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Aula 24 | Profª Nilza

Ciciliati
TJ-RN (Analista Judiciário - Serviço
Social) Conhecimentos Específicos -
2023 (Pós-Edital)

Autor:
Anna Valéria Andrade, Equipe
Legislação Específica Estratégia
Concursos, Nilza Ciciliati

23 de Março de 2023
Anna Valéria Andrade, Equipe Legislação Específica Estratégia Concursos, Nilza Ciciliati
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Índice
1) Políticas e programas dirigidos à população em situação de rua
..............................................................................................................................................................................................3

2) Lista de Questões - Políticas e programas dirigidos à população em situação de rua


..............................................................................................................................................................................................
14

3) Questões Comentadas - Políticas e programas dirigidos à população em situação de rua


..............................................................................................................................................................................................
18

4) Questões de gênero e direitos LGBTQIA+


..............................................................................................................................................................................................
22

5) Direitos dos povos indígenas


..............................................................................................................................................................................................
48

6) Lista de questões - Povos indígenas


..............................................................................................................................................................................................
61

7) Questões Comentadas - Povos indígenas


..............................................................................................................................................................................................
66

8) Questões étnico-raciais_os afrodescendentes e o Estatuto da Igualdade Racial


..............................................................................................................................................................................................
74

9) Lista de questões - Igualdade Racial


..............................................................................................................................................................................................
86

10) questões comentadas - Igualdade racial


..............................................................................................................................................................................................
92

11) Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais


..............................................................................................................................................................................................
100

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POLÍTICAS E PROGRAMAS DIRIGIDOS À


POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

Aspectos históricos

Em um país com tantas desigualdades como o Brasil, a população em situação de rua é


uma realidade presente em praticamente todas as cidades brasileiras. Este grupo de
pessoas costuma receber tratamento violento e preconceituoso, pois são
estigmatizadas pela sociedade como desocupadas e perigosas.

Até o século XX, não existia nenhum tipo de política pública destinada a este segmento.
Na década de 70, por iniciativa da Igreja Católica, a Pastoral do Povo da Rua começou a
implantar casas de assistência para a população de rua e realizar eventos sociais em
algumas capitais do país.

Ao final dos anos 70 e durante os anos 80, os movimentos sociais tomaram força e
começaram a articular pautas reivindicatórias coletivas, incluindo a luta da população
de rua pela garantia de acesso a uma vida digna.

A partir dos anos 90, muitos fóruns de discussões, encontros de militantes, debates, atos
políticos e atividades governamentais foram acontecendo, discutindo temas como a
violência e o preconceito que a população em situação de rua sofre diariamente, os
entraves para a melhor eficiência das políticas públicas oferecidas e a construção de
autonomia para esta população.

Em agosto de 2004, aconteceu o Massacre da Sé em São Paulo, onde várias pessoas


foram violentamente assassinadas com golpes na cabeça enquanto dormiam, no
entorno da igreja. Esse episódio teve repercussão nacional e internacional e impulsionou
a organização do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR).

Os militantes do MNPR lutam pela inclusão das pessoas em situação de rua, para acabar
com a invisibilidade à qual estas pessoas são submetidas e para que a sociedade e o
Estado brasileiro reconheçam a dívida histórica que possuem com a população em
situação de rua.

Em 2009 foi instituída a Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu
Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento (Decreto nº 7.053/09),
sendo considerada um marco na luta pelos direitos da população de rua.

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Perfil da população em situação de rua no Brasil

A primeira e única pesquisa ampla sobre a população de rua foi realizada entre 2007 e
2008 pelo Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) 1, porém, não atingiu todo e
território nacional.

A pesquisa identificou a existência de 31.922 adultos em situação de rua nos 71


municípios que foram pesquisados (sendo 48 municípios com mais de 300 mil habitantes
e 23 capitais, independentemente do tamanho da população habitante). A este número
foram somados os dados das cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre
e São Leopoldo, que já haviam realizado pesquisas próprias. A partir deste somatório
chegou-se a um total de, aproximadamente, 50.000 pessoas em situação de rua na
época da pesquisa nacional.

Das pessoas em situação de rua identificadas, 82% eram homens e, em sua maioria,
jovens e em idade economicamente ativa. Em relação à questão racial, 67% se
autoidentificaram como pardos ou pretos e 29,5% como brancos. Ou seja, os dados
apontam que a população em situação de rua brasileira é muito pobre e composta, em
sua grande parte, por homens negros que, mesmo estando em idade economicamente
ativa, não conseguem ocupar postos formais de trabalho.

Sobre as razões que os levaram à situação de rua:

Razões que levaram à situação de rua

6%
Problemas com álcool ou drogas
35%
29% Desemprego
Desavenças familiares
Outros motivos
30%

(MDS, 2008)

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Podemos perceber que são três os principais motivos que acabam levando as pessoas a
enfrentarem uma situação de rua: os problemas com álcool e outras drogas, o
desemprego e as desavenças familiares.

Em relação ao acesso a benefícios ou programas sociais do governo, apenas 11,5%


recebem algum tipo de benefício ou faz parte de algum programa de transferência de
renda.

Em 2016, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apresentou um relatório


(TD 2246 - Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil)2, em que estimou a
existência de 101.854 pessoas em situação de rua. Este levantamento foi realizado
através de uma compilação de dados do Cadúnico e dos sistemas do SUAS.

Essas duas pesquisas realizadas em 2007/2008 e 2016 foram muito importantes para
conhecer a realidade da população de rua no Brasil e auxiliar na implementação de
políticas públicas para este segmento.

Dados atuais sobre a população de rua

De acordo com a Portaria nº 69, de 14 de maio de 2020, que aprova recomendações


gerais para a garantia de proteção social à população em situação de rua, inclusive
imigrantes, no contexto da pandemia do novo Coronavírus, Covid-19, até o mês de
março de 2020, as gestões municipais cadastraram no Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal cerca de 150 mil pessoas em situação de rua em todo o
Brasil.

De acordo com os dados do Cadastro Único, o perfil predominante desta população é


de:

homens adultos, negros, de família unipessoal, que está há mais de 1 ano na rua, não
possui contato com parente que vive fora da rua e se concentra principalmente na
Região Sudeste. Estudou até o Ensino Fundamental, possui variadas formas de conseguir
dinheiro, trabalha nas ruas do país e possui renda mensal de até R$ 89,00 (oitenta e
nove reais). Apesar da predominância de homens adultos, há também mulheres,
crianças, adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência, pessoas LGBT,

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indígenas, imigrantes, famílias com mais membros, pessoas usuárias e dependentes de


drogas, dentre outras especificidades.

Ainda segundo dados do Cadastro Único, mais de 80% desse público recebeu
atendimento nos últimos meses nos Centros de Referência Especializados para
População em Situação de Rua (Centro POP), nas Instituições de Acolhimento
(governamentais ou realizados por Organização da Sociedade Civil), nos Centros de
Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) e nos Centros de Referência de
Assistência Social (CRAS), o que evidencia a importância da rede socioassistencial para
o atendimento desta população.

O atendimento à população em situação de rua se dá no âmbito da Média


Complexidade do SUAS por intermédio dos atendimentos viabilizados pelo

• Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua (SEPOP), ofertado no


CENTRO POP;
• Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos
(PAEFI), ofertado no CREAS;
• por intervenções nos espaços públicos, viabilizados por meio do Serviço
Especializado em Abordagem Social, que pode ser ofertado pelo CENTRO POP,
CREAS, ou, ainda, por Unidade Referenciada.

Política Nacional para a População em Situação de Rua

O Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009 estabeleceu a Política Nacional para a


População em Situação de Rua (PNPSR) e também instituiu o Comitê Intersetorial de
Acompanhamento e Monitoramento (CIAMP-Rua), porém, foi revogado pelo Decreto
nº 9.894 de 2019.

De acordo com o Decreto, considera-se

• população em situação de rua: o grupo populacional heterogêneo que possui


em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou
fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os
logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de
sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de
acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória.

O Decreto nº 7.053/09 indica a necessidade de a PNPSR ser implementada de modo


descentralizado e articulado entre a União e os demais entes federativos, por meio de
um instrumento de adesão. Os entes que aderirem deverão instituir comitês gestores
intersetoriais, integrados por representantes das áreas relacionadas ao atendimento da
população em situação de rua, com a participação de fóruns, movimentos e entidades
representativas desse segmento da população.

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O Decreto também dispõe que o Poder Executivo Federal poderá firmar convênios com
entidades públicas e privadas, sem fins lucrativos, para o desenvolvimento e a
execução de projetos que beneficiem a população em situação de rua e estejam de
acordo com os princípios, diretrizes e objetivos que orientam a Política Nacional para a
População em Situação de Rua.

Vamos conhecer quais são os princípios, diretrizes e objetivos da PNPSR?

De acordo com o art. 5º, são princípios da PNPSR, além da igualdade e equidade:

I - respeito à dignidade da pessoa humana;

II - direito à convivência familiar e comunitária;

III - valorização e respeito à vida e à cidadania;

IV - atendimento humanizado e universalizado; e

V - respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade,


gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência.

Agora vejamos as diretrizes da PNPSR:

I - promoção dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais;

II - responsabilidade do poder público pela sua elaboração e financiamento;

III - articulação das políticas públicas federais, estaduais, municipais e do Distrito


Federal;

IV - integração das políticas públicas em cada nível de governo;

V - integração dos esforços do poder público e da sociedade civil para sua execução;

VI - participação da sociedade civil, por meio de entidades, fóruns e organizações da


população em situação de rua, na elaboração, acompanhamento e monitoramento das
políticas públicas;

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VII - incentivo e apoio à organização da população em situação de rua e à sua


participação nas diversas instâncias de formulação, controle social, monitoramento e
avaliação das políticas públicas;

VIII - respeito às singularidades de cada território e ao aproveitamento das


potencialidades e recursos locais e regionais na elaboração, desenvolvimento,
acompanhamento e monitoramento das políticas públicas;

IX - implantação e ampliação das ações educativas destinadas à superação do


preconceito, e de capacitação dos servidores públicos para melhoria da qualidade e
respeito no atendimento deste grupo populacional; e

X - democratização do acesso e fruição dos espaços e serviços públicos.

Os objetivos da PNPSR estão dispostos no art. 7º do Decreto. São eles:

I - assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que


integram as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social,
moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda;

II - garantir a formação e capacitação permanente de profissionais e gestores para


atuação no desenvolvimento de políticas públicas intersetoriais, transversais e
intergovernamentais direcionadas às pessoas em situação de rua;

III - instituir a contagem oficial da população em situação de rua;

IV - produzir, sistematizar e disseminar dados e indicadores sociais, econômicos e


culturais sobre a rede existente de cobertura de serviços públicos à população em
situação de rua;

V - desenvolver ações educativas permanentes que contribuam para a formação de


cultura de respeito, ética e solidariedade entre a população em situação de rua e os
demais grupos sociais, de modo a resguardar a observância aos direitos humanos;

VI - incentivar a pesquisa, produção e divulgação de conhecimentos sobre a população


em situação de rua, contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude
étnico-racial, sexual, de gênero e geracional, nas diversas áreas do conhecimento;

VII - implantar centros de defesa dos direitos humanos para a população em situação de
rua;

VIII - incentivar a criação, divulgação e disponibilização de canais de comunicação para


o recebimento de denúncias de violência contra a população em situação de rua, bem
como de sugestões para o aperfeiçoamento e melhoria das políticas públicas voltadas
para este segmento;

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IX - proporcionar o acesso das pessoas em situação de rua aos benefícios previdenciários


e assistenciais e aos programas de transferência de renda, na forma da legislação
específica;

X - criar meios de articulação entre o Sistema Único de Assistência Social e o Sistema


Único de Saúde para qualificar a oferta de serviços;

XI - adotar padrão básico de qualidade, segurança e conforto na estruturação e


reestruturação dos serviços de acolhimento temporários, de acordo com o disposto no
art. 8o;

XII - implementar centros de referência especializados para atendimento da população


em situação de rua, no âmbito da proteção social especial do Sistema Único de
Assistência Social;

XIII - implementar ações de segurança alimentar e nutricional suficientes para


proporcionar acesso permanente à alimentação pela população em situação de rua à
alimentação, com qualidade; e

XIV - disponibilizar programas de qualificação profissional para as pessoas em situação


de rua, com o objetivo de propiciar o seu acesso ao mercado de trabalho.

De acordo com o Decreto nº 7.053/09, o padrão de qualidade, segurança e conforto da


rede de acolhimento temporário deverá observar

• limite de capacidade, regras de funcionamento e convivência, acessibilidade,


salubridade e distribuição geográfica das unidades de acolhimento nas áreas
urbanas, respeitado o direito de permanência da população em situação de rua,
preferencialmente nas cidades ou nos centros urbanos.

A estruturação e reestruturação de serviços de acolhimento devem ter como referência


a necessidade de cada Município, considerando-se os dados das pesquisas de contagem
da população em situação de rua.

(IDECAN) O Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009, instituiu a política nacional


para a população em situação de rua e seu comitê intersetorial de acompanhamento
e monitoramento. Considera‐se população em situação de rua o grupo populacional
heterogêneo que possui alguns fatores em comum. Analise os fatores comuns que são
considerados, segundo a legislação e o contexto supracitado, para a caracterização da
população em situação de rua.

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I. Pobreza extrema.
II. Vínculos familiares interrompidos ou fragilizados.
III. Alternância entre existência e inexistência de moradia convencional regular.
IV. Utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de
sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento
para pernoite temporário ou como moradia provisória.
Estão corretas apenas as afirmativas
A. I e III.
B. II e III.
C. II, III e IV.
D. I, II e IV.
Comentário:
De acordo com o Decreto nº 7.053/09, considera-se população em situação de rua o
grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos
familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional
regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de
moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades
de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória.
Itens I, II e IV estão corretos.
Gabarito: letra D

(VUNESP - 2019) P.R.B., 57 anos, vive há oito anos na rua. Parte do dia segue em busca
de alimentos, seja de sobras de restaurantes, seja pedindo, ou por oferta de grupos
religiosos. Faz uso de álcool e já experimentou drogas. Refere-se a colegas, grupos que
se compõem, conversam e dormem debaixo dos viadutos, praças ou marquises de
pontos comerciais. Vivem permanentemente em condições de privação, expostos
diariamente à crescente violência urbana, que os afetam de maneira expressiva, até
pelo pouco alcance das políticas sociais. Como estratégia de enfretamento dessa
questão, o Brasil dispõe, desde 2009, de uma Política Nacional para a População em
Situação de Rua, tendo entre outros objetivos, assegurar o acesso aos serviços e
programas que integram as políticas públicas de saúde, educação, previdência,
assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda. De
acordo com o artigo 7o do Decreto no 7.053/09, que institui essa política, esse acesso
deve ser amplo, simplificado e
A. eficaz.
B. seguro.
C. genérico.
D. protagônico.
E. imediato.

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Comentário:
De acordo com o DECRETO Nº 7.053 DE 23 DE DEZEMBRO DE 2009:
Art. 7º São objetivos da Política Nacional para a População em Situação de Rua: I -
assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram
as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia,
segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda.
Gabarito: letra B.

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RESUMO - POLÍTICAS E PROGRAMAS DIRIGIDOS


À POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

• Portaria 69/2020: cerca de 150 mil pessoas em situação de rua em todo o


Brasil. Perfil predominante:
o homens adultos, negros, de família unipessoal, que está há mais de 1
ano na rua, não possui contato com parente que vive fora da rua e se
concentra principalmente na Região Sudeste. Estudou até o Ensino
Fundamental, possui variadas formas de conseguir dinheiro, trabalha
nas ruas do país e possui renda mensal de até R$ 89,00 (oitenta e nove
reais).
• principais motivos que acabam levando as pessoas a enfrentarem uma situação
==2193a4==

de rua: os problemas com álcool e outras drogas, o desemprego e as


desavenças familiares.
• Atendimento à população de rua:
o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua (SEPOP),
ofertado no CENTRO POP;
o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e
Indivíduos (PAEFI), ofertado no CREAS;
o por intervenções nos espaços públicos, viabilizados por meio do Serviço
Especializado em Abordagem Social, que pode ser ofertado pelo
CENTRO POP, CREAS, ou, ainda, por Unidade Referenciada.
• Decreto nº 7.053/09: estabeleceu a Política Nacional para a População em
Situação de Rua (PNPSR) e também instituiu o Comitê Intersetorial de
Acompanhamento e Monitoramento (CIAMP-Rua), porém, foi revogado pelo
Decreto nº 9.894 de 2019.

• população em situação de rua: o grupo populacional heterogêneo que possui


em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou
fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os
logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de
sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de
acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória.

• o Poder Executivo Federal poderá firmar convênios com entidades públicas e


privadas, sem fins lucrativos;

• são princípios da PNPSR, além da igualdade e equidade:


• I - respeito à dignidade da pessoa humana;
• II - direito à convivência familiar e comunitária;
• III - valorização e respeito à vida e à cidadania;
• IV - atendimento humanizado e universalizado; e

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• V - respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade,


nacionalidade, gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial às
pessoas com deficiência.

• o padrão de qualidade, segurança e conforto da rede de acolhimento


temporário deverá observar
o limite de capacidade, regras de funcionamento e convivência,
acessibilidade, salubridade e distribuição geográfica das unidades de
acolhimento nas áreas urbanas, respeitado o direito de permanência da
população em situação de rua, preferencialmente nas cidades ou nos
centros urbanos.

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LISTA DE QUESTÕES
1. (CESPE/CEBRASPE) A respeito da política nacional para a população em situação
de rua, julgue os próximos itens.
O Poder Executivo federal pode firmar convênios com entidades privadas, ainda que
estas tenham fins lucrativos, para o desenvolvimento e a execução de projetos que
beneficiem a população em situação de rua.
( ) Certo ( ) Errado

2. (CESPE/CEBRASPE) A respeito da política nacional para a população em situação


de rua, julgue o próximo item.
Constitui elemento imprescindível para a caracterização de população em situação de
rua, para fins de incidência da proteção legal, a utilização de áreas degradadas como
espaço de moradia e sustento, de forma permanente.
( ) Certo ( ) Errado

3. (CESPE/CEBRASPE) A respeito da política nacional para a população em situação


de rua, julgue o próximo item.
De acordo com a Política Nacional para a População em Situação de Rua, o padrão básico
de qualidade e segurança da rede de acolhimento temporário deve orientar-se
prioritariamente pela retirada do morador da rua e seu encaminhamento, sempre que
possível, à área rural.
( ) Certo ( ) Errado

4. (CESPE/CEBRASPE - 2019) e acordo com políticas e programas sociais dirigidos aos


segmentos sociais no Brasil, julgue o item a seguir,
Constitui objetivo da Política Nacional para a População em Situação de Rua a
implementação de centros de referência especializados para atendimento da população
em situação de rua, no âmbito da proteção social especial do SUAS.
( ) Certo ( ) Errado

5. (CESPE/CEBRASPE - 2017) Acerca da proteção a grupos vulneráveis, julgue o


seguinte item.
A parcela da população que utiliza como moradia ruínas de edifícios abandonados pelos
proprietários está incluída na mesma proteção dedicada àqueles que estão em situação
de rua.

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( ) Certo ( ) Errado

6. (MPE-SC - 2019) Julgue o item a seguir,


Uma das diretrizes da Política Nacional para a População em Situação de Rua é instituir
a contagem oficial da população em situação de rua.
( ) Certo ( ) Errado

7. (FCC - 2018) Dentre as diretrizes da Política Nacional para a População em Situação


de Rua, segundo o previsto no Decreto nº 7.053/2009, está
A. o atendimento humanizado e universalizado.
B. a valorização e o respeito à vida e à cidadania.
C. o respeito à dignidade da pessoa humana.
D. a integração dos esforços do poder público e da sociedade civil para sua execução.
E. a atualização constante da contagem oficial da população em situação de rua.

8. (IBFC - 2019) Em relação ao artigo 2 do Decreto n° 7.053 de 23 de dezembro de


2009, referente à Política Nacional para População em Situação de Rua, assinale a
alternativa correta.
A. A implementação da política se dá de maneira descentralizada e articulada entre a
União e os demais entes federativos
B. A implementação da política se dá de maneira centralizada e articulada entre a União
e os demais entes federativos
C. A implementação da política se dá de maneira centralizada e desarticulada entre a
União e os demais entes federativos
D. A implementação da política se dá de maneira descentralizada e desarticulada entre
a União e os demais entes federativos

9. (AOCP - 2018) Além da igualdade e equidade, o Decreto nº 7.053/2009, que institui


a Política Nacional para População em Situação de Rua, em seu Art. 5º, estabelece
em seus princípios, EXCETO
A. respeito à dignidade da pessoa humana.
B. direito à convivência familiar e comunitária.
C. promoção dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.

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D. atendimento humanizado e universalizado.


E. respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade,
gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência.

==2193a4==

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GABARITO

1. ERRADO
2. ERRADO
3. ERRADO
4. CERTO
5. CERTO
6. ERRADO
7. D
8. A
9. C

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QUESTÕES COMENTADAS
1. (CESPE/CEBRASPE) A respeito da política nacional para a população em situação
de rua, julgue os próximos itens.
O Poder Executivo federal pode firmar convênios com entidades privadas, ainda que
estas tenham fins lucrativos, para o desenvolvimento e a execução de projetos que
beneficiem a população em situação de rua.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
A questão está errada, pois o Poder Executivo Federal poderá firmar convênios com
entidades públicas e privadas, sem fins lucrativos, para o desenvolvimento e a execução
de projetos que beneficiem a população em situação de rua e estejam de acordo com
os princípios, diretrizes e objetivos que orientam a Política Nacional para a População
em Situação de Rua. Assim, o Poder Executivo Federal não pode firmar convênios com
entidades privadas que tenham fins lucrativos.
Gabarito: Errado.

2. (CESPE/CEBRASPE) A respeito da política nacional para a população em situação


de rua, julgue o próximo item.
Constitui elemento imprescindível para a caracterização de população em situação de
rua, para fins de incidência da proteção legal, a utilização de áreas degradadas como
espaço de moradia e sustento, de forma permanente.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
Muito cuidado com os termos que limitam ou excluem, utilizados pelas Bancas!
De acordo com o Decreto nº 7.053/09, considera-se população em situação de rua o
grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos
familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional
regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de
moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades
de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória.
Gabarito: Errado.

3. (CESPE/CEBRASPE) A respeito da política nacional para a população em situação


de rua, julgue o próximo item.
De acordo com a Política Nacional para a População em Situação de Rua, o padrão básico
de qualidade e segurança da rede de acolhimento temporário deve orientar-se

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prioritariamente pela retirada do morador da rua e seu encaminhamento, sempre que


possível, à área rural.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
A questão está errada, pois o padrão básico de qualidade, segurança e conforto da rede
de acolhimento temporário deverá observar limite de capacidade, regras de
funcionamento e convivência, acessibilidade, salubridade e distribuição geográfica das
unidades de acolhimento nas áreas urbanas, respeitado o direito de permanência da
população em situação de rua, preferencialmente nas cidades ou nos centros urbanos.
Gabarito: Errado.

4. (CESPE/CEBRASPE - 2019) e acordo com políticas e programas sociais dirigidos aos


segmentos sociais no Brasil, julgue o item a seguir,
Constitui objetivo da Política Nacional para a População em Situação de Rua a
implementação de centros de referência especializados para atendimento da população
em situação de rua, no âmbito da proteção social especial do SUAS.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
De acordo com o Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009,
Art. 7 São objetivos da Política Nacional para a População em Situação de Rua:
XII - implementar centros de referência especializados para atendimento da população
em situação de rua, no âmbito da proteção social especial do Sistema Único de
Assistência Social;
Gabarito: Certo.

5. (CESPE/CEBRASPE - 2017) Acerca da proteção a grupos vulneráveis, julgue o


seguinte item.
A parcela da população que utiliza como moradia ruínas de edifícios abandonados pelos
proprietários está incluída na mesma proteção dedicada àqueles que estão em situação
de rua.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
De acordo com o Decreto n. 7.053, de 23 de dezembro de 2009 que institui a Política
Nacional para a População em Situação de Rua, a população em situação de rua é
compreendida como o grupo populacional que possui em comum a pobreza extrema,
os vínculos familiares fragilizados ou rompidos e a inexistência de moradia convencional
regular, e que utiliza os logradouros públicos (praças, jardins, viadutos) e áreas
degradadas (prédios abandonados ou em ruínas) como espaço de moradia e de

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sustento, de forma temporária ou permanente, bem como das unidades de serviços de


acolhimento para pernoite temporário ou moradia provisória.
Gabarito: Certo.

6. (MPE-SC - 2019) Julgue o item a seguir,


Uma das diretrizes da Política Nacional para a População em Situação de Rua é instituir
a contagem oficial da população em situação de rua.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
A questão está errada, pois instituir a contagem oficial da população em situação de rua
trata-se de um objetivo (e não de uma diretriz), de acordo com o art. 7º do Decreto n.
7.053, de 23 de dezembro de 2009 que institui a Política Nacional para a População em
==2193a4==

Situação de Rua.
Gabarito: Errado.

7. (FCC - 2018) Dentre as diretrizes da Política Nacional para a População em Situação


de Rua, segundo o previsto no Decreto nº 7.053/2009, está
A. o atendimento humanizado e universalizado.
B. a valorização e o respeito à vida e à cidadania.
C. o respeito à dignidade da pessoa humana.
D. a integração dos esforços do poder público e da sociedade civil para sua execução.
E. a atualização constante da contagem oficial da população em situação de rua.
Comentário:
É importante não confundir os princípios com as diretrizes da Política Nacional para a
População em Situação de Rua. As alternativas A, B e C são princípios. Já a contagem
oficial da população em situação de rua é um dos objetivos. Desta forma, restou a
alternativa D, que se refere a uma das diretrizes da PNPSR.
Gabarito: letra D.

8. (IBFC - 2019) Em relação ao artigo 2 do Decreto n° 7.053 de 23 de dezembro de


2009, referente à Política Nacional para População em Situação de Rua, assinale a
alternativa correta.
A. A implementação da política se dá de maneira descentralizada e articulada entre a
União e os demais entes federativos

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B. A implementação da política se dá de maneira centralizada e articulada entre a Uniã o


e os demais entes federativos
C. A implementação da política se dá de maneira centralizada e desarticulada entre a
União e os demais entes federativos
D. A implementação da política se dá de maneira descentralizada e desarticulada entre
a União e os demais entes federativos
Comentário:
De acordo com o Decreto nº 7503/2009, art. 2º, a Política Nacional para a População em
Situação de Rua será implementada de forma descentralizada e articulada entre a
União e os demais entes federativos que a ela aderirem por meio de instrumento
próprio.
Gabarito: letra A.

9. (AOCP - 2018) Além da igualdade e equidade, o Decreto nº 7.053/2009, que institui


a Política Nacional para População em Situação de Rua, em seu Art. 5º, estabelece
em seus princípios, EXCETO
A. respeito à dignidade da pessoa humana.
B. direito à convivência familiar e comunitária.
C. promoção dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.
D. atendimento humanizado e universalizado.
E. respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade,
gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência.
Comentário:
Segundo o Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009:
Art. 5º São princípios da Política Nacional para a População em Situação de Rua, além
da igualdade e equidade:
I - respeito à dignidade da pessoa humana;
II - direito à convivência familiar e comunitária;
III - valorização e respeito à vida e à cidadania;
IV - atendimento humanizado e universalizado; e
V - respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade,
gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência.
Desta forma, não faz parte dos princípios da PNPSR o que está disposto na alternativa
C.
Gabarito: letra C.

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QUESTÕES DE GÊNERO: DIREITOS DOS GRUPOS


IDENTIFICADOS POR IDENTIDADE SEXUAL E DE
GÊNERO (DIREITOS LGBT)

Entendendo os conceitos

Antes de discorrermos sobre os direitos dos grupos identificados por identidade sexual
e de gênero, é importante que entendamos os conceitos relacionados, para melhor
compreensão do assunto.

Quando falamos em sexualidade humana, devemos entender que o termo não se


resume apenas a características biológicas, mas um conjunto de práticas e significados
que estruturam a identidade e definem as relações na sociedade.

Assim, a sexualidade humana é formada pela combinação de fatores biológicos,


psicológicos e sociais e composta basicamente por três elementos: sexo biológico,
orientação sexual e identidade de gênero.

Vamos entender o conceito de cada elemento:

• sexo biológico: refere-se às características biológicas relacionadas à genitália,


hormônios, cromossomos, etc.
• orientação sexual: diz respeito ao gênero da pessoa que você sente atração física
ou emocional. Ex.: homossexual (atração pelo mesmo gênero), heterossexual
(atração por gênero diferente), bissexual (atração por pessoa dos dois gêneros),
assexual (ausência de atração sexual por pessoa de ambos os gêneros).
• identidade de gênero: refere ao gênero que você se auto-identifica, ou seja, é a
experiência interna e individual que pode ou não corresponder ao sexo atribuído
no nascimento, e que inclui o senso pessoal do corpo, comportamento,
vestimentas.
Assim, o conceito de gênero apresenta um aspecto social das relações entre os sexos e
suas identidades e não está atrelado necessariamente ao conceito biológico de sexo.
Com isso, surgem novas nomenclaturas para especificar as variantes da sexualidade, que
vai muito além do binarismo de gênero (masculino e feminino), os únicos legitimados
pela sociedade e pelas instituições.

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Vamos entender melhor o conceito de


binarismo de gênero, heteronormatividade e
sua relação com a homofobia?

O binarismo de gênero consiste na divisão da humanidade em apenas duas categorias.


Já a teoria de gênero estimula o entendimento e a aceitação de identidades que não
correspondam, apenas e integralmente, às noções essencialistas do binário, não rejeita
a existência do feminino e do masculino, mas sim a representação dogmática do binário
como única forma de categorizar pessoas 1.

As culturas ocidentais contemporâneas, como a brasileira, estão estabelecidas no


padrão de comportamento sexual denominado "heteronormatividade", entendida
como um padrão de normalidade heterossexual, como o único correto e aceito. Nesse
sentido, há uma imposição social para ser ou se comportar de acordo com os papéis de
cada gênero. A heteronormatividade favorece atitudes opressivas, estigmatizastes,
levando à marginalização de formas de sexualidade e gêneros que fogem do "padrão" e
são percebidas como "desviantes".
O preconceito e a discriminação de natureza homofóbica estão baseados em
estereótipos firmados no binarismo de gênero, que é uma ideologia constituída pela
afirmação de que mulheres e homens são radicalmente distintos e que esta distinção
está fundada nos corpos biológicos e que, portanto, ela é imutável e inquestionável,
produzindo um ocultamento da realidade social, destinado a esconder da s pessoas o
modo real como as relações sociais são produzidas, em suas múltiplas construções
sociais. Assim, o binarismo de gênero acaba dando suporte a esse preconceito, a muitos
privilégios e à desigualdade social própria do capitalismo (CFESS, 2016) 2.
A homofobia também é sentida mesmo sobre aquelas pessoas que não se declaram
homossexuais ou bissexuais (por efetivamente não serem ou por não apreciarem estes
conceitos), pela simples suposição da homossexualidade ou bissexualidade de uma
pessoa. A população mais afetada pelo caráter opressivo do binarismo de gênero, é
aquela formada pelos que se autorreconhecem como mulheres transexuais, homens
transexuais e as travestis, assim como aquelas pessoas que não se identificam com
estas categorias, mas se recusam a ser percebidas somente como mulheres ou somente
como homens (CFESS, 2016).

1
Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/opiniao/e-preciso-ter-cuidado-com-o-pensamento-
binario/

2
CFESS. Série assistente social no combate ao preconceito: Transfobia. Conselho Federal de Serviço Social
(CFESS), 2016.

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Criminalização da Homofobia

A homofobia pode ser definida como “uma aversão irreprimível, repugnância, medo,
ódio, preconceito que algumas pessoas nutrem contra os homossexuais, lésbicas,
bissexuais e transexuais".

No Brasil não existe uma lei específica que trata sobre a criminalização da homofobia.
Em 2019, STF decidiu que declarações homofóbicas podem ser enquadradas no crime
de racismo; a pena é de 1 a 3 anos, podendo chegar a 5 em casos mais graves.

A criminalização da homofobia e transfobia prevê que:

• "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito" em razão da


orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
• a pena será de um a três anos, além de multa;
• se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como
publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
• a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei
sobre o tema.

Agora vamos compreender alguns conceitos relacionados à identidade de gênero:

• Cisgêneras: são as pessoas que possuem uma identidade de gênero


correspondente ao sexo biológico. Um homem é cisgênero se seu sexo biológico
e sua identidade de gênero forem masculinas, independentemente da
orientação sexual que tenha, homossexual ou heterossexual. Ou seja, há homens
e mulheres cisgêneras homossexuais, heterossexuais e bissexuais.
• Transgêneras é a expressão utilizada para designar as pessoas que possuem uma
identidade de gênero diferente daquela correspondente ao sexo biológico. Há
transgêneros heterossexuais, bissexuais e homossexuais. Neste último caso, a
orientação sexual da pessoa transgênera é dirigida para alguém com a mesma

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identidade de gênero, mas de sexo biológico diferente. No caso das transexuais,


costuma-se simplicar a situação dizendo que a pessoa nasceu com a “cabeça de
mulher em um corpo masculino” (ou vice-versa). Por isso, muitas e muitos
transexuais necessitam de acompanhamento de saúde para a realização de
modificações corporais por meio de terapias hormonais e intervenções
cirúrgicas, com o intuito de adequar o físico à identidade de gênero.
• Travestis: As travestis (não "os travestis") são pessoas que, ao nascerem, foram
registradas no sexo masculino, com base apenas no seu sexo genital, e que
procuram inserir, em seus corpos, símbolos do que é socialmente convencionado
como feminino. Tendem a não desejar modificações cirúrgicas de sua genitália,
como algo importante na definição de sua feminilidade, porém algumas buscam
recursos biomédicos para se sentir e viver melhor, como hormônios
feminilizantes, depilação definitiva e cirurgias plásticas, mas isso também não é
uma regra que valha para todas as travestis.
• Crossdressers: São pessoas que usam vestimentas ou adereços que, por
convenção, são atribuídos a gênero diverso do seu. Buscam, com isso, vivenciar
diferentes papéis de gênero, seja por motivos profissionais, satisfação emocional
ou sexual, entre outras. Em geral, não fazem modificações corporais. Também,
em regra, não estruturam uma identidade transexual ou travesti.
• Drag queens, drag kings, transformistas, performers: São artistas que
costumam encenar performances e personagens do outro gênero, para fins de
entretenimento e produção artística. Estas performances e personagens não são
mantidas durante sua vida cotidiana.

E o que significa o termo LGBTQIA+?


O termo LGBT é uma sigla utilizada para denominar Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis,
Transexuais ou Transgêneros. Sendo utilizada desde meados dos 1990, a sigla é
considerada uma adaptação de LGB, utilizada desde então para substituir o termo “gay”
ao fazer referência à comunidade LGBT no fim dos anos 1980.
Posteriormente, outras letras foram sendo incluídas ao termo, passando a ser utilizado
o LGBTQIA+, fazendo referência a outras denominações:

• Q = Queer: são aquelas que transitam entre as noções de gênero, como é o caso
das drag-queens. A teoria queer defende que a orientação sexual e identidade
de gênero não são resultado da funcionalidade biológica, mas de uma
construção social.

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• I = Intersexo: A pessoa intersexo está entre o feminino e o masculino. As suas


combinações biológicas e desenvolvimento corporal - cromossomos, genitais,
hormônios, etc - não se enquadram na norma binária (masculino ou feminino).
• Assexual: Assexuais não sentem atração sexual por outras pessoas,
independente do gênero. Existem diferentes níveis de assexualidade e é comum
que estas pessoas não veem as relações sexuais humanas como prioridade.
• +: é utilizado para incluir outros grupos e variações de sexualidade e gênero. Aqui
são incluídos os pansexuais, por exemplo, que sentem atração por outras
pessoas, independente do gênero.

Desde 1990, a homossexualidade não é considerada como doença pela Organização


Mundial da Saúde. No dia 17 de maio daquele ano, a Assembleia Geral da Organização
excluiu a orientação homossexual do catálogo internacional de doenças, declarando
expressamente que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem
perversão”. A mesma providência já havia sido adotada pela Associação Americana de
Psiquiatria, em 1975 e, no Brasil, pelo Conselho Federal de Psicologia, em 1985.

Como o sufixo “ISMO” conota patologia, é incorreta a utilização do termo


“homossexualismo” para se referir à orientação sexual homossexual (ou por pessoas do
mesmo sexo). Por não ser uma doença, não há que se falar em “cura” para a
homossexualidade, como reconheceu a Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº
1/99. Pelo mesmo motivo de que ninguém “opta” por ser heterossexual, ninguém
propriamente “opta” por ser gay, lésbica ou bissexual. Assim, é mais adequado referir-
se a orientação sexual, em vez de “opção sexual”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em junho de 2018, a lista revisada


da Classificação Internacional de Doenças, a CID-11. Nessa atualização a
transexualidade passa a não ser mais considerada uma doença mental, ocorrendo a
despatologização das transgeneridades.

Um dos princípios fundamentais do código de ética dos


assistentes sociais é o exercício do Serviço Social sem ser
discriminado/a, nem discriminar, por questões de inserção de
classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, orientação
sexual, identidade de gênero, idade e condição física.

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A partir da Resolução CFESS nº 594, de 21/01/2011, substituiu-se a designação "opção


sexual" por "orientação sexual" e no princípio XI substituiu-se "gênero" por "identidade
de gênero". Segundo o CFESS, é possível afirmar que o uso desses termos é importante,
pois reafirma princípios e valores do projeto ético-político do serviço social e incorporam
avanços nas discussões acerca dos direitos da população LGBT pela livre orientação e
expressão sexual.

(FUNDATEC - 2021) A Orientação Sexual é a maneira como um indivíduo se relaciona


afetiva e sexualmente com outras pessoas. Já a Identidade de Gênero é a forma como
uma pessoa identifica seu próprio gênero e como ela se apresenta socialmente. Sendo
assim, são identidades de gênero, entre outras:
I. Cisgênero.
II. Heterossexual.
III. Homossexual.
IV. Não binário.
V. Transgênero.
Quais estão corretas?
A. Apenas I e V.
B. Apenas II e III.
C. Apenas I, II e III.
D. Apenas I, IV e V.
E. Apenas II, III e V.
Comentário:
O indivíduo cisgênero é aquele que se identifica com o gênero que lhe foi designado de
acordo com o órgão genital. Os transgêneros, por sua vez, são aqueles que não se
identificam com o gênero imposto no nascimento com base no sexo biológico. Já as
pessoas não binárias sentem que sua identidade de gênero não pode ser definida dentro
das margens da binariedade, em vez disso, elas entendem o gênero de forma que
ultrapassa a mera identificação como homem ou mulher, podendo se reconhecer nos
gêneros feminino e masculino ao mesmo tempo, mas também não se identificar com
nenhum desses dois rótulos, ou então se sentir às vezes como homens e outras vezes
como mulheres.
Gabarito: letra D.

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Direitos LGBTQIA+

Princípios de Yogyakarta

Os Princípios de Yogyakarta são um documento sobre direitos humanos nas áreas de


orientação sexual e identidade de gênero, publicado em novembro de 2006 como
resultado de uma reunião internacional de grupos de direitos humanos na cidade de
Yogyakarta, na Indonésia.
Os Princípios foram complementados em 2017, expandindo-se para incluir mais formas
de expressão de gênero e características sexuais, além de vários novos princípios. Os
Princípios, e sua extensão de 2017, contêm um conjunto de preceitos destinados a
aplicar os padrões da lei internacional de direitos humanos ao tratar de situações de
violação dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, intersexuais
e afins.

Vejamos de forma sintetizada os principais pontos tratados no documento:

• Preâmbulo: O preâmbulo reconhece violações dos direitos humanos baseados


especificadamente na orientação sexual e/ou na identidade de gênero, que
comprometem a integridade e a dignidade humana. Também é estabelecida a
estrutura legal e definições de conceitos-chave.
• Direito ao Gozo Universal dos Direitos Humanos, à Igualdade e a Não-
Discriminação e ao Reconhecimento Perante a Lei (princípios 1 –3): são
estabelecidos princípios da universalidade dos direitos humanos e sua aplicação
a todas as pessoas sem discriminação, bem como o direito de todas as pessoas
ao reconhecimento como ser-humano perante a lei, independentemente de
cirurgia de reatribuição de sexo ou esterilização .
• Direitos à Segurança Humana e Pessoal (4–11): tratam dos direitos
fundamentais à vida, o direito de não sofrer violência e tortura, direito à
privacidade, acesso à justiça e direito de não sofrer privação arbitrária de
liberdade.
• Direitos econômicos, sociais e culturais (12–18): Os princípios 12 a 18
estabelecem a importância da não discriminação no gozo individual dos direitos
econômicos, sociais e culturais, incluindo emprego, acomodação, seguridade
social, educação, saúde sexual e reprodutiva, incluindo o direito ao
consentimento informado e à terapia de redesignação sexual.
• Direitos de expressão, opinião e livre associação (19–21): são princípios que
enfatizam a importância da liberdade de se expressar livremente,
independentemente da identidade de gênero e da orientação sexual, sem
interferência do Estado, incluindo também o direito de participar pacificamente
de assembleias e eventos públicos e associar-se à comunidade desejada.
• Direito à liberdade de ir e vir e de buscar asilo (22–23): esses dois princípios
destacam os direitos das pessoas de procurar asilo por perseguição com base na
orientação sexual ou identidade de gênero.

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• Direitos de participação na vida cultural e familiar (24–26): princípios 24 a 26


tratam dos direitos das pessoas de participarem da vida familiar, dos assuntos
públicos e da vida cultural de sua comunidade, sem discriminação com base na
orientação sexual ou identidade de gênero.
• Direitos dos defensores dos direitos humanos (27): o princípio 27 reconhece o
direito de defender e promover os direitos humanos sem que haja discriminação
com base na orientação sexual e/ou identidade de gênero, e trata da obrigação
dos Estados de garantir a proteção dos defensores dos direitos humanos que
trabalham nessas áreas.
• Direitos de reparação e responsabilidade (28–29): esses dois princípios afirmam
a importância de responsabilizar os violadores de direitos e de garantir
reparação adequada para aqueles que sofrerem violações de direitos.

Em 2017, os Princípios de Yogyakarta receberam dez novos itens e elencou novas


obrigações por parte do Estado em relação à aplicação do direito internacional sobre
direitos humanos relacionados à orientação sexual, identidade de gênero, expressão de
gênero e características sexuais.

• Preâmbulo: O preâmbulo lembra os desenvolvimentos a nível internacional dos


direitos humanos e a intenção de atualizar regularmente os Princípios. Além
disso, define a expressão de gênero e as características sexuais, aplica esses
fundamentos aos Princípios originais, reconhece a interseccionalidade dos
fundamentos adotados nos Princípios em relação a outros fundamentos.
• Direitos à proteção do Estado (30): reconhece o direito à proteção do Estado
contra a violência, discriminação e danos, incluindo o exercício de diligência na
prevenção, investigação, causas processuais e aquisição de remédios.
• Direito ao reconhecimento legal (31): exige o direito ao reconhecimento legal
independentemente do sexo, gênero, orientação sexual, identidade de gênero,
expressão de gênero ou características sexuais. "Todos têm o direito de alterar
informações de gênero nos documentos, enquanto as informações de gênero
estiverem incluídas neles".
• Direito à integridade física e mental (32): reconhece o direito à integridade física
e mental, autonomia e autodeterminação, incluindo o direito de não sofrer
tortura ou maus-tratos. Esse princípio também exige que ninguém seja
submetido a procedimentos médicos invasivos ou irreversíveis para modificar as
características sexuais sem o seu consentimento, a menos que seja necessário
para evitar danos sérios e urgentes.
• Direito à Liberdade de Criminalização e Sanção (33): reconhece o direito de
estar livre de criminalização ou qualquer forma de sanção indireta ou direta
resultante da orientação, identidade de gênero, expressão de gênero ou
características sexuais, inclusive nas leis consuetudinárias, religiosas, de
decência pública, de sodomia e de propaganda.

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• Direito à proteção da pobreza (34): exige o direito à proteção da pobreza e


exclusão social independentemente de orientação, identidade de gênero,
expressão de gênero ou características sexuais.
• Direito ao saneamento (35): exige o direito a acesso seguro e equitativo às
instalações de saneamento e higiene.
• Direito ao gozo dos direitos humanos em relação às tecnologias da informação
e comunicação (36): exige a mesma proteção de direitos on-line e off-line.
• Direito à verdade (37): exige o direito de saber a verdade sobre violações dos
direitos humanos, incluindo investigação e acesso a registros médicos.
• O direito de praticar, proteger, preservar e reviver a diversidade cultural (38):
exige o direito de praticar e manifestar diversidade cultural .
• Obrigações adicionais do Estado: o YP Plus 10 estabelece uma série de
obrigações adicionais para os Estados, incluindo em relação ao status de
soropositivo, acesso ao esporte, combate à discriminação nas tecnologias de
seleção pré-natal e modificação genética, detenção e asilo, educação, direito à
saúde, e liberdade de reunião e associação pacíficas.
• Recomendações adicionais: os Princípios também estabelecem recomendações
para instituições nacionais de direitos humanos e organizações esportivas. 3

Direitos LGBT no Brasil

Os direitos LGBT no Brasil se referem ao conjunto de direitos fundamentais que visam à


proteção desse grupo específico, assegurados pela Constituição Federal de 1988 e
demais legislações.

Durante todo o período colonial (1530-1822), as relações sexuais entre pessoas do


mesmo gênero eram proibidas por lei. A descriminalização ocorreu em 1830, com a
promulgação do Código Penal do Brasil Império. Entretanto, a descriminalização não
eliminou os preconceitos sociais e os estereótipos existentes contra indivíduos LGBT.

A conquista dos direitos LGBT está ligada às manifestações e reivindicações do


movimento LGBT no país, a exemplo do Grupo Gay da Bahia (1980) e o Movimento
Somos que passa a ser denominado Movimento LGBT, na década de 90, que passa a
cobrar políticas públicas voltadas à proteção dessa comunidade.

Nesse sentido, os Programas Nacionais de Direitos Humanos (de 1996, 2002 e 2010)
foram um marco por produzir pela primeira vez um documento oficial do governo
federal que citava especificamente homossexuais na categoria de grupos em situação
mais vulnerável no país.

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Vejamos, a seguir, alguns direitos da comunidade LGBT:

Direito ao casamento e união estável

A possibilidade de união estável entre pessoas do mesmo sexo, também conhecida


como “união homoafetiva”, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal em maio
de 2011. E a conversão da união estável em casamento e a celebração de casamento
direto foram reconhecidas pelo Conselho Nacional de Justiça, por meio da Resolução
nº 175, de 14 de maio de 2013.

De acordo com a referida Resolução:

Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação,


celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em
casamento entre pessoas de mesmo sexo.

Assim, duas pessoas adultas e capazes podem se casar ou celebrar união estável,
independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.

Direito à adoção e à reprodução assistida

A lei não estabelece nenhuma discriminação a respeito da orientação sexual ou da


identidade de gênero dos adotantes. Assim, tanto solteiros como casais homossexuais
podem adotar.
Segundo o art. 42 do Estatuto da Criança e do Adolescente:

“Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do


estado civil. [...]

§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados


civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da
família.

Quanto à reprodução assistida, no Brasil não existem leis que tratam do assunto, o
direito a reprodução assistida e todo seu procedimento é regulado por meio de
resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Conselho Nacional de Justiça
(CNJ).

O CNJ autoriza o registro de nascimento dos filhos concebidos por reprodução assistida.
Para realizar o registro, os pais devem procurar o Cartório de Registro Civil e comprovar
o uso da técnica “procriativa” realizada (o tipo de procedimento realizado pela clínica
médica especializada) além de que é necessário que os dois genitores tenham

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participado do processo de fertilização e firmado o termo de consentimento informado


(Provimento 52/2016 do CNJ).

De acordo com o Provimento:

Art. 1º O assento de nascimento dos filhos havidos por técnicas de


reprodução assistida será inscrito no livro “A”, independentemente de prévia
autorização judicial e observada a legislação em vigor, no que for pertinente,
mediante o comparecimento de ambos os pais, seja o casal heteroafetivo ou
homoafetivo, munidos da documentação exigida por este provimento.

§ 1º Se os pais forem casados ou conviverem em união estável, poderá


somente um deles comparecer no ato de registro, desde que apresentado o
termo referido no art. 2º, § 1º, inciso III, deste Provimento.

§ 2º Nas hipóteses de filhos de casais homoafetivos, o assento de nascimento


deverá ser adequado para que constem os nomes dos ascendentes, sem
haver qualquer distinção quanto à ascendência paterna ou materna.

Além do provimento do CNJ acima, o direito ao registro é garantido pelo art. 227 da
Constituição Federal que, em seu parágrafo 6º, define “os filhos havidos ou não da
relação do casamento, ou por adoção terão os mesmos direitos”. E também artigo 1.597
do Código Civil, afirma proteger filhos nascidos por fecundação artificial, inclusive de
embriões excedentários.

Direitos previdenciários

O cônjuge ou companheiro(a) em união homoafetiva tem igual direito ao benefício


previdenciário de pensão por morte e auxílio reclusão.

A Instrução Normativa INSS/PRES n.º 20 de 10 de outubro de 2007 traz em seu artigo


30:

Art. 30. O companheiro ou a companheira homossexual de segurado inscrito no RGPS


passa a integrar o rol dos dependentes e, desde que comprovada a vida em comum,
concorre, para fins de pensão por morte e de auxílio-reclusão, com os dependentes
preferenciais de que trata o inciso I do art. 16 da Lei nº. 8.213, de 1991, para óbito ou
reclusão ocorrido a partir de 5 de abril de 1991, (...)

A Portaria nº 513, de 9 de dezembro de 2010, do Ministério da Previdência Social,


assegura aos dependentes de união estável entre pessoas do mesmo sexo as garantias
previstas no Regime Geral de Previdência Social no que se refere a benefícios
previdenciários.

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Assim, se comprovada a união estável, os dependentes homossexuais farão jus a pensão


por morte e auxílio reclusão, observadas as regras para a concessão do benefício.

Direito ao nome social e identidade de gênero

O nome social é a designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e é


socialmente reconhecida. O direito a usar o nome social e a ser tratado no gênero que
solicita é facultado a transexuais, travestis e a outras pessoas. O que precisa ser
respeitado pelo assistente social e por todos os demais profissionais.

O CFESS, por meio da Resolução nº 615/2011, também possibilitou, a assistentes sociais


travestis e transexuais, a utilização do nome social em seus documentos profissionais,
incluindo as carteiras profissionais.

O Decreto nº 8.727, de 28 de abril de 2016, dispõe sobre o uso do nome social e o


reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis ou transexuais no
âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.

Veja o que dispõe o Decreto:

Art. 2º Os órgãos e as entidades da administração pública federal


direta, autárquica e fundacional, em seus atos e procedimentos,
deverão adotar o nome social da pessoa travesti ou transexual, de
acordo com seu requerimento e com o disposto neste Decreto.

Parágrafo único. É vedado o uso de expressões pejorativas e


discriminatórias para referir-se a pessoas travestis ou transexuais.

Art. 3º Os registros dos sistemas de informação, de cadastros, de


programas, de serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e
congêneres dos órgãos e das entidades da administração pública
federal direta, autárquica e fundacional deverão conter o campo
“nome social” em destaque, acompanhado do nome civil, que será
utilizado apenas para fins administrativos internos. (Vigência)

Art. 4º Constará nos documentos oficiais o nome social da pessoa


travesti ou transexual, se requerido expressamente pelo interessado,
acompanhado do nome civil.

Art. 5º O órgão ou a entidade da administração pública federal direta,


autárquica e fundacional poderá empregar o nome civil da pessoa
travesti ou transexual, acompanhado do nome social, apenas quando
estritamente necessário ao atendimento do interesse público e à
salvaguarda de direitos de terceiros.

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Art. 6º A pessoa travesti ou transexual poderá requerer, a qualquer


tempo, a inclusão de seu nome social em documentos oficiais e nos
registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de
serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos
órgãos e das entidades da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.

Já a Lei nº 6.804/2021 assegura o reconhecimento do nome social em consonância com


a identidade de gênero de pessoas trans e travestis nas lápides de seus túmulos e
jazigos, bem como na certidão de óbito e nos demais documentos relacionados ao fato,
mesmo quando distinto daquele constante dos documentos de identidade civil.

A Lei prevê que a família da pessoa trans ou travesti pode requerer, a qualquer tempo,
a inclusão de seu nome social nas lápides, na certidão de óbito e nos registros dos
sistemas de informação dos locais responsáveis pelo sepultamento, cremação e
tanatopraxia.

A legislação também assegura que, durante as cerimônias de velório e no sepultamento


ou cremação, fica assegurado, além do respeito ao nome social, o respeito à aparência
pessoal e às vestimentas utilizadas pela pessoa trans ou travesti ao final de sua vida.

Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal reafirmou jurisprudência da corte


permitindo que a pessoa trans mude seu nome e gênero no registro civil, mesmo sem
procedimento cirúrgico de redesignação de sexo. A alteração poderá ser feita por meio
de decisão judicial ou diretamente no cartório. De acordo com a decisão do STF, "O
transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua
classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da
manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela
via judicial como diretamente pela via administrativa". Na análise da ADI 4.275, o
Supremo, em março de 2018, já havia reconhecido que pessoas trans podem alterar o
nome e o sexo no registro civil sem que se submetam a cirurgia. O princípio do respeito
à dignidade humana foi o mais invocado pelos ministros para decidir pela autorização. 4

4
Disponível em: ConJur - STF define tese autorizando pessoa trans a mudar nome sem cirurgia

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Direito à saúde de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e


transexuais

Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays,


Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT)

A Portaria nº 2.836/GM/MS, de 1º de dezembro de 2011, que institui no SUS a Política


Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais é
considerada um divisor de águas para as políticas públicas de saúde no Brasil e um marco
histórico de reconhecimento das demandas desta população em condição de
vulnerabilidade.

A Política LGBT tem como marca o reconhecimento dos efeitos da discriminação e da


exclusão no processo de saúde-doença da população LGBT. Suas diretrizes e seus
objetivos estão, portanto, voltados para mudanças na determinação social da saúde,
com vistas à redução das desigualdades relacionadas à saúde destes grupos sociais
(Brasil, 2013)5.

O objetivo geral da política é promover a saúde integral da população LGBT, eliminando


a discriminação e o preconceito institucional e contribuindo para a redução das
desigualdades e para consolidação do SUS como sistema universal, integral e equitativo.

Vejamos quais são os objetivos específicos da Política Nacional de Saúde Integral LGBT:

I - instituir mecanismos de gestão para atingir maior equidade no SUS, com especial
atenção às demandas e necessidades em saúde da população LGBT, incluídas as
especificidades de raça, cor, etnia, territorial e outras congêneres;

II - ampliar o acesso da população LGBT aos serviços de saúde do SUS, garantindo


às pessoas o respeito e a prestação de serviços de saúde com qualidade e resolução
de suas demandas e necessidades;

III - qualificar a rede de serviços do SUS para a atenção e o cuidado integral à saúde
da população LGBT;

IV - qualificar a informação em saúde no que tange à coleta, ao processamento e à


análise dos dados específicos sobre a saúde da população LGBT, incluindo os
recortes étnico-racial e territorial;

V - monitorar, avaliar e difundir os indicadores de saúde e de serviços para a


população LGBT, incluindo os recortes étnico-racial e territorial;

5
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à
Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de
Apoio à Gestão Participativa. Brasília/DF, 2013.

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VI - garantir acesso ao processo transexualizador na rede do SUS, nos moldes


regulamentados;

VII - promover iniciativas voltadas à redução de riscos e oferecer atenção aos


problemas decorrentes do uso prolongado de hormônios femininos e masculinos
para travestis e transexuais;

VIII - reduzir danos à saúde da população LGBT no que diz respeito ao uso excessivo
de medicamentos, drogas e fármacos, especialmente para travestis e transexuais;

IX - definir estratégias setoriais e intersetoriais que visem reduzir a morbidade e a


mortalidade de travestis;

X - oferecer atenção e cuidado à saúde de adolescentes e idosos que façam parte


da população LGBT;

XI - oferecer atenção integral na rede de serviços do SUS para a população LGBT


nas Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), especialmente com relação ao
HIV, à AIDS e às hepatites virais;

XII - prevenir novos casos de cânceres ginecológicos (cérvico uterino e de mamas)


entre lésbicas e mulheres bissexuais e ampliar o acesso ao tratamento qualificado;

XIII - prevenir novos casos de câncer de próstata entre gays, homens bissexuais,
travestis e transexuais e ampliar acesso ao tratamento;

XIV - garantir os direitos sexuais e reprodutivos da população LGBT no âmbito do


SUS;

XV - buscar no âmbito da saúde suplementar a garantia da extensão da cobertura


dos planos e seguros privados de saúde ao cônjuge dependente para casais de
lésbicas, gays e bissexuais;

XVI - atuar na eliminação do preconceito e da discriminação da população LGBT nos


serviços de saúde;

XVII - garantir o uso do nome social de travestis e transexuais, de acordo com a


Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde;

XVIII - fortalecer a participação de representações da população LGBT nos


Conselhos e Conferências de Saúde;

XIX - promover o respeito à população LGBT em todos os serviços do SUS;

XX - reduzir os problemas relacionados à saúde mental, drogadição, alcoolismo,


depressão e suicídio entre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais,
atuando na prevenção, promoção e recuperação da saúde;

XXI - incluir ações educativas nas rotinas dos serviços de saúde voltadas à promoção
da autoestima entre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e à eliminação

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do preconceito por orientação sexual, identidade de gênero, raça, cor e território,


para a sociedade em geral;

XXII - incluir o tema do enfrentamento às discriminações de gênero, orientação


sexual, raça, cor e território nos processos de educação permanente dos gestores,
trabalhadores da saúde e integrantes dos Conselhos de Saúde;

XXIII - promover o aperfeiçoamento das tecnologias usadas no processo


transexualizador, para mulheres e homens; e

XXIV - realizar estudos e pesquisas relacionados ao desenvolvimento de serviços e


tecnologias voltados às necessidades de saúde da população LGBT.

Na elaboração dos planos, programas, projetos e ações de saúde, referente à Política


Nacional de Saúde Integral LGBT, serão observadas as seguintes diretrizes:

I -respeito aos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais,


contribuindo para a eliminação do estigma e da discriminação decorrentes das
homofobias, como a lesbofobia, gayfobia, bifobia, travestifobia e transfobia,
consideradas na determinação social de sofrimento e de doença;

II - contribuição para a promoção da cidadania e da inclusão da população LGBT por


meio da articulação com as diversas políticas sociais, de educação, trabalho, segurança;

III - inclusão da diversidade populacional nos processos de formulação, implementação


de outras políticas e programas voltados para grupos específicos no SUS, envolvendo
orientação sexual, identidade de gênero, ciclos de vida, raça-etnia e território;

IV - eliminação das homofobias e demais formas de discriminação que geram a violência


contra a população LGBT no âmbito do SUS, contribuindo para as mudanças na
sociedade em geral;

V - implementação de ações, serviços e procedimentos no SUS, com vistas ao alívio do


sofrimento, dor e adoecimento relacionados aos aspectos de inadequação de identidade,
corporal e psíquica relativos às pessoas transexuais e travestis;

VI - difusão das informações pertinentes ao acesso, à qualidade da atenção e às ações


para o enfrentamento da discriminação, em todos os níveis de gestão do SUS;

VII - inclusão da temática da orientação sexual e identidade de gênero de lésbicas, gays,


bissexuais, travestis e transexuais nos processos de educação permanente desenvolvidos
pelo SUS, incluindo os trabalhadores da saúde, os integrantes dos Conselhos de Saúde e
as lideranças sociais;

VIII - produção de conhecimentos científicos e tecnológicos visando à melhoria da


condição de saúde da população LGBT; e

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IX - fortalecimento da representação do movimento social organizado da população


LGBT nos Conselhos de Saúde, Conferências e demais instâncias de participação social.

Sobre as responsabilidades específicas do Ministério da Saúde, de Estados e municípios,


a Portaria dispõe que:

Ao Ministério da Saúde cabe apoiar, técnica e politicamente, a implantação e


implementação das ações da Política Nacional de Saúde Integral LGBT nos Estados e
Municípios; definir estratégias de serviços para a garantia dos direitos reprodutivos da
população LGBT; articular junto às Secretarias de Saúde estaduais e municipais para a
definição de estratégias de atenção à saúde LGBT; elaborar protocolos clínicos acerca
do uso de hormônios, implante de próteses de silicone para travestis e transexuais, bem
como para atendimento das demandas por mastectomia e histerectomia em
transexuais masculinos; entre outros.

Em 2011 foi lançado, então, o Plano Operativo da Política Nacional de Saúde Integral
LGBT, objetivando apresentar estratégias para os entes federados consolidarem o SUS

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enquanto um serviço sem discriminações e voltado às questões específicas da saúde de


pessoas LGBT.

O Plano Operativo (2012-2015) se divide em 4 eixos:

• 1. Acesso da população LGBTI+ à Atenção Integral à Saúde


• 2. Ações de Promoção e Vigilância em Saúde para população LGBTI+
• 3. Educação permanente e popular em saúde com foco na população LGBTI+
• 4. Monitoramento e avaliação das ações de saúde para população LGBTI+

Em 2017, foi lançado o II Plano Operativo (2017- 2019) da Política Nacional de Saúde
Integral LGBT, sendo estruturado pelos seguintes eixos:

I. - Acesso da população LGBT à atenção integral à saúde;


II. - Promoção e vigilância em saúde; ==2193a4==

III. - Educação permanente, educação popular em saúde e comunicação;


IV. - Mobilização, articulação, participação e controle social; e,
V. - Monitoramento e avaliação das ações de saúde para a população LGBT.

Observe que, no II Plano Operativo foi incluído mais um eixo: Mobilização, articulação,
participação e controle social, que não existia no Plano anterior.

(IBADE - 2021) No âmbito da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays,


Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), a elaboração de protocolos clínicos acerca
do uso de hormônios e implante de próteses de silicone para travestis e transexuais,
compete ao(à)(s):
A. Municípios.
B. Estados.
C. Ministério da Saúde.
D. Conferências de Saúde.
E. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas.
Comentário:
De acordo com a Política Nacional de Saúde Integral LGBT, compete ao Ministério da
Saúde: elaborar protocolos clínicos acerca do uso de hormônios, implante de próteses
de silicone para travestis e transexuais; bem como, elaborar protocolo clínico para
atendimento das demandas por mastectomia e histerectomia em transexuais
masculinos, como procedimentos a serem oferecidos nos serviços do SUS; entre outros.

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Gabarito: letra C.

(IBADE - 2021) No que se refere a Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais,


Travestis e Transexuais (Política Nacional de Saúde Integral LGBT), a Portaria nº 2.836,
de 01/12/2011, estabelece que compete aos municípios:
A. identificar as necessidades de saúde da população LGBT no Estado.
B. implantar práticas educativas na rede de serviço do SUS para melhorar a visibilidade
e o respeito a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
C. promover ações intersetoriais da saúde integral da população LGBT, por meio da
inclusão social e da eliminação da discriminação, incluindo os recortes étnico-racial e
territorial.
D. conduzir os processos de pactuação sobre a temática LGBT na Comissão Intergestores
Bipartite (CIB).
E. planejar, implementar e avaliar as iniciativas para a saúde integral da população LGBT,
nos moldes desta Política Nacional de Saúde Integral LGBT.
Comentário:
A Política Nacional de Saúde Integral LGBT dispõe sobre as competências de cada entre
federativo. O Art. 6º traz as competências dos municípios:
Art. 6º Compete aos Municípios:
I - implementar a Política Nacional de Saúde Integral LGBT no Município, incluindo metas de
acordo com seus objetivos;
II - identificar as necessidades de saúde da população LGBT no Município;
III -promover a inclusão desta Política Nacional de Saúde Integral LGBT no Plano Municipal de
Saúde e no PPA setorial, em consonância com as realidades, demandas e necessidades locais;
IV -estabelecer mecanismos de monitoramento e avaliação de gestão e do impacto da
implementação desta Política Nacional de Saúde Integral LGBT;
V -articular com outros setores de políticas sociais, incluindo instituições governamentais e não-
governamentais, com vistas a contribuir no processo de melhoria das condições de vida da
população LGBT, em conformidade com esta Política Nacional de Saúde Integral LGBT;
VI - incluir conteúdos relacionados à saúde da população LGBT, com recortes étnico-racial e
territorial, no material didático usado nos processos de educação permanente para
trabalhadores de saúde;
VII - implantar práticas educativas na rede de serviço do SUS para melhorar a visibilidade e o
respeito a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais; e
VIII - apoiar a participação social de movimentos sociais organizados da população LGBT nos
Conselhos Municipais de Saúde, nas Conferências de Saúde e em todos os processos
participativos.
Vejamos as alternativas:
A. Errado. O correto seria: identificar as necessidades de saúde da população LGBT no
Município.

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B. Correto. De acordo com inciso VII do art. 6º.


C. Errado. É uma competência dos Estados promover ações intersetoriais da saúde
integral da população LGBT, por meio da inclusão social e da eliminação da
discriminação, incluindo os recortes étnico-racial e territorial.
D. Errado. É uma competência dos Estados conduzir os processos de pactuação sobre a
temática LGBT na Comissão Intergestores Bipartite (CIB).
E. Errado. É uma competência dos Estados planejar, implementar e avaliar as iniciativas
para a saúde integral da população LGBT, nos moldes desta Política Nacional de Saúde
Integral LGBT.
Gabarito: letra B.

(IBADE - 2021) O Plano Operativo da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas,


Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS,
foi instituído com o objetivo de apresentar estratégias para as gestões federal,
estadual, distrital e municipal do SUS no processo de enfrentamento das iniquidades
e desigualdades em saúde, com foco na população de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais (LGBT), para a consolidação do SUS como sistema universal,
integral e equitativo. O referido Plano Operativo é estruturado em 4 (quatro) eixos
estratégicos, abaixo descritos, EXCETO:
A. Acesso da população LGBT à atenção integral à saúde.
B. Monitoramento e avaliação das ações de saúde para a população LGBT.
C. Ações de promoção e vigilância em saúde para a população LGBT.
D. Educação permanente e educação popular em saúde com foco na população LGBT.
E. Criação de grupo de debate sobre saúde, discriminação e violência contra a população
LGBT no meio rural, onde a mentalidade é mais conservadora.
Comentário:
Atenção, porque a Banca pede a alternativa que não faz parte dos eixos estratégicos do
Plano Operativo. Vejamos:
O Plano Operativo (2012-2015) se divide em 4 eixos:
• 1. Acesso da população LGBTI+ à Atenção Integral à Saúde
• 2. Ações de Promoção e Vigilância em Saúde para população LGBTI+
• 3. Educação permanente e popular em saúde com foco na população LGBTI+
• 4. Monitoramento e avaliação das ações de saúde para população LGBTI+
Assim, podemos concluir que a alternativa E não faz parte dos eixos, sendo o gabarito
da questão.
Lembrando que em 2017 foi lançado o II Plano Operativo com 5 eixos estratégicos, tendo
como novo eixo a Mobilização, articulação, participação e controle social!
Gabarito: letra E.

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(Instituto Excelência - 2019) O Ministério da Saúde, considerando a orientação sexual


e a identidade de gênero como determinantes sociais da saúde e as desfavoráveis
condições de saúde de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), e
visando à redução das iniquidades e à desigualdades em saúde neste grupo
populacional, elaborou a Política Nacional de Saúde Integral de Gays, Lésbicas,
Bissexuais, Travestis e Transexuais. Sobre a Política Nacional de Saúde Integral de
LGBT, considere a alternativa INCORRETA:
A. Suas diretrizes e objetivos estão voltados para a promoção da equidade em saúde.
Além disso, é uma política transversal, com gestão e execução direta dos Municípios,
que deverá atuar articulada ao Estado e ao Ministério da Saúde.
B. É organizada na promoção da saúde, na atenção e no cuidado em saúde, priorizando
a redução das desigualdades por orientação sexual e identidade de gênero, assim como
o combate à homofobia, à lesbofobia e à transfobia e à discriminação nas instituições e
serviços do Sistema Único de Saúde.
C. É constituída por um conjunto de princípios éticos e políticos expressos em uma
marca que reconhece os efeitos perversos dos processos de discriminação e de exclusão
sobre a saúde.
D. Nenhuma das alternativas.
Comentário:
A questão exige atenção, pois queremos a alternativa incorreta!
A Política Nacional de Saúde Integral LGBT tem o objetivo geral de promover a saúde
integral da população LGBT, eliminando a discriminação e o preconceito institucional e
contribuindo para a redução das desigualdades e para consolidação do SUS como
sistema universal, integral e equitativo.
A Política possui um caráter transversal que engloba todas as áreas do Ministério da
Saúde, como as relacionadas à produção de conhecimento, participação social,
promoção, atenção e cuidado. Sua formulação contou com participação de diversas
lideranças, técnicos e pesquisadores e foi submetida à consulta pública antes de ser
apresentada e aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). A Política LGBT é
composta por um conjunto de diretrizes cuja operacionalização requer planos contendo
estratégias e metas sanitárias e sua execução requer desafios e compromissos das
instâncias de governo, especialmente das secretarias estaduais e municipais de saúde,
dos conselhos de saúde e de todas as áreas do Ministério da Saúde (Brasil, 2013) 6.
A alternativa A está incorreta, considerando que, apesar de ser uma política transversal,
a gestão e execução não é realizada de forma direta pelos municípios, mas

6
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à
Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de
Apoio à Gestão Participativa. Brasília/DF, 2013.

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compartilhada entre as três esferas de governa, com articulação das Secretarias


estaduais e municipais de saúde e do Ministério da Saúde.
Gabarito: letra A.

Direito ao processo transexualizador do SUS (PTSUS)

O Processo Transexualizador (PT) envolve um complexo de serviços/cuidados


assistenciais oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) direcionado a atenção à/aos
transexuais e travestis que desejam realizar mudanças físicas corporais e da função de
suas características sexuais.

No Brasil, o Processo Transexualizador no âmbito do SUS (PTSUS) foi instituído pelo


Ministério da Saúde em 2008, por meio da Portarias nº1.707 e nº457. A partir disso, os
procedimentos transgenitalizadores puderam ser incluídos na tabela de procedimentos
do SUS, inicialmente, apenas para mulheres trans.

Em 2013, a Portaria nº 2803/2013 7 ampliou o perfil das/os usuárias/os para homens


transsexuais e as travestis, um importante avanço no campo dos direitos em saúde da
população trans. A política destaca a importância do acolhimento e da humanização do
cuidado, destacando um “atendimento livre de discriminação, por meio da
sensibilização dos trabalhadores e demais usuários e usuárias da unidade de saúde para
o respeito às diferenças e à dignidade humana, em todos os níveis de atenção” (Brasil,
2013)

A Portaria nº2.803/2013 define três diretrizes de assistência à/ao usuária/o para


realização do Processo Transexualizador no SUS:

I - integralidade da atenção a transexuais e travestis, não restringindo ou


centralizando a meta terapêutica às cirurgias de transgenitalização e demais
intervenções somáticas;

II - trabalho em equipe interdisciplinar e multiprofissional;

III - integração com as ações e serviços em atendimento ao Processo


Transexualizador, tendo como porta de entrada a Atenção Básica em saúde,
incluindo-se acolhimento e humanização do atendimento livre de discriminação,
por meio da sensibilização dos trabalhadores e demais usuários e usuárias da
unidade de saúde para o respeito às diferenças e à dignidade humana, em todos
os níveis de atenção.

7
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2803_19_11_2013.html

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Os procedimentos do Processo Transexualizador realizado pelo SUS são:

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Ainda de acordo com a referida Portaria, a integralidade do cuidado aos usuários e


usuárias com demanda para a realização das ações no Processo Transexualizador no
Componente Atenção Básica será garantida pelo:

I - acolhimento com humanização e respeito ao uso do nome social; e

II - encaminhamento regulado ao Serviço de Atenção Especializado no Processo


Transexualizador

Em 2018, foi publicada a Resolução CFESS nº 845/2018, que dispõe sobre a atuação
profissional do(a) assistente social em relação ao processo transexualizador.

Vejamos as principais disposições da referida Resolução:

Art. 1º As (Os) assistentes sociais deverão contribuir, no âmbito de seu espaço de


trabalho, para a promoção de uma cultura de respeito à diversidade de expressão e
identidade de gênero, a partir de reflexões críticas acerca dos padrões de gênero
estabelecidos socialmente.

Art. 2º É competência da/o assistente social prestar acompanhamento a sujeitos que


buscam as transformações corporais em consonância com suas expressões e identidade
de gênero.

Art. 3º As(Os) assistentes sociais, ao realizarem o atendimento, deverão utilizar de seus


referenciais teórico-metodológicos e ético-políticos, com base no Código de Ética da/o

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Assistente Social, rejeitando qualquer avaliação ou modelo patologizado ou corretivo


da diversidade de expressão e identidade de gênero.

Art. 4º A atuação da(o) assistente social deve se pautar pela integralidade da atenção
à saúde e considerar as diversas necessidades das(os) usuárias(os) e o atendimento a
seus direitos tendo em vista que esse acompanhamento não deve ser focalizado nos
procedimentos hormonais ou cirúrgicos.

Art. 5º Quando pertinente, cabe à(ao) assistente social emitir opinião técnica a respeito
de procedimentos relacionados às transformações corporais.

Art. 6º A(O) assistente social deverá respeitar o direito à autodesignação das/os


usuários do serviço como pessoas trans, travestis, transexuais, transgêneros.

Art. 7º É dever da(o) assistente social defender a utilização do nome social das(os)
usuárias(os), na perspectiva do aprofundamento dos direitos humanos.

Art. 8º Cabe à(ao) assistente social atender e acompanhar crianças e adolescentes que
manifestem expressões de identidades de gênero trans, considerando as inúmeras
dificuldades que enfrentam no contexto familiar, escolar e demais relações sociais nesta
fase peculiar de desenvolvimento na perspectiva do Código de Ética Profissional da(o)
Assistente Social.

Art. 9° É vedado à(ao) assistente social a utilização de instrumentos e técnicas que


criem, mantenham ou reforcem preconceitos à população trans.

(FGV - 2021) Carina atende Julia, que buscou o Serviço Social porque iniciou o seu
processo transexualizador e está sendo alvo de preconceito e assédio por parte de sua
família. A equipe decide que irá acompanhar Julia durante todo o processo, mas Carina
se recusa, uma vez que possui posição contrária ao processo. Sua decisão:
A. constitui infração disciplinar grave, pois contraria o Código de Ética do Assistente
Social em seus princípios e valores fundamentais;
B. está correta, posto que as cirurgias de transgenitalização e demais maneiras de
modificação corporal ainda não foram regulamentadas pelo conjunto CFESS/CRESS;
C. baseia-se nas Normas e Diretrizes do Ministério da Saúde para o processo
transexualizador, que propugna a autonomia e a responsabilidade de cada sujeito que
busca a mudança de sexo;

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D. está errada, pois constitui competência do assistente social prestar acompanhamento


a sujeitos que buscam as transformações corporais em consonância com suas
expressões e identidade de gênero;
E. encontra respaldo no fato de que a transgenitalização é uma condição
psicopatológica, devendo ser acompanhada exclusivamente pelas equipes médica e
psicológica.
Comentário:
Carina está errada, pois, na qualidade de profissional assistente social, ao atender Julia,
não pode se recusar a acompanhá-la durante o processo transexualizador, devendo
seguir as disposições da Resolução do CFESS nº 845/2018:
Art. 2º É competência da/o assistente social prestar acompanhamento a sujeitos que
buscam as transformações corporais em consonância com suas expressões e identidade
de gênero.
Gabarito: letra D.

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QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS: DIREITOS DOS


POVOS INDÍGENAS

Os povos indígenas e a política indigenista no Brasil

Segundo dados do IBGE (2010), no Brasil, os povos indígenas compõem 305 etnias,
falam 274 línguas (17,5% da população indígena não fala a língua portuguesa) e
totalizam aproximadamente 817.963 mil indivíduos. Os Povos Indígenas estão
presentes nas cinco regiões do Brasil, sendo que a região Norte é aquela que concentra
o maior número de indivíduos, 305.873 mil, sendo aproximadamente 37,4% do total.

O povo Tikuna, residente no Amazonas, em números absolutos, foi o que apresentou o


maior número de falantes e consequentemente a maior população. Em segundo lugar,
em número de indígenas, ficou o povo Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul e em
terceiro lugar os Kaingang da região Sul do Brasil (IBGE, 2010).
A população indígena era estimada em cerca de 5 milhões de pessoas no início do
século XVI e foi sendo dizimada pelas expedições, pelas epidemias de doenças
infecciosas, cujo impacto era favorecido pelas mudanças no seu modo de vida impostas
pela colonização e cristianização, como a escravidão, o trabalho forçado, maus tratos,
confinamento e sedentarização compulsória em aldeamentos e internatos (Brasil,
2002)1.
A perda da auto-estima, a desestruturação social, econômica e dos valores coletivos

1
Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos
Indígenas. - 2ª edição - Brasília: Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde,
2002.

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(muitas vezes da própria língua, cujo uso chegava a ser punido com a morte) também
tiveram um papel importante na diminuição da população indígena. Até hoje há
situações regionais de conflito, em que se expõe toda a trama de interesses econômicos
e sociais que configuram as relações entre os povos indígenas e demais segmentos da
sociedade nacional, especialmente no que se refere à posse da terra, exploração de
recursos naturais e implantação de grandes projetos de desenvolvimento.
No início do século XX, a expansão das fronteiras econômicas para o Centro-Oeste e a
construção de linhas telegráficas e ferrovias provocaram numerosos massacres de
índios e elevados índices de mortalidade por doenças transmissíveis que levaram, em
1910, à criação do Serviço de Proteção ao Índio e Trabalhadores Nacionais (SPI) e
destinava-se à proteger os índios e, ao mesmo tempo, assegurar a implementação de
uma estratégia de ocupação territorial do país.

Uma política indigenista começou a se esboçar com inspiração positivista, em que os


índios, considerados num estágio infantil da humanidade, passaram a ser vistos como
passíveis de "evolução" e integração na sociedade nacional por meio de projetos
educacionais e agrícolas. A assistência à saúde dos povos indígenas, no entanto,
continuou desorganizada e esporádica. Mesmo após a criação do SPI, não se instituiu
qualquer forma de prestação de serviços sistemática, restringindo-se a ações
emergenciais ou inseridas em processos de "pacificação"(Brasil, 2002).

De acordo com a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (2010), na
década de 50 foi criado o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (SUSA), no Ministério
da Saúde, com o objetivo de levar ações básicas de saúde às populações indígena e rural
em áreas de difícil acesso. Essas ações eram essencialmente voltadas para a vacinação,
atendimento odontológico, controle de tuberculose e outras doenças transmissíveis.
Em 1967, com a extinção do SPI, foi criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), por
meio da Lei nº 5.371, de 5 de dezembro de 1967, vinculada ao Ministério da Justiça e
Segurança Pública, é a coordenadora e principal executora da política indigenista do
Governo Federal. Sua missão institucional é proteger e promover os direitos dos povos
indígenas no Brasil. Cabe à Funai promover estudos de identificação e delimitação,
demarcação, regularização fundiária e registro das terras tradicionalmente ocupadas
pelos povos indígenas, além de monitorar e fiscalizar as Terras Indígenas. A Funai
também coordena e implementa as políticas de proteção aos povos isolados e recém-
contatados.
De acordo com a Lei 5. 371/67, a FUNAI tem por finalidade:
• estabelecer as diretrizes e garantir o cumprimento da política indigenista,
baseada nos seguintes princípios:
✓ respeito à pessoa do índio e as instituições e comunidades tribais;

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✓ garantia à posse permanente das terras que habitam e ao usufruto


exclusivo dos recursos naturais e de todas as utilidades nela existentes;
✓ preservação do equilíbrio biológico e cultural do índio, no seu contacto com
a sociedade nacional;
✓ resguardo à aculturação espontânea do índio, de forma a que sua evolução
socioeconômica se processe a salvo de mudanças bruscas;
• gerir o Patrimônio Indígena, no sentido de sua conservação, ampliação e
valorização;
• promover levantamentos, análises, estudos e pesquisas científicas sobre o
índio e os grupos sociais indígenas;
• promover a prestação da assistência médico-sanitária aos índios;
• promover a educação de base apropriada do índio visando à sua progressiva
integração na sociedade nacional;
• despertar, pelos instrumentos de divulgação, o interesse coletivo para a causa
indigenista;
• exercitar o poder de polícia nas áreas reservadas e nas matérias atinentes à
proteção do índio.

Mesmo reconhecendo a diversidade cultural entre as muitas sociedades indígenas, a


Funai tinha o papel de integrá-las, de maneira harmoniosa, na sociedade nacional.
Considerava-se que essas sociedades precisavam "evoluir" rapidamente, até serem
integradas, o que é considerado na prática como uma negação da riqueza da diversidade
cultural.

Na década de 70 foi publicada Lei nº 6.001/73 sobre o Estatuto do Índio e, durante a


década de 1980, o processo de democratização do Estado brasileiro permitiu e
incentivou a ampla discussão da questão indígena pela sociedade civil e pelos próprios
índios, que começaram a se conscientizar e a se organizar politicamente, num processo
de participação crescente nos assuntos de seu interesse.

Com a Constituição Federal de 1988, se opera uma radical alteração do paradigma


conceitual e jurídico da política indigenista. A partir daí, foi extinta a figura da tutela, e
garantido o reconhecimento da autonomia e dos direitos decorrentes das
especificidades culturais dos Povos Indígenas no país. Significou, ainda, um importante
marco na proteção territorial como forma de viabilizar a reprodução física e cultural dos
índios, garantindo-lhes o direito ao usufruto exclusivo de suas terras de ocupação

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tradicional.
Vejamos os artigos relacionados aos povos indígenas, dispostos na Constituição Federal:

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social,


costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre
as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles


habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades
produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais
necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e
cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a


sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das
riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.

§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais


energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras
indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso
Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada
participação nos resultados da lavra, na forma da lei.

§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis,


e os direitos sobre elas, imprescritíveis.

§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo,


"ad referendum" do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou
epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da
soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido,
em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.

§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que


tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que
se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo,
dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse
público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não
gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações
contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas
da ocupação de boa fé.

§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e §


4º. (atividades garimpeiras e cooperativismo)

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Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes


legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e
interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do
processo.

Podemos perceber que a Constituição garante a posse permanente das terras ocupadas
pelos indígenas e a protege quanto a qualquer tipo de exploração, domínio e ocupação
de suas riquezas. Os recursos hídricos e as riquezas minerais só podem ser explorados
com autorização do Congresso Nacional, devendo ser ouvidas as comunidades afetadas
por essa exploração.

O Estatuto do Índio (Lei nº 6.001/73)

Em 1973 foi instituído o Estatuto do Índio (Lei nº 6.001/73), formalizando os


procedimentos a serem adotados para a definição das terras indígenas e ao processo de
regularização fundiária. Tal legislação representou um avanço em relação à política
indigenista praticada, estabelecendo novos referenciais no que diz respeito à definição
das terras ocupadas tradicionalmente pelos índios, apesar de ainda ter o propósito de
integrá-los progressivamente à sociedade.

No artigo 2º do Estatuto estão dispostas as competências dos entes federativos e dos


órgãos da administração indireta com relação aos direitos dos índios:

• estender aos índios os benefícios da legislação comum , sempre que possível a


sua aplicação;
• prestar assistência aos índios e às comunidades indígenas ainda não integrados
à comunhão nacional;
• respeitar, ao proporcionar aos índios meios para o seu desenvolvimento, as
peculiaridades inerentes à sua condição;
• assegurar aos índios a possibilidade de livre escolha dos seus meios de vida e
subsistência;
• garantir aos índios a permanência voluntária no seu habitat, proporcionando-
lhes ali recursos para seu desenvolvimento e progresso;
• respeitar, no processo de integração do índio à comunhão nacional, a coesão
das comunidades indígenas, os seus valores culturais, tradições, usos e
costumes;
• executar, sempre que possível mediante a colaboração dos índios, os programas
e projetos tendentes a beneficiar as comunidades indígenas;

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• utilizar a cooperação, o espírito de iniciativa e as qualidades pessoais do índio,


tendo em vista a melhoria de suas condições de vida e a sua integração no
processo de desenvolvimento;
• garantir aos índios e comunidades indígenas, nos termos da Constituição, a
posse permanente das terras que habitam, reconhecendo-lhes o direito ao
usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras
existentes;
• garantir aos índios o pleno exercício dos direitos civis e políticos que em face da
legislação lhes couberem.

Vejamos os conceitos trazidos pela legislação em relação ao índio e comunidade


indígena:

• Índio ou Silvícola - É todo indivíduo de origem e ascendência pré-


colombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo
==2193a4==

étnico cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional;

• Comunidade Indígena ou Grupo Tribal - É um conjunto de famílias ou


comunidades índias, quer vivendo em estado de completo isolamento em
relação aos outros setores da comunhão nacional, quer em contatos
intermitentes ou permanentes, sem, contudo, estarem neles integrados.

O Estatuto do índio caracteriza os povos indígenas em:

Isolados Em vias de integração Integrados

• Quando vivem em • Quando, em contato • Quando incorporados


grupos desconhecidos intermitente ou à comunhão nacional
ou de que se possuem permanente com e reconhecidos no
poucos e vagos grupos estranhos, pleno exercício dos
informes através de conservam menor ou direitos civis, ainda
contatos eventuais maior parte das que conservem usos,
com elementos da condições de sua vida costumes e tradições
comunhão nacional. nativa, mas aceitam característicos da sua
algumas práticas e cultura.
modos de existência
comuns aos demais
setores da comunhão
nacional, da qual vão
necessitando cada vez
mais para o próprio
sustento.

Os índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional


ficam sujeito ao regime tutelar pela União, podendo requerer ao juiz a sua liberação
do regime de tutela, desde que preencha os requisitos seguintes:

• idade mínima de 21 anos;

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• conhecimento da língua portuguesa;


• habilitação para o exercício de atividade útil, na comunhão nacional;
• razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional.

Com relação às condições de trabalho, o Estatuto do Índio garante que não haverá
discriminação entre trabalhadores indígenas e os demais trabalhadores, aplicando-lhes
todos os direitos e garantias das leis trabalhistas e de previdência social, inclusive
permitindo a adaptação de condições de trabalho aos usos e costumes da comunidade
a que pertencer o índio.

Os contratos de trabalho ou de locação de serviços realizados com indígenas em


processo de integração ou habitantes de parques ou colônias agrícolas dependerão de
prévia aprovação do órgão de proteção ao índio, obedecendo, quando necessário, a
normas próprias. E será nulo o contrato de trabalho ou de locação de serviços realizado
com os índios isolados.

Em relação às terras indígenas, a lei prevê que não poderão ser objeto de
arrendamento ou de qualquer ato ou negócio jurídico que restrinja o pleno exercício
da posse direta pela comunidade indígena ou pelos silvícolas.

Também é proibido nessas áreas a prática de pesca, caça e


coleta de frutos, assim como de atividade agropecuária ou
extrativa por qualquer pessoa estranha aos grupos tribais
ou comunidades indígenas.

As terras ocupadas pelos índios serão bens inalienáveis da União e cabe aos índios ou
silvícolas a posse permanente das terras que habitam e o direito ao usufruto exclusivo
das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes.

Muita atenção! O direito à posse independe de demarcação!

A União também poderá estabelecer áreas de reservas, que podem ser nas seguintes
modalidades:

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reserva indígena parque indígena colônia agrícola indígena

• é uma área destinada a • a área contida em terra • é a área destinada à


servidor de habitat a na posse de índios, cujo exploração
grupo indígena, com os grau de integração agropecuária,
meios suficientes à sua permita assistência administrada pelo
subsistência. econômica, órgão de assistência ao
educacional e sanitária índio, onde convivam
dos órgãos da União, tribos aculturadas e
em que se preservem membros da
as reservas de flora e comunidade nacional.
fauna e as belezas
naturais da região.

Com relação à documentação civil, o registro civil e a certidão de nascimento civil não
anulam nenhum direito garantido pela Constituição aos povos indígenas. A FUNAI auxilia
na promoção do registro civil dos povos indígenas, fornecendo o Registro
Administrativo de Nascimento de Indígena - RANI.

O RANI pode servir como documento para solicitar o registro civil. Mas atenção:
O RANI é um documento administrativo e não substitui a certidão de nascimento!
E se a criança indígena não nasceu em hospital e não tem a Declaração de Nascido Vivo
(DNV) nem o RANI, com faz para registrar o nascimento em Cartório?
Nesta situação, os pais devem comparecer em cartório com documentos de
identificação, acompanhados por duas testemunhas maiores de 18 anos que confirmem
a gravidez e o parto. Se os pais forem menores de 18 anos, devem estar acompanhados
dos avós maternos e paternos da criança.
Os indígenas têm o direito de escolherem seus próprios nomes, de acordo com a sua
cultura e suas tradições. Assim, os nomes tradicionais indígenas devem ser considerados
no ato do registro civil de nascimento e os registradores não podem negar-lhes esse
direito.
Por isso, a Resolução nº 03/2012 do CNJ/CNPM assegura que "deve ser lançado, a
pedido do apresentante, o nome indígena do registrando, de sua livre escolha, não
sendo caso de aplicação do art. 55 da Lei nº 6.015/73" que proíbe registro de nomes
que possam expor a pessoa ao ridículo. Inclusive, a etnia do registrando pode ser
lançada como sobrenome, a pedido do interessado.

Em relação às normas penais e aos crimes contra os índios, o Estatuto do Índio pontua
que:
• No caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser atenuada
e na sua aplicação o Juiz atenderá também ao grau de integração do silvícola.

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• As penas de reclusão e de detenção serão cumpridas, se possível, em regime


especial de semiliberdade, no local de funcionamento do órgão federal de
assistência aos índios mais próximos da habitação do condenado.
• Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições
próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde
que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena
de morte.
São considerados crimes contra o índio e a cultura indígena:
• escarnecer de cerimônia, rito, uso, costume ou tradição culturais indígenas,
vilipendiá-los ou perturbar, de qualquer modo, a sua prática. Pena - detenção de
um a três meses;
• utilizar o índio ou comunidade indígena como objeto de propaganda turística ou
de exibição para fins lucrativos. Pena - detenção de dois a seis meses;
• propiciar, por qualquer meio, a aquisição, o uso e a disseminação de bebidas
alcoólicas, nos grupos tribais ou entre índios não integrados. Pena - detenção de
seis meses a dois anos.
As penas são agravadas de um terço:
• quando o crime for praticado por funcionário ou empregado do órgão de
assistência ao índio, ou
• no caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que o
ofendido seja índio não integrado ou comunidade indígena.

(CESPE/CEBRASPE) À luz do disposto no Estatuto do Índio (Lei n.º 6.001/1973), julgue


o item a seguir:
Considera-se índio ou silvícola, para efeitos do Estatuto do Índio, todo indivíduo de
origem e ascendência sul-americana que se identifica como pertencente a um grupo
étnico cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
A questão exige o conhecimento sobre Estatuto do Índio (Lei n. 6.001/73). O Estatuto
do Índio traz a definição legal, no art. 3º, I de Índios ou Silvícola e de Comunidade
Indígena ou Grupo Tribal:
I - Índio ou Silvícola - É todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se
identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características
culturais o distinguem da sociedade nacional;

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II - Comunidade Indígena ou Grupo Tribal - É um conjunto de famílias ou comunidades


índias, quer vivendo em estado de completo isolamento em relação aos outros setores
da comunhão nacional, quer em contatos intermitentes ou permanentes, sem contudo
estarem neles integrados.
Pela redação literal do Estatuto do Índio, a ascendência definidora de índio ou silvícola
é a origem e ascendência pré-colombiana e não sul-americana, como afirma a questão.
Gabarito: Errado

Os povos indígenas e o direito à educação e à saúde

O Estatuto do índio assegura que a educação do índio será orientada para a integração
na comunhão nacional mediante processo de gradativa compreensão dos probl emas
gerais e valores da sociedade nacional, bem como do aproveitamento das suas aptidões
individuais. A alfabetização deve se dar na língua de origem e em português e o
processo educacional será prestado, quanto possível, sem afastá-los do convívio familiar
ou tribal.

Neste mesmo sentido, a LDB (Lei nº 9.394/96) afiança que "o ensino fundamental
regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem". Também
assegura que:

Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências


federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá
programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação
escolar bilingüe e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes
objetivos:

I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação


de suas memórias históricas; a reafirmação de suas identidades
étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;

II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às


informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade
nacional e demais sociedades indígenas e não-índias.

Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de


ensino no provimento da educação intercultural às comunidades
indígenas, desenvolvendo programas integrados de ensino e pesquisa.

§ 1º Os programas serão planejados com audiência das comunidades


indígenas.

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§ 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos Planos


Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos:

I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna de cada


comunidade indígena;

II - manter programas de formação de pessoal especializado,


destinado à educação escolar nas comunidades indígenas;

III - desenvolver currículos e programas específicos, neles incluindo os


conteúdos culturais correspondentes às respectivas comunidades;

IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático específico


e diferenciado.

§ 3º No que se refere à educação superior, sem prejuízo de outras


ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á, nas
universidades públicas e privadas, mediante a oferta de ensino e de
assistência estudantil, assim como de estímulo à pesquisa e
desenvolvimento de programas especiais.

No âmbito das políticas de ações afirmativas 2, em 2012 foi criada uma lei que obriga as
instituições de ensino superior federais a reservarem vagas para índios que estudaram
na rede pública, a chamada Lei de Cotas (Lei 12.711/12). De acordo com a Lei, o número
de vagas reservadas para indígenas, pretos e pardos deve ser proporcional a quantidade
de pessoas pretas, pardas e indígenas que residem no Estado onde está situada a
instituição de ensino. Sendo assim, um estado com maior índice de povos indígenas terá
mais vagas destinadas a esse grupo específico.

A população indígena também goza de todos os direitos de atenção à saúde. A Política


Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas garante aos povos indígenas o acesso
à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do Sistema Único de
Saúde, contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política de
modo a favorecer a superação dos fatores que tornam essa população mais vulnerável
aos agravos à saúde de maior magnitude e transcendência entre os brasileiros,
reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povos à sua cultura.

Para o alcance desse propósito são estabelecidas as seguintes diretrizes, que devem
orientar a definição de instrumentos de planejamento, implementação, avaliação e
controle das ações de atenção à saúde dos povos indígenas:

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• organização dos serviços de atenção à saúde dos povos indígenas na forma de


Distritos Sanitários Especiais e Pólos-Base, no nível local, onde a atenção
primária e os serviços de referência se situam;
• preparação de recursos humanos para atuação em contexto intercultural;
• monitoramento das ações de saúde dirigidas aos povos indígenas;
• articulação dos sistemas tradicionais indígenas de saúde;
• promoção do uso adequado e racional de medicamentos;
• promoção de ações específicas em situações especiais;
• promoção da ética na pesquisa e nas ações de atenção à saúde envolvendo
comunidades indígenas;
• promoção de ambientes saudáveis e proteção da saúde indígena;
• controle social.

A Política de Saúde dos povos indígenas é organizada em Subsistema de Atenção à


saúde, composto pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas/DSEIs que se
configuram em uma rede de serviços implantada nas terras indígenas para atender essa
população, a partir de critérios geográficos, demográficos e culturais. Além do DSEI,
existem os estabelecimentos: Polo Base (PB), a Unidade Básica de saúde Indígena
(UBSI) e a Casa de Saúde Indígena (CASAI).

As Casas de Saúde do Índio (Casais) são locais de recepção e apoio ao índio, que vem
referenciado da aldeia/Pólo-Base. Localizadas em municípios de referência tem como
função facilitarem o acesso da população indígena ao atendimento secundário e/ou
terciário, servindo de apoio entre a aldeia e a rede de serviços do SUS, através de:

• mecanismos de referência e contrarreferência com a rede do SUS;


• serviço de tradução para os que não falam português;
• realização de contrarreferência com os Distritos Sanitários e articulando
o retorno dos pacientes e acompanhantes aos seus domicílios, por
ocasião da alta;
• recebimento de pacientes e seus acompanhantes encaminhados pelos
DSEI;
• fornecimento de alojamento e alimentação dos pacientes e seus
acompanhantes, durante o período de tratamento;
• prestação da assistência de enfermagem aos pacientes pós-
hospitalização e em fase de recuperação;
• acompanhamento dos pacientes para consultas, exames subsidiários e
internações hospitalares;

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(AOCP - 2019) No Brasil, os princípios e definições referentes à cultura, direitos e


relações com a sociedade brasileira por parte da população indígena estão presentes
na Lei nº 6.001/1973, que dispõe sobre o Estatuto do Índio. Com base nessa Lei,
assinale a alternativa INCORRETA.
A. Restringe, no próprio benefício das populações indígenas, a possibilidade de escolha
dos seus meios de vida e subsistência; garante aos índios a permanência voluntária no
seu habitat.
B. A proposta aponta ao mesmo tempo a necessidade de preservação da cultura
indígena e propõe uma integração progressiva e harmoniosa com a sociedade não índia.
C. É de responsabilidade da União, dos Estados, dos Municípios e dos órgãos das
respectivas administrações indiretas, nos limites de sua competência, a proteção das
comunidades indígenas e a preservação dos seus direitos.
D. No que diz respeito às comunidades indígenas ainda não integradas à sociedade
nacional, é necessário proporcionar aos índios meios para o seu desenvolvimento. O
ritmo de integração será respeitado de acordo com seus ritos e costumes.
E. Nos termos da Constituição, as comunidades indígenas detêm direito ao usufruto
exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes.
Comentário:
A questão pede a alternativa incorreta. De acordo com o Estatuto do Índio, cumpre aos
entes federativos e aos órgãos da administração indireta assegurar (e não restringir)
aos índios a possibilidade de livre escolha dos seus meios de vida e subsistência. Assim,
a alternativa errada é a letra A. As demais alternativas estão condizentes com o disposto
na respectiva legislação.
Gabarito: letra A

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LISTA DE QUESTÕES - QUESTÕES ÉTNICO-


RACIAIS: POVOS INDÍGENAS

1. (CESPE/CEBRASPE) No que concerne às terras indígenas, julgue os itens a seguir.


São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que objetivem a
ocupação, o domínio e a posse de terras indígenas, ou a exploração das riquezas naturais
do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da
União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção
direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às
benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé.
( ) Certo ( ) Errado

2. (CESPE/CEBRASPE) No que concerne às terras indígenas, julgue os itens a seguir.


A CF assegura expressamente aos estados-membros a propriedade das terras indígenas
não situadas em área de domínio da União.
( ) Certo ( ) Errado

3. (CESPE/CEBRASPE) No que concerne aos crimes contra o índio, julgue o item a


seguir:
O Estatuto do Índio, ao tipificar crimes contra os índios e contra a cultura indígena, não
define um tipo especial de homicídio contra o índio, mas prevê causa especial de
aumento da pena no caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, no
qual o ofendido seja índio não integrado ou comunidade indígena.
( ) Certo ( ) Errado

4. (CESPE/CEBRASPE) O acusado, indígena, reincidente, foi condenado pelo crime de


roubo cuja pena foi fixada em 5 anos e 6 meses de reclusão, em regime fechado.
Considerando-se a Constituição Federal, o Estatuto do Índio (Lei n° 6.001/73) e a
Convenção n° 169/89 da Organização Internacional do Trabalho sobre Povos
Indígenas e Tribais, julgue o item a seguir:
A semiliberdade é o regime especial adequado para o cumprimento de pena imposta
para o condenado indígena.
( ) Certo ( ) Errado

5. (CESPE/CEBRASPE) O acusado, indígena, reincidente, foi condenado pelo crime de


roubo cuja pena foi fixada em 5 anos e 6 meses de reclusão, em regime fe chado.

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Considerando-se a Constituição Federal, o Estatuto do Índio (Lei n° 6.001/73) e a


Convenção n° 169/89 da Organização Internacional do Trabalho sobre Povos
Indígenas e Tribais, julgue o item a seguir:
A pena deverá ser atenuada e na sua aplicação o juiz atenderá também o grau de
integração do indígena.
( ) Certo ( ) Errado

6. (MPE/PR - 2019) Nos termos da Lei n. 6.001/73 (Estatuto do Índio), assinale a


alternativa incorreta. Cumpre à União, aos Estados e aos Municípios, bem como
aos órgãos das respectivas administrações indiretas, nos limites de sua
competência, para a proteção das comunidades indígenas e a preservação dos seus
direitos:
A. Garantir aos índios a permanência voluntária no seu habitat, proporcionando-lhes ali
recursos para seu desenvolvimento e progresso.
B. Assegurar aos índios a possibilidade de livre escolha dos seus meios de vida e
subsistência.
C. Estimular o processo de integração do índio à comunhão nacional.
D. Garantir aos índios o pleno exercício dos direitos civis e políticos que em face da
legislação lhes couberem.
E. Executar, sempre que possível mediante a colaboração dos índios, os programas e
projetos tendentes a beneficiar as comunidades indígenas.

7. (VUNESP - 2018) Sobre a garantia de direitos dos indígenas, assinale a alternativa


correta.
A. A Constituição prevê que a responsabilidade de defender judicialmente os direitos
indígenas é atribuição da Defensoria Pública da União.
B. A competência para legislar sobre populações indígenas é concorrente da União, dos
Estados e do Distrito Federal.
C. A população indígena tem o direito de manter intacta em sua cultura, aldeada, se
assim entender que é a melhor forma de preservação.
D. A Constituição prevê que a responsabilidade de defender judicialmente os direitos
indígenas é atribuição da Procuradoria Geral de cada Estado.
E. A Constituição estabelece que as populações indígenas devem ser, prioritariamente,
integradas ao restante da sociedade.

8. (FCC - 2018) Segundo o Estatuto do Índio (Lei n° 6.001/1973),

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A. é vedada a atenuação da pena pela simples condição de indígena, pois configuraria


um reconhecimento de inferioridade inadmissível na ordem constitucional.
B. a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções
penais ou disciplinares contra os seus membros constitui crime punido com reclusão.
C. no caso de crime cometido contra comunidade indígena, a pena será agravada de um
sexto.
D. o índio é semi-imputável.
E. as penas de reclusão aplicadas aos índios serão cumpridas, se possível, em regime
especial de semiliberdade, no local de funcionamento do órgão federal de assistência
aos índios mais próximo da habitação do condenado.

9. (FCC - 2018) O Estatuto do Índio, disposto pela Lei n° 6.001/1973, prevê que os
índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional
ficam sujeitos ao regime tutelar. O índio, no entanto, poderá requerer ao Juiz
competente a sua liberação do mencionado regime, investindo-se na plenitude da
capacidade civil, desde que preenchidos os seguintes requisitos legais:
A. idade mínima de 18 anos; não ter nascido em reserva indígena; razoável compreensão
dos usos e costumes da comunhão nacional; possuir filho que tenha nascido na
comunhão nacional.
B. idade mínima de 18 anos; conhecimento da língua portuguesa; razoável compreensão
dos usos e costumes da comunhão nacional; estar no exercício de atividade útil.
C. idade mínima de 18 anos; conhecimento da língua portuguesa; habilitação para o
exercício da atividade útil, na comunhão nacional; possuir filho que tenha nascido na
comunhão nacional.
D. idade mínima de 21 anos; conhecimento da língua portuguesa; estar no exercício de
atividade útil; possuir filho que tenha nascido na comunhão nacional.
E. idade mínima de 21 anos; conhecimento da língua portuguesa; habilitação para o
exercício da atividade útil, na comunhão nacional; razoável compreensão dos usos e
costumes da comunhão nacional.

10. (FCC - 2016) Ao tratar dos direitos da criança indígena à documentação civil, é
correto afirmar:
A. A certidão de nascimento não anula nenhum direito garantido pela Constituição
Federal aos povos indígenas e é expedida para obter a documentação básica como a
carteira de identidade (RG) e cadastro de pessoa física (CPF) e não é substituída pelo
documento administrativo fornecido pela FUNAI, que é o RANI.
B. Por se tratar de povos tradicionais, há um tratamento diferenciado e especial, sendo
a certidão de nascimento expedida pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

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C. Por se tratar de povos tradicionais, é feita somente com a presença de funcionários


da FUNAI em cartório de registro civil do local onde a pessoa nasceu ou reside.
D. O Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (RANI) é o documento
administrativo fornecido pela FUNAI que substitui a certidão de nascimento.
E. Os indígenas, com a certidão de nascimento, passam a ser considerados cidadãos
comuns, sendo respaldados pelas mesmas regulamentações dos não indígenas
garantindo o direito constitucional de adaptação à sociedade em geral.

11. (ESAF - 2016) No procedimento administrativo de demarcação das terras


indígenas, é correto afirmar que as terras indígenas serão homologadas mediante
A. portaria do Ministro de Estado de Justiça.
B. portaria do Presidente da República. ==2193a4==

C. decreto do Presidente da República.


D. medida provisória do Presidente da República.
E. resolução do Presidente da República.

12. (IBFC - 2017) No tocante à questão indígena brasileira o envolvimento das ciências
sociais em dar aporte a garantia dos direitos instituídos pelo Estatuto do Índio
(1976) e ratificados pela constituição de 1988 são fundamentais. A respeito do
processo de demarcação dos territórios indígenas assinale a alternativa correta:
A. Os geógrafos são os responsáveis pela elaboração de relatórios e estudos sobre as
questões territoriais indígenas
B. As pesquisas desenvolvidas sobre esta temática pouco contribuem para com os
desdobramentos jurídicos da questão
C. No processo demarcatório são necessários estudos que revelem aspectos
cosmológicos do grupo, das áreas de usos rituais, cemitérios, lugares sagrados, sítios
arqueológicos, etc
D. Os estudos de caráter objetivo e quantitativos são os mais apropriados para tal
finalidade
E. Por se tratar de uma questão fundiária a delimitação dos territórios indígenas é
formalizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

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GABARITO

1. CERTO
2. ERRADO
3. CERTO
4. CERTO
5. CERTO
6. C
7. C
8. E
9. E
10. A
11. C
12. C

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QUESTÕES COMENTADAS - QUESTÕES ÉTNICO-


RACIAIS: POVOS INDÍGENAS

1. (CESPE/CEBRASPE) No que concerne às terras indígenas, julgue os itens a seguir.


São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que objetivem a
ocupação, o domínio e a posse de terras indígenas, ou a exploração das riquezas naturais
do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da
União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção
direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às
benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
A questão exige conhecimento sobre o disposto na Constituição Federal, em seu art.
231.
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças
e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
(...) § 6º - São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por
objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a
exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes,
ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei
complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações
contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de
boa fé.
Gabarito: Certo.

2. (CESPE/CEBRASPE) No que concerne às terras indígenas, julgue os itens a seguir.


A CF assegura expressamente aos estados-membros a propriedade das terras indígenas
não situadas em área de domínio da União.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
A questão está errada, pois a Constituição Federal dispõe que as terras tradicionalmente
ocupadas pelos índios são da União.
Gabarito: Errado.

3. (CESPE/CEBRASPE) No que concerne aos crimes contra o índio, julgue o item a


seguir:

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O Estatuto do Índio, ao tipificar crimes contra os índios e contra a cultura indígena, não
define um tipo especial de homicídio contra o índio, mas prevê causa especial de
aumento da pena no caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, no
qual o ofendido seja índio não integrado ou comunidade indígena.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
O aumento de pena encontra-se prevista no artigo 59, da Lei 6001 de 1973 que assim
dispõe: " No caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que o
ofendido seja índio não integrado ou comunidade indígena, a pena será agravada de um
terço". Por tal motivo, foi considerada pela banca como assertiva correta.
Gabarito: Certo.

4. (CESPE/CEBRASPE) O acusado, indígena, reincidente, foi condenado pelo crime de


roubo cuja pena foi fixada em 5 anos e 6 meses de reclusão, em regime fechado.
Considerando-se a Constituição Federal, o Estatuto do Índio (Lei n° 6.001/73) e a
Convenção n° 169/89 da Organização Internacional do Trabalho sobre Povos
Indígenas e Tribais, julgue o item a seguir:
A semiliberdade é o regime especial adequado para o cumprimento de pena imposta
para o condenado indígena.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
A questão está correta, pois, de acordo com o Estatuto do Índio: Art. 56, parágrafo único:
As penas de reclusão e de detenção serão cumpridas, se possível, em regime especial
de semiliberdade, no local de funcionamento do órgão federal de assistência aos índios
mais próximos da habitação do condenado.
Gabarito: Certo.

5. (CESPE/CEBRASPE) O acusado, indígena, reincidente, foi condenado pelo crime de


roubo cuja pena foi fixada em 5 anos e 6 meses de reclusão, em regime fechado.
Considerando-se a Constituição Federal, o Estatuto do Índio (Lei n° 6.001/73) e a
Convenção n° 169/89 da Organização Internacional do Trabalho sobre Povos
Indígenas e Tribais, julgue o item a seguir:
A pena deverá ser atenuada e na sua aplicação o juiz atenderá também o grau de
integração do indígena.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:

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A questão está correta, pois, de acordo com o Estatuto do Índio: Art. 56, no caso de
condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser atenuada e na sua aplicação
o Juiz atenderá também ao grau de integração do silvícola.
Gabarito: Certo.

6. (MPE/PR - 2019) Nos termos da Lei n. 6.001/73 (Estatuto do Índio), assinale a


alternativa incorreta. Cumpre à União, aos Estados e aos Municípios, bem como
aos órgãos das respectivas administrações indiretas, nos limites de sua
competência, para a proteção das comunidades indígenas e a preservação dos seus
direitos:
A. Garantir aos índios a permanência voluntária no seu habitat, proporcionando-lhes ali
==2193a4==

recursos para seu desenvolvimento e progresso.


B. Assegurar aos índios a possibilidade de livre escolha dos seus meios de vida e
subsistência.
C. Estimular o processo de integração do índio à comunhão nacional.
D. Garantir aos índios o pleno exercício dos direitos civis e políticos que em face da
legislação lhes couberem.
E. Executar, sempre que possível mediante a colaboração dos índios, os programas e
projetos tendentes a beneficiar as comunidades indígenas.
Comentário:
A questão pede a alternativa incorreta. Este assunto está contido no art. 2º do Estatuto
do Índio.
A alternativa C está incorreta, pois, o correto seria: respeitar (NÃO É ESTIMULAR), no
processo de integração do índio à comunhão nacional, a coesão das comunidades
indígenas, os seus valores culturais, tradições, usos e costumes.
O Estado não pode estimular a integração das comunidades indígenas, pois isto violaria
o direito à autodeterminação dos povos indígenas e estaria implicitamente
reconhecendo superioridade da cultura ocidental em face da cultura indígena. Por isto
o Estado deve somente respeitar o processo de integração. Caso o índio decida pela
integraçao, o Estado respeitará sua decisão.
Gabarito: letra C

7. (VUNESP - 2018) Sobre a garantia de direitos dos indígenas, assinale a alternativa


correta.
A. A Constituição prevê que a responsabilidade de defender judicialmente os direitos
indígenas é atribuição da Defensoria Pública da União.

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B. A competência para legislar sobre populações indígenas é concorrente da União, dos


Estados e do Distrito Federal.
C. A população indígena tem o direito de manter intacta em sua cultura, aldeada, se
assim entender que é a melhor forma de preservação.
D. A Constituição prevê que a responsabilidade de defender judicialmente os direitos
indígenas é atribuição da Procuradoria Geral de cada Estado.
E. A Constituição estabelece que as populações indígenas devem ser, prioritariamente,
integradas ao restante da sociedade.
Comentário:
Para responder a presente questão, deve-se ter o entendimento da Constituição Federal
sobre os direitos dos povos indígenas. De acordo com o Art. 231 da CF :
São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Assim, a alternativa correta é a letra C. Vejamos os erros das demais alternativas, para
fins de conhecimento complementar.
A. Errado. Cabe ao Ministério Público essa prerrogativa sobre a garantia dos direitos
indígenas. Em seu artigo 129, inciso V, que expõe: Defender judicialmente os direitos e
interesses das populações indígenas.
B. Errado. Conforme dispõe o artigo 22, inciso XIV da CF/88, que expõe: Compete
privativamente à União legislar sobre: as populações indígenas. (...)"
D. Errado. Cabe ao Ministério Público Defender judicialmente os direitos e interesses
das populações indígenas.
E. Errado. A Constituição Federal não determina a integração dos povos indígenas à
sociedade, mas sim garante o exercício dos direitos e manifestações culturais dos
indígenas.
Gabarito: letra C.

8. (FCC - 2018) Segundo o Estatuto do Índio (Lei n° 6.001/1973),


A. é vedada a atenuação da pena pela simples condição de indígena, pois configuraria
um reconhecimento de inferioridade inadmissível na ordem constitucional.
B. a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções
penais ou disciplinares contra os seus membros constitui crime punido com reclusão.
C. no caso de crime cometido contra comunidade indígena, a pena será agravada de um
sexto.
D. o índio é semi-imputável.
E. as penas de reclusão aplicadas aos índios serão cumpridas, se possível, em regime
especial de semiliberdade, no local de funcionamento do órgão federal de assistência
aos índios mais próximo da habitação do condenado.

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Comentário:
Vamos analisar as alternativas:
A. Errado. Art. 56. No caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá
ser atenuada e na sua aplicação o Juiz atenderá também ao grau de integração do
silvícola.
B. Errado. Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as
instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros,
desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena
de morte.
C. Errada. Art. 59. No caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em
que o ofendido seja índio não integrado ou comunidade indígena, a pena será agravada
de um terço.
D Errado. O índio a depender de sua integração poderá ser inimputável (isolados), semi-
imputável (em vias de integração) ou imputável (integrados), conforme art. 4º do
Estatuto do Índio.
E. Correto. Art. 56. Parágrafo único. As penas de reclusão e de detenção serão
cumpridas, se possível, em regime especial de semiliberdade, no local de funcionamento
do órgão federal de assistência aos índios mais próximos da habitação do condenado.
Gabarito: letra E.

9. (FCC - 2018) O Estatuto do Índio, disposto pela Lei n° 6.001/1973, prevê que os
índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional
ficam sujeitos ao regime tutelar. O índio, no entanto, poderá requerer ao Juiz
competente a sua liberação do mencionado regime, investindo-se na plenitude da
capacidade civil, desde que preenchidos os seguintes requisitos legais:
A. idade mínima de 18 anos; não ter nascido em reserva indígena; razoável compreensão
dos usos e costumes da comunhão nacional; possuir filho que tenha nascido na
comunhão nacional.
B. idade mínima de 18 anos; conhecimento da língua portuguesa; razoável compreensão
dos usos e costumes da comunhão nacional; estar no exercício de atividade útil.
C. idade mínima de 18 anos; conhecimento da língua portuguesa; habilitação para o
exercício da atividade útil, na comunhão nacional; possuir filho que tenha nascido na
comunhão nacional.
D. idade mínima de 21 anos; conhecimento da língua portuguesa; estar no exercício de
atividade útil; possuir filho que tenha nascido na comunhão nacional.
E. idade mínima de 21 anos; conhecimento da língua portuguesa; habilitação para o
exercício da atividade útil, na comunhão nacional; razoável compreensão dos usos e
costumes da comunhão nacional.
Comentário:

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O Estatuto do índio (Lei n° 6.001/1973) dispõe em seu art. 9º que "qualquer índio poderá
requerer ao Juiz competente a sua liberação do regime tutelar previsto nesta Lei,
investindo-se na plenitude da capacidade civil, desde que preencha os requisitos
seguintes:
I - idade mínima de 21 anos;
II - conhecimento da língua portuguesa;
III - habilitação para o exercício de atividade útil, na comunhão nacional;
IV - razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional."
Gabarito: letra E

10. (FCC - 2016) Ao tratar dos direitos da criança indígena à documentação civil, é
correto afirmar:
A. A certidão de nascimento não anula nenhum direito garantido pela Constituição
Federal aos povos indígenas e é expedida para obter a documentação básica como a
carteira de identidade (RG) e cadastro de pessoa física (CPF) e não é substituída pelo
documento administrativo fornecido pela FUNAI, que é o RANI.
B. Por se tratar de povos tradicionais, há um tratamento diferenciado e especial, sendo
a certidão de nascimento expedida pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
C. Por se tratar de povos tradicionais, é feita somente com a presença de funcionários
da FUNAI em cartório de registro civil do local onde a pessoa nasceu ou reside.
D. O Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (RANI) é o documento
administrativo fornecido pela FUNAI que substitui a certidão de nascimento.
E. Os indígenas, com a certidão de nascimento, passam a ser considerados cidadãos
comuns, sendo respaldados pelas mesmas regulamentações dos não indígenas
garantindo o direito constitucional de adaptação à sociedade em geral.
Comentário:
A alternativa correta é a letra A, pois a certidão de nascimento não anula nenhum
direito garantido pela Constituição Federal aos povos indígenas e é expedida para
obter a documentação básica como RG, CPF, CTPS, entre outros documentos e não é
substituída pelo documento administrativo fornecido pela FUNAI, que é o RANI.
Vejamos os erros das demais alternativas:
B. Errado. A Certidão de Nascimento é expedida em Cartório. O documento que a FUNAI
emite é o RANI.
C. Errado. Para emissão de documento civil, não é necessário a presença de um
funcionário da FUNAI.
D. Errado. O RANI é um documento administrativo e não substitui a Certidão de
nascimento.
E. Errado. A documentação básica, como a certidão de nascimento, não anula nem
prejudica nenhum direito garantido pela Constituição aos povos indígenas, como o

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direito às terras tradicionais que ocupam ou o respeito à sua organização social,


costumes, línguas, crenças e tradições.
Gabarito: letra A.

11. (ESAF - 2016) No procedimento administrativo de demarcação das terras


indígenas, é correto afirmar que as terras indígenas serão homologadas mediante
A. portaria do Ministro de Estado de Justiça.
B. portaria do Presidente da República.
C. decreto do Presidente da República.
D. medida provisória do Presidente da República.
E. resolução do Presidente da República.
Comentário:
De acordo com o Estatuto do índio, as terras indígenas, por iniciativa e sob orientação
do órgão federal de assistência ao índio, serão administrativamente demarcadas, de
acordo com o processo estabelecido em decreto do Poder Executivo.
Gabarito: letra C.

12. (IBFC - 2017) No tocante à questão indígena brasileira o envolvimento das ciências
sociais em dar aporte a garantia dos direitos instituídos pelo Estatuto do Índio
(1976) e ratificados pela constituição de 1988 são fundamentais. A respeito do
processo de demarcação dos territórios indígenas assinale a alternativa correta:
A. Os geógrafos são os responsáveis pela elaboração de relatórios e estudos sobre as
questões territoriais indígenas
B. As pesquisas desenvolvidas sobre esta temática pouco contribuem para com os
desdobramentos jurídicos da questão
C. No processo demarcatório são necessários estudos que revelem aspectos
cosmológicos do grupo, das áreas de usos rituais, cemitérios, lugares sagrados, sítios
arqueológicos, etc
D. Os estudos de caráter objetivo e quantitativos são os mais apropriados para tal
finalidade
E. Por se tratar de uma questão fundiária a delimitação dos territórios indígenas é
formalizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
Comentário:
De acordo com as Orientações básicas para a caracterização ambiental de terras
indígenas (FUNAI, 2013), o Relatório Ambiental deve, portanto, empregar a abordagem
da territorialidade , buscando as imbricações entre as categorias indígenas e as noções

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ocidentais, a fim de demonstrar quais recursos naturais são utilizados pelos índios, onde
(em que ambientes) e como são utilizados. As relações de apropriação do espaço
(regimes de uso comum e familiar, dinâmicas históricas da paisagem, ecocosmologia,
conhecimentos etnoambientais, redes sociais, produção do lugar, da paisagem e da
memória coletiva, entre outras) são aspectos fundamentais do estudo ambiental,
fornecendo referências para a compreensão dos critérios que regulam a distribuição do
espaço e dos recursos ambientais entre o povo indígena envolvido (p. 13-14).
A ecocosmologia expressa uma complexa concepção a respeito da origem e das relações
entre todas as coisas que existem no mundo. O importante para o estudo da ocupação
indígena é compreender os principais elementos da ecocosmologia e dos
conhecimentos ecológicos, associando-os a lugares ou ambientes na terra a ser
delimitada. O estudo dos mitos, narrativas e conhecimentos sobre o ambiente e as
unidades de paisagem, bem como sobre suas características e relações ecológicas, são
fundamentais para a compreensão da territorialidade do povo indígena (p. 21).
Gabarito: letra C.

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QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS: OS
AFRODESCENDENTES E O ESTATUTO DA
IGUALDADE RACIAL
Entendendo os conceitos de negro, pardo, preto e
afrodescendente

No Brasil, a ideia de raça sempre esteve muito atrelada a cor da pele, ou seja, o
pertencer a determinado grupo é definido pela cor da pessoa e não por características
biológicas, tendo como exemplo o negro, o pardo, o preto e o mulato. Essas formas de
agrupamento passaram a considerar a categoria afrodescendente, por apresentarem o
mesmo fenótipo de pele e por serem grupos descendentes de diáspora1.

No Censo realizado pelo IBGE em 1980,


verificou-se que os não brancos, aos serem
perguntados sobre qual seria a sua cor,
definiram-se das mais variadas formas em um
total de 136 cores diferentes, para além do
pardo, do preto e do mulato.

De acordo com o Censo IBGE 2010, esses


agrupamentos contabilizam 80 milhões de
brasileiros, representando 50,7% da população.

Agora vamos entender um pouco sobre o conceito de negro, pardo, mulato, preto e
afrodescendente, trazido por Nunes (2017) 2.

Negro: está associada ao sistema de classificação racial de seres humanos com fenótipo
da pele mais escura em relação a outros grupos raciais, sendo aplicada para designar os
descendentes de africanos. No Brasil, nesta definição incluem apenas as pessoas de
ascendência subsaariana. Para fins políticos, consideram-se negros todos aqueles que
têm alguma ancestralidade africana, mesmo que sejam também descendentes de
europeus ou de índios.

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Pardo: caracteriza alguém de origem multirracial e é o termo mais formalmente


utilizado no Brasil. Entre a terminologias para definir os vários tipos de pardos temos:
• mulatos: descendentes de brancos e pretos;
• caboclos e mamelucos: descendentes de brancos e indígenas;
• cafuzos: descendentes de pretos e indígenas;
No Censo 2010, 43,1% da população se autodeclararam pardos.

Mulato: no Brasil o termo foi criado para designar o filho de homem branco (europeu)
com mulher negra (escrava). A historiografia escravista brasileira interpreta o mulato
como resultado dos estupros e do abuso sexual que ocorriam entre senhores brancos e
as escravas negras.

Preto: termo mais recente que surgiu para substituir a palavra negro, considerada
ofensiva em diversos países africanos como Senegal e também nos Estados Unidos,
porque a palavra negro é geralmente associada a escravos. Na cultura ocidental o termo
preto é associado à ideia de morte, luto, mal e trevas. Devido a essas associações,
ocorreu uma negação deste termo, surgindo uma nova terminologia: o
afrodescendente.

Afrodescendente: o termo passou a ser adotado após a Conferência da ONU sobre


racismo e xenofobia, realizada na África do Sul em 2001. Isso se deu em virtude de um
sentido pejorativo e ofensivo do termo negro utilizado pelos brancos para se dirigirem
aos africanos escravizados e seus descendentes da diáspora.

As desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil

As estatísticas atuais sobre a população afrodescendente demonstr am que as


desigualdades sociais entre brancos e afrodescendentes são enormes. Um
levantamento realizado pelo IBGE 3 sobre Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no
Brasil apresenta uma análise focalizada nas desigualdades sociais por cor ou raça, a
partir da construção de um quadro composto por temas essenciais à reprodução das
condições de vida da população brasileira, como mercado de trabalho, distribuição de
rendimento e condições de moradia, e educação, indicadores relativos à violência e à
representação política.

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Segundo dados levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
- PNAD, a população brasileira em 2018 era constituída em 43,1% de brancos, 9,3% de
pretos e 46,5% de pardos.4

Em relação ao mercado de trabalho, apesar de serem um pouco mais da metade da


força de trabalho (54,9%), as pessoas pretas e pardas formavam cerca de 2/3 dos
desocupados e dos subutilizados no Brasil em 2018. Enquanto 34,6% das pessoas
brancas estavam em ocupações informais, esse percentual atingiu 47,3% entre as de cor
preta ou parda.

Quando falamos em rendimento médio das pessoas ocupadas, a desigualdade salarial


aparece de forma mais impactante. Em 2018, o rendimento médio das pessoas
ocupadas brancas (R$ 2.796) foi de 73,9% superior aos das pessoas pretas ou pardas
(R$1.608).

Os dados também revelam que em relação à pobreza monetária, a proporção de


pessoas pretas e pardas com rendimento inferior à linha da pobreza proposta pelo
Banco Mundial (U$$ 1.90 por dia), foi maior que o dobro da proporção verificada entre
as brancas.

As desigualdades por cor ou raça também se revelam nas condições de moradia, tanto
na distribuição espacial das moradias, quanto no acesso aos serviços e nas
características individuais dos domicílios.

A mesma desigualdade se manifesta na dimensão da violência e na representação


política. Veja abaixo a tabela com alguns dados relevantes divulgados pelo IBGE:

Um dado muito importante foi o reflexo de várias medidas com vistas a ampliar e
democratizar o acesso ao ensino superior no Brasil a partir dos anos 2000, como o
sistema de cotas, o Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

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(REUNI), o Sistema de Seleção Unificada (SISU), a expansão do Financiamento Estudantil


(FIES) e o Programa Universidade para Todos (PROUNI). Assim, em 2018, estudantes
pretos e pardos passaram a compor maioria nas instituições de ensino superior da
rede pública do País (50,3%).

Apesar do pouco avanço neste índice, as desigualdades entre os grupos populacionais


são enormes e necessitam o investimento em políticas públicas para a superação dessas
desigualdades nas mais variadas dimensões.

Estatuto da Igualdade Racial - Lei nº 12.288/10

A Constituição Federal de 88 promoveu grandes avanços na trajetória pela igualdade


racial, quando disciplinou o racismo como crime inafiançável e imprescritível em seu
art. 5º. Também foi reconhecida a propriedade definitiva das terras quilombolas e a
diversidade cultural como patrimônio a ser preservado e valorizado.

O Estatuto da Igualdade Racial foi um Projeto de Lei apresentado ao Congresso Nacional


nos anos 2000, sofreu alterações durante sua tramitação e finalmente foi publicado pela
Lei nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010.

Disposições preliminares

O Estatuto da Igualdade Racial é destinado a garantir à população negra

• a efetivação da igualdade de oportunidades,


• a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e
• o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.

A Lei 12.288/10 traz conceitos importantes, dispostos no art. 1º, como:

• DISCRIMINAÇÃO RACIAL OU ÉTNICO-RACIAL: toda distinção, exclusão,


restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional
ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou
exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer
outro campo da vida pública ou privada;

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• DESIGUALDADE RACIAL: toda situação injustificada de diferenciação de acesso


e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em
virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica;
• DESIGUALDADE DE GÊNERO E RAÇA: assimetria existente no âmbito da
sociedade que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais
segmentos sociais;
• POPULAÇÃO NEGRA: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e
pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga;
• POLÍTICAS PÚBLICAS: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no
cumprimento de suas atribuições institucionais;
• AÇÕES AFIRMATIVAS: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado
e pela iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a
promoção da igualdade de oportunidades.

E que deve garantir a igualdade de oportunidades?

Conforme o art. 2º do Estatuto, é dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade


de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, independentemente da
etnia ou da cor da pele, o direito à participação na comunidade, especialmente nas
atividades políticas, econômicas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas,
defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.

O Estatuto da Igualdade Racial adota como diretriz político-jurídica

• a inclusão das vítimas de desigualdade étnico-racial,


• a valorização da igualdade étnica e
• o fortalecimento da identidade nacional brasileira.

A participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida


econômica, social, política e cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio
de:

• inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social;


• adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa;
• modificação das estruturas institucionais do Estado para o adequado
enfrentamento e a superação das desigualdades étnicas decorrentes do
preconceito e da discriminação étnica;
• promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação
étnica e às desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais,
institucionais e estruturais;
• eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que
impedem a representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada;

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• estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil


direcionadas à promoção da igualdade de oportunidades e ao combate às
desigualdades étnicas, inclusive mediante a implementação de incentivos e
critérios de condicionamento e prioridade no acesso aos recursos públicos;
• implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento
das desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde,
segurança, trabalho, moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos
públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros.

Os programas de ações afirmativas são destinados a


reparar as distorções e desigualdades sociais e demais
práticas discriminatórias adotadas, nas esferas pública
e privada, durante o processo de formação social do
País.

Entre as políticas de ações afirmativas voltados para a população negra, podemos citar
a Lei de Cotas (Lei 12.711/2012), que reserva vagas para egressos de escolas públicas
em instituições federais de ensino, sendo parte destinadas para aqueles que se
declararem pretos, pardos e indígenas, de acordo com a participação populacional
destes grupos em cada Estado.

Também podemos citar a Lei 12.990/2014, que reserva aos negros 20% das vagas
oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos
públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações
públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela
União. A reserva de vagas será aplicada sempre que o número de vagas oferecidas no
concurso público for igual ou superior a 3.

(INSTITUTO AOCP - 2018) No que tange às temáticas sobre desigualdades, diversidade


e os marcos históricos e legais das Políticas de Ação Afirmativa no Brasil, julgue o item
a seguir.
A Lei 12.990/2014, exemplo de ação afirmativa, estabelece a reserva aos negros de 20%
(vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de
cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das
autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de
economia mista controladas pela União.

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( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
A assertiva trouxe a literalidade do art. 1º da Lei 12.990/2014.
Art. 1º Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito
da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas
públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União, na forma desta
Lei.
Gabarito: Certo.

(UFPEL - 2016) O Estatuto da Igualdade Racial através da Lei Nº 12.288, de 20 de julho


de 2010, em seu Art. 1º, Parágrafo Único, considera ações afirmativas,
A. o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor
ou raça usado pelo IBGE, ou que adotam autodefinição análoga.
B. a participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na
vida econômica, social, política e cultural do país.
C. os programas e medidas especiais adotadas pelo Estado e pela iniciativa privada para
a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.
D. medidas para combater a assimetria existente no âmbito da socieda de que acentua
a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais.
E. as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cumprimento de suas
atribuições institucionais no combate à discriminação de gênero e de raça.
Comentário:
De acordo com o Estatuto da Igualdade Racial, as ações afirmativas são programas e
medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das
desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.
Gabarito: letra C

Dos Direitos Fundamentais

O Estatuto da Igualdade Racial, a partir do art. 6º até o art. 42 dispõe sobre fundamentais
direitos fundamentais garantidos à população negra. Em relação à saúde, deve ser
garantido o acesso universal e igualitário ao SUS, bem como um tratamento sem
discriminação pelos seguros de saúde privados.

Ainda em relação à saúde, o Estatuto também prevê a Política Nacional de Saúde


Integral da População Negra, com as seguintes diretrizes e objetivos:

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Diretrizes Objetivos

ampliação e fortalecimento da participação de a promoção da saúde integral da população


lideranças dos movimentos sociais em defesa da negra, priorizando a redução das desigualdades
saúde da população negra nas instâncias de étnicas e o combate à discriminação nas
participação e controle social do SUS; instituições e serviços do SUS;

a melhoria da qualidade dos sistemas de


produção de conhecimento científico e informação do SUS no que tange à coleta, ao
tecnológico em saúde da população negra; processamento e à análise dos dados
desagregados por cor, etnia e gênero;

desenvolvimento de processos de informação, o fomento à realização de estudos e pesquisas


comunicação e educação para contribuir com a sobre racismo e saúde da população negra;
redução das vulnerabilidades da população
negra.

a inclusão do conteúdo da saúde da população


negra nos processos de formação e educação
permanente dos trabalhadores da saúde;
Mnemônico: Amplia pro Dé!
a inclusão da temática saúde da população
negra nos processos de formação política das
lideranças de movimentos sociais para o
exercício da participação e controle social no
SUS.

No que se refere ao direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, a população


negra tem direito a participar de atividades educacionais, culturais, esportivas e de lazer
adequadas a seus interesses e condições, de modo a contribuir para o patrimônio
cultural de sua comunidade e da sociedade brasileira (art. 9º). Para isso, os entes
federativos deverão adotar providências como:

• promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da população negra ao


ensino gratuito e às atividades esportivas e de lazer;
• apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço para promoção social e
cultural da população negra;
• desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas escolas, para que a
solidariedade aos membros da população negra faça parte da cultura de toda a
sociedade;
• implementação de políticas públicas para o fortalecimento da juventude negra
brasileira.

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Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados,


é obrigatório o estudo da história geral da África e da história da população negra no
Brasil. Esses conteúdos devem ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar.

Em relação à cultura, o poder público deverá garantir o reconhecimento das sociedades


negras, clubes e outras formas de manifestação coletiva da população negra, com
trajetória histórica comprovada, como patrimônio histórico e cultural, nos termos dos
arts. 215 e 216 da Constituição Federal.

Conforme o Estatuto, a capoeira é reconhecida como desporto de criação nacional e o


poder público deverá garantir o registro e a proteção da capoeira, em todas as suas
modalidades, como bem de natureza imaterial e de formação da identidade cultural
brasileira.

O Estatuto da Igualdade Racial prevê o direito à liberdade de consciência e de crença e


ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana. Neste sentido, o poder
público adotará as medidas necessárias para o combate à intolerância com as religiões
de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores.

Em relação ao acesso à terra e à moradia adequada, serão assegurados à população


negra a assistência técnica rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o
fortalecimento da infraestrutura de logística para a comercialização da produção.

De acordo com art. 33, para fins de política agrícola, os remanescentes das
comunidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes tratamento especial
diferenciado, assistência técnica e linhas especiais de financiamento público, destinados
à realização de suas atividades produtivas e de infraestrutura.

O poder público também deve garantir a implementação de políticas públicas para


assegurar o direito à moradia adequada da população negra que vive em favelas,
cortiços, áreas urbanas subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim
de reintegrá-las à dinâmica urbana e promover melhorias no ambiente e na qualidade
de vida.
O direito à moradia adequada inclui não apenas o
provimento habitacional, mas também a garantia
da infraestrutura urbana e dos equipamentos
comunitários associados à função habitacional,
bem como a assistência técnica e jurídica para a
construção, a reforma ou a regularização fundiária
da habitação em área urbana.

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No que se refere ao trabalho, o poder público promoverá ações que assegurem a


igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra, inclusive
mediante a implementação de medidas visando à promoção da igualdade nas
contratações do setor público e o incentivo à adoção de medidas similares nas
empresas e organizações privadas.

Para que ocorra essa igualdade de oportunidades serão adotadas políticas e programas
de formação profissional, de emprego e de geração de renda voltados para a população
negra. Também será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos
meios rural e urbano, com ações afirmativas para mulheres negras.

Do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial


(Sinapir) ==2193a4==

O Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) é instituído pela Lei


12.288/10 como uma forma de organização e de articulação voltadas à implementação
do conjunto de políticas e serviços destinados a superar as desigualdades étnicas
existentes no País, prestados pelo poder público federal.

De acordo com o art. 48, são objetivos do Sinapir:

• promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades sociais resultantes


do racismo, inclusive mediante adoção de ações afirmativas;
• formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a
promover a integração social da população negra;
• descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais,
distrital e municipais;
• articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica;
• garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação
das ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.

A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e acompanhamento da Política


Nacional de Promoção da Igualdade Racial - PNPIR, bem como a organização, articulação
e coordenação do Sinapir, serão efetivados pelo órgão responsável pela política de
promoção da igualdade étnica em âmbito nacional.

Os Estados, DF e Municípios poderão instituir conselhos de promoção da igualdade


étnica, de caráter permanente e consultivo, compostos por igual número de
representantes de órgãos e entidades públicas e de organizações da sociedade civil
representativas da população negra.

Na implementação dos programas e das ações constantes dos planos plurianuais e dos
orçamentos anuais da União, deverão ser observadas as políticas de ação afirmativa e
outras políticas públicas que tenham como objetivo promover a igualdade de
oportunidades e a inclusão social da população negra.

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O art. 51 do Estatuto prevê a instituição de ouvidorias permanentes que terão por


finalidade receber e encaminhar denúncias de preconceito e discriminação com base
em etnia ou cor e acompanhar a implementação de medidas para a promoção da
igualdade.

(CESPE/CEBRASPE - 2018) Instituído pelo Estatuto Nacional da Igualdade Racial — Lei


n.º 12.288/2010 —, o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR)
tem por objetivo
A. iniciar a ação penal em face de atitudes e práticas de intolerância religiosa nos meios
de comunicação e em quaisquer outros locais.
B. formular políticas, programas e projetos voltados para a inclusão da população negra
no mercado de trabalho.
C. descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais,
distrital e municipais.
D. ratificar os compromissos assumidos pelo Brasil junto a organismos internacionais.
E. instituir os conselhos para a aplicação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse
Social (FNHIS).
Comentário:
De acordo com o art. 48, são objetivos do Sinapir:
• promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades sociais resultantes do
racismo, inclusive mediante adoção de ações afirmativas;
• formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover a
integração social da população negra;
• descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais,
distrital e municipais;
• articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica;
• garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das
ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
Gabarito: letra C.

(FCC - 2018) O Estatuto da Igualdade Racial prevê


A. o reconhecimento da capoeira como manifestação cultural regional.

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B. a inclusão de quilombolas nos usos e costumes, tradições e manifestos próprios do


local onde desejam se instalar, fora de suas comunidades, de modo a diminuir as
diferenças culturais.
C. que a desigualdade de gênero e raça é a assimetria existente no âmbito da sociedade
que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais.
D. como ações afirmativas os programas e medidas especiais adotados pelo Estado para
a correção das desigualdades raciais, excluindo desse conceito legal as ações da
iniciativa privada.
E. a participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidades, na
vida econômica, social, política e cultural do País, por meio de estímulo de iniciativas de
promoção, preservando-se a igualdade no acesso a recursos públicos.
Comentário:
Vamos analisar as alternativas:
A. Errado. De acordo com o art. 22: A capoeira é reconhecida como desporto de criação
nacional, nos termos do art. 217 da Constituição Federal.
B. Errado. De acordo com o art. 18: É assegurado aos remanescentes das comunidades
dos quilombos o direito à preservação de seus usos, costumes, tradições e manifestos
religiosos, sob a proteção do Estado. Parágrafo único. A preservação dos documentos e
dos sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos, tombados nos
termos do § 5o do art. 216 da Constituição Federal, receberá especial atenção do poder
público.
C. Correta. De acordo com art. 1, parágrafo único: III - desigualdade de gênero e raça:
assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre
mulheres negras e os demais segmentos sociais;
D. Errado. Conforme o art. 1, parágrafo único: VI - ações afirmativas: os programas e
medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das
desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.
E. Errado. O Estatuto da Igualdade Racial dispõe em seu art. 4º: A participação da
população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida econômica, social,
política e cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio de: VI - estímulo,
apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil direcionadas à
promoção da igualdade de oportunidades e ao combate às desigualdades étnicas,
inclusive mediante a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e
prioridade no acesso aos recursos públicos.
Gabarito: letra C.

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LISTA DE QUESTÕES - QUESTÕES ÉTNICO-


RACIAIS: AFRODESCENDENTES E ESTATUTO DA
IGUALDADE RACIAL

1. (CESPE/CEBRASPE - 2018) Com base na Lei n.º 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade


Racial), julgue o próximo item.
Embora a liberdade religiosa garantida pelo Estatuto da Igualdade Racial alcance as
tradições culturais das religiões de matriz africana, tal direito não se estende a pessoas
que cumprem pena privativa de liberdade, uma vez que, nessa situação, há restrição de
direitos, sem se caracterizar prática discriminatória.
( ) Certo ( ) Errado

2. (CESPE/CEBRASPE - 2018) Com base na Lei n.º 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade


Racial), julgue o próximo item.
O Estatuto da Igualdade Racial compreende um conjunto de direitos da população negra
e propõe mecanismos de construção de políticas para a promoção da igualdade racial,
entre eles a obrigatoriedade de se instituírem ouvidorias permanentes para aprimorar
o desenvolvimento dos direitos e das políticas elencados no texto legal.
( ) Certo ( ) Errado

3. (CESPE/CEBRASPE) Com relação às políticas e aos programas sociais dirigidos a


populações específicas, julgue os itens seguintes.
O Estatuto da Igualdade Racial, instituído em 2010, considera população negra o
conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou
raça usado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
( ) Certo ( ) Errado

4. (CESPE/CESBRASPE - 2019) Tendo como referência o Estatuto da Igualdade Racial


— Lei n.º 12.288/2010 —, assinale a opção correta.
A. Parte das disposições da referida lei carece de aplicabilidade por contrariar o princípio
constitucional da igualdade e da proibição de discriminação.

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B. Questões relativas a gênero não estão previstas na referida legislação, uma vez que
seu objeto é a vulnerabilidade dos sujeitos em decorrência da raça.
C. Aos remanescentes de quilombos que estejam ocupando suas terras será assegurado
o direito a permanecer no território, a partir de concessão de direito real de uso.
D. Aquele que, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de
trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego
cujas atividades não justifiquem essas exigências estará sujeito à pena de detenção.
E. O Poder Público deve coibir a propagação de ódio às religiões de matrizes africanas e
a discriminação de seus seguidores por meios de comunicação social.

5. (CESPE/CEBRASPE - 2019) O exercício da cidadania como ferramenta para a


convivência social tem sido um desafio ético-racial. Nesse sentido e à luz dos
valores éticos da igualdade, da solidariedade e da dignidade humana, assinale a
opção correta.
A. A população negra tem direito a participar de atividades educacionais, culturais,
esportivas e de lazer adequadas a seus interesses e a suas condições, de modo a
contribuir para o patrimônio cultural de sua comunidade e da sociedade brasileira.
B. O livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana será assegurado, desde que
conforme a conveniência dos proprietários circunvizinhos.
C. O ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas é de caráter obrigatório, por
se tratar de ferramenta de cidadania inclusiva.
D. O poder público não poderá incentivar a celebração das datas comemorativas
relacionadas à trajetória do samba e de outras manifestações culturais de matriz
africana, diante do princípio do Estado laico
E. O poder público, com o objetivo de dar efetividade ao Estatuto da Igualdade Racial,
poderá promover ações afirmativas com base na meritocracia decorrente dos melhores
resultados nos testes escolares.

6. (FCC - 2019) No cotidiano profissional, o Assistente Social enfrentará o racismo e


suas diversas expressões na vida social. O Estatuto da Igualdade Racial prevê a
adoção e implementação de ações afirmativas. O desenvolvimento dessas ações
destina-se a
A. reparar danos e dívidas historicamente produzidas e herdadas de uma estrutura
socioeconômica que produz determinações contraditórias.
B. reforçar o que estabelece a Constituição Federal de 1988, em que a igualdade é um
direito formal abstrato existente na realidade, independentemente das mediações
existentes na realidade concreta dos indivíduos sociais.

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C. fornecer os elementos concretos que possam superar o racismo e a discriminação


racial, eliminando-os da sociedade brasileira.
D. oferecer, aos grupos historicamente discriminados, um tratamento igualitário (negros
e não negros) para compensar/reparar as desvantagens perante as práticas de racismo
e de outras formas de discriminação.
E. eliminar as desigualdades étnico-raciais resultantes na sociabilidade burguesa.

7. (VUNESP - 2018) Com relação ao Estatuto da Igualdade Racial, Lei n° 12.288/2010,


é correto afirmar que
A. define ações afirmativas como sendo programas e medidas especiais adotadas
exclusivamente pelo Estado para correção das desigualdades sociais e para a promoção
de igualdade de oportunidades. ==2193a4==

B. define políticas públicas como sendo ações, iniciativas e programas adotados pelo
Estado e pelo setor privado, mediante políticas de incentivo, para a correção das
desigualdades sociais e para a promoção de oportunidades.
C. instituiu o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial como forma de
organizar e articular o conjunto de políticas e serviços destinados a superar as
desigualdades étnicas prestado pelo poder público federal, vedada a participação da
iniciativa privada.
D. estabelece a obrigatoriedade de concessão de bolsas por parte dos órgãos federais
de fomento à pesquisa e à pós-graduação, para o incentivo de programas de estudos
voltados a temas pertinentes à população negra.
E. estabelece que o direito à liberdade de consciência e de crença e o livre exercício dos
cultos religiosos de matriz africana compreende acesso aos órgãos e aos meios de
comunicação para divulgação das respectivas religiões.

8. (FAURGS - 2018) Para efeito do Estatuto da Igualdade Racial, instituído pela Lei
Federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010, desigualdade racial é
A. a assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre as
mulheres negras e os demais segmentos sociais.
B. a restrição à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos
religiosos de matriz africana.
C. a distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica.
D. a situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e
oportunidades em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.
E. a restrição ao exercício de direitos no campo político em razão da cor.

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9. (FAURGS - 2018) O Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010) instituiu,


como forma de organização e articulação voltadas à implementação do conjunto
de políticas e serviços destinados a superar as desigualdades étnicas existentes no
país:
A. a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial.
B. o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial.
C. os Juizados Especiais Criminais.
D. o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
E. o Ministério dos Direitos Humanos.

10. (VUNESP - 2018) Nos termos da Lei no 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial),
considera-se discriminação racial ou étnico-racial toda
A. distinção, exclusão ou assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a
diferenciação de acesso a serviços e oportunidades distanciando as mulheres negras e
os demais segmentos sociais, visando a segregação e a diferenciação de acesso a bens e
serviços públicos e privados.
B. distinção, exclusão ou situação injustificada de diferenciação de acesso a bens, nas
esferas privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições e de direitos,
no que concerne ao acesso a serviços públicos.
C. distinção, exclusão ou assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a
distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais.
D. distinção, exclusão ou situação injustificada de diferenciação de acesso a serviços e
oportunidades, nas esferas pública, em virtude de raça, cor, descendência ou origem
nacional ou étnica, ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de
condições e de direitos, no que concerne à aquisição de bens.
E. distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento,
gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro
campo da vida pública ou privada.

11. (FCC - 2018) A participação da população negra, em condição de igualdade e de


oportunidade, na vida econômica, social, política e cultural do País será
promovida, prioritariamente, por meio de:

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I. Inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social.


II. Apoio às iniciativas que visam superar as dificuldades de aprendizado dessa
população nas escolas, em especial no processo de alfabetização.
III. Implementação de programas socioeducativos voltados primeiramente à
população que enfrenta situações de risco social.
IV. Eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem
a representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada.
Está correto o que se afirma APENAS em
A. I e IV.
B. I e III.
C. II e III.
D. I, II e IV.
E. II, III e IV.

12. (FCC - 2018) NÃO é objetivo do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial
(SINAPIR), previsto na Lei Federal n° 12.288/2010,
A. garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das
ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
B. descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais,
distrital e municipais.
C. articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica.
D. acompanhar e avaliar as etapas de implantação e desenvolvimento de políticas ou
programas de ações afirmativas nos diferentes setores de ação do Estado brasileiro.
E. formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover
a integração social da população negra.

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GABARITO

1. ERRADO
2. CERTO
3. CERTO
4. E
5. A
6. A
7. E
8. D
9. B
10. E
11. A
12. D

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QUESTÕES COMENTADAS - QUESTÕES ÉTNICO-


RACIAIS: AFRODESCENDENTES E ESTATUTO DA
IGUALDADE RACIAL

1. (CESPE/CEBRASPE - 2018) Com base na Lei n.º 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade


Racial), julgue o próximo item.
Embora a liberdade religiosa garantida pelo Estatuto da Igualdade Racial alcance as
tradições culturais das religiões de matriz africana, tal direito não se estende a pessoas
que cumprem pena privativa de liberdade, uma vez que, nessa situação, há restrição de
direitos, sem se caracterizar prática discriminatória.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
A questão está errada, pois o direito à liberdade religiosa também se estende às pessoas
que cumprem pena privativa de liberdade. O art. 25 do Estatuto da Igualdade Racial
assegura a assistência religiosa aos praticantes de religiões de matrizes africanas
internados em hospitais ou em outras instituições de internação coletiva, inclusive
àqueles submetidos a pena privativa de liberdade.
Gabarito: Errado.

2. (CESPE/CEBRASPE - 2018) Com base na Lei n.º 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade


Racial), julgue o próximo item.
O Estatuto da Igualdade Racial compreende um conjunto de direitos da população negra
e propõe mecanismos de construção de políticas para a promoção da igualdade racial,
entre eles a obrigatoriedade de se instituírem ouvidorias permanentes para aprimorar
o desenvolvimento dos direitos e das políticas elencados no texto legal.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:

O art. 51 do Estatuto prevê a instituição de ouvidorias permanentes que terão por


finalidade receber e encaminhar denúncias de preconceito e discriminação com base
em etnia ou cor e acompanhar a implementação de medidas para a promoção da
igualdade.

Gabarito: Certo.

3. (CESPE/CEBRASPE) Com relação às políticas e aos programas sociais dirigidos a


populações específicas, julgue os itens seguintes.

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O Estatuto da Igualdade Racial, instituído em 2010, considera população negra o


conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou
raça usado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
De acordo com o artigo 1º, parágrafo único, inciso IV, da Lei 12.288/2010:
• população negra: o conjunto de pessoa que se autodeclaram pretas e pardas,
conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga;
Gabarito: Certo

4. (CESPE/CESBRASPE - 2019) Tendo como referência o Estatuto da Igualdade Racial


— Lei n.º 12.288/2010 —, assinale a opção correta.
A. Parte das disposições da referida lei carece de aplicabilidade por contrariar o princípio
constitucional da igualdade e da proibição de discriminação.
B. Questões relativas a gênero não estão previstas na referida legislação, uma vez que
seu objeto é a vulnerabilidade dos sujeitos em decorrência da raça.
C. Aos remanescentes de quilombos que estejam ocupando suas terras será assegurado
o direito a permanecer no território, a partir de concessão de direito real de uso.
D. Aquele que, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de
trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego
cujas atividades não justifiquem essas exigências estará sujeito à pena de detenção.
E. O Poder Público deve coibir a propagação de ódio às religiões de matrizes africanas e
a discriminação de seus seguidores por meios de comunicação social.
Comentário:
Vamos analisar as alternativas:
A. Errado. Pois a Lei nº 12.288/10 não contraria a CF/88, considerando que um dos
objetivos dispostos na Constituição é promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
B. Errado. Um dos conceitos dispostos no art. 1º do Estatuto é sobre desigualdade de
gênero e raça.
C. Errado. Conforme art. 31: Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que
estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o
Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
D. Errado. Nesses casos, ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à
comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade racial.

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E. Correto. Está entre um dos objetivos para o combate à intolerância com as religiões
de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, disposto no art. 26 do
Estatuto.
Gabarito: letra E.

5. (CESPE/CEBRASPE - 2019) O exercício da cidadania como ferramenta para a


convivência social tem sido um desafio ético-racial. Nesse sentido e à luz dos
valores éticos da igualdade, da solidariedade e da dignidade humana, assinale a
opção correta.
A. A população negra tem direito a participar de atividades educacionais, culturais,
esportivas e de lazer adequadas a seus interesses e a suas condições, de modo a
contribuir para o patrimônio cultural de sua comunidade e da sociedade brasileira.
B. O livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana será assegurado, desde que
conforme a conveniência dos proprietários circunvizinhos.
C. O ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas é de caráter obrigatório, por
se tratar de ferramenta de cidadania inclusiva.
D. O poder público não poderá incentivar a celebração das datas comemorativas
relacionadas à trajetória do samba e de outras manifestações culturais de matriz
africana, diante do princípio do Estado laico
E. O poder público, com o objetivo de dar efetividade ao Estatuto da Igualdade Racial,
poderá promover ações afirmativas com base na meritocracia decorrente dos melhores
resultados nos testes escolares.
Comentário:
De acordo com o artigo 9º da Lei n. 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial), a
população negra tem direito a participar de atividades educacionais, culturais,
esportivas e de lazer adequadas a seus interesses e a suas condições, de modo a
contribuir para o patrimônio cultural da sua comunidade e da sociedade brasileira.
Gabarito: letra A.

6. (FCC - 2019) No cotidiano profissional, o Assistente Social enfrentará o racismo e


suas diversas expressões na vida social. O Estatuto da Igualdade Racial prevê a
adoção e implementação de ações afirmativas. O desenvolvimento dessas ações
destina-se a
A. reparar danos e dívidas historicamente produzidas e herdadas de uma estrutura
socioeconômica que produz determinações contraditórias.
B. reforçar o que estabelece a Constituição Federal de 1988, em que a igualdade é um
direito formal abstrato existente na realidade, independentemente das mediações
existentes na realidade concreta dos indivíduos sociais.

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C. fornecer os elementos concretos que possam superar o racismo e a discriminação


racial, eliminando-os da sociedade brasileira.
D. oferecer, aos grupos historicamente discriminados, um tratamento igualitário (negros
e não negros) para compensar/reparar as desvantagens perante as práticas de racismo
e de outras formas de discriminação.
E. eliminar as desigualdades étnico-raciais resultantes na sociabilidade burguesa.
Comentário:
Conforme o Estatuto da Igualdade Racial, os programas de ação afirmativa constituir-
se-ão em políticas públicas destinadas a reparar as distorções e desigualdades sociais e
demais práticas discriminatórias adotadas, nas esferas pública e privada, durante o
processo de formação social do País.
Gabarito: letra A
==2193a4==

7. (VUNESP - 2018) Com relação ao Estatuto da Igualdade Racial, Lei n° 12.288/2010,


é correto afirmar que
A. define ações afirmativas como sendo programas e medidas especiais adotadas
exclusivamente pelo Estado para correção das desigualdades sociais e para a promoção
de igualdade de oportunidades.
B. define políticas públicas como sendo ações, iniciativas e programas adotados pelo
Estado e pelo setor privado, mediante políticas de incentivo, para a correção das
desigualdades sociais e para a promoção de oportunidades.
C. instituiu o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial como forma de
organizar e articular o conjunto de políticas e serviços destinados a superar as
desigualdades étnicas prestado pelo poder público federal, vedada a participação da
iniciativa privada.
D. estabelece a obrigatoriedade de concessão de bolsas por parte dos órgãos federais
de fomento à pesquisa e à pós-graduação, para o incentivo de programas de estudos
voltados a temas pertinentes à população negra.
E. estabelece que o direito à liberdade de consciência e de crença e o livre exercício dos
cultos religiosos de matriz africana compreende acesso aos órgãos e aos meios de
comunicação para divulgação das respectivas religiões.
Comentário:
Vamos analisar as alternativas:
A. Errado. As ações afirmativas não são exclusivas do Estado, podem ser adotadas
também pela iniciativa privada.
B. Errado. O conceito de política pública envolve tão somente ações, iniciativas e
programas do Poder Público, não abrangendo a iniciativa privada.
C. Errado. Não é vedada a participação da iniciativa privada. Pelo contrário, o poder
público federal incentivará a sociedade e a iniciativa privada a participar do Sinapir.

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D. Errado. Não há tal obrigatoriedade, mas a possibilidade conforme estabelece o art.


12 do Estatuto da Igualdade Racial.
E. Correto. De acordo com o art. 24, VI, do Estatuto.
Gabarito: letra E.

8. (FAURGS - 2018) Para efeito do Estatuto da Igualdade Racial, instituído pela Lei
Federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010, desigualdade racial é
A. a assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre as
mulheres negras e os demais segmentos sociais.
B. a restrição à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos
religiosos de matriz africana.
C. a distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica.
D. a situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e
oportunidades em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.
E. a restrição ao exercício de direitos no campo político em razão da cor.
Comentário:
A questão pede o conceito de desigualdade racial, que, conforme disposto no Estatuto,
significa toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens,
serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica. A alternativa D é o gabarito.
A alternativa A traz o conceito de Desigualdade de gênero e raça. A letra B, C e E referem-
se à discriminação racial ou étnico-racial.
Palavras chaves que podem te ajudar a memorizar:
Discriminação Racial ou Étnico-Racial --> Preferência, Exclusão, Restrição e Distinção
(PERDI).
Desigualdade Racial --> Situação injustificada.
Desigualdade de Gênero e Raça --> Assimetria.
Gabarito: letra D.

9. (FAURGS - 2018) O Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010) instituiu,


como forma de organização e articulação voltadas à implementação do conjunto
de políticas e serviços destinados a superar as desigualdades étnicas existentes no
país:
A. a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial.
B. o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial.

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C. os Juizados Especiais Criminais.


D. o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
E. o Ministério dos Direitos Humanos.
Comentário:
O Estatuto da Igualdade Racial instituiu o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade
Racial, como forma de organização e articulação voltadas à implementação do conjunto
de políticas e serviços destinados a superar as desigualdades étnicas existentes no país.
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão participar do Sinapir mediante
adesão e, o poder público federal incentivará a sociedade e a iniciativa privada a
participar do Sinapir.
Gabarito: letra B.

10. (VUNESP - 2018) Nos termos da Lei no 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial),
considera-se discriminação racial ou étnico-racial toda
A. distinção, exclusão ou assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a
diferenciação de acesso a serviços e oportunidades distanciando as mulheres negras e
os demais segmentos sociais, visando a segregação e a diferenciação de acesso a bens e
serviços públicos e privados.
B. distinção, exclusão ou situação injustificada de diferenciação de acesso a bens, nas
esferas privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições e de direitos,
no que concerne ao acesso a serviços públicos.
C. distinção, exclusão ou assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a
distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais.
D. distinção, exclusão ou situação injustificada de diferenciação de acesso a serviços e
oportunidades, nas esferas pública, em virtude de raça, cor, descendência ou origem
nacional ou étnica, ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de
condições e de direitos, no que concerne à aquisição de bens.
E. distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento,
gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro
campo da vida pública ou privada.
Comentário:
A Banca Examinadora misturou os conceitos para tentar confundir o candidato. A
alternativa que traz a literalidade da lei n. 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial) é
a letra E.
Lembre-se do macete:
Discriminação Racial ou Étnico-Racial --> Preferência, Exclusão, Restrição e Distinção
(PERDI).

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Gabarito: Letra E.

11. (FCC - 2018) A participação da população negra, em condição de igualdade e de


oportunidade, na vida econômica, social, política e cultural do País será
promovida, prioritariamente, por meio de:
I. Inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social.
II. Apoio às iniciativas que visam superar as dificuldades de aprendizado dessa
população nas escolas, em especial no processo de alfabetização.
III. Implementação de programas socioeducativos voltados primeiramente à
população que enfrenta situações de risco social.
IV. Eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem
a representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada.
Está correto o que se afirma APENAS em
A. I e IV.
B. I e III.
C. II e III.
D. I, II e IV.
E. II, III e IV.
Comentário:
O art. 4º do Estatuto da Igualdade Social dispõe que a participação da população negra,
em condição de igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e cultural
do País será promovida, prioritariamente, por meio de:

I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social;

II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa;

III - modificação das estruturas institucionais do Estado para o adequado enfrentamento


e a superação das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da discriminação
étnica;

IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação étnica


e às desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais, institucionais e
estruturais;

V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem


a representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada;

VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil


direcionadas à promoção da igualdade de oportunidades e ao combate às desigualdades

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étnicas, inclusive mediante a implementação de incentivos e critérios de


condicionamento e prioridade no acesso aos recursos públicos;

VII - implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento das


desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança,
trabalho, moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à
terra, à Justiça, e outros.

Gabarito: letra A.

12. (FCC - 2018) NÃO é objetivo do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial
(SINAPIR), previsto na Lei Federal n° 12.288/2010,
A. garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das
ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
B. descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais,
distrital e municipais.
C. articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica.
D. acompanhar e avaliar as etapas de implantação e desenvolvimento de políticas ou
programas de ações afirmativas nos diferentes setores de ação do Estado brasileiro.
E. formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover
a integração social da população negra.
Comentário:
A questão quer a alternativa INCORRETA. De acordo com o art. 48 do Estatuto, são
objetivos do Sinapir:
I - promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades sociais resultantes do
racismo, inclusive mediante adoção de ações afirmativas;
II - formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover
a integração social da população negra;
III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais,
distrital e municipais;
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica;
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das
ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
A alternativa D não está entre os objetivos do Sinapir.
Gabarito: letra D.

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POLÍTICA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL DOS POVOS E COMUNIDADES
TRADICIONAIS - PNPCT
Aspectos conceituais

A Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades


Tradicionais - PNPCT - foi instituída pelo Decreto nº6.040, de 07 de fevereiro de 2007.

Vamos então compreender alguns conceitos fundamentais referente a essa


política, trazidos pelo Decreto. Vejamos:

Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se


reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que
ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução
cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e
práticas gerados e transmitidos pela tradição.

Territórios Tradicionais: os espaços necessários a reprodução cultural, social e


econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma
permanente ou temporária, observado, no que diz respeito aos povos indígenas e
quilombolas, respectivamente, o que dispõem os arts. 231 da Constituição e 68 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias e demais regulamentações.

Desenvolvimento Sustentável: o uso equilibrado dos recursos naturais, voltado para a


melhoria da qualidade de vida da presente geração, garantindo as mesmas
possibilidades para as gerações futuras.

Princípios da PNPCT

De acordo com art. 1º do Decreto nº 6.040/07, as ações e atividades voltadas


para o alcance dos objetivos da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais deverão ocorrer de forma intersetorial, integrada,
coordenada, sistemática e observar os seguintes princípios:

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I - o reconhecimento, a valorização e o respeito à diversidade


socioambiental e cultural dos povos e comunidades tradicionais, levando-se em conta,
dentre outros aspectos, os recortes etnia, raça, gênero, idade, religiosidade,
ancestralidade, orientação sexual e atividades laborais, entre outros, bem como a
relação desses em cada comunidade ou povo, de modo a não desrespeitar, subsumir ou
negligenciar as diferenças dos mesmos grupos, comunidades ou povos ou, ainda,
instaurar ou reforçar qualquer relação de desigualdade;

II - a visibilidade dos povos e comunidades tradicionais deve se expressar


por meio do pleno e efetivo exercício da cidadania;

III - a segurança alimentar e nutricional como direito dos povos e


comunidades tradicionais ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em
quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais,
tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a
diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente
sustentáveis;

IV - o acesso em linguagem acessível à informação e ao conhecimento


dos documentos produzidos e utilizados no âmbito da Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais;

V - o desenvolvimento sustentável como promoção da melhoria da


qualidade de vida dos povos e comunidades tradicionais nas gerações atuais,
garantindo as mesmas possibilidades para as gerações futuras e respeitando os seus
modos de vida e as suas tradições;

VI - a pluralidade socioambiental, econômica e cultural das comunidades


e dos povos tradicionais que interagem nos diferentes biomas e ecossistemas, sejam em
áreas rurais ou urbanas;

VII - a promoção da descentralização e transversalidade das ações e da


ampla participação da sociedade civil na elaboração, monitoramento e execução desta
Política a ser implementada pelas instâncias governamentais;

VIII - o reconhecimento e a consolidação dos direitos dos povos e


comunidades tradicionais;

IX - a articulação com as demais políticas públicas relacionadas aos


direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais nas diferentes esferas de governo;

X - a promoção dos meios necessários para a efetiva participação dos


Povos e Comunidades Tradicionais nas instâncias de controle social e nos processos
decisórios relacionados aos seus direitos e interesses;

XI - a articulação e integração com o Sistema Nacional de Segurança


Alimentar e Nutricional;

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XII - a contribuição para a formação de uma sensibilização coletiva por


parte dos órgãos públicos sobre a importância dos direitos humanos, econômicos,
sociais, culturais, ambientais e do controle social para a garantia dos direitos dos povos
e comunidades tradicionais;

XIII - a erradicação de todas as formas de discriminação, incluindo o


combate à intolerância religiosa; e

XIV - a preservação dos direitos culturais, o exercício de práticas


comunitárias, a memória cultural e a identidade racial e étnica.

Objetivos gerais e específicos

A PNPCT tem como principal objetivo promover o desenvolvimento sustentável dos


Povos e Comunidades Tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e
garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com
respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas
instituições.

Agora vejamos quais são os objetivos específicos da PNPCT:

I - garantir aos povos e comunidades tradicionais seus territórios, e o acesso aos recursos
naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e econômica;

II - solucionar e/ou minimizar os conflitos gerados pela implantação de Unidades de


Conservação de Proteção Integral em territórios tradicionais e estimular a criação de
Unidades de Conservação de Uso Sustentável;

III - implantar infra-estrutura adequada às realidades sócio-culturais e demandas dos


povos e comunidades tradicionais;

IV - garantir os direitos dos povos e das comunidades tradicionais afetados direta ou


indiretamente por projetos, obras e empreendimentos;

V - garantir e valorizar as formas tradicionais de educação e fortalecer processos


dialógicos como contribuição ao desenvolvimento próprio de cada povo e comunidade,
garantindo a participação e controle social tanto nos processos de formação educativos
formais quanto nos não-formais;

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VI - reconhecer, com celeridade, a auto-identificação dos povos e comunidades


tradicionais, de modo que possam ter acesso pleno aos seus direitos civis individuais e
coletivos;

VII - garantir aos povos e comunidades tradicionais o acesso aos serviços de saúde de
qualidade e adequados às suas características sócio-culturais, suas necessidades e
demandas, com ênfase nas concepções e práticas da medicina tradicional;

VIII - garantir no sistema público previdenciário a adequação às especificidades dos


povos e comunidades tradicionais, no que diz respeito às suas atividades ocupacionais
e religiosas e às doenças decorrentes destas atividades;

IX - criar e implementar, urgentemente, uma política pública de saúde voltada aos


povos e comunidades tradicionais;
==2193a4==

X - garantir o acesso às políticas públicas sociais e a participação de representantes dos


povos e comunidades tradicionais nas instâncias de controle social;

XI - garantir nos programas e ações de inclusão social recortes diferenciados voltados


especificamente para os povos e comunidades tradicionais;

XII - implementar e fortalecer programas e ações voltados às relações de gênero nos


povos e comunidades tradicionais, assegurando a visão e a participação feminina nas
ações governamentais, valorizando a importância histórica das mulheres e sua liderança
ética e social;

XIII - garantir aos povos e comunidades tradicionais o acesso e a gestão facilitados aos
recursos financeiros provenientes dos diferentes órgãos de governo;

XIV - assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e coletivos concernentes aos
povos e comunidades tradicionais, sobretudo nas situações de conflito ou ameaça à sua
integridade;

XV - reconhecer, proteger e promover os direitos dos povos e comunidades tradicionais


sobre os seus conhecimentos, práticas e usos tradicionais;

XVI - apoiar e garantir o processo de formalização institucional, quando necessário,


considerando as formas tradicionais de organização e representação locais; e

XVII - apoiar e garantir a inclusão produtiva com a promoção de tecnologias


sustentáveis, respeitando o sistema de organização social dos povos e comunidades
tradicionais, valorizando os recursos naturais locais e práticas, saberes e tecnologias
tradicionais.

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E quais são os instrumentos de implementação dessa Política?

Bem, para que haja a implementação da PNPCT, são necessários quatro instrumentos:

• os Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades


Tradicionais;
• a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais, instituída pelo Decreto de 13 de julho de 2006;
• os fóruns regionais e locais; e
• o Plano Plurianual.

(CETRO - 2014) Com base no Decreto nº 6.040/2007, artigo 4º, são instrumentos de
implementação da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais, exceto:
A. Oficinas Regionais.
B. Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais, instituída pelo Decreto de 13 de julho de 2006.
C. Fóruns regionais e locais.
D. Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades.
E. Plano Plurianual.
Comentário:
Como estudamos a pouco, para que haja a implementação da PNPCT, são necessários
quatro instrumentos:
• os Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais;
• a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais, instituída pelo Decreto de 13 de julho de 2006;
• os fóruns regionais e locais; e
• o Plano Plurianual.
Assim, a letra A está errada, pois não são "Oficinas", mas sim "fóruns regionais e locais".
Gabarito: letra A

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(IBADE - 2019) No que se refere ao Decreto Nº 6.040 de 2007, assinale a alternativa


correta.
A. Definem-se como territórios tradicionais: os espaços necessários à reprodução
cultural, social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados
de forma apenas permanente.
B. Garantir aos povos e comunidades tradicionais seus territórios não se caracteriza
como um dos objetivos específicos da PNPCT.
C. O reconhecimento, a valorização e o respeito à diversidade socioambiental e cultural
dos povos e comunidades tradicionais não devem levar em conta os recortes etnia, raça,
gênero, idade, religiosidade, ancestralidade, orientação sexual.
D. A articulação com as demais políticas públicas relacionadas aos direitos dos Povos e
Comunidades Tradicionais nas diferentes esferas de governo não se configura como um
dos princípios da Política nacional de desenvolvimento sustentável dos povos e
comunidades tradicionais.
E. Definem-se como territórios tradicionais: os espaços necessários a reprodução
cultural, social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados
de forma permanente ou temporária, no que diz respeito aos povos indígenas e
quilombolas.
Comentário:
Vamos analisar as alternativas:
A. Errado. Os Territórios Tradicionais são espaços necessários a reprodução cultural,
social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma
permanente ou temporária.
B. Errado. Um dos objetivos específicos da PNPCT é garantir aos povos e comunidades
tradicionais seus territórios, e o acesso aos recursos naturais que tradicionalmente
utilizam para sua reprodução física, cultural e econômica.
C. Errado. Devem sim levar em conta os recortes etnia, raça, gênero, idade,
religiosidade, ancestralidade, orientação sexual.
D. Errado. Um dos princípios da PNPCT é a articulação com as demais políticas públicas
relacionadas aos direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais nas diferentes esferas
de governo.
E. Correto. Os Territórios Tradicionais são os espaços necessários a reprodução cultural,
social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma
permanente ou temporária, observado, no que diz respeito aos povos indígenas e
quilombolas, respectivamente, o que dispõem os arts. 231 da Constituição e 68 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias e demais regulamentações.
Gabarito: letra E.

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