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mundo. E elas não são poucas. Nasci depois de muitas pessoas e morrerei antes
seguintes. Sentia as estrelas em meus olhos, pois sabia que em alguma parte
Meu coração batia rápido e forte, assustado como uma criança perdida.
Não tinha um pingo de poder nas mãos e sabia que algo ruim iria acontecer. Era
como se algo me alertasse e dissesse que eu deveria ir devagar. Mas eu fui tão
fôlego, mas a dor se alastrou pelo meu corpo e nele fez moradia. Repousei as
mãos nos joelhos enquanto inclinava o peito para frente, mesmo que ameaçasse
cair no meio da estrada. A súbita doença percorria ceticamente o sangue
Tossi, ainda sem fôlego. Uma bola de sangue saiu dentre os meus lábios
subiu. Passei as costas da mão na boca, o sangue gritava vitória por ter
naquele momento, mas ainda me sentia tonta, os pontapés eram tão reais quanto
minha cara sonolenta, onde o suor escorria e os raios solares se propagavam com
tanta facilidade.
Olhei para o cronômetro, marcava quatro minutos e meio. Era o meu pior
tempo, nem no início das corridas eu me saía tão mal quanto depois que o
acidente aconteceu.
Minha mãe espionava tudo pela janela, ela tinha essa mania insolente de
pensar que poderia estar no controle de tudo. E eu continue parada quando ela
correu degraus abaixo e me circundou com um dos seus cobertores que mais
conduzia calor.
suas entranhas.
mim.
um fardo de suas costas. Cruzou os braços e olhou para um ponto fixo, bem
distante de mim. — Sabe que não pode. Por favor, não se torture dessa forma.
Ter corrido por mais de quatro minutos foi um jeito sutil de despertar a
— Que seja!
Sandra não quis exalar emoção, opinou pela calmaria que alimentava nos
— Sinto muito.
cobertor e andei até o quarto, quase batendo os pés nas quinas dos móveis.
Ela não sentia muito. Ela sentia pena. Sentia medo e sentia minha angústia
corrida. Eu estava com defeito. E não existia efeito colateral pior do que ser um
peso morto para aquilo que parecia a principal razão da sua existência. Minha
índole continuava intacta, mas para que servia senão para o constante lamento e
Fechei os olhos e torci para morrer bem naquele minuto. A janela estava
torcia para que um forte resfriado me pegasse e fizesse de mim um corpo frio
num caixão. Mas a gente nunca morre quando quer. E até nisso eu tinha um
problema.
eles sendo públicos ou não. O que certamente não tinha muito a ver com o que
havia me acontecido, mas eu sempre conciliei coisas sem sentido a coisas que
se menos esperava.
Sentia constantes dores de cabeça e ficava com febre quase três vezes ao
tylenol. Fui obrigada, embora pudesse me livrar deles quando passasse pela ponte
sobre a margem de um rio. Cada buraco da cidade me fazia reter uma nova
lembrança. E eu me odiava por imaginar demais. Era uma sonhadora com sonhos
destruídos.
Minha memória não era mais tão boa, por isso tentava detectar todos os
para pensar. Andava com calma pelos corredores e muitas vezes levava os livros
para todas as aulas, não queria retornar ao armário, porque a combinação me era
um grande desafio.
metade, bem no início dela, passei comendo as frutas muito bem lavadas que
trouxera de casa.
morango, até que ele voou para o outro lado quando as mãos dele colidiram
contra a mim. Não doeu muito, mas aquilo era questão de orgulho e até mesmo
de honra.
me xingou. Parecia estar prestes a começar um ataque físico. Por fora, eu não
cabeça. O sentimento que eu carregava era imenso, mal cabia dentro de mim e
faltava explodir na cabeça. Pensei que pudesse inflar de medo e raiva, pela
esperar pelo retorno, mesmo sabendo que a porcentagem de dar certo era igual a
zero. Pessoas ruins têm vidas longas. E Justin tinha muito o que viver ainda.
Riu as minhas custas, com seus amigos ao lado, e se virou, pronto para
partir e carregar a glória divina e a vitória de uma discussão que não dei
relevância... Até aquele momento. Vendo-o dar três passos, como se já tivesse
forte da batida, quase voou pelo refeitório. Seu corpo sofreu um sobressalto e
por pouco não tinha deixado-o cego de um olho. Também, seu nariz sangrava. A
bandeja era enorme e muito dura. Deixou um lado de seu rosto vermelho como
círculo ao nosso redor. Ela olhou para mim, depois para Justin e seu ferimento
(...)
Meu pai era o diretor do colégio e muita gente me odiava por causa disso.
castigos, mas o que muita gente não sabia era que eu passava a maior parte dos
meus dias na detenção tirando goma de mascar das carteiras que ficavam na
Justin estava sentado ao meu lado com uma bolsa de gelo na cara. Eu vi
uma oportunidade e a agarrei no mesmo instante. E me sentia grata por não ter
ficado parada.
sentou-se numa das cadeiras como se estivesse em casa, faltou colocar os pés na
Hesitei, a princípio. Fiquei parada perto da porta até Ettore esbravejar sua
autoridade.
— Eu não sei mais o que fazer com vocês dois. — ele iniciou um diálogo
bem tranquilo, mas sabíamos que não duraria por muito tempo. Bieber tinha um
— É isso que você tem para me dizer? — encarei-o pelo canto dos olhos.
Fechei os olhos com força. Queria tanto chorar, porque me sentia tão
enraivecida e triste ao mesmo tempo... Por tudo. Odiava o mundo e suas voltas.
flexível, mesmo sabendo que nada justificava minha agressão contra um dos
— Acha mesmo que eu vou perder meu tempo com um merda como você? —
Antes de passar pela porta, olhou com superioridade para o diretor. Depois,
desapareceu junto com a bolsa de gelo que ainda pressionava contra o rosto.
Ettore suspirou.
pessoa que detestava o grande capitão do time, e tinha muitos motivos para
que não.
fisicamente falando. Começava a sentir meu corpo febril e frágil como uma
pétala solta por aí, mas não queria demonstrar indisposição e iniciar uma
— Está na detenção.
Ettore veio atrás de mim, e quando avistou com clareza Justin sentado
Andei para fora do recinto. Meio distante, ainda ouvia ambos discutirem
um com o outro.
— Sem brigas, ou ficará no banco por cinco jogos. Deve ser uma boa
motivação.
Justin estava dando passos profundos e chutando o chão com raiva. Não
segurava mais a bolsa de gelo, e seu olho estava muito inchado e roxo, com um
muitos outros.
meu olhar num ponto distante e finalmente me senti descansar sobre esses
pensamentos. Uma coisa era certa: eu não tinha pichado aquilo, por mais tentador
colégio estava ficando cada vez mais vazio enquanto a biblioteca já parecia um
verdadeiro deserto, embora muitos dos livros estivessem espalhados pelas mesas,
juntava alguns livros e seguia até as estantes no final da sala. — Peguei leve com
você esse tempo todo por causa do seu irmão, mas não pense que vou aliviar sua
— Por que diabos está falando comigo, cara? Não cansa de fazer da
Bieber largou tudo o que estava fazendo só para forçar uma carranca
alusão.
cerrei os dentes e os punhos ao mesmo tempo. Não havia mais nada que pudesse
me distrair naquele instante senão a cara debochada que ele fez para me chatear.
odeio você, Selena Gomez. Você é a pessoa que eu mais odeio na vida... Você e
a porra do seu irmão morto. — estremeci ao me lembrar daquele acidente, como
se estivesse assistindo tudo acontecer do banco traseiro do carro pela décima vez.
Justin sabia muito bem dos meus sentimentos de raiva e que eles
poderiam acordar algo bem intenso dentro de mim. Vontade não faltava e a
Eu sei que ele disse aquilo só para me magoar. Justin tinha uma mania
visível de exercer grandes poderes. Não aceitava que alguém desse a última
palavra e saísse por cima dele numa discussão. Então, ofendia de um modo
terrivelmente pesado.
— Não, você é patética. E todo mundo aqui está cansado de saber disso.
que ninguém sentiria falta de suas palavras e atos cruéis, mas eu era mesmo um
recipiente defeituoso que poderia provocar caos a qualquer momento. Foi o que
aconteceu. Senti-me fraca a ponto de ameaçar cair. Sabia que iria me expor para
campo de visão.
— O que é? Vai fingir que está passando mal? — Justin riu e balançou a
cabeça. Sua voz vinha como um fio quase inaudível de presão e desagrado. —
Tentei tomar fôlego, mas a dor no peito se alojou da pior forma. Eu gemi
que acontecia.
grandes.
Contudo, antes que tudo ficasse escuro, o vi correr para apanhar meu
corpo que caia devagar no chão. Eu estava em seus braços quando apaguei e pedi
para que aquele fosse o momento da minha morte, embora estivesse sentindo o
HOMEM?
espera por quase duas horas, olhando para o chão e me lembrando sadicamente
com o médico que cuidou de tudo. E meu pai parecia aceitar muito bem aquela
Sentou-se ao meu lado e pousou a caneta sobre a ficha de Selena. — Pensei que
pouco culpado.
— A culpa não foi sua. — disse, um pouco mais calmo do que antes. — É
— Soropositivo?