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1. Introdução
2. Construção Conceitual
2000
17 movimentos socioterritoriais
ANTEP, CONTAG, COOTERRA, CUT, FAF, LOC, MBUQT, MLST, MLT, MST, MT,
MTB, MTR, MTRST, MTRSTB, MTRUB, UNIÃO FORÇA E TERRA
2001
15 movimentos socioterritoriais
ACUTRMU, ASA, ATUVA, CONTAG, CUT, LCO, LOC, MAB, MLST, MLSTL, MLT,
MSLTL, MSST, MST, MT
2002
14 movimentos socioterritoriais
CCL, CETA, CLST, CONTAG, LCC, LCPNM, LOC, MAB, MAST, MCC, MLT, MST,
MSTR, USST
2003
25 movimentos socioterritoriais
ASPROJA, CETA, CONTAG, CUT, FERAESP, FETRAF, GRUPO XAMBRE,
LCPCO, LCPNM, MAB, MAST, MLST, MLTRST, MSO, MSST, MST, MTAA/MT,
MTB, MTBST, MTL, MTR, OLC, SINPRA, STL, UAPE
2004
25 movimentos socioterritoriais
ACRQBC, ADT, ARTS, CETA, CONTAG, CUT, FAF, FETRAF, LCPCO, LCPNM,
LCPR, MAST, MLST, MLT, MSST, MST, MTB, MTL, MTR, MTRSTP, MTV, MUST,
OLC, QUILOMBOLA, SINTRAF
Fonte: Comissão Pastoral da Terra - CPT
Nesta parte realizamos uma analise correlacionada das informações contidas nas
tabelas, gráficos e figuras. Entre as leituras possíveis dessas representações, voltaremos
nossa atenção para a participação individual por ano de cada movimento socioterritorial
na luta pela terra.
Esta reflexão, pautada em informações que representam a realidade, contribui para
a compreensão do processo de transformação do espaço em território, motivo de grande
confusão entre diversas áreas do conhecimento que tem adotado o território como espaço
em suas analises.
Neste contexto, com base nas tabelas, gráficos e figuras, temos as seguintes
situações: movimentos socioterritoriais que realizaram ocupações durante todo o período,
e movimentos que realizaram ocupações em apenas um destes anos, como pode ser
visto na figura 1e quadro 1 .
Desta análise, podem-se entender os diferentes tipos de intensidade da
espacialização com que cada movimento participa do processo de luta pela terra.
Estamos chamando de intensidade da espacialização a relação existente entre o número
de movimentos socioterritoriais, e o número de famílias por ele organizadas num
determinado tempo.
Uma outra analise possível, com base no quadro 1, e nos gráficos 1 e 2 é a
comparação por ano entre o número de ocupações e famílias, com a quantidade de
movimentos socioterritoriais que realizaram ações no período correspondente. Este
segundo tipo de análise nos possibilita entender se o aumento ou refluxo do número de
ocupações e famílias em ocupações, igualmente resulta do aumento ou diminuição do
número de movimentos socioterritoriais. Estes dados revelam que a política de
criminalização dos movimentos socioterritoriais pelo governo Fernando Henrique Cardoso
teve efeito.
Em 2001 e 2002, 53.078 ou (20,8%) das ocupações foram organizadas por 29
movimentos socioterritoriais. Em 2003, 25 movimentos socioterritoriais, organizaram
65.552 famílias em ocupações ou 25,7% e em 2004 foram 25 movimentos socioterritoriais
que organizaram 73.657 famílias em ocupações ou 28,9%.
Com base nos mapas 2 e 3, na figura 2, nos quadros 1 e 2, pode-se analisar que
MST e CONTAG, participaram da organização de famílias em ocupações durante os
cinco anos do período em analise (2000 – 2004), realizando ações em quase todo o
território nacional. A CUT participou em quatro anos do período e a OTC e o MAST de 3
anos.
Na figura 1, observando-se a coluna (A.C) temos 6.579 ou 2,6 de famílias em
ocupações, organizadas a partir da ação conjunta entre os seguintes movimentos:
Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) que participou de ações conjuntas com o
MST no Rio Grande do Sul; O Movimento dos atingidos por Barragens (MAB) que
participou de ações conjuntas com o MST em Santa Catarina; A Coordenação Estadual
de Trabalhadores Assentados (CETA) e o MST na Bahia; A Federação dos
Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (FETAPE), a Comissão Pastoral
da Terra e o MST também realizaram ações conjuntas, bem como o MST e a FETAGRI
no Pará.
Vejamos agora um exemplo de movimento socioterritorial isolado. De acordo com a
tabela 1, a OLC foi durante os anos de (2000 - 2004), responsável pela organização do
terceiro maior número de famílias em ocupações. Contudo, todas as 7.013 famílias
organizadas pelo movimento, foram realizadas unicamente no Estado de Pernambuco.
Em linhas gerais, o enfoque dado a socioterritorialidade dos movimentos utilizada
na análise dos dados contidos neste artigo e na leitura dos territórios construídos pela sua
luta, busca romper com leituras de território, onde o mesmo seja utilizado apenas como
uma dimensão das relações sociais, enquanto na verdade o território é multidimensional e
a totalidade.
As relações sociais, muitas vezes realizam leituras e ações que fragmentam o
espaço. Para um bom entendimento tanto do conceito de movimentos socioterritoriais,
quanto dos próprios movimentos em si, é necessário compreendermos o território como
totalidade. Assim, rompemos com análises parciais, unidimensionais, setoriais, lineares,
uniescalar, incompletas, e portanto, limitadas porque necessitam delimitar (FERNANDES,
2005).
Enfim, esse é um desafio que diversas áreas do conhecimento que trabalham com
o território e que mesmo muitos geógrafos precisam superar.
Figura 1 – Brasil - Intensidade da espacialização dos movimentos socioterritoriais – 2000 – 2004
Gráfico 1 – Brasil – Número de ocupações de terras 2000 - 2004
500
461
450
393 391
400
350
300
250
194
184
200
150
100
50
0
2000 2001 2002 2003 2004
CPT - Comissão Pastoral da Terra, 2004
80.000
73.657
70.000
65.552
62.770
60.000
50.000
40.000
26.120 26.958
30.000
20.000
10.000
-
2000 2001 2002 2003 2004
CPT - Comissão Pastoral da Terra, 2004
Quadro 2 – Brasil – Movimentos socioterritoriais - 2000 – 2004
Bibliografia
Comissão Pastoral da Terra. Caderno Conflitos no Campo - Brasil 2000. Goiânia: Edições
Loyola, 2001.
Comissão Pastoral da Terra. Caderno Conflitos no Campo - Brasil 2001. Goiânia: Edições
Loyola, 2002.
Comissão Pastoral da Terra. Caderno Conflitos no Campo - Brasil 2002. Goiânia: Edições
Loyola, 2003.
Comissão Pastoral da Terra. Caderno Conflitos no Campo - Brasil 2003. Goiânia: Edições
Loyola, 2004.
MARTIN, Jean Ives. Les Sans Terre du Brésil: géographie d' um mouvement socio-
territorial. Paris: L' Harmattan, 2001.
RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do Poder. São Paulo: Editora Ática, 1993
SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado. São Paulo: Editora Hucitec, 1988.