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Testes por sequência

Letras em dia, Português, 12 .° ano • Teste 6

Sequência 4 • José Saramago


Grupo I

Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.

Parte A
Lê os dois textos e as notas. Na resposta aos itens de 1. a 3., tem em consideração ambos os textos.

[…] [E]sta cidade, mais que todas, é uma boca que mastiga de sobejo para um lado e de
escasso para o outro, não havendo portanto mediano termo entre a papada 1 pletórica2 e o
pescoço engelhado, entre o nariz rubicundo3 e o outro héctico4, entre a nádega dançarina e a
escorrida, entre a pança repleta e a barriga agarrada às costas. Porém, a quaresma, como o sol,
5 quando nasce, é para todos.
Correu o entrudo5 essas ruas, quem pôde empanturrou-se de galinha e de carneiro, de
sonhos e de filhós, deu umbigadas pelas esquinas quem não perde vaza autorizada, puseram-
se rabos surriados em lombos fugidiços, esguichou-se água à cara com seringas de clisteres,
sovaram-se incautos6 com réstias de cebolas, bebeu-se vinho até ao arroto e ao vómito,
1 partiram-se panelas, tocaram-se gaitas, e se mais gente não se espojou, por travessas, praças e
0 becos, de barriga para o ar, é porque a cidade é imunda, alcatifada de excrementos, de lixo, de
cães lazarentos e gatos vadios, e lama mesmo quando não chove. Agora é tempo de pagar os
cometidos excessos, mortificar a alma para que o corpo finja arrepender-se, ele rebelde, ele
insurreto, este corpo parco e porco da pocilga que é Lisboa.

SARAMAGO, José. Memorial do Convento, 2014, Porto: Porto Editora (pp. 29-30)

Ai como é diferente o carnaval em Portugal. Lá nas terras de além e de Cabral, onde canta o
1 sabiá e brilha o Cruzeiro do Sul, sob aquele céu glorioso, e calor, e se o céu turvou, ao menos o
5 calor não falta, desfilam os blocos dançando avenida abaixo, […] o samba, o samba terramoto
da alma, até Ricardo Reis, sóbrio homem, muitas vezes sentiu moverem-se dentro de si os
refreados7 tumultos dionisíacos8, só por medo do seu corpo se não lançava no turbilhão, saber
como estas coisas começam, ainda podemos, mas não como irão acabar. Em Lisboa não corre
esses perigos. O céu está como tem estado, chuvoso, mas, vá lá, não tanto que o corso não
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2 Editora desfilar, vai descer a Avenida da Liberdade, entre as conhecidas alas de gente pobre, dos
0 bairros, é certo que também há cadeiras para quem as pode alugar, mas essas irão ter pouca
freguesia, estão numa sopa, parece partida carnavalesca, senta-te aqui ao pé de mim, ai que
fiquei toda molhada. Estes carros armados rangem, bamboleiam, pintalgados de figuras, em
cima deles há gente que ri e faz caretas, máscaras de feio e de bonito, atiram com parcimónia
serpentinas ao público, saquinhos de milho e feijão que acertando aleijam, e o público retribui
2 com um entusiasmo triste. Passam
5 algumas carruagens abertas, levando provisão de guarda-chuvas, acenam lá de dentro meninas
e cavalheiros que atiram confetti uns aos outros. Alegria destas também as há entre o público,
por exemplo, está esta rapariga a olhar o desfile e vem por trás dela um rapaz com uma mão
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papelinhos, aperta-lhos contra a boca, esfrega freneticamente e vai aproveitando a surpresa para a
apalpar onde pode, depois ela fica a cuspinhar, a cuspinhar, enquanto ele afastado ri, são modos
de galantear à portuguesa, há casamentos que começaram assim e são felizes. Usam-se
bisnagas para atirar ao pescoço ou à cara das pessoas esguichos de água, ainda conservam o
3 nome de lança-perfumes, é o que resta, o nome, do tempo em que foram suave violência nos
salões, depois desceram à rua, muita sorte é ser limpa esta água, e não de sarjeta, como também
5
se tem visto.

SARAMAGO, José. O Ano da Morte de Ricardo Reis, 2016, Porto: Porto Editora (pp. 181-182)

1. papada: dobra de pele pendente por baixo do queixo; 2. pletórica: exuberante; 3. rubicundo: corado; 4. héctico: tísico, muito magro; 5.
entrudo: Carnaval; 6. incautos: imprudente; 7. refreados: reprimidos; 8. dionisíacos: instintivos, sensuais.

1 Explicita uma das críticas feitas à cidade de Lisboa, comum aos dois excertos, comprovando a
resposta com elementos textuais.

2 Identifica a época festiva descrita nos excertos, demonstrando que surge caracterizada como um
período de excessos.

3 Completa a afirmação abaixo apresentada, selecionando a opção adequada a cada espaço.

Regista as letras – (a), (b) e (c) – e, para cada uma delas, o número que corresponde à opção
selecionada em cada um dos casos.

Quer o excerto de Memorial do Convento quer o excerto de O Ano da Morte de Ricardo


Reis refletem diferentes características da escrita de José Saramago, nomeadamente:
(a) ; o recurso à metáfora, como se verifica em (b) ; e à ironia, presente, por
exemplo, em (c) .

(a) (b) (c)

1. o uso de um registo 1. «[E]sta cidade, mais que todas, é 1. «Agora é tempo de pagar os
predominantemente erudito uma boca que mastiga de sobejo cometidos excessos» (l. 12)
2. a distinção inequívoca entre para um lado e de escasso para o 2. «Ai como é diferente o
as diferentes modalidades de outro» (ll. 1-2) carnaval em Portugal» (l. 15)
reprodução do discurso 2. «Estes carros armados rangem, 3. «Em Lisboa não corre esses
3. a alternância entre o registo bamboleiam, pintalgados de perigos» (l. 20)
formal e o registo informal figuras» (ll. 24-25)
3. «Alegria destas também as há
entre o público» (l. 29)
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Parte B
Lê o texto.

O Portugal Futuro Poderá ser pequeno como este


ter a oeste o mar e a espanha a leste
O portugal futuro é um país tudo nele será novo desde os ramos à raiz
aonde o puro pássaro é possível À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e sobre o leito negro do asfalto da estrada 15 e na avenida que houver à beira-mar
as profundas crianças desenharão a giz pode o tempo mudar será verão
esse peixe da infância que vem na enxurrada Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
5
e me parece que se chama sável mas isso era o passado e podia ser duro
Mas desenhem elas o que desenharem edificar sobre ele o portugal futuro
é essa a forma do meu país
BELO, Ruy, 2004. «País Possível». In Todos os Poemas
e chamem elas o que lhe chamarem
II. Lisboa: Assírio & Alvim (p. 147)
portugal será e lá serei feliz
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4 Caracteriza o «portugal futuro», conforme descrito nos versos 1 a 6 e atendendo ao valor simbólico
das referências ao «pássaro» (v. 2) e às «crianças» (v. 4).

5 Interpreta o sentido dos versos 7 a 16, considerando a relação que estabelecem com os anteriores.

6+ Seleciona a opção de resposta adequada para completar as afirmações abaixo apresentadas.

Nos três últimos versos, o sujeito poético manifesta alguma face a um elemento do
passado – o «relógio da matriz» (v. 17) – cuja integração no novo cenário nacional chega a sugerir.
No entanto, a conjunção adversativa (v. 18), denuncia, desde logo, a rejeição dessa referência ao
«passado», uma vez que poderia e os valores que lhe estão associados.
(A) satisfação ... protelar o projeto do «portugal futuro»
(B) nostalgia ... contrariar o projeto do «portugal futuro»
(C) satisfação ... procrastinar o projeto do «portugal futuro»
(D) dor ... comprometer o projeto do «portugal futuro»

Parte C

7+ Tal como nos romances de José Saramago, em «O Sentimento dum Ocidental», de Cesário Verde,
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emerge uma visão crítica sobre o tempo histórico representado no poema e sobre a sociedade
desse tempo.
Escreve uma breve exposição na qual comproves a afirmação anterior, baseando-te na tua
experiência de leitura do poema de Cesário Verde.
A tua exposição deve incluir:
– uma introdução ao tema;
– um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que são objeto de crítica pelo sujeito poético,
fundamentando cada um desses aspetos em, pelo menos, um exemplo pertinente;
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– uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema. LDIA12DP © Porto Editora


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Grupo II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

Lê o texto.

São três as dimensões da escrita de José Saramago mais vezes destacadas quando
procuramos saber qual a herança que o único Nobel da Literatura português (que nasceu a 16
de novembro de 1922 na freguesia de Azinhaga, Golegã, e completaria agora 100 anos) deixou
às gerações de escritores que vieram depois, que o leram e nele encontraram referências.
5 Por um lado, o aspeto formal da escrita: o jogo entre o discurso direto e indireto, o fraseado
ou as pontuações. Por outro, a criação de mundos próximos da realidade, mas sempre distantes
ao mesmo tempo. Uma espécie de fantasia de carne e osso, saída de inspirações tão distintas
como a História portuguesa, a religião, os escritores que vieram antes dele ou a existência
quotidiana.
A terceira característica fundamental está relacionada com a intervenção política e social
1 que levava da vida «civil» para a escrita. Entre as personagens e os enredos, procurava
0 constantemente a forma mais eficaz de fazer passar os seus ideais. A conclusão evidente é que,
mesmo que o escritor-leitor não concordasse com a ideologia defendida por Saramago, acabava
por respeitar e admirar a decisão de seguir em frente, de não evitar críticas ou polémicas,
insistindo num processo que para o Nobel era inevitável, natural.
A propósito dos cem anos de José Saramago, questionámos escritoras e escritores em
1 língua portuguesa de gerações mais recentes, à procura de elos de ligação com uma obra que
5 permanece influente e fundamental para percebermos os caminhos que a literatura portuguesa
percorreu sobretudo desde 1980, ano da publicação de Levantado do Chão, livro que marca o
início da construção da figura literária de Saramago. [...]
Gonçalo M. Tavares
«Lemos a realidade através de livros que ele escreveu antes. [...]
2 O Memorial do Convento, diria que é o meu favorito. Foi o primeiro que li e tem um
0 imaginário que me interessa muito e uma escrita forte; mas poderia também falar das primeiras
páginas do O Ano da Morte de Ricardo Reis, da chuva de Lisboa, que são muito fortes e ficam
como imagem; o Ensaio sobre a Cegueira também. Provavelmente amanhã escolheria outro. O
que sinto é que são clássicos. Em relação ao Ensaio sobre a Cegueira, estive recentemente na
Turquia a apresentar uma tradução e na altura falaram que, em 2020, no momento da pandemia, o
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2 livro vendeu quase 50 mil exemplares. Foi um bestseller precisamente porque era uma leitura quase
5 analítica da pandemia antes do tempo. Os livros de Saramago têm esta característica e digamos que
isso é algo absolutamente invulgar e que o coloca já como um clássico, isto é, com livros escritos
antes e que são interpretações de factos posteriores.»

GONÇALVES, Ricardo Ramos, 2022. «“O que aprendi com José Saramago?” Nos cem anos do Nobel, 11
escritores respondem (e escolhem os livros favoritos)». In https://observador.pt/especiais/o-que-aprendi-com-jose-
3 saramago-nos-cem-anos--do-nobel-11-escritores-respondem-e-escolhem-os-livros-favoritos/ [Consult. 2022-11-22]
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1 Nos três primeiros parágrafos, são destacadas três dimensões da escrita de José Saramago:

(A) o seu aspeto formal, o seu carácter político e a sua dimensão ficcional dependente da
História e da religião.
(B) o alheamento face à realidade humana, o seu aspeto formal e influência da História
portuguesa.
(C) a supremacia da intervenção política e social em detrimento do aspeto formal e a dimensão
ficcional influenciada por áreas tão distintas como a História e a religião.
(D) o seu aspeto formal, o seu carácter interventivo e a sua dimensão ficcional próxima da
realidade humana.

2 A obra do único Nobel da Literatura português


(A) é essencial na análise do percurso da literatura portuguesa desde o final do século
passado.
(B) destaca-se pelo seu carácter efémero.
(C) é, sobretudo, reconhecida no estrangeiro, nomeadamente na Turquia.
(D) caracteriza-se por ser, politicamente, consensual.

3 Para Gonçalo M. Tavares, a leitura da obra saramaguiana


(A) foi imperativa durante o período da pandemia.
(B) influencia a interpretação da realidade atual.
(C) provoca, no leitor, um efeito de estranhamento.
(D) dá a conhecer factos futuros infalíveis.

4 A obra Ensaio sobre a Cegueira


(A) permitiu, em 2020, uma análise detalhada da pandemia.
(B) foi, desde a sua publicação, um sucesso editorial na Turquia.
(C) é dada como exemplo de uma obra marcante para o leitor.
(D) ilustra o facto de os livros de José Saramago serem considerados clássicos.

5 Todas as expressões abaixo transcritas ilustram a coesão gramatical referencial, exceto a expressão
(A)
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(B) «dele» (l. 8).
(C) «uma» (l. 16).
(D) «o» (l. 30).

6 Os vocábulos «início» (l. 19) e «invulgar» (l. 30) formaram-se pelo processo de

(A) derivação, em ambos os casos.


(B) derivação e composição, respetivamente.
(C) derivação por prefixação e composição morfológica, respetivamente.
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(D) derivação não afixal, em ambos os casos. LDIA12DP © Porto Editora

7 Classifica a oração «mesmo que o escritor-leitor não concordasse com a ideologia defendida por
Saramago» (ll. 11-12).

Grupo III
Ricardo Ramos Gonçalves aponta como uma das dimensões da escrita de José Saramago «a
intervenção política e social que levava da vida «civil» para a escrita».
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e
cinquenta palavras, defende uma perspetiva pessoal sobre o papel da arte enquanto meio de
intervenção social.
No teu texto:
– explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos,
cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
– utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente do número de algarismos que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

Cotações
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I 104
16 16 16 16 16 8 16
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II 56
8 8 8 8 8 8 8
III Item único 40
Total 200
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Matriz do Teste 6 • José Saramago

Estrutura e cotação Domínios Aprendizagens Essenciais

Parte A
• Interpretar obras literárias
portuguesas produzidas no
1. 16 pontos século XX:
José Saramago (Memorial do
2. 16 pontos Convento e O Ano da Morte
de Ricardo Reis) e
3. 16 pontos Poetas contemporâneos
Educação (Ruy Belo).
Literária
• Comparar textos de diferentes
Parte B
Grupo I épocas em função dos temas,
104 pontos ideias, valores e marcos históricos
4. 16 pontos e culturais: José Saramago
(Memorial do Convento e
5. 16 pontos O Ano da Morte de Ricardo Reis)
e Poetas contemporâneos (Ruy
Belo).
6. 8 pontos

Parte C
Escrita • Escrever uma exposição,
respeitando as marcas de género.
7. 16 pontos

1. 8 pontos • Ler textos de diferentes graus


de complexidade argumentativa:
2. 8 pontos artigo de opinião.

• Identificar os processos de
3. 8 pontos coesão textual (gramatical e
lexical).
Grupo II Leitura
4. 8 pontos
56 pontos Gramática • Conhecer os processos de
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formação de palavras.
5. 8 pontos
• Explicitar o conhecimento
gramatical relacionado com a
6. 8 pontos
articulação entre constituintes e
entre frases (frase complexa).
7. 8 pontos [Retoma]

Grupo III • Escrever um texto de opinião,


Item único 40 pontos Escrita
40 pontos respeitando as marcas de género.
Sugestões de resolução
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Sugestões de resolução do Teste 6 disso, estas últimas encontram-se igualmente LDIA12DP © Porto Editora
associadas à ingenuidade e à inocência.
Grupo I – Parte A
5. Os versos 7 a 16 salientam a indiferença da forma
1. A cidade de Lisboa surge caracterizada como um conferida pelas «crianças» ao país, nos seus
local de contrastes, assimetrias e desequilíbrios desenhos a giz sugeridos anteriormente, pois sobre
sociais. Assim, no primeiro excerto, com a ela deve prevalecer uma nova essência («tudo nele
expressão «[E]sta cidade, mais do que todas, é uma será novo desde os ramos à raiz», v. 13). No futuro,
boca que mastiga de sobejo para um lado e de Portugal será um espaço de felicidade («Portugal
escasso para o outro» (ll. 1-2) e com a enumeração será e lá serei feliz», v. 10) e de regeneração («pode
de elementos corporais que ilustram esta referência o tempo mudar será verão», v. 16).
(«papada pletórica e o pescoço engelhado, entre o
6. (B).
nariz rubicundo e o outro héctico, entre a nádega
dançarina e a escorrida, entre a pança repleta e a
barriga agarrada às costas», ll. 2-4), denuncia-se o Grupo I – Parte C
contraste entre a abundância dos mais abastados e 7. Resposta pessoal. Tópicos de resposta:
a escassez dos mais desfavorecidos no que respeita – tempo presente marcado pela existência de uma
ao acesso aos alimentos. Do mesmo modo, no sociedade decadente e angustiante, por oposição a
segundo excerto, é percetível a existência de dois um passado glorioso (exemplo: quotidiano banal,
grupos contrastantes quanto às suas posses, dentro sem conquistas notáveis ou gloriosas, sobressaindo,
do mesmo espaço físico, tal como demonstra a entre outros aspetos, o ócio dos lojistas que
passagem «entre as conhecidas alas de gente conversam à porta e das «elegantes» nas montras
pobre, dos bairros, é certo que também há cadeiras das ourivesarias);
para quem as pode alugar» (ll. 22-23).
– degradação do espaço citadino, que surge
2. A época festiva retratada nos textos corresponde caracterizado como soturno, triste e imoral
ao período do Carnaval (Entrudo), sendo (exemplos; referência à «soturnidade» e
caracterizada, efetivamente, como uma época de «melancolia» que invadem as ruas da cidade ao
excessos. Assim, no primeiro texto, são referidos os final do dia e que despertam no «eu» o desejo de
excessos alimentares («quem pôde empanturrou-se sofrer; a referência às «impuras» e «imorais»).
de galinha e de carneiro, de sonhos e de filhós», ll.
6-7, «bebeu-se vinho até ao arroto e ao vómito», l. Grupo II
9), a destruição de objetos («partiram-se panelas», l.
1. (D).
9) e o comportamento desajustado das pessoas no
espaço público («e se mais gente não se espojou, 2. (A).
por travessas, praças e becos, de barriga para o ar,
3. (B).
é porque a cidade é imunda, alcatifada de
excrementos, de lixo, de cães lazarentos e gatos 4. (D).
vadios, e lama mesmo quando não chove», ll. 10- 5. (C).
12). Por outro lado, no segundo texto, surgem
referências a brincadeiras que resultam em dor para 6. (A).
o público («atiram com parcimónia serpentinas ao 7. Oração subordinada adverbial concessiva.
público, saquinhos de milho e feijão que acertando
aleijam», ll. 26-27) e a atitudes abusivas de um Grupo III
rapaz em relação a uma rapariga («está esta
rapariga a olhar o desfile e vem por trás dela um Resposta pessoal.
rapaz com uma mão cheia de papelinhos, aperta-
lhos contra a boca, esfrega freneticamente e vai
aproveitando a surpresa para a apalpar onde pode»,
ll. 30-32).

3. a) 3; b) 1; c) 3.

Grupo I – Parte B
4. Segundo o sujeito poético, o «portugal futuro é um
país» marcado pela pureza e pela liberdade do
«pássaro» (v. 2) e das «crianças» (v. 4). Para além

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