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Ciciliati
TJ-RN (Analista Judiciário - Serviço
Social) Conhecimentos Específicos -
2023 (Pós-Edital)
Autor:
Anna Valéria Andrade, Equipe
Legislação Específica Estratégia
Concursos, Nilza Ciciliati
23 de Março de 2023
Anna Valéria Andrade, Equipe Legislação Específica Estratégia Concursos, Nilza Ciciliati
Aula 24 | Profª Nilza Ciciliati
Índice
1) Políticas e programas dirigidos à população em situação de rua
..............................................................................................................................................................................................3
Aspectos históricos
Até o século XX, não existia nenhum tipo de política pública destinada a este segmento.
Na década de 70, por iniciativa da Igreja Católica, a Pastoral do Povo da Rua começou a
implantar casas de assistência para a população de rua e realizar eventos sociais em
algumas capitais do país.
Ao final dos anos 70 e durante os anos 80, os movimentos sociais tomaram força e
começaram a articular pautas reivindicatórias coletivas, incluindo a luta da população
de rua pela garantia de acesso a uma vida digna.
A partir dos anos 90, muitos fóruns de discussões, encontros de militantes, debates, atos
políticos e atividades governamentais foram acontecendo, discutindo temas como a
violência e o preconceito que a população em situação de rua sofre diariamente, os
entraves para a melhor eficiência das políticas públicas oferecidas e a construção de
autonomia para esta população.
Os militantes do MNPR lutam pela inclusão das pessoas em situação de rua, para acabar
com a invisibilidade à qual estas pessoas são submetidas e para que a sociedade e o
Estado brasileiro reconheçam a dívida histórica que possuem com a população em
situação de rua.
Em 2009 foi instituída a Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu
Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento (Decreto nº 7.053/09),
sendo considerada um marco na luta pelos direitos da população de rua.
A primeira e única pesquisa ampla sobre a população de rua foi realizada entre 2007 e
2008 pelo Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) 1, porém, não atingiu todo e
território nacional.
Das pessoas em situação de rua identificadas, 82% eram homens e, em sua maioria,
jovens e em idade economicamente ativa. Em relação à questão racial, 67% se
autoidentificaram como pardos ou pretos e 29,5% como brancos. Ou seja, os dados
apontam que a população em situação de rua brasileira é muito pobre e composta, em
sua grande parte, por homens negros que, mesmo estando em idade economicamente
ativa, não conseguem ocupar postos formais de trabalho.
6%
Problemas com álcool ou drogas
35%
29% Desemprego
Desavenças familiares
Outros motivos
30%
(MDS, 2008)
Podemos perceber que são três os principais motivos que acabam levando as pessoas a
enfrentarem uma situação de rua: os problemas com álcool e outras drogas, o
desemprego e as desavenças familiares.
Essas duas pesquisas realizadas em 2007/2008 e 2016 foram muito importantes para
conhecer a realidade da população de rua no Brasil e auxiliar na implementação de
políticas públicas para este segmento.
homens adultos, negros, de família unipessoal, que está há mais de 1 ano na rua, não
possui contato com parente que vive fora da rua e se concentra principalmente na
Região Sudeste. Estudou até o Ensino Fundamental, possui variadas formas de conseguir
dinheiro, trabalha nas ruas do país e possui renda mensal de até R$ 89,00 (oitenta e
nove reais). Apesar da predominância de homens adultos, há também mulheres,
crianças, adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência, pessoas LGBT,
Ainda segundo dados do Cadastro Único, mais de 80% desse público recebeu
atendimento nos últimos meses nos Centros de Referência Especializados para
População em Situação de Rua (Centro POP), nas Instituições de Acolhimento
(governamentais ou realizados por Organização da Sociedade Civil), nos Centros de
Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) e nos Centros de Referência de
Assistência Social (CRAS), o que evidencia a importância da rede socioassistencial para
o atendimento desta população.
O Decreto também dispõe que o Poder Executivo Federal poderá firmar convênios com
entidades públicas e privadas, sem fins lucrativos, para o desenvolvimento e a
execução de projetos que beneficiem a população em situação de rua e estejam de
acordo com os princípios, diretrizes e objetivos que orientam a Política Nacional para a
População em Situação de Rua.
De acordo com o art. 5º, são princípios da PNPSR, além da igualdade e equidade:
V - integração dos esforços do poder público e da sociedade civil para sua execução;
VII - implantar centros de defesa dos direitos humanos para a população em situação de
rua;
I. Pobreza extrema.
II. Vínculos familiares interrompidos ou fragilizados.
III. Alternância entre existência e inexistência de moradia convencional regular.
IV. Utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de
sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento
para pernoite temporário ou como moradia provisória.
Estão corretas apenas as afirmativas
A. I e III.
B. II e III.
C. II, III e IV.
D. I, II e IV.
Comentário:
De acordo com o Decreto nº 7.053/09, considera-se população em situação de rua o
grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos
familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional
regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de
moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades
de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória.
Itens I, II e IV estão corretos.
Gabarito: letra D
(VUNESP - 2019) P.R.B., 57 anos, vive há oito anos na rua. Parte do dia segue em busca
de alimentos, seja de sobras de restaurantes, seja pedindo, ou por oferta de grupos
religiosos. Faz uso de álcool e já experimentou drogas. Refere-se a colegas, grupos que
se compõem, conversam e dormem debaixo dos viadutos, praças ou marquises de
pontos comerciais. Vivem permanentemente em condições de privação, expostos
diariamente à crescente violência urbana, que os afetam de maneira expressiva, até
pelo pouco alcance das políticas sociais. Como estratégia de enfretamento dessa
questão, o Brasil dispõe, desde 2009, de uma Política Nacional para a População em
Situação de Rua, tendo entre outros objetivos, assegurar o acesso aos serviços e
programas que integram as políticas públicas de saúde, educação, previdência,
assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda. De
acordo com o artigo 7o do Decreto no 7.053/09, que institui essa política, esse acesso
deve ser amplo, simplificado e
A. eficaz.
B. seguro.
C. genérico.
D. protagônico.
E. imediato.
Comentário:
De acordo com o DECRETO Nº 7.053 DE 23 DE DEZEMBRO DE 2009:
Art. 7º São objetivos da Política Nacional para a População em Situação de Rua: I -
assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram
as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia,
segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda.
Gabarito: letra B.
LISTA DE QUESTÕES
1. (CESPE/CEBRASPE) A respeito da política nacional para a população em situação
de rua, julgue os próximos itens.
O Poder Executivo federal pode firmar convênios com entidades privadas, ainda que
estas tenham fins lucrativos, para o desenvolvimento e a execução de projetos que
beneficiem a população em situação de rua.
( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( ) Errado
==2193a4==
GABARITO
1. ERRADO
2. ERRADO
3. ERRADO
4. CERTO
5. CERTO
6. ERRADO
7. D
8. A
9. C
QUESTÕES COMENTADAS
1. (CESPE/CEBRASPE) A respeito da política nacional para a população em situação
de rua, julgue os próximos itens.
O Poder Executivo federal pode firmar convênios com entidades privadas, ainda que
estas tenham fins lucrativos, para o desenvolvimento e a execução de projetos que
beneficiem a população em situação de rua.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
A questão está errada, pois o Poder Executivo Federal poderá firmar convênios com
entidades públicas e privadas, sem fins lucrativos, para o desenvolvimento e a execução
de projetos que beneficiem a população em situação de rua e estejam de acordo com
os princípios, diretrizes e objetivos que orientam a Política Nacional para a População
em Situação de Rua. Assim, o Poder Executivo Federal não pode firmar convênios com
entidades privadas que tenham fins lucrativos.
Gabarito: Errado.
Situação de Rua.
Gabarito: Errado.
Entendendo os conceitos
Antes de discorrermos sobre os direitos dos grupos identificados por identidade sexual
e de gênero, é importante que entendamos os conceitos relacionados, para melhor
compreensão do assunto.
1
Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/opiniao/e-preciso-ter-cuidado-com-o-pensamento-
binario/
2
CFESS. Série assistente social no combate ao preconceito: Transfobia. Conselho Federal de Serviço Social
(CFESS), 2016.
Criminalização da Homofobia
A homofobia pode ser definida como “uma aversão irreprimível, repugnância, medo,
ódio, preconceito que algumas pessoas nutrem contra os homossexuais, lésbicas,
bissexuais e transexuais".
No Brasil não existe uma lei específica que trata sobre a criminalização da homofobia.
Em 2019, STF decidiu que declarações homofóbicas podem ser enquadradas no crime
de racismo; a pena é de 1 a 3 anos, podendo chegar a 5 em casos mais graves.
• Q = Queer: são aquelas que transitam entre as noções de gênero, como é o caso
das drag-queens. A teoria queer defende que a orientação sexual e identidade
de gênero não são resultado da funcionalidade biológica, mas de uma
construção social.
Direitos LGBTQIA+
Princípios de Yogyakarta
Nesse sentido, os Programas Nacionais de Direitos Humanos (de 1996, 2002 e 2010)
foram um marco por produzir pela primeira vez um documento oficial do governo
federal que citava especificamente homossexuais na categoria de grupos em situação
mais vulnerável no país.
Assim, duas pessoas adultas e capazes podem se casar ou celebrar união estável,
independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Quanto à reprodução assistida, no Brasil não existem leis que tratam do assunto, o
direito a reprodução assistida e todo seu procedimento é regulado por meio de
resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Conselho Nacional de Justiça
(CNJ).
O CNJ autoriza o registro de nascimento dos filhos concebidos por reprodução assistida.
Para realizar o registro, os pais devem procurar o Cartório de Registro Civil e comprovar
o uso da técnica “procriativa” realizada (o tipo de procedimento realizado pela clínica
médica especializada) além de que é necessário que os dois genitores tenham
Além do provimento do CNJ acima, o direito ao registro é garantido pelo art. 227 da
Constituição Federal que, em seu parágrafo 6º, define “os filhos havidos ou não da
relação do casamento, ou por adoção terão os mesmos direitos”. E também artigo 1.597
do Código Civil, afirma proteger filhos nascidos por fecundação artificial, inclusive de
embriões excedentários.
Direitos previdenciários
A Lei prevê que a família da pessoa trans ou travesti pode requerer, a qualquer tempo,
a inclusão de seu nome social nas lápides, na certidão de óbito e nos registros dos
sistemas de informação dos locais responsáveis pelo sepultamento, cremação e
tanatopraxia.
4
Disponível em: ConJur - STF define tese autorizando pessoa trans a mudar nome sem cirurgia
Vejamos quais são os objetivos específicos da Política Nacional de Saúde Integral LGBT:
I - instituir mecanismos de gestão para atingir maior equidade no SUS, com especial
atenção às demandas e necessidades em saúde da população LGBT, incluídas as
especificidades de raça, cor, etnia, territorial e outras congêneres;
III - qualificar a rede de serviços do SUS para a atenção e o cuidado integral à saúde
da população LGBT;
5
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à
Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de
Apoio à Gestão Participativa. Brasília/DF, 2013.
VIII - reduzir danos à saúde da população LGBT no que diz respeito ao uso excessivo
de medicamentos, drogas e fármacos, especialmente para travestis e transexuais;
XIII - prevenir novos casos de câncer de próstata entre gays, homens bissexuais,
travestis e transexuais e ampliar acesso ao tratamento;
XXI - incluir ações educativas nas rotinas dos serviços de saúde voltadas à promoção
da autoestima entre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e à eliminação
Em 2011 foi lançado, então, o Plano Operativo da Política Nacional de Saúde Integral
LGBT, objetivando apresentar estratégias para os entes federados consolidarem o SUS
Em 2017, foi lançado o II Plano Operativo (2017- 2019) da Política Nacional de Saúde
Integral LGBT, sendo estruturado pelos seguintes eixos:
Observe que, no II Plano Operativo foi incluído mais um eixo: Mobilização, articulação,
participação e controle social, que não existia no Plano anterior.
Gabarito: letra C.
6
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à
Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de
Apoio à Gestão Participativa. Brasília/DF, 2013.
7
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2803_19_11_2013.html
Em 2018, foi publicada a Resolução CFESS nº 845/2018, que dispõe sobre a atuação
profissional do(a) assistente social em relação ao processo transexualizador.
Art. 4º A atuação da(o) assistente social deve se pautar pela integralidade da atenção
à saúde e considerar as diversas necessidades das(os) usuárias(os) e o atendimento a
seus direitos tendo em vista que esse acompanhamento não deve ser focalizado nos
procedimentos hormonais ou cirúrgicos.
Art. 5º Quando pertinente, cabe à(ao) assistente social emitir opinião técnica a respeito
de procedimentos relacionados às transformações corporais.
Art. 7º É dever da(o) assistente social defender a utilização do nome social das(os)
usuárias(os), na perspectiva do aprofundamento dos direitos humanos.
Art. 8º Cabe à(ao) assistente social atender e acompanhar crianças e adolescentes que
manifestem expressões de identidades de gênero trans, considerando as inúmeras
dificuldades que enfrentam no contexto familiar, escolar e demais relações sociais nesta
fase peculiar de desenvolvimento na perspectiva do Código de Ética Profissional da(o)
Assistente Social.
(FGV - 2021) Carina atende Julia, que buscou o Serviço Social porque iniciou o seu
processo transexualizador e está sendo alvo de preconceito e assédio por parte de sua
família. A equipe decide que irá acompanhar Julia durante todo o processo, mas Carina
se recusa, uma vez que possui posição contrária ao processo. Sua decisão:
A. constitui infração disciplinar grave, pois contraria o Código de Ética do Assistente
Social em seus princípios e valores fundamentais;
B. está correta, posto que as cirurgias de transgenitalização e demais maneiras de
modificação corporal ainda não foram regulamentadas pelo conjunto CFESS/CRESS;
C. baseia-se nas Normas e Diretrizes do Ministério da Saúde para o processo
transexualizador, que propugna a autonomia e a responsabilidade de cada sujeito que
busca a mudança de sexo;
Segundo dados do IBGE (2010), no Brasil, os povos indígenas compõem 305 etnias,
falam 274 línguas (17,5% da população indígena não fala a língua portuguesa) e
totalizam aproximadamente 817.963 mil indivíduos. Os Povos Indígenas estão
presentes nas cinco regiões do Brasil, sendo que a região Norte é aquela que concentra
o maior número de indivíduos, 305.873 mil, sendo aproximadamente 37,4% do total.
1
Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos
Indígenas. - 2ª edição - Brasília: Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde,
2002.
(muitas vezes da própria língua, cujo uso chegava a ser punido com a morte) também
tiveram um papel importante na diminuição da população indígena. Até hoje há
situações regionais de conflito, em que se expõe toda a trama de interesses econômicos
e sociais que configuram as relações entre os povos indígenas e demais segmentos da
sociedade nacional, especialmente no que se refere à posse da terra, exploração de
recursos naturais e implantação de grandes projetos de desenvolvimento.
No início do século XX, a expansão das fronteiras econômicas para o Centro-Oeste e a
construção de linhas telegráficas e ferrovias provocaram numerosos massacres de
índios e elevados índices de mortalidade por doenças transmissíveis que levaram, em
1910, à criação do Serviço de Proteção ao Índio e Trabalhadores Nacionais (SPI) e
destinava-se à proteger os índios e, ao mesmo tempo, assegurar a implementação de
uma estratégia de ocupação territorial do país.
De acordo com a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (2010), na
década de 50 foi criado o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (SUSA), no Ministério
da Saúde, com o objetivo de levar ações básicas de saúde às populações indígena e rural
em áreas de difícil acesso. Essas ações eram essencialmente voltadas para a vacinação,
atendimento odontológico, controle de tuberculose e outras doenças transmissíveis.
Em 1967, com a extinção do SPI, foi criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), por
meio da Lei nº 5.371, de 5 de dezembro de 1967, vinculada ao Ministério da Justiça e
Segurança Pública, é a coordenadora e principal executora da política indigenista do
Governo Federal. Sua missão institucional é proteger e promover os direitos dos povos
indígenas no Brasil. Cabe à Funai promover estudos de identificação e delimitação,
demarcação, regularização fundiária e registro das terras tradicionalmente ocupadas
pelos povos indígenas, além de monitorar e fiscalizar as Terras Indígenas. A Funai
também coordena e implementa as políticas de proteção aos povos isolados e recém-
contatados.
De acordo com a Lei 5. 371/67, a FUNAI tem por finalidade:
• estabelecer as diretrizes e garantir o cumprimento da política indigenista,
baseada nos seguintes princípios:
✓ respeito à pessoa do índio e as instituições e comunidades tribais;
tradicional.
Vejamos os artigos relacionados aos povos indígenas, dispostos na Constituição Federal:
Podemos perceber que a Constituição garante a posse permanente das terras ocupadas
pelos indígenas e a protege quanto a qualquer tipo de exploração, domínio e ocupação
de suas riquezas. Os recursos hídricos e as riquezas minerais só podem ser explorados
com autorização do Congresso Nacional, devendo ser ouvidas as comunidades afetadas
por essa exploração.
Com relação às condições de trabalho, o Estatuto do Índio garante que não haverá
discriminação entre trabalhadores indígenas e os demais trabalhadores, aplicando-lhes
todos os direitos e garantias das leis trabalhistas e de previdência social, inclusive
permitindo a adaptação de condições de trabalho aos usos e costumes da comunidade
a que pertencer o índio.
Em relação às terras indígenas, a lei prevê que não poderão ser objeto de
arrendamento ou de qualquer ato ou negócio jurídico que restrinja o pleno exercício
da posse direta pela comunidade indígena ou pelos silvícolas.
As terras ocupadas pelos índios serão bens inalienáveis da União e cabe aos índios ou
silvícolas a posse permanente das terras que habitam e o direito ao usufruto exclusivo
das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes.
A União também poderá estabelecer áreas de reservas, que podem ser nas seguintes
modalidades:
Com relação à documentação civil, o registro civil e a certidão de nascimento civil não
anulam nenhum direito garantido pela Constituição aos povos indígenas. A FUNAI auxilia
na promoção do registro civil dos povos indígenas, fornecendo o Registro
Administrativo de Nascimento de Indígena - RANI.
O RANI pode servir como documento para solicitar o registro civil. Mas atenção:
O RANI é um documento administrativo e não substitui a certidão de nascimento!
E se a criança indígena não nasceu em hospital e não tem a Declaração de Nascido Vivo
(DNV) nem o RANI, com faz para registrar o nascimento em Cartório?
Nesta situação, os pais devem comparecer em cartório com documentos de
identificação, acompanhados por duas testemunhas maiores de 18 anos que confirmem
a gravidez e o parto. Se os pais forem menores de 18 anos, devem estar acompanhados
dos avós maternos e paternos da criança.
Os indígenas têm o direito de escolherem seus próprios nomes, de acordo com a sua
cultura e suas tradições. Assim, os nomes tradicionais indígenas devem ser considerados
no ato do registro civil de nascimento e os registradores não podem negar-lhes esse
direito.
Por isso, a Resolução nº 03/2012 do CNJ/CNPM assegura que "deve ser lançado, a
pedido do apresentante, o nome indígena do registrando, de sua livre escolha, não
sendo caso de aplicação do art. 55 da Lei nº 6.015/73" que proíbe registro de nomes
que possam expor a pessoa ao ridículo. Inclusive, a etnia do registrando pode ser
lançada como sobrenome, a pedido do interessado.
Em relação às normas penais e aos crimes contra os índios, o Estatuto do Índio pontua
que:
• No caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser atenuada
e na sua aplicação o Juiz atenderá também ao grau de integração do silvícola.
O Estatuto do índio assegura que a educação do índio será orientada para a integração
na comunhão nacional mediante processo de gradativa compreensão dos probl emas
gerais e valores da sociedade nacional, bem como do aproveitamento das suas aptidões
individuais. A alfabetização deve se dar na língua de origem e em português e o
processo educacional será prestado, quanto possível, sem afastá-los do convívio familiar
ou tribal.
Neste mesmo sentido, a LDB (Lei nº 9.394/96) afiança que "o ensino fundamental
regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem". Também
assegura que:
No âmbito das políticas de ações afirmativas 2, em 2012 foi criada uma lei que obriga as
instituições de ensino superior federais a reservarem vagas para índios que estudaram
na rede pública, a chamada Lei de Cotas (Lei 12.711/12). De acordo com a Lei, o número
de vagas reservadas para indígenas, pretos e pardos deve ser proporcional a quantidade
de pessoas pretas, pardas e indígenas que residem no Estado onde está situada a
instituição de ensino. Sendo assim, um estado com maior índice de povos indígenas terá
mais vagas destinadas a esse grupo específico.
Para o alcance desse propósito são estabelecidas as seguintes diretrizes, que devem
orientar a definição de instrumentos de planejamento, implementação, avaliação e
controle das ações de atenção à saúde dos povos indígenas:
As Casas de Saúde do Índio (Casais) são locais de recepção e apoio ao índio, que vem
referenciado da aldeia/Pólo-Base. Localizadas em municípios de referência tem como
função facilitarem o acesso da população indígena ao atendimento secundário e/ou
terciário, servindo de apoio entre a aldeia e a rede de serviços do SUS, através de:
9. (FCC - 2018) O Estatuto do Índio, disposto pela Lei n° 6.001/1973, prevê que os
índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional
ficam sujeitos ao regime tutelar. O índio, no entanto, poderá requerer ao Juiz
competente a sua liberação do mencionado regime, investindo-se na plenitude da
capacidade civil, desde que preenchidos os seguintes requisitos legais:
A. idade mínima de 18 anos; não ter nascido em reserva indígena; razoável compreensão
dos usos e costumes da comunhão nacional; possuir filho que tenha nascido na
comunhão nacional.
B. idade mínima de 18 anos; conhecimento da língua portuguesa; razoável compreensão
dos usos e costumes da comunhão nacional; estar no exercício de atividade útil.
C. idade mínima de 18 anos; conhecimento da língua portuguesa; habilitação para o
exercício da atividade útil, na comunhão nacional; possuir filho que tenha nascido na
comunhão nacional.
D. idade mínima de 21 anos; conhecimento da língua portuguesa; estar no exercício de
atividade útil; possuir filho que tenha nascido na comunhão nacional.
E. idade mínima de 21 anos; conhecimento da língua portuguesa; habilitação para o
exercício da atividade útil, na comunhão nacional; razoável compreensão dos usos e
costumes da comunhão nacional.
10. (FCC - 2016) Ao tratar dos direitos da criança indígena à documentação civil, é
correto afirmar:
A. A certidão de nascimento não anula nenhum direito garantido pela Constituição
Federal aos povos indígenas e é expedida para obter a documentação básica como a
carteira de identidade (RG) e cadastro de pessoa física (CPF) e não é substituída pelo
documento administrativo fornecido pela FUNAI, que é o RANI.
B. Por se tratar de povos tradicionais, há um tratamento diferenciado e especial, sendo
a certidão de nascimento expedida pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
12. (IBFC - 2017) No tocante à questão indígena brasileira o envolvimento das ciências
sociais em dar aporte a garantia dos direitos instituídos pelo Estatuto do Índio
(1976) e ratificados pela constituição de 1988 são fundamentais. A respeito do
processo de demarcação dos territórios indígenas assinale a alternativa correta:
A. Os geógrafos são os responsáveis pela elaboração de relatórios e estudos sobre as
questões territoriais indígenas
B. As pesquisas desenvolvidas sobre esta temática pouco contribuem para com os
desdobramentos jurídicos da questão
C. No processo demarcatório são necessários estudos que revelem aspectos
cosmológicos do grupo, das áreas de usos rituais, cemitérios, lugares sagrados, sítios
arqueológicos, etc
D. Os estudos de caráter objetivo e quantitativos são os mais apropriados para tal
finalidade
E. Por se tratar de uma questão fundiária a delimitação dos territórios indígenas é
formalizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
GABARITO
1. CERTO
2. ERRADO
3. CERTO
4. CERTO
5. CERTO
6. C
7. C
8. E
9. E
10. A
11. C
12. C
O Estatuto do Índio, ao tipificar crimes contra os índios e contra a cultura indígena, não
define um tipo especial de homicídio contra o índio, mas prevê causa especial de
aumento da pena no caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, no
qual o ofendido seja índio não integrado ou comunidade indígena.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
O aumento de pena encontra-se prevista no artigo 59, da Lei 6001 de 1973 que assim
dispõe: " No caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que o
ofendido seja índio não integrado ou comunidade indígena, a pena será agravada de um
terço". Por tal motivo, foi considerada pela banca como assertiva correta.
Gabarito: Certo.
A questão está correta, pois, de acordo com o Estatuto do Índio: Art. 56, no caso de
condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser atenuada e na sua aplicação
o Juiz atenderá também ao grau de integração do silvícola.
Gabarito: Certo.
Comentário:
Vamos analisar as alternativas:
A. Errado. Art. 56. No caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá
ser atenuada e na sua aplicação o Juiz atenderá também ao grau de integração do
silvícola.
B. Errado. Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as
instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros,
desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena
de morte.
C. Errada. Art. 59. No caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em
que o ofendido seja índio não integrado ou comunidade indígena, a pena será agravada
de um terço.
D Errado. O índio a depender de sua integração poderá ser inimputável (isolados), semi-
imputável (em vias de integração) ou imputável (integrados), conforme art. 4º do
Estatuto do Índio.
E. Correto. Art. 56. Parágrafo único. As penas de reclusão e de detenção serão
cumpridas, se possível, em regime especial de semiliberdade, no local de funcionamento
do órgão federal de assistência aos índios mais próximos da habitação do condenado.
Gabarito: letra E.
9. (FCC - 2018) O Estatuto do Índio, disposto pela Lei n° 6.001/1973, prevê que os
índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional
ficam sujeitos ao regime tutelar. O índio, no entanto, poderá requerer ao Juiz
competente a sua liberação do mencionado regime, investindo-se na plenitude da
capacidade civil, desde que preenchidos os seguintes requisitos legais:
A. idade mínima de 18 anos; não ter nascido em reserva indígena; razoável compreensão
dos usos e costumes da comunhão nacional; possuir filho que tenha nascido na
comunhão nacional.
B. idade mínima de 18 anos; conhecimento da língua portuguesa; razoável compreensão
dos usos e costumes da comunhão nacional; estar no exercício de atividade útil.
C. idade mínima de 18 anos; conhecimento da língua portuguesa; habilitação para o
exercício da atividade útil, na comunhão nacional; possuir filho que tenha nascido na
comunhão nacional.
D. idade mínima de 21 anos; conhecimento da língua portuguesa; estar no exercício de
atividade útil; possuir filho que tenha nascido na comunhão nacional.
E. idade mínima de 21 anos; conhecimento da língua portuguesa; habilitação para o
exercício da atividade útil, na comunhão nacional; razoável compreensão dos usos e
costumes da comunhão nacional.
Comentário:
O Estatuto do índio (Lei n° 6.001/1973) dispõe em seu art. 9º que "qualquer índio poderá
requerer ao Juiz competente a sua liberação do regime tutelar previsto nesta Lei,
investindo-se na plenitude da capacidade civil, desde que preencha os requisitos
seguintes:
I - idade mínima de 21 anos;
II - conhecimento da língua portuguesa;
III - habilitação para o exercício de atividade útil, na comunhão nacional;
IV - razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional."
Gabarito: letra E
10. (FCC - 2016) Ao tratar dos direitos da criança indígena à documentação civil, é
correto afirmar:
A. A certidão de nascimento não anula nenhum direito garantido pela Constituição
Federal aos povos indígenas e é expedida para obter a documentação básica como a
carteira de identidade (RG) e cadastro de pessoa física (CPF) e não é substituída pelo
documento administrativo fornecido pela FUNAI, que é o RANI.
B. Por se tratar de povos tradicionais, há um tratamento diferenciado e especial, sendo
a certidão de nascimento expedida pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
C. Por se tratar de povos tradicionais, é feita somente com a presença de funcionários
da FUNAI em cartório de registro civil do local onde a pessoa nasceu ou reside.
D. O Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (RANI) é o documento
administrativo fornecido pela FUNAI que substitui a certidão de nascimento.
E. Os indígenas, com a certidão de nascimento, passam a ser considerados cidadãos
comuns, sendo respaldados pelas mesmas regulamentações dos não indígenas
garantindo o direito constitucional de adaptação à sociedade em geral.
Comentário:
A alternativa correta é a letra A, pois a certidão de nascimento não anula nenhum
direito garantido pela Constituição Federal aos povos indígenas e é expedida para
obter a documentação básica como RG, CPF, CTPS, entre outros documentos e não é
substituída pelo documento administrativo fornecido pela FUNAI, que é o RANI.
Vejamos os erros das demais alternativas:
B. Errado. A Certidão de Nascimento é expedida em Cartório. O documento que a FUNAI
emite é o RANI.
C. Errado. Para emissão de documento civil, não é necessário a presença de um
funcionário da FUNAI.
D. Errado. O RANI é um documento administrativo e não substitui a Certidão de
nascimento.
E. Errado. A documentação básica, como a certidão de nascimento, não anula nem
prejudica nenhum direito garantido pela Constituição aos povos indígenas, como o
12. (IBFC - 2017) No tocante à questão indígena brasileira o envolvimento das ciências
sociais em dar aporte a garantia dos direitos instituídos pelo Estatuto do Índio
(1976) e ratificados pela constituição de 1988 são fundamentais. A respeito do
processo de demarcação dos territórios indígenas assinale a alternativa correta:
A. Os geógrafos são os responsáveis pela elaboração de relatórios e estudos sobre as
questões territoriais indígenas
B. As pesquisas desenvolvidas sobre esta temática pouco contribuem para com os
desdobramentos jurídicos da questão
C. No processo demarcatório são necessários estudos que revelem aspectos
cosmológicos do grupo, das áreas de usos rituais, cemitérios, lugares sagrados, sítios
arqueológicos, etc
D. Os estudos de caráter objetivo e quantitativos são os mais apropriados para tal
finalidade
E. Por se tratar de uma questão fundiária a delimitação dos territórios indígenas é
formalizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
Comentário:
De acordo com as Orientações básicas para a caracterização ambiental de terras
indígenas (FUNAI, 2013), o Relatório Ambiental deve, portanto, empregar a abordagem
da territorialidade , buscando as imbricações entre as categorias indígenas e as noções
ocidentais, a fim de demonstrar quais recursos naturais são utilizados pelos índios, onde
(em que ambientes) e como são utilizados. As relações de apropriação do espaço
(regimes de uso comum e familiar, dinâmicas históricas da paisagem, ecocosmologia,
conhecimentos etnoambientais, redes sociais, produção do lugar, da paisagem e da
memória coletiva, entre outras) são aspectos fundamentais do estudo ambiental,
fornecendo referências para a compreensão dos critérios que regulam a distribuição do
espaço e dos recursos ambientais entre o povo indígena envolvido (p. 13-14).
A ecocosmologia expressa uma complexa concepção a respeito da origem e das relações
entre todas as coisas que existem no mundo. O importante para o estudo da ocupação
indígena é compreender os principais elementos da ecocosmologia e dos
conhecimentos ecológicos, associando-os a lugares ou ambientes na terra a ser
delimitada. O estudo dos mitos, narrativas e conhecimentos sobre o ambiente e as
unidades de paisagem, bem como sobre suas características e relações ecológicas, são
fundamentais para a compreensão da territorialidade do povo indígena (p. 21).
Gabarito: letra C.
QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS: OS
AFRODESCENDENTES E O ESTATUTO DA
IGUALDADE RACIAL
Entendendo os conceitos de negro, pardo, preto e
afrodescendente
No Brasil, a ideia de raça sempre esteve muito atrelada a cor da pele, ou seja, o
pertencer a determinado grupo é definido pela cor da pessoa e não por características
biológicas, tendo como exemplo o negro, o pardo, o preto e o mulato. Essas formas de
agrupamento passaram a considerar a categoria afrodescendente, por apresentarem o
mesmo fenótipo de pele e por serem grupos descendentes de diáspora1.
Agora vamos entender um pouco sobre o conceito de negro, pardo, mulato, preto e
afrodescendente, trazido por Nunes (2017) 2.
Negro: está associada ao sistema de classificação racial de seres humanos com fenótipo
da pele mais escura em relação a outros grupos raciais, sendo aplicada para designar os
descendentes de africanos. No Brasil, nesta definição incluem apenas as pessoas de
ascendência subsaariana. Para fins políticos, consideram-se negros todos aqueles que
têm alguma ancestralidade africana, mesmo que sejam também descendentes de
europeus ou de índios.
Mulato: no Brasil o termo foi criado para designar o filho de homem branco (europeu)
com mulher negra (escrava). A historiografia escravista brasileira interpreta o mulato
como resultado dos estupros e do abuso sexual que ocorriam entre senhores brancos e
as escravas negras.
Preto: termo mais recente que surgiu para substituir a palavra negro, considerada
ofensiva em diversos países africanos como Senegal e também nos Estados Unidos,
porque a palavra negro é geralmente associada a escravos. Na cultura ocidental o termo
preto é associado à ideia de morte, luto, mal e trevas. Devido a essas associações,
ocorreu uma negação deste termo, surgindo uma nova terminologia: o
afrodescendente.
Segundo dados levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
- PNAD, a população brasileira em 2018 era constituída em 43,1% de brancos, 9,3% de
pretos e 46,5% de pardos.4
As desigualdades por cor ou raça também se revelam nas condições de moradia, tanto
na distribuição espacial das moradias, quanto no acesso aos serviços e nas
características individuais dos domicílios.
Um dado muito importante foi o reflexo de várias medidas com vistas a ampliar e
democratizar o acesso ao ensino superior no Brasil a partir dos anos 2000, como o
sistema de cotas, o Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
Disposições preliminares
Entre as políticas de ações afirmativas voltados para a população negra, podemos citar
a Lei de Cotas (Lei 12.711/2012), que reserva vagas para egressos de escolas públicas
em instituições federais de ensino, sendo parte destinadas para aqueles que se
declararem pretos, pardos e indígenas, de acordo com a participação populacional
destes grupos em cada Estado.
Também podemos citar a Lei 12.990/2014, que reserva aos negros 20% das vagas
oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos
públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações
públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela
União. A reserva de vagas será aplicada sempre que o número de vagas oferecidas no
concurso público for igual ou superior a 3.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
A assertiva trouxe a literalidade do art. 1º da Lei 12.990/2014.
Art. 1º Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito
da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas
públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União, na forma desta
Lei.
Gabarito: Certo.
O Estatuto da Igualdade Racial, a partir do art. 6º até o art. 42 dispõe sobre fundamentais
direitos fundamentais garantidos à população negra. Em relação à saúde, deve ser
garantido o acesso universal e igualitário ao SUS, bem como um tratamento sem
discriminação pelos seguros de saúde privados.
Diretrizes Objetivos
De acordo com art. 33, para fins de política agrícola, os remanescentes das
comunidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes tratamento especial
diferenciado, assistência técnica e linhas especiais de financiamento público, destinados
à realização de suas atividades produtivas e de infraestrutura.
Para que ocorra essa igualdade de oportunidades serão adotadas políticas e programas
de formação profissional, de emprego e de geração de renda voltados para a população
negra. Também será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos
meios rural e urbano, com ações afirmativas para mulheres negras.
Na implementação dos programas e das ações constantes dos planos plurianuais e dos
orçamentos anuais da União, deverão ser observadas as políticas de ação afirmativa e
outras políticas públicas que tenham como objetivo promover a igualdade de
oportunidades e a inclusão social da população negra.
B. Questões relativas a gênero não estão previstas na referida legislação, uma vez que
seu objeto é a vulnerabilidade dos sujeitos em decorrência da raça.
C. Aos remanescentes de quilombos que estejam ocupando suas terras será assegurado
o direito a permanecer no território, a partir de concessão de direito real de uso.
D. Aquele que, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de
trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego
cujas atividades não justifiquem essas exigências estará sujeito à pena de detenção.
E. O Poder Público deve coibir a propagação de ódio às religiões de matrizes africanas e
a discriminação de seus seguidores por meios de comunicação social.
B. define políticas públicas como sendo ações, iniciativas e programas adotados pelo
Estado e pelo setor privado, mediante políticas de incentivo, para a correção das
desigualdades sociais e para a promoção de oportunidades.
C. instituiu o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial como forma de
organizar e articular o conjunto de políticas e serviços destinados a superar as
desigualdades étnicas prestado pelo poder público federal, vedada a participação da
iniciativa privada.
D. estabelece a obrigatoriedade de concessão de bolsas por parte dos órgãos federais
de fomento à pesquisa e à pós-graduação, para o incentivo de programas de estudos
voltados a temas pertinentes à população negra.
E. estabelece que o direito à liberdade de consciência e de crença e o livre exercício dos
cultos religiosos de matriz africana compreende acesso aos órgãos e aos meios de
comunicação para divulgação das respectivas religiões.
8. (FAURGS - 2018) Para efeito do Estatuto da Igualdade Racial, instituído pela Lei
Federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010, desigualdade racial é
A. a assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre as
mulheres negras e os demais segmentos sociais.
B. a restrição à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos
religiosos de matriz africana.
C. a distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica.
D. a situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e
oportunidades em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.
E. a restrição ao exercício de direitos no campo político em razão da cor.
10. (VUNESP - 2018) Nos termos da Lei no 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial),
considera-se discriminação racial ou étnico-racial toda
A. distinção, exclusão ou assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a
diferenciação de acesso a serviços e oportunidades distanciando as mulheres negras e
os demais segmentos sociais, visando a segregação e a diferenciação de acesso a bens e
serviços públicos e privados.
B. distinção, exclusão ou situação injustificada de diferenciação de acesso a bens, nas
esferas privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições e de direitos,
no que concerne ao acesso a serviços públicos.
C. distinção, exclusão ou assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a
distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais.
D. distinção, exclusão ou situação injustificada de diferenciação de acesso a serviços e
oportunidades, nas esferas pública, em virtude de raça, cor, descendência ou origem
nacional ou étnica, ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de
condições e de direitos, no que concerne à aquisição de bens.
E. distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento,
gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro
campo da vida pública ou privada.
12. (FCC - 2018) NÃO é objetivo do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial
(SINAPIR), previsto na Lei Federal n° 12.288/2010,
A. garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das
ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
B. descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais,
distrital e municipais.
C. articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica.
D. acompanhar e avaliar as etapas de implantação e desenvolvimento de políticas ou
programas de ações afirmativas nos diferentes setores de ação do Estado brasileiro.
E. formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover
a integração social da população negra.
GABARITO
1. ERRADO
2. CERTO
3. CERTO
4. E
5. A
6. A
7. E
8. D
9. B
10. E
11. A
12. D
Gabarito: Certo.
E. Correto. Está entre um dos objetivos para o combate à intolerância com as religiões
de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, disposto no art. 26 do
Estatuto.
Gabarito: letra E.
8. (FAURGS - 2018) Para efeito do Estatuto da Igualdade Racial, instituído pela Lei
Federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010, desigualdade racial é
A. a assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre as
mulheres negras e os demais segmentos sociais.
B. a restrição à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos
religiosos de matriz africana.
C. a distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica.
D. a situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e
oportunidades em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica.
E. a restrição ao exercício de direitos no campo político em razão da cor.
Comentário:
A questão pede o conceito de desigualdade racial, que, conforme disposto no Estatuto,
significa toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens,
serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica. A alternativa D é o gabarito.
A alternativa A traz o conceito de Desigualdade de gênero e raça. A letra B, C e E referem-
se à discriminação racial ou étnico-racial.
Palavras chaves que podem te ajudar a memorizar:
Discriminação Racial ou Étnico-Racial --> Preferência, Exclusão, Restrição e Distinção
(PERDI).
Desigualdade Racial --> Situação injustificada.
Desigualdade de Gênero e Raça --> Assimetria.
Gabarito: letra D.
10. (VUNESP - 2018) Nos termos da Lei no 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial),
considera-se discriminação racial ou étnico-racial toda
A. distinção, exclusão ou assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a
diferenciação de acesso a serviços e oportunidades distanciando as mulheres negras e
os demais segmentos sociais, visando a segregação e a diferenciação de acesso a bens e
serviços públicos e privados.
B. distinção, exclusão ou situação injustificada de diferenciação de acesso a bens, nas
esferas privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições e de direitos,
no que concerne ao acesso a serviços públicos.
C. distinção, exclusão ou assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a
distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais.
D. distinção, exclusão ou situação injustificada de diferenciação de acesso a serviços e
oportunidades, nas esferas pública, em virtude de raça, cor, descendência ou origem
nacional ou étnica, ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de
condições e de direitos, no que concerne à aquisição de bens.
E. distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento,
gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro
campo da vida pública ou privada.
Comentário:
A Banca Examinadora misturou os conceitos para tentar confundir o candidato. A
alternativa que traz a literalidade da lei n. 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial) é
a letra E.
Lembre-se do macete:
Discriminação Racial ou Étnico-Racial --> Preferência, Exclusão, Restrição e Distinção
(PERDI).
Gabarito: Letra E.
Gabarito: letra A.
12. (FCC - 2018) NÃO é objetivo do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial
(SINAPIR), previsto na Lei Federal n° 12.288/2010,
A. garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das
ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
B. descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais,
distrital e municipais.
C. articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica.
D. acompanhar e avaliar as etapas de implantação e desenvolvimento de políticas ou
programas de ações afirmativas nos diferentes setores de ação do Estado brasileiro.
E. formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover
a integração social da população negra.
Comentário:
A questão quer a alternativa INCORRETA. De acordo com o art. 48 do Estatuto, são
objetivos do Sinapir:
I - promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades sociais resultantes do
racismo, inclusive mediante adoção de ações afirmativas;
II - formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover
a integração social da população negra;
III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais,
distrital e municipais;
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica;
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das
ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
A alternativa D não está entre os objetivos do Sinapir.
Gabarito: letra D.
Princípios da PNPCT
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I - garantir aos povos e comunidades tradicionais seus territórios, e o acesso aos recursos
naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e econômica;
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VII - garantir aos povos e comunidades tradicionais o acesso aos serviços de saúde de
qualidade e adequados às suas características sócio-culturais, suas necessidades e
demandas, com ênfase nas concepções e práticas da medicina tradicional;
XIII - garantir aos povos e comunidades tradicionais o acesso e a gestão facilitados aos
recursos financeiros provenientes dos diferentes órgãos de governo;
XIV - assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e coletivos concernentes aos
povos e comunidades tradicionais, sobretudo nas situações de conflito ou ameaça à sua
integridade;
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Bem, para que haja a implementação da PNPCT, são necessários quatro instrumentos:
(CETRO - 2014) Com base no Decreto nº 6.040/2007, artigo 4º, são instrumentos de
implementação da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais, exceto:
A. Oficinas Regionais.
B. Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais, instituída pelo Decreto de 13 de julho de 2006.
C. Fóruns regionais e locais.
D. Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades.
E. Plano Plurianual.
Comentário:
Como estudamos a pouco, para que haja a implementação da PNPCT, são necessários
quatro instrumentos:
• os Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais;
• a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais, instituída pelo Decreto de 13 de julho de 2006;
• os fóruns regionais e locais; e
• o Plano Plurianual.
Assim, a letra A está errada, pois não são "Oficinas", mas sim "fóruns regionais e locais".
Gabarito: letra A
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