Senhor levantou juízes, que os libertaram das mãos daqueles que os
atacavam. Mesmo assim eles não quiseram ouvir os juízes, antes se prostituíram com outros
deuses e os adoraram. Ao contrário dos seus antepassados, logo se desviaram do caminho
pelo qual os seus antepassados tinham andado, o caminho da obediência aos mandamentos
do Senhor. Sempre que o Senhor lhes levantava um juiz, ele estava com o juiz e os salvava das
mãos de seus inimigos enquanto o juiz vivia; pois o Senhor tinha misericórdia por causa dos
gemidos deles diante daqueles que os oprimiam e os afligiam. Mas, quando o juiz morria, o
povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados, seguindo
outros deuses, prestando-lhes culto e adorando-os. Recusavam-se a abandonar suas práticas e
seu caminho obstinado.

Juízes 5:3 "Ouçam, ó reis! Governantes, escutem! Cantarei ao Senhor, cantarei; comporei
músicas ao Senhor, ao Deus de Israel”.

Juízes 17:6 “Naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo”.

4. Panorama

O livro de Juízes é o principal elo histórico entre Josué e o período dos reis de Israel. O período
dos juízes vai de 1375 a 1050 a.C., aproximadamente. Nesse tempo, Israel era uma
confederação de tribos. Deus ajudara os hebreus a conquistar Canaã, que fora habitada por
vários povos ímpios. Mas os israelitas estavam diante do grande perigo de perder esta Terra
Prometida, porque Comprometeram suas convicções e desobedeceram a Deus.

5. Propósito

Historicamente, Juízes fornece o relato principal da história de Israel na terra prometida, da


morte de Josué aos tempos de Samuel. Teologicamente, revela o declínio espiritual e moral
das tribos, após se estabelecerem na terra prometida. Esse registro deixa claro os infortúnios
que sempre ocorriam a Israel quando ele se esquecia do seu concerto com o Senhor e escolhia
a senda da idolatria e da devassidão.
Juízes mostra que o julgamento de Deus contra a transgressão é real e que seu perdão pelo
pecado e a restauração do relacionamento são certos para os que se arrependem.

6. Esboços

a. Breve Esboço com base nas exortações

I. O período depois de Josué (Caps. 1 a 3:4).


II. As Apostasias, cativeiros e libertações de Israel (Caps. 3:5 a 16).
III. A anarquia de Israel (Caps. 17- 21).

b. Esboço geral.

A. A FALHA MILITAR DE ISRAEL (I— 3.6)


1. A conquista incompleta da terra
2. Desobediência e derrota

B. O RESGATE DE ISRAEL PELOS JUÍZES (3.7— 16.31)


1. Primeiro período: Otniel
2. Segundo período: Eude e Sangar
3. Terceiro período: Débora e Baraque.
4. Quarto período: Gideão, Tola e Jair
5. Quinto período: Jefté, Ibsã, Elom e Abdom
6. Sexto período: Sansão

C. O FRACASSO MORAL DE ISRAEL (17.1 21.25)


1. A idolatria na tribo de Dã
2. Guerra contra a tribo de Benjamim

7. Conteúdo

7.1. A FALHA MILITAR DE ISRAEL (1— 3.6)


As tribos assumiram um compromisso com Deus para acabarem com os habitantes da
terra.
Aplicação: A incompleta remoção do mal costuma significar um desastre no final.
Precisamos estar atentos para não nos comprometermos com o pecado.

7.2. O RESGATE DE ISRAEL PELOS JUÍZES (3.7— 16.31)


Repetidamente vemos a nação de Israel pecar contra Deus, e isto permite que o
sofrimento venha sobre a terra e às pessoas. A transgressão sempre tem suas
consequências. Onde há o pecado podemos esperar o castigo.
Aplicação: Em vez de vivermos em um interminável ciclo de abandono a Deus, e então
clamarmos por misericórdia, devemos ter uma vida de fidelidade.

7.3. O FRACASSO MORAL DE ISRAEL (17.1 21.25)


A despeito dos esforços dos juízes de Israel, as pessoas não se voltaram para Deus de
todo o coração. Todos faziam o que achavam ser o melhor para si. O resultado foi o
declínio espiritual, moral e político da nação.
Aplicação: Nossa vida também declinará a menos que vivamos segundo as instruções
que Deus tem nos dados.

8. Mensagem

8.1. Localizando a cena

O livro de Juízes começa mostrando que a conquista não estava concluída (1.1— 2.5) e que os
israelitas começavam a aceitar o estilo de vida dos cananeus, em vez de destruí-lo (2.6-13).
Deus, porém, não os abandonou: primeiro, disciplinou-os com ataques dos inimigos (2.14,15)
e, depois, libertou-os quando clamaram por Ele (2.16). O Senhor fez isso por intermédio de
“juízes” (2.16). O Espírito ungiu líderes cuja tarefa era julgar os inimigos de Deus subjugando-
os. O povo, todavia, sempre voltava aos caminhos ímpios (2.6-23), e esse ciclo de
desobediência, angústia e libertação continuou ao longo de trezentos anos.

8.2. A história dos doze juízes

O autor do livro fala dos doze juízes, de Otniel (1367-1327 a.C.) a Sansão (1075-1055 a.C.). Ele
elaborou sua história com muito cuidado, selecionando os juízes sobre os quais escreveu. Bem
no cerne da história, há dois relatos contrastantes: Gideão, que não queria ser rei (6.1— 8.35),
e Abimeleque, seu filho, que queria (9 .1-57). Do outro lado, vem Débora (4.1— 5.31), do
oeste, e Jefté (10.6— 12.7), do leste, e nenhum dos dois era muito benquisto em sua cultura; a
primeira por ser mulher, e o segundo por ser filho de uma prostituta. E assim, de cada lado
dessas histórias, temos dois lobos solitários: Eúde, do sul (tribo de Benjamim ), e Sansão, do
norte (tribo de Dã). O ponto que o autor está apresentando é que, em todo o Israel, a nação se
desviou, caindo em franca decadência espiritual. Mas embora Israel tenha abandonado a
Deus, Ele não abandonou Israel.

8.3. O declínio espiritual e social

Os capítulos 17— 21 mostram o quanto a vida tinha ficado ruim. Mica instituiu um santuário
idólatra e um sacerdote não oficial (17.1-12), e os danitas roubaram ambos, os ídolos e o
sacerdote (18.1-31). Um grupo de homossexuais exigiu fazer sexo com um visitante levita
(19.16-22) e acabou por estuprar e matar a mulher que estava com ele (19.23-29), levando a
uma guerra civil entre o povo de Deus (20.1—21.24). O versículo de encerramento resume as
trevas da época: “Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia
reto aos seus olhos” (21.25).

9. Conclusão

O tema central do livro de Juízes, que constitui a maior parte do livro (Jz 3.7 – 16.31) é sobre a
apostasia do povo, adoração a ídolos, arrependimento e a volta por vezes, a verdadeira
adoração a Deus. Por causa dos pecados do povo, as derrotas e a escravidão foram marcantes
nas vidas dos israelitas. Deus permitia que isso acontecesse com o objetivo de trazê-los de
volta a Sua presença. Os sofrimentos da escravidão produziram arrependimento levando a
retornar por vezes, a adoração a Deus. Então, por piedade, Deus providenciava a libertação
através de um Juiz ou libertador que quebrava o jugo da escravidão.

A desobediência sempre traz julgamento. Os israelitas apresentam um perfeito exemplo do


que não devemos fazer. Em vez de aprender com essa experiência de que Deus sempre vai
punir a rebelião contra Ele, eles continuaram a desobedecer e sofrer com o desgosto e a
disciplina de Deus. Se continuarmos na desobediência, nós convidamos a disciplina de Deus,
não porque o Senhor se regozija em sofrimento, mas porque “o Senhor corrige a quem ama e
açoita a todo filho a quem recebe” (Hebreus 12:6).

O Livro de Juízes é um testemunho da fidelidade de Deus. Mesmo “se somos infiéis, ele
permanece fiel” (2 Timóteo 2:13). Embora possamos ser infiéis a Ele, como os israelitas foram,
ainda assim Ele é fiel para nos salvar e preservar (1 Tessalonicenses 5:24) e para nos perdoar
quando buscamos o perdão (1 João 1:9). “... o qual também vos confirmará até ao fim, para
serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes
chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Coríntios 1:8-9).

10. Oração

Pai querido, tenho aprendido em Juízes, que Tu levantas e capacitas, homens e mulheres para
conduzir e ajudar o seu povo. Obrigado porque o Senhor me deu talentos, habilidades, e
capacidade para que eu possa adorar e servir ao Senhor. Perdoa se ainda não tenho usado
totalmente meus talentos para glorificar o Seu nome. Ajuda-me a encontrar minha verdadeira
vocação e discernir qual a minha função no corpo de Cristo. Eu oro em nome de Jesus. Amém.

11. Questões

1. Por que as Tribos de Israel deviam matar todos os cananeus e não fazer pactos com
eles?

2. Por que alguns Juízes são chamados Maiores e Menores?

3. O que os capítulos 4 -5 dizem sobre Deus usar liderança feminina?

12. Bibliografia

ABRANTES, Denismark Soares. Artigo - Um Breve um Estudo Sobre o Livro de Juízes.


Disponível em: <http://virtualteologico.blogspot.com.br/2015/09/um-breve-um-estudo-sobre-
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LASOR, William S; HUBBARD, David A; COX, BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo
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HICKS, Robert. Guia Cristão de Leitura da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
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PEARLMAN, Myer. Através da Bíblia: Livro por Livro. 2. Ed. São Paulo: Editora Vida, 2006.
RICHARDS, Lawrence C. Guia do Leitor da Bíblia: uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo
por capítulo. 8 Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
SILVA, José Apolônio da. Sintetizando a Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 1984.
UTLEY, Bob. Estudos no Antigo Testamento. Marshall, Texas, USA: Lições Bíblicas
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