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Carreira Jurídica -
Direito Penal
Autor
Prof.: Michael Procópio 25 de Setembro de 2023
Estratégia Carreira Jurídica
Carreira Jurídica - Direito Penal - Prof.: Michael Procópio
Sumário
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 5
Justiça Restaurativa.......................................................................................................................................... 10
✓ 1ª Fase..................................................................................................................................................................... 20
✓ 2ª Fase..................................................................................................................................................................... 31
✓ 3ª Fase..................................................................................................................................................................... 43
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2 - Revogação facultativa............................................................................................................................. 72
3 - Cassação.................................................................................................................................................. 73
4 - Extinção ................................................................................................................................................... 73
1 - Condições ................................................................................................................................................ 80
4 - Revogação facultativa............................................................................................................................. 82
6 - Prorrogação ............................................................................................................................................ 83
7 - Suspensão................................................................................................................................................ 83
8 - Extinção ................................................................................................................................................... 84
Resumo........................................................................................................................................................... 125
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Gabarito.......................................................................................................................................................... 285
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Com essas noções, analisaremos as penas em espécie, como as penas privativas de liberdade, as penas
restritivas de direitos e a pena de multa. Serão parte de nossa aula a cominação das penas, a sua aplicação
pelo juiz e sua execução. Dentre as penas privativas de liberdade, precisamos compreender a distinção entre
a prisão simples, a reclusão e a detenção. Com relação às penas restritivas de direito, é preciso estudar todas
as suas espécies, como a perda de bens de valores, a prestação pecuniária, a limitação de fim de semana, a
interdição temporária de direitos e a prestação de serviços à comunidade.
Por fim, os dois últimos temas serão a suspensão condicional do processo e a liberdade condicional.
Suspensão
Livramento
Penas em espécie Condicional da
Condicional
Pena
Ao final desta aula, finalizaremos os estudos das penas, sendo que, das sanções penais, não está incluído
apenas o estudo da medida de segurança.
Deixo meu desejo de sempre de que a aula seja produtiva. Nosso estudo, como sempre, deve ser
aprofundado, para que a prova nos pareça leve. Então, que seja instigante o tema que nos é proposto desta
vez: a teoria das penas, com o estudo da finalidade da pena, dos princípios do tema, a ideia de Justiça
Restaurativa, as penas em espécie, além dos benefícios da suspensão condicional da pena e do livramento
condicional.
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SANÇÃO PENAL
O Direito Penal é a disciplina que estuda as infrações penais – crimes e contravenções penais – e regulamenta
as respectivas sanções, consistentes nas penas e nas medidas de segurança. Portanto, sanção penal é gênero,
do qual são espécies a pena e a medida de segurança.
Sanção penal, portanto, é a coação ou a resposta do Estado imposta àqueles que violam as normas penais
incriminadoras. Cuida-se de gênero, do qual são espécies as penas, aplicadas aos indivíduos imputáveis que
cometem crimes ou contravenções penais, e as medidas de segurança, impostas para os sujeitos
inimputáveis, que cometem crimes (teoria bipartida) ou injusto penal (fato típico e ilícito – teoria tripartida).
Pena Culpabilidade
SANÇÃO PENAL
Medida de
Periculosidade
segurança
Pena: é a sanção imposta pelo Estado ao condenado pela prática de infração penal, que consiste na privação
ou restrição de determinados bens jurídicos do agente.
Medida de segurança: é a sanção imposta pelo Estado ao agente não imputável, pela violação da norma
penal incriminadora, com finalidade exclusivamente preventiva. Pode ser imposta, ainda, ao semi-imputável.
Portanto, penas e medidas de segurança são espécies de sanção penal, a coação utilizada pelo Estado como
resposta a quem pratica um ilícito penal, ou seja, para os indivíduos que violam as normas penais.
Esta é a aula em que estudaremos as penas, sendo que a medida de segurança não será abordada neste
estudo, dadas as especificidades desta modalidade de sanção penal. Passamos, então, ao estudo das penas.
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De início, interessante a leitura de uma consideração histórica de Cláudio Brandão: “A pena é uma das
evidências mais antigas da estruturação de uma sociedade, porquanto é forte manifestação do poder de
sujeição e controle do outro”1.
1
BRANDÃO, Cláudio. Teoria jurídica do crime. 6 ed. Belo Horizonte, São Paulo: D’Plácido, 2020, p. 191.
2
ROXIN, Claus. Derecho Penal. Parte General. Tomo I. Traducción de la 2ª ed. alemana. Madrid: Civitas, 1997, p. 81-85.
3
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Princípios da Filosofia do Direito. Tradução de Orlando Vitorino. 1 ed. São Paulo: Martins Fontes,
1997, p. 86-91.
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➢ Prevenção geral negativa: a pena deve coagir toda a sociedade, psicologicamente. Noção de
intimidação coletiva. A simples cominação das penas representa uma ameaça para o caso de
violação das normas penais, servindo de coerção para que sejam respeitadas.
➢ Prevenção geral positiva: a pena visa a demonstrar a toda a sociedade a eficácia da lei. Deste
modo, as penas são a demonstração de que a norma é eficaz, por estar acompanhada de uma
sanção para o caso de seu descumprimento. É a concepção de Günther Jakobs, para quem a pena
se volta a demonstrar para a sociedade que a norma segue vigendo4.
➢ Prevenção especial negativa: a pena busca evitar que o agente volte a delinquir. Noção de
intimidação ao criminoso. Deste modo, o encarceramento, por exemplo, evita a reincidência
durante o período de sua duração.
➢ Prevenção especial positiva: a pena visa à ressocialização do agente. Deste modo, a imposição
das sanções penais teria como objetivo a reinserção do indivíduo na sociedade, reeducando-o
em razão da conduta ilícita praticada para que ele não reincida.
➢ Prevenção unificada (teoria unificadora preventiva): Roxin defende uma teoria que, neste
Curso, será considerada uma subdivisão da teoria preventiva, a que unifica as ideias da
prevenção especial e geral, considerando-as fins simultâneos da pena. A prevenção especial,
com a ressocialização, só funciona com a colaboração do agente, de modo que, se o agente não
coopera, resta a prevenção geral. Vale anotar que o autor alemão não menciona a prevenção
especial negativa, mas apenas a positiva. Diz, ainda, que não se precisa lançar mão da teoria
retributiva para se reconhecer limites à punição com base no fato concreto praticado: a exigência
de que a pena não supere a culpabilidade do autor derivaria de direitos fundamentais do cidadão
(como a dignidade da pessoa humana).
➢ Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória: a pena busca punir o agente, ao mesmo
tempo em que visa a coibir a prática de crimes, por meio da ressocialização e da intimidação. Roxin,
denominando-as de teorias unificadoras retributivas, aponta serem considerados fins da pena,
buscados simultaneamente, a retribuição, a prevenção geral e a prevenção especial.
➢ Teoria negativa ou agnóstica da pena: como o próprio nome demonstra, essa concepção entende
que, na grande maioria das vezes, a pena não é capaz de cumprir nenhuma das funções que lhe são
atribuídas, além do fato de não serem totalmente conhecidas as suas funções latentes (aquelas
funções não declaradas, que causam efeitos diversos daqueles desejados, nos termos da lição de
Robert K. Merton). É defendida por Zaffaroni5. Segundo o autor, “a pena é uma coerção, que impõe
uma privação de direitos ou uma dor, mas não repara nem restitui, tampouco detém as lesões em
curso ou neutraliza perigos iminentes”.6
4
RAMOS, Enrique Peñaranda et al. Um novo sistema do direito penal. Considerações sobre a teoria da imputação objetiva de
Günther Jakobs. Trad. André Luis Callegari e Nereu José Giacomolli. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 15-58.
5 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; Batista, Nilo; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. Direito Penal Brasileiro, volume I, 4ª ed. Rio de
Janeiro: Revan, 2011, 3ª reimp., 2017, p. 74.
6
Idem, ibidem, p. 99.
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Pode-se mencionar, também, como teoria relativa da pena, a correcionalista, que preconiza que a pena tem
como função a correção ou melhora do indivíduo.
Roxin coloca, ainda, o questionamento da terceira via, a da reparação, concluindo ser possível sua utilização
subsidiária, em alguns casos, com a substituição de uma pequena multa, por exemplo, pela reparação total
do dano. Assim, haveria não um sistema de duas vias (referindo-se às penas e medidas de segurança), mas
um sistema de três vias. Abaixo, estudaremos a ideia da Justiça Restaurativa, que se vincula à ideia de terceira
via e de reparação do dano.
No Brasil, hoje, a doutrina majoritária entende que a pena tem as seguintes finalidades:
• Retributiva
• Preventiva
• Reeducativa
Deste modo, a pena representa tanto uma resposta estatal para o caso de descumprimento da norma,
quanto busca prevenir o cometimento de novos delitos e reeducar os condenados.
As funções retributiva e preventiva da pena podem ser encontradas no caput do artigo 59 do Código Penal:
A esse respeito, o artigo 1º da Lei de Execução Penal (LEP), a Lei 7.210/84 destaca uma reintegração social,
em um viés de ressocialização:
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal
e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
Deste modo, a LEP menciona a necessidade de se dar efetividade aos atos judiciais criminais e de se obter a
harmônica integração do indivíduo na sociedade.
Princípio da legalidade: determina que as penas se submetem à reserva legal, bem como à anterioridade.
Princípio da Anterioridade: preconiza que a pena já deve estar prevista, em lei, ao tempo do crime, para que
possa ser aplicada ao agente. Só pode retroagir a lei penal que prevê nova pena se for benéfica ao réu.
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Princípio da Personalidade: determina que as penas não podem passar da pessoa do réu. Também chamado
de princípio de intranscendência da pena, previsto no artigo 5º, inciso XLV da Constituição, que traz exceções
à regra. Nos termos da norma constitucional, a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento
de bens podem ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do
valor do patrimônio transferido.
Princípio da Individualização: segundo este princípio, a pena deve ser individualizada para cada caso, não
podendo o legislador estabelecer uma sanção penal para todos que cometerem determinado crime, nem
padronizar a forma de execução.
Princípio da Inderrogabilidade: explicita que a pena deve obrigatoriamente ser aplicada, se for cometido um
crime ou uma contravenção penal. Como exceções, pode-se apontar o perdão judicial e a transação penal.
Princípio da Proporcionalidade: refere-se à necessidade que as penas observem a legitimidade do fim a que
elas visam, à legitimidade da sua forma de aplicação e sua dosimetria, a necessidade das penas, a sua
adequação e a proporcionalidade estrita ou ponderação. Ou, de forma mais simples, a necessidade de
observar uma relação de razoabilidade entre o crime praticado e a pena correspondente, além de o legislador
ter o dever de escolher, ao fixar os limites abstratamente previstos para os crimes, os que correspondam à
gravidade do tipo penal. Por fim, veda-se o excesso, ao mesmo tempo que se busca evitar a proteção
deficiente.
Princípio da Humanidade: consiste na vedação a que o legislador adote sanções penais violadoras da
dignidade da pessoa humana, atingindo de forma desnecessária a incolumidade físico-psíquica do agente.
Previsto no artigo 5º, XLVII, da Constituição, o princípio da humanidade veda as penas de morte, salvo em
caso de guerra declarada; de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento e as cruéis.
São estes, portanto, os princípios que orientam e disciplinam a interpretação, a aplicação e a execução das
penas no Direito Brasileiro. A análise foi mais resumida, pois já estudamos os princípios, de modo geral, na
aula cujo tema foi esse.
JUSTIÇA RESTAURATIVA
A Justiça Restaurativa busca estudar o crime como evento que afeta autor, vítima e sociedade. Busca-se
assistir à vítima, representando, assim, uma terceira via na função da pena. Traz-se a ideia de
responsabilidade social pelo crime.
Para John Braithwaite, a justiça restaurativa é uma questão de direito, que se trata de ampliar a agenda, na
resolução de conflitos, de meras disputas jurídicas para abranger os problemas que podem ser curados 7. O
autor busca explicar que, por trás de uma agressão física, por exemplo, pode haver um problema de
7
BRAITHWAITE, John. Restorative Justice and Responsive Regulation. Oxford: Oxford University Press, 2002, p. 243.
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demissão injusta do chefe pelo patrão e de problemas de convivência no trabalho por anos, o que torna a
questão muito mais profunda do que a forma como é comumente tratada por profissionais do Direito.
A ideia pode ser definida, no âmbito penal, como um processo de colaboração para sanar o conflito gerado
pelo cometimento de um delito. Com origem no Canadá e na Nova Zelândia, busca uma participação do
infrator e da vítima como forma de se amenizar os efeitos do delito e de se buscar a reeducação do criminoso.
Nas experiências feitas no Brasil, temos vários casos em que há, em um ambiente controlado, a oportunidade
de o autor do delito ouvir a sua vítima, entendendo os efeitos que ela sofreu e a forma como ela vivenciou
o fato criminoso. Não é adequado para todas as espécies de crimes, mas há relatos de êxito nos casos de
delitos patrimoniais, por exemplo.
A Justiça Restaurativa visa à reparação do dano, especialmente o chamado dano emocional. Sua experiência
pode se tornar mais ampla, por exemplo, nos casos de disponibilidade da ação penal, ou seja, dos delitos de
ação penal privada, em que pode haver transação entre o réu e a vítima.
O Superior Tribunal de Justiça já se referiu à Justiça Restaurativa em alguns precedentes, como o aresto cujo
trecho se transcreve a seguir:
“(...) 4. O princípio da fraternidade é uma categoria jurídica e não pertence apenas às religiões
ou à moral. Sua redescoberta apresenta-se como um fator de fundamental importância, tendo
em vista a complexidade dos problemas sociais, jurídicos e estruturais ainda hoje enfrentados
pelas democracias. A fraternidade não exclui o direito e vice-versa, mesmo porque a fraternidade
enquanto valor vem sendo proclamada por diversas Constituições modernas, ao lado de outros
historicamente consagrados como a igualdade e a liberdade. O princípio constitucional da
fraternidade é um macroprincípio dos Direitos Humanos e passa a ter uma nova leitura prática,
diante do constitucionalismo fraternal prometido na CF/88 (preâmbulo e art. 3º). Multicitado
princípio é possível de ser concretizado também no âmbito penal, por meio da chamada Justiça
restaurativa, do respeito aos direitos humanos e da humanização da aplicação do próprio
direito penal e do correspondente processo penal. A Lei nº 13.257/2016 decorre, portanto,
desse resgate constitucional. 5. A prova documental juntada aos autos atesta que a paciente
possui um filho de 8 anos de idade e não foram apresentadas justificativas idôneas para o
indeferimento de substituição da prisão preventiva pela domiciliar. (...)” (STJ, HC 389348/SP, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 31/05/2017).
No caso, o STJ entendeu como expressão da chamada Justiça Restaurativa as inovações da Lei 13.257/2016,
que determinam a substituição da prisão preventiva pela domiciliar no caso de mulheres grávidas.
PENAS EM ESPÉCIE
Adentraremos, agora, no estudo das penas, que constituem uma espécie de sanção penal. As penas possuem
também diversas modalidades, envolvendo, por exemplo, a prestação de serviços à comunidade, a pena de
multa e a pena de reclusão. É preciso estudar cada uma das espécies das penas, sua aplicação, cominação e
execução.
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b) perda de bens;
c) multa;
O artigo 32, do Código Penal, por sua vez, traz as espécies de pena, classificando-as em três grupos:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
As penas, portanto, podem ser privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa, conforme esquema
a seguir:
Privativas de liberdade
Pecuniária
As penas privativas de liberdade podem ser de reclusão e de detenção, reguladas no Código Penal, e de
prisão simples, prevista na Lei das Contravenções Penais.
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Quanto às penas restritivas de direitos, podemos mencionar a prestação pecuniária, a perda de bens e
valores, a limitação de fim de semana, a prestação de serviço à comunidade ou a entidades pública, a
interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana. O Código Penal prevê o rol das penas
restritivas de direitos em seu artigo 43:
I - prestação pecuniária;
Por fim, há as penas pecuniárias, chamadas, mais frequentemente, de penas de multa. Não confundir com
a pena restritiva de direitos denominada de prestação pecuniária.
Assim, temos três grandes grupos de penas, consistentes nas privativas de liberdade, nas restritivas de
direitos e nas penas de multas. Enquanto as penas privativas de liberdade são manifestação do Direito Penal
Tradicional ou da Primeira Velocidade, as penas restritivas de direitos, também chamadas de alternativas,
são consideradas parte da chamada Segunda Velocidade do Direito Penal, na classificação do jurista Jesús-
María Silva Sanchez, já estudada neste curso.
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Reclusão
Privativas de
Detenção
liberdade
Prisão simples
Prestação pecuniária
Tempo da pena
Vale lembrar que as penas têm sua duração reguladas pelo artigo 10 do Código penal, como já estudado.
Isto porque são prazos penais a contagem do início e do término de cumprimento das sanções.
Quanto à duração de cada pena, o estudo será feito de acordo com a sua espécie, conforme a classificação
acima.
2 - PENAS VEDADAS
Assim como prevê as penas que são permitidas, a Constituição Federal também apresenta a lista das penas
que são vedadas, isto é, aquelas que não podem ser estipuladas pelo legislador. As vedações estão previstas
no artigo 5º,
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
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A Constituição proíbe, portanto, as penas de morte, de caráter perpétuo, de trabalhos forçados e, de forma
genérica, as que sejam cruéis. A única exceção que a Constituição faz é em relação à pena de morte, para a
qual se admite a aplicação em caso de guerra declarada. Vejamos cada uma das vedações:
A pena de morte, portanto, é proibida em regra. A exceção é o caso de declaração de guerra, nos termos do
artigo 84, XIX, da Constituição da República, que assim prevê:
(...)
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas
condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
Portanto, a guerra é declarada pelo Presidente da República, após autorização do Congresso Nacional, no
caso de agressão estrangeira. A pena de morte está prevista, para situações em que permitida, no Código
Penal Militar, que determina que seja executada por fuzilamento. Sua previsão está no artigo 55, “a”, de
referido Código, enquanto o artigo 56 prevê a forma de sua execução:
a) morte;
(...)
Pena de morte
Além desta previsão legal, parte da doutrina prevê como espécie de aplicação de pena de morte no Brasil o
abatimento de aeronaves do artigo 303, § 2º, da Lei 7.565/86, o Código Brasileiro da Aeronáutica.
Grande parte dos doutrinadores entende que a previsão do abate, que só foi regulamentada pelo Decreto
nº 5.144/2004, é inconstitucional, por trazer nova modalidade de pena de morte não prevista na
Constituição. Entretanto, trata-se de previsão bastante específica, sem que haja notícias de efetivo abate de
aeronave nos termos da permissão legal. Deste modo, não se pode fixar uma posição majoritária da doutrina,
nem mesmo se pode mencionar a posição adotada pela jurisprudência.
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Ademais, há a posição de que também há previsão de pena de morte, neste caso de pessoas jurídicas, no
caso do artigo 24 da Lei 9.605/98:
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir,
facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada,
seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo
Penitenciário Nacional.
Entretanto, é uma posição minoritária, sem ressonância na jurisprudência. A liquidação forçada da pessoa
jurídica não se confunde com a pena de morte, mesmo que, de forma análoga, represente também o fim de
existência de uma sociedade empresária, por exemplo. A Constituição se refere à pena de morte como o fim
da vida humana, não abarcando a extinção de pessoas jurídicas, mesmo porque demonstra, pela lista das
penas vedadas, que sua inspiração decorre da própria dignidade da pessoa humana, fundamento da
República Federativa do Brasil.
Também não se permite, no Brasil, a imposição de penas de caráter perpétuo, razão pela qual as penas de
reclusão e de detenção possuem como limite a duração de 40 anos, nos termos do artigo 75 do Código Penal.
Quanto à pena de prisão simples, seu limite é de 5 anos, conforme o artigo 10 da Lei das Contravenções
Penais.
Os limites das penas serão estudados mais adiante, no decorrer do curso, sendo que aqui importa consignar
que as penas não podem ser perpétuas.
A nossa Constituição também não admite a pena de trabalhos forçados. Cumpre, aqui, esclarecer que a pena
deve ser o próprio trabalho forçado, por exemplo, cumprir tantas horas de trabalho com escolta policial para
o cumprimento da pena.
Distingue-se, do trabalho forçado, a prestação de serviços à comunidade, pena alternativa, ou seja, pena
restritiva de direitos aplicada em substituição à pena privativa de liberdade. Deste modo, a prestação de
serviços não é forçada, mas sim um benefício para o preso. Caso não cumpridas as horas a que foi condenado,
o executado deverá cumprir a pena privativa de liberdade imposta originariamente e substituída pelo juiz.
Por fim, a maior discussão se refere à exigência de trabalho para os presos definitivos, sob pena de
cometimento de falta grave. A previsão está no artigo 31 da Lei de Execução Penal (LEP):
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas
aptidões e capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado
no interior do estabelecimento.
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O trabalho é considerado um dever do condenado, de modo que seu descumprimento constitui falta grave,
nos termos do artigo 39, inciso V, e do artigo 50, inciso VI, ambos da LEP:
(...)
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
(...)
Entretanto, o trabalho previsto na Lei de Execução Penal não é pena, mas sim um dos deveres do condenado
definitivamente à pena privativa de liberdade. Não se cuida de trabalho forçado como sanção penal, mas de
trabalho como uma das obrigações do preso em relação à disciplina que lhe é imposta.
I - Consoante previsão dos arts. 50, VI, e 39, V, ambos da LEP, configura falta grave a recusa pelo
apenado, à execução de trabalho interno regularmente determinado pelo agente público
competente, não havendo que se falar na existência de flagrante ilegalidade no v. acórdão
combatido, sobretudo porque, além de a medida não se confundir com a pena de trabalho
forçado, vedada pela Constituição Federal (art. 5º, XLVIII, "c"), encontra previsão no art. 6º da
Convenção Americana de Direitos Humanos. (STJ, AgRg no HC 429608/SP, Rel. Min. Félix Fischer,
Quinta Turma, DJe 27/04/2018).
Como foi mencionado no acórdão, cumpre transcrever apenas parte do artigo 6 da Convenção Americana
de Direitos Humanos, no que interessa ao nosso estudo:
(...)
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Portanto, o Pacto de São José da Costa Rica também admite a obrigação de trabalho como decorrência do
cumprimento de pena privativa de liberdade.
➢ Pena de banimento
Foi também vedada pelo constituinte de 1988 a pena de banimento. O banimento é o ato de expulsar um
brasileiro do território nacional, levando-o a viver no estrangeiro.
Há outras espécies de pena que não devem ser confundidas com o banimento: a de desterro e a de degredo
ou confinamento. Degredo é a determinação de que o indivíduo fique confinado a uma determinada parte
do território nacional. Desterro é a expulsão do indivíduo do local em que vive, como, por exemplo, a
Comarca em que vive a vítima.
Por fim, são vedadas as penas de natureza cruel, o que é nítida decorrência do princípio da humanidade. Esta
vedação é mais genérica, pois envolve, de modo mais amplo, todas as penas que sejam dotadas de crueldade.
Pode ser considerada cruel, por exemplo, a determinação de amputação de um membro do corpo do
condenado.
Já estudamos que o prazo máximo para as penas de reclusão e de detenção, com a atualização realizada pela
Lei 13.964/2019, é de 40 anos. O limite da prisão simples, por outro lado, é de 5 anos.
O regime inicial de cumprimento da pena de reclusão pode ser o fechado, o semiaberto ou o aberto. No
caso da detenção e da prisão simples, o regime inicial pode ser o semiaberto ou o aberto. Entretanto, apenas
no caso de detenção pode haver regressão, no curso do cumprimento de pena, para o regime fechado, o
que não se admite no caso de prisão simples.
Quanto aos efeitos extrapenais, previstos nos artigos 91 e 92 do Código Penal, não se aplicam à pena de
prisão simples, segundo parte da doutrina. Entretanto, existe precedente do STJ, determinando que a perda
dos instrumentos do crime são aplicáveis às contravenções penais (STJ, REsp 87971, Rel. Min. Vicente Leal,
Sexta Turma, DJe 14/02/2000).
Os efeitos são reservados, em regra, para os casos de reclusão e detenção, exceto no que se refere à
incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela, que é reservada apenas para os crimes
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado.
Por fim, como outro elemento diferenciador, cabe lembrar que só cabe interceptação telefônica nos casos
de crimes a que for cominada a pena de reclusão.
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Como resumo das principais diferenças entre as modalidades de pena privativa de liberdade, segue um
quadro informativo:
A aplicação da pena é chamada de dosimetria, por envolver o cálculo da pena nos termos do método
trifásico. Começando pela pena privativa de liberdade, sua fixação, pelo juiz, deve ter como parâmetros os
limites mínimo e máximo previstos na lei e ser realizado em três fases.
O método trifásico se inicia com a fase das circunstâncias judiciais, prevista no artigo 59 do Código Penal. Se
sequência, há a aplicação das agravantes e das atenuantes, com a estipulação da pena intermediária. Por
fim, a terceira fase envolve a aplicação das causas de aumento e de diminuição de pena.
É o que prevê o artigo 68 do Código Penal, que institui o sistema trifásico de cálculo da pena:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.
O esquema a seguir demonstra as fases e o que deve ser considerado pelo juiz em cada uma delas:
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Caso o tipo penal seja qualificado, há limites mínimo e máximo específicos para esta modalidade. Ou seja, a
dosimetria já parte do tipo qualificado, sendo que a primeira fase do cálculo da pena já o tem como
parâmetro. A qualificadora, portanto, define o próprio início da dosimetria, trazendo novos limites mínimo
e máximo, ao qual o juiz se aterá na primeira e na segunda fases.
Caso haja mais de uma qualificadora, a jurisprudência e a doutrina, de forma majoritária, indicam que, se for
possível, o que sobejar, ou seja, não for utilizado para qualificar o delito, atuará como causa de aumento de
pena. Subsidiariamente, caso não haja causa de aumento de pena para o caso, a circunstância que não for
usada para qualificar o delito será usada como agravante e, por fim, a última hipótese será de sua
consideração como circunstância judicial. Neste sentido:
“(...) 3. No caso, as instâncias ordinárias valoraram como circunstâncias judiciais duas das três
qualificadoras do crime de furto. Nos termos da jurisprudência desta Corte, de rigor a utilização
de circunstâncias qualificadoras remanescentes àquela que qualificou o tipo como causas de
aumento, agravantes ou circunstâncias judiciais desfavoráveis, respeitada a ordem de
prevalência, ficando apenas vedado o bis in idem. (...)” (STJ, HC 479583/SP, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, Quinta Turma, DJe 13/02/2019).
✓ 1ª Fase
Na primeira fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias judiciais para a fixação da pena-base.
Segundo a doutrina e a jurisprudência majoritárias, parte-se da pena mínima abstratamente cominada ao
delito, seja do tipo simples ou do qualificado. Ou seja, caso se configure o tipo simples, o mínimo a ele
cominado deve ser considerado. Se o fato se subsumir no tipo qualificado, é o limite mínimo previsto para a
qualificadora que será considerado.
Para a fixação da pena base, são consideradas as circunstâncias judiciais. São elas: a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e as consequências
do crime e o comportamento da vítima. Estão estipuladas no artigo 59, do Código Penal, notadamente no
que se refere ao previsto no inciso II:
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IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
Cumpre ressaltar que a jurisprudência não aceita a fixação da pena-base acima do mínimo legal com base
em conceitos vagos, especialmente se baseados na gravidade em abstrato do próprio crime:
"(...) 3. A jurisprudência pátria, em obediência aos ditames do art. 59 do Código Penal e do art.
93, IX, da Constituição Federal, é firme no sentido de que a fixação da pena-base deve ser
fundamentada de forma concreta, idônea e individualizada, não sendo suficiente referências a
conceitos vagos e genéricos, máxime quando ínsitos ao próprio tipo penal. (...)" (HC 445958/ES,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, Dje 29/06/2018).
Este entendimento auxilia em vários temas, até mesmo em relação ao processo penal. Invocar a gravidade
em abstrato do crime não serve para fixação de regime inicial mais gravoso, aumento da pena, decretação
de prisão preventiva e assim por diante.
Nesta fase, o juiz não pode ultrapassar os limites mínimo e máximo da pena, conforme as balizas fixadas
de forma abstrata pelo legislador. A lei não prevê, quanto às circunstâncias judiciais, a fração da pena que
deve ser utilizada. Deste modo, há sua fixação pela doutrina e pela jurisprudência, sendo que parte entende
aplicável a fração de 1/6 (um sexto), enquanto outros entendem que se aplica a fração de 1/8 (um oitavo).
Este último parâmetro se baseia no número de circunstâncias judiciais existentes no artigo 59, que são oito.
O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, entende que não se deve adotar um quantum definido e
determinado para todas as circunstâncias judiciais, mas sim devem ser consideradas cada uma das
circunstâncias, conforme a relevância delas no caso concreto. Neste sentido, segue um trecho de recente
acórdão de referida Corte:
“(...) III - Segunda a jurisprudência desta Corte Superior, a definição do quantum de aumento da
pena-base, em razão de circunstância judicial desfavorável, está dentro da discricionariedade
juridicamente vinculada e deve observar os princípios da proporcionalidade, razoabilidade,
necessidade e suficiência à reprovação e prevenção ao crime. Não se admite a adoção de um
critério puramente matemático, baseado apenas na quantidade de circunstâncias judiciais
desfavoráveis, até porque de acordo com as especificidades de cada delito e também com as
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condições pessoais do agente, uma dada circunstância judicial desfavorável poderá e deverá
possuir maior relevância (valor) do que outra no momento da fixação da pena-base, em
obediência aos princípios da individualização da pena e da própria proporcionalidade. (...)”
(STJ, HC 437157/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 20/04/2018).
Nos termos da jurisprudência desta Corte, não há direito subjetivo do réu à aplicação do
quantum de aumento de 1/6 sobre a pena mínima, na primeira fase da dosimetria da pena,
para cada circunstância judicial valorada negativamente. Afinal, embora tal fração seja um dos
parâmetros aceitos por este STJ, não é obrigatória sua aplicação, até porque a fixação da pena-
base não preci-sa seguir um critério matemático rígido. (STJ, AgRg no HC n. 725.856/SC, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 2/8/2022, DJe de 10/8/2022).
O STF, por sua vez, possui precedente em que se considera recomendável a indicação da fração do aumento,
apesar de consignar que não é necessária essa menção na sentença. Nestes termos, o seguinte trecho de
precedente relativamente recente:
“(...) 10. Ainda que recomendável a atribuição de um quantum de pena, isoladamente, a cada
vetor considerado na primeira fase da dosimetria, sua inobservância não gera nulidade. 11.
Com efeito, a fixação de pena-base conglobada não impede que as instâncias superiores exerçam
o controle de sua legalidade e determinem seu reajustamento, se não houver base empírica
idônea que confira suporte aos vetores invocados ou se desarrazoada a majoração havida. 12.
Na espécie, houve motivação adequada para a valoração negativa da culpabilidade, das
circunstâncias do crime e da conduta social do paciente, demonstrando-se, com base em
elementos concretos, o maior grau de censurabilidade da conduta, a justificar a acentuada
exasperação de sua pena-base. (...)” (STF, HC 134193/GO, Rel. Min. Dias Toffoli, Segunda Turma,
Julgamento em 26/10/2016).
Culpabilidade
A culpabilidade do agente consiste no juízo da censura ou reprovação em relação à conduta do agente, que
pode variar conforme o caso concreto. Alguns denominam esta circunstância de culpabilidade em sentido
estrito, já que a pena deve ser fixada na medida da culpabilidade do agente, em sentido amplo. Neste
sentido, o seguinte excerto de julgado do STJ:
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“(...) 4. Para fins de individualização da pena, a culpabilidade deve ser compreendida como juízo
de reprovabilidade da conduta, ou seja, a maior ou menor censurabilidade do comportamento
do réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos elementos da culpabilidade, para que
se possa concluir pela prática ou não de delito. No caso dos autos, o fato de o réu ter agido com
um comparsa não identificado, contra três vítimas, utilizando-se de simulacro de uma pistola, o
qual era apontado para as vítimas, tendo uma delas, inclusive, desmaiado por acreditar ter sido
atingida por um tiro, demonstra o dolo intenso e o maior grau de censura a ensejar resposta
penal superior. (...)” (STJ, HC 433404/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe
09/04/2018).
Portanto, não se pode confundir a culpabilidade, como circunstância judicial, com o elemento do crime (fato
típico, ilícito e culpável). Por isso, o STJ não admite a exasperação da pena “sob a justificativa de que o Agente
tinha plena consciência da ilicitude de suas ações, conforme ocorreu na espécie”8. A potencial consciência
da ilicitude é elemento da culpabilidade, conforme a teoria normativa adotada desde o advento do finalismo.
Por outro lado, o STJ entende cabível o aumento da pena, com base na culpabilidade, em razão da
premeditação, por exemplo, de um crime contra a vida9. Também se admite a exasperação da pena, a título
de culpabilidade, caso o agente, para disfarçar condutas relacionadas à criminalidade econômica, tenha
utilizado manobra consistente em constituição de outras empresas, tornando mais difícil a descoberta das
ilicitudes por ele praticadas10.
Maus antecedentes
Os maus antecedentes se referem às infrações penais cometidas anteriormente pelo agente, sendo que essa
circunstância judicial esbarra na questão da presunção de inocência. Como a Constituição determina que
ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, surgiu a
discussão sobre a consideração de inquéritos e processos penais em andamento para estipulação da pena
base pelo juiz.
8
STJ, HC n. 453.169/RS, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 6/6/2019, DJe de 17/6/2019.
9
STJ, REsp n. 1.843.481/PE, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 7/12/2021, DJe de 14/12/2021.
10
STJ, AgRg no HC n. 735.866/SP, Rel. Des. Jesuíno Rissato, Quinta Turma, julgado em 2/8/2022, DJe de 9/8/2022.
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É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
O Supremo Tribunal Federal também possui referido posicionamento, como se nota do acórdão a seguir:
Também não podem ser considerados maus antecedentes os atos infracionais cometidos pelo indivíduo,
antes de atingida a maioridade, nem a sentença homologatória de transação penal.
Devem ser consideradas, então, para a configuração dos maus antecedentes as condenações criminais já
transitadas em julgado. Entretanto, há a agravante da reincidência, sendo que a mesma condenação não
pode ser considerada como mau antecedente e fundamento de reincidência, sob pena de violação do
princípio da proibição do bis in idem. É possível, entretanto, a consideração de uma condenação transitada
em julgado, por roubo, como reincidência e outra condenação definitiva, por ameaça, como antecedente.
Cabe, então, a análise mais rápida dos casos em que se configura a reincidência, para entendermos quando
determinado fato pode ensejar a incidência da agravante e quando se deve utilizá-lo como circunstância
judicial. A reincidência está regulada no artigo 64 do Código Penal:
Portanto, a condenação por ato anterior deixa de ensejar a reincidência após o decurso do prazo depurador
a partir do cumprimento ou da extinção da pena, sendo que devem ser computados os períodos de prova da
suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, caso os benefícios não tenham sido revogados.
O prazo é de um lustro, ou seja, de 5 anos. Após o transcurso de referido interregno, a condenação anterior
não poderá mais ser considerada para reconhecimento da reincidência.
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Também não ensejam o reconhecimento da reincidência a condenação anterior por crime anterior que seja
militar próprio ou político. Crime militar próprio é aquele apenas previsto para o militar, não havendo um
delito correspondente no caso de um civil praticar a mesma conduta.
Crimes políticos, por sua vez, são aqueles que se voltam contra a ordem estatal, devendo estar presente a
motivação política do agente. No caso do Direito Penal brasileiro, estão previstos no Capítulo XII, segundo o
entendimento que prevalece.
Quais são, então, os fatos delitivos que podem ser considerados como maus antecedentes?
Parte da doutrina entende que, após o transcurso do lustro, há o direito ao esquecimento, que determina
que o fato não seja considerado de forma alguma para a dosimetria da pena. Este era o entendimento da
Segunda Turma do STF, havendo divergência na própria Corte. Entretanto, no julgamento do Recurso
Extraordinário 593.818, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela admissibilidade pela condenação já atingida
pelo período depurador, pacificando o tema em suas turmas. Entretanto, após apreciação de embargos de
declaração, consignou não ser obrigatória a elevação da pena base, devendo o juiz verificar se o mau
antecedente é antigo ou irrelevante:
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“(...) III - A jurisprudência deste Tribunal é assente no sentido de que as condenações alcançadas
pelo período depurador de 5 anos, como no presente caso, previsto no art. 64, inciso I, do Código
Penal, afastam os efeitos da reincidência, mas não impedem a configuração de maus
antecedentes, permitindo, assim, o aumento da pena-base acima do mínimo legal. Embargos de
declaração acolhido, com efeitos infringentes, para sanar a omissão e não conhecer do habeas
corpus, com o fim de restabelecer o acórdão condenatório proferido pelo eg. Tribunal de origem
em grau de apelação. (...)” (EDcl no HC 413204/SP, Rel. Min. Félix Fischer, Quinta Turma, DJe
21/05/2018).
b) Condenação por fato praticado anteriormente, cujo trânsito em julgado ocorreu entre o novo fato
e a data da sentença.
Ademais, há o fato anterior ao cometimento do novo crime, mas cujo trânsito ocorre entre a prática da nova
infração penal e a prolação da sentença pelo juiz. Como o fato não havia transitado em julgado na época da
prática de novo delito pelo agente, não pode ser considerado para se declará-lo como reincidente, conforme
prevê o artigo 63 do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Assim, ocorrendo o trânsito em julgado após o cometimento do novo fato criminoso, não há que se falar em
reincidência. Pode tal circunstância ser considerada, entretanto, como mau antecedente, se houver o
trânsito em julgado antes de proferida a condenação.
Como mencionado, a condenação anterior por crimes militares próprios ou por crimes políticos não implica
na reincidência do agente. Deste modo, se a condenação por delitos de tais espécies já houver transitado
em julgado, é possível sua utilização como mau antecedente.
d) Condenação anterior, dentro do período que gera reincidência, se já houver outra condenação com
este efeito.
Por fim, o indivíduo pode ter mais de uma condenação, sendo que todas transitaram em julgado antes da
data do cometimento do novo delito. Considerado um dos fatos para reconhecimento da agravante da
reincidência, as demais condenações podem ser levadas em conta na primeira fase da dosimetria, como
maus antecedentes. Como são condenações diversas, não se configura o bis in idem11.
11
Neste sentido, exigindo a indicação, pelo juiz, de qual configura reincidência e qual é mau antecedente: PExt no HC 542909/ES,
Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 23/06/2020.
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Como a condenação por contravenção penal, ainda que transitada em julgado, não gera reincidência em
caso de prática posterior de crime, essa circunstância pode ser considerada como mau antecedente, como
já decidiu o STJ12:
Com efeito, "sabe-se que a condenação definitiva anterior por contravenção penal não gera
reincidência, caso o agente cometa um delito posterior, porquanto o art. 63 do Código Penal é
expresso em sua referência a novo crime. Contudo, não obstante não caracterize reincidência, a
contravenção penal pode ser considerada como reveladora de maus antecedentes (AgRg no
AREsp 896.312/SP, minha relatoria, QUINTA TURMA, julgado em 21/06/2016, DJe 29/06/2016)"
(HC n. 396.726/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 23/10/2017).
(STJ, AgRg no HC n. 612.700/PR, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 6/10/2020,
DJe de 19/10/2020)
Assim, deve ser valorada na primeira fase da dosimetria a condenação anterior, transitada em julgada, pela
prática de uma contravenção penal, se o juiz estiver julgando um caso posterior de prática de crime. Vale
lembrar que, caso a condenação posterior também seja de contravenção penal, o caso será de reincidência,
nos termos do artigo 7º da Lei das Contravenções Penais.
Conduta Social
A conduta social se refere ao comportamento do indivíduo na sociedade, sua interação com a comunidade
em que vive. A este respeito, é comum a utilização de testemunhas de defesa para comprovação de que o
réu possui uma boa conduta social, as quais são denominadas de “testemunhas de beatificação”. A prova
testemunhal é admitida para valoração dessa circunstância, considerando-se a regra da livre persuasão
motivada do juiz13. Não cabe, por outro lado, a valoração de condenações anteriores, que devem ser
valoradas como maus antecedentes ou, conforme o caso, como agravante da reincidência, mas não como
conduta social nem como personalidade do agente14.
A valoração negativa da conduta social deve ser amparada em elementos concretos que a
desabonem, sendo insuficiente para tanto o fato de o acusado não exercer atividade laboral ou
não estudar ou ter sido preso anteriormente. Desse modo, a avaliação desfavorável desse vetor
deve ser excluída do cômputo da pena-base. (STJ, AgRg no HC n. 754.663/SP, relator Ministro
Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 2/8/2022, DJe de 8/8/2022).
Quanto à circunstância judicial relativa à conduta social, observo que o aresto objurgado não
apreciou o comportamento do sentenciado no seu ambiente familiar, de trabalho e na
12
STJ, AgRg no HC n. 612.700/PR, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 6/10/2020, DJe de 19/10/2020.
13
STJ, HC n. 704.196/SP, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 14/6/2022, DJe de 21/6/2022.
14
STJ, EDcl no AgRg no HC n. 658.192/SP, relator Des. Conv. Olindo Menezes, Sexta Turma, julgado em 28/6/2022, DJe de
1/7/2022.
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convivência em sociedade, destacando apenas que seria desajustada, pois "voltada para o
crime", parecendo-me, desse modo, evidente o constrangimento ilegal perpetrado, bastante a
justificar, no pormenor, o provimento do recurso. Precedentes. (STJ, REsp n. 1.955.041/PA, Rel.
Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, julgado em 14/6/2022, DJe de 23/6/2022).
Personalidade do agente
A personalidade do agente se refere à sua composição psicológica, abrangendo suas qualidades morais, a
natureza de sua índole, o conjunto de seus caracteres subjetivos e a expressão do seu temperamento. Deve
ser aferida do confronto de seu comportamento com a ordem social. Pode-se valorar, por exemplo, o seu
comportamento violento e agressivo do agente em suas relações domésticas 15.
A jurisprudência tem exigido que haja elementos concretos sobre a avaliação psicológica do agente para a
elevação da pena base, pelo juiz, com fundamento na personalidade do agente, mas não é necessário laudo
técnico:
“(...) Este Superior Tribunal de Justiça reconhece que a personalidade do agente somente pode
ser valorada negativamente se constarem dos autos elementos concretos para sua efetiva e
segura aferição pelo julgador, o que não se vislumbra na hipótese em apreço. (...)” (STJ, HC
433404/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 09/04/2018).
“No que diz respeito à personalidade, cumpre assinalar que "a valoração negativa da
personalidade do agente exige a existência de elementos concretos e suficientes nos autos que
demonstrem, efetivamente, a maior periculosidade do réu aferível a partir de sua índole,
atitudes, história pessoal e familiar, etapas de seu ciclo vital e social, etc., sendo prescindível a
existência de laudo técnico confeccionado por especialistas nos ramos da psiquiatria e psicologia
para análise quanto a personalidade do agente" (AgRg no REsp n. 1.301.226/PR, Sexta Turma,
Rel.ª Min.ª Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 28/03/2014).” (STJ, AgRg no HC 659.922/SC,
Rel. Des. Convocado Jesuíno Rissato, Quinta Turma, julgado em 17/08/2021, DJe 24/08/2021).
Ademais, em caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, é ainda mais importante a valoração de
egoísmo, possessividade e ciúmes. Como observou o STJ, especialmente no caso do ciúme, esse estado
emocional "é de especial reprovabilidade em situações de violência de gênero, por reforçar as estruturas de
dominação masculina - uma vez que é uma exteriorização da noção de posse do homem em relação à mulher
- e é fundamento apto a exasperar a pena-base"16.
E os atos infracionais, podem ser valorados na primeira fase da dosimetria, como indicativos da
personalidade do agente?
15
STJ, AgRg no HC n. 697.993/ES, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado em 21/6/2022, DJe de 27/6/2022.
16
STJ, HC n. 704.196/SP, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 14/6/2022, DJe de 21/6/2022.
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Há divergência.
Apesar de não se admitir a consideração do ato infracional para fins de reincidência ou maus antecedentes,
a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça entende que é admissível que referido elemento seja
considerado para fins de consideração da personalidade do agente:
“(...) 3. A prática de ato infracional, embora não possa ser utilizada para fins de reincidência ou
maus antecedentes, por não ser considerada crime, pode ser sopesada na análise da
personalidade do paciente, reforçando os elementos já suficientes dos autos que o apontam
como pessoa perigosa e cuja segregação é necessária. (...)”
STJ, RHC 107516/PI, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 20/02/2019.
De outro lado, a Sexta Turma não tem admitido a consideração dos atos infracionais praticados pelo agente
como fundamento hábil a elevar a pena-base:
STJ, HC 465647/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe 08/11/2018.
Motivos
Referem-se ao fato que motivou o agente à prática do crime, como uma motivação política, por exemplo.
Vale destacar que o motivo fútil e o motivo torpe já são agravantes genéricas, sendo que, em tais casos, o
reconhecimento da agravante afasta a possibilidade de valoração da circunstância judicial, sob pena de bis
in idem. Ademais, no caso de homicídio, referidas motivações qualificam o crime, de modo que, se for
utilizado o motivo como qualificadora, fica afastada tanto a agravante quanto a circunstância judicial. Além
disso, no caso do delito do artigo 122 do Código Penal, o seu parágrafo terceiro prevê a duplicação da pena
se o agente atuar por motivo egoístico, fútil ou torpe.
Circunstâncias do crime
As circunstâncias do crime se referem à forma como ele foi praticado, ou seja, ao seu modus operandi. O
mesmo crime pode ser praticado de diversas formas, com graus de ousadia e de periculosidade diferentes,
o que deve influenciar a fixação da pena base.
O cometimento do crime "em praça pública, na presença de vários populares, de modo que a
conduta empreendida pôs efetivamente em risco outros bens jurídicos para além da integridade
física da vítima, [...], inclusive, a vida daqueles que estavam transitando pelo local", justifica o
agravamento da pena-base pela vetorial das circunstâncias do delito.
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(STJ, AgRg no AREsp n. 1.803.854/AL, Rel. Des. Conv. Olindo Menezes, Sexta Turma, julgado em
7/6/2022, DJe de 10/6/2022)
O fato de a vítima passar mais de 30 dias sem trabalhar, considerando-se que "ajudava a
sustentar a casa, juntamente com o trabalho dos seus irmãos, visto que a mãe possui deficiência
visual e o pai alcoólatra", autoriza a valoração negativa das consequências do delito.
(AgRg no AREsp n. 1.803.854/AL, Rel. Des. Conv. Olindo Menezes, Sexta Turma, julgado em
7/6/2022, DJe de 10/6/2022)
Consequências do crime
As consequências do crime abrangem os resultados produzidos em relação à vítima, a seus entes próximos
ou à sociedade. Pode ocorrer, por exemplo, de a vítima ficar traumatizada, conforme laudo juntado nos
autos, em virtude do crime praticado contra ela, o que deve elevar a sua pena-base na primeira fase da
dosimetria. O STJ possui um precedente recente com exemplo didático de valoração dessa circunstância:
O fato de a vítima passar mais de 30 dias sem trabalhar, considerando-se que "ajudava a
sustentar a casa, juntamente com o trabalho dos seus irmãos, visto que a mãe possui deficiência
visual e o pai alcoólatra", autoriza a valoração negativa das consequências do delito.
(STJ, AgRg no AREsp n. 1.803.854/AL, Rel. Des. Conv. Olindo Menezes, Sexta Turma, julgado em
7/6/2022, DJe de 10/6/2022.)
Comportamento da vítima
O comportamento da vítima também é circunstância judicial prevista no artigo 59 do Código Penal. Aqui,
pode ser valorada a chamada culpa concorrente, como elemento da individualização da pena. Vale lembrar
que o Direito Penal não admite a compensação de culpas, de modo que a responsabilização penal do agente
não será afastada. No caso de provocação ou culpa da vítima, o juiz pode valorar a circunstância na primeira
fase da dosimetria.
De todo modo, vale relembrar que o comportamento da vítima, conforme o caso e o delito, pode ter
diferentes consequências quanto à pena do agente:
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É importante lembrar que, no artigo 42 da Lei n. 11.343/2006, e no artigo 291, § 4º, do Código de Trânsito
Brasileiro, há regras específicas sobre circunstâncias judiciais.
✓ 2ª Fase
Na segunda fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias agravantes e atenuantes. Neste caso,
também não há a fixação de uma fração, pela lei, para a diminuição ou o aumento da pena, sendo que a
jurisprudência aponta como utilizável a fração de 1/6 (um sexto).
O Superior Tribunal de Justiça admite a consideração de fração diversa, mas entende que a fixação do
aumento superior a um sexto exige motivação específica na sentença:
Na segunda fase, parte-se da pena intermediária para a estipulação da pena intermediária. Esta deve
observar a adstrição aos limites mínimo e máximo da sanção abstratamente cominada ao delito. É o que
determina a Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça:
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo
legal.
Ademais, é importante consignar que, dentre todas as circunstâncias agravantes previstas no artigo 61 do
Código Penal, apenas a reincidência é aplicável tanto aos crimes dolosos quanto aos culposos. É o
entendimento que predomina na doutrina e na jurisprudência. Deste modo:
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Já no que diz respeito aos crimes preterdolosos, o STJ tem entendido que o resultado praticado a título de
culpa não altera a natureza dolosa do crime. Por isso, aplicam-se a tais crimes todas as agravantes genéricas
previstas no artigo 61 do Código Penal:
Agravantes
As circunstâncias agravantes estão previstas no artigo 61 do Código Penal, o que ressalva que sua aplicação
na segunda fase depende de o delito não prever a circunstância como elementar ou qualificadora do crime.
Leiamos o dispositivo legal:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam
o crime:
I - a reincidência;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
podia resultar perigo comum;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
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Reincidência
A reincidência é a agravante que determina a elevação da pena em razão de cometimento anterior de crime
pelo agente, desde que haja trânsito em julgado e dentro de determinado período. É o que prevê o artigo 63
do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
No caso de cometimento de novo crime, só a prática de crime anterior, seja no Brasil ou no exterior, enseja
a reincidência, nos termos do dispositivo acima transcrito.
Art. 7º - Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar
em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime,
ou, no Brasil, por motivo de contravenção.
Fato anterior
Fato posterior Reincidência
(trânsito em julgado)
Crime no Brasil Crime Sim
Crime no exterior Crime Sim
Contravenção Crime Não
Contravenção no Brasil Contravenção Sim
Contravenção no exterior Contravenção Não
Crime no Brasil Contravenção Sim
Crime no exterior Contravenção Sim
O nosso Direito adota o sistema da temporariedade da reincidência. Isto significa que o delito só ensejará a
reincidência do agente caso ele pratique novo fato delitivo dentro de determinado prazo. Referido lapso
temporal é denominado de período depurador, que é de um lustro, um quinquênio ou, de modo mais
simples, de cinco anos.
O transcurso do período depurador é uma das hipóteses de não configuração da reincidência, nos termos do
artigo 64 do Código Penal:
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Portanto, decorridos cinco anos do cumprimento ou extinção da pena, computados neste prazo o da
suspensão condicional da penal (sursis) e o do livramento condicional (LC) se não tiverem sido revogados, o
fato deixa de possuir a potencialidade de tornar o indivíduo reincidente, caso volte a delinquir:
Nos termos do artigo 64, inciso II, não é possível considerar o indivíduo reincidente com base em crime
anterior que seja militar próprio ou político. Além disso, o STF decidiu que o “art. 28 da Lei 11.343/2006, por
não cominar pena de reclusão ou detenção, não configura crime nos termos da definição contida na Lei de
Introdução ao Código Penal, e, assim, não tem a condão de gerar reincidência, instituto disciplinado no
Código Penal.”17 O STJ fixou entendimento no mesmo sentido18. Assim, não se pode considerar o sujeito
reincidente em virtude de anterior condenação por porte de drogas para consumo próprio.
A reincidência possui natureza jurídica de circunstância agravante de caráter subjetivo. Tal agravante não se
comunica para os demais agentes, dada sua natureza nitidamente pessoal.
Por fim, a Súmula 241 do STJ relembra que não se pode valorar o mesmo fato como agravante da
reincidência e circunstância judicial, ao mesmo tempo, sob pena de violação ao princípio do ne bis in idem:
17
STF, RHC 178512 AgR, Relator(a): EDSON FACHIN, Segunda Turma, julgado em 22/03/2022.
18
STJ, AgRg no HC n. 790.901/SP, relator Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, julgado em 24/4/2023, DJe de 28/4/2023.
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(MPSP/Promotor de Justiça/2019) Alberto praticou cinco infrações penais distintas. Foi processado e
condenado cinco vezes, conforme resume o quadro a seguir. Em todos os cinco processos, foram
devidamente acostadas as Folhas de Antecedentes atualizadas e as respectivas certidões cartorárias
dos feitos informados:
Data do
Data do início
trânsito em
Data do fato e do
Processo Pena aplicada julgado para
tipificação cumprimento
ambas as
de pena
partes
03.01.2008 –
Substituição de
8 meses de
I convocado (art. 185 02.02.2010 03.03.2010
detenção
do Código Penal
Militar).
03.03.2010 – Vias de
fato (art. 21 do 2 meses de
II 01.03.2011 05.04.2011
Decreto-Lei nº prisão simples
3.688/41).
04.04.2011 – lesão
4 anos e 3
corporal seguida de
III meses de 02.04.2012 08.07.2012
morte (art. 129, § 3º,
reclusão
do Código Penal)
09.07.2012 –
1 ano e 2
Homicídio culposo
IV meses de 10.07.2013 10.07.2013
(art. 121, § 3º, do
detenção
Código Penal)
13.07.2018 – lesão
corporal gravíssima 6 anos de
V 15.03.2019 18.04.2019
(art. 129, § 2, I, do reclusão
Código Penal).
Pode-se afirmar que o Juiz certamente considerou Alberto reincidente nas sentenças condenatórias
referentes apenas aos processos:
a) II, III, IV e V.
b) II e III.
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c) IV e V.
d) III, IV e V.
e) III e IV.
Comentários.
As condenações dos processos I e II não geram reincidência no caso de crimes do Código Penal, já que
constituem crime militar próprio e contravenção penal, respectivamente.
O artigo 63 só prevê reincidência por condenação anterior a crime, não mencionando contravenção:
“Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a
sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior”. O artigo 64, inciso II,
por sua vez, determina não se considerarem os crimes militares próprios e os políticos.
Deste modo, quando praticado o crime do processo III, não havia condenação anterior transitada em
julgado que pudesse ensejar a reincidência. Já quando cometidos os crimes dos processos IV e V, o
delito do processo III ainda era apto a ensejar reincidência. Isto porque só passarão os 5 anos do
cumprimento da pena em 07.10.2021 (período depurador).
O motivo fútil e o motivo torpe constituem circunstâncias agravantes, ressalvadas, claramente, as hipóteses
em que forem elementares ou qualificadoras do crime.
O motivo fútil é considerado o pequeno, insignificante. Por sua vez, o motivo torpe é aquele abjeto, vil ou
repugnante.
“(...) 3. O mesmo não ocorre no tocante à futilidade do motivo: ainda que não baste a excluir a
criminalidade do fato ou a culpabilidade do agente, a vingança da mulher enciumada, grávida e
abandonada não se pode tachar de insignificante. 4. Habeas corpus deferido, em parte, para
excluir da pronúncia a qualificadora do motivo fútil. (...)” (STF, HC 90744/PE, Rel. Min. Sepúlveda
Pertence, Primeira Turma, Julgamento: 12/06/2007).
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“(...) III. Homicídio qualificado: motivo torpe, vingança e pronúncia. A vingança, por si só, não
substantiva o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a imputação de
torpeza do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do contexto do fato. Não antecipar juízo
a respeito, por entendê-lo sujeito à "análise aprofundada de toda a prova produzida", não traduz
nulidade da pronúncia; na pronúncia, se a existência de crime doloso contra a vida se reputa
inequívoca, a submissão ao Júri da sua qualificação - se entendida plausível - antes de violar a lei,
é orientação que se amolda à reserva ao tribunal popular de julgamento dos crimes dolosos
contra a vida.” (STF, HC 83309/MS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, Julgamento:
23/09/2003).
Crime cometido para facilitar ou assegurar a execução ou ocultação, impunidade ou vantagem do outro
crime
A pena se agrava no caso de o crime ter sido cometido para facilitar ou assegurar a execução ou ocultação,
impunidade ou vantagem de outro crime. São os casos denominados de conexão teleológica e
consequencial:
Neste assunto, importante recordar do teor do artigo 108 do Código Penal, que é muito cobrado em provas
de concurso público:
Crime cometido com traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa da vítima
A traição consiste no ataque feito com deslealdade, em que se aproveita de um momento de confiança da
vítima. A emboscada é o ataque feito por meio de tocaia. A dissimulação é a conduta dotada de fingimento,
realizada com disfarce.
Além dos crimes praticados com traição, emboscada ou dissimulação, o legislador deixou espaço para a
chamada interpretação analógica. Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da
vítima possibilita a modificação da pena na segunda fase da dosimetria, devendo os parâmetros serem a
traição, a emboscada e a dissimulação. Um exemplo de outro recurso que configura a agravante é a surpresa.
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Também deve ser agravada a pena do indivíduo que pratica crime contra ascendente, descendente, irmão
ou cônjuge. Para ficar mais fácil memorizar, podemos pensar no acróstico CADI: Cônjuge, Ascendente,
Descendente ou Irmão.
A separação de fato afasta a agravante. Também prevalece que não incide a agravante em caso de união
estável, já que não se admite analogia in malam partem.
No caso de concurso de pessoas, há situações que agravam a pena. Estão previstas no artigo 62 do Código
Penal:
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal;
Deste modo, tem sua pena agravada quem promove ou organiza a cooperação no crime, quem dirige a
atividade dos outros agentes, quem coage ou induz outrem para a execução do crime, quem instiga ou
determina alguém sujeito a sua atividade ou não punível a cometer o delito, bem como aquele que executa
o delito ou participa dele mediante paga ou promessa de recompensa (crime mercenário).
Atenuantes
O Código Penal prevê, no seu artigo 65, as situações que atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data
da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
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b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
O inciso I cuida da chamada menoridade relativa e da senilidade, que determinam a incidência de atenuante
no caso de o agente ser menor de 21 anos de idade, à época da prática da infração penal, ou maior de 70
anos de idade, na data de sentença.
Ademais, estudamos que o erro de proibição não se confunde com o desconhecimento da lei. A ignorância
da lei, que não afasta a culpabilidade, pode, entretanto, atenuar a pena, nos termos do artigo 65, II, do
Código Penal.
Também atenua a pena o agente ter cometido o crime por motivo de relevante valor social, que é aquele
de interesse da coletividade, como o assassinato do grande traidor da pátria. Há um interesse ou benefício
coletivo envolvido.
Do mesmo modo, configura a atenuante o relevante valor moral, que se refere a um valor pessoal do agente,
como o que se vinga de quem praticou um delito hediondo contra sua família. Parte da doutrina define o
relevante valor moral como aquele que corresponde à moral prática da sociedade, ou seja, ao valor moral
que é compartilhado pelos membros daquela comunidade. Nesta linha, a maioria da doutrina e da
jurisprudência entendem que a eutanásia configura relevante valor moral (no caso do homicídio, a
circunstância incide como hipótese de privilégio, e não de atenuante genérica).
Há atenuante de pena se o agente procurar, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o
cometimento do crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado
o dano. Percebam que a hipótese é mais ampla que o arrependimento posterior, que é causa de diminuição
de pena, de um a dois terços, e não deve ser confundido com a atenuante. Incide a minorante do
arrependimento posterior apenas nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, se o
agente, voluntariamente, reparar o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa. O
agente deve ter evitado ou minorado as consequências de forma espontânea (não basta que seja voluntária)
e com eficiência. Quanto à reparação, ela deve ser livre de coação e, ainda, integral, salvo renúncia da vítima.
Também atenua a pena o sujeito ter cometido o crime sob coação resistível ou em cumprimento de ordem
de autoridade superior, desde que a ordem não seja aparentemente legal. Cumpre recordar que a coação
moral irresistível e a obediência a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico possuem o
condão de afastar a culpabilidade, não se configurando o crime.
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A pena também deve ser atenuada no caso de o crime ter sido cometido sob a influência de violenta
emoção, provocada por ato injusto da vítima. A emoção não afasta a culpabilidade, mas o legislador
determinou sua consideração na estipulação da pena do agente.
Há também atenuante no caso de confissão. Quando a confissão espontânea for utilizada para a formação
do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. O STJ
possui enunciado a respeito, a Súmula 545:
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus
à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
Para deixar mais claro, ainda que a confissão seja parcial, se o juiz fundamentar a condenação com base nela,
o indivíduo fará jus à incidência da atenuante. De igual forma, se o agente posteriormente se retratar e,
mesmo assim, for um dos elementos utilizados na sentença. Portanto, a confissão espontânea realizada
perante a autoridade policial pode atenuar a pena, ainda que o agente se retrate perante o juiz, desde que
este a utilize como elemento de convencimento para a condenação. É o que tem decidido o STJ:
“(...) 4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial, seja
utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço. Súmula 545 do
STJ. (...)” (STJ, HC 433722/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/05/2018).
A confissão pode ser, inclusive, qualificada, como o réu que confessa o crime, mas alega ter atuado em
legítima defesa:
“Ressalte-se que, de acordo com a Súmula 545/STJ, a atenuante da confissão espontânea deve
ser reconhecida, ainda que tenha sido parcial ou qualificada, seja ela judicial ou extrajudicial, e
mesmo que o réu venha dela se retratar, como ocorrido no caso em análise.” (STJ, AgRg no AREsp
n. 2.275.153/RJ, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 23/3/2023, DJe de
28/3/2023.)
Esse entendimento não se aplica, entretanto, à prática de tráfico ilícito de entorpecentes. Se o indivíduo
confessa o porte de drogas, mas alega que se tratava de porte para consumo próprio, e não para tráfico, ele
não fará jus à atenuante caso seja condenado pela traficância:
O STJ tem entendido, ainda, que, mesmo que se trate de reincidência específica, ou seja, operada em razão
de o agente praticar novamente a mesma infração penal, é possível a compensação integral. Entretanto, se
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o réu for multirreincidente, ou seja, ostentar mais de uma condenação transitada em julgado antes da prática
do novo delito, deve-se reconhecer a preponderância da agravante da confissão espontânea. É possível,
portanto, nesses casos, a compensação parcial entre a confissão e a multirreincidência:
“A reincidência, ainda que específica, deve ser compensada integralmente com a atenuante da
confissão, demonstrando, assim, que não deve ser ofertado maior desvalor à conduta do réu que
ostente outra condenação pelo mesmo delito. Apenas nos casos de multirreincidência deve ser
reconhecida a preponderância da agravante prevista no art. 61, I, do Código Penal, sendo
admissível a sua compensação proporcional com a atenuante da confissão espontânea, em
estrito atendimento aos princípios da individualização da pena e da proporcionalidade”.
(STJ, REsp n. 1.931.145/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, julgado em 22/6/2022,
DJe de 24/6/2022).
O STJ já decidiu que, no caso de haver acordo colaboração premiada, haveria bis in idem se aplicada a
atenuante em conjunto com os benefícios previstos na Lei 12.850/13:
Atento ao princípio do ne bis in idem ou non bis in idem, que constitui um limite ao Estado,
evitando a múltipla valoração do mesmo fato com idêntico fundamento jurídico e, ainda, tomada
a amplitude de consequências e benefícios extraídos do instituto da colaboração premiada, há
bis in idem na consideração da atenuante da confissão do réu quando já estabelecido o acordo
de colaboração entre ele e o órgão ministerial nos casos em que aplicada a benesse de redução
da pena prevista na Lei 12.850/13. (REsp 1852049/RN, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK,
QUINTA TURMA, julgado em 20/10/2020, DJe 23/10/2020)
Por fim, há a atenuante prevista no inciso III, alínea e, do Código Penal, no caso de o sujeito ter cometido o
crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. Estudamos anteriormente o chamado
crime multitudinário, sendo que, no caso do indivíduo que induzir os outros a cometer o delito, ele deve ter
sua pena agravada.
Além das atenuantes previstas no artigo 65 do Código Penal, o artigo 66 prevê a possibilidade de o juiz
atenuar a pena por alguma outra circunstância relevante, seja ela anterior ou posterior ao crime. Cuida-se
da chamada atenuante genérica (ou clemência):
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
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(STJ, HC n. 411.243/PE, relator Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 7/12/2017, DJe
de 19/12/2017)
Além disso, já se consignou que “referida cláusula autoriza o julgador, ante as peculiaridades do caso
concreto, a considerar se haveria motivação especial, não prevista em lei, para atenuar a reprimenda
imposta ao acusado”19.
Já vimos que o STJ tem entendido que o juiz pode adotar uma fração de aumento e de diminuição diferente
de um sexto na segunda fase da dosimetria, desde que haja a adequada fundamentação. De todo modo,
existem algumas circunstâncias que devem preponderar sobre as outras, conforme prescreve o artigo 67
do Código Penal:
A reincidência, portanto, é uma agravante que é tida como preponderante. Surgiu, então, a controvérsia
sobre a sua possibilidade de compensação com a confissão espontânea, que é circunstância subjetiva. O STJ
pacificou, no âmbito da própria Corte, que a compensação é possível, ao julgar recurso especial
representativo da controvérsia:
Entretanto, se o réu for multirreincidente, ou seja, tiver várias condenações definitivas contra si de antes do
cometimento do delito pelo qual é julgado, a compensação será parcial:
19
STJ, AgRg no AREsp n. 1.883.163/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 17/8/2021, DJe de
20/8/2021.
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✓ 3ª Fase
As minorantes e majorantes possuem previsão, na lei, de qual a fração de aumento ou de diminuição deve
ser utilizada pelo juiz, ou, ao menos, a fração máxima e a mínima de alteração da pena intermediária.
O julgador, portanto, parte da pena intermediária para encontrar a pena definitiva. Esta pode ser inferior ao
mínimo previsto no preceito secundário, bem como pode ultrapassar o máximo previsto pelo legislador no
tipo penal.
Primeiro, devem incidir as causas de aumento de pena. Após, sobre a pena já elevada, incide a minorante.
Isto garante que a pena seja menor do que a operação na ordem inversa. Esta questão da ordem decorre da
falta de previsão na lei de qual a sequência a ser observada, razão pela qual deve ser escolhida a mais
favorável ao réu.
“2. De acordo com a jurisprudência desta Corte, não é possível a compensação de uma causa
de aumento com outra de redução. Isso porque, além de obediência ao sistema trifásico (68
do CP), possui o magistrado o dever de esclarecer os motivos que determinaram a incidência
do respectivo quantum de aumento ou de diminuição de pena que entender aplicável (HC
237.734/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 19/03/2013,
DJe 25/03/2013). Precedentes. 3. Com o intuito de assegurar o tratamento mais favorável ao
réu no momento do cálculo de suas penas, presentes causas de aumento e diminuição, deve-
se, primeiramente, elevar a pena e, somente após, fazer incidir a minorante. Precedentes.”
(STJ, HC 367916/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 10/11/2016).
Com relação ao concurso entre majorantes e minorantes, se as causas estiverem na parte geral do Código
Penal, devem todas incidir. De igual modo, se houver uma causa de aumento de pena na Parte Especial e
outra na Parte Geral, ou uma minorante na Parte Geral e outra, na Especial, todas incidem.
Nestes casos, as causas de aumento devem incidir uma de cada vez, sobre a pena intermediária (princípio
da incidência isolada).
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Por exemplo, há duas majorantes, uma de 1/3 e outra de 1/6, sendo a pena intermediária de 9 anos de
reclusão. A incidência de cada majorante deve ocorrer de forma isolada, sobre os 9 anos de reclusão, com a
posterior soma:
Quanto às causas de diminuição, a primeira minorante incide sobre a pena intermediária, já a segunda
incide sobre a pena já diminuída e assim sucessivamente (princípio da incidência cumulativa).
Vamos pensar em um caso exemplificativo, em que foram reconhecidas duas minorantes, uma de 1/2 e outra
de 1/3. A pena intermediária, fixada na segunda fase, é de 6 anos de detenção. A incidência de cada
minorante deve ocorrer de forma cumulativa, uma sobre o resultado da diminuição anterior:
Apesar de essa forma de cálculo, acima exposta, ser defendida por parte da doutrina e parecer a mais
adequada, o STJ tem entendido que o critério da incidência cumulativa, também denominado de efeito
cascata, deve ser usado tanto para causas de aumento quanto para causas de diminuição:
Se, entretanto, houver a configuração de mais de uma majorante ou minorante previstas na Parte Especial
do Código, o juiz pode realizar um só aumento ou a uma só diminuição, mas pela causa que determine o
maior aumento ou a maior diminuição. É o que prevê o parágrafo único do artigo 68:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.
Assim, o juiz pode entender que só incide uma das majorantes ou minorantes, se todas estiverem na Parte
Especial do Código Penal, como, por exemplo, as causas de aumento de pena do roubo. Então, deve escolher
a que leve ao maior aumento ou à menor diminuição.
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Caso se entenda que o juiz pode decidir pela incidência de mais de uma delas (matéria controversa), as
causas de aumento devem incidir conforme o princípio da incidência isolada, enquanto as de diminuição,
conforme o princípio da incidência cumulativa. O STJ tem entendido que o Judiciário pode decidir pela
limitação ou não a um só aumento ou diminuição:
(...) - A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça e a do Supremo Tribunal Federal são no
sentido de que o art. 68, Parágrafo Único, do Código Penal, não exige que o juiz aplique uma
única causa de aumento da parte especial do Código Penal quando estiver diante de concurso de
majorantes, mas que sempre justifique a escolha da fração imposta. - Assim, não há ilegalidade
flagrante, em tese, na cumulação de causas de aumento da parte especial do Código Penal, sendo
razoável a interpretação da lei no sentido de que eventual afastamento da dupla cumulação
deverá ser feito apenas no caso de sobreposição do campo de aplicação ou excessividade do
resultado (ARE 896.843/MT, Rel. Min. GILMAR MENDES, SEGUNDA TURMA, DJe 23/09/2015).
(...)” (STJ, HC 472771/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 13/12/2018).
Caso haja majorantes e minorantes, o juiz deve aplicar ambas, na seguinte ordem: primeiro as majorantes e,
sobre a pena já aumentada, fazer a aplicação das causas de diminuição de pena, nos termos do princípio da
incidência cumulativa.
Princípio da incidência
Concurso de majorantes e/ou
cumulativa ou efeito
minorantes
cascata
Como exemplos de causas de aumento de pena, podemos citar, dentre outros, o concurso material, concurso
formal e a continuidade delitiva. Já para amostragem de causas de diminuição de pena, temos a tentativa, o
erro de proibição inescusável, a participação de menor importância etc.
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Entretanto, caso pratique falta grave ou sobrevenham novas condenações, é possível que o indivíduo sofra
a regressão do regime, passando do mais leve àquele mais grave.
O juiz, na sentença, fixa o regime inicial de cumprimento de pena, que, como visto, poderá se alterar durante
a execução. Ele poderá fazer jus à progressão, poderá sofrer a regressão, assim como pode ter a unificação
com nova pena, o que pode levar à alteração do regime.
O artigo 33, caput e § 1º, do Código Penal prevê os regimes de cumprimento de pena e o local de
cumprimento:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado.
§ 1º - Considera-se:
20
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1. São Paulo: MÉTODO, 2019, p. 475.
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Apesar de o Código Penal autorizar o trabalho externo apenas em serviços ou obras públicas, o artigo 36 da
Lei de Execução Penal, legislação mais recente, prevê o trabalho, fora do estabelecimento prisional, em
entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.
Por sua vez, o regime semiaberto implica no cumprimento da pena privativa de liberdade em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Seu regramento está no artigo 35 do Código Penal:
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o
cumprimento da pena em regime semi-aberto.
Por fim, o regime aberto traduz-se no cumprimento da pena privativa de liberdade em casa de albergado ou
estabelecimento adequado, consoante a disciplina do artigo 36 do Código Penal:
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime
doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente
aplicada
Quanto ao trabalho do preso, vale ressaltar que o artigo 39 prevê a obrigatoriedade de sua remuneração,
bem como de garantia dos direitos previdenciários:
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Para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o juiz deverá observar o regramento do artigo 33,
§§ 2º e 3º:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde
o início, cumpri-la em regime aberto.
Os critérios para a escolha do regime inicial de cumprimento de pena são, portanto, o quantum da pena
aplicada e as circunstâncias judiciais do caso. Não se pode evocar a gravidade abstrata do delito, que já foi
valorada pelo legislador na definição dos limites mínimo e máximo da pena prevista para o tipo penal
respectivo.
A respeito da fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o STJ possui a Súmula 440:
A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige
motivação idônea.
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É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judicias.
O STF tem considerado que o reincidente pode ter até mesmo o regime inicial aberto. A Suprema Corte tem
deferido em casos como o de furto de valor bagatelar, mas cometido por réu reincidente. Decidindo o juiz
contra a atipicidade material, é cabível o regime inicial aberto para o cumprimento da pena:
“4. Não se mostra possível acatar a tese de atipicidade material da conduta, pois não há como
afastar o elevado nível de reprovabilidade assentado pelas instâncias antecedentes, ainda mais
considerando o registro do Tribunal local dando conta de que o paciente é reincidente, o que
desautoriza a aplicação do princípio da insignificância, na linha da jurisprudência desta CORTE. 5.
Quanto ao modo de cumprimento da reprimenda penal, há quadro de constrangimento ilegal a
ser corrigido. A imposição do regime inicial semiaberto parece colidir com a proporcionalidade
na escolha do regime que melhor se coadune com as circunstâncias da conduta, de modo que o
regime aberto melhor se amolda à espécie.” (STF, HC 224976 AgR, Relator p/ Acórdão Min.
Alexandre de Moraes, Primeira Turma, julgado em 03/04/2023)
“Veja-se que ‘(i) a reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a
insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto; e (ii) na hipótese de o
juiz da causa considerar penal ou socialmente indesejável a aplicação do princípio da
insignificância por furto, em situações em que tal enquadramento seja cogitável, eventual sanção
privativa de liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em regime inicial aberto, paralisando-
se a incidência do art. 33, § 2º, c, do CP no caso concreto, com base no princípio da
proporcionalidade’” (STF, RHC 189694 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma,
julgado em 07/12/2020).
O STJ, por outro lado, tem entendido que a reincidência pode afastar a fixação do regime inicial aberto:
“TENTATIVA DE FURTO. (...) Na hipótese dos autos, o réu possui reiteração delitiva em delitos
contra o patrimônio, inclusive com condenação definitiva, circunstância que impede a aplicação
do princípio da insignificância, nos termos do entendimento pacífico deste Tribunal Superior. 2.
A reincidência do réu obsta a fixação do regime inicial aberto e também a substituição, eis que a
medida não se mostra socialmente recomendável.” (STJ, AgRg no HC n. 705.074/SP, relator
Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado em 22/2/2022, DJe de 2/3/2022.)
Como já dito, o juiz fixa o regime inicial de cumprimento de pena, sendo que a execução deve ser de forma
progressiva, do sistema mais rigoroso para o menos rigoroso, conforme o mérito do executado e o
cumprimento de determinado percentual da pena.
O fato de o réu se encontrar em prisão especial, conforme regra prevista no artigo 295 do CPP, não impede
a progressão, conforme teor da Súmula 717 do STF:
Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em
julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
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Também não impede a progressão o fato de não ter havido trânsito em julgado da ação penal, conforme
Súmula 716 do STF:
Vale lembrar que o STF, no julgamento do HC 111.840, declarou inconstitucional o teor do artigo 2º, § 1º, da
Lei n. 8.072/1990, que determinava o regime inicial fechado para crimes hediondos, a prática da tortura, o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo. Entretanto, após julgados de recursos de
tratamento mais rigoroso ao tráfico privilegiado, o STF aprovou súmula vinculante para determinar que,
presentes os requisitos do artigo 33, § 2º, do CP, e favoráveis as circunstâncias judiciais, é cabível a fixação
do regime inicial aberto em caso de condenação pelo artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/2006:
Por outro lado, não é possível a progressão per saltum, ou seja, diretamente do regime fechado para o
aberto, ainda que o requisito objetivo tenha sido cumprido de modo a possibilitar, em tese, as duas
progressões. É o que diz a Súmula 491 do STJ:
Por fim, vale recordar que, no caso dos crimes contra a Administração, a progressão ficará condicionada à
reparação do dano ou à devolução do produto do ilícito, conforme artigo 33, § 4º, do CP:
Cuida-se de uma exigência adicional, consistente na “recomposição do patrimônio público lesado” 21.
Bitencourt faz uma ressalva de que esse dispositivo deve ser interpretado, na esteira da norma sobre
livramento condicional, da impossibilidade de o executado conseguir reparar o dano22.
Sobre esse respeito, o Pleno do STF já decidiu pela constitucionalidade do dispositivo, ressaltando que a
“alegação de falta de recursos para devolver o dinheiro desviado não paralisa a incidência do art. 33, § 4º,
do Código Penal. O sentenciado é devedor solidário do valor integral da condenação”. Foi consignado, ainda,
que, no caso de “celebração de ajuste com a União para pagamento parcelado da obrigação, estará satisfeita
21
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 405.
22
BITENCOURT, Cezar Roberto. Parte Geral. Coleção Tratado de direito penal, volume 1. 26 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020,
p. 660.
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a exigência do art. 33, § 4º, enquanto as parcelas estiverem sendo regularmente quitadas”23. Na ocasião,
ficou vencido o voto do Min. Toffoli, que consignava a possibilidade de comprovar a insuficiência de recursos.
Posteriormente, quanto à multa, o STF decidiu que o seu inadimplemento deliberado prejudica a progressão
de regime24:
Com base nesse julgado, o STJ já decidiu que “imposta a reparação do dano como condição para a progressão
de regime, caberá ao juízo das execuções, com fundamento no art. 66, inciso III, alínea "b", da LEP, conferir
certa maleabilidade aos requisitos estipulados no édito condenatório, ante o seu caráter rebus sic stantibus”.
Em uma interpretação ampla, a Corte determinou que se, no curso da execução, o condenado demonstrar
“a absoluta impossibilidade do reeducando de reparar os prejuízos decorrentes de sua prática criminosa,
poderá o juiz das execuções penais relevar o requisito”25.
Devido ao interesse de maior aprofundamento, estudaremos a sucessão de leis no tempo até as regras
atuais.
O artigo 112 da Lei de Execução Penal (LEP) possuía a seguinte redação antes da Lei 13.964/2019:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao
menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário,
comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
Portanto, em regra, a progressão da pena dependia do cumprimento de 1/6 (um sexto da pena), além do
mérito do sentenciado. Entretanto, no caso de crimes hediondos e equiparados, a fração passou a ser de 2/5
(dois quintos), se o executado for primário, ou de 3/5 (três quintos), se reincidente, nos termos do artigo 2º,
§ 2º, da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos):
23
STF, EP 22 ProgReg-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2014.
24
STF, EP 12 ProgReg-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 08/04/2015.
25
STJ, AgRg no AREsp 136342/PR, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 15/12/2020, DJe: 18/12/2020.
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Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
e o terrorismo são insuscetíveis de: (...)
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-
á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três
quintos), se reincidente. (LEI Nº 11.464, DE 28 DE MARÇO DE 2007)
Antes da Lei 11.464/2007, havia a proibição legal que progressão de regime para os delitos hediondos e
equiparados (“A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado”), o
que foi considerado inconstitucional pelo STF. Com isso, os crimes hediondos e equiparados, cometidos
durante o período em que a Lei 8.072/90 proibia a progressão de regime, passaram a admitir a progressão
com o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena, nos termos da regra geral.
Para os delitos hediondos e equiparados cometidos a partir de 28 de março de 2007, a progressão de regime
deve ocorrer nos termos da nova redação do artigo 2, §2º da Lei 8.072/90, dada pela Lei 11.464/2007. Isto
porque, ao instituir um regime mais gravoso, a lei não pode retroagir, pois prevê lapsos temporais maiores
que os da regra geral (um sexto).
A Lei 11.464/2007 é considerada mais gravosa porque a situação anterior, após a declaração de
inconstitucionalidade do regime integralmente fechado, era a de progressão com o cumprimento de um
sexto da pena. A previsão de regime integralmente fechado, considerada inconstitucional, deve ser tida por
inexistente, conforme preconiza o Direito Constitucional. Por isso, o regime integralmente fechado não é
utilizado como paradigma para se analisar se a Lei 11.464/2007 é mais grave ou mais benéfica.
Essa conclusão foi pacificada na Súmula Vinculante 26, cuja redação não é muito didática:
O STJ também, no âmbito da sua Corte, resolveu elaborar enunciado a respeito da progressão de regime nos
crimes hediondos e equiparados, consistente na Súmula 471:
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Vamos resumir a questão com uma tabela, que vigora para os crimes cometidos antes do início de vigência
da Lei 13.964/2019:
Há, ainda, a possibilidade de progressão com o cumprimento de apenas 1/8 (um oitavo) do total da pena,
no caso de executadas que estejam grávidas, desde que cumpridos alguns requisitos específicos. Foi uma
novidade trazida pela Lei 13.769/2018, que alterou a Lei de Execuções Penais (LEP). Vejamos o que diz o seu
artigo 112, mais especificamente em seus parágrafos terceiro e quarto:
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
A Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime) alterou as regras para progressão de regime, dando nova redação ao
artigo 112 da LEP. No que for mais gravosa, só vale para os crimes cometidos após o início da vigência, para
os crimes cometidos após 23 de janeiro de 2020. Em alguns casos, como a substituição de 1/6 (o que equivale
a 16,66...%) por 16% nos crimes comuns, sem violência ou grave ameaça, a modificação é, ainda que de
forma tênue, mais benéfica, aplicando-se imediatamente:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao
menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido
sem violência à pessoa ou grave ameaça;
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II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência
à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido
com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado, se for primário;
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for
primário, vedado o livramento condicional;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo
ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou
equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta
carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a
progressão.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida
de manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado
na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos
previstos nas normas vigentes.
(...)
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de
drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
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A regra específica para o caso de gestante, nos termos do parágrafo terceiro do artigo 112 da Lei de Execução
Penal, vista acima, continua vigente.
Há regras da nova lei que são mais gravosas e outras que são benéficas. Um efeito benéfico ficou
reconhecimento, com a sua retroatividade, em tese firmada pela Terceira Seção do STJ26:
Vale lembrar que o juiz também analisará o mérito do condenado, por meio do seu atestado de
comportamento carcerário, em que consta se houve o cometimento de faltas por ele. Além disso, a
jurisprudência tem admitido que se determine, fundamentadamente, a realização de exame criminológico
para tal fim.
O artigo 2º, § 9º, da Lei 12.850/2013, introduzido pela Lei 13.964/2019, passou a vedar a progressão de
regime para o condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime
praticado por meio de organização criminosa, se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção
do vínculo associativo. Referida inovação é suscetível de questionamento sobre sua constitucionalidade, por
impedir a individualização da pena. Por outro lado, se o sujeito continua integrando organização criminosa,
o caso é de flagrância da prática de delito.
O regime disciplinar diferenciado é uma das sanções disciplinares cabíveis na execução penal, devendo ser
determinada pelo juiz, após manifestação da defesa e do Ministério Público, com base em requerimento
circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. Está previsto
na Lei de Execução Penal, sendo matéria a ser abordada na Legislação Penal Especial.
De todo modo, cumpre proceder à leitura do artigo 52 da LEP, com a redação dada pela Lei 13.964/2019,
com suas principais características:
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar
subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional
ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as
seguintes características:
26
STJ, Tema 1084, afetação na sessão eletrônica iniciada em 24/2/2021 e finalizada em 2/3/2021 (Terceira Seção).
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I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave
de mesma espécie;
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas
para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de
terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas;
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de
até 4 (quatro) presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso;
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas
para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em
contrário;
§ 2º (Revogado).
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§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio ou
de áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o preso que não receber
a visita de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter
contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por
10 (dez) minutos.
Ademais, o artigo 53, V, da LEP prevê sua natureza de sanção disciplinar, além de o artigo 54 tratar da sua
forma de determinação:
I - advertência verbal;
II - repreensão;
Art. 54. As sanções dos incisos I a III do artigo anterior serão aplicadas pelo diretor do
estabelecimento; a do inciso IV, por Conselho Disciplinar, conforme dispuser o regulamento.
Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do
estabelecimento e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz competente.
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Há doutrinadores, como Bitencourt, que defendem a inconstitucionalidade dessa sanção, por considerar,
dentre outros pontos, a crueldade da pena assim executada27. A Constituição, vale lembrar, veda penas
cruéis no ordenamento jurídico brasileiro.
Penas Alternativas
As penas chamadas alternativas abrangem as penas restritivas de direitos e as penas de multa. São
alternativas ao cárcere, que foi bastante valorizado na chamada Primeira Velocidade do Direito Penal e
considerado um marco do Direito Penal Tradicional. Representam um enfoque do Direito Penal relacionado
à Segunda Velocidade.
I - prestação pecuniária;
As restritivas de direitos reais são a prestação pecuniária e a perda de bens e valores. Por sua vez, as penas
restritivas de direitos pessoais são a prestação de serviços à comunidade, a interdição temporária de direitos
e a limitação de fim de semana.
27
BITENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., 2020, p. 674-682.
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Prestação Pecuniária
Reais
Perda de bens e
valores
PENAS
RESTRITIVAS Prestação de serviços
DE DIREITOS à comunidade
Intedição temporária
Pessoais
de direitos
Limitação de fim de
semana
Prestação pecuniária
A prestação pecuniária é a pena restritiva de direitos consistente no pagamento de um valor, fixado entre
1 e 360 salários mínimos, à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação
social. Está prevista nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 45, do Código Penal:
Como a lei prevê ser possível, com aceitação do beneficiário, que a prestação seja de outra natureza, que
não a pecuniária, é comum que se estabeleça a entrega de cestas básicas a entidades beneficentes.
A perda de bens e valores é a pena restritiva de direitos que se traduz no confisco de bens e valores
pertencentes ao executado, com o limite do valor do prejuízo que tiver causado ou do proveito obtido com
a conduta criminosa, o que for maior dentre os dois. É o chamado confisco-pena, sendo sua destinação o
Fundo Penitenciário Nacional.
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A Lei de Execução Penal trata dessa pena em seu artigo 152, cujo parágrafo único foi inserido pela Lei n.
11.340/2006, a Lei Maria da Penha, para incluir o comparecimento obrigatório do agressor a programas de
recuperação e reeducação em caso de violência doméstica contra a mulher. Esse dispositivo foi alterado pela
Lei n. 14.344/2022, conhecida como Lei Henry Borel, para inserir a previsão desse comparecimento
obrigatório, durante o cumprimento da limitação de fim de semana, também aos casos de violência
doméstica e familiar contra a criança e o adolescente:
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Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos e
palestras, ou atribuídas atividades educativas.
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança, o adolescente e a
mulher e de tratamento cruel ou degradante, ou de uso de formas violentas de educação,
correção ou disciplina contra a criança e o adolescente, o juiz poderá determinar o
comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.
É importante relembrar que a casa de albergado, além de poder acolher os executados para cumprimento
da limitação de fim de semana, é o local adequado para o cumprimento da pena privativa de liberdade em
regime aberto:
Regime aberto
CASA DE
ALBERGADO
Limitação de fim de
semana
A interdição temporária de direitos é a modalidade de pena restritiva de direitos em que o indivíduo fica
privado do exercício de algum direito seu por determinado prazo, como, por exemplo, o de exercer a
medicina. Suas hipóteses estão previstas no artigo 47 do Código Penal:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
No caso da proibição de exercício de cargo, função, atividade pública ou de mandato eletivo, bem como de
proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou
autorização do poder público, a aplicação se dirige aos delitos em que há a violação dos deveres ligados à
atividade do agente. São, por isso, chamadas de hipóteses específicas de interdição de direitos, nos termos
do artigo 56 do CP:
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Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se
para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre
que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. (específicas)
Quanto à suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo, sua cominação se destina aos
crimes culposos de trânsito, segundo dispõe o artigo 57 do CP:
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes
culposos de trânsito.
Sobre essa modalidade, houve regulação da matéria por lei posterior, o Código de Trânsito Brasileiro.
Considerando que essa pena, conforme o teor do artigo 57 do CP, se limita aos crimes culposos de trânsito,
que estão previstos justamente no Código de Trânsito Brasileiro, conclui-se pela revogação tácita do inciso
III do artigo 4728.
As penas restritivas de direitos são aplicadas independentemente de cominação na Parte Especial do Código
Penal. Isto é, aplicam-se mesmo que não haja previsão no preceito secundário do tipo, servindo para
substituir a pena privativa de liberdade aplicada ao agente, nos termos do artigo 54 do CP:
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma
duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46.
Portanto, devem ter a mesma duração da pena restritiva de liberdade substituída as seguintes penas
restritivas de direitos: a limitação de fim de semana; a prestação de serviço à comunidade ou a entidades
públicas; a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana. A prestação pecuniária e a
perda de bens e valores, por sua própria natureza, duram o tempo necessário para o cumprimento, podendo
ser imediato ou diferido (no caso de parcelamento, por exemplo).
Entretanto, cumpre consignar que, se a pena de prestação de serviços à comunidade for superior a um ano,
a prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em menor tempo, desde que não inferior à
metade da pena substituída, conforme o artigo 46, § 4º, do CP:
28
No mesmo sentido: NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 15 ed. Rio da Janeiro: Forense, 2015, p.
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§ 4º, Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade
fixada.
Substituição e requisitos
Os requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos foram trazidos
pelo legislador no artigo 44 do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por
uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha
operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução
penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado
cumprir a pena substitutiva anterior.
Os requisitos previstos no artigo 46 são mais favoráveis do que os do artigo 54 do Código Penal, de modo
que este último ficou totalmente contido naquele, perdendo importância. Via de regra, exige-se que:
• aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo:
a doutrina aponta que, no caso de crime culposo, é possível admitir a violência (lesão culposa, por
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exemplo, qualquer que seja a pena). Também prevalece o cabimento nos crimes de menor potencial
ofensivo29. Por outro lado, no caso de violência imprópria, como a do roubo próprio (artigo 157,
caput, in fine, do CP), há divergências30;
• o réu não for reincidente em crime doloso;
• a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os
motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente (parte das circunstâncias
judiciais são analisadas novamente para a finalidade da substituição da pena privativa de liberdade).
Deve-se atentar para o seguinte: se o condenado for reincidente em crime doloso, ainda assim será possível
a substituição. Nesse caso, há mais requisitos: o juiz deve analisar (1) se, em face de condenação anterior, a
medida possa ser considerada socialmente recomendável e (2) se a reincidência não se operou em virtude
da prática do mesmo crime. Como a lei se utilizou da expressão “mesmo crime” não se pode inferir daí que
a substituição seja obstada pela reincidência em crimes da mesma espécie, mas apenas se aplica a vedação
no caso de condenação por crimes idênticos31.
Vale lembrar que o STF, no julgamento do HC 97.256, declarou inconstitucional a vedação à substituição da
pena privativa da liberdade pela restritiva de direitos, prevista na Lei n. 11.343/2006, ante o princípio da
individualização da pena. Entretanto, em razão de negativa ao benefício em julgados das instâncias
ordinárias, o STF aprovou súmula vinculante para determinar que, presentes os requisitos do artigo 44 do CP
e favoráveis as circunstâncias judiciais, é cabível a substituição da pena privativa de liberdade em caso de
condenação pelo artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/2006:
No caso de violência doméstica contra a mulher, cumpre recordar a Súmula 588 do STJ:
29
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal (arts. 1º ao 120). 8 ed. Salvador: JudPodivm, 2020, p. 583. CAPEZ, Fernando.
Ob. Cit,, 2013, p. 438. MASSON, Cleber. Ob. Cit., 2019, p. 599. Parece a posição de Prado, já que separa o requisito negativo da
violência ou grave ameaça à pessoa, não o mencionando para crimes culposos (PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro:
parte geral e parte especial. 18. ed. Rio de Janeiro, 2020, p. 293). Em sentido diverso: Bitencourt entende que a restrição se aplica
aos crimes culposos ou dolosos, mas admite a sua aplicação no caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, como lesão
corporal dolosa ou ameaça, em razão de sua natureza verdadeiramente alternativa (BITENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., 2020,
p. 695-696). Por sua vez, não admite em caso de infração de menor potencial ofensivo com violência ou grave ameaça: NUCCI,
Guilherme de Souza. Ob. Cit., 2015, p. 406. MASSON, Cleber. Ob. Cit., 2019, p. 406.
30
Não admitem: NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. Cit., 2015, p. 406. MASSON, Cleber. Ob. Cit., 2019, p. 598. Admitem: CUNHA,
Rogério Sanches. Ob. Cit., 2020, p. 585. MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal, volume 1, parte
geral, arts. 1º a 120 do CP. 32 ed. São Paulo: Atlas, 2016, p. 271.
31
STJ, AREsp 1.716.664/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, julgado em 25/08/2021.
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A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no
ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos.
A Lei n. 14.344/2022, conhecida como Lei Henry Borel, passou a vedar, nos crimes de violência doméstica e
familiar contra a criança e adolescente, a substituição da pena privativa de liberdade por prestação
pecuniária ou que implique pagamento isolado de pena de multa. Também se menciona a “pena de cesta
básica”, categoria jurídica inexistente e que se refere à própria pena de prestação pecuniária, a qual pode
ser convertida em prestação de outra natureza que não o dinheiro, em razão do previsto no art. 45, § 2º, do
CP.
Essas vedações quanto à substituição a pena foram incluídas no Estatuto da Criança e do Adolescente, com
a inserção do parágrafo segundo no artigo 226. O parágrafo primeiro, também incluído pela Lei Henry Borel,
afasta a aplicação da Lei n. 9099/95 a esses casos, o que leva à vedação de composição civil dos danos,
transação penal e de suspensão condicional do processo quando o delito envolver violência doméstica e
familiar contra criança e adolescente. Assim como ocorreu na interpretação da Lei 11.340/2006, no caso de
crimes praticados com violência contra crianças e adolescentes, a vedação deve se estender aos delitos do
Código Penal, não se limitando aos da legislação especial, o ECA.
Em determinas hipóteses, é possível também que a pena restritiva de direitos seja convertida em privativa
de liberdade. É o que prevê o artigo 181 da Lei de Execução Penal:
Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e
na forma do artigo 45 e seus incisos do Código Penal.
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por
edital;
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha
sido suspensa.
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não comparecer
ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade
determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a", "d" e "e" do parágrafo
anterior (não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação
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por edital; praticar falta grave ou sofrer condenação por outro crime à pena privativa de
liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa).
7 - PENA DE MULTA
A pena de multa é a sanção penal patrimonial, ou seja, é a pena consistente na obrigação de o sentenciado
efetuar o pagamento de determina quantia de dinheiro. É chamada também de pena pecuniária. Pode estar
prevista no preceito secundário incriminador, de forma isolada, alternativa ou cumulativa com a pena
privativa de liberdade, bem como pode ser utilizada para substituição da pena privativa de liberdade.
Para sua fixação, de início o juiz estipula a quantidade de dias-multa, entre 10 e 360, de acordo com o critério
trifásico, acima estudado. Após, há a estipulação do valor de cada dia-multa, com atenção à situação
econômica do réu. O valor de cada dia-multa varia de um trigésimo do salário mínimo a cinco vezes o salário
mínimo.
Um trigésimo do salário mínimo como valor mínimo de cada dia-multa representa o ganho de um
trabalhador, por um dia de trabalho, pelo menor salário admitido por lei no país. O limite é de 5 salários
mínimos. Entretanto, se o juiz entender que o valor é ineficaz, em virtude da condição financeira do
condenado, pode elevá-lo até o triplo.
A fixação da pena de multa está regulada pelo artigo 60, caput e § 1º, do Código Penal:
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica
do réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída
pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
O valor deve ser revertido ao Fundo Penitenciário, nos termos do artigo 49 do CP:
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária.
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É importante registrar, conforme estudado na substituição da pena privativa de liberdade, que a pena de
multa também pode ser aplicada em substituição, assim como ocorre com as penas restritivas de direitos.
Prevê o artigo 60, § 2º, do CP:
§ 2º A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída
pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
Portanto, é possível a substituição da pena privativa de liberdade, não superior a 6 meses, desde que o réu
não seja reincidente em crime doloso, bem como a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja
suficiente.
É possível, ainda, a substituição da privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos e uma pena de
multa, nos termos do artigo 44 do CP, caso a pena substituída seja superior a um ano (artigo 44, §2º, CP).
Caso haja a previsão no preceito secundário de aplicação de pena privativa de liberdade e de multa,
eventual substituição da pena privativa de liberdade por uma pena de multa e uma restritiva de direitos,
por exemplo, implicará em duas penas de multa. Uma pena de multa será aquela prevista originalmente no
tipo e a outra, a aplicada em substituição, denominada pena de multa substitutiva. Ambas deverão ser pagas
pelo condenado, não se confundindo entre si.
No caso de crime previsto em legislação especial, vale registrar não ser possível a substituição da pena
privativa de liberdade pela pena de multa, caso aquele seja cominada de forma cumulativa com a pena
pecuniária. Ou seja, se, na legislação penal extravagante, houver crime com previsão de pena de multa e de
pena privativa de liberdade, esta última não poderá ser substituída por pena de multa. É o entendimento do
STJ, consubstanciado na Súmula 171:
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a
sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que
o pagamento se realize em parcelas mensais.
a) aplicada isoladamente;
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A Lei de Execução Penal, por sua vez, cuida do tema em seu artigo 164:
Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como
título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do
condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora.
Dada a diferença entre os dispositivos, tem prevalecido que o prazo para pagamento é aquele do artigo 164
da LEP, que prevê o seu início apenas após a “citação” do condenado para pagar o valor da pena de multa
ou nomear bens à penhora.
É importante observar que o tema passou por uma grande mudança com a Lei 9.268/96 que, dando nova
redação ao artigo 51 do Código Penal, passou a determinar o tratamento da pena de multa, imposta por
sentença transitada em julgado, como dívida de valor da Fazenda Pública. A atual redação foi dada pela Lei
13.694, de 24 de dezembro de 2019, que passou a prever a competência do Juízo da Execução Penal:
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz
da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa
da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição.
Deste modo, após o trânsito em julgado, a pena de multa é considerada dívida ativa da Fazenda Pública. Por
essa razão pela qual o STJ vinha entendendo que sua cobrança deve ser promovida pela advocacia pública
responsável, conforme o enunciado da Súmula 521:
O rito aplicado para a execução da multa, portanto, seria o da Lei 6.830/80, a Lei de Execução Fiscal.
O STF, entretanto, decidiu de forma diferente, no dia 13 de agosto de 2018, modificando seu próprio
entendimento. Em questão de ordem na Ação Penal 470 (Mensalão), foi fixado o entendimento, pelo Pleno,
de que a legitimidade para cobrança da pena de multa é do Ministério Público, sem prejuízo de,
subsidiariamente, a Fazenda Pública promover sua execução:
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“Nos termos do novo entendimento desta Corte, firmado em consonância com o STF, no
julgamento da ADI 3.150/DF, ocorrido em 13/12/2018, "a Lei n. 9.268/96, ao considerar a multa
penal como dívida de valor, não retirou dela o caráter de sanção criminal que lhe é inerente por
força do art. 5º, XLVI, c, da CF. Como consequência, por ser uma sanção criminal, a legitimação
prioritária para a execução da multa penal é do Ministério Público perante a Vara de Execuções
Penais" (CC 165.809/PR, Ministro ANTÔNIO SALDANHA PALHEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, DJe
23/8/2019), razão pela qual, diante de seu caráter penal, não há falar em extinção da
punibilidade da pena de multa nos casos de não pagamento. (STJ, AgRg no REsp 1855046/SP,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 16/03/2020).
Por fim, vale enfatizar que o artigo 51 do Código Penal foi modificado, como visto acima, passando a prever,
com a Lei 13.694/2019, que a execução deve se processar no Juízo da Execução Penal, o que parece reforçar
a legitimidade do Ministério Público e afastar a da Procuradoria da Fazenda, ao menos após o início da sua
vigência, prevista para 30 dias após a publicação:
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz
da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa
da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição.
Por fim, apesar de ser tema ligado à Lei de Execução Penal, vale destacar que o STF já decidiu que o
inadimplemento deliberado da pena de multa impede a progressão de regime, o que, pelo próprio termo
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“deliberado”, demonstra que essa regra não implica o impedimento do executado com absoluta
impossibilidade econômica de realizar o adimplemento32.
Também chamado sursis, é o instituto que, atendidos seus requisitos, suspende a execução da pena privativa
de liberdade por determinado lapso temporal, deixando-o sob determinadas condições.
O termo sursis é o particípio passado do verbo francês surseoir, cujo significado é suspender ou retardar.
Está previsto nos artigos 77 e 78 do Código Penal, sendo que os dispositivos já possuem, destacados, os
nomes das modalidades de sursis:
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser
suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que (sursis simples):
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa,
por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões
de saúde justifiquem a suspensão. (sursis etário e humanitário)
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou
submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
32
STF, EP 12 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, Pleno, julgado em 8/4/2015.
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Sursis simples: cabível no caso de pena privativa de liberdade não superior a 2 (dois) anos, sendo o período
de prova de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. São seus requisitos: o condenado não ser reincidente em crime doloso
(salvo se foi condenado a pena de multa); a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício e não seja indicada
ou cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Durante o prazo de suspensão, o condenado deve observar as condições impostas pelo juiz, sendo que
durante o primeiro ano deverá prestar serviços à comunidade ou se submeter à limitação de fim de semana.
Sursis etário e humanitário: pode ser concedido para pena privativa de liberdade que não seja superior a
quatro anos, sendo que o período de prova será de quatro a seis anos. Neste caso, requer-se que o
condenado seja maior de setenta anos de idade ou que haja razões de saúde que justifiquem a suspensão.
Sursis especial: é admissível no caso de o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-
lo e de as circunstâncias judiciais (artigo 59 do CP) lhe serem inteiramente favoráveis. Neste caso, o juiz pode
substituir a exigência de prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana durante o
primeiro ano da suspensão pelas seguintes condições, de forma cumulativa: proibição de frequentar
determinados lugares; proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz e
comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
O juiz pode determinar as condições a serem observadas pelo condenado, adequadas ao fato que ele
praticou e a suas condições pessoais, nos termos do artigo 79 do CP:
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão,
desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
O Código Penal, em seu artigo 80 esclarece que a suspensão condicional da pena se restringe à pena privativa
de liberdade, não abrangendo a pena de multa nem a pena restritiva de direitos:
O STJ já decidiu que o fato de o réu se embriagar frequentemente não é óbice suficiente à suspensão
condicional da pena:
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“2. O fato de o réu se embriagar nos fins de semana não é, por si só, suficiente para obstar o
deferimento do sursis, visto que as outras circunstâncias judiciais pesam favoravelmente à
concessão do benefício almejado. Precedentes.3. Parecer ministerial pela denegação da
ordem.4. Ordem concedida para possibilitar a suspensão condicional da pena ao paciente,
mediante as condições a serem estabelecidas pelo Juiz da Execução.” (HC 138703/RJ, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, Dje 30/11/2009)
1 - REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA
A revogação obrigatória do sursis ocorre se o beneficiado é condenado definitivamente por crime doloso,
se ele frusta a execução da pena de multa e não repara o dano, possuindo condições financeiras de fazê-lo
ou descumpre a obrigação de, no primeiro ano da suspensão, prestar serviços à comunidade ou se submeter
à limitação de fim de semana.
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado,
a reparação do dano;
Como a nova condenação depende de trânsito em julgado, o período de prova fica prorrogado até o
julgamento definitivo, conforme veremos adiante.
2 - REVOGAÇÃO FACULTATIVA
As hipóteses de revogação facultativa são o descumprimento de qualquer outra condição imposta ou a
condenação por crime culposo ou por contravenção, com imposição de pena privativa de liberdade ou
restritiva de direitos. É o que prevê o parágrafo primeiro do artigo 81 do CP:
Tanto no caso da revogação facultativa, quanto de revogação obrigatória, pode haver a prorrogação do
período de prova, nos termos dos parágrafos segundo e terceiro do artigo 81:
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3 - CASSAÇÃO
A Lei de Execução Penal, em seu artigo 161, prevê a possibilidade de o benefício do sursis ser cassado. Isto
ocorre quando o beneficiário, intimado para a audiência admonitória, não comparece. Assim, o benefício é
considerado sem efeito e a pena privativa de liberdade deve ser executada:
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não
comparecer injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será
executada imediatamente a pena.
Deste modo, há cassação quando o beneficiário recusa o sursis, quando não comparece à audiência
admonitória ou quando há a reforma da sentença concessiva do benefício, em julgamento de recurso. São
hipóteses de desinteresse ou de obtenção de reforma da sentença por meio de recurso interposto pela
acusação.
4 - EXTINÇÃO
Por fim, a extinção se dá com o fim do prazo do período de prova, desde que não tenha havido a revogação
do benefício. É o que estipula o artigo 62 do Código Penal:
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa
de liberdade.
✓ E se o juiz não tiver revogado o sursis e o prazo legal se esvair? É possível a revogação da suspensão
condicional do processo após o decurso do prazo?
Entendo que é necessário diferenciar as hipóteses previstas em lei para revogação do sursis:
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“Esta Corte tem firmado o entendimento no sentido de que o período de prova do sursis fica
automaticamente prorrogado quando o beneficiário está sendo processado por outro crime ou
contravenção, bem como que a superveniência de sentença condenatória irrecorrível é caso de
revogação obrigatória do benefício, mesmo quando ultrapassado o período de prova.” (STJ, HC
n. 175.758/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 4/10/2011, DJe de 14/10/2011.)
Em acórdãos mais recentes, entretanto, o Superior Tribunal de Justiça vem decidindo que, não tendo havido
revogação do sursis antes do encerramento do seu período de prova, deve ser declarada extinta a
punibilidade. Os julgados mais recentes não parecem espelhar a diferenciação acima feita, declarando
simplesmente que a suspensão condicional da pena exige decisão antes de findo o seu prazo, sob pena de
extinção da punibilidade:
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LIVRAMENTO CONDICIONAL
O livramento condicional (LC) é o benefício que consiste na soltura antecipada do executado, mediante o
preenchimento de determinadas condições. Sua natureza jurídica, conforme entendimento que prevalece,
é o de direito subjetivo do acusado. Busca-se a ressocialização, possibilitando ao executado, que ostenta
bom comportamento carcerário, a liberação antecipada, sendo que, durante o restante da pena, deverá se
comportar de forma a não ter o benefício revogado e cumprir determinadas condições. Está regulado pelo
artigo 83 do Código Penal, de seguinte teor:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes;
III - comprovado:
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática
de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça
à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições
pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
Cumpre destacar que o artigo 83 foi modificado, em seu inciso III, pela Lei 13.694/2019, cabendo comparar
ambas as redações:
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Portanto, o livramento condicional é cabível nos casos de pena privativa de liberdade igual ou superior a
dois anos. É necessário que tenha sido comprovado o seu bom comportamento durante a execução da pena;
o não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; o bom desempenho no trabalho que lhe foi
atribuído e a aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto. Exige-se, ainda, que o
executado tenha reparado o dano, salvo se comprovada a impossibilidade de fazê-lo.
O juiz pode analisar o comportamento do executado para além dos 12 meses para verificar se preenche ou
não o requisito subjetivo:
4- Esta Corte vem entendendo que apenas as faltas graves cometidas em período longínquo e já
reabilitadas não constituem fundamento idôneo para indeferir a progressão de regime: O eg.
Tribunal a quo cassou a decisão que deferiu a progressão de regime à paciente e determinou a
realização de exame criminológico, com fundamento apenas na gravidade abstrata dos crimes
por ela praticados, na sua longa pena a cumprir, bem como na vetusta falta grave por ela
cometida em 9/6/2009 (há mais de dez anos) [...] (HC n.º 509.389/SP, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, Quinta Turma, julgado em 18/6/2019, DJe 27/6/2019).
5- No caso dos autos, o apenado registra 9 faltas graves em seu boletim informativo, sendo as 3
últimas de 2017, circunstância que indica um comportamento audacioso, repetitivo e
indisciplinando, não merecendo, ainda, a promoção de regime.
6- [...] Na hipótese, o pedido de livramento condicional foi indeferido ao paciente pelas instâncias
ordinárias com fundamento no histórico carcerário conturbado do apenado, especialmente
diante da quantidade de faltas graves cometidas e do mau comportamento carcerário do
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(STJ, AgRg no HC n. 813.304/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado
em 27/4/2023, DJe de 3/5/2023.)
No caso de condenado por crime doloso, praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do
benefício fica subordinada à demonstração de condições pessoais do executado que levem à presunção de
que ele não voltará a delinquir. O juiz pode, para tanto, determinar a realização de exame criminológico, de
forma fundamentada no caso concreto.
Por fim, em todos os casos, exige-se o cumprimento de determinado lapso temporal da pena, isto é, de
determinada fração da pena privativa de liberdade imposta ao condenado. No caso de réu não reincidente
em crime doloso e bons antecedentes, o lapso é de um terço. Na hipótese de condenado que seja reincidente
em crime doloso, a fração é de metade da pena. Por fim, no caso de condenados por crime hediondo ou
equiparado (tráfico de drogas, tortura e terrorismo) e de tráfico de pessoas, a fração é de dois terços, desde
que não seja reincidente específico.
Com relação ao lapso temporal de 1/3 para aquele que não for reincidente em crime doloso e portador de
bons antecedentes, é possível se realizar duas leituras:
a) somente o condenado que possuir bons antecedentes se enquadra na regra. Deste modo, o lapso de ½ da
pena é reservado para os reincidentes e para os portadores de maus antecedentes;
b) em razão de o lapso de ½ da pena ser reservado somente para os reincidentes, não é possível estender a
situação, em analogia in malam partem. Logo, a fração de 1/3 é exigida de todos aqueles que forem
tecnicamente primários (ainda que portadores de maus antecedentes).
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Mesmo sendo ambos os julgados provenientes da Quinta Turma, com modificação, portanto, da tese, não
há que se falar, ainda, em entendimento consolidado na Corte.
A Lei 11.343/2006, que trata do crime de drogas, tornou maior a restrição ao livramento condicional, ao
proibi-lo a crimes como o de associação para o tráfico. A este respeito, cumpre transcrever trecho de aresto
do STJ, que aborda o tema da reincidência específica:
“(...) 4. Conquanto o delito de associação para o tráfico não seja hediondo, a nova lei vedou a
concessão do livramento condicional ao reincidente específico nos crimes nela relacionados -
arts. 33, caput e §1º, e 34 a 37 da Lei n. 11.343/2006 -, diferentemente do regramento aplicado
aos delitos cometidos antes de sua vigência, até então, regidos pelo disposto no art. 83, V, do CP,
que negava o benefício ao apenado reincidente específico em crimes hediondos, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo. 5. Tratando-se de apenados
reincidentes específicos, assim considerados os condenados em quaisquer dos delitos previstos
no caput do art. 44 da Lei n. 11.343/2006, quais sejam: os dos arts. 33, caput e §1º, e 34 a 37
da Lei n. 11.343/2006, não há como lhe ser concedido o benefício do livramento condicional,
por expressa vedação legal.” (STJ, HC 282733/RJ, Rel Min. NEFI CORDEIRO, DJe 16/06/2016)
Para ficar mais fácil visualizar a diferença de requisitos temporais exigidos para a obtenção do livramento
condicional, bem como entender as hipóteses de vedação, segue um quadro para esquematizar o tópico:
A Lei 13.964/2019, ao modificar o artigo 112, inciso VI, alínea a, e inciso VIII, da Lei de Execução Penal, passou
a vedar o livramento condicional para os condenados por crime hediondo ou equiparado, com resultado
morte. O artigo 2º, § 9º, da Lei 12.850/2013, introduzido pela Lei 13.964/2019, passou a vedar o livramento
condicional para o condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime
praticado por meio de organização criminosa, se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção
do vínculo associativo.
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Para o cálculo do lapso temporal exigido para a obtenção do livramento condicional, o artigo 84 do Código
Penal determina que as penas de diferentes delitos devem ser somadas:
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.
É muito importante ressaltar que a prática de falta grave, no curso do cumprimento da pena privativa de
liberdade, não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional. Cuida-se de entendimento já
sumulado pelo STJ, referente ao enunciado nº 441:
Para ajudar a visualizar a influência da falta grave nos benefícios da execução penal, observermos o seguinte
quadro:
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Por fim, cumpre mencionar a Súmula 715 do STF, a ser estudada no tema de limites de penas:
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art.
75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento
condicional ou regime mais favorável de execução.
Destaque-se que a Lei 13.694/2019 modificou o teor do artigo 75 do Código Penal para fixar o limite como
sendo de 40 anos, e não mais de 30 anos de cumprimento de pena.
1 - CONDIÇÕES
O juiz deve fixar, na sentença, as condições a que fica submetido o liberado, nos termos do artigo 85 do
Código Penal:
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o livramento.
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
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referido benefício. As formalidades estão previstas nos artigos 136 a 138 da Lei nº 7.210/84, a Lei de
Execução Penal:
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de livramento com a cópia integral da
sentença em 2 (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da
execução e outra ao Conselho Penitenciário.
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente no dia marcado pelo
Presidente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo cumprida a pena,
observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo Presidente do
Conselho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo
liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu
pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou
administrativa, sempre que lhe for exigida.
§ 1º A caderneta conterá:
a) a identificação do liberado;
c) as condições impostas.
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3 - REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA
Há hipóteses em que o benefício deve ser obrigatoriamente revogado pelo juiz. Isto se dá quando o
sentenciado vem a ser condenado definitivamente a pena privativa de liberdade:
O artigo 84, já estudado nesta aula, é o que determina a soma das penas a que foi condenado o sujeito, por
diferentes delitos, para fins de averiguação se ele cumpriu a fração estipulada a concessão do livramento.
4 - REVOGAÇÃO FACULTATIVA
Em alguns casos, o juiz pode decidir, de acordo com as especificidades da situação, se revoga ou não o
livramento condicional. É o que ocorre se o liberado deixar de cumprir as condições impostas na sentença
ou se ele for condenado definitivamente pela prática de infração penal a uma pena diversa da privativa de
liberdade (pena restritiva de direitos ou pena de multa). A revogação facultativa é regulada pelo artigo 87
do Código Penal:
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer
das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou
contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
5 - EFEITOS DA REVOGAÇÃO
Tendo havido a revogação, seja ela facultativa ou obrigatória, há algumas consequências para o beneficiário,
nos termos do artigo 88 do CP:
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na
pena o tempo em que esteve solto o condenado.
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Ademais, o tempo em que o liberado esteve solto não se computa como pena cumprida, salvo se a
revogação ocorrer em virtude de crime praticado anteriormente. Neste último caso, o juiz observa se a
nova pena, somada à que está sendo executada, permite a continuidade do LC, isto é, verifica se, mesmo
com a soma das penas, ainda assim o executado atingiu o lapso temporal exigido. Se não atingiu, o juiz revoga
o benefício, mas o tempo em que ele esteve solto será considerado como pena cumprida.
Busca a lei, com isso, diferenciar o indivíduo que comete crime durante o benefício ou descumpre as
condições, o que demonstra descompromisso com o livramento antecipado que lhe foi concedido, daquele
que nada fez durante o período de livramento, mas que havia cometido outro delito antes e viu suas penas
serem somadas, o que implicou na revogação do seu benefício.
6 - PRORROGAÇÃO
É possível a prorrogação do benefício, mesmo porque, nos casos de revogação pela prática de crime ou
contravenção penal, a lei exige o trânsito em julgado. Portanto, enquanto não for julgado definitivamente o
caso, o juiz pode prorrogar o prazo do livramento:
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença
em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
7 - SUSPENSÃO
Além da prorrogação do prazo do livramento condicional, o juiz pode terminar sua suspensão. Com a
suspensão do prazo, o indivíduo é preso, voltando a cumprir a pena privativa de liberdade:
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos
o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional,
cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.
A suspensão, portanto, autoriza o recolhimento cautelar, dentro dos limites da pena aplicada.
O STJ entende que a revogação ou a suspensão do livramento condicional depende de decisão judicial, não
ocorrendo de forma automática:
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suspensão cautelar, revogação ou prorrogação do benefício, não é mais possível a adoção destas
medidas, ainda que tenha o condenado praticado novo crime durante o período de prova,
devendo ser julgada extinta a sua punibilidade. Precedentes.” (STJ, HC 272931/SP, Rel. Min.
Gurgel de Faria, DJe 04/11/2014)
8 - EXTINÇÃO
Como vimos, a revogação ou a suspensão do livramento condicional não ocorrem de forma automática. Por
conseguinte, se o juiz não determinar a revogação ou suspensão do benefício, o decurso de seu prazo causa
sua extinção. É o que determina o artigo 90 do Código Penal:
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa
de liberdade
Reforçando o que prevê o próprio Código Penal, o Superior Tribunal de Justiça aprovou o enunciado nº 617
da sua Súmula:
Uma das teorias mais proeminentes nesse campo é a teoria da expressão de valores. Essa abordagem
defende que a pena tem o papel de transmitir uma mensagem clara e inequívoca à sociedade sobre os
valores e normas que são considerados fundamentais para a ordem social. Nesse sentido, a imposição de
penas deve servir como um instrumento de comunicação, visando reforçar a moral coletiva e reafirmar a
legitimidade do sistema de justiça penal. John Braithwaite, criminologista australiano, é um dos principais
defensores dessa teoria. Em sua obra "Crime, Shame, and Reintegration"33, Braithwaite explora a ideia de
que a vergonha social pode ser uma ferramenta eficaz na prevenção da criminalidade e na reintegração do
infrator na comunidade.
33
BRAITHWAITE, John. Crime, shame and reintegration. Cambridge University Press, 1989.
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Outra teoria relevante é a teoria da comunicação cívica, que argumenta que a pena deve ser vista como
uma forma de comunicação entre o Estado e o indivíduo infrator, bem como entre o Estado e a sociedade
como um todo. Nesse contexto, a pena tem o propósito de reafirmar a autoridade do Estado, fortalecer a
confiança na justiça e promover um senso de coesão social. Nils Christie, criminologista norueguês,
contribuiu significativamente para o desenvolvimento dessa teoria. Em sua obra "Crime Control as
Industry"34, Christie enfatiza a importância de uma abordagem mais restaurativa e menos retributiva no
sistema penal, com ênfase na comunicação e no diálogo entre todas as partes envolvidas.
Além disso, a teoria da pena expressiva também pode ser abordada sob a perspectiva da teoria do labelling
approach (etiquetamento). Segundo essa teoria, a pena é um mecanismo de rotulação social, através do
qual determinadas pessoas são estigmatizadas como criminosas. A imposição da pena não apenas pune o
indivíduo, mas também o marca como um desviante, afetando sua identidade e posicionamento social.
Howard Becker, sociólogo norte-americano, é um dos principais representantes dessa teoria. Em sua obra
clássica "Outsiders: Estudos de Sociologia do Desvio"35, Becker explora como as normas sociais e as reações
sociais moldam a criminalidade e a resposta penal.
Embora as teorias expressivas da pena sejam perspectivas valiosas para compreender o significado e a
função das sanções penais, elas também têm sido objeto de críticas e debates. Alguns críticos argumentam
que essas teorias podem ser excessivamente abstratas e negligenciar as necessidades de justiça e reparação
das vítimas. Além disso, a eficácia da comunicação simbólica da pena tem sido questionada, especialmente
em relação à sua capacidade de prevenir a reincidência e promover a ressocialização dos infratores.
Em suma, as teorias expressivas da pena são abordagens que enfatizam o aspecto comunicativo das sanções
penais, destacando o papel da pena como um meio de expressar valores e normas sociais. Autores como
John Braithwaite, Nils Christie e Howard Becker contribuíram significativamente para o debate atual sobre o
tema. No entanto, é importante reconhecer que essas teorias também enfrentam críticas e desafios, e que
o campo da teoria da pena continua a evoluir à medida que novas perspectivas e insights surgem.
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal
e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
34
CHRISTIE, Nils. Crime control as industry: Towards gulags, western style. Taylor & Francis, 2016.
35
BECKER, Howard S. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2008.
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1. Consoante o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal e por este Superior
Tribunal de Justiça, não se admite habeas corpus contra decisão denegatória de liminar proferida
em outro writ na instância de origem, sob pena de indevida supressão de instância, ressalvada
situação de flagrante ilegalidade. Súmula 691/STF.
93, IX, da CF), que demonstre a existência da prova da materialidade do crime e a presença de
indícios suficientes da autoria, bem como a ocorrência de um ou mais pressupostos do artigo 312
do Código de Processo Penal, vedadas considerações abstratas sobre a gravidade do crime. 3. O
inciso V do art. 318 do Código de Processo Penal, incluído pela Lei n. 13.257/2016, determina
que "Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: V - mulher
com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos".
3º). Multicitado princípio é possível de ser concretizado também no âmbito penal, por meio da
chamada Justiça restaurativa, do respeito aos direitos humanos e da humanização da aplicação
do próprio direito penal e do correspondente processo penal. A Lei nº 13.257/2016 decorre,
portanto, desse resgate constitucional.
5. A prova documental juntada aos autos atesta que a paciente possui um filho de 8 anos de
idade e não foram apresentadas justificativas idôneas para o indeferimento de substituição da
prisão preventiva pela domiciliar.
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7. Habeas Corpus não conhecido. Ordem parcialmente concedida, de ofício, na esteira do parecer
ministerial, para permitir a substituição da custódia preventiva da paciente pela prisão domiciliar.
(HC 389.348/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
23/05/2017, DJe 31/05/2017)
b) perda de bens;
c) multa;
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
I - prestação pecuniária;
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a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
(...)
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas
condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
a) morte;
(...)
Pena de morte
Art. 303, § 2º, da Lei 7.565/86, o Código Brasileiro da Aeronáutica: parte da doutrina entende como
espécie de aplicação de pena de morte no Brasil
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Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir,
facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada,
seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo
Penitenciário Nacional.
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas
aptidões e capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado
no interior do estabelecimento.
(...)
Art. 50, inciso VI, da LEP: é considerado falta grave se o condenado não trabalhar
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
(...)
HC 429.608/STJ: entendimento de que o trabalho previsto na Lei de Execução Penal não é pena, mas sim
um dos deveres do condenado
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II A insurgência contra a perda de 1/3 (um terço) dos dias remidos não foi examinada pelo eg.
Tribunal de origem, o que inviabiliza o seu exame por esta Corte, sob pena de se incorrer em
indevida supressão de instância.
III - No presente agravo regimental não se aduziu qualquer argumento novo e apto a ensejar a
alteração da decisão agravada, devendo ser mantida por seus próprios fundamentos.
(AgRg no HC 429.608/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/04/2018,
DJe 27/04/2018)
Art. 6º da Convenção Americana de Direitos Humanos: admite a obrigação de trabalho como decorrência
do cumprimento de pena privativa de liberdade.
(...)
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.
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IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
HC 437157/STJ: entendimento do Superior Tribunal de Justiça que não se deve adotar um quantum
definido e determinado para todas as circunstâncias judiciais, mas sim devem ser consideradas cada uma
das circunstâncias, conforme a relevância delas no caso concreto.
I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento firmado pela Primeira Turma do col.
Pretório Excelso, firmou orientação no sentido de não admitir a impetração de habeas corpus em
substituição ao recurso adequado, situação que implica o não conhecimento da impetração,
ressalvados casos excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade apta a gerar
constrangimento ilegal, seja possível a concessão da ordem de ofício.
II - A via do writ somente se mostra adequada para a análise da dosimetria da pena se não for
necessária uma análise aprofundada do conjunto probatório e caso se trate de flagrante
ilegalidade. Vale dizer, "o entendimento deste Tribunal firmou-se no sentido de que, em sede de
habeas corpus, não cabe qualquer análise mais acurada sobre a dosimetria da reprimenda
imposta nas instâncias inferiores, se não evidenciada flagrante ilegalidade, tendo em vista a
impropriedade da via eleita" (HC n. 39.030/SP, Quinta Turma, Rel.
III - Segunda a jurisprudência desta Corte Superior, a definição do quantum de aumento da pena-
base, em razão de circunstância judicial desfavorável, está dentro da discricionariedade
juridicamente vinculada e deve observar os princípios da proporcionalidade, razoabilidade,
necessidade e suficiência à reprovação e prevenção ao crime. Não se admite a adoção de um
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V - In casu, o motivo torpe foi considerada para qualificar o delito de homicídio, sendo que a
qualificadora relativa ao recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima foi
sopesada para fins de exasperação da pena-base, a título de circunstâncias desfavoráveis do
crime, pelo que não se vislumbra nenhuma ilegalidade a ser sanada, nem mesmo com relação ao
quantum operado pela r. sentença e mantido pelo v. acórdão impugnado, haja vista trata-se de
duas qualificadoras, tendo o aumento da pena-base ocorrido dentro da discricionariedade
juridicamente vinculada de forma proporcional e razoável para o caso em concreto.
VII - Na hipótese, na segunda fase da dosimetria, a pena deve ser reduzida na fração de 1/6 (um
sexto), diante da incidência da atenuante da menoridade, o que se encontra de acordo com a
jurisprudência desta Corte Superior.
Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício, para reduzir a pena imposta ao
paciente em 1/6, diante da atenuante da menoridade (art. 65, inciso I, do CP), fixando-a em 10
(dez) anos de reclusão, mantido os demais termos da condenação.
(HC 437.157/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/04/2018, DJe
20/04/2018)
EMENTA Habeas corpus. Penal. Tráfico de drogas (art. 12 da Lei nº 6.368/76). Pena.
Redimensionamento. Questões não examinadas pelo Superior Tribunal de Justiça. Supressão de
instância. Precedentes. Não conhecimento da impetração. Possibilidade de concessão, de ofício,
do writ, nas hipóteses de flagrante ilegalidade. Pena-base. Fixação de forma conglobada.
Ausência de especificação do quantum atribuído a cada vetor negativo considerado. Irrelevância.
Possibilidade de controle de sua legalidade pelas instâncias superiores. Inexistência de ofensa
aos princípios da individualização da pena e da motivação das decisões judiciais (arts. 5º, XLVI, e
93, IX, CF). Valoração negativa da culpabilidade, das circunstâncias do crime e da conduta social
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aos demais vetores um quantum maior que o atribuído em primeiro grau. 25. De toda sorte, esse
reajustamento da pena-base não caracteriza reformatio in pejus, uma vez que não extravasou a
pena aplicada em primeiro grau. 26. Como decidido pelo Supremo Tribunal Federal em hipótese
similar, “[a] jurisprudência contemporânea da Corte é assente no sentido de que o efeito
devolutivo da apelação, ainda que em recurso exclusivo da defesa, ‘autoriza o Tribunal a rever
os critérios de individualização definidos na sentença penal condenatória para manter ou reduzir
a pena, limitado tão-somente pelo teor da acusação e pela prova produzida” (HC nº 106.113/MT,
Primeira Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 1º/2/12)’” - RHC nº 135.524/MG,
Segunda Turma, de minha relatoria, DJe de 28/9/16. 27. Constata-se, todavia, a existência de
flagrante ilegalidade na valoração negativa das consequências do crime de tráfico de drogas (art.
12 da Lei nº 6.368/76). 28. O juízo de primeiro grau reputou desfavoráveis as consequências do
crime, por ter “exigi[do] despesas acima do comum dos órgãos estatais responsáveis pela
repressão, com constantes deslocamentos de agentes, inclusive aéreos, para acompanhamento
do então investigado. Além disso, importou em enriquecimento ilícito do condenado”. 29. Essa
motivação é manifestamente inidônea, uma vez que as despesas suportadas pelo Estado com a
investigação de um crime e o enriquecimento do paciente não se subsumem no vetor
“consequências do crime”, entendido como extensão do dano produzido pelo ilícito em si. 30. O
Tribunal Regional Federal não glosou esse vetor nem aduziu nenhum outro elemento de prova
que lhe desse suporte, limitando-se a invocar, genericamente, “as consequências do crime” e a
"elevada quantidade da droga apreendida (1.691 kg) e a sua natureza (cocaína).” 31. Ocorre que,
como a quantidade e a natureza da droga já haviam sido valoradas negativamente a título de
culpabilidade, não poderiam vir a sê-lo também a título de consequências do crime, sob pena de
bis in idem. 32. Cumpre, portanto, decotar o vetor negativo “consequências do crime” no tocante
à conduta descrita no art. 12 da Lei nº 6.368/76. 33. Habeas corpus do qual não se conhece. 34.
Concessão, de ofício, do writ para decotar o vetor “consequências do crime” da primeira fase da
dosimetria da pena do crime descrito no art. 12 da Lei nº 6.368/76, determinando-se ao juízo de
primeiro grau que, motivadamente, fixe o quantum correspondente de redução da pena-base e,
por via de consequência, redimensione a pena final.
(HC 134193, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 26/10/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-252 DIVULG 25-11-2016 PUBLIC 28-11-2016)
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INTELIGÊNCIA DO ART. 33, § 3º, do CÓDIGO PENAL. REGIME SEMIABERTO. POSSIBILIDADE. WRIT
NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado.
Assim, salvo flagrante ilegalidade, o reexame das circunstâncias judiciais e os critérios concretos
de individualização da pena mostram-se inadequados à estreita via do habeas corpus, por
exigirem revolvimento probatório.
3. Este Superior Tribunal de Justiça reconhece que a personalidade do agente somente pode ser
valorada negativamente se constarem dos autos elementos concretos para sua efetiva e segura
aferição pelo julgador, o que não se vislumbra na hipótese em apreço.
4. Para fins de individualização da pena, a culpabilidade deve ser compreendida como juízo de
reprovabilidade da conduta, ou seja, a maior ou menor censurabilidade do comportamento do
réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos elementos da culpabilidade, para que se
possa concluir pela prática ou não de delito. No caso dos autos, o fato de o réu ter agido com um
comparsa não identificado, contra três vítimas, utilizando-se de simulacro de uma pistola, o qual
era apontado para as vítimas, tendo uma delas, inclusive, desmaiado por acreditar ter sido
atingida por um tiro, demonstra o dolo intenso e o maior grau de censura a ensejar resposta
penal superior.
6. Estabelecida a pena-base acima do mínimo legal, por ter sido desfavoravelmente valorada
circunstância do art. 59 do Código Penal, é possível a fixação de regime prisional mais gravoso do
que o indicado pelo quantum de reprimenda imposta ao réu, a teor do disposto no art. 33, § 3º,
do CP. 7. Imposta reprimenda no patamar de 4 anos de reclusão, com a valoração desfavorável
de uma circunstância judicial, deve ser fixado o regime prisional semiaberto para o desconto da
sanção corporal estabelecida ao réu.
8. Writ não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de reduzir a reprimenda imposta ao
paciente para 4 anos de reclusão, mais 10 dias-multa e estabelecer o regime prisional semiaberto
para o início do desconto da pena.
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(HC 433.404/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 03/04/2018, DJe
09/04/2018)
Súmula 444 do STJ: vedação de utilização de inquéritos e processos penais em curso para configurar os
maus antecedentes
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
(RE 591054, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2014,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-037 DIVULG 25-02-2015 PUBLIC 26-
02-2015)
HC 142371/STF: passados os cinco anos do cumprimento ou da extinção da pena, não poderia mais a
condenação ser levada em conta pelo juiz.
(HC 142371, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 30/05/2017,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-124 DIVULG 09-06-2017 PUBLIC 12-06-2017)
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EDcl no HC 413204/STJ: posição pacífica do Superior Tribunal de Justiça de que, após o decurso do lustro,
a condenação anterior já transitada em julgado pode ser utilizada como mau antecedente do agente, sendo
vedado apenas que determine o reconhecimento da reincidência.
II - Assiste razão ao Parquet Federal, uma vez que está devidamente demonstrado na certidão de
fl. 94 que o v. acórdão condenatório não incorreu em qualquer ilegalidade, pois a anotação
criminal referente ao processo n. 7006993-82.2003.8.26.0050, que transitou em julgado em
28/9/2005, configura, no presente caso, maus antecedentes, o que afasta de plano a incidência
da Súmula n. 444 desta Corte Superior.
III - A jurisprudência deste Tribunal é assente no sentido de que as condenações alcançadas pelo
período depurador de 5 anos, como no presente caso, previsto no art. 64, inciso I, do Código
Penal, afastam os efeitos da reincidência, mas não impedem a configuração de maus
antecedentes, permitindo, assim, o aumento da pena-base acima do mínimo legal.
Embargos de declaração acolhido, com efeitos infringentes, para sanar a omissão e não conhecer
do habeas corpus, com o fim de restabelecer o acórdão condenatório proferido pelo eg. Tribunal
de origem em grau de apelação.
(EDcl no HC 413.204/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2018,
DJe 21/05/2018)
STF: fixação, em repercussão geral, que a condenação antiga, com mais de 5 anos da data do cumprimento
ou extinção da pena, pode ser valorada como mau antecedente. Definição do Plenário:
O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 150 da repercussão geral, deu parcial provimento ao
recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "Não se aplica para o reconhecimento dos maus
antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da reincidência, previsto no art. 64, I, do Código
Penal" nos termos do voto do Relator, vencidos os Ministros Ricardo Lewandowski, Marco
Aurélio, Gilmar Mendes e Dias Toffoli (Presidente). Não participou deste julgamento o Ministro
Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 7.8.2020 a 17.8.2020.
Art. 63 do Código Penal: fato não transitado em julgado na época da prática de novo delito pelo agente,
não pode ser considerado para se declará-lo como reincidente.
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Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
HC 433404/STJ: a jurisprudência tem exigido que haja elementos concretos sobre a avaliação psicológica
do agente para a elevação da pena base, pelo juiz, com fundamento na personalidade do agente.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado.
Assim, salvo flagrante ilegalidade, o reexame das circunstâncias judiciais e os critérios concretos
de individualização da pena mostram-se inadequados à estreita via do habeas corpus, por
exigirem revolvimento probatório.
3. Este Superior Tribunal de Justiça reconhece que a personalidade do agente somente pode ser
valorada negativamente se constarem dos autos elementos concretos para sua efetiva e segura
aferição pelo julgador, o que não se vislumbra na hipótese em apreço.
4. Para fins de individualização da pena, a culpabilidade deve ser compreendida como juízo de
reprovabilidade da conduta, ou seja, a maior ou menor censurabilidade do comportamento do
réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos elementos da culpabilidade, para que se
possa concluir pela prática ou não de delito. No caso dos autos, o fato de o réu ter agido com um
comparsa não identificado, contra três vítimas, utilizando-se de simulacro de uma pistola, o qual
era apontado para as vítimas, tendo uma delas, inclusive, desmaiado por acreditar ter sido
atingida por um tiro, demonstra o dolo intenso e o maior grau de censura a ensejar resposta
penal superior.
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retratar, quando a manifestação for utilizada para fundamentar a sua condenação, o que se
infere na hipótese dos autos.
6. Estabelecida a pena-base acima do mínimo legal, por ter sido desfavoravelmente valorada
circunstância do art. 59 do Código Penal, é possível a fixação de regime prisional mais gravoso do
que o indicado pelo quantum de reprimenda imposta ao réu, a teor do disposto no art. 33, § 3º,
do CP. 7. Imposta reprimenda no patamar de 4 anos de reclusão, com a valoração desfavorável
de uma circunstância judicial, deve ser fixado o regime prisional semiaberto para o desconto da
sanção corporal estabelecida ao réu.
8. Writ não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de reduzir a reprimenda imposta ao
paciente para 4 anos de reclusão, mais 10 dias-multa e estabelecer o regime prisional semiaberto
para o início do desconto da pena.
(HC 433.404/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 03/04/2018, DJe
09/04/2018)
HC 402.951/STJ: o Superior Tribunal de Justiça admite a consideração de fração diversa na aplicação das
agravantes e das atenuantes genéricas, mas entende que a fixação do aumento superior a um sexto exige
motivação específica na sentença.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado.
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Precedente.
5. Este Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que "a folha de antecedentes
criminais é documento hábil e suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência,
não sendo necessária a apresentação de certidão cartorária" (HC 291.414/SP, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 22/9/2016, DJe 30/9/2016).
Incide, portanto, à espécie o disposto na Súmula 443 desta Corte: "O aumento na terceira fase
de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não
sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes".
9. Writ não conhecido. Habeas corpus concedido, de ofício, a fim de estabelecer a pena de 9
anos, 7 meses e 26 dias de reclusão pelos crimes de roubo duplamente circunstanciado e
corrupção de menores, ficando mantidos os demais termos do decreto condenatório.
(HC 402.951/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2018, DJe
22/05/2018)
Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça: adstrição aos limites mínimo e máximo da sanção
abstratamente cominada ao delito
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo
legal.
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Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam
o crime:
I - a reincidência;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
podia resultar perigo comum;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
Art. 7º - Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar
em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime,
ou, no Brasil, por motivo de contravenção.
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(HC 90744, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 12/06/2007, DJe-
077 DIVULG 09-08-2007 PUBLIC 10-08-2007 DJ 10-08-2007 PP-00036 EMENT VOL-02284-02 PP-
00214)
(HC 101216, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 04/10/2011, DJe-201
DIVULG 18-10-2011 PUBLIC 19-10-2011 EMENT VOL-02610-01 PP-00113)
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(HC 83309, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 23/09/2003, DJ
06-02-2004 PP-00037 EMENT VOL-02138-05 PP-00924 RTJ VOL-00191-02 PP-00562)
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(AgInt no REsp 1653828/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
26/09/2017, DJe 09/10/2017)
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal;
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data
da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus
à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
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HC 433.722/STJ: a confissão espontânea realizada perante a autoridade policial pode atenuar a pena,
ainda que o agente se retrate perante o juiz, desde que este a utilize como elemento de convencimento para
a condenação.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado. No caso, observa-se flagrante ilegalidade a justificar a concessão do
habeas corpus, de ofício.
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6. Concluído pelo Tribunal a quo que o paciente é habitual no comércio de entorpecentes, pois,
além da expressiva quantidade e da diversidade da droga - 2 kg de cocaína (parte a granel), 26
porções de crack e 8 de maconha -, houve a apreensão de petrechos destinados à divisão,
embalagem e revenda da substância, a alteração desse entendimento - para fazer incidir a
minorante da Lei de Drogas - enseja o reexame do conteúdo probatório dos autos, o que é
inadmissível em sede de habeas corpus. Precedentes.
7. Não há se falar em bis in idem, pois, além da quantia da droga apreendida, há outros elementos
dos autos que evidenciam a dedicação do paciente a atividades criminosas.
9. É inadmissível a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direito, pela falta
do preenchimento do requisito objetivo (art. 44, I, do Código Penal).
10. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para reconhecer a atenuante do
art. 65, III, "d", do Código Penal, redimensionando a sanção final para 6 anos e 3 meses de
reclusão e pagamento de 625 dias-multa, em regime inicial fechado.
(HC 433.722/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2018, DJe
22/05/2018)
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
REsp 1341370/STJ: O STJ pacificou, no âmbito da própria corte, que a compensação da confissão
atenuante espontânea com a agravante da reincidência
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(REsp 1341370/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
10/04/2013, DJe 17/04/2013)
HC 367916/STJ: precedente do STJ que estabelecem premissas para a dosimetria na terceira fase.
2. De acordo com a jurisprudência desta Corte, não é possível a compensação de uma causa de
aumento com outra de redução. Isso porque, além de obediência ao sistema trifásico (68 do CP),
possui o magistrado o dever de esclarecer os motivos que determinaram a incidência do
respectivo quantum de aumento ou de diminuição de pena que entender aplicável (HC
237.734/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 19/03/2013,
DJe 25/03/2013). Precedentes.
3. Com o intuito de assegurar o tratamento mais favorável ao réu no momento do cálculo de suas
penas, presentes causas de aumento e diminuição, deve-se, primeiramente, elevar a pena e,
somente após, fazer incidir a minorante. Precedentes.
4. Habeas corpus não conhecido. Concessão da ordem, de ofício, para determinar que o Tribunal
de origem, afastada a compensação entre as causas de aumento e diminuição, efetue novo
cálculo das penas, justificando os patamares de aumento e de diminuição contidos nos arts. 40,
VI, e 33, § 4º, ambos da Lei 11.343/06.
(HC 367.916/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 18/10/2016, DJe
10/11/2016)
Art. 68, parágrafo único do Código Penal: a configuração de mais de uma majorante ou minorante
previstas na Parte Especial do Código
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.
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Art. 33, caput e § 1º, do Código Penal: prevê os regimes de cumprimento de pena e o local de
cumprimento:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado.
§ 1º - Considera-se:
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o
cumprimento da pena em regime semi-aberto.
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§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime
doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente
aplicada
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde
o início, cumpri-la em regime aberto.
Art. 112 da Lei de Execução Penal (LEP): o juiz fixa o regime inicial de cumprimento de pena, sendo que a
execução deve ser forma progressiva.
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao
menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido
sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência
à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido
com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado, se for primário;
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a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for
primário, vedado o livramento condicional;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo
ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou
equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta
carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a
progressão.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida
de manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado
na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos
previstos nas normas vigentes.
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de
drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
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§ 7º O bom comportamento é readquirido após 1 (um) ano da ocorrência do fato, ou antes, após
o cumprimento do requisito temporal exigível para a obtenção do direito.
Art. 2º, § 2º, da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos): no caso de crimes hediondos e equiparados, a
fração é de 2/5 (dois quintos), se o executado for primário, ou de 3/5 (três quintos), se reincidente, para a
progressão do regime.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
e o terrorismo são insuscetíveis de: (...)
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-
á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três
quintos), se reincidente. (LEI Nº 11.464, DE 28 DE MARÇO DE 2007)
Súmula Vinculante 26: a previsão de regime integralmente fechado para os crimes hediondos e
equiparados, considerada inconstitucional, deve ser tida por inexistente
I - prestação pecuniária;
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Art. 152 da Lei de Execução Penal: limitação de fim de semana e atividades de recuperação e reeducação:
Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos e
palestras, ou atribuídas atividades educativas.
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança, o adolescente e a
mulher e de tratamento cruel ou degradante, ou de uso de formas violentas de educação,
correção ou disciplina contra a criança e o adolescente, o juiz poderá determinar o
comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.”
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se
para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre
que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. (específicas)
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes
culposos de trânsito.
Art. 54 do CP: as penas restritivas de direitos aplicam-se mesmo que não haja previsão no preceito
secundário do tipo
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Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma
duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46.
Art. 46, § 4º, do CP: se a pena substituída for superior a um ano, a prestação de serviço à comunidade
pode ser cumprida em menor tempo
§ 4º, Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade
fixada.
Art. 44 do Código Penal: requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva
de direitos
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por
uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha
operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução
penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado
cumprir a pena substitutiva anterior.
Art. 181 da Lei de Execução Penal: hipóteses de conversão de pena restritiva de direitos em privativa de
liberdade
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Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e
na forma do artigo 45 e seus incisos do Código Penal.
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por
edital;
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha
sido suspensa.
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não comparecer
ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade
determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a", "d" e "e" do parágrafo
anterior (não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação
por edital; praticar falta grave ou sofrer condenação por outro crime à pena privativa de
liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa).
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica
do réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária.
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Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a
sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que
o pagamento se realize em parcelas mensais.
a) aplicada isoladamente;
Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como
título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do
condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora.
Art. 51 do Código Penal: pena de multa como dívida de valor da Fazenda Pública
EDcl no AgRg no HC n. 441.809/SP /STJ: superação da tese de que, após o trânsito em julgado, a pena de
multa seria considerada dívida ativa da Fazenda Pública, sem caráter penal:
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1. Nos termos do art. 619 do Código de Processo Penal, os embargos de declaração, como recurso
de correção, destinam-se a suprir omissão, contradição e ambiguidade ou obscuridade existente
no julgado, ou, ainda, segundo a jurisprudência e doutrina, corrigir eventual erro material.
4. Acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça em dissonância com o novel entendimento fixado
pelo STF no julgamento da ADI n. 3.150/DF, motivo pelo qual deve ser reformado.
5. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes para, adotando a nova orientação
firmada pelos Tribunais Superiores, anular o acórdão embargado e determinar ao eg. Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo que analise o mérito do pedido de indulto da pena de multa, nos
autos do Agravo n. 9000128-18.2017.8.26.0050, afastado, portanto, o entendimento de que a
pena pecuniária seria somente dívida de valor e sua cobrança de competência exclusiva da
Fazenda Pública.
(EDcl no AgRg no HC n. 441.809/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em
13/4/2021, DJe de 16/4/2021.)
Súmula 521 do STJ: legitimidade para a execução de multa (não cancelada, mas questionável):
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser
suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que (sursis simples):
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
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§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa,
por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões
de saúde justifiquem a suspensão. (sursis etário e humanitário)
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou
submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão,
desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
Art. 80 do Código Penal: a suspensão condicional da pena se restringe à pena privativa de liberdade
HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL. CONCESSÃO DE SURSIS. POSSIBILIDADE. PENA BASE FIXADA
NO MÍNIMO LEGAL: 1 ANO. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS FAVORÁVEIS. RÉU PRIMÁRIO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. PARECER DO MPF PELA DENEGAÇÃO DA ORDEM.
ORDEM CONCEDIDA, NO ENTANTO, PARA POSSIBILITAR A SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
AO PACIENTE, MEDIANTE AS CONDIÇÕES A SEREM ESTABELECIDAS PELO JUIZ DA EXECUÇÃO.
1. O réu foi condenado à pena mínima de 1 ano, sua conduta social foi considerada adequada
pelo Juiz de primeiro grau, além de ser tecnicamente primário.
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2. O fato de o réu se embriagar nos fins de semana não é, por si só, suficiente para obstar o
deferimento do sursis, visto que as outras circunstâncias judiciais pesam favoravelmente à
concessão do benefício almejado. Precedentes.
(HC 138.703/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em
29/10/2009, DJe 30/11/2009)
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado,
a reparação do dano;
Art. 81 do CP: pode haver a prorrogação do período de prova na revogação facultativa e na revogação
obrigatória
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não
comparecer injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será
executada imediatamente a pena.
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Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa
de liberdade.
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes;
III - comprovado:
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática
de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça
à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições
pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
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2. Ainda que o crime de associação para o tráfico não seja considerado hediondo ou equiparado,
o art. 44, parágrafo único, da Lei n. 11.343/2006, além de estabelecer prazo mais rigoroso para
o livramento condicional, veda a sua concessão ao reincidente específico.
3. Para fins de reincidência específica não é necessário que o crime anterior, gerador da
reincidência, tenha sido praticado na vigência da Lei n. 11.464/2007.
4. Conquanto o delito de associação para o tráfico não seja hediondo, a nova lei vedou a
concessão do livramento condicional ao reincidente específico nos crimes nela relacionados -
arts. 33, caput e §1º, e 34 a 37 da Lei n. 11.343/2006 -, diferentemente do regramento aplicado
aos delitos cometidos antes de sua vigência, até então, regidos pelo disposto no art. 83, V, do CP,
que negava o benefício ao apenado reincidente específico em crimes hediondos, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo.
33, caput e §1º, e 34 a 37 da Lei n. 11.343/2006, não há como lhe ser concedido o benefício do
livramento condicional, por expressa vedação legal.
(HC 282.733/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 02/06/2016, DJe
16/06/2016)
Art. 84 do Código Penal: cálculo do lapso temporal exigido para a obtenção do livramento condicional
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o livramento.
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
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c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
Arts. 136 a 138 da Lei nº 7.210/84, a Lei de Execução Penal: concessão do livramento condicional
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de livramento com a cópia integral da
sentença em 2 (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da
execução e outra ao Conselho Penitenciário.
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente no dia marcado pelo
Presidente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo cumprida a pena,
observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo Presidente do
Conselho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo
liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu
pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou
administrativa, sempre que lhe for exigida.
§ 1º A caderneta conterá:
a) a identificação do liberado;
c) as condições impostas.
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Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer
das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou
contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na
pena o tempo em que esteve solto o condenado.
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença
em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos
o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional,
cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.
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5º, LXVIII, exceto quando a ilegalidade apontada for flagrante e estiver influenciando na liberdade
de locomoção do indivíduo.
Assim, concluído o prazo do livramento condicional, sem que tenha havido suspensão cautelar,
revogação ou prorrogação do benefício, não é mais possível a adoção destas medidas, ainda que
tenha o condenado praticado novo crime durante o período de prova, devendo ser julgada
extinta a sua punibilidade. Precedentes.
(HC 272.931/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 23/10/2014, DJe
04/11/2014)
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa
de liberdade
RESUMO
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo dos principais aspectos estudados ao longo da aula.
Sugerimos que esse resumo seja estudado sempre previamente ao início da aula seguinte, como forma de
“refrescar” a memória. Além disso, segundo a organização de estudos de vocês, a cada ciclo de estudos é
fundamental retomar esses resumos. Caso encontrem dificuldade em compreender alguma informação, não
deixem de retornar à aula.
SANÇÃO PENAL
É a coação ou a resposta do Estado imposta àqueles que violam as normas penais incriminadoras. Cuida-se
de gênero, do qual são espécies:
Pena: é a sanção imposta pelo Estado ao condenado pela prática de infração penal, que
consiste na privação ou restrição de determinados bens jurídicos do agente.
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Medida de segurança: é a sanção imposta pelo Estado ao agente não imputável, pela violação
da norma penal incriminadora, com finalidade exclusivamente preventiva.
Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória: a pena busca punir o agente, ao mesmo
tempo em que visa a coibir a prática de crimes, por meio da ressocialização e da intimidação.
Teoria agnóstica: não seria possível apontar, com segurança, uma função das penas. Defendida
por Zaffaroni.
No Brasil, hoje, a doutrina majoritária entende que a pena tem as seguintes finalidades: retributiva,
preventiva e reeducativa. Deste modo, a pena representa tanto uma resposta estatal para o caso de
descumprimento da norma, busca prevenir o cometimento de novos delitos e reeducar os condenados.
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- Princípio da legalidade
- Princípio da Anterioridade
- Princípio da Personalidade
- Princípio da Individualização
- Princípio da Inderrogabilidade
- Princípio da Proporcionalidade
- Princípio da Humanidade
JUSTIÇA RESTAURATIVA:
busca estudar o crime como evento que afeta autor, vítima e sociedade. Busca-se assistir à vítima,
representando, assim, uma terceira via na função da pena. Traz-se a ideia de responsabilidade social pelo
crime.
Para John Braithwaite, é uma questão de direito, que se trata de ampliar a agenda, na resolução de conflitos,
de meras disputas jurídicas para abranger os problemas que podem ser curados . O autor busca explicar que,
por trás de uma agressão física, por exemplo, pode haver um problema de demissão injusta do chefe pelo
patrão e de problemas de convivência no trabalho por anos, o que torna a questão muito mais profunda do
que a forma como é comumente tratada por profissionais do Direito.
PENAS EM ESPÉCIE
As espécies de penas no Direito Brasileiro:
A Constituição Federal já prevê as penas possíveis em seu artigo 5º, inciso XLVI, que trata da individualização
da pena. O artigo 32, do Código Penal, por sua vez, traz as espécies de pena, classificando-as em três grupos:
privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa.
As penas privativas de liberdade podem ser de reclusão e de detenção, reguladas no Código Penal, e de
prisão simples, prevista na Lei das Contravenções Penais. Quanto às penas restritivas de direitos, podemos
mencionar a prestação pecuniária, a perda de bens e valores, a limitação de fim de semana, a prestação de
serviço à comunidade ou a entidades pública, a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de
semana.
Assim, temos três grandes grupos de penas, consistentes nas privativas de liberdade, nas restritivas de
direitos e nas penas de multas. Enquanto as penas privativas de liberdade são manifestação do Direito Penal
Tradicional ou da Primeira Velocidade, as penas restritivas de direitos, também chamadas de alternativas,
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são consideradas parte da chamada Segunda Velocidade do Direito Penal, na classificação do jurista Jesús-
María Silva Sanchez, já estudada neste curso.
Penas Vedadas.
Assim como prevê as penas que são permitidas, a Constituição Federal também apresenta a lista das penas
que são vedadas. A Constituição proíbe as penas de morte, de caráter perpétuo, de trabalhos forçado e, de
forma genérica, as que sejam cruéis. A única exceção que a Constituição faz é em relação à pena de morte,
para a qual se admite a aplicação em caso de guerra declarada. Vejamos cada uma das vedações:
- Pena de morte, salvo em caso de guerra declarada a pena de morte, portanto, é proibida em regra.
A exceção é o caso de declaração de guerra. A guerra é declarada pelo Presidente da República, após
autorização do Congresso Nacional, no caso de agressão estrangeira. A pena de morte está prevista, para
situações em que permitida, no Código Penal Militar, que determina que seja executada por fuzilamento.
Grande parte dos doutrinadores entende que a previsão do abate, que só foi regulamentada pelo Decreto
nº 5.144/2004, é inconstitucional, por trazer nova modalidade de pena de morte não prevista na
Constituição. Entretanto, trata-se de previsão bastante específica, sem que haja notícias de efetivo abate
de aeronave nos termos da permissão legal. Deste modo, não se pode fixar uma posição majoritária da
doutrina, nem mesmo se pode mencionar a posição adotada pela jurisprudência. Ademais, há a posição
de que também há previsão de pena de morte, neste caso de pessoas jurídicas, no caso do artigo 24 da
Lei 9.605/98.Entretanto, cuida-se de posição minoritária, sem ressonância na jurisprudência.
- Penas de caráter perpétuo também não se permite, no Brasil, razão pela qual as penas de reclusão e
de detenção possuem como limite a duração de 40 anos, nos termos do artigo 75 do Código Penal, após
alteração da Lei 13.964/2019. Quanto à pena de prisão, seu limite é de 5 anos, conforme o artigo 10 da
Lei das Contravenções Penais.
- Pena de trabalhos forçados. A nossa Constituição também não admite a pena de trabalhos forçados.
Distingue-se, do trabalho forçado, a prestação de serviços à comunidade, pena alternativa, ou seja, pena
restritiva de direitos aplicada em substituição à pena privativa de liberdade. Deste modo, a prestação de
serviços não é forçada, mas sim um benefício para o preso. Caso não cumpridas as horas a que foi
condenado, o executado deverá cumprir a pena privativa de liberdade imposta originariamente e
substituída pelo juiz. Por fim, a maior discussão se refere à exigência de trabalho para os presos
definitivos, sob pena de cometimento de falta grave. O trabalho é considerado um dever do condenado,
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de modo que seu descumprimento constitui falta grave, nos termos do artigo 39, inciso V, e do artigo 50,
inciso VI, ambos da LEP. Entretanto, o trabalho previsto na Lei de Execução Penal não é pena, mas sim um
dos deveres do condenado definitivamente à pena privativa de liberdade. Não se cuida de trabalho
forçado como sanção penal, mas de trabalho obrigatório como uma das obrigações do preso em relação
à disciplina que lhe é imposta. Neste mesmo sentido, é o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça.
O Pacto de São José da Costa Rica também admite a obrigação de trabalho como decorrência do
cumprimento de pena privativa de liberdade.
- Pena de banimento. Foi também vedada pelo constituinte de 1988 a pena de banimento. O
banimento é o ato de expulsar um brasileiro do território nacional, levando-o a viver no estrangeiro. Hás
outras espécies de pena que não devem ser confundidas com o banimento, a de desterro e a de degredo
ou confinamento. Degredo é a determinação de que o indivíduo fique confinado a uma determinada parte
do território nacional. Desterro é a expulsão do indivíduo do local em que vive, como, por exemplo, a
Comarca em que vive a vítima.
- Pena da natureza cruel. Por fim, são vedadas as penas de natureza cruel, o que é nítida decorrência
do princípio da humanidade. Esta vedação é mais genérica, pois envolve, de modo mais amplo, todas as
penas que sejam dotadas de crueldade.
As penas privativas de liberdade são a de reclusão, a de detenção e a de prisão simples. Em tese, a pena de
reclusão é destinada aos crimes mais graves, enquanto a de detenção se destina aos mais leves. Por sua vez,
a prisão simples é reservada para as infrações penais. O regime inicial da pena de reclusão pode ser o
fechado, o semiaberto ou o aberto. No caso da detenção e da prisão simples, o regime inicial pode ser o
semiaberto ou o aberto. Entretanto, apenas no caso de detenção pode haver regressão, no curso do
cumprimento de pena, para o regime fechado, o que não se admite no caso de prisão simples.
Quanto aos efeitos extrapenais, previstos nos artigos 91 e 92 do Código Penal, não se aplicam à pena de
prisão. Os efeitos são reservados para os casos de reclusão e detenção, exceto no que se refere à
incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, que é reservada apenas para os crimes
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado. Por fim, só cabe
interceptação telefônica nos casos de crimes a que for cominada a pena de reclusão.
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A aplicação da pena é chamada de dosimetria, por envolver o cálculo da pena nos termos do método
trifásico. Começando pela pena privativa de liberdade, sua fixação, pelo juiz, deve ter como parâmetros os
limites mínimo e máximo previstos na lei e ser realizado em três fases. O método trifásico se inicia com a
fase das circunstâncias judiciais, prevista no artigo 59 do Código Penal. Na sequência, há a aplicação das
agravantes e das atenuantes, com a estipulação da pena intermediária. Por fim, a terceira fase envolve a
aplicação das causas de aumento e de diminuição de pena. É o que prevê o artigo 68 do Código Penal, que
institui o sistema trifásico de cálculo da pena.
✓ 1ª Fase
Na primeira fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias judiciais para a fixação da pena-base.
Segundo a doutrina e a jurisprudência majoritárias, parte-se da pena mínima abstratamente cominada ao
delito, seja do tipo simples ou do qualificado. Para a fixação da pena base, são consideradas as circunstâncias
judiciais. São elas: a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos,
as circunstâncias e as consequências do crime e o comportamento da vítima. Estão estipuladas no artigo 59,
do Código Penal. Nesta fase, o juiz não se pode ultrapassar os limites mínimo e máximo da pena, conforme
as balizadas fixadas de forma abstrata pelo legislador. A lei não prevê, quanto às circunstâncias judiciais, a
fração da pena que deve ser utilizada. Deste modo, há sua fixação pela doutrina e pela jurisprudência, sendo
que parte entende aplicável a fração de 1/6 (um sexto), enquanto outros entendem que se aplica a fração
de 1/8 (um oitavo).O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, entende que não se deve adotar um quantum
definido e determinado para todas as circunstâncias judiciais, mas sim devem ser consideradas cada uma
das circunstâncias, conforme a relevância delas no caso concreto. O STF, por sua vez, possui precedente em
que se considera recomendável a indicação da fração do aumento, apesar de consignar que não é necessária
essa menção na sentença. Vejamos as especificidades de cada uma das circunstâncias judiciais:
- Culpabilidade: consiste no juízo da censura ou reprovação em relação à conduta do agente, que pode
variar conforme o caso concreto.
- Maus antecedentes: se referem às infrações penais cometidas anteriormente pelo agente, sendo
que essa circunstância judicial esbarra na questão da presunção de inocência. O Superior Tribunal de
Justiça já possui entendimento consolidado sobre a vedação de utilização de inquéritos e processos penais
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em curso, conforme o verbete da Súmula 444. Devem ser consideradas, então, para a configuração dos
maus antecedentes as condenações criminais já transitadas em julgado. Entretanto, há a agravante da
reincidência, sendo que a mesma condenação não pode ser considerada como mau antecedente e
fundamento de reincidência, sob pena de violação do princípio da proibição do bis in idem. Cabe, então,
a análise mais rápida dos casos em que se configura a reincidência. A condenação por ato anterior deixa
de ensejar a reincidência após o decurso do prazo depurador a partir do cumprimento ou da extinção da
pena, sendo que devem ser computados os períodos de prova da suspensão condicional da pena ou do
livramento condicional, caso os benefícios não tenham sido revogados. O prazo é de um lustro, ou seja,
de 5 anos. Após o transcurso de referido interregno, a condenação anterior não poderá mais ser
considerada para reconhecimento da reincidência. Também não ensejam o reconhecimento da
reincidência a condenação anterior por crime anterior que seja militar próprio ou político. Crimes
políticos, por sua vez, são aqueles que se voltam contra a ordem política, devendo estar presente a
motivação política do agente. No caso do Direito Penal brasileiro, estão previstos dentre os Crimes contra
o Estado Democrático de Direito.
Quais são, então, os fatos delitivos que podem ser considerados como maus antecedentes?
a) Condenação anterior, após o lustro (5 anos) desde o cumprimento ou extinção da pena. [questão
controversa]
Como vimos, após o decurso de um quinquênio, contado do cumprimento ou da extinção da pena, há
a depuração do fato, o que leva a não ser possível se considerar o delito como reincidência. Portanto,
só restaria ao juiz utilizar o fato como mau antecedente do agente, na primeira fase da dosimetria,
como uma das circunstâncias judiciais. Após o decurso do lustro, a condenação anterior já transitada
em julgado pode ser utilizada como mau antecedente do agente, sendo vedado apenas que determine
o reconhecimento da reincidência. É a posição do STJ e do STF.
b) Condenação por fato praticado anteriormente, cujo trânsito em julgado ocorreu entre o novo fato
e a data da sentença. Há fato anterior ao cometimento do novo crime, mas cujo trânsito ocorra entre
a prática da nova infração penal e a prolação da sentença pelo juiz. Como o fato não havia transitado
em julgado na época da prática de novo delito pelo agente, não pode ser considerado para se declará-
lo como reincidente, conforme prevê o artigo 63 do Código Penal. Pode tal circunstância ser
considerada, entretanto, como mau antecedente, já que houve o trânsito em julgado antes de
proferida a condenação.
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c) Condenação anterior por crimes militares próprios ou políticos. A condenação anterior por crimes
militares próprios ou por crimes políticos não implica a reincidência do agente, sendo possível sua
utilização como mau antecedente.
d) Condenação anterior, dentro do período que gera reincidência, se já houver outra condenação
com este efeito. O indivíduo pode ter mais de uma condenação, sendo que todas transitaram em
julgado antes da data do cometimento do novo delito. Considerado um dos fatos para reconhecimento
da agravante da reincidência, as demais condenações podem ser levadas em conta na primeira fase da
dosimetria, como maus antecedentes.
e) Condenação anterior, transitada em julgado, pela prática de contravenção penal. A condenação
anterior a contravenção penal não serve para ensejar reincidência no caso de prática de crime, após o
trânsito em julgado daquele primeiro fato. Entretanto, essa condenação serve como mau antecedente.
- Conduta Social: se refere ao comportamento do indivíduo na sociedade, sua interação com a
comunidade em que vive. A este respeito, é comum a utilização de testemunhas de defesa para
comprovação de que o réu possui uma boa conduta social, as quais são denominadas de “testemunhas
de beatificação”.
- Personalidade do agente: se refere à sua composição psicológica, abrangendo suas qualidades
morais, a natureza de sua índole, o conjunto de seus caracteres subjetivos e a expressão do seu
temperamento. Deve ser aferida do confronto de seu comportamento com a ordem social. A
jurisprudência tem exigido que haja elementos concretos sobre a avaliação psicológica do agente para a
elevação da pena base, pelo juiz, com fundamento na personalidade do agente.
- Circunstâncias do crime: se referem à forma como ele foi praticada, ou seja, ao seu modus operandi.
O mesmo crime pode ser praticado de diversas formas, com graus de ousadia e de periculosidade
diferentes, o que deve influenciar a fixação da pena base.
- Consequências do crime: abrangem os resultados produzidos em relação à vítima, a seus entes
próximos ou à sociedade.
- Motivos do crime: é o que levou o agente a cometer o crime, como um motivo egoístico, em razão
de concorrência comercial.
- Comportamento da vítima: também é circunstância judicial prevista no artigo 59 do Código Penal.
Aqui, pode ser valorada a chamada culpa concorrente, como elemento da individualização da pena. Vale
lembrar que o Direito Penal não admite a compensação de culpas, sendo que neste caso o juiz pode
valorar a circunstância na primeira fase da dosimetria.
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✓ 2ª Fase
Na segunda fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias agravantes e atenuantes. Neste caso,
também não há a fixação de uma fração, pela lei, para a diminuição ou o aumento da pena, sendo que a
jurisprudência aponta como utilizável fração de 1/6 (um sexto). O Superior Tribunal de Justiça admite a
consideração de fração diversa, mas entende que a fixação do aumento superior a um sexto exige motivação
específica na sentença. Na segunda fase, parte-se da pena intermediária para a estipulação da pena
intermediária. Esta deve observar a adstrição aos limites mínimo e máximo da sanção abstratamente
cominada ao delito. É o que determina a Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça
Agravantes: estão previstas no artigo 61 do Código Penal, o que ressalva que sua aplicação na segunda fase
depende de o delito não prever a circunstância como elementar ou qualificadora do crime.
- Reincidência: é a agravante que determina a elevação da pena em razão de cometimento anterior
de crime pelo agente, desde que haja trânsito em julgado e dentro de determinado período. No caso de
cometimento de novo crime, só a prática de crime anterior, seja no Brasil ou no exterior, enseja a
reincidência, nos termos do dispositivo acima transcrito. Se o indivíduo comete contravenção penal, a
prática de crime anterior, no Brasil ou no exterior, ou de contravenção penal, no Brasil, ele se torna
reincidente, desde que já haja o trânsito em julgado da condenação pretérita. O nosso Direito adota o
sistema da temporariedade da reincidência. Isto significa que o delito só ensejará a reincidência do
agente, caso ele pratique novo fato delitivo, dentro de determinado prazo. Referido lapso temporal é
denominado de período depurador, que é de um lustro, um quinquênio ou, de modo mais simples, de
cinco anos. O transcurso do período depurador é uma das hipóteses de não configuração da
reincidência, nos termos do artigo 64 do Código Penal. Portanto, decorridos cinco anos do cumprimento
ou extinção da pena, computados neste prazo o da suspensão condicional da penal (sursis) e o do
livramento condicional (LC) se não tiverem sido revogados, o fato deixa de possuir a potencialidade de
tornar o indivíduo reincidente, caso volte a delinquir. Demais disso, não é possível considerar o indivíduo
reincidente com base em crime anterior que seja militar próprio ou político. A reincidência possui
natureza jurídica de circunstância agravante de caráter subjetivo. Tal agravante não se comunica para
os demais agentes, dada sua natureza nitidamente pessoal.
- Motivo fútil ou torpe: constituem circunstâncias agravantes, ressalvadas, claramente, as hipóteses
em que forem elementares ou qualificadoras do crime. O motivo fútil é considerado o pequeno,
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insignificante. Por sua vez, o motivo torpe é aquele abjeto, vil ou repugnante. Com relação à vingança,
prevalece na jurisprudência que se trata de motivo torpe:
a) Crime cometido para facilitar ou assegurar a execução ou ocultação, impunidade ou vantagem do
outro crime. A pena se agrava no caso de o crime ter sido cometido para facilitar ou assegurar a execução
ou ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime. São os casos denominados de conexão
teleológica e consequencial:
- Conexão teleológica: para assegurar a execução de outro crime.
- Conexão consequencial: para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime.
b) Crime cometido com traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa da vítima. A traição consiste no ataque feito com deslealdade, em que se aproveita
de um momento de confiança da vítima. A emboscada é o ataque feito por meio de tocaia. A
dissimulação é a conduta dotada de fingimento, realizada com disfarce. Além dos crimes praticados com
traição, emboscada ou dissimulação, o legislador deixou espaço para a chamada interpretação
analógica. Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima possibilita a
modificação da pena na segunda fase da dosimetria, devendo os parâmetros serem a traição, a
emboscada e a dissimulação. Um exemplo apontado de outro recurso que configura a agravante é a
surpresa.
c) Crime praticado contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. Também deve ser agravada a
pena do indivíduo que pratica crime contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. Para ficar mais
fácil memorizar, podemos pensar no acróstico CADI: Cônjuge, Ascendente, Descendente ou Irmão. A
separação de fato afasta a agravante. Também prevalece que não incide a agravante em caso de união
estável, já que não se admite analogia in malam partem.
- Agravantes no concurso de pessoas. No caso de concurso de pessoas, há situações que agravam a
pena. Estão previstas no artigo 62 do Código Penal. Deste modo, tem sua pena agravada quem promove
ou organiza a cooperação no crime, quem dirige a atividade dos outros agentes, quem coage ou induz
outrem para a execução do crime, quem instiga ou determina alguém sujeito a sua atividade ou não
punível a cometer o delito, bem como aquele que executa o delito ou participa dele mediante paga ou
promessa de recompensa (crime mercenário).
Atenuantes
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O Código Penal prevê, no seu artigo 65, as situações que atenuam a pena. O inciso I cuida da chamada
menoridade relativa e da senilidade, que determinam a incidência de atenuante no caso de o agente ser
menor de 21 anos de idade, ou maior de 70 anos de idade, na data de sentença. Ademais, estudamos que o
erro de proibição não se confunde com o desconhecimento da lei. A ignorância da lei, que não afasta a
culpabilidade, pode, entretanto, atenuar a pena, nos termos do artigo 65, II, do Código Penal. Também
atenua a pena o agente ter cometido o crime por motivo de relevante valor social, que é aquele de interesse
da coletividade. Do mesmo modo, configura a atenuante o relevante valor moral, que se refere a um valor
pessoal do agente. Há atenuante de pena se o agente procurar, por sua espontânea vontade e com eficiência,
logo após o cometimento do crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento,
reparado o dano. Percebam que a hipótese é mais ampla que o arrependimento posterior, que é causa de
diminuição de pena, de um a dois terços, e não deve ser confundido com a atenuante. Incide a minorante
apenas nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, se o agente, voluntariamente, reparar
o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa. Também atenua a pena o sujeito ter
cometido o crime sob coação resistível ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, desde que
não seja o caso de aparente legalidade. A pena também deve ser atenuada no caso de o crime ter sido
cometido sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima. Quando a confissão
espontânea for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista
no artigo 65, III, d, do Código Penal. O STJ possui enunciado a respeito, a Súmula 545. Para deixar mais claro,
ainda que a confissão seja parcial, se o juiz fundamentar a condenação com base nela, o indivíduo fará jus à
incidência da atenuante. De igual forma, se o agente posteriormente se retratar e, mesmo assim, for um dos
elementos utilizados na sentença. Portanto, a confissão espontânea realizada perante a autoridade policial
pode atenuar a pena, ainda que o agente se retrate perante o juiz, desde que este a utilize como elemento
de convencimento para a condenação. É o que decidiu recentemente o STJ. Por fim, há a atenuante prevista
no inciso III, alínea e, do Código Penal, no caso de o sujeito ter cometido o crime sob a influência de multidão
em tumulto, se não o provocou. Estudamos anteriormente o chamado crime multitudinário, sendo que, no
caso do indivíduo que induzir os outros a cometer o delito deve ter sua pena agravada. Além das atenuantes
previstas no artigo 65 do Código Penal, o artigo 66 prevê a possibilidade de o juiz atenuar a pena por alguma
outra circunstância relevante, seja ela anterior ou posterior ao crime. Um exemplo de utilização da atenuante
genérica, conforme já estudamos, é o caso da coculpabilidade. Deste modo, se o juiz entender que o sujeito
não teve garantidos seus direitos mínimos pelo Estado, possuindo menos oportunidades na vida, pode
atenuar a pena para sua adequada individualização.
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Já vimos que o STJ tem entendido que não é necessário que o juiz adote uma fração fixa de aumento e de
diminuição na segunda fase da dosimetria, apesar de entender recomendável. De todo modo, existem
algumas circunstâncias que devem preponderar sobre as outras, conforme prescreve o artigo 67 do Código
Penal. São preponderantes as circunstâncias que envolvem os motivos do crime, a personalidade do agente
e a reincidência. Percebam que todas elas são subjetivas. A reincidência, portanto, é uma agravante que é
tida como preponderante. Surgiu, então, a controvérsia sobre a sua possibilidade de compensação com a
confissão espontânea, que é circunstância subjetiva. O STJ pacificou, no âmbito da própria Corte, que a
compensação é possível.
✓ 3ª Fase
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estiverem na Parte Especial do Código Penal, como, por exemplo, as causas de aumento de pena do roubo.
Se o julgador resolver pela incidência de mais de uma delas, as causas de aumento devem incidir conforme
o princípio da incidência isolada, enquanto as de diminuição, conforme o princípio da incidência cumulativa.
Caso haja majorantes e minorantes, o juiz deve aplicar ambas, na seguinte ordem: primeiro as majorantes e,
sobre a pena já aumentada, fazer a aplicação das causas de diminuição de pena, nos termos do princípio da
incidência cumulativa.
Para o cumprimento de pena, temos mais de um regime no Código Penal: o fechado, o aberto e o semiaberto.
O sistema é o progressivo, ou seja, o agente deve, conforme o seu mérito, ir do regime mais gravoso ao
menos restrito ao longo da execução da pena. Entretanto, caso pratique falta grave ou sobrevenham novas
condenações, é possível que o indivíduo sofra a regressão do regime, passando do mais leve àquele mais
grave. O juiz, na sentença, fixa o regime inicial de cumprimento de pena, que, como visto, poderá se alterar
durante a execução. Ele poderá fazer jus à progressão, poderá sofrer a regressão, assim como pode ter a
unificação com nova pena que fará com que se altere o regime. O artigo 33, caput e § 1º, do Código Penal
prevê os regimes de cumprimento de pena e o local de cumprimento. O regime fechado refere-se à execução
da pena privativa de liberdade em estabelecimento de segurança máxima ou média, conforme as regras do
artigo 34 do Código Penal. Por sua vez, o regime semiaberto implica no cumprimento da pena privativa de
liberdade em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Seu regramento está no artigo 35 do
Código Penal. Por fim, o regime aberto traduz-se no cumprimento da pena privativa de liberdade em casa
de albergado ou estabelecimento adequado, consoante a disciplina do artigo 36 do Código Penal. Para a
fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o juiz deverá observar o regramento do artigo 33, §§ 2º
e 3º. Como já dito, o juiz fixa o regime inicial de cumprimento de pena, sendo que a execução deve ser forma
progressiva, do sistema mais rigoroso para o menos rigoroso, conforme o mérito do executado e o
cumprimento de determinado percentual da pena. É o que determina o artigo 112 da Lei de Execução Penal
(LEP): “Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: I - 16%
(dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa
ou grave ameaça; II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça; III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e
o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; IV - 30% (trinta por cento) da pena, se
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o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; V - 40% (quarenta
por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for
primário; VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: a) condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; b)
condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a
prática de crime hediondo ou equiparado; ou c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia
privada; VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo
ou equiparado; VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou
equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.” As regras que forem mais gravosas,
inseridas com o Pacote Anticrime, aplicam-se apenas aos crimes cometidos após o início da vigência de
referida lei. Vale lembrar que o juiz também analisará o mérito do condenado, por meio do seu atestado de
comportamento carcerário, em que consta se houve o cometimento de faltas por ele. Além disso, a
jurisprudência tem admitido que se determine, fundamentadamente, a realização de exame criminológico
para tal fim.
Penas Alternativas: abrangem as penas restritivas de direitos e as penas de multa. São alternativas ao
cárcere, que foi bastante valorizado na chamada Primeira Velocidade do Direito Penal, sendo um marco do
Direito Penal Tradicional.
Penas restritivas de direitos: são classificadas como reais e pessoais, conforme atinjam de forma mais
direta o patrimônio ou a liberdade do indivíduo. Representam, como penas alternativas que são, uma
alternativa ao encarceramento, que consubstancia maior restrição aos direitos do condenado. Estão
elencadas no artigo 43 do CP. As restritivas de direitos reais são a prestação pecuniária e a perda de bens e
valores. Por sua vez, as penas restritivas de direitos pessoais são a prestação de serviços à comunidade, a
interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana.
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- Perda de bens e valores: é a pena restritiva de direitos que se traduz no confisco de bens e valores
pertencentes ao executado, com o limite do valor do prejuízo que tiver causado ou do proveito obtido
com a conduta criminosa, o que for maior dente os dois. É o chamado confisco-pena, sendo sua
destinação o Fundo Penitenciário Nacional. Está regulamentada no parágrafo terceiro do artigo 45 do
Código Penal.
- Prestação de serviços à comunidade: é a pena restritiva de direitos consistente na atribuição de
tarefas gratuitas ao executado, que deverá cumpri-las em entidades assistenciais, hospitais, escolas,
orfanatos e outros estabelecimentos semelhantes, desde que em programas comunitários ou estatais.
Está prevista no artigo 46 do CP.
- Limitação de fim de semana: é a pena restritiva de direitos consistente na obrigação de o executado
permanecer por cinco horas diárias, aos sábados e domingos, em casa de albergado ou outro
estabelecimento adequado, ocasiões nas quais poderão ser ministrados cursos e palestras ou realizadas
atividades educativas. É o que determina o artigo 48 do CP. A Lei de Execução Penal trata da pena em
seu artigo 152.
- Interdição temporária de direitos: é a modalidade de pena restritiva de direitos em que o indivíduo
fica privado do exercício de algum direito seu por determinado prazo, como, por exemplo, o de exercer
a medicina. Suas hipóteses estão previstas no artigo 47 do Código Penal. No caso da proibição de
exercício de cargo, função, atividade pública ou de mandato eletivo, bem como de proibição de exercício
de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do
poder público, a aplicação se dirige aos delitos em que há a violação dos deveres ligados à atividade do
agente. São, por isso, chamadas de hipóteses específicas de interdição de direitos, nos termos do artigo
56 do CP. Quanto à suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo, sua cominação se
destina aos crimes culposos de trânsito, segundo dispõe o artigo 57 do CP.
As penas restritivas de direitos são aplicadas independentemente de cominação na Parte Especial do Código
Penal. Isto é, aplicam-se mesmo que não haja previsão no preceito secundário do tipo, servindo para
substituir a pena privativa de liberdade aplicada ao agente, nos termos do artigo 54 do CP. Quanto à duração
das penas restritivas de direitos, prevê o artigo 55 que devem ter a mesma duração da pena restritiva de
liberdade substituída as seguintes penas restritivas de direitos: a limitação de fim de semana; a prestação de
serviço à comunidade ou a entidades públicas; a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de
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semana. A prestação pecuniária e a perda de bens e valores, por sua própria natureza, duram o tempo
necessário para o cumprimento, podendo ser imediato ou diferido (no caso de parcelamento, por
exemplo).Entretanto, cumpre consignar que, se a pena substituída for superior a um ano, a prestação de
serviço à comunidade pode ser cumprida em menor tempo, desde que não inferior à metade da pena
substituída, conforme o artigo 46, § 4º, do CP.
Substituição e requisitos
Os requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos foram trazidos
pelo legislador no artigo 44 do Código Penal.
Em determinas hipóteses, é possível também que a pena restritiva de direitos seja convertida em privativa
de liberdade. É o que prevê o artigo 181 da Lei de Execução Penal.
Pena de Multa
A pena de multa é a sanção penal patrimonial, ou seja, é a pena consistente na obrigação de o sentenciado
efetuar o pagamento de determina quantia de dinheiro. Pode estar prevista no preceito secundário
incriminador, de forma isolada, alternativa ou cumulativa com a pena privativa de liberdade, bem como pode
ser utilizada para substituição da pena privativa de liberdade. Para sua fixação, de início o juiz estipula a
quantidade de dias-multa, entre 10 e 360, de acordo com o critério trifásico, acima estudado. Após, há a
estipulação do valor de cada dia-multa, com atenção à situação econômica do réu. O valor de cada dia-multa
varia de um trigésimo do salário mínimo a cinco vezes o salário mínimo. Um trigésimo do salário mínimo
como valor mínimo de cada dia-multa representa o ganho de um trabalhador, por um dia de trabalho, pelo
menor salário admitido por lei no país. O limite é de 5 salários mínimos. Entretanto, se o juiz entender que o
valor é ineficaz, em virtude da condição financeira do condenado, pode elevá-lo até o triplo. A fixação da
pena de multa está regulada pelo artigo 60, caput e § 1º, do Código Penal. O valor deve ser revertido ao
fundo penitenciária, nos termos do artigo 49 do CP.
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O Código Penal trata da execução da pena de multa no seu artigo 50. A Lei de Execução Penal, por sua vez,
cuida do tema em seu artigo 164. Entretanto, o tema passou por uma grande mudança com a Lei 9.268/96
que, dando nova redação ao artigo 51 do Código Penal, passou a determinar o tratamento da pena de multa,
imposta por sentença transitada em julgado, como dívida de valor da Fazenda Pública. Deste modo, após o
trânsito em julgado, a pena de multa é considerada dívida ativa da Fazenda Pública, razão pela qual sua
cobrança deveria ser promovida pela advocacia pública responsável, nos termos do que previa a Súmula 521
do STJ. O rito a ser aplicado para a execução da multa, portanto, é o da Lei 6.830/80, a Lei de Execução Fiscal.
Entretanto, o STF decidiu pela “legitimidade do Ministério Público para propor a cobrança de multa, com a
possibilidade subsidiária de cobrança pela Fazenda Pública”. Com o Pacote Anticrime, parece reforçada a
legitimidade do MP, já que a execução ocorrerá perante o juízo da execução criminal.
- Sursis simples: cabível no caso de pena privativa de liberdade não superior a 2 (dois) anos, sendo o
período de prova de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. São seus requisitos: o condenado não ser reincidente em
crime doloso (salvo se foi condenado a pena de multa); a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do
benefício e não seja indicada ou cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos. Durante o prazo de suspensão, o condenado deve observar as condições impostas pelo juiz,
sendo que durante o primeiro ano deverá prestar serviços à comunidade ou se submeter à limitação de
fim de semana.
- Sursis etário e humanitário: pode ser concedido para pena privativa de liberdade que não seja superior
a quatro anos, sendo que o período de prova será de quatro a seis anos. Neste caso, requer-se que o
condenado seja maior de setenta anos de idade ou que haja razões de saúde que justifiquem a
suspensão.
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- Sursis especial: é admissível no caso de o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de
fazê-lo e de as circunstâncias judiciais (artigo 59 do CP) lhe serem inteiramente favoráveis. Neste caso,
o juiz pode substituir a exigência de prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana
durante o primeiro ano da suspensão pelas seguintes condições, de forma cumulativa: proibição de
frequentar determinados lugares; proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização
do juiz e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades. O juiz pode determinar as condições a serem observadas pelo condenado, adequadas ao fato
que ele praticou e a suas condições pessoais, nos termos do artigo 79 do CP. O Código Penal, em seu
artigo 80 esclarece que a suspensão condicional da pena se restringe à pena privativa de liberdade, não
abrangendo a pena de multa nem a pena restritiva de direitos. O STJ já decidiu que o fato de o réu se
embriagar frequentemente não é óbice suficiente à suspensão condicional da pena.
Revogação obrigatória
A revogação obrigatória do sursis ocorre se o beneficiado é condenado definitivamente por crime doloso, se
ele frusta a execução da pena de multa e não repara o dano, possuindo condições financeiras de fazê-lo ou
descumpre a obrigação de, no primeiro ano da suspensão, prestar serviços à comunidade ou se submeter à
limitação de fim de semana. Como a nova condenação depende de trânsito em julgado, o período de prova
fica prorrogado até o julgamento definitivo.
Revogação facultativa
Cassação
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A Lei de Execução Penal, em seu artigo 161, prevê a possibilidade de o benefício do sursis ser cassado. Isto
ocorre quando o beneficiário, intimado para a audiência admonitória, não comparece. Assim, o benefício é
considerado sem efeito e a pena privativa de liberdade deve ser executada. Deste modo, há cassação quando
o beneficiário recusa o sursis, quando não comparece à audiência admonitória ou quando há a reforma da
sentença concessiva do benefício, em julgamento de recurso.
Extinção
Por fim, a extinção se dá com o fim do prazo do período de prova, desde que não tenha havido a revogação
do benefício. É o que estipula o artigo 62 do Código Penal.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
Livramento condicional (LC) é o benefício que consiste na soltura antecipada do executado, mediante o
preenchimento de determinadas condições. Sua natureza jurídica, conforme entendimento que prevalece,
é o de direito subjetivo do acusado. Busca-se a ressocialização, possibilitando ao executado, que ostenta
bom comportamento carcerário, a liberação antecipada, sendo que, durante o restante da pena, deverá se
comportar de forma a não ter o benefício revogado e cumprir determinadas condições. Está regulado pelo
artigo 83 do Código Penal. Portanto, o livramento condicional é cabível nos casos de pena privativa de
liberdade igual ou superior a dois anos. É necessário que tenha sido comprovado bom comportamento
durante a execução da pena; não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; bom
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e aptidão para prover a própria subsistência mediante
trabalho honesto (requisitos alterados pelo Pacote Anticrime). Exige-se, ainda, que o executado tenha
reparado o dano, salvo se comprovada a impossibilidade de fazê-lo. No caso de condenado por crime doloso,
praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do benefício fica subordinada à
demonstração de condições pessoais do executado que levem à presunção de que ele não voltará a delinquir.
O juiz pode, para tanto, determinar a realização de exame criminológico. Por fim, em todos os casos, exige-
se o cumprimento de determinado lapso temporal da pena, isto é, de determinada fração da pena privativa
de liberdade imposta ao condenado. No caso de réu não reincidente em crime doloso e bons antecedentes,
o lapso é de um terço. Na hipótese de condenado que seja reincidente em crime doloso, a fração é de metade
da pena. Por fim, no caso de condenados por crime hediondo ou equiparado (tráfico de drogas, tortura e
terrorismo) e de tráfico de pessoas, a fração é de dois terços, desde que não seja reincidente específico. A
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Lei 11.343/2006, que trata do crime de drogas, tornou maior a restrição ao livramento condicional, ao proibi-
lo a crimes como o de associação para o tráfico. Para o cálculo do lapso temporal exigido para a obtenção do
livramento condicional, o artigo 84 do Código Penal determina que as penas de diferentes delitos devem ser
somadas. É muito importante ressaltar que a prática de falta grave, no curso do cumprimento da pena
privativa de liberdade, não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional. Cuida-se de
entendimento já sumulado pelo STJ, referente ao enunciado nº 441.
Condições
O juiz deve fixar, na sentença, as condições a que fica submetido o liberado, nos termos do artigo 85 do
Código Penal. A Lei de Execução Penal trata do assunto em seu artigo 132.
A concessão do livramento condicional ocorre em um ato solene, presidido pelo juiz e denominado de
audiência admonitória. É expedida uma carta de livramento, na qual consta que o condenado recebeu
referido benefício. As formalidades estão previstas nos artigos 136 a 138 da Lei nº 7.210/84, a Lei de
Execução Penal.
Revogação obrigatória
Há hipóteses em que o benefício deve ser obrigatoriamente revogado pelo juiz. Isto se dá quando o
sentenciado vem a ser condenado definitivamente a pena privativa de liberdade:
O artigo 84 é o que determina a soma das penas a que foi condenado o sujeito, por diferentes delitos, para
fins de averiguação se ele cumpriu a fração estipulada a concessão do livramento.
Revogação facultativa
Em alguns casos, o juiz pode decidir, de acordo com as especificidades da situação, se revoga ou não o
livramento condicional. É o que ocorre se o liberado deixar de cumprir as condições impostas na sentença
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ou se ele for condenado definitivamente pela prática de infração penal a uma pena diversa da privativa de
liberdade (pena restritiva de direitos ou pena de multa). A revogação facultativa é regulada pelo artigo 87
do Código Penal.
Efeitos da revogação
Tendo havido a revogação, seja ela facultativa ou obrigatório, há algumas consequências para o beneficiário,
nos termos do artigo 88 do CP. Deste modo, a revogação do LC sempre gera a vedação de nova concessão.
Ademais, o tempo em que o liberado esteve solto não se computa como pena cumprida, salvo se a revogação
ocorrer em virtude de crime praticado anteriormente. Neste caso, o juiz observa se a nova pena, somada à
que está sendo executada, permite a continuidade do LC, isto é, verifica se, mesmo com a soma das penas,
ainda assim o executado atingiu o lapso temporal exigido. Se não atingiu, o juiz revoga o benefício, mas o
tempo em que ele esteve solto será considerado como pena cumprida. Busca a lei, com isso, diferenciar o
indivíduo que comete crime durante o benefício ou descumpre as condições, o que demonstra
descompromisso com o livramento antecipado que lhe foi concedido, daquele que nada fez durante o
período de livramento, mas que havia cometido outro delito antes e viu suas penas serem somadas, o que
implicou na revogação do seu benefício.
Prorrogação
É possível a prorrogação do benefício, mesmo porque, nos casos de revogação pela prática de crime ou
contravenção penal, a lei exige o trânsito em julgado. Portanto, enquanto não for julgado definitivamente o
caso, o juiz pode prorrogar o prazo do livramento.
Suspensão
Além da prorrogação do prazo do livramento condicional, o juiz pode terminar sua suspensão. Com a
suspensão do prazo, o indivíduo é preso, voltando a cumprir a pena privativa de liberdade. A suspensão,
portanto, autoriza o recolhimento cautelar, dentro dos limites da pena aplicada. O STJ entende que a
revogação ou a suspensão do livramento condicional depende de decisão judicial, não ocorrendo de forma
automática.
Extinção
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Como vimos, a revogação ou a extinção do livramento condicional não ocorre de forma automática. Por
conseguinte, se o juiz não determinar a revogação ou extinção do benefício, o decurso de seu prazo causa
sua extinção. É o que determina o artigo 90 do Código Penal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este é o fim de mais uma aula nossa, que possui um conteúdo maior, já que optei, por questões didáticas, a
não separar o estudo das penas. Ressalto que estudamos a teoria geral da pena, sem adentrar totalmente
no estudo mais específico da Lei de Execução Penal, que é parte da disciplina de Direito Penal Especial
(Legislação Penal Extravagante). Espero que tenham compreendido melhor as penas previstas em nosso
ordenamento, sua aplicação pelo juiz e sua execução.
Quaisquer sugestões são bem-vindas e, apesar de elaborada com muito rigor, toda aula pode ser
aperfeiçoada a partir de contribuições. O contato pode ser feito pelo fórum, por e-mail ou pelo Instagram.
Michael Procopio.
michael.avelar@estrategia.com
professor.procopio
QUESTÃO DISSERTATIVA
1. FCC/DPE-RS/Defensor Público/2014
Caio cumpriu penas privativas de liberdade por duas condenações: a primeira, consistente em
três anos de reclusão, em regime fechado (fixada a pena no mínimo legal, sem agravantes ou
atenuantes), pela prática do crime de tráfico ilícito de drogas (artigo 12 da lei 6368/76),
perpetrado em 1º de abril de 2005, quando ostentava a condição de primário e bons
antecedentes e , até então, não havia envolvimento com qualquer atividade criminosa; a
segunda, de 7 meses de detenção, em crime semiaberto (reconhecida a reincidência), pela posse
da substância entorpecente para uso próprio (artigo 16 da lei 6368/76), praticada em 16 de
janeiro de 2006. Tais condenações transitaram em julgado antes do início da execução. Durante
o cumprimento das penas, Caio envolveu-se em evento disciplinar no interior de
estabelecimento prisional localizado no estado do Rio Grande do Sul. Na ocasião, foi acusado de
possuir um carregador de bateria de telefone celular. Para esclarecimento do fato, Caio e o
agente penitenciário que apreendeu o objeto foram ouvidos pelo Chefe da Divisão de Segurança
do presídio. Não houve acompanhamento de defesa técnica. Entendendo aquela autoridade a
ocorrência de infração disciplinar de natureza grave, remeteu o depoimento do preso e do
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servidor ao Juízo da Execução Penal. Tão logo recebida a documentação na Vara de Execuções
Penais, foi aprazada audiência para oitiva de Caio. Na solenidade, estavam presentes o Ministério
Público e a Defensoria Pública, ocasião em que o apenado reconheceu o que é o objeto citado
estava na sua posse. Em gabinete, no mês de dezembro de 2010, afastadas teses defensivas
arguidas, o magistrado reconheceu a prática de falta disciplinar de natureza grave, determinando
a perda de todos os dias remidos (no total de 21 dias) de remição, e a mudança data base para
progressão de regime e livramento condicional (fixando-se na data da apreensão do objeto). Não
houve determinação de regressão de regime, uma vez que o preso já se encontrava no regime
fechado. A Defensoria Pública foi intimada da decisão somente em janeiro de 2013, data em que
a situação jurídica do preso está sendo analisada. Independentemente do dia do início do
cumprimento das penas e descartada qualquer hipótese de prescrição ou seu término,
considerando as informações acima, responda como Defensor Público, fundamentadamente: a-
quanto às penas privativas de liberdade aplicadas, quais as questões jurídicas devem ser
deduzidas ao Juiz da Execução? b- quanto ao reconhecimento da falta disciplinar, quais as
questões jurídicas devem ser manejadas em sede recursal? c- quanto às consequências jurídicas
impostas pelo magistrado em face do reconhecimento da falta.
Comentários:
A- A Defensoria deve postular ao Juiz da Execução a redução da pena previsto no parágrafo 4º do artigo 33
da lei 11343/2006, fundamentando-se na Súmula 502 do STJ:
É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das
suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n.
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
A Defensoria também deverá postular a aplicação do art. 28 da Lei 11343/2006, em razão da novatio legis in
mellius. Ademais, deve requer a exclusão as funções educativas da guia de execução penal, considerando
que não existe possibilidade da conversão das medidas educativas em penas em privativa de liberdade por
falta de previsão legal.
Deve, ainda, postular a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, nos termos
do artigo 44 do CP. Isso porque, no Habeas Corpus 97256/RS, o STF declarou inconstitucionais os dispositivos
da lei quem pediu a substituição da pena privativa de liberdade. Posteriormente, o Senado Federal editou a
resolução 05/12, suspendendo a execução da expressão “vedada à conversão em penas restritivas de
direitos” do parágrafo 4º do artigo 33 da lei 11343/06.
Também, a Defensoria deve postular a readequação do regime inicial de cumprimento da pena, com
consequente alteração para o regime aberto, em face da declaração de inconstitucionalidade do art. 2º, §1º,
da Lei 8072/90 pelo Supremo Tribunal Federal (HC nº 111840/ES) por violar o princípio da individualização
da pena.
B- Considerando o teor da decisão exarada pelo STJ no REsp nº1378557/RS, sob forma de recurso repetitivo,
entende-se ser imprescindível a apuração de faltas disciplinares no âmbito da Execução Penal a instauração
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do Procedimento Administrativo Disciplinar, segundo os ditames da Lei de Execução Penal. No caso concreto,
não houve a observância de tais garantias. Além disso, a falta de defesa técnica durante a fase administrativa
inviabiliza o reconhecimento da falta disciplinar, inclusive referindo a inaplicabilidade da Súmula Vinculante
nº 5, no âmbito da execução penal. Ainda, considerando o teor do artigo 50, VII, da LEP e o princípio da
legalidade o fato imputado não poderá ser classificado como falta grave, devendo ser postulada sua
desclassificação por falta de natureza média, consoante artigo 12, XII, do Regime Disciplinar Penitenciário.
QUESTÕES COMENTADAS
Magistratura
Comentários
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A alternativa A está incorreta. De acordo com Súmula 440 do STJ, neste caso, é vedado o estabelecimento
de regime prisional mais gravoso do que o que cabível em sanção imposta. Vejamos o inteiro teor do
enunciado:
A alternativa B está incorreta. Não é possível compensar a atenuante da confissão espontânea e o aumento
referente à continuidade delitiva. A atenuante é valorada na segunda fase da dosimetria, enquanto a
continuidade delitiva implica em uma causa de aumento de pena, utilizada na terceira fase.
A alternativa C está incorreta. Reconhecida a incidência de duas ou mais causas de qualificação, a doutrina
e a jurisprudência apontam que o juiz deve utilizar-se de uma delas para qualificar o crime e das demais
como agravantes ou como circunstâncias judiciais.
A alternativa D está correta. O STJ entende ser possível a compensação da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência, tendo a tese sido firmada em sede de recurso repetitivo:
A alternativa E está incorreta. O art. 387, § 2º, do Código de Processo Penal prevê o seguinte:
Este artigo não foi estudado por ser matéria de Direito Processual Penal.
2. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2012
Assinale a opção correta com base no entendimento dos tribunais superiores acerca de cominações legais.
a) Aplica-se ao crime continuado a lei penal mais grave caso a sua vigência seja anterior à cessação da
continuidade.
b) Aplica-se ao furto qualificado, em razão do concurso de agentes, a majorante do roubo.
c) Fixada a pena-base no mínimo legal em face do reconhecimento das circunstâncias judiciais favoráveis ao
réu, é possível infligir-lhe regime prisional mais gravoso considerando-se isoladamente a gravidade genérica
do delito.
d) A pena do crime de roubo circunstanciado, na terceira fase de aplicação, será exasperada em razão do
número de causas de aumento.
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Comentários
A alternativa A está correta. O enunciado da alternativa é o exato entendimento firmado pelo Supremo
Tribunal Federal no enunciado da Súmula nº 711:
Súmula 711
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência
é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
A alternativa B está incorreta. O STJ, no enunciado da Súmula nº 442, firmou o entendimento que esta
majorante não se aplica ao furto qualificado. Vejamos:
Súmula 442
A alternativa C está incorreta. De acordo com a Súmula nº 440 do Superior Tribunal de Justiça, com base
apenas na gravidade abstrata do delito é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravosos do
que o cabível em razão da sanção imposta. Vejamos:
Súmula 440
A alternativa D está incorreta. Neste caso, como estudaremos na aula de delitos patrimoniais, o STJ tem
exigido fundamentação específica, não bastando a menção ao número de majorantes.
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Recurso desprovido. (REsp 738.337/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
17/11/2005, DJ 19/12/2005, p. 466)
Comentários
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art.
75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento
condicional ou regime mais favorável de execução.
A alternativa B está correta. A alternativa transcreve o enunciado da Súmula nº 711 do STF, que dispõe o
seguinte:
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência
é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em
julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige
motivação idônea.
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Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena
mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
A suspensão condicional do processo é matéria de Direito Penal Especial, ou seja, da legislação penal
extravagante.
4. VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto/2017
Na aplicação da pena,
a) é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base,
configurando-se, porém, a má antecedência se o acusado ostentar condenação por crime anterior,
transitada em julgado após o novo fato.
b) a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal, a
não ser que utilizada a confissão para a formação do convencimento do julgador, hipótese em que o réu fará
jus à diminuição, ainda que aquém do piso.
c) o desconhecimento da lei constitui circunstância atenuante, podendo ainda a pena ser atenuada em razão
de fato relevante, embora não previsto em lei, desde que necessariamente anterior ao crime.
d) a reincidência não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como
circunstância judicial, não prevalecendo a condenação anterior, contudo, se entre a data do trânsito em
julgado para a acusação da condenação anterior e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a 5 (cinco) anos.
Comentários:
A alternativa A está correta. A primeira parte da assertiva se refere à assunto sumulado pelo STJ por meio
do enunciado 444:
Súmula nº 444
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
A segunda parte da assertiva da alternativa dispõe que configura a má antecedência se o acusado ostentar
condenação por crime anterior, transitada em julgado após o novo fato. Para efeitos de reincidência, a
condenação por crime anterior deve transitar em julgado antes da prática de novo fato criminoso, como
determina do art. 64 do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Deste modo, a condenação anterior apenas servirá como mau antecedente, caso transite em julgado após o
novo fato, mas antes da sentença.
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A alternativa B está incorreta. De acordo como o enunciado da Súmula nº 231 do STJ, não há nenhuma
ressalva a regra:
Súmula nº 231
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo
legal.
A alternativa C está incorreta. O desconhecimento da lei constitui circunstância atenuante, conforme art.
65, inciso II do Código Penal:
II - o desconhecimento da lei;
Entretanto, a pena ser atenuada em razão de fato relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não
previsto em lei, nos termos do art. 66 do Código Penal:
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
A alternativa D está incorreta. É certo que a reincidência não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial, conforme determina a Súmula nº 241 do STJ:
Todavia, a afirmação de que “não prevalecendo a condenação anterior, se entre a data do trânsito em
julgado para a acusação da condenação anterior e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a 5 (cinco) anos” está incorreta pelo fato de que o período depurador ocorre entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior, conforme art. 64, inciso I do Código Penal:
5. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017
No que concerne às penas restritivas de direitos, é correto afirmar que
a) a prestação pecuniária consiste no pagamento à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou
privada com destinação social, de importância não inferior a 10 (dez) nem superior a 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa.
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b) a interdição temporária de direitos, nos crimes ambientais, pode consistir em proibição de participar de
licitações, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 (três) anos, no de crimes culposos.
c) são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando, entre outros requisitos legais, o réu não
for reincidente em crime doloso, a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e circunstâncias autorizarem a concessão do benefício, e não for indicada ou
cabível a suspensão condicional da pena.
d) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável a qualquer condenação a
privação de liberdade, facultado ao condenado cumprir a pena em menor tempo, nunca inferior à metade
da sanção corporal imposta.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A prestação pecuniária não deve ser inferior a 1 (um) nem superior a 360
(trezentos e sessenta), salários mínimos, na forma do art. 45 § 1º do Código Penal:
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e
dos arts. 46, 47 e 48.
A alternativa B está correta. A interdição temporária de direitos, nos crimes ambientais, pode consistir em
proibição de participar de licitações, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 (três)
anos, no de crimes culposos, nos termos do art. 10 da Lei 9.605:
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar
com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de
participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no
de crimes culposos.
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6. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017
No tocante às penas privativas de liberdade, é correto afirmar que
a) o condenado por crime hediondo ou assemelhado, independentemente da data de cometimento da
infração, só poderá obter a progressão de regime após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se
primário, admitindo-se a determinação de exame criminológico, desde que em decisão motivada.
b) o benefício de saída temporária no âmbito da execução penal, cabível para os condenados que cumprem
pena em regime fechado ou semiaberto, é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade
administrativa do estabelecimento prisional.
c) o reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no
cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado da sentença penal condenatória no processo penal
instaurado para apuração do fato e interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime, o qual se
reinicia a partir da decisão judicial que identificar a infração.
d) é admissível a adoção do regime prisional fechado aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a
4 (quatro) anos de reclusão, se desfavoráveis as circunstâncias judiciais, bem como vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base
apenas na gravidade abstrata do delito, se fixada a pena-base no mínimo legal.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Apenas para os delitos hediondos e equiparados cometidos a partir de 28 de
março de 2007, a progressão de regime deve ocorrer nos termos da nova redação do artigo 2, §2º da Lei
8.072/90, dada pela Lei 11.464/2007. Isto porque, ao instituir um regime mais gravoso, a lei não pode
retroagir, pois prevê lapsos temporais maiores que os da regra geral (um sexto).
A alternativa B está incorreta. O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é cabível apenas
para os condenados que cumprem pena em regime semiaberto, nos termos do caput do art. 122 da Lei de
Execução Penal:
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização
para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: (...)
A alternativa C está incorreta. De acordo com a Súmula 534 do STJ, a falta grave interrompe o prazo exigido
para obtenção da progressão de regime e a data-base para a contagem do novo período aquisitivo é a do
cometimento da última infração disciplinar grave, computado do período restante de pena a ser cumprido.
Vejamos:
Súmula 534 - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de
regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.
A alternativa D está correta. É admissível a adoção do regime prisional fechado, nestes casos, pois, se a pena
for igual ou inferior a quatro anos, mesmo sendo reincidente, pode ser aplicado regime semiaberto se as
circunstâncias judiciais forem favoráveis, nos termos do enunciado da Súmula nº 269 do STJ:
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É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judicias.
É vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito, se fixada a pena-base no mínimo legal, conforme o
enunciado da Súmula nº 440 do STJ:
7. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016
À luz da jurisprudência sumulada do STJ, assinale a opção correta referente à aplicação da pena.
a) Em decorrência do princípio da individualização da pena, é possível aplicar a majorante do roubo ao delito
de furto qualificado pelo concurso de agentes, desde que essa ação seja fundamentada nas circunstâncias
do caso concreto.
b) Ainda que a pena-base tenha sido fixada no mínimo legal, é admissível a fixação de regime prisional mais
gravoso que o cabível, em razão da sanção imposta, com fundamento na gravidade concreta ou abstrata do
delito.
c) Embora seja vedada a utilização de inquéritos policiais em andamento para aumentar a pena-base, é
possível a utilização de ações penais em curso para requerer o aumento da referida pena.
d) É inadmissível a fixação de pena restritiva de direitos substitutiva da pena privativa de liberdade como
condição judicial especial ao regime aberto.
e) O número de majorantes referentes ao delito de roubo circunstanciado pode ser utilizado como critério
para a exasperação da fração incidente pela causa de aumento da pena.
Comentários:
Súmula 442 - É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante
do roubo.
Súmula 444 - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar
a pena-base.
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Súmula 493 - É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial
ao regime aberto.
Súmula 443 - O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação
do número de majorantes.
8. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016
No tocante à jurisprudência sumulada pelo STJ quanto ao direito penal, assinale a opção correta.
a) A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, com fundamento em pena hipotética, é
admitida, independentemente da existência ou do resultado do processo penal.
b) Fixada a pena-base no mínimo legal, a decisão, fundamentada na gravidade abstrata do delito, poderá
estabelecer ao sentenciado regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta.
c) A contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena será interrompida pela prática
de falta grave e se reiniciará a partir do cometimento dessa infração.
d) A falta grave interrompe o prazo para a obtenção de livramento condicional.
e) A prática de falta grave interrompe o prazo para o fim de comutação de pena ou indulto.
Comentários:
Súmula 438 - É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.
Súmula 534 - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de
regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.
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Súmula 535 A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou
indulto.
Súmula 441 - A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
9. IBFC/TRF-2/Magistratura/2018
Assinale a afirmação certa:
a) Para o Supremo Tribunal Federal, é possível a suspensão condicional do processo em crime continuado,
sendo irrelevante o somatório da pena mínima da infração mais grave com o aumento de um sexto a dois
terços, considerando-se a pena de cada crime para a suspensão.
b) Para o Superior Tribunal de Justiça, não cabe a suspensão condicional do processo para as infrações penais
cometidas em concurso material ou em concurso formal, quando a pena mínima cominada ultrapassar um
ano em razão do somatório ou da fração incidente.
c) No denominado erro na execução, quando por acidente sobrevém resultado diverso do que era
pretendido pelo agente, este responde por culpa se o fato é previsto como crime culposo. Mas se ocorre
também o resultado pretendido, este, por ser doloso, absorve o primeiro.
d) Quando o sujeito ativo, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge pessoa diversa da que
pretendia ofender, responde como se tivesse praticado o crime contra esta, em virtude do erro sobre a
pessoa. Mas, se atingir também a pessoa que pretendia ofender, responderá pelos dois crimes em concurso
material.
e) No concurso material de crimes; no concurso ideal próprio; no concurso formal imperfeito; e no crime
continuado, a dogmática jurídico-penal adotou, indistintamente, a regra do cúmulo de penas, haja vista que,
em todos eles, prevalece o entendimento de que constituem delitos por acumulação.
Comentários:
Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena
mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
Destarte, para o Tribunal não se aplicará o sursis processual nos crimes continuados nas situações em que,
somando um sexto a pena mínima da infração mais grave resultar em período superior a um ano. Por essa
razão, está incorreta a alternativa A.
A alternativa B está correta em decorrência de matéria sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça – através
da Súmula 243. Vejamos:
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cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (1)
ano
A alternativa C está incorreta. O sujeito que comete erro na execução – aberratio ictus – responderá como
se tivesse atingido o indivíduo pretendido, não o que efetivamente atingiu. Além disso, caso alcance o
resultado almejado, mas também atinja terceiro, estará incurso na hipótese de concurso formal (art. 70 do
CP).
Também é incorreta a assertiva D, visto que não se aplica o cúmulo material no caso narrado, mas o concurso
formal de crimes.
No concurso material ou real de crimes, conforme assevera o art. 69 do Código Penal, as penas serão
aplicadas cumulativamente, enquanto no concurso formal ou ideal de crimes (art. 70 do CP) será aplicada a
pena mais grave (aumentada de um sexto até a metade), e, nos casos em que as penas são iguais será
aplicada apenas uma, aumentada de um sexto até metade, bem como será aplicada a regra do cúmulo
material se há ação ou omissão dolosa e os crimes resultam de desígnios autônomos. No caso de crime
continuado, conforme dispõe o art. 71 do CP, será aplicada a pena de um só dos crimes (se idênticas) ou a
mais grave, se diversas, ambas aumentadas de um sexto a dois terços. Logo, está incorreta a alternativa E.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Na segunda fase da dosimetria, deve ser observar a adstrição aos limites
mínimo e máximo da sanção abstratamente cominada ao delito. É o que determina a Súmula 231 do Superior
Tribunal de Justiça:
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo
legal.
A alternativa B está correta. Quando houver concurso formal ou concurso material de crimes, vimos que
cada um deles possui um sistema de aplicação da pena privativa de liberdade, seja com a soma de todas ou
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com a incidência de aumento de uma das penas. Com relação à pena de multa, o artigo 72 do Código Penal
possui previsão específica:
A alternativa C está incorreta. A Súmula 715 do STF dispõe que a pena unificada não é considerada para a
concessão do livramento condicional. Vejamos:
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art.
75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento
condicional ou regime mais favorável de execução.
Destaque-se que a Lei 13.694/2019 modificou o teor do artigo 75 do Código Penal para fixar o limite como
sendo de 40 anos, e não mais de 30 anos de cumprimento de pena.
A alternativa D está incorreta. O Código Penal prevê, no seu artigo 61, as situações que agravam a pena:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam
o crime:
(...)
O fato de o crime ser praticado contra pessoa maior de setenta anos é circunstância agravante, razão pela
qual a branca considerou incorreto a limitação a 70 anos na assertiva. Questionável, porque se a vítima tiver
70 anos se enquadra, mas a banca queria qual a previsão normativa.
A alternativa E está incorreta. Um dos efeitos penais secundários da reincidência é tratado no artigo 64 do
Código Penal:
Neste caso, é computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação.
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Comentários:
A alternativa A está incorreta. Nos termos do artigo 54 do CP, as penas restritivas de direitos podem ser
impostas no caso de condenação por crime culposo:
De acordo com o art. 44, inciso II e § 3º, a reincidência impede a substituição quando o réu for reincidente
em crime doloso e, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e
a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
A alternativa C está incorreta. Neste caso, a pena de pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos
e multa ou por duas restritivas de direitos, nos termos do artigo 44, § 2º, do CP:
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por
uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos
A alternativa D está incorreta. A perda de bens e valores é a pena restritiva de direitos que se traduz no
confisco de bens e valores pertencentes ao executado, com o limite do valor do prejuízo que tiver causado
ou do proveito obtido com a conduta criminosa, o que for maior dentre os dois. É o chamado confisco-pena,
sendo sua destinação o Fundo Penitenciário Nacional.
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A alternativa E está correta. Poderá ser concedido o sursis, desde que não seja indicada ou cabível a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. É o que está previsto no artigo 77, inciso
III do Código Penal:
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser
suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que (sursis simples):
(...)
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Nos termos do artigo 44, § 2º, do CP, na condenação superior a um ano, a
pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas
restritivas de direitos.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 44, inciso II e § 3º, a reincidência impede a substituição
quando o réu for reincidente em crime doloso e, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja
socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
A alternativa C está correta. Nos termos do artigo 54 do CP, as penas restritivas de direitos podem ser
aplicáveis, independentemente de cominação na parte especial, em substituição à pena privativa de
liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos.
A alternativa D está incorreta. De acordo com o § 4º do art. 44 do Código Penal, a pena restritiva de direitos
converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta.
A alternativa E está incorreta. Não há a referida previsão nos art. 44 e 45 do Código Penal. Inclusive, vale
destacar que, de acordo com o § 5º do art. 44 do Código Penal, caso sobrevenha condenação a pena privativa
de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-
la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
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Comentários:
A alternativa D está correta. O Código Penal prevê, no seu artigo 65, as situações que atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data
da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
A ignorância da lei, que não afasta a culpabilidade, pode, entretanto, atenuar a pena, nos termos do artigo
65, II, do Código Penal.
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Comentários:
A alternativa B está incorreta. Para a fixação da pena base, são consideradas as circunstâncias judiciais, quais
sejam, a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as
circunstâncias e as consequências do crime e o comportamento da vítima.
A alternativa C está incorreta. Caso o tipo penal seja qualificado, há limites mínimo e máximo específicos
para esta modalidade. Ou seja, a dosimetria já parte do tipo qualificado, sendo que a primeira fase do cálculo
da pena já o tem como parâmetro. A qualificadora, portanto, define o próprio início da dosimetria, trazendo
novos limites mínimo e máximo, ao qual o juiz se aterá na primeira e na segunda fases.
A alternativa D está correta. Caso haja mais de uma qualificadora, a jurisprudência e a doutrina, de forma
majoritária, indicam que, se for possível, o que sobejar, ou seja, não for utilizado para qualificar o delito,
atuará como causa de aumento de pena. Subsidiariamente, a circunstância que não for usada para qualificar
o delito será usada como agravante e, por fim, a última hipótese será de sua consideração como circunstância
judicial. Neste sentido:
“(...) 3. No caso, as instâncias ordinárias valoraram como circunstâncias judiciais duas das três
qualificadoras do crime de furto. Nos termos da jurisprudência desta Corte, de rigor a utilização
de circunstâncias qualificadoras remanescentes àquela que qualificou o tipo como causas de
aumento, agravantes ou circunstâncias judiciais desfavoráveis, respeitada a ordem de
prevalência, ficando apenas vedado o bis in idem. (...)”
STJ, HC 479583/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 13/02/2019.
A alternativa E está incorreta. No crime continuado, aplica-se a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
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b) o condenado por crime contra a Administração pública terá a progressão de regime do cumprimento de
pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os
acréscimos legais.
c) a determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos mesmos critérios
previstos para a fixação da pena-base, mas nada impede a opção por regime mais gravoso do que o cabível
em razão da pena imposta, se a gravidade abstrata do delito assim o justificar.
d) inadmissível a adoção do regime inicial semiaberto para o condenado reincidente.
e) os condenados por crimes hediondos ou assemelhados, independentemente da data em que praticado o
delito, só poderão progredir de regime após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se primários, e
de 3/5 (três quintos), se reincidentes.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. De acordo com o artigo 33, caput e § 1º, do Código Penal a pena de detenção,
deve ser cumprida em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
Os critérios para a escolha do regime inicial de cumprimento de pena são o quantum da pena aplicada e as
circunstâncias judiciais do caso. Não se pode evocar a gravidade abstrata do delito, que já foi valorada pelo
legislador na definição dos limites mínimo e máximo da pena prevista para o tipo penal respectivo.
A alternativa D está incorreta. A Súmula n 26 do STJ prevê que: “é admissível a adoção do regime prisional
semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judiciais".
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b) pode substituir, ainda que isoladamente, a pena privativa de liberdade nos casos de violência doméstica
e familiar contra a mulher.
c) é fixada em salários mínimos, considerada a situação econômica do réu
d) pode substituir pena privativa de liberdade e ser aplicada em conjunto com restritiva de direitos, na
condenação superior a 1 (um) ano, se presentes os requisitos legais.
e) obsta a concessão do sursis, se a única aplicada em condenação anterior.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A prescrição da pena de multa está prevista no artigo 114 do Código Penal,
que assim dispõe:
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa
for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada
É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique
o pagamento isolado de multa.
A alternativa C está incorreta. Para sua fixação, de início o juiz estipula a quantidade de dias-multa, entre 10
e 360, de acordo com o critério trifásico, acima estudado. Após, há a estipulação do valor de cada dia-multa,
com atenção à situação econômica do réu. O valor de cada dia-multa varia de um trigésimo do salário mínimo
a cinco vezes o salário mínimo. Um trigésimo do salário mínimo como valor mínimo de cada dia-multa
representa o ganho de um trabalhador, por um dia de trabalho, pelo menor salário admitido por lei no país.
O limite é de 5 salários mínimos. Entretanto, se o juiz entender que o valor é ineficaz, em virtude da condição
financeira do condenado, pode elevá-lo até o triplo.
A alternativa D está correta. De acordo com o artigo 44, § 2º, do CP, “na condenação igual ou inferior a um
ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a
pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas
restritivas de direitos”.
A alternativa E está incorreta. Conforme o art. 77, §1º do Código Penal, a condenação anterior a pena de
multa não impede a concessão do benefício do sursis.
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a) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que menos
aumente ou diminua.
b) todas devem ser aplicadas, se previstas na parte geral do Código Penal.
c) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, independentemente de a causa ser
prevista na parte especial ou geral do Código Penal.
d) a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como
tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade e da reincidência.
e) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que menos
aumenta e mais diminua.
Comentários:
A alternativa B está correta. Se houver a configuração de mais de uma majorante ou minorante previstas na
Parte Especial do Código, o juiz pode realizar um só aumento ou a uma só diminuição, mas pela causa que
determine o maior aumento ou a maior diminuição. É o que prevê o parágrafo único do artigo 68:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.
Comentários:
As circunstâncias agravantes estão previstas no artigo 61 do Código Penal, o que ressalva que sua aplicação
na segunda fase depende de o delito não prever a circunstância como elementar ou qualificadora do crime.
Leiamos o dispositivo legal:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam
o crime:
I - a reincidência;
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d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
podia resultar perigo comum;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
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Comentários:
A alternativa A está incorreta. É muito importante ressaltar que a prática de falta grave, no curso do
cumprimento da pena privativa de liberdade, não interrompe o prazo para obtenção do livramento
condicional. Cuida-se de entendimento já sumulado pelo STJ, referente ao enunciado nº 441:
A revogação poderá ser obrigatória ou facultativa. O livramento condicional deverá, obrigatoriamente, ser
revogado pelo juiz quando o sentenciado vem a ser condenado definitivamente a pena privativa de liberdade
por crime cometido durante o benefício ou por crime cometido anteriormente, desde que a soma das penas
demonstre que ele não cumpriu o lapso temporal exigido para o livramento condicional. A revogação
facultativa é regulada pelo artigo 87 do Código Penal:
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer
das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou
contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
A alternativa B está incorreta. Para o cálculo do lapso temporal exigido para a obtenção do livramento
condicional, o artigo 84 do Código Penal determina que as penas de diferentes delitos devem ser somadas.
A alternativa C está incorreta. O livramento condicional é o benefício que consiste na soltura antecipada do
executado, mediante o preenchimento de determinadas condições. O instituto está regulado pelo artigo 83
do Código Penal, de seguinte teor:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes;
III - comprovado:
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
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V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática
de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça
à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições
pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
Cumpre destacar que o artigo 83 foi modificado, em seu inciso III, pela Lei 13.694/2019
A alternativa D está incorreta. Há hipóteses em que o benefício deve ser obrigatoriamente revogado pelo
juiz. Isto se dá quando o sentenciado vem a ser condenado definitivamente a pena privativa de liberdade
por crime cometido durante o benefício ou por crime cometido anteriormente, desde que a soma das penas
demonstre que ele não cumpriu o lapso temporal exigido para o livramento condicional. É o teor do artigo
86 do Código Penal:
A alternativa E está correta. O enunciado corresponde ao teor do enunciado nº 617 da súmula do STJ, que
reforça o art. 90 do Código Penal:
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a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, tratando-se de réu não
reincidente em crime doloso, além de favoráveis as circunstâncias judiciais.
e) vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base, não se
configurando a má antecedência se o acusado ostentar condenação por crime anterior, transitada em
julgado após o novo fato.
Comentários:
A alternativa A está correta. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que "a folha de
antecedentes criminais é documento hábil e suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência,
não sendo necessária a apresentação de certidão cartorária" (HC 291.414/SP, Rel. Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 22/9/2016, DJe 30/9/2016).
A alternativa C está incorreta. Sehouver a configuração de mais de uma majorante ou minorante previstas
na Parte Especial do Código, o juiz pode realizar um só aumento ou a uma só diminuição, mas pela causa que
determine o maior aumento ou a maior diminuição. É o que prevê o parágrafo único do artigo 68:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.
A alternativa D está incorreta. De acordo com o art. 46, a prestação de serviços à comunidade ou a entidades
públicas é aplicável apenas às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
A alternativa E está incorreta. A primeira parte da assertiva se refere à assunto sumulado pelo STJ por meio
do enunciado 444:
Súmula nº 444
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
A segunda parte da assertiva da alternativa dispõe que configura a má antecedência se o acusado ostentar
condenação por crime anterior, transitada em julgado após o novo fato. Para efeitos de reincidência, a
condenação por crime anterior deve transitar em julgado antes da prática de novo fato criminoso, como
determina do art. 64 do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
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Deste modo, a condenação anterior apenas servirá como mau antecedente, caso transite em julgado após o
novo fato, mas antes da sentença.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Nessa situação, como a reincidência não é específica, é cabível a substituição
da pena corporal imposta a Antônio por pena restritiva de direitos, nos termos do §3º do art. 44 do Código
Penal.
A alternativa B está incorreta. A Súmula 588 do STJ proíbe a substituição da pena nos casos de violência
doméstica contra a mulher:
Súmula 588 do STJ - A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos.
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A alternativa C está incorreta. A pena privativa de liberdade imposta a Pedro não poderá ser substituída,
tendo em vista que o crime praticado por ele foi cometido com violência ou grave ameaça, impossibilitando
a substituição, conforme preconiza o inciso I do art. 44 do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
A alternativa D está correta. De acordo com o inciso I do art. 44 do Código Penal, sendo o crime culposa, a
pena poderá ser substituída, qualquer que seja a pena aplicada.
A alternativa E está incorreta. Embora, a jurisprudência não considere o crime de tráfico de drogas na forma
privilegiada um crime hediondo, a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos é
admitida no caso da prática de crimes hediondos:
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Comentários:
A alternativa A está incorreta. De acordo com o do art. 77 do Código Penal, o sursis penal pode ser concedido
ao condenado a pena privativa de liberdade, se a pena não for superior a 2 (dois) anos, desde que o
condenado não seja reincidente em crime doloso; a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; e
desde que não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
A alternativa B está correta. Não há proibição legal impedindo a concessão do sursis penal aos condenados
por crimes praticados com violência ou grave ameaça.
A alternativa C está incorreta. O Código Penal, em seu artigo 80 esclarece que a suspensão condicional da
pena se restringe à pena privativa de liberdade, não abrangendo a pena de multa nem a pena restritiva de
direitos:
A alternativa E está incorreta. A extinção se dá com o fim do prazo do período de prova, desde que não
tenha havido a revogação do benefício. É o que estipula o artigo 62 do Código Penal:
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa
de liberdade.
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Comentários:
A alternativa A está correta. Quando a confissão espontânea for utilizada para a formação do convencimento
do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. O STJ possui enunciado
a respeito, a Súmula 545:
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
A confissão qualificada consiste na confissão na qual o agente agrega teses defensivas discriminantes ou
exculpantes. Quando essa confissão é efetivamente utilizada como elemento de convicção, deve ser aplicada
a atenuante prevista na alínea “d” do inciso III do art. 65 do CP:
A alternativa B está incorreta. A confissão espontânea realizada perante a autoridade policial pode atenuar
a pena, ainda que o agente se retrate perante o juiz, desde que este a utilize como elemento de
convencimento para a condenação. É o que decidiu recentemente o STJ:
“(...) 4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial, seja
utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço. Súmula 545 do
STJ. (...)” (STJ, HC 433722/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/05/2018).
A alternativa C está incorreta. De acordo com a jurisprudência do STJ, as condenações definitivas anteriores
não podem fundamentar a exasperação da pena-base com base na personalidade do agente. Vejamos:
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se o seu histórico criminal. Referidos vetores, portanto, não se confundem.(...) (HC 472.654/DF,
Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 21/02/2019, DJe 11/03/2019)
A alternativa D está incorreta. A mesma condenação não pode ser considerada como mau antecedente e
fundamento de reincidência, sob pena de violação do princípio da proibição do bis in idem.
A alternativa E está incorreta. A reincidência é uma agravante que é tida como preponderante. Quanto a sua
possibilidade de compensação com a confissão espontânea, que é circunstância subjetiva, o STJ pacificou,
no âmbito da própria Corte, que a compensação é possível, ao julgar recurso especial representativo da
controvérsia:
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Não há a fixação de uma fração, pela lei, para a diminuição ou o aumento da
pena, sendo que a jurisprudência aponta como utilizável a fração de 1/6 (um sexto).
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
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O próprio artigo 64 exclui os crimes militares próprios e os políticos, de modo que não é qualquer espécie de
crime que induz a reincidência.
A alternativa C está incorreta. O transcurso do período depurador é uma das hipóteses de não configuração
da reincidência, nos termos do artigo 64 do Código Penal:
Portanto, decorridos cinco anos do cumprimento ou extinção da pena, computados neste prazo o da
suspensão condicional da penal (sursis) e o do livramento condicional (LC) se não tiverem sido revogados, o
fato deixa de possuir a potencialidade de tornar o indivíduo reincidente, caso volte a delinquir.
A alternativa D está incorreta. Em relação à prescrição da pretensão punitiva, o STJ sumulou o entendimento
sobre a não influência da reincidência na definição do prazo:
A alternativa E está correta. É o que está previsto no caput do artigo 110 do Código Penal:
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela
pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um
terço, se o condenado é reincidente.
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“a conduta do réu é altamente reprovável, sua personalidade é voltada para o crime; os motivos e as
circunstâncias do crime não o favoreceram; as consequências do crime revelaram-se graves e as vítimas em
nada contribuíram para o seu cometimento”. Como a situação econômica do réu lhe era desfavorável, ele
foi assistido pela defensoria pública. Acerca dos fundamentos da sentença proferida na situação hipotética
apresentada, assinale a opção correta, considerando a jurisprudência dos tribunais superiores.
a) O fato de o réu estar respondendo a processo por crime de roubo enseja o agravamento da pena-base.
b) A pena imposta ao réu deve ser reduzida com fundamento na participação de menor importância, dado
que ele não estava armado e não participou diretamente da ação de subtração.
c) As razões apresentadas pelo juiz para analisar a dosimetria da pena são todas inidôneas para fundamentar
acréscimos na pena-base.
d) A confissão do réu é uma circunstância atenuante que implica a redução da pena para menos do mínimo
legal previsto para o caso em tela.
e) Em caso de crime de roubo circunstanciado, a indicação do número de majorantes basta para o aumento
da pena na segunda fase da dosimetria.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Como o fato não havia transitado em julgado na época da prática de novo
delito pelo agente, não pode ser considerado para se declará-lo como reincidente, conforme prevê o artigo
63 do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
A alternativa B está incorreta. A participação de menor importância é causa de diminuição de pena prevista
no artigo 29, § 1º do CP, em que o agente pode ser ter sua pena diminuída de 1/6 a 1/3.Como esse instituto
só é aplicado nos casos de participação, a pena do agente não poderá ser diminuída já que foi coautor do
crime.
A alternativa C está correta. De acordo com a jurisprudência do STJ, “não é possível a utilização de
argumentos genéricos ou circunstancias elementares do próprio tipo penal para aumento da pena-base com
fundamento nas consequências do delito". (Info 506)
A alternativa D está incorreta. Na segunda fase, parte-se da pena intermediária para a estipulação da pena
intermediária. Esta deve observar a adstrição aos limites mínimo e máximo da sanção abstratamente
cominada ao delito. É o que determina a Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça:
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo
legal.
A alternativa E está incorreta, haja vista o teor da Sumula 443 STJ, que dispõe:
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Comentários:
O item I está incorreto. A Súmula 241 do STJ dispõe que não se pode valorar o mesmo fato como agravante
da reincidência e circunstância judicial, ao mesmo tempo, sob pena de violação ao princípio do ne bis in idem:
O item II está correto. De acordo com a jurisprudência recente do Superior Tribunal de Justiça, a prisão
domiciliar é excepcionalmente aceita quando não houver casa de albergado ou local compatível com as
regras do regime aberto. Vejamos:
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domiciliar quando não houver local adequado ao regime prisional imposto.(...)(HC 299.315/RS,
Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 02/02/2015)
A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea
para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
Comentários:
A alternativa A está correta. Nos termos do art. 385 do Código de Processo Penal: “Nos crimes de ação
pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela
absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada”.
A alternativa B está incorreta. A Súmula 241 do STJ dispõe que não se pode valorar o mesmo fato como
agravante da reincidência e circunstância judicial, ao mesmo tempo, sob pena de violação ao princípio do ne
bis in idem:
A alternativa C está incorreta. As circunstâncias agravantes estão previstas no artigo 61 do Código Penal, o
qual ressalva que sua aplicação na segunda fase depende de o delito não prever a circunstância como
elementar ou qualificadora do crime. Leiamos o dispositivo legal:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam
o crime:
I - a reincidência;
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d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
podia resultar perigo comum;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
A alternativa D está incorreta. O art. 59 do Código Penal prevê que as circunstâncias judiciais estabelecerão
as penas aplicáveis e a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos:
A alternativa E está incorreta, pois, o art. 67 do Código Penal prevê que a pena deve ser mais próxima do
limite indicado pelas circunstâncias preponderante. Vejamos:
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a) Os efeitos genéricos e específicos da condenação criminal são automáticos, sendo, pois, despicienda suas
declarações na sentença.
b) O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença, em processo a que
responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
c) As espécies de pena são as privativas de liberdade e restritivas de direito.
d) A suspensão condicional da pena será obrigatoriamente revogada se, no curso do prazo, o beneficiário
pratica novo crime doloso.
e) Para efeito de reincidência, não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou
extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 2 (dois) anos, computado
o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Conforme o parágrafo único do art. 92 do Código Penal, os efeitos específicos
não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.
A alternativa B está correta. O art. 89 do Código Penal prevê que: "O juiz não poderá declarar extinta a pena,
enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na
vigência do livramento".
A alternativa C está incorreta. Como prevê o art. 32 do Código Penal, as espécies de penas são privativas de
liberdade, restritivas de direitos e de multa.
A alternativa D está incorreta. A revogação obrigatória do sursis ocorre se, no curso do prazo, o beneficiário
for condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso, conforme dispõe o art. 81, I, do Código Penal.
A alternativa E está incorreta. O inciso I do art. 64 do Código Penal estipula o prazo de 5 (cinco) anos, nos
seguintes termos:
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b) Fernando, com trinta anos de idade, capaz, ameaçou de morte sua companheira Tereza, com vinte e nove
anos de idade, capaz. Fernando foi processado e condenado, definitivamente, pelo referido crime à pena de
cinco meses de detenção. Nessa situação, Fernando tem direito à substituição da pena privativa de liberdade
por pena restritiva de direitos.
c) Glauber, com trinta e um anos de idade, capaz, primário, foi condenado, definitivamente, em concurso
material, pelo crime de supressão de correspondência comercial, à pena de detenção de dois anos; e, por
divulgação de informações sigilosas, à pena de detenção de quatro anos e pena pecuniária. Nessa situação,
Glauber tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.
d) Carla, com vinte e três anos de idade, capaz, primária, devidamente habilitada, fugiu do local para evitar
prisão em flagrante, pois, após desviar o veículo que dirigia na velocidade da via de um buraco na pista, o
colidiu contra uma mureta que caiu sobre uma criança de três anos de idade, a qual faleceu em decorrência
das lesões. Por matar a criança, Carla foi condenada ao crime de homicídio culposo. Nessa situação, Carla
tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.
e) Pedro, com vinte e oito anos de idade, capaz, primário, de corpo avantajado, desarmado, faixa preta em
judô, trajando quimono, de forma intimidatória e exalando odor etílico, determinou que Ana, com dezessete
anos de idade, capaz, entregasse a ele seu celular, sem que fosse possível a ela impor qualquer resistência.
Por tais fatos, Pedro foi condenado, definitivamente, por crime de roubo simples, à pena de quatro anos de
reclusão. Nessa situação, há vedação legal para que a pena de Pedro seja substituída por pena restritiva de
direitos.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O parágrafo terceiro do art. 44 do Código Penal possibilita a concessão do
benefício aos reincidentes, desde que presentes as condições legais:
Art. 44, §3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em
face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se
tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
A alternativa B está incorreta. Fernando não tem direito à substituição da pena, em razão do que prevê o
art. 44, inciso I do Código Penal:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
Além disso, a Súmula 588 do STJ proíbe a substituição da pena nos casos de violência doméstica contra a
mulher:
Súmula 588 do STJ - A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos.
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A alternativa C está incorreta. Como houve concurso material de crimes, aplicam-se cumulativamente as
penas privativas de liberdade. Com a aplicação cumulativa das penas, Glauber não terá direito à substituição,
em razão do limite da pena estipulado no art. 44, inciso I do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
A alternativa D está incorreta. Neste caso, as informações da alternativa são insuficientes para saber se Carla
deveria ser beneficiada pela substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
principalmente, no que diz respeito à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social e à personalidade
do condenado, aos motivos e às circunstâncias, se essas indicarem que essa substituição seja suficiente,
conforme prevê o inciso III do art. 44 do Código Penal.
A alternativa E está correta. No caso, a vedação legal para a substituição da pena em pena restritiva de
direito está no inciso I do art. 44 do Código Penal, que proíbe a concessão do benefício nos casos de crime
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo
30. (FGV - 2022 - TJ-AP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) A individualização da pena é submetida aos
elementos de convicção judiciais acerca das circunstâncias do crime.
A jurisprudência e a doutrina passaram a reconhecer, como regra, como critério ideal para individualização
da reprimenda- base o aumento:
Comentários:
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A questão traz à tona uma discussão que existe tanto na seara doutrinária como na seara jurisprudencial,
consistente no quantum fracionário a ser aplicado pelo juiz na fixação da pena-base por cada circunstância
judicial negativa prevista no Artigo 59, do Código Penal.
Não parece ter sido firmado um único entendimento a esse respeito, oscilando as Quinta e Sexta Turmas do
STJ entre a aplicação da fração de 1/6 e 1/8 por cada circunstância negativa observada.
Não obstante, a Quinta Turma do STJ, em alguns julgados, disse que, diante do silêncio do legislador, a
jurisprudência e a doutrina passaram a reconhecer como critério ideal para individualização da reprimenda-
base o aumento na fração de 1/8 por cada circunstância judicial negativamente valorada, a incidir sobre o
intervalo de pena abstratamente estabelecido no preceito secundário do tipo penal incriminador. A esse
teor, veja-se o seguinte excerto de resumo de acórdão prolatado pela Corte:
Com efeito, parece que a banca examinadora se baseou nesse entendimento, que inclusive é considerado
apenas um parâmetro orientador, não sendo uma norma (jurisprudencial) cogente, como consta do corpo
do próprio acórdão, para elaborar a questão e trazer em seu gabarito, como correta, a assertiva contida na
Alternativa C. Por isso, a questão deveria ser anulada:
“3. A jurisprudência do STJ não impõe ao magistrado a adoção de uma fração específica, aplicável
a todos os casos, a ser utilizada na valoração negativa das vetoriais previstas no art. 59 do CP.”
(STJ, AgRg no AREsp n. 2.045.906/MS, Relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma,
julgado em 23/3/2023, DJe de 30/3/2023.)
“O aumento da pena-base em fração inferior a 1/6 (um sexto) para cada vetor considerado
desfavorável evidencia a ausência da desproporcionalidade no incremento da reprimenda, pois
seria legítimo até mesmo o recrudescimento em quantum superior, caso tivesse sido utilizada a
fração de 1/6 (um sexto), entendida como regra geral pela jurisprudência desta Corte Superior
de Justiça.” (STJ, AgRg no HC n. 666.499/RJ, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado
em 20/3/2023, DJe de 29/3/2023.)
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AREsp n. 2.267.265/SC, Relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em
7/3/2023, DJe de 13/3/2023.)
31. (FGV - 2022 - TJ-AP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Quando o Tribunal de Justiça, em julgamento
de apelação criminal exclusiva da defesa, afasta uma circunstância judicial negativa do Art. 59 do Código
Penal, reconhecida no édito condenatório de primeiro grau, deve:
a) manter a pena final inalterada;
b) reduzir ao mínimo legal a pena-base;
c) devolver ao primeiro grau para nova sentença;
d) compensar o valor final nas demais fases;
e) reduzir proporcionalmente a pena-base.
Comentários:
Essa questão envolveu conhecimento sobre dosimetria da pena e processo penal. De todo modo, o
conhecimento sobre como ocorre o cálculo da pena seria suficiente a encontrar a resposta.
A Alternativa A está incorreta. Havendo afastamento de uma circunstância judicial, a pena não poderá ser
mantida no mesmo patamar dosado pelo juízo de primeiro grau.
A Alternativa B está incorreta. Não podemos falar em redução ao mínimo legal, pois não há informações no
enunciado que façam concluir que a circunstância judicial afastada foi a única negativada em primeiro grau.
A Alternativa C está incorreta. Trata-se da aplicação do efeito devolutivo do recurso de apelação, de modo
que o Tribunal apreciará a matéria objeto de recurso. A nova decisão pelo juízo a quo ocorre quando há
anulação do julgado.
A Alternativa D está incorreta. A dosimetria da pena é feita de forma escalonada e por fases, não havendo
que se falar em compensação entre as circunstâncias judiciais analisadas na primeira fase, com os demais
elementos averiguados da segunda ou terceira fases.
"se em ação ou recurso exclusivo da defesa, for afastado o desvalor conferido a circunstâncias
judiciais equivocadamente negativadas, a pena-base deverá necessariamente ser reduzida, ao
invés de se manter inalterada, pois proceder de maneira diversa implicaria o agravamento do
quantum anteriormente atribuído a cada vetorial" (AgRg no HC 493.941/PB, Rel. Ministro Nefi
Cordeiro, Sexta Turma, DJe 28/05/2019).
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Comentários:
A questão versa sobre o instituto do livramento condicional, regulado nos Artigos 83 a 90, do Código Penal,
bem como nos Artigos 131 a 146, da Lei nº 7.210/1984 – Lei de Execução Penal. Desde logo, há de ser
ressaltada a vedação estabelecida na alínea “a" do inciso VI, e no inciso VIII, ambos do Artigo 112, da Lei de
Execução Penal, inserida pela Lei nº 13.964/2019.
Vamos ao exame de cada uma das proposições, objetivando apontar a que está correta.
A alternativa A está incorreta. A Lei nº 13.964/2019 incluiu o § 6º no Artigo 112, da Lei nº 7.210/1984 – Lei
de Execução Penal, estabelecendo expressamente que o cometimento de falta grave durante a execução da
pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento
da pena. A orientação da jurisprudência já era neste sentido, dado o conteúdo da súmula 534 do Superior
Tribunal de Justiça: “A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime
de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração". No que tange ao
livramento condicional, a orientação da jurisprudência dos tribunais superiores é no sentido de não ocorrer
a interrupção da contagem do prazo para a sua obtenção, em função da falta grave, como se observa do
enunciado da súmula 441 do Superior Tribunal de Justiça: “A falta grave não interrompe o prazo para
obtenção de livramento condicional".
A Alternativa B está incorreta. Ao contrário do afirmado, orienta o enunciado da Súmula 617 do Superior
Tribunal de Justiça: “A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do
período de prova enseja extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena". Tal entendimento
tem como fundamentos o Artigo 90, do Código Penal, e o Artigo 145, da Lei de Execução Penal.
A Alternativa C está correta. O Supremo Tribunal Federal já consolidou o entendimento de que o crime de
associação para o tráfico de drogas, descrito no Artigo 35, da Lei nº 11.343/2006, não é equiparado a
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hediondo. No entanto, no que tange à concessão do livramento condicional para os condenados pelo
referido tipo penal, há de se observar a regra especial prevista no parágrafo único do artigo 44 do mesmo
diploma legal, que impõe o cumprimento de dois terços da pena. É neste sentido a orientação do Superior
Tribunal de Justiça, no periódico Jurisprudência em Teses, edição nº 131, enunciado nº 53, in verbis: “A
despeito de não ser considerado hediondo, o crime de associação para o tráfico, no que se refere à concessão
do livramento condicional, deve, em razão do princípio da especialidade, observar a regra estabelecida pelo
art. 44, parágrafo único, da Lei n. 11.343/2006: cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena e vedação do
benefício ao reincidente específico".
A Alternativa D está incorreta. O benefício do livramento condicional é cabível ao condenado a pena privativa
de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que comprovado o não cometimento de falta grave nos
últimos 12 (doze) meses, nos termos do que estabelece o Artigo 83, caput e inciso III, alínea “b", do Código
Penal.
A Alternativa E está incorreta. O Artigo 75, do Código Penal, estabelece que o tempo de cumprimento das
penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 anos, tendo sido alterado tal dispositivo pela Lei nº
13.964/2019, sendo certo que, anteriormente, o limite máximo era de 30 anos de pena privativa de
liberdade. No entanto, a referida alteração não tornou inválida a orientação do Supremo Tribunal Federal
consignada na súmula 715, in verbis: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de
cumprimento, determinado pelo art. 715 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros
benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução".
33. (FCC - 2021 - TJ-GO - JUIZ SUBSTITUTO) Segundo tese fixada pelo Superior Tribunal de Justiça, os
apenados que, embora tenham cometido crime hediondo ou equiparado sem resultado morte, e que não
sejam reincidentes em delito de natureza semelhante, poderão progredir de regime prisional quando
tiverem cumprido ao menos
a) sessenta por cento da pena.
b) oitenta por cento da pena.
c) cinquenta por cento da pena.
d) quarenta por cento da pena.
e) setenta por cento da pena.
Comentários:
A questão versa sobre a progressão de regime dos apenados condenados por crime hediondo ou equiparado
a hediondo sem resultado morte e que não sejam reincidentes em delito de natureza semelhante.
A Lei nº 13.964/2019 alterou de forma significativa o Artigo 112, da Lei nº 7.210/1984 – Lei de Execução
Penal – estabelecendo diversos percentuais de pena a serem cumpridos pelos condenados para a obtenção
da progressão de regime.
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O legislador, no entanto, deixou uma lacuna na lei, uma vez que não estabeleceu de forma expressa o
percentual de pena a ser cumprido pelos condenados por crime hediondo ou equiparado a hediondo que
seja reincidente, porém, não em crimes da mesma natureza.
O tema foi objeto de exame pelo Superior Tribunal de Justiça (tema repetitivo 1084), tendo sido firmada a
tese de que deve ser exigido o cumprimento de 40% da pena fixada, como se observa: “É reconhecida a
retroatividade do patamar estabelecido no art. 112, V, da Lei n. 13.964/2019, àqueles apenados que, embora
tenham cometido crime hediondo ou equiparado sem resultado morte, não sejam reincidentes em delito de
natureza semelhante".
34. (FCC - 2021 - TJ-GO - JUIZ SUBSTITUTO) No que se refere às penas restritivas de direitos,
a) a prestação de serviços à comunidade é aplicável a qualquer condenação não superior a quatro anos,
facultado ao condenado cumpri-la em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade,
se a pena substituída foi superior a um ano.
b) a prestação pecuniária, se não paga, não poderá ser convertida em pena privativa de liberdade e será
considerada dívida de valor, aplicando-se as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.
c) a correspondente execução independe do trânsito em julgado da condenação, mas poderá o juiz,
motivadamente, alterar a forma de cumprimento da prestação de serviços à comunidade, ajustando-a às
condições pessoais do condenado.
d) o juiz poderá estabelecer condição especial para a concessão do regime aberto, sem prejuízo das gerais e
obrigatórias, desde que não constitua pena substitutiva.
e) o descumprimento injustificado da restrição, imposta em sentença condenatória ou acordada em sede de
transação penal, conduz à conversão para pena privativa de liberdade.
Comentários:
Vamos ao exame de cada uma das proposições, objetivando apontar a que está correta.
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A Alternativa B está incorreta. Ao contrário do afirmado, as penas restritivas de direito, em qualquer de suas
modalidades, inclusive a prestação pecuniária, convertem-se em pena privativa de liberdade quando ocorrer
o seu descumprimento injustificado, conforme estabelece o § 4º do Artigo 44, do Código Penal. É a pena de
multa que, quando não paga, será considerada dívida de valor e cobrada perante o juiz da execução penal,
considerando as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, consoante preceitua o Artigo 51, do
Código Penal.
A Alternativa C está incorreta. É certo que a pena de prestação de serviços à comunidade deve considerar as
aptidões do condenado, nos termos do § 3º do Artigo 46, do Código Penal. A execução das penas restritivas
de direito, porém, ao contrário do afirmado, depende do trânsito em julgado da condenação, consoante
estabelece o Artigo 147, da Lei nº 7.210/1984 – Lei de Execução Penal.
A Alternativa D está correta. O Artigo 115, da Lei nº 7.210/1984 – Lei de Execução Penal – preceitua que o
juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das condições
gerais e obrigatórias. Tais condições especiais, no entanto, não podem consistir em penas restritivas de
direito, tal como orienta o enunciado da Súmula 493 do Superior Tribunal de Justiça: “É inadmissível a fixação
de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime aberto".
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d) o acréscimo na pena privativa de liberdade pelo concurso formal impróprio, incidente na terceira etapa,
deve considerar o número de vítimas.
e) o arrependimento posterior como circunstância atenuante incide na segunda fase do cálculo, mas não
pode conduzir a pena abaixo do mínimo legal.
Comentários:
A questão versa sobre a dosimetria da pena privativa de liberdade, a qual é realizada em três fases (sistema
trifásico), consoante estabelece o Artigo 68, do Código Penal.
Vamos ao exame de cada uma das alternativas, objetivando indicar a que está correta.
A Alternativa A está incorreta. A configuração do crime continuado comum enseja o aumento de um sexto a
dois terços da pena, nos termos do Artigo 71, caput, do Código Penal. A fração de aumento é fixada pelo
número de infrações cometidas. O aumento até o triplo da pena e com base em circunstâncias judiciais se
refere ao crime continuado específico.
A Alternativa B está correta. É o que estabelece o Artigo 72, do Código Penal. Ainda que ocorra, portanto, o
concurso formal de crimes, não se aplicará às multas o sistema de exasperação de penas, mas sim o sistema
do cúmulo material de penas.
A Alternativa C está incorreta. O parágrafo único do Artigo 68, do Código Penal, estabelece: “No concurso de
causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou
a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua". Observa-se, portanto,
que a referida norma trata do concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial
do Código Penal, e não na parte geral do Código Penal. Em sendo assim, em havendo concurso de causas de
aumento ou de diminuição de pena previstas na parte geral do Código Penal, deverão ser elas consideradas
de forma individualizada.
A Alternativa D está incorreta. O concurso formal impróprio ou imperfeito está previsto na segunda parte do
Artigo 70, do Código Penal. Diante de sua configuração é aplicado o sistema do cúmulo material de penas,
pelo que as penas estabelecidas individualmente para cada crime devem ser somadas no processo de
totalização. Vale salientar que, quanto ao sistema de exasperação de penas, aplicado no concurso formal
próprio ou perfeito, bem como no crime continuado, não é o número de vítimas que deve ser considerado
para a escolha da fração de aumento, mas sim o número de infrações, segundo orientações dos tribunais
superiores.
A Alternativa E está incorreta. O arrependimento posterior está previsto no Artigo 16, do Código Penal,
configurando-se em causa de diminuição de pena, e não em agravante de pena, pelo que há de ser
considerado na terceira fase da dosimetria da pena, e não na segunda fase. No mais, vale destacar que na
segunda fase da dosimetria da pena, o juiz está preso aos limites mínimo e máximo da pena cominados pelo
legislador, mas, na terceira fase da dosimetria, o juiz pode estabelecer penas inferiores ao mínimo legal ou
superiores ao máximo legal, segundo orientação dos tribunais superiores, valendo destacar, inclusive, o
enunciado da Súmula 231, do Superior Tribunal de Justiça.
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36. (CESPE / CEBRASPE - 2022 - TJ-MA - JUIZ SUBSTITUTO DE ENTRÂNCIA INICIAL) No crime tipificado
no artigo 33 da Lei n.º 11.343/2006, o fato de o agente admitir que possuía a droga no momento da
apreensão pela polícia, sem, contudo, confessar que a droga era para eventual prática de tráfico de drogas,
a) constitui atenuante penal.
b) não constitui nenhuma circunstância que altere a pena.
c) constitui causa de diminuição de pena.
d) constitui agravante penal.
e) constitui outro tipo penal.
Comentários:
Nesse sentido, a Súmula 630 do STJ pontua que: “A incidência da atenuante da confissão espontânea no
crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando
a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio”.
Na mesma linha, é o entendimento do STF, na medida em que: “Não é de se aplicar a atenuante da confissão
espontânea para efeito de redução da pena se o réu, denunciado por tráfico de droga, confessa que a portava
para uso próprio”. (STF. 1ª Turma. HC 141487, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Rosa Weber,
julgado em 04/12/2018). Não é outro o entendimento do STJ, consubstanciado em sua Súmula 630: “A
incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o
reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para
uso próprio”.
A Alternativa A está incorreta. Considerando não ter ocorrido o reconhecimento da traficância pelo acusado,
nos termos da Súmula 630 do STJ, não há que se falar na incidência da atenuante de confissão.
A Alternativa B está correta. Como visto anteriormente, não ocorrendo o reconhecimento da traficância, não
há que se falar na incidência da atenuante de confissão, nos termos da Súmula 630 do STJ.
A Alternativa C está incorreta. Caso ocorresse o reconhecimento da traficância, seria constituída atenuante
de confissão, nos termos da Súmula 630 do STJ.
A Alternativa D está incorreta. Caso ocorresse o reconhecimento da traficância, seria constituída atenuante
de confissão, nos termos da Súmula 630 do STJ, não havendo que se falar em agravante.
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A Alternativa E está incorreta. Caso ocorresse o reconhecimento da traficância, seria constituída atenuante
de confissão, nos termos da Súmula 630 do STJ, não se configurando qualquer outro tipo penal.
37. (FGV - 2022 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Com base na redação atual do Art. 112 da Lei
nº 7.210/1984, a pena privativa de liberdade será executada de forma progressiva, com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos
( ) se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça.
( ) se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça.
( ) se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário.
( ) se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça.
Comentários:
Para respondermos à questão, impõe-se a análise dos itens e das lacunas, em cotejo com o conteúdo do
enunciado. A progressão de regime de cumprimento da pena está prevista no Artigo 122, da Lei nº
7.210/1984 (Lei de Execução Penal). Apesar de matéria de Legislação Penal Especial, é estudada também em
Direito Penal por haver regras de regime de cumprimento de pena no CP.
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No que se refere à primeira lacuna, quando o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça, haverá progressão para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo
juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos 25% (vinte e cinco por cento) da pena, nos termos do inciso
III, do Artigo 112, da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal).
No que se refere à segunda lacuna, quando o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à
pessoa ou grave ameaça, haverá progressão para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz,
quando o preso tiver cumprido ao menos 20% (vinte por cento) da pena, nos termos do inciso II, do Artigo
112, da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal).
No que se refere à terceira lacuna, quando o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, se for primário, haverá progressão para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz,
quando o preso tiver cumprido ao menos 40% (quarenta por cento) da pena, nos termos do inciso V, do
Artigo 112, da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal).
No que se refere à quarta lacuna, quando o apenado for reincidente em crime cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça, haverá progressão para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz,
quando o preso tiver cumprido ao menos 30% (trinta por cento) da pena, nos termos do inciso IV, do Artigo
112, da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal).
Com efeito, os itens que correspondem à lacunas, seguem a ordem que consta da Alternativa B, sendo, esta,
portanto, a correta.
38. (FGV - 2021 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO) A legislação penal excepciona a reincidência em casos
específicos. São hipóteses previstas em lei:
a) crimes militares por extensão e contravenções penais;
b) crimes militares impróprios e casos de transação penal;
c) crimes militares próprios e impróprios e crimes culposos;
d) crimes militares próprios e casos de perdão judicial;
e) crimes militares próprios, impróprios e por extensão.
Comentários:
A questão versa sobre o instituto da reincidência, regulado nos Artigos 63 e 64, do Código Penal, bem como
no Artigo 7º, da Lei de Contravenções Penais.
Vamos ao exame de cada uma das proposições, objetivando apontar a hipótese que aponta crimes que não
configuram a reincidência.
A Alternativa A está incorreta. Os crimes militares por extensão são aqueles previstos apenas na legislação
comum que, eventualmente, se configuram em crimes militares quando preencherem um dos requisitos
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previstos no inciso II do Artigo 9º, do Código Penal Militar. Uma vez que previstos no Código Penal e nas leis
extravagantes, não estando previstos no Código Penal Militar, caso resultem em condenação com trânsito
em julgado, o agente, a partir daí, se voltar a cometer infrações penais, será considerado reincidente. Assim
sendo, conclui-se que os crimes militares por extensão não excepcionam a reincidência. No que tange às
contravenções penais, não há reincidência na hipótese de uma condenação com trânsito em julgado por
uma contravenção penal seguida da prática de um crime, que não se inclui no texto legal, não gerando, por
isso, reincidência.
A Alternativa B está incorreta. Os crimes militares impróprios são aqueles que estão previstos tanto no
Código Penal e na legislação especial quanto no Código Penal Militar. A contrario sensu do que estabelece o
Artigo 64, inciso II, do Código Penal, eles geram reincidência, não excepcionando o instituto. No que tange à
transação penal, uma vez que não enseja a condenação do agente, até porque se trata de benefício
concedido antes mesmo do oferecimento de denúncia ou queixa, nos crimes da competência dos Juizados
Especiais Criminais, não pode gerar reincidência.
A Alternativa C está incorreta. Como já salientado, os crimes militares impróprios geram reincidência. Os
crimes militares próprios, no entanto, uma vez que previstos apenas no Código Penal Militar, não geram
reincidência para a legislação comum, tal como estabelece o Artigo 64, inciso II, do Código Penal. Quanto aos
crimes culposos, eles geram reincidência sim, uma vez que a lei penal não exige para a configuração da
reincidência que os crimes sejam dolosos.
A Alternativa D está correta. De fato, como já destacado, os crimes militares próprios não geram
reincidência, de acordo com o Artigo 64, inciso II, do Código Penal. Quanto ao perdão judicial, o Artigo 120,
do Código Penal, é expresso em afirmar que a sentença que concede aludido benefício não será considerada
para efeitos de reincidência. Ademais, o Superior Tribunal de Justiça orienta no sentido de atribuir à sentença
que concede o perdão judicial a natureza declaratória, o que afasta a possibilidade de configuração da
reincidência, valendo transcrever o enunciado da Súmula 18: “A sentença concessiva do perdão judicial é
declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório".
A Alternativa E está incorreta. Os crimes militares próprios, de fato, não ensejam reincidência para a
legislação comum, contudo, os crimes militares impróprios e os crimes militares por extensão, uma vez que
previstos no Código Penal ou em leis extravagantes, não excepcionam a configuração da reincidência.
I - A afirmação de que o agente possuía plena consciência da ilicitude de sua conduta não é idônea para
exasperação da pena-base, pois constitui elemento ínsito ao delito.
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II - Circunstâncias atenuantes e causas de diminuição de pena não podem conduzir à redução de pena abaixo
do mínimo legal.
III - Inquéritos policiais e ações penais em curso não podem ser considerados para exasperar a pena-base.
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Comentários:
A Assertiva I está certa. O aumento da pena-base em virtude das circunstâncias judiciais desfavoráveis
(Artigo 59, do Código Penal) depende de fundamentação concreta e específica que extrapole os elementos
inerentes ao tipo penal (STJ, Tese 1, Ed. 26). A culpabilidade normativa, que engloba a consciência da ilicitude
e a exigibilidade de conduta diversa e que constitui elementar do tipo penal, não se confunde com a
circunstância judicial da culpabilidade (Artigo 59, do Código Penal), que diz respeito à demonstração do grau
de reprovabilidade ou censurabilidade da conduta praticada (STJ, Tese 3, Ed. 26).
A Assertiva II está errada. Para as duas primeiras fases, deve-se observar os limites mínimo e máximo
combinados; somente exsurge a possibilidade de diminuição ou de elevação da pena aquém de seu mínimo
legal ou além do máximo quando da terceira etapa da aplicação da reprimenda (STJ, AgRg no AREsp 437.391,
2014). Assim, quando analisar as causas de diminuição ou aumento de pena (3ª fase) o juiz pode elevar ou
diminuir a pena além dos limites previstos no tipo.
A Assertiva III está certa. Estabelece a Súmula 444 do STJ que: “É vedado a utilização de inquéritos policiais
e ações penais em curso para agravar a pena-base”.
40. (FAURGS - 2022 - TJ-RS - JUIZ SUBSTITUTO) Sobre a determinação e progressão de regime de
cumprimento da pena, considerando a legislação vigente e a jurisprudência dos Tribunais Superiores,
assinale a afirmação correta.
a) O principal critério de determinação do regime inicial de cumprimento de pena é a gravidade abstrata do
delito.
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b) É vedado ao magistrado impor ao condenado regime mais gravoso do que o recomendado pelos
parâmetros estabelecidos nas alíneas do § 2º do art. 33 do CP.
c) A prática de falta grave interrompe o prazo para a progressão de regime e para o livramento condicional.
d) A partir da vigência da Lei nº 13.964/2019 ("Lei Anticrime"), o apenado primário que tiver cometido o
crime sem violência à pessoa ou grave ameaça poderá progredir de regime se tiver cumprido 16% (dezesseis
por cento) da pena, desde que ostente boa conduta carcerária.
e) É obrigatória a fixação de regime prisional fechado para o início do cumprimento de pena imposta ao
condenado por tráfico de drogas.
Comentários:
A Alternativa A está incorreta. Estabelece o Artigo 33, §3º, do Código Penal que: “A determinação do regime
inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código”.
São estes [os critérios]: quantidade e espécie da pena; reincidência; e análise das circunstâncias judiciais.
Gravidade em abstrato é analisada pelo legislador, cabendo ao juiz avaliar sempre a gravidade concreta do
caso em julgamento.
A Alternativa B está incorreta. É possível fixação de regime inicial mais gravoso do que impõe a quantidade
de pena, desde que haja motivação idônea, conforme as Súmulas 718 e 719 do STF e a Súmula 440 do STJ. A
fundamentação deve residir nas circunstâncias judiciais, que são consideradas conjuntamente com a
quantidade de pena.
A Alternativa C está incorreta. A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão
de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração, nos termos
da Súmula 534 do STJ. Além disso, a falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento
condicional, conforme dispõe a Súmula 441 do STJ.
“Art. 112 - A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver
cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido
sem violência à pessoa ou grave ameaça”.
A Alternativa E está incorreta. O regime inicial nas condenações por crimes hediondos ou equiparados (como
é o caso do tráfico de drogas) não tem que ser obrigatoriamente o fechado, podendo ser também o regime
semiaberto ou aberto, desde que presentes os requisitos do Artigo 33, § 2º, alíneas “b” e “c”, do Código
Penal. A determinação de regime obrigatoriamente fechado foi considerada inconstitucional pelo STF.
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41. (VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO) Na hipótese de réu condenado por crime de homicídio
doloso, tendo sido reconhecidas duas qualificadoras, é correto afirmar que
a) uma qualificará o delito e a outra poderá ser usada para elevar a pena como agravante, se prevista no rol
legal (artigo 61, CP).
b) uma qualificará o delito e a outra poderá ser usada para majorar a pena-base e também como agravante,
se prevista no rol legal (artigo 61, do CP).
c) uma qualificará o delito e a outra poderá ser usada como causa de aumento de pena.
d) uma qualificará o delito e a outra poderá ser usada para elevar a pena como agravante em qualquer
hipótese.
Comentários:
A questão cobrou conhecimentos acerca da dosimetria da pena. Entretanto, entendo que foi bastante infeliz
na sua formulação, razão pela qual deveria ter sido anulada.
A Alternativa A está correta. Havendo mais de uma qualificadora no crime cometido (qualquer que seja o
crime), uma serve para qualificar o delito e a outra servirá como agravante, caso esteja previsto como tal no
Artigo 61, do Código Penal. Veja o entendimento do Superior Tribunal de Justiça acerca do tema:
“reconhecida a incidência de duas ou mais qualificadoras, uma delas poderá ser utilizada para
tipificar a conduta como delito qualificado, promovendo a alteração do quantum de pena
abstratamente previsto, sendo que as demais poderão ser valoradas na segunda fase da
dosimetria, caso correspondam a uma das agravantes, ou com circunstância judicial, na primeira
fase da etapa do critério trifásico, se não for prevista como agravante" (HC 308.331/RS, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 16/03/2017, DJe
27/03/).
A Alternativa B está incorreta. Enquanto uma qualificará o delito, a outra não poderá ser usada para majorar
a pena-base e também como agravante, pois, seria bis in idem (ou serve para majorar a pena base, ou como
agravante, os dois ao mesmo tempo não pode).
A Alternativa C está incorreta. A outra servirá como agravante. Entretanto, poderia sim ser utilizada como
majorante, desde que se amoldasse a alguma causa de aumento de pena prevista em lei.
A Alternativa D está incorreta. Não é em qualquer hipótese que servirá como agravante, será apenas nos
casos previstos em lei.
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42. (VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO) Sobre o instituto do livramento condicional, é correto
afirmar que
A) deverá ser revogado no caso de nova condenação à pena privativa de liberdade, ainda que a decisão esteja
sujeita a recurso.
B) para sua concessão, é de rigor que o condenado não tenha cometido falta grave nos últimos 12 meses.
C) obriga o recolhimento do egresso ao seu local de moradia em horário determinado.
D) é cabível para as penas restritivas de direitos e penas pecuniárias.
Comentários:
A Alternativa A está incorreta. Os Artigos 86 e 87, do Código Penal, preveem as hipóteses de revogação
obrigatória e facultativa do livramento condicional. A nova condenação à pena privativa de liberdade é causa
de revogação obrigatória do aludido benefício, desde que a sentença condenatória tenha transitado em
julgado. Antes disso, o livramento condicional poderá ser suspenso, consoante previsão contida no Artigo
145, da Lei nº 7.210/1984. Sentença condenatória pendente de recurso, portanto, não pode ensejar a
revogação do livramento condicional.
A Alternativa B está correta. A Lei nº 13.964/2019 alterou o Artigo 83, do Código Penal, passando a ser
exigido, para a concessão do livramento condicional, que o condenado não tenha cometido falta grave nos
últimos 12 (doze) meses, consoante dispõe a alínea “b" do inciso III do Artigo 83, do Código Penal.
A Alternativa C está incorreta. As condições a serem estabelecidas ao condenado por ocasião do livramento
condicional estão previstas no Artigo 132, da Lei n° 7.210/1984. No § 1º do aludido dispositivo legal estão
previstas as obrigações que sempre serão impostas ao liberado, quais sejam: obter ocupação lícita, dentro
de prazo razoável, se for apto para o trabalho; comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação; e não mudar
do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste. No seu § 2º estão previstas
outras obrigações, que podem ser impostas, mas que não são obrigatórias, quais sejam: não mudar de
residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção;
recolher-se à habitação em hora fixada; e não frequentar determinados lugares. Assim sendo, constata-se
que o recolhimento do egresso ao seu local de moradia em horário determinado não é uma condição
obrigatória.
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43. (TRF - 3ª REGIÃO - 2022 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ SUBSTITUTO) Sobre a dosimetria das penas e a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, é CORRETO afirmar:
A) o antecedente negativo pode ser reconhecido quando o delito ocorreu após a conduta criminosa em
julgamento, desde que o trânsito em julgado da decisão respectiva se verifique antes da sentença.
B) a chamada “prescrição da reincidência” ocorre após 5 (cinco) anos do trânsito em julgado da decisão
condenatória.
C) a reincidência genérica não impede a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
D) A circunstância judicial dos maus antecedentes não pode ser reconhecida se passados mais de 5 (cinco)
anos do cumprimento ou extinção da pena.
Comentários:
A Alternativa A está incorreta. O antecedente negativo pode ser reconhecido quando o delito ocorreu após
a conduta criminosa em julgamento, desde que o trânsito em julgado da decisão respectiva se verifique antes
da sentença. Pode ser reconhecido apenas se o delito tiver sido praticado antes da conduta criminosa em
julgamento. Se ocorreu depois, nem pela literalidade pode ser chamado de “antecedente”.
A Alternativa B está incorreta. A chamada “prescrição da reincidência” ocorre após 5 (cinco) anos do trânsito
em julgado da decisão condenatória. Nesse sentido, estabelece o Artigo 64, I, do Código Penal, que “Para
efeito de reincidência: não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção
da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o
período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação”.
A Alternativa C está correta. Estabelece o Artigo 44, § 3º, do Código Penal, que “Se o condenado for
reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja
socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime”.
A Alternativa E está incorreta. O limite temporal de cinco anos, previsto para a caracterização da reincidência
(Artigo 64, I, do Código Penal), é chamado também de período depurador. Os maus antecedentes, ao
contrário da reincidência que é regida pelo princípio da temporalidade, são marcados pelo princípio da
perpetuidade. De acordo com o STJ “o legislador não limitou temporalmente a configuração dos maus
antecedentes ao período depurador quinquenal." (AgRg no HC 535.741/SP).
44. (TRF - 4ª REGIÃO - 2022 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Assinale a alternativa
INCORRETA.
a) Eventual coincidência temporal entre o recebimento indireto de vantagem indevida, no campo da
corrupção passiva, e a implementação de atos autônomos de ocultação, dissimulação ou integração na
lavagem não autoriza o reconhecimento de crime único se atingida a tipicidade objetiva e subjetiva própria
do delito de lavagem de dinheiro.
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Comentários:
A Alternativa A está correta. O disposto está de acordo com a jurisprudência do STF: "Assim, eventual
coincidência temporal entre o recebimento indireto de vantagem indevida, no campo da corrupção passiva,
e a implementação de atos autônomos de ocultação, dissimulação ou integração na lavagem, não autoriza o
reconhecimento de crime único se atingida a tipicidade objetiva e subjetiva própria do delito de lavagem”.
(STF. 2ª Turma. HC 165036, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 09/04/2019).
A Alternativa B está incorreta. Enquanto o STJ entende que se a lei não faz restrições quanto à espécie de
voo que enseja a aplicação da majorante, não cabe ao intérprete restringir a aplicação do dispositivo legal,
sendo irrelevante que o transporte seja clandestino ou regular. (STJ. 5ª Turma. HC 390.899/SP, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 23/11/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1850255/SP, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 26/05/2020). O STF já entendeu que a aplicação da majorante prevista no Artigo 334, §
3º, do Código Penal, é necessária a condição de clandestinidade (atuação do imputado no sentido de
dificultar a fiscalização estatal). (STF. Plenário. HC 162553 AgR/CE, relator Min. Edson Fachin, redator do
acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/9/2021 - Info 1030). Há, aqui, inversão do entendimento dos
tribunais, razão pela qual a alternativa está incorreta.
A Alternativa C está correta. O crime de associação para o tráfico exige o elemento subjetivo especial do tipo
(ou dolo específico) de cometer os crimes do Artigo 33, caput e § 1º (trafico e tráfico equiparado) e Artigo
34 (maquinário), da Lei nº 11.343/2006. No mais, caso uma associação de 3 pessoas se dê para praticar tanto
os crimes do Artigo 33, caput e § 1º (trafico e tráfico equiparado) e Artigo 34 (maquinário) em conjunto com
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outros crimes, nada obsta o reconhecimento da associação para o tráfico em concurso com o crime de
associação criminosa do art. 288, Código Penal. Vale destacar que não há aplicação da Lei nº 12.850/2013,
considerando que não há o cumprimento do requisito numérico de 4 pessoas para que se tipifique o crime
de organização criminosa.
A Alternativa D está correta. O Plenário do STF decidiu que, para a atuação do Ministério Público em relação
aos crimes contra a ordem tributária e contra a Previdência Social, é necessário o esgotamento do processo
administrativo fiscal para constituição e cobrança do crédito tributário. A decisão se deu no julgamento da
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4980.
A Alternativa E está correta. Apesar de inquéritos policiais, ações penais em curso ou procedimentos
administrativos fiscais não servirem para configurar antecedentes criminais, conforme determina a Súmula
444 do STJ, podem servir como indicativos para a reiteração delitiva, apto a afastar a incidência do princípio
da insignificância.
Promotor
45. (MPBA/Cebraspe/2023) Acerca do concurso de agentes no direito penal, assinale a opção correta.
a) Para a configuração do concurso de agentes, é necessária a pluralidade de participantes e de condutas, a
relevância causal de cada conduta e a unidade de tipificação penal, sendo dispensável liame subjetivo.
b) Para a caracterização do delito de associação criminosa inserido em contexto societário, é desnecessário
que a denúncia contenha a descrição da predisposição comum de meios para a prática de uma série
indeterminada de delitos e uma continua vinculação entre os associados com essa finalidade.
c) A autoria mediata é incompatível com o crime culposo.
d) A teoria do domínio do fato funciona como uma ratio para aferir a existência do nexo de causalidade entre
o crime e o agente e serve de fundamento para considerar que houve participação no crime em razão da
posição de gestor, diretor ou sócio administrador de empresa ou organização.
e) A autoria mediata é incompatível com o crime próprio.
Comentários
Concurso de pessoas é a denominação dada pelo Código Penal às hipóteses em que duas ou mais pessoas
envolvem-se na prática de uma infração penal. Essa cooperação na realização do fato típico pode ocorrer
desde a elaboração intelectual até a consumação do delito.
A maior parte dos crimes previstos na legislação brasileira são unissubjetivos, que são aqueles que podem
ser praticados por uma só pessoa. Acontece que nada obsta a que duas ou mais pessoas se unam para
perpetrar este tipo de delito, sendo por isso também chamados de crime de concurso eventual. Por outro
lado, há crimes cujo tipo penal exige a pluralidade de sujeitos ativos como requisito típico.
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(I) pluralidade de agentes culpáveis: quando se fala em concurso de pessoas, são necessários, pelo menos,
dois agentes. Pode haver coautoria, na qual todos os agentes praticam condutas principais, ou participação,
na qual o autor pratica a conduta principal e o partícipe pratica uma conduta acessória.
(II) relevância causal das condutas: no concurso de pessoas, há dois ou mais agentes, cada qual praticando
uma conduta, que irão se somar para a produção do resultado final. No entanto, não há concurso de pessoas
quando ocorre a participação inócua, na qual a conduta de um agente em nada influiu para a ocorrência do
crime.
(III) vínculo subjetivo: é a vontade de concorrer para o crime de terceiro. Ausente o vínculo subjetivo,
desaparece o concurso de pessoas e surge a autoria colateral. Para a maioria da doutrina, basta o liame
unilateral.
(IV) unidade de infração penal para todos os agentes: regra geral, o concurso de pessoas adota a teoria
unitária/monista, segunda a qual todos os que concorrem para o crime responderão por ele. No entanto,
existem alguns crimes em que se aplica a teoria pluralista no concurso de pessoas, configurando uma
situação em que dois ou mais agentes colaboram para a produção do mesmo resultado, mas respondem por
crimes diversos (ex: concurso de pessoas entre uma gestante e um médico que realiza o aborto – a gestante
irá responder pelo crime de aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento, e o médico irá
responder pelo crime de aborto provocado por terceiro).
(V) existência de fato punível: não basta a pluralidade de agentes e o vínculo subjetivo, sendo necessário que
seja praticado um crime ou uma contravenção.
Uma das questões a ser resolvida diante do fenômeno da codelinquência é a de como deve ser valorado o
fenômeno delitivo quando participam vários indivíduos. Algumas teorias procuram definir esse complexo
problema da criminalidade coletiva são as seguintes:
1) Teoria unitária: todos os que tomarem parte em um delito devem ser tratados como autores e estarão
incursos nas mesmas penas, inexistindo a figura da participação.
2) Teoria extensiva: igualmente entende não existir distinção entre autores e partícipes, sendo todos os
envolvidos autores do crime. Esta teoria, entretanto, ao contrário da anterior, admite a aplicação de penas
menores àqueles cuja colaboração para o delito tenham sido de menor relevância.
3) Teoria restritiva: distingue autores de partícipes. Autores são os que realizam a conduta descrita no tipo
penal. São os executores do crime pelo fato de seu comportamento se enquadrar no verbo descrito no tipo.
Partícipes, por exclusão, são aqueles que não realizam o ato executório descrito no tipo penal, mas de alguma
outra forma contribuem para a eclosão do delito. Para esta corrente, o mandante e o mentor intelectual,
que não realizarem atos de execução no caso concreto, não serão autores, e sim partícipes da infração penal.
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4) Teoria do domínio do fato: também distingue autores de partícipes, porém, para os adeptos desta
corrente, o conceito de autoria é mais amplo, abrangendo não só aqueles que realizam a conduta descrita
no tipo como também os que têm controle pleno do desenrolar do fato criminoso, com poder de decidir
sobre sua prática ou interrupção, bem como acerca das circunstâncias de sua execução. Por essa corrente,
criada por Hans Welzel, o mandante e o mentor intelectual, por controlarem os comparsas, são também
autores do crime, ainda que não realizem pessoalmente atos executórios.
O legislador penal adotou preponderantemente a teoria restritiva, que diferencia autoria de participação,
haja vista a existência de institutos como os da participação de menor importância (art. 29, §1º) e da
participação impunível (quando o autor não chega a tentar cometer o crime). No entanto, a teoria do
domínio do fato também é dotada de relevância, posto que permite que seja tratado como autor de um
crime o denominado autor mediato, que, embora não realize a conduta típica, desponta ainda assim como
autor do fato, pois manipula terceiro, que não possui capacidade de discernimento, para que este realize a
conduta típica.
Desdobrando acerca de autoria mediata, pode-se afirmar que, nessa hipótese, o agente serve-se de pessoa
sem discernimento ou que esteja com errada percepção da realidade para executar para ele o delito. O
executor é utilizado como instrumento por atuar sem vontade ou sem consciência do que está fazendo e,
por isso, só responde pelo crime o autor mediato. Não existe concurso de agentes entre o autor mediato e
o executor impunível, devido ao fato de faltar o liame subjetivo entre o autor mediato e o executor.
Importante ressaltar que a autoria mediata não é compatível com todas as modalidades de crime. No que
tange ao crime culposo, por exemplo, a doutrina entende pela sua incompatibilidade com a autoria mediata,
haja vista que, nestes, o resultado é produzido de forma involuntária. Portanto, não seria possível que o
agente-mandante se utilizasse de interposta pessoa para cometimento do crime, pois isso exigiria dolo em
sua atuação. Já com relação ao crime próprio, que é aquele em que a lei requer alguma qualidade ou
condição especial do sujeito ativo, é plenamente possível a ocorrência da autoria mediata, desde que a figura
do homem de trás reúna as qualidades ou condições exigidas pelo tipo penal.
A alternativa B está incorreta. O STJ firmou entendimento, no RHC nº 139.465/PA, de que, na denúncia pelo
crime de associação criminosa em contexto societário, o Ministério Público deverá descrever a predisposição
comum de meios para os crimes e o vínculo associativo dos agentes envolvidos, sob pena da peça acusatória
ser considerada inepta.
A alternativa D está incorreta. Conforme a teoria do domínio do fato, autor é a figura central da conduta
típica, servindo para distinguir autores e partícipes. Não se trata de teoria sobre o nexo causal.
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A alternativa E está incorreta. É plenamente possível a ocorrência da autoria mediata nos crimes próprios,
que são aqueles em que a lei requer alguma qualidade ou condição especial do sujeito ativo aqueles em que
a lei requer alguma qualidade ou condição especial do sujeito ativo, desde que o autor mediato reúna as
qualidades ou condições exigidas pelo tipo penal.
Comentários
A multa é uma das três espécies de pena disciplinadas pelo Código Penal, nos termos do art. 32:
I – privativas de liberdade;
II – restritivas de direitos;
III – de multa.
A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada
em dias-multa (art. 49 do Código Penal), podendo ser prevista de forma abstrata ou substitutiva à pena
privativa de liberdade.
Na primeira, a multa é prevista no tipo penal, sendo aplicada diretamente pelo juiz.
Por outro lado, na multa substitutiva ou vicariante (art. 44, § 2º, do Código Penal), inicialmente o juiz aplica
uma pena privativa de liberdade e depois realiza a substituição pela pena de multa:
Art. 44 [...] § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa
ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode
ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
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A multa é fixada pelo juiz por meio de dosimetria que obedece o critério bifásico, isto é, fixando primeiro a
quantidade de dias multa (de 10 até 360) nos termos do art. 49 do Código Penal) e após o valor que será
atribuído a cada dia-multa (art. 49, § 1º, do Código Penal), irá variar de um trigésimo do maior salário mínimo
mensal vigente ao tempo do fato até 5 (cinco) vezes esse salário, observando o juiz a situação econômica do
réu.
A multa poderá ainda ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica
do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo (art.60, § 1º, do Código Penal).
Com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a multa deverá ser paga no prazo de dez dias e
se não for paga, será considerada dívida de valor e deverá ser exigida por meio de execução perante o juiz
da execução penal (art. 51 do Código Penal).
Feitas tais observações sobre o instituto da multa, objeto da cobrança pelo examinador, e passando a análise
da questão, a alternativa correta é a letra E.
A alternativa do item I está incorreta, pois conforme o art. 72 do Código Penal “No concurso de crimes, as
penas de multa são aplicadas distinta e integralmente”, aplicando-se, portanto, a regra do “cúmulo material”
e não da “exasperação”, como ocorre com a pena privativa de liberdade.
A alternativa do item II está incorreta, pois conforme o art. 51 do Código Penal “Transitada em julgado a
sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida
de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
causas interruptivas e suspensivas da prescrição”.
A alternativa do item III está incorreta, pois o tema repetitivo nº 931 do STJ, que foi revisado e dispõe que
nova tese de repercussão geral prevê no seguinte:
Assim, a conclusão que se extrai é a de que o inadimplemento da pena de multa pelo sentenciado obstará a
extinção da sua punibilidade, salvo se ele comprovar a impossibilidade de pagar. O STF também tem
entendimento de que, em regra, o inadimplemento da pena de multa obsta o reconhecimento da extinção
da punibilidade.
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b) A reincidência aumenta o prazo para a progressão de regime nos crimes hediondos e interrompe a
prescrição da pretensão punitiva, se posterior à condenação.
c) Para validar a existência de maus antecedentes e reincidência não basta a juntada da folha de
antecedentes criminais, mostrando-se necessária a apresentação de certidão cartorária da condenação
anterior.
d) O instituto da reincidência é constitucional e não gera a ocorrência de bis in idem, de maneira que a
condenação passada pode servir como maus antecedentes e, ao mesmo tempo, como agravante da
reincidência.
e) A reincidência tem como consequência a vedação à concessão do livramento condicional nos crimes
hediondos ou equiparados e no tráfico de pessoas.
Comentários
A reincidência está prevista no art. 63 do Código Penal: “Verifica-se a reincidência quando o agente comete
novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado
por crime anterior”.
A doutrina no mesmo sentido, indica que: “Reincidente é quem pratica um crime após ter transitado em
julgado sentença que, no País ou no estrangeiro, condenou-o por crime anterior, enquanto não houver
transcorrido cinco anos do cumprimento ou da extinção da pena” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal
Comentado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 278).
A reincidência possui natureza jurídica de circunstância agravante de pena a ser utilizada na 2ª fase do
procedimento de dosimetria da pena privativa de liberdade.
Sobre o instituto, o STJ e o STF tem posicionamentos muito importantes a serem memorizados:
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Conforme a redação do art. 63 do Código Penal “verifica-se a reincidência quando o agente comete novo
crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por
crime anterior”.
Não há necessidade de homologação do STJ, o que se percebe da leitura do texto legal, razão pela qual a
alternativa está correta.
A alternativa B está incorreta, pois o art. 117, VI, do Código Penal prevê que se interrompe o curso da “pela
reincidência”. Entretanto, essa hipótese se refere à prescrição da pretensão executória, e não punitiva. No
mais, o artigo 112 da LEP efetivamente traz prazos mais rígidos para progressão de regime em caso de
reincidentes em crimes hediondos.
A alternativa C está incorreta, pois a Súmula nº 636 do STJ estabelece que “a folha de antecedentes criminais
é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência”.
A alternativa D está incorreta, pois está em contrariedade com o teor da Súmula nº 421 do STJ, que
estabelece que “A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial”.
A alternativa E está incorreta, pois a reincidência que veda a concessão do livramento é em relação aos
crimes hediondos com resultado morte, nos termos do art. 112, VI, VII e VIII, da LEP, além da reincidência
específica, nos termos do artigo 83, V, do CP, e não em relação a qualquer reincidente em crime hediondo.
Comentários:
A alternativa A está correta. O STJ entende ser possível a compensação da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência, por exemplo, tendo a tese sido firmada em sede de recurso
repetitivo:
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Comentários
A pena prevista para o crime de lesão corporal culposa praticada na direção de é de detenção de seis meses
a dois anos e de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor. Não seria possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, uma
vez que o agente não pode ser reincidente em crime doloso, como dispõe o art. 44, inciso II do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
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c) Natureza e quantidade de droga não podem ser utilizadas, concomitantemente, na primeira e na terceira
fase da dosimetria da pena, sob pena de bis in idem.
d) Não se admite compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Na segunda fase, parte-se da pena intermediária para a estipulação da pena
intermediária. Esta deve observar a adstrição aos limites mínimo e máximo da sanção abstratamente
cominada ao delito. É o que determina a Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça:
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo
legal.
A alternativa B está incorreta. Quando a confissão espontânea for utilizada para a formação do
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. O STJ
possui enunciado a respeito, a Súmula 545:
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
Para deixar mais claro, ainda que a confissão seja parcial, se o juiz fundamentar a condenação com base nela,
o indivíduo fará jus à incidência da atenuante. De igual forma, se o agente posteriormente se retratar e,
mesmo assim, for um dos elementos utilizados na sentença. Portanto, a confissão espontânea realizada
perante a autoridade policial pode atenuar a pena, ainda que o agente se retrate perante o juiz, desde que
este a utilize como elemento de convencimento para a condenação. É o que decidiu recentemente o STJ:
“(...) 4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial, seja
utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço. Súmula 545 do
STJ. (...)” (STJ, HC 433722/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/05/2018).
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pacificou entendimento de que a natureza e a quantidade da droga não podem ser utilizadas,
concomitantemente, na primeira e na terceira fase da dosimetria da pena, sob pena de bis in
idem.(...)(HC 305.627/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 10/12/2015, DJe 16/12/2015)
A alternativa D está incorreta. O STJ pacificou, no âmbito da própria Corte, que a compensação é possível,
ao julgar recurso especial representativo da controvérsia:
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Se for reincidente o condenado a quem se imponha reclusão de até 4 (quatro)
anos, o juiz fixará na sentença o regime fechado para início do cumprimento da pena, ou o regime
semiaberto, se favoráveis as circunstâncias judicias, nos termos do enunciado da Súmula nº 269 do STJ:
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judicias.
A alternativa B está correta. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento no julgamento do caso
Bateau Mouche:
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de que resultou o sinistro. (...) (HC 70362, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira
Turma, julgado em 05/10/1993, DJ 12-04-1996 PP-11072 EMENT VOL-01823-01 PP-00097 RTJ
VOL-00159-01 PP-00132)
A alternativa C está incorreta. No concurso de duas ou mais causas de aumento ou de diminuição previstas
na Parte Especial, promoverá o juiz, a incidência de só um aumento ou de uma só diminuição, prevalecendo
a que mais aumente ou mais diminua. Não ocorre isso, portanto, “em qualquer caso”. Esta escolha será feita
pelo juiz da causa, nos termos do parágrafo único do art. 68 do Código Penal:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.
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Comentários:
Comentários:
A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea
para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
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É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
54. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
Em relação à dosimetria, segundo consta no entendimento da Súmula 443 do Superior Tribunal de Justiça, o
aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado não exige fundamentação
efetiva, sendo suficiente para sua exasperação a indicação da quantidade de majorantes.
Certo
Errado
Comentários:
A assertiva está errada. O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação efetiva. Este é o entendimento consolidado por meio Súmula 443 do STJ:
55. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
A Súmula Vinculante 26 do Supremo Tribunal Federal, dispõe que para efeito de livramento condicional no
cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072/90 (Crimes Hediondos), sem prejuízo de avaliar se o
condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para
tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
Certo
Errado
Comentários:
A assertiva está errada. A Súmula Vinculante 26, dispõe a respeito de progressão de regime no cumprimento
de pena por crime hediondo e não de livramento condicional. Vejamos:
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Comentários
A questão exigia conhecimento da letra da lei. A alternativa A traz como parâmetro para a substituição da
pena privativa de liberdade o quantum de 2 anos, enquanto a lei estabelece o marco em 1 ano (artigo 44, §
2º, do CP).
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d) O juiz não poderá declarar extinta a pena enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que
responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
Comentários
Nos casos de condenação por crime hediondo, salvo se o condenado for reincidente específico, devem ser
cumpridos 2/3 (dois terços) da pena, nos termos do artigo 83, inciso V, do CP:
(...)
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática
de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
58. (INSTITUTO AOCP - 2022 - MPE-MS - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Tício foi preso
preventivamente durante uma operação de combate à corrupção e processado pelo crime de corrupção
ativa, ficando preso provisoriamente por 10 (dez) meses. Posteriormente, após recursos da defesa em
Tribunais Superiores, restou absolvido de todas as acusações penais. No ano seguinte, voltou à
administração pública sendo novamente preso em investigação por corrupção ativa e peculato, tendo a
sentença condenatória transitado em julgado desta vez. A defesa de Tício, então, entra com um pedido
para a inclusão na contagem do tempo de pena cumprido, os dez meses nos quais ficou preso no caso
anterior, do qual foi plenamente absolvido, pois, com o tempo já cumprido neste e no caso anterior, já
teria direito à liberdade. Como Promotor de Justiça do caso, você
a) concorda com o pedido, pois o condenado efetivamente cumpriu a pena estipulada, sendo que o tempo
anterior não poderia ser desconsiderado por uma questão de Justiça, de acordo com os Tratados
Internacionais de Direitos Humanos.
b) concorda em parte com o pedido, somente podendo ser feita a detração no caso de crimes iguais, devendo
apenas ser considerada na pena da corrupção ativa e não no peculato, devendo ser feito novo cálculo de
pena descontando-se somente quanto à pena da corrupção ativa.
c) não concorda com o pedido, pois o instituto da detração penal de crimes anteriores somente seria possível
nos casos de penas provisórias cumpridas no estrangeiro.
d) concorda, uma vez que não precisa haver ligação entre o fato criminoso praticado, a prisão preventiva e
a pena, devendo ser computado o tempo total como detração penal.
e) não concorda, fundamentando no fato de que não se pode aplicar a detração penal em relação a delitos
cometidos posteriormente à custódia cautelar.
Comentários
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A aplicação instituto da detração penal somente é possível em processos relativos a crimes cometidos
anteriormente ao período de prisão provisória a ser computado. Não se aplica a detração em relação aos
delitos praticados após a prisão provisória que se pretende ver computada. O tempo que a pessoa ficou
presa provisoriamente antes de cometer o segundo delito não poderá ser utilizado para descontar a pena
desse segundo crime, sob pena de se formar a chamada caderneta de poupança de pena (STJ. 5ª Turma. HC
178894-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/11/2012).
Anota-se, ainda que Informativo 758/2022 do STJ dispõe que o período de recolhimento obrigatório noturno
e nos dias de folga, por comprometer o status libertatis, deve ser objeto de detração, em homenagem aos
princípios da proporcionalidade e do non bis in idem, sendo que o monitoramento eletrônico associado,
atribuição do Estado, não é condição indeclinável. As horas de recolhimento devem ser convertidas em dias.
Se no cômputo total remanescer período menor que vinte e quatro horas, essa fração de dia deverá ser
desprezada.
Detração penal dá efetividade ao princípio basilar da dignidade da pessoa humana e ao comando máximo
do caráter ressocializador das penas, que é um dos principais objetivos da execução da pena no Brasil.
Analisando o caso prático, conclui-se que não se pode aplicar a detração penal em relação a delitos
cometidos posteriormente à custódia cautelar. Portanto, a Alternativa E é a correta.
59. (INSTITUTO AOCP - 2022 - MPE-MS - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Quanto à questão da
vítima no Direito Penal, é correto afirmar que
a) a vitimodogmática, ao separar a figura da vítima no Direito Penal, consolidou o movimento de separação
da dogmática penal e da vítima, fruto da sistematização teórica do direito penal baseada na relação estado-
delinquente.
b) vítima coletiva: consiste na vítima cuja singular fragilidade resulte, especificamente, de sua idade, do seu
gênero, do seu estado de saúde ou de deficiência, bem como do fato de o tipo, o grau e a duração da
vitimização terem resultado em lesões com consequências graves no seu equilíbrio psicológico ou nas
condições de sua integração social.
c) o Ministério Público deverá pleitear, de forma expressa, no bojo dos autos, a fixação de valor mínimo para
reparação dos danos materiais, morais e psicológicos, causados pela infração penal ou ato infracional, em
prol das vítimas diretas, indiretas e coletivas.
d) o Promotor de Justiça Criminal deve deixar para o Promotor de Justiça especializado o pleito de reparação
civil, focando na acusação penal.
e) cabe à Defensoria Pública e não ao Ministério Público a atuação funcional na defesa das vítimas e busca
de suas reparações dos danos materiais, morais e psicológicos.
Comentários
Para resolução da questão, é necessário observar o papel do Ministério Público no acolhimento dos
interesses da vítima, tendo sido cobrado conhecimento relacionado ao Direito Penal e à Criminologia.
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É possível que o Ministério Público ou o ofendido pleiteie reparação de danos no processo penal, tendo em
vista que o próprio Código de Processo Penal, no Artigo 387, inciso IV, prevê que, ao ser proferida sentença,
o juiz "fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido", contudo, é necessário pedido expresso e formal.
Nesse sentido, “a fixação de valor mínimo para reparação dos danos materiais causados pela infração exige,
além de pedido expresso na inicial, a indicação de valor e instrução probatória específica, de modo a
possibilitar ao réu o direito de defesa com a comprovação de inexistência de prejuízo a ser reparado ou a
indicação de quantum diverso”. (STJ - AgRg no REsp: 1724625 RS 2018/0036605-5, Relator: Ministro RIBEIRO
DANTAS, Data de Julgamento: 21/06/2018, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 28/06/2018).
Ainda, o Artigo 9º, da Resolução nº 243/2021 do CNMP, que dispõe sobre a política institucional de proteção
integral e de promoção de direitos e apoio às vítimas, assim dispõe que, “O Ministério Público deverá
pleitear, de forma expressa, no bojo dos autos, a fixação de valor mínimo para reparação dos danos
materiais, morais e psicológicos, causados pela infração penal ou ato infracional, em prol das vítimas diretas,
indiretas e coletivas”.
60. (INSTITUTO AOCP - 2022 - MPE-MS - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Assinale a alternativa
INCORRETA.
a) O Promotor de Justiça, em suas alegações finais, pode e deve se manifestar sobre a dosimetria da pena e
quanto ao regime prisional, inclusive apelando ou opondo embargos quanto a esses temas quando for o
caso.
b) A dosimetria da pena é matéria sujeita à certa discricionariedade judicial, à míngua de previsão, no Código
Penal, de rígidos esquemas matemáticos ou regras absolutamente objetivas para a fixação da pena.
c) Não há bis in idem na incidência da agravante genérica do art. 61, II, f 226 (com abuso de autoridade ou
prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a
mulher na forma da lei específica), concomitantemente com a causa de aumento de pena do art. 226, II, (se
o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor
ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela) ambas do CP, no crime de
estupro.
d) É possível o reconhecimento da atenuante de confissão espontânea ao delito de tráfico de drogas, quando
o réu, em interrogatório judicial, confessa a destinação da droga apreendida para uso próprio.
e) A invocação da natureza e da quantidade da droga, como fundamento da exasperação da pena-base,
configura vetor suficiente a justificar a fixação da reprimenda acima do mínimo legal, tendo em conta o
disposto no art. 42 da Lei nº 11.343/2006.
Comentários
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A Alternativa A está correta. A dosimetria da pena e o regime prisional fazem parte do mérito do processo
penal. Portanto, o Promotor de Justiça, que deve zelar pela boa aplicação da lei, tem o dever de se manifestar
acerca dessas matérias, inclusive por ser decorrência lógica do pedido de condenação a pena privativa de
liberdade.
A Alternativa B está correta. A dosimetria da pena é matéria sujeita a certa discricionariedade judicial, à
míngua de previsão, no Código Penal, de rígidos esquemas matemáticos ou regras absolutamente objetivas
para a fixação da pena (STF, HC 215168 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em
06/06/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-112 DIVULG 08-06-2022 PUBLIC 09-06-2022).
A Alternativa C está correta. Nesse sentido, vale análise de julgado recente do STJ: “Não caracteriza bis in
idem a utilização da agravante genérica prevista no art. 61, II, f, do Código Penal e da majorante específica
do art. 226, II, do Código Penal, tendo em vista que a circunstância utilizada pelo Tribunal de origem para
agravar a pena foi a prevalência de relações domésticas no ambiente intrafamiliar e para aumentá-la na
terceira fase, em razão da majorante específica, utilizou-se da condição de padrasto da vítima, que são
situações distintas.” (REsp 1645680/RS, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
14/02/2017, DJe 17/02/2017)”.
A Alternativa D está incorreta. Estabelece a Súmula 630 do STJ que “A incidência da atenuante da confissão
espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado,
não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio”.
A Alternativa E está correta. Nesse sentido, “a jurisprudência desta Corte [STF] entende que a invocação da
natureza e da quantidade da droga, como fundamento da exasperação da pena-base, configura vetor
suficiente a justificar a fixação da reprimenda acima do mínimo legal, tendo em conta o disposto no art. 42
da Lei 11.343/2006. Precedentes (STF, HC 215168 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em
06/06/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-112 DIVULG 08-06-2022 PUBLIC 09-06-2022).
61. (PGR - 2022 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA) “A” REMETE PARA O RIO DE JANEIRO, DE
AMSTERDÃ/HOLANDA, APROXIMADAMENTE 800 (OITOCENTOS) GRAMAS DA SUBSTÂNCIA
ENTORPECENTE MDMA (3,4-METILENODIOXI- METANFETAMINA), CONHECIDA COMO “ECSTASY”,
EQUIVALENTE A 3.163 COMPRIMIDOS, APROXIMADAMENTE, ACONDICIONADOS EM EMBALAGEM
PLÁSTICA CAMUFLADA NO INTERIOR DE UMA CAIXA DE SOM, COM O FITO DE EVITAR A FISCALIZAÇÃO
DAS AUTORIDADES, QUE RESTOU, CONTUDO, APREENDIDA POR SERVIDORES DOS CORREIOS LOTADOS
NO AEROPORTO INTERNACIONAL DO RIO DE JANEIRO. “A” EMBARCOU DIAS DEPOIS PARA O RIO DE
JANEIRO, TENDO SIDO IDENTIFICADO COMO AUTOR DO FATO PORQUE AS SUAS DIGITAIS FORAM
ENCONTRADAS NO INTERIOR DA TAMPA DOS AUTOFALANTES DA CAIXA DE SOM E NA FITA ADESIVA QUE
EMBALOU O “ECSTASY”, CONFORME O LAUDO PERICIAL PAPILOSCÓPICO, COMPROVANDO-SE QUE ELE
PARTICIPOU DA OPERAÇÃO DE DESMONTAGEM E REMONTAGEM DA MENCIONADA CAIXA DE SOM ONDE
ESTAVA A DROGA DESPACHADA DA HOLANDA PARA O BRASIL. DIANTE DESSES FATOS, NOS TERMOS DA
JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES (STF E STJ), É INCORRETO AFIRMAR:
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a) Não ocorre bis in idem quando a quantidade e a qualidade da droga despachada por “A” para o Brasil são
valoradas para a exasperação da pena-base, pois são circunstâncias judiciais preponderantes sobre aquelas
do Código Penal, e depois são valoradas para fundamentar a fixação do regime inicial de cumprimento de
pena mais gravoso.
b) A qualidade e quantidade de entorpecente apreendida, bem como a circunstância do delito, ou seja, o
fato da droga estar embalada e escondida em compartimento oculto, que dificulta a sua localização pelas
autoridades brasileiras, autorizam a elevação da pena-base imposta contra a “A”.
c) A quantidade e qualidade da droga apreendida, em razão da conduta realizada por “A”, se apresentam
suficientes para o afastamento do redutor do tráfico privilegiado, sendo desnecessário demonstrar a
dedicação do réu à prática de atividades ilícitas ou a sua participação em organização criminosa.
d) A qualidade da droga objeto da ação criminosa de “A” se afigura como circunstância preponderante sobre
as demais previstas no Código Penal, podendo justificar a elevação da pena-base, não configurando bis in
idem essa aferição com a escolha da fração mínima do redutor do tráfico privilegiado em razão da quantidade
da droga apreendida.
Comentários
A Alternativa A está correta. O entendimento pacificado do STJ é no sentido de: “Cumpre registrar, que é
entendimento pacificado nesta Corte que inexiste bis in idem quando a quantidade e a natureza da droga
são consideradas para afastar a minorante ou modulá-la e, logo depois, no momento da fixação do regime
inicial do cumprimento da reprimenda”. (STJ: AgRg no AREsp 670.161/MG, DJe 26/05/2017). O próprio artigo
59 do CP determina que as circunstâncias judiciais sejam analisadas para fixação da pena-base e do regime
inicial de cumprimento de pena.
A Alternativa B está correta. Nesse sentido, estabelece o Artigo 42, da Lei nº 11.343/2006, que “O juiz, na
fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza
e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente”. As circunstâncias
em que praticado o delito são também uma circunstância judicial prevista no artigo 59 do CP.
A Alternativa C está incorreta. Entende-se que configura constrangimento ilegal o afastamento do tráfico
privilegiado e da redução da fração de diminuição de pena por presunção de que o agente se dedica a
atividades criminosas, derivada unicamente da análise da natureza ou da quantidade de drogas apreendidas
(STJ. 5ª Turma. REsp 1.985.297-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 29/03/2022 - Info 731).
A Alternativa D está correta. Não configura bis in idem a menção à quantidade da droga para exasperar a
pena-base (no caso, 19 kg) e à sua natureza (maconha) para justificar a escolha da fração de diminuição da
reprimenda na terceira etapa da dosimetria. Em outras palavras, é possível “separar”: quantidade para uma
fase e natureza para a outra. (STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 442.748/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 07/08/2018).
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62. (PGR - 2022 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA) COM RELAÇÃO ÀS PENAS RESTRITIVAS DE
DIREITOS, PREVISTAS NO CÓDIGO PENAL E NA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL, ASSINALE A ASSERTIVA
INCORRETA:
a) A pena de limitação de final de semana, assim como as demais penas restritivas de direitos, somente pode
ser executada depois do trânsito em julgado da condenação, de acordo com a jurisprudência sumulada do
STJ.
b) A pena de prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou à
entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a um salário
mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos, não podendo ser deduzido do montante de
eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
c) A pena de prestação de serviço à comunidade, prevista na Lei n. 9.605/1993, consiste na atribuição ao
condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de
dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.
d) A pena de perda de bens e valores pertencentes ao condenado, dar-se-á, ressalvada a legislação especial,
em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto, o que for maior, o montante do
prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime.
Comentários
A Alternativa A está correta. O entendimento da Súmula 643 do STJ é o de que a execução da pena restritiva
de direitos depende do trânsito em julgado da condenação.
A Alternativa B está incorreta. Dispõe o Artigo 45, §1°, do Código Penal que a prestação pecuniária consiste
no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação
social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e
sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de
reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
A Alternativa C está correta. Trata-se do entendimento do Artigo 9º, da Lei 9.605/98, que observa que a
prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a
parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou
tombada, na restauração desta, se possível.
E, por fim, a Alternativa D está correta. Nos termos do Artigo 45, § 3º, do Código Penal, temos que a perda
de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo
Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou
do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime.
Defensor
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Após ter cumprido a metade da pena por crime não hediondo, um indivíduo reincidente obteve livramento
condicional pelo período de cinco anos. Faltando dois anos para a reaquisição integral da liberdade, ele foi
denunciado pela suposta prática de homicídio que teria sido praticado durante o período de prova do
livramento condicional.
Nesse caso,
a) haverá a revogação obrigatória e imediata do livramento condicional.
b) haverá a revogação facultativa do livramento condicional.
c) ao final do livramento condicional em gozo, não ocorrendo decisão definitiva no novo processo, haverá
extinção da pena pelo cumprimento.
d) ao final do livramento condicional em gozo, não havendo decisão definitiva, deverá o livramento
condicional ser prorrogado até o trânsito em julgado no novo processo.
Comentários
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. No caso em que o agente cometa crime na vigência
do livramento, há a prorrogação do período de prova até o julgamento definitivo, o que impede o juiz de
julgar extinta a pena. É o que se compreende por meio da leitura do art. 89 do Código Penal, que dispõe:
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença
em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
Comentários:
A alternativa B está correta. Conforme o art. 39 do Código Penal, o trabalho do preso sempre será
remunerado e sempre lhe serão garantidos os benefícios da Previdência Social. Vejamos:
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b) na modalidade prestação de serviços, pode ser substitutiva de qualquer pena privativa de liberdade igual
ou inferior a quatro anos.
c) admite exclusivamente as modalidades de prestação pecuniária, perda de bens e valores, limitação de fim
de semana e prestação de serviço à comunidade ou entidade pública.
d) converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição
imposta.
e) só pode ser aplicada a condenados primários.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A pena restritiva de direito na modalidade perda de bens e valores
pertencentes ao condenado dar-se-á em favor do Fundo Penitenciário Nacional, conforme dispõe o § 3º do
art. 45 do Código Penal:
Art. 45. § 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a
legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que
for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro,
em consequência da prática do crime.
A alternativa B está incorreta. A prestação de serviços, pode ser substitutiva de qualquer pena privativa de
liberdade superior a seis meses, como dispõe o art. 46 do Código Penal:
A alternativa C está incorreta. Dentre as modalidades mencionadas, observa-se que faltou a interdição
temporária de direitos. Os incisos do art. 43 do Código Penal elenca o rol das modalidades, vejamos:
I - prestação pecuniária;
A alternativa D está correta. O art. 44, § 4º do Código Penal traz esta previsão nos exatos termos da
alternativa:
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Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
A alternativa E está incorreta. O art. 44, § 3º do Código Penal prevê a possibilidade de aplicação de pena
restritiva de direitos ao condenado reincidente, nos seguintes termos:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha
operado em virtude da prática do mesmo crime.
Comentários:
O Item I está incorreto. Crimes políticos são aqueles que se voltam contra a ordem política, devendo estar
presente a motivação política do agente. No caso do Direito Penal brasileiro, estão previstos nos Crimes
contra o Estado Democrático de Direito.
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O Item II estava correto. De acordo com entendimento dos tribunais superiores à época, o porte de
entorpecentes para consumo geraria reincidência, por ter a natureza de crime.
Hoje a questão seria controversa. O STF tem jurisprudência, até então, considerando que a conduta não foi
descriminalizada, só teria sido despenalizada. O STJ, entretanto, tem entendido que referida conduta não
gera reincidência. Matéria a ser vista no estudo da legislação penal especial.
O item III está incorreto. Para o cálculo de período depurador de cinco anos, computa-se o período de sursis
e do livramento condicional.
O item V está correto. Para fazer prova da reincidência basta a informação constante da folha de
antecedentes. Este tem sido o entendimento do STJ.
Comentários:
Em regra, a progressão da pena depende do cumprimento de 1/6 (um sexto da pena), além do mérito do
sentenciado. Entretanto, no caso de crimes hediondos e equiparados, a fração passa a ser de 2/5 (dois
quintos), se o executado for primário, ou de 3/5 (três quintos), se reincidente, nos termos do artigo 2º, § 2º,
da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).
O crime de tráfico privilegiado não é considerado hediondo e, por isso, submete-se ao prazo dos crimes
comuns.
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Comentários:
A alternativa A está incorreta. Os atos infracionais não geram reincidência, e também não são considerados
maus antecedentes. Este entendimento tem sido firmado pelo STJ:
A alternativa B está incorreta. De acordo com o STJ, os antecedentes criminais não podem aumentar a pena-
base acima do mínimo legal com o registro decorrente da aceitação de transação penal pelo acusado.
Vejamos:
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A alternativa C está incorreta. O STJ por meio do enunciado da Súmula nº 144, firmou o entendimento que:
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
A alternativa D está correta. É o que dispõe o art. 44, III do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
A alternativa E está incorreta. Os maus antecedentes são utilizados para a fixação da pena base, sendo
consideradas circunstâncias judiciais. São circunstâncias judiciais: a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e as consequências do crime e o
comportamento da vítima. Estão estipuladas no artigo 59, do Código Penal, notadamente no que se refere
ao previsto no inciso II:
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
Comentários:
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A alternativa A está incorreta, pois, a pena restritiva de diretos pode substituir a privativa de liberdade em
caso de crime culposo, qualquer que seja a pena aplicada. Se o condenado for reincidente, deverão ser
observados os requisitos legais previsto no § 3º do art. 44 do Código Penal. Os requisitos para a substituição
da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos foram trazidos pelo legislador no artigo 44 do
Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por
uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3oSe o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face
de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se
tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução
penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado
cumprir a pena substitutiva anterior.
A alternativa B está incorreta. O Código Penal e a Lei de Execução Penal não fazem qualquer restrição.
A alternativa C está incorreta. A pena de prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra
natureza, com concordância da vítima, conforme dispõe o § 2 o do art. 45 do Código Penal:
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e
dos arts. 46, 47 e 48.
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A alternativa D está correta. A pena de prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em tempo
menor do que a pena privativa de liberdade substituída, se esta for superior a um ano, como determina o
art. 46, em seu § 4º do Código Penal:
A alternativa E está incorreta. A pena restritiva de direitos não pode ser cumulada com medida de segurança,
pois no Brasil vigora o sistema vicariante, sendo assim, não possível a imposição cumulativa ou sucessiva de
pena e medida de segurança.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. De acordo com o enunciado da Súmula 439 do STJ, o exame criminológico não
é obrigatório na progressão do regime. Vejamos:
Súmula 439
Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.
A alternativa B está incorreta. Em regra, a progressão da pena depende do cumprimento de 1/6, além do
mérito do sentenciado.
A alternativa C está incorreta. O marco inicial para futuras progressões será a data em que o apenado
preencher os requisitos legais, conforme entendimento do STF e STJ. Vejamos um acórdão neste sentido:
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(...)(HC 414.156/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 21/11/2017, DJe
29/11/2017)
A alternativa D está correta. A regra geral é a exigência de 1/6 de pena cumprida. Quanto ao delito hediondo,
o art. 2º da Lei 8072/90 prevê:
Art. 2 § 2º - A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo,
dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5
(três quintos), se reincidente.
Comentários:
A alternativa A está correta. O artigo 33, caput e § 1º, do Código Penal prevê os regimes de cumprimento de
pena e o local de cumprimento:
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Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado.
§ 1º - Considera-se:
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Em regra, o condenado a pena privativa de liberdade superior a 8 (oito) anos
iniciará o seu cumprimento no regime fechado, conforme dispõe o art. 33, § 2º, alínea a do Código Penal:
Art. 33. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,
segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
A alternativa B está incorreta. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto e
aberto, de acordo com o caput do art. 33 do Código Penal:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado.
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A alternativa C está incorreta. A execução da pena em regime fechado deverá ocorrer exclusivamente em
estabelecimento de segurança máxima ou médica, como preceitua o art. 33, § 1º, alínea a:
Art. 34. § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.
A alternativa E está incorreta. O condenado que cumpre a pena no regime semiaberto, durante o dia, deve
trabalhar em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar., como dispõe o art. 35,§ 1º,do Código
Penal:
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o
cumprimento da pena em regime semi-aberto.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Bruno fará jus ao livramento condicional, mesmo com a condenação em crime
equiparado a hediondo, nos termos do art. 83, inciso V do Código Penal:
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V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática
de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
A alternativa B está incorreta. A prática de falta grave, no curso do cumprimento da pena privativa de
liberdade, não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional. Cuida-se de entendimento já
sumulado pelo STJ, referente ao enunciado nº 441:
A alternativa C está correta. Vale relembrar os requisitos por meio deste quadro:
A banca, de um concurso da defensoria, considerou que, não sendo reincidente (não há informação
específica no enunciado), a ele deve ser aplicado o prazo de 1/3. Há divergências, pois o prazo de 1/3
menciona que o beneficiado deve ser “portador de bons antecedentes”.
A alternativa D está incorreta. Por ser hipossuficiente, André será beneficiado com o livramento condicional
mesmo se não reparar o dano causado em decorrência da prática do furto qualificado, se comprar a
impossibilidade de fazê-lo como determina o inciso IV do art. 83 do Código Penal:
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
A alternativa E está incorreta. André não é reincidente em delito doloso, portanto, atenderá ao requisito
temporal para o livramento condicional após ter cumprido um terço da pena. É o que define o art. 83, inciso
II do Código Penal:
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Comentários:
A alternativa A está incorreta. O erro sobre a ilicitude do fato constitui erro de proibição.
A alternativa B está correta. Na segunda fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias agravantes
e atenuantes. Neste caso, também não há a fixação de uma fração, pela lei, para a diminuição ou o aumento
da pena, sendo que a jurisprudência aponta como utilizável fração de 1/6 (um sexto).
A alternativa C está incorreta. A reincidência, por exemplo, incide sobre os crimes culposos como
circunstância agravante.
A alternativa D está incorreta. A circunstância atenuante referente à senilidade é definida pelo Código Penal,
no art. 65, inciso I:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data
da sentença;
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
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Celso, réu primário, condenado definitivamente por homicídio qualificado, conseguiu livramento
condicional. Durante o cumprimento do livramento condicional, ele foi condenado novamente pelo crime
de roubo, o qual havia sido praticado antes da vigência do benefício.
A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A situação de Celso enseja prorrogação imediata do período de prova do livramento condicional.
b) O livramento condicional não poderá ser novamente concedido a Celso, em razão da reincidência
específica em crimes dolosos.
c) As penas de Celso devem somar-se, para efeito do livramento, quando ocorrer o trânsito em julgado da
sentença condenatória.
d) O período em que Celso ficou em liberdade não será computado na pena.
e) A nova condenação de Celso, independentemente do trânsito em julgado da sentença, resulta na
revogação imediata do benefício de livramento condicional.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A situação de Celso enseja a revogação do livramento condicional, conforme
determina o art. 86, inciso II do Código Penal:
A alternativa B está incorreta. O livramento condicional pode ser novamente concedido a Celso, de acordo
com o art. 141 da Lei de Execução Penal, que dispõe:
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento,
computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida, para
a concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.
A alternativa C está correta. Somam-se as penas para efeito do livramento, conforme art. 84 do Código
Penal:
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.
A alternativa D está incorreta. O período em que Celso ficou em liberdade será computado na pena. É o que
dispõe o art. 84 do Código Penal:
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na
pena o tempo em que esteve solto o condenado.
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Comentários:
A alternativa A está incorreta. Como visto em aula, anteriormente, havia a proibição legal que progressão
de regime para os delitos hediondos e equiparados (“A pena por crime previsto neste artigo será cumprida
integralmente em regime fechado”), o que foi considerado inconstitucional pelo STF. Com isso, os crimes
hediondos e equiparados, cometidos durante o período em que a Lei 8.072/90 proibia a progressão de
regime, passaram a admitir a progressão com o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena, nos termos da
regra geral. Para os delitos hediondos e equiparados cometidos a partir de 28 de março de 2007, a progressão
de regime deve ocorrer nos termos da nova redação do artigo 2, §2º da Lei 8.072/90, dada pela Lei
11.464/2007. Isto porque, ao instituir um regime mais gravoso, a lei não pode retroagir, pois prevê lapsos
temporais maiores que os da regra geral (um sexto). Essa conclusão foi pacificada na Súmula Vinculante 26,
cuja redação não é muito didática:
O STJ também, no âmbito da sua Corte, resolveu elaborar enunciado a respeito da progressão de regime nos
crimes hediondos e equiparados, consistente na Súmula 471:
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A alternativa B está incorreta. O Art. 33, §2º, alínea c, do Código Penal dispõe que o condenado não
reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime
aberto.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde
o início, cumpri-la em regime aberto.
A alternativa C está incorreta. O art. 59 do Código Penal, que prevê as circunstâncias judiciais, dispõe que:
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
A alternativa D está incorreta. Consoante o art. 33, §2º, alíneas b e c, do Código Penal, apenas os condenados
não reincidentes podem iniciar o cumprimento da pena em regime aberto ou semiaberto. Ademais, prevê a
Súmula 269 do STJ ser admissível a adoção do regime semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a quatro anos. Vejamos:
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
A alternativa E está correta. É possível a aplicação do regime inicial semiaberto para pena superior a quatro
anos no caso de réu reincidente, a depender do tempo de prisão provisória cumprida por ele até a sentença.
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É o que dispõe o art. 387, § 2o do Código de Processo Penal (embora não seja dispositivo atinente à nossa
matéria, é importante retratá-la para complementar o assunto de regime de cumprimento de pena):
Comentários:
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
Portanto, não utilizada a confissão perante a autoridade policial para a fundamentação da sentença, não há
entendimento do STJ de que deve ter ocorrido a aplicação da atenuante. A confissão na fase de investigação
será utilizada na dosimetria, mesmo que haja retratação em juízo, caso o juiz dela se utilize para a formação
do seu convencimento:
“(...) 4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial, seja
utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço. Súmula 545 do
STJ. (...)” (STJ, HC 433722/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/05/2018).
Comentários:
“(…) E, se as contravenções penais, puníveis com pena de prisão simples, não geram reincidência,
mostra-se desproporcional o delito do art. 28 da Lei n. 11.343/2006 configurar reincidência,
tendo em vista que nem é punível com pena privativa de liberdade (HC n. 453.437/SP, Ministro
Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 15/10/2018). (…)” (STJ, AgRg no REsp
1778346/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Jr, Sexta Turma, DJe 03/05/2019).
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Comentários
Gabarito: Alternativa E
A alternativa A está incorreta. A limitação de fim de semana é pena restritiva de direitos que pode ser
aplicada em substituição à pena privativa de liberdade, independentemente de se tratar de reclusão ou
detenção.
A alternativa B está incorreta. Não existe vedação à substituição da pena privativa de liberdade em caso de
descumprimento de ANPP.
A alternativa C está incorreta. Nos termos do artigo 46, caput, do CP, a prestação de serviços à comunidade
ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
A alternativa D está incorreta. O artigo 44, § 3º, do CP, prevê que, se o condenado for reincidente, o juiz
poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. Apesar de não
totalmente incorreta, a banca considerou-a assim pela ausência do requisito de não reincidência específica.
A alternativa E está correta. Tratando da prestação de serviços à comunidade, o artigo 46, § 4º, do CP, dispõe
que, se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em
menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.
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c) a prisão evidencia o racismo do sistema penal com sua composição populacional e contribui para sua
reprodução e sustentação.
d) o ideal de prevenção geral da pena foi alcançado com a ampliação da privatização e modernização ampla
do sistema prisional brasileiro.
e) a noção de prisão-depósito representa a realização dos ideais de prevenção especial positiva no penalismo
neoliberal.
Comentários
Gabarito: Alternativa C
A alternativa A está incorreta. Não há redução dos problemas humanitários nas prisões, nem houve maior
transparência nos últimos tempos. Especialmente para quem estuda para Defensoria, é recomendável
conhecer o relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, de 12 de fevereiro de 2021, que
aponta o contrário do que indica a alternativa36.
A alternativa B está incorreta. Não existem muitos programas voltados a condições de vida dos egressos,
não em sentido de se falar em uma prevalência dessa visão.
A alternativa C está correta. Cito o relatório acima mencionado: “A respeito, o Relator Especial do Conselho
de Direitos Humanos da ONU sobre tortura e outros tratamentos ou punições cruéis, desumanos e
degradantes estabeleceu que o alto grau de racismo institucional verificado no Brasil ocasiona que os
afrodescendentes corram um risco significativamente maior de prisão em massa, abuso policial, tortura,
maus-tratos e discriminação nas prisões”.
A alternativa D está incorreta. Não se defende, de forma majoritária, que a prevenção geral foi alcançada,
além de não ter ocorrido a modernização nem a privatização ampla do sistema penitenciário.
A alternativa E está incorreta. A prevenção especial positiva prega que a pena visa à ressocialização do
agente. Deste modo, a imposição das sanções penais teria como objetivo a reinserção do indivíduo na
sociedade, reeducando-o em razão da conduta ilícita praticada para que ele não reincida. Essa concepção
não tem guarida com as prisões-depósito, em que se busca neutralizar o indivíduo lançando-o à prisão ou
simplesmente retribuir ao mal causado, sem interesse em ressocialização.
36
Disponível em: https://www.oas.org/pt/cidh/relatorios/pdfs/Brasil2021-pt.pdf.
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d) Atenua a pena no crime de tráfico de drogas com a mera admissão da posse para uso próprio.
e) Incide na aplicação da pena se comprovado igualmente o arrependimento da prática do crime.
Comentários
Gabarito: Alternativa A
A alternativa A está correta. Ainda que a confissão seja parcial, se o juiz fundamentar a condenação com
base nela, o indivíduo fará jus à incidência da atenuante. De igual forma, se o agente posteriormente se
retratar e, mesmo assim, for um dos elementos utilizados na sentença. Portanto, a confissão espontânea
realizada perante a autoridade policial pode atenuar a pena, ainda que o agente se retrate perante o juiz,
desde que este a utilize como elemento de convencimento para a condenação. É o que tem decidido o STJ:
“(...) 4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial, seja
utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço. Súmula 545 do
STJ. (...)” (STJ, HC 433722/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/05/2018).
A alternativa B está incorreta. A Lei 9.605/98 não possui regras específicas sobre a confissão.
A alternativa C está incorreta. Não há previsão legal de exclusão de natureza hedionda em caso de confissão.
A alternativa D está incorreta. O seu conteúdo contraria o enunciado da Súmula 630 do STJ: “A incidência da
atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da
traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio”.
A alternativa E está incorreta. Não se exige arrependimento para incidência da atenuante da confissão
espontânea.
Delegado
Comentários
O princípio da intranscendência da pena impede que ela se estenda a outras pessoas além do sujeito ativo
do delito. Está previsto no artigo 5º, XLV, da CF:
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XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Como se percebe da leitura do dispositivo, as únicas exceções à intranscendência da pena são a obrigação
de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens, devendo ambas respeitar o limite do patrimônio
transferido quando estendidas aos sucessores.
O item está incorreto. A pena de multa não é exceção à instranscendência da pena. Portanto, a morte do
autor acarreta a extinção da punibilidade.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A teoria correcionalista considera que a pena possui a finalidade de corrigir o
delinquente.
A alternativa B está correta. Para a teoria preventiva geral positiva, a pena visa a demonstrar a todos a
eficácia da lei. Deste modo, as penas são a demonstração de que a norma é eficaz, por estar acompanhada
de uma sanção para o caso de seu descumprimento.
A alternativa C está incorreta. Segundo a teoria absoluta, a finalidade da pena é a punição do agente. A pena
representa a resposta do Estado para aquele que praticou uma infração penal. É a retribuição ou o castigo
que devem ser aplicados a quem violou a norma.
A alternativa D está incorreta. De acordo com a teoria preventiva geral, a pena deve coagir toda a sociedade,
psicologicamente, como também visa a demonstrar a todos a eficácia da lei.
A alternativa E está incorreta. Para a teoria preventiva especial, a pena busca evitar que o agente volte a
delinquir, bem como visa à ressocialização do agente.
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Comentários:
A alternativa A está incorreta. A notícia da prática de infração penal não implica na revogação do livramento
condicional, mas sim a condenação transitada em julgado, de acordo com termos do art. 86 do Código Penal:
A alternativa B está correta. A alternativa refere-se aos exatos termos do art. 90 do Código Penal:
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa
de liberdade.
A alternativa C está incorreta. Não existe nenhuma condição do livramento condicional a saídas temporárias.
A alternativa D está incorreta. O livramento condicional é cabível para pessoas condenadas por crime
hediondo ou cometidos com violência ou grave ameaça contra a pessoa, conforme prevê o art 83, inciso V
do Código Penal:
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática
de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
A alternativa E está incorreta. Livramento condicional é o benefício que consiste na soltura antecipada do
executado, mediante o preenchimento de determinadas condições. No caso de réu não reincidente em crime
doloso e bons antecedentes, o lapso é de um terço. Na hipótese de condenado que seja reincidente em crime
doloso, a fração é de metade da pena. Por fim, no caso de condenados por crime hediondo ou equiparado
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(tráfico de drogas, tortura e terrorismo) e de tráfico de pessoas, a fração é de dois terços, desde que não seja
reincidente específico.
Comentários:
Portanto, a condenação por ato anterior deixa de ensejar a reincidência após o decurso do prazo depurador
a partir do cumprimento ou da extinção da pena, sendo que devem ser computados os períodos de prova da
suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, caso os benefícios não tenham sido revogados.
O prazo é de um lustro, ou seja, de 5 anos. Após o transcurso de referido interregno, a condenação anterior
não poderá mais ser considerada para reconhecimento da reincidência.
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No que se refere ao primeiro crime, a condenação ocorreu em abril de 2005 e a data do cumprimento da
pena ocorreu em abril de 2007, assim, o prazo depurador se encerraria em abril de 2012. Porém, como
Ricardo praticou novo crime em março de 2012, o juiz poderia considerá-lo reincidente.
Com relação ao roubo, apenas para explicar, não poderia ser utilizado para reconhecimento da reincidência,
por não haver trânsito em julgado.
Comentários:
A alternativa A está correta. Somente na segunda fase da individualização da pena, o magistrado deve
reconhecer a reincidência como circunstância agravante. É o que dispõe o art. 61, inciso I do Código Penal:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam
o crime:
I - a reincidência;
A alternativa B está incorreta. Na primeira fase da dosimetria, parte-se da pena mínima abstratamente
cominada ao delito, seja do tipo simples ou do qualificado. Se o fato se subsumir no tipo qualificado, é o
limite mínimo previsto para a qualificadora que será considerado. Desta forma, a qualificadora da torpeza
no crime de homicídio (CP, artigo 121, § 2°, inciso I) determina a fixação da pena base, impondo limites
mínimo e máximo.
A alternativa C está incorreta. A pena privativa prevista por condenação pelo crime de homicídio culposo na
direção de veículo é de no máximo quatro anos, razão pela qual o início de cumprimento da pena não será
no regime fechado. Relembrando, para a fixação do regime inicial fechado de cumprimento de pena, o juiz
deverá observar o regramento do artigo 33, § 2º:
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a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
A alternativa D está incorreta. Sendo as circunstâncias judiciais favoráveis, admite-se a fixação do regime
inicial aberto para o condenado não reincidente, quando a pena fixada na sentença é igual ou inferior a
quatro anos, conforme dispõe o art. 33, § 2º, alínea c:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde
o início, cumpri-la em regime aberto.
A alternativa E está incorreta. Neste caso, a pena de um ano de prisão pode ser substituída por uma pena
restritiva de direitos, nos termos do artigo 44, § 1º, do CP:
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por
uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos
Comentários.
A falta de vaga para cumprimento em regime semiaberto não permite que o indivíduo inicie o cumprimento
de pena no fechado, nos termos do entendimento do STF:
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Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção
do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os
parâmetros fixados no RE 641.320/RS.
Comentários.
A progressão de regime ocorre do regime fechado para o regime semiaberto, e deste para o aberto. Não é
possível saltar diretamente do regime fechado para o aberto, o que seria a progressão de regime por salto
ou per saltum. É o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça:
Súmula 491 do STJ: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional”.
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Comentários.
O cometimento de falta grave interrompe o prazo para a progressão de regime, mas não para a obtenção de
livramento condicional. Este entendimento já está consolidado em enunciados de Súmula do STJ:
Súmula 534 do STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão
de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.
Súmula 441 do STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento
condicional.
Comentários
A questão tratava do livramento condicional e do limite de penas previsto no artigo 35 do Código Penal.
Exigia o conhecimento da Súmula 715 do STF:
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código
Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime
mais favorável de execução.
O item foi ANULADO. “A ausência de algumas informações pode ter gerado dúvida juridicamente relevante
quando do julgamento do item: informações sobre a natureza dos ‘diversos crimes’ pelos quais o indivíduo
foi condenado; a falta de informação se dolosos ou culposos os crimes; além da supressão da expressão ‘mais
da metade da pena’.
Questão anulada, que demonstra a necessidade de apontamento de quais os crimes para que se saiba qual
a fração temporal exigida. Foi mantida para uma visão crítica da matéria.
Incorreto. Segue acórdão transcrito no livro digital (pdf) do Curso do Estratégia para Delegado da PF:
“Nos termos do novo entendimento desta Corte, firmado em consonância com o STF, no julgamento da ADI
3.150/DF, ocorrido em 13/12/2018, "a Lei n. 9.268/96, ao considerar a multa penal como dívida de valor, não
retirou dela o caráter de sanção criminal que lhe é inerente por força do art. 5º, XLVI, c, da CF. Como
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consequência, por ser uma sanção criminal, a legitimação prioritária para a execução da multa penal é do
Ministério Público perante a Vara de Execuções Penais" (CC 165.809/PR, Ministro ANTÔNIO SALDANHA
PALHEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 23/8/2019), razão pela qual, diante de seu caráter penal, não há falar em
extinção da punibilidade da pena de multa nos casos de não pagamento. (STJ, AgRg no REsp 1855046/SP,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 16/03/2020).
Comentários
A assertiva A está correta. É certo que a prescrição da pretensão executória somente fulmina a sanção penal,
de sorte que demais efeitos da condenação permanecem. Como no caso apresentado pelo enunciado a
prescrição da pretensão punitiva ocorreu somente em 20/02/2020, Gerson, ao ser denunciado pela prática
de crime de roubo consumado em 25/11/2020, será considerado reincidente.
Destaca-se que não é possível o reconhecimento dos maus antecedentes, pois não havia decorrido o período
depurador de 5 anos previsto no artigo 64, inciso I do Código Penal. Ademais, entende-se que a reincidência
não pode ser computada como circunstância agravante e circunstância judicial, nos termos da Súmula 241
do STJ.
Comentários
A assertiva está correta. Sobre esta questão, o STJ possui o seguinte entendimento:
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[...]
3. Por se tratar de agravante de natureza objetiva, a incidência do art. 61, II, "h", do CP independe
da prévia ciência pelo réu da idade da vítima, sendo, de igual modo, desnecessário perquirir se
tal circunstância, de fato, facilitou ou concorreu para a prática delitiva, pois a maior
vulnerabilidade do idoso é presumida.
4. Hipótese na qual não se verifica qualquer nexo entre a ação do paciente e a condição de
vulnerabilidade da vítima, pois o furto qualificado pelo arrombamento à residência ocorreu
quando os proprietários não se encontravam no imóvel, já que a residência foi escolhida de
forma aleatória, sendo apenas um dos locais em que o agente praticou furto em continuidade
delitiva. De fato, os bens subtraídos poderiam ser de propriedade de qualquer pessoa, nada
indicando a condição de idoso do morador da casa invadida.
[...]
(HC n. 593.219/SC, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 25/8/2020, DJe de
3/9/2020.)
Comentários
A assertiva D está correta. Nos termos do artigo 112, §3º da LEP, a mulher gestante ou que for mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência, para progressão de regime, deve cumprir de maneira
cumulativa os seguintes requisitos: (I) não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (II)
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não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; (III) ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da
pena no regime anterior; (IV) ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor
do estabelecimento; e (V) não ter integrado organização criminosa.
Do enunciado, percebe-se que Maria é primária; mãe de criança; não cometeu crime com violência, grave
ameaça à pessoa ou contra seu filho ou dependente; e não há registro de que tenha integrado organização
criminosa. Assim, par a progressão de regime, precisa cumprir 1/8 da pena no regime anterior.
Comentários
A assertiva A está incorreta. Sobre esta questão, o seguinte entendimento: “A incidência da circunstância
atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal”. (Súmula n. 231, Terceira Seção,
julgado em 22/9/1999, DJ de 15/10/1999, p. 76.)
A assertiva B está correta. Neste sentido, o seguinte entendimento: “É admissível a adoção do regime
prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judiciais”. (Súmula n. 269, Terceira Seção, julgado em 22/5/2002, DJ de 29/5/2002, p. 135.)
A assertiva C está incorreta. Sobre esta questão, a seguinte Súmula do STF: “Súmula 715 - A pena unificada
para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é
considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável
de execução.” Cabe mencionar que o artigo 75 do Código Penal foi alterado pela Lei nº 13.964/2019, de sorte
que o tempo máximo de cumprimento das penas restritivas de liberdade passou de 30 para 40 anos.
A assertiva D está incorreta. Nos termos do artigo 28, §2ºdo Código Penal, é causa de redução de pena a
embriaguez decorrente de caso fortuito ou força maior.
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LISTA DE QUESTÕES
Magistratura
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c) Impede a progressão de regime de execução de pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o
fato de o réu se encontrar em prisão especial.
d) A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir não exige motivação
idônea
e) Admite-se a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da
infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano
4. VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto/2017
Na aplicação da pena,
a) é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base,
configurando-se, porém, a má antecedência se o acusado ostentar condenação por crime anterior,
transitada em julgado após o novo fato.
b) a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal, a
não ser que utilizada a confissão para a formação do convencimento do julgador, hipótese em que o réu fará
jus à diminuição, ainda que aquém do piso.
c) o desconhecimento da lei constitui circunstância atenuante, podendo ainda a pena ser atenuada em razão
de fato relevante, embora não previsto em lei, desde que necessariamente anterior ao crime.
d) a reincidência não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como
circunstância judicial, não prevalecendo a condenação anterior, contudo, se entre a data do trânsito em
julgado para a acusação da condenação anterior e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a 5 (cinco) anos.
5. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017
No que concerne às penas restritivas de direitos, é correto afirmar que
a) a prestação pecuniária consiste no pagamento à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou
privada com destinação social, de importância não inferior a 10 (dez) nem superior a 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa.
b) a interdição temporária de direitos, nos crimes ambientais, pode consistir em proibição de participar de
licitações, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 (três) anos, no de crimes culposos.
c) são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando, entre outros requisitos legais, o réu não
for reincidente em crime doloso, a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e circunstâncias autorizarem a concessão do benefício, e não for indicada ou
cabível a suspensão condicional da pena.
d) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável a qualquer condenação a
privação de liberdade, facultado ao condenado cumprir a pena em menor tempo, nunca inferior à metade
da sanção corporal imposta.
6. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017
No tocante às penas privativas de liberdade, é correto afirmar que
a) o condenado por crime hediondo ou assemelhado, independentemente da data de cometimento da
infração, só poderá obter a progressão de regime após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se
primário, admitindo-se a determinação de exame criminológico, desde que em decisão motivada.
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b) o benefício de saída temporária no âmbito da execução penal, cabível para os condenados que cumprem
pena em regime fechado ou semiaberto, é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade
administrativa do estabelecimento prisional.
c) o reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no
cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado da sentença penal condenatória no processo penal
instaurado para apuração do fato e interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime, o qual se
reinicia a partir da decisão judicial que identificar a infração.
d) é admissível a adoção do regime prisional fechado aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a
4 (quatro) anos de reclusão, se desfavoráveis as circunstâncias judiciais, bem como vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base
apenas na gravidade abstrata do delito, se fixada a pena-base no mínimo legal.
7. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016
À luz da jurisprudência sumulada do STJ, assinale a opção correta referente à aplicação da pena.
a) Em decorrência do princípio da individualização da pena, é possível aplicar a majorante do roubo ao delito
de furto qualificado pelo concurso de agentes, desde que essa ação seja fundamentada nas circunstâncias
do caso concreto.
b) Ainda que a pena-base tenha sido fixada no mínimo legal, é admissível a fixação de regime prisional mais
gravoso que o cabível, em razão da sanção imposta, com fundamento na gravidade concreta ou abstrata do
delito.
c) Embora seja vedada a utilização de inquéritos policiais em andamento para aumentar a pena-base, é
possível a utilização de ações penais em curso para requerer o aumento da referida pena.
d) É inadmissível a fixação de pena restritiva de direitos substitutiva da pena privativa de liberdade como
condição judicial especial ao regime aberto.
e) O número de majorantes referentes ao delito de roubo circunstanciado pode ser utilizado como critério
para a exasperação da fração incidente pela causa de aumento da pena.
8. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016
No tocante à jurisprudência sumulada pelo STJ quanto ao direito penal, assinale a opção correta.
a) A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, com fundamento em pena hipotética, é
admitida, independentemente da existência ou do resultado do processo penal.
b) Fixada a pena-base no mínimo legal, a decisão, fundamentada na gravidade abstrata do delito, poderá
estabelecer ao sentenciado regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta.
c) A contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena será interrompida pela prática
de falta grave e se reiniciará a partir do cometimento dessa infração.
d) A falta grave interrompe o prazo para a obtenção de livramento condicional.
e) A prática de falta grave interrompe o prazo para o fim de comutação de pena ou indulto.
9. IBFC/TRF-2/Magistratura/2018
Assinale a afirmação certa:
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a) Para o Supremo Tribunal Federal, é possível a suspensão condicional do processo em crime continuado,
sendo irrelevante o somatório da pena mínima da infração mais grave com o aumento de um sexto a dois
terços, considerando-se a pena de cada crime para a suspensão.
b) Para o Superior Tribunal de Justiça, não cabe a suspensão condicional do processo para as infrações penais
cometidas em concurso material ou em concurso formal, quando a pena mínima cominada ultrapassar um
ano em razão do somatório ou da fração incidente.
c) No denominado erro na execução, quando por acidente sobrevém resultado diverso do que era
pretendido pelo agente, este responde por culpa se o fato é previsto como crime culposo. Mas se ocorre
também o resultado pretendido, este, por ser doloso, absorve o primeiro.
d) Quando o sujeito ativo, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge pessoa diversa da que
pretendia ofender, responde como se tivesse praticado o crime contra esta, em virtude do erro sobre a
pessoa. Mas, se atingir também a pessoa que pretendia ofender, responderá pelos dois crimes em concurso
material.
e) No concurso material de crimes; no concurso ideal próprio; no concurso formal imperfeito; e no crime
continuado, a dogmática jurídico-penal adotou, indistintamente, a regra do cúmulo de penas, haja vista que,
em todos eles, prevalece o entendimento de que constituem delitos por acumulação.
10. FCC/TJ-PE/Juiz de Direito/2013
Na aplicação da pena,
a) a incidência de circunstância atenuante pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal, segundo
entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
b) não se impõe o acréscimo decorrente do concurso formal perfeito à pena de multa.
c) o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a trinta anos, limite que
deve ser considerado para efeito de concessão de livramento condicional, conforme entendimento
sumulado do Supremo Tribunal Federal.
d) considera-se circunstância agravante o fato de o crime ser praticado contra pessoa maior de setenta anos.
(e) não prevalece a condenação anterior, para efeito de reconhecimento de reincidência, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a cinco
anos, descontado o período de prova da suspensão.
11. FCC/TJ-PE/Juiz de Direito/2013
No tocante às penas restritivas de direitos, é correto afirmar que
a) podem ser impostas no caso de condenação por crime culposo, se não reincidente o condenado.
b) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas somente é aplicável às condenações
superiores a um ano de privação de liberdade.
c) a privativa de liberdade superior a um ano deve ser necessariamente substituída por duas restritivas de
direitos.
d) o teto da perda de bens ou valores é restrito ao montante do prejuízo causado.
e) obstam a concessão do sursis, se indicada ou cabível a substituição.
12. CEBRASPE/TJ-RJ/Juiz de Direito/2019
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No que concerne à aplicação das penas restritivas de direitos dos arts. 43 a 48 do CP, é correto afirmar que
a) penas privativas de até 2 (dois) anos em regime aberto podem ser substituídas por uma multa ou por uma
pena restritiva de direitos.
b) ao reincidente é vedada a substituição da privativa de liberdade.
c) os crimes culposos admitem sua aplicação em substituição às privativas de liberdade, independentemente
da pena aplicada.
d) a pena restritiva de direitos se converte em privativa de liberdade sempre que ocorrer o descumprimento
da restrição imposta.
e) o benefício não pode ser aplicado mais de uma vez no interregno de 5 (cinco) anos ao mesmo réu.
13. CEBRASPE/TJ-RJ/Juiz de Direito/2019
No sistema brasileiro de aplicação de pena, o desconhecimento da lei
a) isenta de pena por afastar a potencial consciência da ilicitude e, consequentemente, a culpabilidade.
b) é causa de diminuição da pena.
c) socorre como atenuante apenas aos menores de 21 (vinte e um) anos.
d) é circunstância atenuante da pena.
e) não tem qualquer consequência para a pena.
14. FCC/TJ-MS/Juiz de Direito/2020
Na aplicação da pena,
a) incidindo as causas de diminuição da tentativa e do arrependimento posterior, pode o juiz limitar-se a
uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais diminua.
b) o juiz, na terceira fase do cálculo, ao fixar a fração de acréscimo pela causa de aumento identificada,
sempre atentará à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos
motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima.
c) as qualificadoras, representando fatores de acréscimo assinalados em quantidades fixas ou em limites,
incidem na terceira fase do cálculo, não permitindo, contudo, a fixação da pena acima do máximo legal.
d) se concorrerem duas qualificadoras em um mesmo crime, aceita a jurisprudência que só uma delas incida
como tal, podendo a outra servir como circunstância agravante, se cabível.
e) se reconhecido o crime continuado específico, aplica-se a pena de um só dos delitos, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços, considerado o número de
infrações cometidas, incidindo a extinção da punibilidade sobre o total da pena imposta.
15. FCC/TJ-RR/Juiz de Direito/2015
Em matéria de penas privativas de liberdade, correto afirmar que
a) possível a fixação do regime inicial fechado para o condenado a pena de detenção, se reincidente.
b) o condenado por crime contra a Administração pública terá a progressão de regime do cumprimento de
pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os
acréscimos legais.
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c) a determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos mesmos critérios
previstos para a fixação da pena-base, mas nada impede a opção por regime mais gravoso do que o cabível
em razão da pena imposta, se a gravidade abstrata do delito assim o justificar.
d) inadmissível a adoção do regime inicial semiaberto para o condenado reincidente.
e) os condenados por crimes hediondos ou assemelhados, independentemente da data em que praticado o
delito, só poderão progredir de regime após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se primários, e
de 3/5 (três quintos), se reincidentes.
16. FCC/TJ-RR/Juiz de Direito/2015
A pena de multa
a) prescreve em três anos, quando for a única cominada ou aplicada.
b) pode substituir, ainda que isoladamente, a pena privativa de liberdade nos casos de violência doméstica
e familiar contra a mulher.
c) é fixada em salários mínimos, considerada a situação econômica do réu
d) pode substituir pena privativa de liberdade e ser aplicada em conjunto com restritiva de direitos, na
condenação superior a 1 (um) ano, se presentes os requisitos legais.
e) obsta a concessão do sursis, se a única aplicada em condenação anterior.
17. FCC/TJ-RR/Juiz de Direito/2015
No concurso de causas de aumento ou de diminuição,
a) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que menos
aumente ou diminua.
b) todas devem ser aplicadas, se previstas na parte geral do Código Penal.
c) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, independentemente de a causa ser
prevista na parte especial ou geral do Código Penal.
d) a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como
tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade e da reincidência.
e) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que menos
aumenta e mais diminua.
18. CESPE/TJ-PA/Juiz de Direito/2019
É circunstância que agrava a pena pela condição pessoal do autor
a) a reincidência.
b) o fato de o crime ter sido praticado contra criança.
c) a consequência do crime.
d) o comportamento da vítima.
e) o fato de o crime ter sido praticado com abuso de autoridade
19. FCC/TJ-AL/Juiz de Direito/2019
Em relação ao livramento condicional, correto afirmar que
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a) a prática de falta grave não interrompe o prazo para sua obtenção, mas o Juiz só poderá revogá-lo a
requerimento do Ministério Público ou mediante representação do Conselho Penitenciário, ouvido o
liberado.
b) as penas correspondentes a infrações diversas não podem ser somadas para atingir o limite mínimo
necessário para a sua concessão.
c) condicionada a sua concessão à prévia progressão do condenado ao regime aberto, por expressa previsão
legal.
d) obrigatória a revogação se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença
concessiva.
e) a ausência de suspensão ou revogação antes do término do período de prova enseja extinção da
punibilidade pelo integral cumprimento da pena.
20. FCC/TJ-AL/Juiz de Direito/2019
Na aplicação da pena,
a) a folha de antecedentes constitui documento suficiente para a comprovação de reincidência, não
prevalecendo a condenação anterior, contudo, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a cinco anos, computado o período de prova
da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação.
b) incidirá a atenuante da confissão espontânea quando for utilizada para a formação do convencimento do
julgador, bastando, no crime de tráfico ilícito de entorpecentes, que o acusado admita a posse ou
propriedade da substância, ainda que para uso próprio.
c) se houver concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte geral do Código Penal,
pode o Juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais
aumente ou diminua.
d) sempre cabível a substituição da pena privativa de liberdade por prestação de serviços à comunidade,
isolada ou cumulativamente com outra sanção alternativa ou multa, se aplicada pena corporal não superior
a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, tratando-se de réu não
reincidente em crime doloso, além de favoráveis as circunstâncias judiciais.
e) vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base, não se
configurando a má antecedência se o acusado ostentar condenação por crime anterior, transitada em
julgado após o novo fato.
21. CESPE/TJ-SC/Juiz de Direito/2019
Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser
julgada, a respeito da substituição das penas privativas de liberdade por penas restritivas de direitos.
a) Antônio, com anterior condenação transitada em julgado pelo delito de dano ao patrimônio público, foi
processado e condenado à pena privativa de liberdade de um ano e dois meses de reclusão pelo
cometimento do delito de receptação. Nessa situação, em razão da reincidência criminal em crime doloso,
não é cabível a substituição da pena corporal imposta a Antônio por pena restritiva de direitos.
b) Manoel foi processado e condenado pela prática de violência física, de ameaça e de lesão corporal em
contexto de violência doméstica contra a mulher, tendo-lhe sido impostas as penas privativas de liberdade
de quinze dias de prisão simples e de três meses e um mês de detenção, em regime aberto. Nessa situação,
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somente é possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos em relação à
contravenção de violência física.
c) Pedro, réu primário, foi processado e condenado pela prática de delito de roubo simples na modalidade
tentada, tendo-lhe sido imposta pena privativa de liberdade de dois anos e oito meses de reclusão, em
regime aberto. Nessa situação, a pena privativa de liberdade imposta a Pedro poderá ser substituída por uma
pena restritiva de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos.
d) Alberto, réu primário e em circunstâncias judiciais favoráveis, praticou crime de homicídio culposo
qualificado ao conduzir embriagado veículo automotor. Em razão dessa conduta, ele foi processado e
condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade de cinco anos de reclusão, inicialmente em
regime semiaberto. Nessa hipótese, o quantum de pena fixado não impede a substituição da pena privativa
de liberdade por restritiva de direitos.
e) João foi processado e condenado à pena privativa de liberdade de um ano e oito meses de reclusão, em
regime aberto, pela prática de delito de tráfico de drogas na forma privilegiada. Nessa hipótese, haja vista a
condenação por delito equiparável a hediondo, não é admitida a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos.
22. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2019
O benefício da suspensão condicional da pena — sursis penal —
a) pode ser concedido a condenado a pena privativa de liberdade, desde que esta não seja superior a quatro
anos e que aquele não seja reincidente em crime doloso.
b) é cabível nos casos de crimes praticados com violência ou grave ameaça, desde que a pena privativa de
liberdade aplicada não seja superior a dois anos.
c) pode estender-se às penas restritivas de direitos e à de multa, casos em que se suspenderá, também, a
execução dessas penas.
d) deverá ser, obrigatoriamente, revogado no caso da superveniência de sentença condenatória irrecorrível
por crime doloso, culposo ou contravenção contra o beneficiário.
e) impõe que, após o cumprimento das condições impostas ao beneficiário, seja proferida sentença para
declarar a extinção da punibilidade do agente.
23. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2019
À luz da jurisprudência do STJ a respeito das circunstâncias judiciais e legais que devem ser consideradas
quando da aplicação da pena, assinale a opção correta.
a) A confissão qualificada, na qual o réu alega em seu favor causa descriminante ou exculpante, não afasta a
incidência da atenuante de confissão espontânea.
b) A confissão espontânea em delegacia de polícia pode servir como circunstância atenuante, desde que o
réu não se retrate sobre essa declaração em juízo.
c) Uma condenação transitada em julgado de fato posterior ao narrado na denúncia, embora não sirva para
fins de reincidência, pode servir para valorar negativamente a personalidade e a conduta social do agente.
d) A reincidência penal pode ser utilizada simultaneamente como circunstância agravante e como
circunstância judicial.
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e) A múltipla reincidência não afasta a necessidade de integral compensação entre a atenuante da confissão
espontânea e a agravante da reincidência, haja vista a igual preponderância entre as referidas circunstâncias
legais.
24. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2019
Sobre o tema reincidência, no Direito Penal, assinale a alternativa correta.
a) A pena deverá ser aumentada em um terço quando caracterizada a reincidência.
b) Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença
que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por qualquer espécie de crime anterior.
c) Não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração
posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, não se computando o período de prova
da suspensão ou do livramento condicional.
d) Influencia na prescrição da pretensão punitiva.
e) Aumenta de um terço o prazo da prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória, se o
condenado é reincidente.
25. CESPE/TJ-CE/Juiz de Direito/2018
Um homem, maior de idade e capaz, conduzia em seu veículo três comparsas armados com revólveres: eles
pretendiam praticar um roubo. Avistaram um caminhão de cargas estacionado em um posto de gasolina e,
aproveitando-se da distração do motorista, os três comparsas abordaram-no com violência e subtraíram
parte da carga de computadores e notebooks. Os quatro foram presos logo em seguida e os bens foram
restituídos à vítima. Em julgamento, o homem que transportava os comparsas confessou a conduta e
informou que o seu papel na empreitada criminosa era somente aguardar os comparsas e propiciar a fuga.
Foi informado nos autos que o réu respondia a processo por crime de roubo, o que foi considerado como
antecedente. Na sentença, ele foi condenado a nove anos e quatro meses de reclusão. Ao analisar a
dosimetria da pena, o juiz considerou que a culpabilidade estava comprovada nos autos, tendo afirmado que
“a conduta do réu é altamente reprovável, sua personalidade é voltada para o crime; os motivos e as
circunstâncias do crime não o favoreceram; as consequências do crime revelaram-se graves e as vítimas em
nada contribuíram para o seu cometimento”. Como a situação econômica do réu lhe era desfavorável, ele
foi assistido pela defensoria pública. Acerca dos fundamentos da sentença proferida na situação hipotética
apresentada, assinale a opção correta, considerando a jurisprudência dos tribunais superiores.
a) O fato de o réu estar respondendo a processo por crime de roubo enseja o agravamento da pena-base.
b) A pena imposta ao réu deve ser reduzida com fundamento na participação de menor importância, dado
que ele não estava armado e não participou diretamente da ação de subtração.
c) As razões apresentadas pelo juiz para analisar a dosimetria da pena são todas inidôneas para fundamentar
acréscimos na pena-base.
d) A confissão do réu é uma circunstância atenuante que implica a redução da pena para menos do mínimo
legal previsto para o caso em tela.
e) Em caso de crime de roubo circunstanciado, a indicação do número de majorantes basta para o aumento
da pena na segunda fase da dosimetria.
26. FAURGS/TJ-RS/Juiz de Direito/2016
Sobre aplicação e execução de penas, considere as afirmações abaixo.
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I - Consoante o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, a reincidência penal pode ser
considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
II - De acordo com a jurisprudência recente do Superior Tribunal de Justiça, a inexistência de casa de
albergado na localidade da execução da pena não gera o reconhecimento de direito ao benefício da prisão
domiciliar quando o apenado estiver cumprindo a reprimenda em local compatível com as regras do regime
aberto.
III - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidou entendimento segundo o qual a hediondez ou
a gravidade abstrata do delito não obriga, por si só, o regime prisional mais gravoso, pois o juízo, em atenção
aos princípios constitucionais da individualização da pena e da obrigatoriedade de fundamentação das
decisões judiciais, deve motivar o regime imposto, observando a singularidade do caso concreto.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.
27. FCC/TJ-AL/Juiz de Direito/2015
A circunstância agravante
a) pode ser reconhecida pelo juiz, ainda que não alegada pelo Ministério Público, consoante expressa
previsão legal.
b) da reincidência pode ser considerada simultaneamente como circunstância judicial.
c) incide ainda que qualifique o crime, mas não se dele constituir elementar.
d) pode elevar a pena acima do máximo previsto em lei para o crime.
e) nunca prepondera sobre circunstância atenuante.
28. VUNESP/TJ-MS/Juiz de Direito/2015
Assinale a alternativa correta.
a) Os efeitos genéricos e específicos da condenação criminal são automáticos, sendo, pois, despicienda suas
declarações na sentença.
b) O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença, em processo a que
responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
c) As espécies de pena são as privativas de liberdade e restritivas de direito.
d) A suspensão condicional da pena será obrigatoriamente revogada se, no curso do prazo, o beneficiário
pratica novo crime doloso.
e) Para efeito de reincidência, não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou
extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 2 (dois) anos, computado
o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação.
29. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2015
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Em cada uma das opções seguintes, é apresentada uma situação hipotética acerca de penas privativas de
liberdade e de penas restritivas de direito, seguida de uma assertiva a ser julgada. Assinale a opção que
apresenta a assertiva correta.
a) Lana, com vinte e sete anos de idade, capaz, possui condenação definitiva por crime de aborto à pena de
três anos de detenção. Decorridos dois anos, Lana foi condenada por crime de receptação à pena privativa
de liberdade de dois anos de reclusão. Nessa situação, o juiz não poderá substituir a pena de Lana por pena
restritiva de direitos, uma vez que ela é reincidente.
b) Fernando, com trinta anos de idade, capaz, ameaçou de morte sua companheira Tereza, com vinte e nove
anos de idade, capaz. Fernando foi processado e condenado, definitivamente, pelo referido crime à pena de
cinco meses de detenção. Nessa situação, Fernando tem direito à substituição da pena privativa de liberdade
por pena restritiva de direitos.
c) Glauber, com trinta e um anos de idade, capaz, primário, foi condenado, definitivamente, em concurso
material, pelo crime de supressão de correspondência comercial, à pena de detenção de dois anos; e, por
divulgação de informações sigilosas, à pena de detenção de quatro anos e pena pecuniária. Nessa situação,
Glauber tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.
d) Carla, com vinte e três anos de idade, capaz, primária, devidamente habilitada, fugiu do local para evitar
prisão em flagrante, pois, após desviar o veículo que dirigia na velocidade da via de um buraco na pista, o
colidiu contra uma mureta que caiu sobre uma criança de três anos de idade, a qual faleceu em decorrência
das lesões. Por matar a criança, Carla foi condenada ao crime de homicídio culposo. Nessa situação, Carla
tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.
e) Pedro, com vinte e oito anos de idade, capaz, primário, de corpo avantajado, desarmado, faixa preta em
judô, trajando quimono, de forma intimidatória e exalando odor etílico, determinou que Ana, com dezessete
anos de idade, capaz, entregasse a ele seu celular, sem que fosse possível a ela impor qualquer resistência.
Por tais fatos, Pedro foi condenado, definitivamente, por crime de roubo simples, à pena de quatro anos de
reclusão. Nessa situação, há vedação legal para que a pena de Pedro seja substituída por pena restritiva de
direitos.
30. (FGV - 2022 - TJ-AP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) A individualização da pena é submetida aos
elementos de convicção judiciais acerca das circunstâncias do crime.
A jurisprudência e a doutrina passaram a reconhecer, como regra, como critério ideal para individualização
da reprimenda- base o aumento:
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34. (FCC - 2021 - TJ-GO - JUIZ SUBSTITUTO) No que se refere às penas restritivas de direitos,
a) a prestação de serviços à comunidade é aplicável a qualquer condenação não superior a quatro anos,
facultado ao condenado cumpri-la em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade,
se a pena substituída foi superior a um ano.
b) a prestação pecuniária, se não paga, não poderá ser convertida em pena privativa de liberdade e será
considerada dívida de valor, aplicando-se as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.
c) a correspondente execução independe do trânsito em julgado da condenação, mas poderá o juiz,
motivadamente, alterar a forma de cumprimento da prestação de serviços à comunidade, ajustando-a às
condições pessoais do condenado.
d) o juiz poderá estabelecer condição especial para a concessão do regime aberto, sem prejuízo das gerais e
obrigatórias, desde que não constitua pena substitutiva.
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36. (CESPE / CEBRASPE - 2022 - TJ-MA - JUIZ SUBSTITUTO DE ENTRÂNCIA INICIAL) No crime tipificado
no artigo 33 da Lei n.º 11.343/2006, o fato de o agente admitir que possuía a droga no momento da
apreensão pela polícia, sem, contudo, confessar que a droga era para eventual prática de tráfico de drogas,
a) constitui atenuante penal.
b) não constitui nenhuma circunstância que altere a pena.
c) constitui causa de diminuição de pena.
d) constitui agravante penal.
e) constitui outro tipo penal.
37. (FGV - 2022 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Com base na redação atual do Art. 112 da Lei
nº 7.210/1984, a pena privativa de liberdade será executada de forma progressiva, com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos
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( ) se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça.
( ) se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça.
( ) se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário.
( ) se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça.
38. (FGV - 2021 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO) A legislação penal excepciona a reincidência em casos
específicos. São hipóteses previstas em lei:
a) crimes militares por extensão e contravenções penais;
b) crimes militares impróprios e casos de transação penal;
c) crimes militares próprios e impróprios e crimes culposos;
d) crimes militares próprios e casos de perdão judicial;
e) crimes militares próprios, impróprios e por extensão.
39. (FAURGS - 2022 - TJ-RS - JUIZ SUBSTITUTO) Considerando a jurisprudência e o entendimento
sumulado do STJ sobre a dosimetria da pena, leia as seguintes afirmativas.
I - A afirmação de que o agente possuía plena consciência da ilicitude de sua conduta não é idônea para
exasperação da pena-base, pois constitui elemento ínsito ao delito.
II - Circunstâncias atenuantes e causas de diminuição de pena não podem conduzir à redução de pena abaixo
do mínimo legal.
III - Inquéritos policiais e ações penais em curso não podem ser considerados para exasperar a pena-base.
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
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e) I, II e III.
40. (FAURGS - 2022 - TJ-RS - JUIZ SUBSTITUTO) Sobre a determinação e progressão de regime de
cumprimento da pena, considerando a legislação vigente e a jurisprudência dos Tribunais Superiores,
assinale a afirmação correta.
a) O principal critério de determinação do regime inicial de cumprimento de pena é a gravidade abstrata do
delito.
b) É vedado ao magistrado impor ao condenado regime mais gravoso do que o recomendado pelos
parâmetros estabelecidos nas alíneas do § 2º do art. 33 do CP.
c) A prática de falta grave interrompe o prazo para a progressão de regime e para o livramento condicional.
d) A partir da vigência da Lei nº 13.964/2019 ("Lei Anticrime"), o apenado primário que tiver cometido o
crime sem violência à pessoa ou grave ameaça poderá progredir de regime se tiver cumprido 16% (dezesseis
por cento) da pena, desde que ostente boa conduta carcerária.
e) É obrigatória a fixação de regime prisional fechado para o início do cumprimento de pena imposta ao
condenado por tráfico de drogas.
41. (VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO) Na hipótese de réu condenado por crime de homicídio
doloso, tendo sido reconhecidas duas qualificadoras, é correto afirmar que
a) uma qualificará o delito e a outra poderá ser usada para elevar a pena como agravante, se prevista no rol
legal (artigo 61, CP).
b) uma qualificará o delito e a outra poderá ser usada para majorar a pena-base e também como agravante,
se prevista no rol legal (artigo 61, do CP).
c) uma qualificará o delito e a outra poderá ser usada como causa de aumento de pena.
d) uma qualificará o delito e a outra poderá ser usada para elevar a pena como agravante em qualquer
hipótese.
42. (VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO) Sobre o instituto do livramento condicional, é correto
afirmar que
A) deverá ser revogado no caso de nova condenação à pena privativa de liberdade, ainda que a decisão esteja
sujeita a recurso.
B) para sua concessão, é de rigor que o condenado não tenha cometido falta grave nos últimos 12 meses.
C) obriga o recolhimento do egresso ao seu local de moradia em horário determinado.
D) é cabível para as penas restritivas de direitos e penas pecuniárias.
43. (TRF - 3ª REGIÃO - 2022 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ SUBSTITUTO) Sobre a dosimetria das penas e a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, é CORRETO afirmar:
A) o antecedente negativo pode ser reconhecido quando o delito ocorreu após a conduta criminosa em
julgamento, desde que o trânsito em julgado da decisão respectiva se verifique antes da sentença.
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B) a chamada “prescrição da reincidência” ocorre após 5 (cinco) anos do trânsito em julgado da decisão
condenatória.
C) a reincidência genérica não impede a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
D) A circunstância judicial dos maus antecedentes não pode ser reconhecida se passados mais de 5 (cinco)
anos do cumprimento ou extinção da pena.
44. (TRF - 4ª REGIÃO - 2022 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Assinale a alternativa
INCORRETA.
a) Eventual coincidência temporal entre o recebimento indireto de vantagem indevida, no campo da
corrupção passiva, e a implementação de atos autônomos de ocultação, dissimulação ou integração na
lavagem não autoriza o reconhecimento de crime único se atingida a tipicidade objetiva e subjetiva própria
do delito de lavagem de dinheiro.
b) É prevista a aplicação da pena em dobro quando se tratar de crime de contrabando ou de descaminho
praticado em transporte aéreo. Conforme a jurisprudência atual do Superior Tribunal de Justiça, é devida a
aplicação dessa majorante apenas quando se tratar de voo clandestino, e não de voo regular, isso porque,
naquele caso, a censurabilidade da conduta seria maior, pois que realizada sem sujeição à fiscalização
alfandegária aeroportuária.
c) Associados de forma estável e permanente, três agentes que tenham por finalidade a prática de apenas
um delito de tráfico de drogas (o qual nem mesmo viera a acontecer – inexistindo, portanto, a apreensão da
droga) e a prática de numerosos crimes de extorsão mediante sequestro podem incorrer, a depender do
contexto fático, no crime de associação para fins de tráfico de drogas e de associação criminosa, mas não no
crime de integrar organização criminosa previsto na Lei nº 12.850/2013.
d) Embora a entrega da declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitua o crédito
tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco, nos crimes de apropriação indébita
previdenciária, a representação fiscal para fins penais será encaminhada ao Ministério Público somente
depois de proferida decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário
correspondente.
e) Em que pese o débito verificado não ultrapasse R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a existência de outras ações
penais, inquéritos policiais em curso ou procedimentos administrativos fiscais, apesar de não configurar
reincidência, é suficiente para caracterizar a habitualidade delitiva e, por consequência, afastar a incidência
do princípio da insignificância nos delitos de descaminho.
Promotor
45. (MPBA/Cebraspe/2023) Acerca do concurso de agentes no direito penal, assinale a opção correta.
a) Para a configuração do concurso de agentes, é necessária a pluralidade de participantes e de condutas, a
relevância causal de cada conduta e a unidade de tipificação penal, sendo dispensável liame subjetivo.
b) Para a caracterização do delito de associação criminosa inserido em contexto societário, é desnecessário
que a denúncia contenha a descrição da predisposição comum de meios para a prática de uma série
indeterminada de delitos e uma continua vinculação entre os associados com essa finalidade.
c) A autoria mediata é incompatível com o crime culposo.
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d) A teoria do domínio do fato funciona como uma ratio para aferir a existência do nexo de causalidade entre
o crime e o agente e serve de fundamento para considerar que houve participação no crime em razão da
posição de gestor, diretor ou sócio administrador de empresa ou organização.
e) A autoria mediata é incompatível com o crime próprio.
46. (MPSP/Vunesp/2023) A multa é modalidade de sanção penal de caráter patrimonial e consiste na
entrega de dinheiro ao fundo penitenciário. Levando-se em consideração a legislação e a jurisprudência
dos Tribunais Superiores, analise as seguintes situações:
I. A pena de multa deve sofrer o mesmo acréscimo imposto à pena privativa de liberdade, na hipótese do
concurso formal perfeito de infrações.
II. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juízo da execução penal
e será convertida em dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, exceção
feita às causas interruptivas e suspensivas da prescrição, que serão aquelas previstas na lei penal.
III. Nas hipóteses em que haja condenação à pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da
sanção pecuniária não impede o reconhecimento da extinção da punibilidade.
Com relação às assertivas, é correto afirmar que
a) apenas | está correta.
b) apenas III está correta.
c) apenas II está correta.
d) todas estão corretas.
e) nenhuma está correta.
47. (MPSP/Vunesp/2023) Em relação ao tema reincidência, assinale a alternativa correta.
a) A condenação em definitivo por crime praticado no estrangeiro não precisará ser homologada pelo
Superior Tribunal de Justiça para gerar os efeitos da reincidência.
b) A reincidência aumenta o prazo para a progressão de regime nos crimes hediondos e interrompe a
prescrição da pretensão punitiva, se posterior à condenação.
c) Para validar a existência de maus antecedentes e reincidência não basta a juntada da folha de
antecedentes criminais, mostrando-se necessária a apresentação de certidão cartorária da condenação
anterior.
d) O instituto da reincidência é constitucional e não gera a ocorrência de bis in idem, de maneira que a
condenação passada pode servir como maus antecedentes e, ao mesmo tempo, como agravante da
reincidência.
e) A reincidência tem como consequência a vedação à concessão do livramento condicional nos crimes
hediondos ou equiparados e no tráfico de pessoas.
48. MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça/2017
A confissão judicial do réu implica em
a) compensação com eventual circunstância agravante.
b) diminuição de sua pena final.
c) compensação com eventual majorante.
d) redução máxima da pena em face da presença de causa especial de diminuição de pena.
e) redução de sua pena base.
49. MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça/2017
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A prática de lesão corporal de natureza leve por condutor de veículo automotor, reincidente por crime
doloso, pode gerar condenação, cuja pena deverá ser
a) privativa de liberdade, aumentada de um a dois terços.
b) privativa de liberdade e de suspensão da habilitação para a condução de veículo automotor.
c) privativa de liberdade, além de multa e perda da permissão para a condução de veículo automotor.
d) pecuniária, com a perda da habilitação para a condução de veículo automotor.
e) restritiva de direitos, multa e perda da permissão para a condução de veículo automotor.
50. CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça/2017
Assinale a opção correta a respeito da dosimetria da pena segundo o entendimento do STJ.
a) É possível a aplicação de pena inferior à mínima na segunda fase da dosimetria da pena.
b) Apenas à confissão qualificada se impõe a incidência de atenuante na segunda fase da dosimetria da pena.
c) Natureza e quantidade de droga não podem ser utilizadas, concomitantemente, na primeira e na terceira
fase da dosimetria da pena, sob pena de bis in idem.
d) Não se admite compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência.
51. FUNDEP/MPE-MG/Promotor de Justiça/2017
Quanto à fixação da pena, é CORRETO afirmar:
a) Que, se for reincidente o condenado a quem se imponha reclusão de até 4 (quatro) anos, o juiz fixará na
sentença o regime fechado para início do cumprimento da pena.
b) Embora prepondere na doutrina o entendimento de que apenas a agravante genérica da reincidência se
aplica aos crimes culposos, já admitiu o Supremo Tribunal Federal, como tal, em crime culposo, o motivo
torpe.
c) Que, no concurso de duas ou mais causas de aumento ou de diminuição, promoverá o juiz, em qualquer
caso, a incidência de uma só, recaindo a escolha, que é da lei, sobre a que mais aumente ou mais diminua.
d) Que, para a incidência da atenuante da clemência, é imprescindível que não tenha sido reconhecida a
configuração de qualquer outra expressamente prevista em lei.
52. MPE-PR/MPE-PR/Promotor de Justiça/2016
Em tema de fixação da pena base, assinale a alternativa incorreta:
a) Leva-se em consideração os antecedentes criminais do agente, que, em razão da aplicação do princípio da
inocência, são considerados apenas as condenações por crimes a penas privativas de liberdade, posteriores
ao fato que está sendo julgado;
b) Leva-se em consideração a culpabilidade, entendida como o grau de reprovabilidade da conduta do
agente;
c) Leva-se em consideração a conduta social, que se refere ao histórico da vida social do condenado;
d) Leva-se em consideração as consequências do crime, sempre excluindo-se aquelas que são as próprias de
cada delito;
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e) Leva-se em consideração as circunstâncias do crime, as quais não podem coincidir com as circunstâncias
agravantes e atenuantes.
53. MPE-PR/MPE-PR/Promotor de Justiça/2016
Considerando o entendimento sumulado dos Tribunais Superiores, analise as assertivas abaixo e indique a
alternativa:
I - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
II - Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativas de liberdade e pecuniária, é defeso a
substituição da prisão por multa.
III - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
IV - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do
que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
a) Todas as assertivas estão corretas;
b) Apenas as assertivas I e III estão incorretas;
c) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas;
d) Apenas a assertiva II está incorreta;
e) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
54. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
Em relação à dosimetria, segundo consta no entendimento da Súmula 443 do Superior Tribunal de Justiça, o
aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado não exige fundamentação
efetiva, sendo suficiente para sua exasperação a indicação da quantidade de majorantes.
Certo
Errado
55. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
A Súmula Vinculante 26 do Supremo Tribunal Federal, dispõe que para efeito de livramento condicional no
cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072/90 (Crimes Hediondos), sem prejuízo de avaliar se o
condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para
tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
Certo
Errado
56. MPGO/MPGO/Promotor de Justiça Substituto/2019
Sobre as penas restritivas de direitos previstas no Código Penal, assinale a alternativa incorreta:
a) Na condenação igual ou inferior a dois anos, a substituição pode ser feita por multa ou por uma restritiva
de direitos; se superior a dois anos, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva
de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
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b) As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: aplicada
pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; o réu não for reincidente em
crime doloso; o réu não for reincidente em crime doloso; a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social
e a personalidade do condenado, bem como os motivos e a circunstâncias indicarem que esta substituição
seja suficiente.
c) No caso de prestação de serviços à comunidade, se a pena substituída for superior a um ano, é facultado
ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade fixada.
d) A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco)
horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.
57. MPGO/MPGO/Promotor de Justiça Substituto/2019
Consoante prescreve o Código Penal, é incorreto afirmar sobre o livramento condicional:
a) O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou
superior a 2 (dois) anos, desde que cumpridos mais da metade da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo.
b) O juiz poderá revogar o livramento se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da
sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de
liberdade.
c) Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação resulta de
condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve
solto o condenado.
d) O juiz não poderá declarar extinta a pena enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que
responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
58. (INSTITUTO AOCP - 2022 - MPE-MS - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Tício foi preso
preventivamente durante uma operação de combate à corrupção e processado pelo crime de corrupção
ativa, ficando preso provisoriamente por 10 (dez) meses. Posteriormente, após recursos da defesa em
Tribunais Superiores, restou absolvido de todas as acusações penais. No ano seguinte, voltou à
administração pública sendo novamente preso em investigação por corrupção ativa e peculato, tendo a
sentença condenatória transitado em julgado desta vez. A defesa de Tício, então, entra com um pedido
para a inclusão na contagem do tempo de pena cumprido, os dez meses nos quais ficou preso no caso
anterior, do qual foi plenamente absolvido, pois, com o tempo já cumprido neste e no caso anterior, já
teria direito à liberdade. Como Promotor de Justiça do caso, você
a) concorda com o pedido, pois o condenado efetivamente cumpriu a pena estipulada, sendo que o tempo
anterior não poderia ser desconsiderado por uma questão de Justiça, de acordo com os Tratados
Internacionais de Direitos Humanos.
b) concorda em parte com o pedido, somente podendo ser feita a detração no caso de crimes iguais, devendo
apenas ser considerada na pena da corrupção ativa e não no peculato, devendo ser feito novo cálculo de
pena descontando-se somente quanto à pena da corrupção ativa.
c) não concorda com o pedido, pois o instituto da detração penal de crimes anteriores somente seria possível
nos casos de penas provisórias cumpridas no estrangeiro.
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d) concorda, uma vez que não precisa haver ligação entre o fato criminoso praticado, a prisão preventiva e
a pena, devendo ser computado o tempo total como detração penal.
e) não concorda, fundamentando no fato de que não se pode aplicar a detração penal em relação a delitos
cometidos posteriormente à custódia cautelar.
59. (INSTITUTO AOCP - 2022 - MPE-MS - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Quanto à questão da
vítima no Direito Penal, é correto afirmar que
a) a vitimodogmática, ao separar a figura da vítima no Direito Penal, consolidou o movimento de separação
da dogmática penal e da vítima, fruto da sistematização teórica do direito penal baseada na relação estado-
delinquente.
b) vítima coletiva: consiste na vítima cuja singular fragilidade resulte, especificamente, de sua idade, do seu
gênero, do seu estado de saúde ou de deficiência, bem como do fato de o tipo, o grau e a duração da
vitimização terem resultado em lesões com consequências graves no seu equilíbrio psicológico ou nas
condições de sua integração social.
c) o Ministério Público deverá pleitear, de forma expressa, no bojo dos autos, a fixação de valor mínimo para
reparação dos danos materiais, morais e psicológicos, causados pela infração penal ou ato infracional, em
prol das vítimas diretas, indiretas e coletivas.
d) o Promotor de Justiça Criminal deve deixar para o Promotor de Justiça especializado o pleito de reparação
civil, focando na acusação penal.
e) cabe à Defensoria Pública e não ao Ministério Público a atuação funcional na defesa das vítimas e busca
de suas reparações dos danos materiais, morais e psicológicos.
60. (INSTITUTO AOCP - 2022 - MPE-MS - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Assinale a alternativa
INCORRETA.
a) O Promotor de Justiça, em suas alegações finais, pode e deve se manifestar sobre a dosimetria da pena e
quanto ao regime prisional, inclusive apelando ou opondo embargos quanto a esses temas quando for o
caso.
b) A dosimetria da pena é matéria sujeita à certa discricionariedade judicial, à míngua de previsão, no Código
Penal, de rígidos esquemas matemáticos ou regras absolutamente objetivas para a fixação da pena.
c) Não há bis in idem na incidência da agravante genérica do art. 61, II, f 226 (com abuso de autoridade ou
prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a
mulher na forma da lei específica), concomitantemente com a causa de aumento de pena do art. 226, II, (se
o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor
ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela) ambas do CP, no crime de
estupro.
d) É possível o reconhecimento da atenuante de confissão espontânea ao delito de tráfico de drogas, quando
o réu, em interrogatório judicial, confessa a destinação da droga apreendida para uso próprio.
e) A invocação da natureza e da quantidade da droga, como fundamento da exasperação da pena-base,
configura vetor suficiente a justificar a fixação da reprimenda acima do mínimo legal, tendo em conta o
disposto no art. 42 da Lei nº 11.343/2006.
61. (PGR - 2022 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA) “A” REMETE PARA O RIO DE JANEIRO, DE
AMSTERDÃ/HOLANDA, APROXIMADAMENTE 800 (OITOCENTOS) GRAMAS DA SUBSTÂNCIA
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Defensor
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II. Condenação transitada em julgado pelo porte de entorpecentes para consumo (art. 28 da Lei nº
11.343/2006) gera reincidência.
III. Para o cálculo de período depurador de cinco anos, computa-se o período de sursis, mas não o de
livramento condicional.
IV. É considerada como marco interruptivo da prescrição da pretensão executória na data do trânsito em
julgado do novo delito e não na data de seu cometimento.
V. Para fazer prova da reincidência não é necessário certidão, sendo suficiente a informação constante da
folha de antecedentes.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e IV.
b) I, II e IV.
c) III, IV e V.
d) III e V.
e) II e V.
67. FCC/DPE-AP/Defensor Público/2018
O lapso temporal para progressão de regime é de
a) metade, em caso de reincidente em crime doloso.
b) um terço, em caso de roubo majorado.
c) três quintos, em caso de crime cometido com violência ou grave ameaça contra a pessoa.
d) dois quintos, em caso de homicídio simples, se primário.
e) um sexto, em caso de tráfico de drogas na forma privilegiada.
68. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018
Os antecedentes criminais
a) podem ser considerados negativamente na aplicação da pena com o registro de atos infracionais,
vedando-se, contudo, para efeitos de reincidência.
b) podem aumentar a pena-base acima do mínimo legal com o registro decorrente da aceitação de transação
penal pelo acusado.
c) podem ser verificados a partir da existência de ações penais em curso, mas não de inquéritos policiais na
mesma condição.
d) podem ser considerados para fins de cabimento da substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos.
e) constituem circunstância agravante que incide com a regular certidão comprobatória de condenação
anterior.
69. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018
A pena restritiva de direitos
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a) pode substituir a privativa de liberdade em caso de reincidente em crime culposo, salvo se a pena for
superior a quatro anos.
b) de limitação de fim de semana é vedada para crimes patrimoniais e contra a administração pública.
c) de prestação pecuniária é indisponível e por isso não pode consistir em prestação de outra natureza
mesmo com concordância da vítima.
d) de prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em tempo menor do que a pena privativa de
liberdade substituída, se esta for superior a um ano.
e) pode ser cumulada com medida de segurança na modalidade de tratamento ambulatorial, pois não implica
em restrição da liberdade.
70. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018
A progressão de regime de cumprimento de pena
a) ao regime aberto deve ser acompanhada de exame criminológico para aferição do prognóstico de
reincidência do condenado.
b) requer o cumprimento de três quintos da pena para o reincidente específico no crime de roubo.
c) tem como data-base para segunda progressão a data da decisão judicial que concedeu a primeira,
conforme entendimento dos Tribunais Superiores.
d) composta por uma condenação por crime comum e outra por crime hediondo se dá com o cumprimento
de um sexto da pena da primeira mais dois quintos da segunda.
e) pode ficar condicionada à existência de vaga em regime prisional mais brando.
71. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018
Em se tratando de regime aberto, a pena deverá ser cumprida em
a) casa de albergado.
b) penitenciária.
c) centro de observação.
d) colônia agrícola.
e) cadeia pública.
72. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018
Assinale a opção correta, a respeito das regras do regime fechado de cumprimento das penas privativas de
liberdade previstas na legislação vigente.
a) Em regra, o condenado a pena privativa de liberdade superior a quatro anos iniciará o seu cumprimento
no regime fechado.
b) A pena de reclusão deve ser cumprida exclusivamente em regime fechado.
c) A execução da pena em regime fechado deverá ocorrer exclusivamente em estabelecimento de segurança
máxima.
d) O condenado que cumpre pena no regime fechado pode ser autorizado a realizar trabalho externo em
serviços ou obras públicas.
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e) O condenado que cumpre a pena no regime fechado deve ficar isolado durante o repouso noturno e,
durante o dia, deve trabalhar em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
73. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018
André e Bruno, companheiros de cela em determinada penitenciária, são assistidos pela Defensoria Pública
do Estado de Pernambuco. André cumpre pena de seis anos por furto qualificado e tem como antecedente
criminal uma condenação de um ano e oito meses por crime culposo, já cumprida. Bruno, por sua vez,
cumpre pena de nove anos por tráfico de drogas e não possui antecedentes criminais.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta a respeito do livramento condicional de
André e Bruno.
a) Bruno não fará jus ao livramento condicional, uma vez que foi condenado por crime equiparado a crime
hediondo.
b) Caso André cometa falta grave no cumprimento da pena, o prazo para seu livramento condicional será
interrompido.
c) A concessão do benefício do livramento condicional a André dependerá de ele cumprir um terço da pena
e a Bruno de ele cumprir dois terços da pena.
d) Apesar de ser hipossuficiente, André será beneficiado com o livramento condicional somente se reparar
o dano causado em decorrência da prática do furto qualificado.
e)Por ser reincidente, André atenderá ao requisito temporal para o livramento condicional apenas após ter
cumprido metade da pena.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Bruno fará jus ao livramento condicional, mesmo com a condenação em crime
equiparado a hediondo, nos termos do art. 83, inciso V do Código Penal:
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática
de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
A alternativa B está incorreta. A prática de falta grave, no curso do cumprimento da pena privativa de
liberdade, não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional. Cuida-se de entendimento já
sumulado pelo STJ, referente ao enunciado nº 441:
A alternativa C está correta. Vale relembrar os requisitos por meio deste quadro:
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A banca, de um concurso da defensoria, considerou que, não sendo reincidente (não há informação
específica no enunciado), a ele deve ser aplicado o prazo de 1/3. Há divergências, pois o prazo de 1/3
menciona que o beneficiado deve ser “portador de bons antecedentes”.
A alternativa D está incorreta. Por ser hipossuficiente, André será beneficiado com o livramento condicional
mesmo se não reparar o dano causado em decorrência da prática do furto qualificado, se comprar a
impossibilidade de fazê-lo como determina o inciso IV do art. 83 do Código Penal:
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
A alternativa E está incorreta. André não é reincidente em delito doloso, portanto, atenderá ao requisito
temporal para o livramento condicional após ter cumprido um terço da pena. É o que define o art. 83, inciso
II do Código Penal:
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e) A clemência incide em circunstâncias anteriores à prática do crime, nas hipóteses previstas expressamente
no CP.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O erro sobre a ilicitude do fato constitui erro de proibição.
A alternativa B está correta. Na segunda fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias agravantes
e atenuantes. Neste caso, também não há a fixação de uma fração, pela lei, para a diminuição ou o aumento
da pena, sendo que a jurisprudência aponta como utilizável fração de 1/6 (um sexto).
A alternativa C está incorreta. A reincidência, por exemplo, incide sobre os crimes culposos como
circunstância agravante.
A alternativa D está incorreta. A circunstância atenuante referente à senilidade é definida pelo Código Penal,
no art. 65, inciso I:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data
da sentença;
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
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c) a prisão evidencia o racismo do sistema penal com sua composição populacional e contribui para sua
reprodução e sustentação.
d) o ideal de prevenção geral da pena foi alcançado com a ampliação da privatização e modernização ampla
do sistema prisional brasileiro.
e) a noção de prisão-depósito representa a realização dos ideais de prevenção especial positiva no penalismo
neoliberal.
81. DPE-BA/FCC/2021/Defensor Público
Sobre a confissão, é correto afirmar:
a) Ainda que parcial, atenua a pena, se utilizada para dar suporte à condenação.
b) Constitui causa de diminuição de pena em caso de crimes ambientais.
c) Retira a hediondez quando se tratar de crime punido com até 4 anos de detenção.
d) Atenua a pena no crime de tráfico de drogas com a mera admissão da posse para uso próprio.
e) Incide na aplicação da pena se comprovado igualmente o arrependimento da prática do crime.
Delegado
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c) é vedada a concessão do livramento condicional para o preso que não gozou de 5 saídas temporárias ao
longo da execução da pena.
d) é incabível para pessoas condenadas por crime hediondo ou cometidos com violência ou grave ameaça
contra a pessoa.
e) o livramento condicional é direito subjetivo do sentenciado que cumprir um sexto da pena e apresentar
bom comportamento carcerário.
85. FAPEMS/PC-MS/Delegado de Polícia/2017
Considere o seguinte relato.
Ricardo foi preso em flagrante por crime de estelionato em fevereiro de 2005 em Corumbá-MS, sendo
definitivamente condenado, dois meses depois, à pena de reclusão de dois anos. Cumprida a condenação,
resolveu ir ao Paraguai visando a novas oportunidades. Porém, desempregado, voltou a delinquir em solo
estrangeiro, sendo condenado no mês de setembro de 2008 à pena de três anos por crime de roubo. Em
janeiro de 2009, enquanto aguardava em liberdade o julgamento de seu recurso, fugiu para a cidade de
Ponta Porã-MS, fixando residência. Nesta cidade, trabalhou como garçom no "Bar da Cana" até março de
2012, quando foi preso pela Polícia Militar por utilizar o local como ponto de venda de drogas. Na sentença
pelo crime de tráfico de drogas (artigo 33, da Lei n° 11.343/2006), o julgador agravou a pena de Ricardo por
considerá-lo reincidente.
Quanto à decisão, assinale a alternativa correta.
a) O sentenciante se equivocou ao considerar o réu reincidente, pois, quanto ao primeiro crime, ignorou o
período de detração penal.
b) O sentenciante agravou corretamente a pena, pois o prazo de cessação da reincidência ocorre apenas
cinco anos após o cumprimento da pena e, neste caso, sucederia no mês de abril de 2012.
c) O sentenciante se equivocou, pois, para fins de reincidência, não se considera uma infração anterior
quando praticada fora do território nacional.
d) O sentenciante sopesou corretamente a agravante, pois entre as datas de prática do segundo e do terceiro
crimes, não decorreu um período de tempo superior a cinco anos.
e) O sentenciante se equivocou quanto à reincidência, pois, entre as datas de prática do primeiro e do último
crime, decorreu período de tempo superior a cinco anos.
86. FAPEMS/PC-MS/Delegado de Polícia/2017
No que diz respeito ao sistema de aplicação da pena, assinale a alternativa correta.
a) No caso de condenado reincidente em crime doloso, porém com as circunstâncias do artigo 59 do Código
Penal inteiramente favoráveis, a pena-base pode ser aplicada no mínimo legal.
b) A qualificadora da torpeza no crime de homicídio (CP, artigo 121, § 2°, inciso I) determina a majoração do
quantum de pena privativa de liberdade na terceira fase da dosimetria.
c) O início do cumprimento de pena privativa por condenação pelo crime de homicídio culposo na direção
de veículo automotor (artigo 302 da Lei n° 9.503/1997) sempre será no regime fechado em razão da
gravidade da conduta em relação ao bem jurídico protegido penalmente.
d) Sendo as circunstâncias judiciais favoráveis, admite-se a fixação do regime inicial aberto para o condenado
reincidente, quando a pena fixada na sentença é igual ou inferior a quatro anos.
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e) Na sentença condenatória por crime de estelionato (CP, artigo 171, caput), a pena aplicada em um ano de
prisão pode ser substituída por duas penas restritivas de direitos, desde que presentes os requisitos previstos
no artigo 44 do Código Penal.
87. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018
Diogo, condenado a sete anos e seis meses de reclusão pela prática de determinado crime, deve iniciar o
cumprimento da pena no regime semiaberto. Todavia, na cidade onde se encontra, só há estabelecimento
prisional adequado para a execução da pena em regime fechado. Nessa situação, o juiz poderá determinar
que Diogo inicie o cumprimento de pena no regime fechado.
88. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018
Flávio, maior e capaz, condenado a pena de doze anos pela prática de homicídio doloso qualificado, iniciou
o cumprimento da pena em regime fechado. Durante a execução da pena, ele apresentou comportamento
excelente e colaborativo, por isso, após o período mínimo para a progressão de regime, seu advogado
requereu ao juiz a passagem de Flávio para o regime aberto. Nessa situação, o pedido não poderá ser
atendido: a progressão do regime prisional de Flávio deverá ser para o regime semiaberto.
89. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018
Caio, condenado a nove anos de prisão, cumpria a pena no regime fechado. Passado um ano do cumprimento
da pena, ele cometeu falta grave. Nessa situação, são interrompidas as contagens do prazo tanto para a
obtenção do livramento condicional quanto para a progressão de regime de cumprimento de pena, devendo
ambas ser reiniciadas a partir da data do cometimento da falta grave.
90. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018
O indivíduo, maior e capaz, condenado, definitivamente, por diversos crimes, a pena unificada que perfaça,
por exemplo, noventa anos de reclusão, fará jus ao livramento condicional somente após o cumprimento de
um terço ou metade de noventa.
91. DPF/CEBRASPE/2021/Delegado de Polícia Federal/2021
Julgue o item a seguir:
O inadimplemento da pena de multa não obsta a extinção da punibilidade do apenado.
92. FGV/PC-RN/Delegado de Polícia/2021
Gerson foi condenado, por decisão transitada em julgado em 16/11/2015, à pena de 1 ano e 6 meses de
reclusão, pela prática do crime de furto consumado em 08/08/2013. Em 20/02/2020, Gerson teve sua
punibilidade extinta pela prescrição da pretensão executória. Em 30/11/2020, Gerson foi denunciado pela
prática do crime de roubo consumado em 25/11/2020.
Sendo esses os únicos delitos por ele praticados, Gerson, quanto aos seus antecedentes criminais:
a) será considerado reincidente, mas a mesma condenação não poderá servir para fins de maus
antecedentes;
b) será considerado reincidente e possuidor de maus antecedentes;
c) não será considerado reincidente, mas sua condenação servirá para fins de maus antecedentes;
d) não será considerado reincidente ou possuidor de maus antecedentes, pois o crime anteriormente
praticado prescreveu;
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e) não será considerado reincidente ou possuidor de maus antecedentes, pois ultrapassado o período
depurador de cinco anos do trânsito em julgado da condenação.
93. CEBRASPE/DPF/Delegado Federal/2021
Na hipótese da prática de furto a residência, se a vítima não se encontrava no local e os autores
desconheciam o fato de que ela era idosa, não se aplica a agravante relativa à vítima ser idosa.
94. FUMARC/PC-MG/Delegado Federal/2021
Maria, primária, mãe de uma criança de 6 (seis) anos, que cria sem qualquer ajuda, foi condenada à pena de
5 (cinco) anos de reclusão pela prática do art. 33, caput, da Lei no 11.343/06, e à pena de 1 (um) ano de
reclusão pela prática do art. 180, caput, do Código Penal. Fixado o regime inicialmente fechado, encontra-se
Maria cumprindo as penas impostas sem qualquer intercorrência, apresentando bom comportamento
carcerário. Diante deste cenário, Maria fará jus a progressão de regime prisional quando cumprir
a) 40% (quarenta por cento) da pena relativa à condenação pelo tráfico de drogas, uma vez que não lhe
foram reconhecidos os benefícios do §4o do art. 33 da Lei no 11.343/06 e 16% (dezesseis por cento) da pena
relativa à condenação pelo crime de receptação.
b) 40% (quarenta por cento) da pena relativa à condenação pelo tráfico de drogas, uma vez que não lhe
foram reconhecidos os benefícios do §4o do art. 33 da Lei no 11.343/06 e 1/6 (um sexto) da pena relativa à
condenação pelo crime de receptação.
c) 1/6 (um sexto) do total da pena a ela imposta
d) 1/8 (um oitavo) do total da pena a ela imposta.
95. FUMARC/PC-MG/Delegado Federal/2021
Conforme a legislação e o entendimento jurisprudencial dos tribunais superiores acerca da fixação e
execução da pena, é CORRETO afirmar:
a) A existência de circunstância atenuante pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.
b) A jurisprudência admite a fixação de regime inicial de cumprimento de pena semiaberto ao reincidente
condenado a pena igual ou inferior a quatro anos.
c) A pena unificada para atender ao limite de quarenta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do
Código Penal, é considerada para a concessão dos benefícios prisionais previstos na lei de execução penal,
conforme consolidada jurisprudência do STF.
d) Consoante expressa previsão legal, a embriaguez culposa é circunstância atenuante apta a reduzir a
reprimenda nessa fase.
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GABARITO
Magistratura 35. B 65. D
36. B 66. E
1. D 37. B 67. E
2. A 38. D 68. D
3. B 39. C 69. D
4. A 40. D 70. D
5. B 41. A 71. A
6. D 42. B 72. D
7. D 43. C 73. C
8. C 44. B 74. B
9. B 75. C
10. B Promotor 76. E
11. E 77. INCORRETA
12. C 45. C 78. CORRETA
13. D 46. E 79. E
14. D 47. A 80. C
15. B 48. A 81. A
16. D 49. B
17. B 50. C Delegado
18. A 51. B
19. E 52. A 82. INCORRETA
20. A 53. A 83. B
21. D 54. ERRADA 84. B
22. B 55. ERRADA 85. B
23. A 56. A 86. A
24. E 57. A 87. INCORRETA
25. C 58. E 88. CORRETA
26. E 59. C 89. INCORRETA
27. A 60. D 90. ANULADA
28. B 61. C 91. INCORRETA
29. E 62. B 92. A
30. C 93. CORRETA
31. E Defensor 94. D
32. C 95. B
33. D 63. D
34. D 64. B
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