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A presente comunicação apresenta algumas das idéias que vêm balizando a pesquisa
“Impactos regionais dos assentamentos rurais: dimensões econômicas, políticas e sociais”, ainda
em andamento. Para tanto, recuperamos as reflexões centrais do projeto inicial e apresentamos
alguns de seus desdobramentos em termos teóricos e metodológicos.
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A pesquisa, iniciada em 1997 e ainda em andamento, realiza-se simultaneamente em seis estados da federação e está
sendo financiada em sua quase totalidade pela FINEP. Conta ainda com algum aporte financeiro do Pronex. A
coordenação nacional é feita pelos autores da presente comunicação, professores do CPDA/UFRRJ. No estado do
Acre, a coordenação é realizada por Elder Andrade de Paula (UFAC); em Mato Grosso, por Eudson de Castro
Ferreira e Antonio João Castrillon Fernandes (GERA/UFMT); no Rio de Janeiro, por Leonilde Servolo de Medeiros
e Sérgio Pereira Leite (CPDA/UFRRJ); no Rio Grande do Sul, por Zander Navarro (UFRGS); em São Paulo, por
Sonia Bergamasco (Unicamp) e em Sergipe, por Eliano Sérgio de Azevedo Lopes (UFSE). A presente comunicação
tem por base o projeto original da pesquisa (Medeiros e Leite, 1997) e documentos de discussão produzidos pela
equipe do Rio de Janeiro (Alentejano, 1997 e Medeiros e Sousa, 1997), composta, além dos coordenadores por
Adriane C. Benedetti, Inês Cabanilha de Souza e Paulo Roberto Raposo Alentejano.
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terra. Como resultado, se, por um lado, a tese esposada por alguns componentes do governo
sobre a urgência da realização de uma reforma agrária que promovesse alterações substanciais na
estrutura fundiária do país foi derrotada, por outro, as pressões dos movimentos e conflitos
existentes na área rural, levaram a que algumas desapropriações fossem realizadas1. A elas se
seguiram a criação de assentamentos pelo governo federal e pelos governos estaduais, neste caso,
através de outros mecanismos de obtenção de terra que não a desapropriação por interesse social,
que é um instrumento legal de uso exclusivo do governo federal2. Apesar dos resultados ainda
tímidos quanto ao número de famílias beneficiadas e o estoque de terras aproveitadas, existe, no
Brasil, uma realidade agrária "reformada" nada desprezível, com um potencial de inserção -
econômica, política e social - a ser explorado mais exaustivamente3.
É muito grande a diversidade de situações que aparecem, no discurso governamental,
classificadas como “assentamentos de reforma agrária”: regularizações fundiárias em terras
ocupadas por vezes há décadas por “posseiros”, assentamentos em áreas de conflitos gerados pela
tentativa de expulsão de trabalhadores que de há muito viviam na terra como “rendeiros”,
“agregados”; áreas objeto de ocupação por organizações de trabalhadores (em especial pelo MST,
mas, em alguns casos, também por sindicatos de trabalhadores rurais), assentamentos em áreas
que se constituíram como reservas extrativistas, fruto da luta de seringueiros pela permanência
em terras que exploravam há gerações, usinas falidas que foram desapropriadas e onde foram
alocados os próprios trabalhadores que ali de há muito trabalhavam como assalariados, etc. Em
que pese essa diversidade, a partir do momento da implantação dos projetos, a sua inserção no
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Sobre os conflitos na área rural na década de 80, ver Grzybowski (1987), Medeiros (1989), Esterci (1991), Almeida
(1994). Para uma análise do significado político da luta por reforma agrária no período, ver Ferreira e Teixeira
(1988), Palmeira (1989 e 1994), Tavares (1989), Medeiros (1994), Pacheco (1993). Um relato extremamente rico do
debate interno aos aparelhos de estado pode ser encontrado em Gomes da Silva (1987 e 1988). Uma síntese recente
dos debates em torno da questão agrária pode ser encontrada em Palmeira e Leite (1998).
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É o caso de diversas áreas do estado do Rio de Janeiro, onde o governo estadual recorreu à alternativa de
desapropriação por utilidade pública), ou do estado de São Paulo, onde houve recurso à utilização de terras públicas
(Novicki, 1992 e 1998).
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Até 1990, os projetos de assentamento existentes no Brasil, apesar da pouca expressividade dos resultados dos
programas implantados, totalizavam 876 núcleos, sendo que destes, 515 foram realizados no âmbito do Plano
Nacional de Reforma Agrária (PNRA), 137 oriundos do programa de colonização oficial e 224 frutos de políticas
agrárias dos governos estaduais (Brasil, MARA/INCRA, 1990). Dados oficiais de 1995 indicavam o crescimento no
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agro nacional parece conter características comuns, o que possibilita pensar em condicionantes
estruturais que, além do próprio perfil de intervenção governamental, vão imprimir peso na
condução e desenvolvimento destes núcleos de trabalhadores rurais. O importante a ressaltar é
que, apesar da diferenciação dos programas governamentais que foram levados a atuar em
situações e com instrumentos diversos e mantida a pluralidade dos processos e das lutas por terra
no país, existe hoje um significativo segmento social, localizado nos assentamentos rurais, que
dialoga com o Estado e com a sociedade, de forma específica e direcionada (Leite, 1992),
conseguindo, para além das marchas e contramarchas políticas, consolidar um acúmulo de
experiência e conquistas inquestionáveis.
Também são múltiplos os atores diretamente envolvidos no processo de assentamento,
além dos demandantes de terra: o Incra; o Poder Judiciário; as secretarias estaduais de agricultura
e seus organismos de assistência técnica; prefeituras; organizações não governamentais voltadas
quer para o apoio e assessoria às organizações de trabalhadores, quer especializadas na
elaboração de projetos específicos de desenvolvimento; entidades vinculadas às Igrejas; entidades
de representação, como é o caso dos sindicatos, federações de trabalhadores na agricultura e
Contag, do MST, associações de produtores, cooperativas, etc; entidades patronais (sindicatos,
associações).
Da mesma forma, são bastante diversificados os beneficiários diretos dos assentamentos.
Do ponto de vista da inserção no processo produtivo, encontram-se posseiros, com longa história
de ocupação da terra; filhos de produtores familiares pauperizados que, frente às dificuldades
financeiras para o acesso à terra, optaram pela ocupação como único caminho possível para se
perpetuarem na tradição de produtores independentes; parceiros, em busca de terra própria;
pequenos produtores atingidos pela construção de hidrelétricas; seringueiros que passaram a
resistir ao desmatamento que ameaçava o seu modo de vida; assalariados rurais, muitas vezes
completamente integrados no mercado de trabalho; populações de periferia urbana, com
empregos estáveis ou não, eventualmente com remota origem rural, mas que, havendo condições
políticas favoráveis, se dispuseram à ocupação, aposentados que viram na terra a possibilidade de
um complemento de renda, etc.
número desses projetos, que somavam, no conjunto, 1.626 núcleos, conglomerando ao redor de 350.836 famílias em
27,2 milhões de hectares arrecadados (Brasil, MAARA/INCRA, 1995).
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Do ponto de vista de sua inserção social e da constituição de sua identidade política,
muitos dos assentados foram mobilizados pelo MST, pelo sindicalismo rural, por movimentos de
atingidos por barragens, pelo Conselho Nacional dos Seringueiros, trazendo em sua trajetória
fortes marcas de diversificadas experiências de organização e confronto, quer com o poder
patronal, quer com o Estado. Outros ainda foram mobilizados por representantes do poder local,
prefeitos, vereadores, que, frente à possibilidade concreta de realização de assentamentos em seus
municípios, disputaram a inserção dos “seus” trabalhadores “sem terra” nos projetos anunciados
ou em curso. Os estudos de caso existentes mostram também situações de trabalhadores que, ante
um processo de ocupação em curso, agregaram-se à iniciativa, liderados por pessoas que nem
sempre tinham fortes vínculos com os movimentos e que acabaram mantendo uma certa
autonomia em relação a eles4.
Além de apontar toda essa diversidade de personagens e instituições envolvidos no
processo de assentamento, é importante resssaltar que, do ponto de vista das políticas públicas, a
emergência dessas unidades se fez através da lógica de intervenção pontual sobre situações de
conflito, segundo sua gravidade e/ou a importância e capacidade de se fazer valer dos diferentes
interesses envolvidos nas desapropriações. Sob esse prisma, as unidades criadas são
espacialmente dispersas, muitas vezes sem nenhuma infraestrutura viária (dificultando ou mesmo
inviabilizando mercados para os produtos gerados), com apoio financeiro, de assistência técnica,
sanitário e educacional em geral bastante deficientes.
Esses aspectos, em sua interrelação, fazem dos assentamentos um verdadeiro laboratório
para observação privilegiada de múltiplas experiências. Passados treze anos da intensificação de
sua constituição, a trajetória dos assentamentos e dos assentados mostra-se bastante diferenciada,
dificultando qualquer análise simplificadora em termos de sucesso ou insucesso. De toda forma,
num plano mais geral, como o indica Neves (1995:202), “o reconhecimento econômico e político
do assentado demonstra que a vitória no jogo de concorrência pela aplicação da política de
reforma agrária é de quem nele se empenha e procura fazer crer os seus efeitos; é de quem
politicamente é capaz de relativizar a distância entre as intenções e as realizações”.
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Diferentes exemplos dessas situações podem ser encontrados na literatura disponível sobre assentamentos. Entre
outros, ver Menezes (1991); Novicki (1992); Torrens (1992); Ferrante (1992); Cazella (1992); Moraes (1994);
Franco (1994), Souza (1996), Pessoa (1997).
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Fazem parte da construção desse reconhecimento diversos aspectos. Os assentamentos
fortaleceram os movimentos de luta pela terra, uma vez que se constituíram em prova da eficácia
das pressões intensas, entre elas as ocupações, como forma eficaz de luta por terra; provocaram
rearranjos institucionais provocando a necessidade de um aparelhamento do Estado para lidar
com essa nova realidade (não só em termos de criação de novos organismos ou reformulação dos
existentes, nos governos estaduais e federais, mas também de novas leis e regulamentações);
geraram empregos e, de alguma maneira, aumentaram o nível de renda das famílias assentadas,
com reflexos na economia municipal e regional; alteraram, em maior ou menor medida, as
relações de poder local. Se, como aponta Paulilo (1994:186), a luta pela terra provoca mudanças
no modo de vida e na consciência dos que nela se envolveram, o mesmo se pode dizer do espaço
onde o assentamento se insere e da dinâmica das políticas públicas voltadas para eles.
O aparecimento de novos atores provocado pelo fato do assentamento ser objeto por
excelência da ação de políticas públicas governamentais e não governamentais, a disputa política
que ele produz em algumas situações tendo em vista sua representatividade populacional (e
eleitoral) em pequenos municípios, seus efeitos sobre a renda gerada em alguns locais, fazem com
que sua presença promova rearranjos de relações que, sem dúvida, merecem ser melhor
conhecidos.
Os objetivos da pesquisa
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Entre outros autores, ver Ferrante e Silva, 1988; Bergamasco et allii, 1989; Zamberlam e Florão, 1990; Cazella,
1992; Zimermann, 1989; Menezes, 1991; Bussinger, 1992; Franco, 1992; Leite, 1992; Lopes, 1992; Paulilo, 1994;
Ferrante, 1994; Bergamasco, 1994; Moraes, 1994; Franco, 1994; Navarro, 1994
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Nossa proposta é analisar as diferentes facetas dos impactos locais e regionais dos
assentamentos, recuperando os elementos dinâmicos - econômicos, sociais e políticos - oriundos
da criação dos núcleos. Assim, procura-se averiguar e dimensionar as possíveis interações entre
as transformações no espaço rural (e urbano) e sua articulação com as políticas públicas e o
mercado local/regional. Para tanto, pretendemos avaliar o significado da produção dos
assentamentos em relação à local; as alterações de padrões de consumo dos assentados (uso
pessoal e produtivo), de forma a verificar possíveis mudanças na vida comercial local; a relação
das unidades com entidades de mediação/representação locais e com outras formas de
organização da produção existentes; os processos de disputa política desencadeados a nível local
pela constituição dos assentamentos, envolvendo desde a política partidária e o processo eleitoral,
até as relações com organizações locais e/ou regionais como associações, cooperativas,
organismos de fomento, entidades não governamentais etc. Não se trata, do nosso ponto de vista,
de analisar “respostas” de determinados segmentos, mas de refletir sobre processos sociais tensos
e contraditórios a partir de um conjunto de mudanças na estrutura das relações sociais,
econômicas e políticas, mudanças que não são as mesmas para cada uma das situações analisadas,
variando em função das particularidades de cada uma delas.
Para desenvolver os parâmetros analíticos da pesquisa, avançamos nossa reflexão sobre
o tema “região”, ao mesmo tempo em que buscamos explorar as possibilidades analíticas contidas
na proposta de se estudar “impactos”, como explicitaremos nas páginas a seguir.
No que se refere ao universo empírico da pesquisa, escolhemos seis estados do país
(Acre, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe), que estão sendo
estudados por equipes locais, sob a coordenação dos autores da presente comunicação. Essa
escolha se deve a uma série de fatores:
a) essas unidades da federação têm representatividade em relação às diferentes trajetórias
possíveis de assentamentos, tal qual enumeramos mais acima;
b) neles já há, embora com graus diferenciados de abrangência e profundidade, um certo acúmulo
de conhecimento que nos permite realizar um mapeamento dos assentamentos de forma a permitir
uma escolha adequada dos casos a serem objeto de pesquisa de campo6.
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O Estado de São Paulo possui um censo dos assentamentos publicado em 1995 pela UNESP. A UFMT publicou
em 1994 o relatório final de pesquisa sobre diversos projetos de assentamento no estado. Acre, Rio Grande do Sul e
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c) conhecimento de pesquisadores experientes no tema, que nos possa permitir montar uma
equipe de caráter interdisciplinar, mas que se disponha a trabalhar de forma integrada. Uma
relação dos assentamentos pesquisados pode ser encontrada no Anexo 1 da presente
comunicação.
Rio de Janeiro possuem um vasto material bibliográfico analisando (estudos de caso) os projetos aí existentes. O
Estado de Sergipe, através da UFSE, tem mapeado os 40 projetos criados na região e realizado estudos sobre
diversos deles.
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regiões construídas a partir dos assentamentos, entendidas como área de influência e de
constituição de uma determinada rede de relações econômicas, sociais e políticas (que podem
coincidir com um município, com um conjunto de municípios, ou com partes deles). Com isso,
estamos assumindo que há processos múltiplos a serem considerados que antecedem o
assentamento, são concomitantes a ele e o sucedem.
Ou seja, falar em “impactos regionais dos assentamentos rurais” implica em perceber
diferentes dimensões das relações sociais, econômicas, políticas e ambientais, que se
desenvolvem como um processo, em espaços e tempos marcados e delimitados pela própria
criação dos assentamentos, mas que implica em considerar as condições anteriores da “região”,
dos assentados. Nessa perspectiva, procuramos não segmentar disciplinarmente a análise, mas
perceber o imbricamento das diferentes dimensões analíticas através, como veremos adiante, do
recorte de temas que permitam trabalhar com o seu cruzamento.
Com essa ótica, estamos conduzindo a pesquisa de forma a resgatar diferentes momentos
da trajetória dos assentamentos. O primeiro deles é o histórico da região onde se localizam e dos
conflitos que podem lhe ter dado origem. Nesse processo, geram-se lideranças, constróem-se
alianças e oposições, produzem-se solidariedades e identidades. No que diz respeito a nosso
objeto, ocorrem alterações nas relações sociais desde o momento em que uma questão “nova” se
impõe enquanto problema político (no sentido de que as forças políticas locais, diferentes esferas
do Estado – Judiciário, Executivo - reconhecem uma situação de tensão e buscam respostas para
ela). No que se refere à região onde o assentamento é feito, trata-se de verificar as condições de
ocupação, produção, relações sociais e políticas pré-existentes, etc. Um segundo momento
considerado é a ação do Estado, que intervém sobre o conflito, com a regularização ou
desapropriação das terras, delimitação das áreas dos assentados, fornecimento de linha de crédito
através do Procera (deixamos provisoriamente de lado casos de uma intervenção repressiva ou
mesmo de “desconhecimento” do conflito, da qual não resulta um assentamento). Essa
intervenção pública, mesmo que seja de regularização fundiária, provoca uma reordenação de
relações no plano local. Assentar significa reconhecer uma situação de conflito, determinados
agentes sociais, demandas, muitas das quais até então ignoradas, e, possivelmente, permitir sua
transformação em direitos, o que implica trazer uma mediação legal para o conflito, etc. Daí
deriva uma das primeiras dimensões do que se poderia chamar “impacto” dos assentamentos: traz
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determinados segmentos para a experiência (positiva) com o mundo dos direitos, na medida
em que o assentamento em si mesmo implica o reconhecimento do direito a um determinado
pedaço de terra (o que é diferente do reconhecimento do direito à terra em geral). A trajetória dos
assentados, suas alianças, possibilidades de coesão e de constituição de espaços de poder, as
relações que se estabelecem entre si, com o Estado, com as forças políticas locais são definidoras
das possibilidades de consolidação desse direito e/ou de seu desdobramento em outros direitos (já
dados ou novos). Desse ponto de vista, o assentamento representa uma ruptura com uma situação
anterior e aparece, ele mesmo, como resultado de relações de poder.
Finalmente, um terceiro momento é o da instalação e reprodução: após a chegada à terra,
delimitação de lotes e início da produção (que a literatura tem mostrado ser de inventividade, mas
também de reposição de conflitos), novas questões se colocam: a necessidade, muitas vezes, de
disputar os créditos de implantação e do Procera, a imposição de formas associativas, a
diferenciação política que ela produz (ou consolida) entre os assentados, a necessidade de buscar
mercados para os produtos, a manifestação de uma série de carências com relação a formas de
escoar o que é produzido, obtenção de insumos, necessidades com relação à saúde, educação,
transporte, etc. Esses temas trazem os assentados para novas redes de relações sociais,
constituindo espaços de formulação de demandas, de reiteração de antigas mediações, de
constituição de outras. Aprendem-se determinadas regras da representação/ delegação, que podem
(ou não) reproduzir antigas relações (de clientela, por exemplo), constituem-se novas regras para
a vida em conjunto, exploram-se caminhos de sobrevivência. É nesse processo que se delimita a
“região do assentamento”.
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Desse ponto de vista é bastante rica a contribuição de Giddens, que chama a atenção para o fato de que na
modernidade "o lugar se torna cada vez mais fantasmagórico: isto é, os locais são completamente penetrados e
moldados em termos de influências sociais bem distantes deles. O que estrutura o local não é simplesmente o que está
presente na cena; a 'forma visível' do local oculta as relações distanciadas que determinam sua natureza" (Giddens,
1991:27). Há que considerar pois, na análise de relações locais, o fato de que há um deslocamento "das relações de
contextos locais de interação e sua reestruturação através de extensões indefinidas de tempo-espaço" (Ibidem:29).
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particularmente a atenção. O primeiro deles refere-se à dimensão de “adesão” que tem o voto,
entendida a “adesão” como um processo que vai comprometendo o indivíduo, ou a família, ou
outra unidade social significativa ao longo do tempo, para além da política e ligado a lealdades
primordiais. Na hora do voto, as pessoas se posicionam ao lado daquelas com quem têm algum
tipo de compromisso: são pequenos e grandes favores, promessas recíprocas em jogo. O outro
aspecto refere-se ao fato de que o que está em disputa na política é o eleitor em “disponibilidade”,
o que não tem vínculos de lealdade (ou que é visto como tal). Nesse caso, não se trata de buscar a
adesão de uma determinada categoria mas, segundo Palmeira, da tentativa de comprometer
individualmente eleitores enquadrados socialmente por novos recortes sociais. No nosso caso, os
assentados.
É também nessa direção que apontam as reflexões de Chaves sobre a política local,
quando afirma que, nessa esfera, “a política é percebida como uma rede hierárquica de relações,
em que os níveis superiores resultam da detenção do controle de maior número e qualidade de
relações... Esse universo significativo implica, por conseguinte, uma inversão da idéia de
representação e subverte o sentido de cidadania segundo o ideário moderno... Assim, enquanto o
modelo liberal implica idealmente a universalidade da regra impessoal, o modelo nativo inscreve
a particularidade da relação como princípio normativo da política. Em lugar de indivíduos-
cidadãos, submetidos aos mesmos deveres e direitos, o modelo implica a relação de pessoas
políticas, concretas e particulares. A pessoa política sofre, portanto, da contingência dada pelo
fato de existir em relação: é alguém quando reconhecida por outrem. Resulta que a política
termina por particularizar e individualizar, transmutando, como em Buritis, o econômico no
âmbito do favor político... Como relação pessoal, estabelece um estatuto diversificado de
cidadania entre aquele que pede tijolos e o que recebe um contrato privilegiado com a
prefeitura, por exemplo” (136/7).
Desse ponto de vista, uma preocupação inicial da pesquisa é a de conhecer a origem da
população que constituiu o assentamento (se do município ou da região), uma vez que esse fato
pode implicar em dinâmicas distintas de relação política com os assentados. Por exemplo, no caso
de populações já enraizadas nos locais, há uma mudança nas relações e no status de determinados
grupos, mediada pelo acesso à terra e que se traduz em alterações nos padrões de relação com as
forças política e economicamente significativas a nível local. No caso de populações “de fora”, é
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muito comum o questionamento sobre a pertinência de transferência e a introdução de novas
relações, muitas vezes por decisão “de cima” (a desapropriação), da qual as forças locais não
participam ou sobre as quais, em grande parte dos casos, têm pouco poder de influência. Por
outro lado, esses “de fora” seriam os “disponíveis” por excelência para a disputa local.
Se o assentamento é realizado com pessoas “de fora”, há alterações demográficas que se
refletem sobre o colégio eleitoral, o que pode significar mudanças na disputa eleitoral municipal,
bem como o nascimento de novas forças políticas. Se este fato é mais sentido nos casos onde a
população vem de outra região, mesmo nos casos onde o assentamento tem como beneficiários
principais famílias do próprio município, ele se torna alvo de políticas e demandas específicas que
tornam os seus membros passíveis de serem disputados. Isso se torna particularmente visível
quando, devido aos impactos significativamente positivos de assentamentos em determinadas áreas,
observa-se a demanda de alguns prefeitos pela implementação de assentamentos em seu município,
já que sua implantação pode significar, localmente, revigoramento econômico, fiscal, político, etc.
Temos que nos perguntar sobre que tipo de alterações a implantação de um assentamento
pode trazer no plano da política local.
Se os assentamentos trazem novas demandas, trazem também a possibilidade de acesso a
recursos antes inexistentes (que, não raro, chegam através das prefeituras), promovendo disputas
políticas pela implementação da infra-estrutura econômica e social prevista como forma de uso
desses recursos. O próprio Procera pode ter aí um papel central, uma vez que há indicações na
literatura e na imprensa de que ele pode estar provocando dinamização nos mercados locais,
especialmente em pequenos municípios, através da compra de sementes, insumos agrícolas, material
de construção, etc. Grande parte dos assentamentos foi resultado de um processo de luta pela terra, o
que implica em um certo nível de organização e constituição de lideranças que, não raro, acabam
por participar dos processos políticos locais após o assentamento, tornado-se porta-vozes do grupo e
de suas demandas. São relatados na bibliografia inúmeros casos de assentados que disputam cargos
de vereadores e até mesmo prefeituras. Também é comum sua participação nas disputas sindicais,
presença em conselhos de diferentes tipos, cooperativas locais, associações, etc. Atuar nestes
espaços significa ter poder de falar pelos e para os assentados e, consequentemente, buscar ser
ouvido/legitimado por eles e pela sociedade. Ou seja, são formadores de opinião que, de uma forma
ou de outra, tem importância fundamental na constituição dos interesses dos assentados e na sua
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legitimação social. São cargos que, de um lado, representam poder perante as elites locais e, de
outro, representam também a possibilidade de disputa com estas mesmas elites em torno do que
significa estar “do lado” dos assentados ou forçando-as a justificar suas posições contrárias,
trazendo o assentamento para o centro do debate político local. Isso é particularmente visível nas
áreas onde é forte a presença do MST, pela capacidade que essa organização tem de formar
lideranças e capacitá-las para o debate político e econômico.
Decorrente da implantação de assentamentos é possível, pois, falar em uma diversificação
de interesses, que pode (ou não) colocar em risco o poder das elites locais, mas que certamente
altera a dinâmica municipal/regional, introduzindo novos elementos na disputa.
A implantação dos assentamentos, para além dos impactos estritamente locais, provoca
rearranjos de relações com a esfera estadual e federal, reivindicando, novos tipos de atuação de
organismos como o INCRA, por exemplo. Obter o estatuto de "assentado" significa alterar a
situação frente a essa instituição, uma vez que implica em direitos antes não reconhecidos e,
consequentemente, novas formas de cobrá-los. Por outro lado, coloca-se a necessidade de refletir
sobre o processo de descentralização de ações referentes ao assentamento, tendo em vista que, como
adverte Palmeira (1997), ela pode significar uma forte presença local do poder central ou, no sentido
inverso, a centralização pode implicar num reforço do poder local. Nesse sentido, Barros e Ferreira
(1997) chamam a atenção para o fato de que o assentamento pressupõe um efeito reativo das
instâncias municipal e regional.
Assim, há que se investigar como essas unidades reagem à atuação das diferentes esferas, o
que essa reação implica, por onde se legitima e qual o efeito disso para a consolidação de direitos
dos assentados. Na pesquisa, pensar essas dimensões significa investigar o processo de
desapropriação desde sua origem, a formação e as vicissitudes do assentamento, de modo a buscar
as redes de relações que se constituem entre assentados e poder local.
Nessa perspectiva, nesse quadro mais geral sobre as relações de poder em que o
assentamneto está envolvido, trata-se de indagar ainda sobre a identidade de “assentados”. O
processo de luta pela terra não garante a produção de uma identidade política única dos assentados.
Nem tampouco garante que esses assentados tenham um posicionamento político crítico de sua
condição de expropriado (agora não mais expropriado do direito à terra, mas de outros direitos
como crédito, saúde, educação, etc). Assim, diversos exemplos nos indicam que assentados votam
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(e muitas vezes elegem) políticos (prefeitos, vereadores) que, nem de longe, estariam
identificados política e partidariamente com as suas causas ( Ferrante, 1989; Souza; 1996).
É importante termos em conta, na análise dos assentamentos, em que momentos é
constituída, ativada e desativada a identidade “assentado”, quais elementos a constituem. Nossa
hipótese é que “assentado” é uma identidade acionada com muita ênfase nos procedimentos
políticos, quando da necessidade de conquista ou garantias de direitos, momentos em que o
consenso do grupo se cristaliza de maneira muito forte.
Dimensões ambientais/territoriais
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Nossa perspectiva é a de tratar as dimensões ambientais e territoriais das mudanças
provocadas pelos assentamentos sob uma ótica econômica, política e social. Desse ponto de vista,
o que nos chama a atenção de imediato é a impossibilidade de discutir os efeitos ambientais dos
assentamentos sem nos referirmos à própria trajetória das políticas públicas que lhes dão origem.
Um dos pontos a ser destacado refere-se às condições que permeiam a seleção de áreas para
desapropriação. Observamos, por exemplo, que a existência de assentamentos em áreas
inapropriadas para o desenvolvimento da agricultura (com má qualidade dos solos, erosão,
degradação, etc) é bastante recorrente. Esse fator, agregado à necessidade de buscar ganhos
imediatos, tem resultado em intensificação do desgaste do solo, limitando as possibilidades de
produção e de sobrevivência Além disso, encontramos situações de conflito de autoridades entre
distintos organismos do governo federal. No Rio de Janeiro, por exemplo, pode-se observar, no
litoral sul, assentamentos que estão em áreas florestais sob responsabilidade do Ibama o que, além
de inviabilizar a atividade agrícola, acaba por potencializar a exploração da floresta.
Pensar em impactos ambientais dos assentamentos implica ainda considerar o tema na sua
dimensão temporal, ou seja, o que era a área e o que ela é no momento da pesquisa, ou seja,
incorporar as formas de uso do solo numa dimensão mais ampla do que a do tempo do
assentamento. Nessa direção, são vários as situações de redirecionamento da produção e
possibilidades de recuperação, mesmo que parcial, dos recursos naturais. Um exemplo pode ser
tomado dos assentamento em antigas áreas de usinas, monocultoras de cana de açúcar, em São
Paulo e Rio de Janeiro e que passaram por um processo de diversificação de culturas. Em outras
situações, como é o caso dos assentamentos agroextrativistas, o que está em jogo é a preservação de
um determinado modo de relacionamento com os recursos naturais, fazendo prevalecer as tradições
culturais e abrindo novas possibilidades de exploração da floresta, bem como a abertura de novos
mercados.
Essas questões trazem para o âmbito da pesquisa a necessidade de discutir os critérios de
seleção das áreas, a forma como ela é dividida entre os assentados, a natureza da assistência técnica
recebida pelo assentamento, como condição para não transformar os dados ambientais em naturais e
fixos e externos à dinâmica social e política dos assentamentos.
Nessa direção, pode-se observar que a ação de organizações não governamentais junto a
diversos assentamentos tem sido dirigida no sentido de introduzir práticas “ecologicamente
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corretas”, como a adoção de adubação verde, agricultura orgânica, etc. Para além da redução de
custos que essas práticas podem oferecer, há indícios de alguns investimentos no sentido de cativar
mercados especiais, com selos de qualidade (estilo “selo verde”).
A experiência vem demonstrando que, por sua própria natureza política, os assentamentos
vêm se constituindo em espaços por excelência de novas experiências produtivas. Dizer isso não
significa desconsiderar também que eles são profundamente influenciados pelo modelo agrícola da
revolução verde e que provavelmente o mais comum seja a busca da produtividade a qualquer
preço, utilizando as tecnologias disponíveis, inclusive como forma de se fazer reconhecer em um
mercado onde a “produtividade” crescente é uma das exigências.
No que se refere à organização territorial, o assentamento tende a representar uma
mudança na sua dinâmica, uma vez que traz novas formas de ocupação do espaço (pequenos lotes
em áreas onde antes o que predominava era a grande propriedade, agrovilas em áreas onde o
população era dispersa, etc). Essa dinâmica tem que ser observada no tempo, uma vez que a própria
organização interna dos assentamentos pode sofrer mudanças (do coletivo para o individual e vice-
versa, por exemplo). Pode ainda implicar em mudanças territoriais de caráter político-
administrativo, como é o caso de provocar criação de distritos, desmembramento de municípios,
resultado quer do crescimento econômico provocado pelo assentamento, quer das novas relações
gestadas e da atuação de novos atores na política local.
Assim, mais que identificar as possíveis mudanças de caráter ambiental/territorial,
interessa-nos pensar como os assentamentos vêm influenciando a “sua região” nos aspectos
econômicos, políticos e sociais e, assim, tentar captar o sentido destas mudanças para contrapô-la
aos discursos estritamente ecológicos (de instituições governamentais e não governamentais) que,
na ânsia de preservar o meio ambiente, fecham os olhos para a dinâmica e para o conflito social que
se desenvolve neste mesmo meio.
Alterações demográficas
As alterações demográficas provocadas pelos assentamentos são mais visíveis quando
estes envolvem a vinda de uma população “de fora” do município ou da região ou quando
envolvem algum deslocamento de populações urbanas para áreas rurais, implicando em aumento
populacional ou mudança na relação população rural/população urbana.
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O aumento da população municipal decorrente dos assentamentos pode implicar na
ampliação do mercado de trabalho e de consumo, gerando efeitos sobre a dinamização do
comércio local, aumento da arrecadação de impostos, etc. Também tende a gerar um aumento na
pressão das demandas em torno de infraestrutura e equipamentos sociais, uma vez que os
assentados podem estar reivindicando escolas, postos de saúde, condições de transporte e
escoamento da produção, etc, o que coloca os assentamentos numa relação direta com as
autoridades públicas (locais, estaduais, federais).
Desse ponto de vista, a análise demográfica dos assentamentos pode se rebater
imediatamente na esfera política, tanto no que se refere ao aumento do contingente eleitoral,
como também no fato de implementar demandas que recaem sobre as disputas locais e extra
locais.
Há outros aspectos da dinâmica demográfica dos assentamentos que deve ser considerada.
Pesquisas recentes têm mostrado que a tendência do êxodo rural é prosseguir, mas que esse êxodo
pode ser pensado em termos de recortes de gênero e geração. Ou seja, a população que tem saído
predominantemente do campo são os jovens e as mulheres, o que leva Abramovay e Camarano
(1997) a concluírem por uma tendência a uma progressiva masculinização e envelhecimento da
população rural. Uma pergunta que a pesquisa pode se fazer é em que medida os assentamentos
tem permitido, a nível municipal, uma reversão nessa tendência.
Em que pesem as dificuldades para compatibilização dos dados censitários com as
estatísticas do INCRA e o recente Censo dos assentamentos, talvez possamos ter algo a dizer
sobre esse processo.
Condições de vida
Dimensionar a renda e a qualidade de vida no assentamento constituem-se em pontos de
partida necessários no sentido de verificar que mudanças o assentamento trouxe às populações
diretamente envolvidas nele, ou seja, os assentados. Desde logo, isso implica, mais uma vez, a
necessidade de introduzir uma dimensão histórica na investigação, uma vez que os dados atuais só
podem ser avaliados se comparados com momentos anteriores, em especial no período que antecede
o assentamento e, no caso de assentamentos mais antigos, dos momentos imediatamente pós-
assentamento. Trata-se de verificar, comparativamente, as condições anteriores e posteriores ao
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assentamento, no que se refere a renda, condições de moradia, acesso à saúde, escolas, qualidade
alimentar, acesso a bens de consumo, etc. Norder (1997) chama a atenção, por exemplo, para a
possibilidade de se pensar os impactos nutricionais, promovidos pela nova condição de vida. Se
tivermos em conta que, como afirma Garcia (1994), o maior auto-consumo está geralmente
associado com uma maior renda total dos assentados, podemos apostar que a melhoria da qualidade
de vida está ligada a uma diversificação da produção para o auto-consumo.
No caso dos indiretamente envolvidos, ou seja, populações próximas, abrangidas pela
“região dos assentamentos”, trata-se de considerar situações diversificadas. Uma delas é a de
familiares dos assentados, filhos de produtores familiares, para quem o assentamento representa a
possibilidade de redução da pressão sobre as unidades familiares. Outra, a melhoria das condições
do mercado de trabalho de assalariados, uma vez que o assentamento, constituindo-se em alternativa
de reprodução, pode implicar melhores condições de barganha da venda de força de trabalho.
Para além desses elementos, seria importante investigar o papel dos assentamentos na
geração de empregos, arrecadação de impostos etc, no plano local.
No que se refere à exclusão/inclusão econômica e social, os trabalhadores que demandam
terra, como desempregados, subempregados, dependentes, estão à margem de uma série de políticas
públicas e impedidos (se não formal, pelo menos realmente) do exercício de um conjunto de
direitos. A condição de assentados não só pode torná-los demandantes de políticas, como também
criar condições para demanda em torno de direitos.
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