Você está na página 1de 11

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DE

BAUHINIA SUBG. PHANERA


(FABACEAE: CERCIDEAE) NO BRASIL
Angela Maria Studart da Fonseca Vaz *

Introdução Material e Métodos Resultados


O gênero Bauhinia (Fabaceae: As informações sobre localidades Bauhinia subg. Phanera (Lou-
Caesalpinioideae: Cercideae) é um de ocorrência foram obtidas a partir reiro) Wunderlin, Larsen & Larsen
gênero pantropical com quatro de espécimes herborizados e foto- apresenta 11 seções, sendo nove paleo-
subgêneros e cerca de 300 espécies grafias de tipos procedentes dos tropicais e duas exclusivamente neo-
(23). O gênero é ainda mal conheci- seguintes herbários: A, ASE, B, tropicais, a saber: seção Schnella
do na região neotropical, a não ser BHCB, BHMH, C, CEN, CEPEG,
por trabalhos regionais recentes (Raddi) Bentham e seção Caulotre-
CGMS, CPCP, CRI, EAC, F, FUEL, tus De Candolle (23), cujos caracte-
(16,17,18,19,20,21 e 22). A última
GUA, HAC, HB, HISA, HRB, IAN, res dos diagnósticos são os seguintes:
revisão, para o Brasil, foi feita por
IBGE, INPA, JPB, K, LE, M,
Bentham, na Flora Brasiliensis (4), 1. Bauhinia sect. Schnella: pétalas
onde foram descritas 65 espécies. MBML, MEXU, MG, NY, OUPR,
P, R, RB, RBR, SI, SP, SPF, iguais, ovário com 1-2 óvulos,
Atualmente são conhecidas cerca de
100 espécies brasileiras, abrangen- UB,UFG, UFMT, US, USU (siglas pólen com grãos esféricos a su-
do três subgêneros: as árvores ou de acordo com 10,12e 15). A seguir besféricos, fruto cartáceo, indeis-
arbustos inermes ou com estípulas os pontos de coleção para cada es- cente, 1-2 sementes; e
espinescentes pertencem ao subgê- pécie foram plotados em mapas re- 2. Bauhinia sect. Caulotretus: péta-
nero Bauhinia, e quando apresentam comendados pela Organização da la superior diferenciada das de-
espinhos verdadeiros pertencem ao Flora Neotrópica (nQ 103), os quais
mais, ovário com 4-5 óvulos,
subgênero Elayuna. O subgênero serviram de base para a confecção
Phanera corresponde a lianas ou ar- pólen prolato, fruto lenhoso, deis-
dos mapas aqui apresentados. Os
bustos escandentes, semprecomgavi- cente, 4-5 sementes.
pontos plotados nos mapas de dis-
nhas, nuncacomacúleos ou espinhos. tribuição são correspondentes à nu- No Brasil ocorrem 32 espécies de
Este trabalho tem por objetivo meração das espécies na Quadro 1. Bauhinia subg. Phanera de um total
discutir a biogeografia de Bauhinia A ocorrência nos demais países foi de cerca de 38, para a faixa neotro-
subg. Phanera com base na distri- complementada através de consulta pical. As espécies enfocadas neste
buição de espécies que ocorrem no bibliográfica (2, 5, 6, 9, 11, 13, 14, trabalho estão enumeradas, em or-
território brasileiro. 21 e 22). dem filogenética, na Quadro 1.

• Analista especializada IBGE/Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais.


Agradecimentos ao Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde esta pesquisa foi realizada. Ao desenhista Anibal S. Cabral Neto do De-
partamento Gráfico/DERNA/IBGE, pela confecção dos mapas apresentados.
R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, v.57, n.3, p. 63-72, jul./set, 1995.
64 R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p.l-107,jul./set. 1995

Quadro! nia subg. Phanera assinaladas para grupo está escassamente docu-
Bauhinia Subg. Phanera -
a região amazônica está registrada mentado nas coleções de herbário.
Classificação das espécies ocorrentes
no Brasil nos Mapas 1 e 2. A análise da distri- • Ampla distribuição intra-amazôni-
Classificação das espécies
buição geográfica destas espécies ca: representado por seis espécies
Bauhinia _sect. Caulotretus revelou os seguintes padrões de dis- amplamente distribuídas e também
(25/ca31) (1) tribuição: exclusivas da região (Quadro 2); e
OI. B. alataDucke
02. B. erythrantha Ducke • Endemismos setoriais, pontuais ou • Ampla distribuição: representado por
03. B. longiseta Froes não (total 14 espécies): leste da quatro espécies (Quadro 2).
04. B. pterocalyx Ducke Amazônia com seis espécies; cen-
05. B. siqueiraei Ducke
tro-noroeste com cinco espécies e
06. B. angulosa Vogel
setor sudoeste com três espécies Planalto Central
CJ7. B. coronata Bentham
08. B. cupreonitens Ducke endêmicas (Quadro 2). Merece No Planalto Central, domínio do
09. B. grazielae Vaz atenção, aqui, a ocorrência de um cerrado, encontramos B. anamesa
10. B. outimouta Aublet
complexo de espécies mais primi- que é endêmica das formações flo-
11. B. parvi!oba Ducke
12. B. platycalyx Bentham
tivas, o das lianas gigantes, que restais, nos Estados do Tocantins,
13. B. guianensis var. splendens (HBK) Amshoff possuem flores maiores, com um Goiás e Mato Grosso (Mapa 1, nº
14. B. surinarnensis Amshoff hipanto de até 3,0 em, e pétalas de 21). As outras três espécies coleta-
15. B. altiscandens Ducke cor vermelha ou rosa, frutos tam- das no Planalto Central são ampla-
16. B. confertiflora Bentham
bém maiores e fortemente lenho- mente distribuídas em formações
19. B. sprucei Bentham
20. B. stenopetala Ducke
sos formados por01.B. alata, 02.B. florestais neotropicais: 07 .B. coro-
21. B. anarnesa Macbride erythrantha, 03.B.longiseta, 04.B. nata; 10.B. outimoutae22.B. glabra
22. B. glabra Jacquin pterocalyxe 05.B. siqueiraei. Este (Quadro 2).
23. B. longipetala (Bentham) Walpers
24. B. porphyrotricba Harms
Quadro2
25. B. uleana Harms
Bauhinio Subg. Phanera ocorrentes na Amazônia Brasileira e
Bauhinia sect. Schnella
respectivos padrões de distribuição
(7n)(l)
26. B. radiata Vellozo Espécies Estados/Países
27. B. trichosepala Wunderlin L Endemismos setoriais
28. B. flexuosa Moricand Amazônia-leste
29. B. rnaxirni!ianii Bentham
OI. B. alata AM,PA
30. B. rnicrostachya (Raddi) Macbride 05. B. siqueiraei AP,PA
31. B. poiteauana Vogel 12. B. platycalyx AM,AP
32. B. srnilacina (Schott) Steudel 14. B. surinarnensis AP, PA/Surinarne
20. B. stenopetala AM,PA
(1) Número de espécies no Brasil/número de espécies
na região neotropical. 31. B. poiteauana AP, P A/Guiana Francesa!Surinarne
Amazônia centro-noroeste
02. B. erythrantha AM
03. B. longiseta AM
Padrões de Distribuição 11.
15.
B.
B.
parviloba
altiscandens
AM
AM
Geográfica das Espécies 19. B. sprucei AM
Amazônia sudoeste
Brasileiras 04. B. pterocalyx AM
24. B. porphyrotricha AM!Peru
25. B. uleana AC/Peru

Região Amazônica D. Ampla distribnição intra-amazônica (sem preferência de setor)


08. B. cupreonitens AM, PA, RR, Peru
Ducke & Black (8) descreveram 13. B. guianensis var. splendens AP, AM, MA, RO, RR/Colômbia!Guiana!Surinarne/
Venezuela
a vegetação amazônica com base na 16. B. confertiflora AM,PA
área de ocorrência de grupos taxonô- 17. B. kunthiana AC, AM, AP, MA, PA/Peru/Surinarne
18. B. rutilans AM, PA, RR!Peru!Venezuela
micos restritos e/ou com centro de 23. B. longipetala AC, AM, PA, RR/Colômbia!Guiana
dispersão na região, entre eles as m Ampla distribuição intra e extra-amazônica
"Bauhinias com caule escalarifor- CJ7. B. coronata AC, AM, AP, MA, MT, PA/Bolívia!Venezuela
me". Em seguida um exemplar de 10. B. outimouta AC, AM, BA, CE, DF, GO, MA, MG, MT, PA, PB,
PE, RO, RR, SE, TO/Surinarne/V enezuela!Peru
Bauhinia siqueiraei, com diâmetro 22. B. glabra AC, AM, AP, CE, MA, MS, MT, PA, Pl, RO, TO/
de 60 em, foi citado como o maior já Colômbia/Costa Rica!Cuba!Guiana!México!Pana-
má/Peru/Surinarne/V enezuela
observado, entre as "gigantescas li- 30. B. rnicrostachya AM, BA, MG, PR, RJ, RN, SC, SP/Argentina!Belize/
anas amazônicas". A distribuição Bolívia!Colômbia!Guatemala!México/Panarná/Pa-
raguai/Peru/V enezuela
geográfica de 24 espécies de Bauhi-
R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p.l-107,jul./set. 1995 65

--------+-------0

I
_A, -----

---
I
\
/--
~0------~-
\.,,
'
"'
--------y;p
7QO &f' l 400
Mapa 1

Mapa 1: Distribuição geográfica de espécies de Bauhinia subg. Phanera ocorrentes na Amazônia brasileira: Espécies 1-5, 15-25 e 30-31, respectivamente,
enumeradas no Quadro 1.
66 R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p.l-107, jul./set. 1995

Mapa 2: Distribuição geográfica de espécies de Bauhinia subg. Phanera ocorrentes na Amazônia brasileira: Espécies 7-8 e 10-14, respectivamente, enumeradas
no Quadro 1.
R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p.1-107,jul./set. 1995 67

Costa Leste do Brasil 1. Bauhinia sect. Caulotretus com distribuição da costa leste é tam-
22 espécies ocorrentes na Ama- bém o centro de di versificação da
O Mapa 3 mostra a distribuição zônia brasileira, sendo 11 delas
geográfica de espécies de Bauhinia seção Schnella. Como ainda não
endemismos regionais, não existe revisão neotropical disponí-
subg. Phanera a partir da ocorrência
ocorrendo em outros países vel para a seção Caulotretus, há
na costa leste brasileira. Dois pa-
drões destacam se: (Quadro 2). O Planalto Central necessidade da verificação da ex-
apresenta três espécies ocorren- tensão do núcleo amazônico, espe-
• Espécies endêmicas da costa les- tes também na Amazônia, a sa-
te: 06.B. angulosa, 09.B. grazie- cialmente em direção aos países
ber: 07 .B. coronata, 1O.B. outi-
lae, 26.B. radiata, 27.B. tricho- limítrofes: Colômbia e Peru. No
mouta e 22. B.glabra e apenas
sepala, 29.B. maximilianii, 28.B. um caso de endemismo, 21.B. entanto, o centro de diversidade
flexuosa, 32.B. smilacina. As anamesa. Na Região Sudeste/Sul aqui proposto para a seção, na
espécies endêmicas das forma- do Brasil ocorrem duas espécies, Amazônia brasileira não deverá ser
ções florestais atlânticas estão 06.B. angulosa e 09.B.grazielae, deslocado. Fenômenos interessan-
concentradas em duas áreas nu- ambas endêmicas. Em Minas tes a serem questionados, junto
cleares: Rio de Janeiro e Bahia. Gerais ocorrem duas espécies, com a bipolarização dos centros de
Duas espécies são encontradas 10.B. outimouta amazônica, e diversificação são: o da dispersão
em ambientes secos, do interior 06.B. angulosa da Região Su- das espécies, autocórica em Cau-
baiano e piauiense (Quadro 3); e deste/Sul (Mapa 4 ); e lotretus e anemocórica em Schne-
lla e o da reprodução, com base no
Quadro3 fato de que os grãos de pólen das
Bauhinia Subg. Phanera endêmicas de costa leste do Brasil,
duas seções são morfologicamen-
ordenadas por classe de formação florestal
te distintos e característicos de
Espécies Estados cada uma delas. Essas vertentes
Floresta EstacionaVCaatinga podem apontar para uma história
27. B. nichosepala BA,PI evolutiva independente de ambos
28. B. flexuosa BA,PI
os grupos.
Floresta Ombróf'da Atlântica
09. B. grazielae ES Os centros de diversificação ob-
29. B. maximilianii BA,ES
tidos para Bauhinia subg. Phane-
32. B. smilacina BA,RJ
26. B. radiata BA, MG, PE, RJ, SP ra não são exemplos isolados na fa-
06. B. angulosa MG, PR, RJ, SC, SP mília Leguminosae. Azevedo-To-
zzi (3) apresenta resultados seme-
3.2. Espécies com ampla distribui- 2. Bauhinia sect. seção Schnella lhantes para o gênero Lonchocar-
ção: B. microstachya, cuja dis- com sete espécies, todas ocor- pus s.latu, ao definir centros de di-
tribuição no território brasilei- rentes no Brasil, sendo cinco versidade para o gênero Deguelia
ro, se configura em uma disjun- destas endêmicas da costa leste na Amazônia, e do afim Loncho-
ção, com apenas um ponto de (Mapa 5). B. poiteuana é exclu- carpus s.str. para a costa leste do
coleta na Amazônia. Como se siva da Amazônia e B. micros- Brasil. O alto endemismo relacio-
sabe, a espécie ocorre desde o tachya tem ampla distribuição. nado com a costa Atlântica tam-
México até a Argentina (Qua-
dro2).B. outimoutaeB. glabra bém tem sido relatado em Serjania
são amplamente distribuídas na Conclusões e (1); em bambus (7); e outros gru-
Amazônia e chegam até a costa pos. As espécies da Amazônia ten-
leste (respectivamente, número Discussão dem a ser mais amplamente distri-
1O, Mapa2; número 22,mapa 1). Os dois centros de distribuição buídas do que as da costa leste do
de Bauhinia subg. Phanera na re- Brasil. A pressão ambiental na
Centros de Diversificação gião neotropical localizam-se em costa leste resultante da alta den-
Se analisarmos a distribuição de território brasileiro. O centro de sidade demográfica, entre outros
Bauhinia. subg. Phanera, por ordem distribuição da Amazônia coinci- fatores, reforça a necessidade das
filo genética e de acordo com as duas de com o centro de diversificação medidas conservacionistas nacos-
seções temos: da seção Caulotretus. O centro de ta leste do Brasil.
68 R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p.l-107, jul./set. 1995

I
I

I -~-

------ ------- -------{_~-


---- --- ---

Mopo3
7rl'

Mapa 3: Distribuição geográfica de espécies de Bauhinia subg. Phanera ocorrentes na costa leste brasileira: Espécies 6,9, 26-30 e 32. Veja também espécies
1O e 22 nos mapas anteriores.
R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p.l-107, jul./set. 1995 69

Bauhinio sect. Coulotretus do Brasil


N.2.. espécies ocorrentes: espécies endêmicos

20"'--------r-
--ê!P
----------rI ----- ~---

II I
!
I
I
--- ·-----J
r-----
1 '!1:1'
I

I Mapa 4

Mapa 4: Área de distribuição de Bauhinia sect. Caulotretus no Brasil, com centro de diversidade na Amazônia.
70 R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p.l-107,jul./set. 1995

Distribuição geográfica de Bauhinia sect. Schnella no Brasil

!!)'" 40°

I I
1
I
·--- oo

1
/
.r-1 o :1 /

10°- - 'o..-4- -- -?=1---


~~J,
t --- ==---"""1+---4:.

'

l
I
" --, __"----!,
II
~
------ --------1------'1---

~;..,~....-~_;:7 ~
------~------------
I
'
I

......... B. flexuosa
I
I
I
---
-------
8. trichosepolo
8. radiata I
I
I
I

---r-----------
I
ocoooo 8. smilacino I

-·-·-a-
:o:=.o=o
8. moximilioni
8. poifeuono 30"'
8. microstochyo
I Mapa 5
4CP

Mapa 5: Área de distribuição de Bauhinia sect. Schnella no Brasil, com centro de diversidade na costa leste do BrasiL
R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p.1-107, jul./set. 1995 71

Bibliografia
ACEVEDO- RODRIGUES, P. Distributional pattems in Brazilian Serjania (Sapindaceae). A c ta Botânica Brasaica, Porto Alegre,
v. 4, n. 1, p. 69-82, 1990.
AMSHOFF, G. J. H. Papilionaceae. In: PULLE, A. Flora do Suriname 2(2). Meded. Kolon. Inst. Amsterdan, v. 30, n. 11,
p. 1-257.
AZEVEDO- TOZZI, A. M. G. de. Estudos taxonômicos dos gêneros Lonchocarpus Kunth e DegueliaAubl. no Brasil. Cam-
pinas,1989. 341 p. Tese (Doutorado)- Instituto de Biologia, Universidade de Campinas, 1989.
BENTHAM, G. Leguminosae 11. Swartziae et Caesalpinieae. In: VON MARTIUS, K. F. P. (Ed.). Flora Brasiliensis, v. 15,
n. 2, p. 179-212, 1870.
BRITTON, N. L., KILLIP, E. P. Mimosaceae and Caesalpiniaceae ofColombia. Annals ofthe New YorkAcademy ofSciences,
New York, v. 35, p. 101-203, 1936.
__ ,ROSE, J. N. Caesalpiniaceae. NorthAmerican Flora, New York, v. 23, n. 4, p. 201-268, 1930.
CLARK, L. G. Diversity and biogeography of neotropical bamboos (Poaceae: Bambusoides). Acta Botânica Brasílica, Porto
Alegre, v. 1, n. 4, p. 159-167, 1990.
DUCKE, A., BLACK, G. A. Phytogeographical notes on the brazilian Amazon. Anais da Academia Brasileira de Ciências,
Rio de Janeiro, v. 1, n. 25, p. 1-46, 1953.
EILERS, R. M. Revision ofBauhinia subgenus Phanera section Schnella (Cercideae: Caesalpinioideae: Fabaceae). Tampa.
1991. Thesis (Master of Science)- University of South Florida, 1991. p. 1-66.
FORERO, E. (Ed). Herbários brasileiros. Boi. Bot. Latinoamer. v. 17, p. 1-31, 1985.
FORTUNATO. R. H. Revision dei género Bauhinia (Cercideae, Caesalpiniopidea, Fabaceae) para la Argentina. Darwiniana,
Buenos Aires, v. 1/4, n. 27, p. 273-288, 1896.
HOLMGREN,P.K.,HOLMGREN,N.H.,BARNETT,L.C./ndexHerbariorum.8.ed.NewYork:NewYorkBotanicalGarden,
1990. 693 p. v. 1: Herbaria ofthe world.
MACBRIDE, F. J. Leguminosae in flora of Peru. Field Museun ofNatural History Botanical, Illinois, v. 13, n. 3, p. 207-220,
1943.
PITTIER, H. Caesalpiniaceae (Bauhinieae). Catálogo Flora Venezuelana. In: CONFERÊNCIA INTERAMERICANA DE
AGRICULTURA, 3., 1945, CARACAS. Anais... 1945. n. 20, p. 361-363.
SALOMON, M. F. Index Herbariorum Brasiliensium. Rio de Janeiro: IBGE, 1985. 85 p.
VAZ, A. S. da. F. Considerações sobre a taxonornia do gênero Bauhinia L. sect. Ty lotaea V ogel (Leg. Caes.) do Brasil.
Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 51, n. 31, p. 127-234, 1979.
__ . Bauhinia grazielae (Leg. Caes. ), espécie nova do Espírito Santo. Atas da Sociedade Botânica do Brasil, Rio de Janeiro,
v.9,n.2,p. 73-76,1984.
__ .Espécies deBauhinia L. (Leg. Caes.) de Brasília, DF. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 1, n. 16, p. 101-113,
1993.
__ Trepadeiras do gênero Bauhinia (Caesalpiniaceae) no Estado do Rio de Janeiro. Pesquisas (Botânica), São Leopoldo,
n.44,p.95-114. 1993.
__ . Diversidade e conservação de lianas do gênero Bauhinia na Amazônia brasileira. Acta Amazônica, Manaus, 1994.
WUNDERLIN, R. P. The panamanian species of Bauhinia(Leguminosae). Annals ofthe Missouri Botanical Garden, Saint
Louis, n. 63, p. 346-354, 1976.
__ . Revision of the arborescent Bauhinias native to rniddle america. Annals ofthe Missouri Botanical Garden, Saint Louis,
n. 70, p. 95-127, 1983.
__ , LARSEN, K., LARSEN, S. S. Reorganization o f the Cercideae (Fabaceae: Caesalpininioideae). Kong. Danske Videnska-
bernes Selskab Biologiske Skrifter, Kobenhavn, n. 28, p. 1-40, 1987.
72 R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p.l-107,jul./set. 1995

Resumo
Este trabalho discute a biogeografia de Bauhinia subg. Phanera com base na distribuição geográfica de espécies ocorrentes
no Brasil. Os dados sobre as localidades de ocorrência foram obtidos a partir de espécimes herborizados. Os pontos de coleta
foram então plotados nos mapas aqui reproduzidos. No Brasil, o subgênero Phanera está representado por duas seções,
Caulotretus e Schnella com, respectivamente, 25 e sete espécies, cujo total corresponde a 84% da ocorrência do subgênero
nos neotrópicos. Na Amazônia 24 espécies foram encontradas, 14 das quais constituindo endemismos setoriais. Na costa leste
do Brasil foram encontradas nove espécies, seis das quais endêmicas. No Planalto Central quatro espécies foram encontradas,
sendo uma delas endêmica. A Amazônia é o centro de diversificação da seção Caulotretus e a costa leste do Brasil é o centro
de diversificação de Schnella. No geral, as espécies da Amazônia tendem a ser mais amplamente distribuídas do que as da costa
leste do Brasil.

Abstract
This paper discusses the biogeography of Bauhinia subg. Phanera, considering the geographic distribution of the species
occuring in Brazil. The data on the sites where the species are located were obtained from herborized specimens. The collection
spots are marked out in the maps hereinafter reproduced. In Brazil the subgenus phanera is represented by two sections,
Caulotretus and Schnella with respecti vely 25 and seven species each, which corresponds to 84% of the occurrence of the subgenus
in the neotropics. In the Amazon 24 species were found, 14 of which endemics of di verse Amazon sectors. On the Brazilian
east coast nine species were found, six of which endemic. In the Brazilian plateau, fuor species were found, one being endemic.
The Amazon is the center of diversification of Caulotretus section, and Brazilian east coast is the center of diversification of
Schnella section. In general, Amazonian species tend to show a widerrange than Brazilian east coast species. (Versão Mariângela
M. de Sá/IBEU/Botafogo/RJ).

Recebido para publicação em 29 de novembro de 1994.


POLÍTICAS PÚBLICAS E PADRÕES
DE USO DA TERRA NA
AMAZÔNIA LEGAL
Maria Socorro Brito(*)

Em sua história econômica, a capital privado nacional e internaci- para tanto, novos órgãos e regulamen-
Amazônia tem assistido a surtos de onal. Em sua essência, essa política tando instituições que já agiam na
desenvolvimento, cujos marcos de- estava comprometida com mudan- região. Neste contexto, registra-se a
terminam a sua maior integração ças na estrutura econômico-social, atuação de órgãos como a Superinten-
com os centros nacionais e transna- ao incentivar modernas condições de dência do Desenvolvimento da Ama-
cionais. Estes marcos assumem ca- produção, ampliação do mercado, zônia-SUDAM-,doBancodaAma-
racterísticas recorrentes, pois em gestão de força de trabalho, novas zônia Sociedade Anônima- BASA -,
seus elementos constitutivos, persis- regras de colonização e apropriação da Superintendência da Zona Franca
tem elementos de surtos anteriores, empresarial da terra. de Manaus- SUFRAMA, e dos Pro-
entre os quais pode-se considerar a gramas:ProgramadelntegraçãoNa-
De fato, os rumos ditados para o
própria orientação exógena de tais cional - PIN -, Programa de Redis-
desenvolvimento da Amazônia, fun-
surtos, uma vez que o desencadea- tribuição de Terras e de Estímulo à
damentados ideologicamente no apro-
mento dos mesmos sempre se deu Agropecuária do Norte e do Nordes-
veitamento integrado do "espaço va-
via estímulos externos à região. te- PROTERRA -,Programa de
zio" abrangeu os vários ramos da in-
Pólos Agropecuários e Agrominerais
Apesar de a política implementada dústria de transformação dos produtos
da Amazônia- POLAMAZÔNIA -,
para a Amazônia nas três últimas dé- primários- borracha, madeira, agríco-
e o Programa de Desenvolvimento
cadas, ter sofrido umrealinhamento de las, fibras- e projetos agropecuários e
dos Cerrados- PRODECER -. Com
seus propósitos, quando comparados minerais. Para viabilizar essa estraté-
vistas em realização do mapeamen-
aos de políticas anteriores, percebe-se giadesenvolvimentistao Estado assu-
to aerofotográfico e o inventaria-
que os mesmos não se fizeram no sen- miu, a partir da década de 60, uma
menta dos recursos naturais e mine-
tido de quebrar os elos de dependên- política mais agressiva tanto no que se
rais, foi criado o Projeto Radar da
ciadaregião, mas de torná-lacada vez refere à infra-estrutura, priorizando in-
Amazônia - RADAM.
mais atrelada aos centros dinâmicos do terligações regionais coma abertura de
País e do exterior. De fato, a "nova" grandes eixos viários e as construções Para gerir os incentivos fiscais foi
política direcionada à Amazônia, de hidrelétricas, como no tocante a criado pelo Decreto-Lei no 1.376 de
iniciada no final dadécadade 60, ob- estímulos financeiros representados 12-12-1974oFundodeinvestimentos
jetivacriarumagama de alternativas pelas políticas de crédito, de incenti- da Amazônia- FINAM -, em substi-
para investimentos, firmando, as- vos fiscais e de toda uma série de van- tuição ao sistema 34/18, o qual conce-
sim, articulações estreitas com o tagens fmanceiras adicionais, criando dia às pessoas jurídicas uma redução

*Geógrafa do Departamento de Geografia da Diretoria de Geociências do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE.
R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, v.57, n.3, p. 73-93, jul./set, 1995.

Você também pode gostar