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7908403521159
SEE-BA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA
Professor Padrão P -
Grau IA Ciências Humanas: História
A APOSTILA PREPARATÓRIA É ELABORADA ANTES DA
PUBLICAÇÃO DO EDITAL OFICIAL COM BASE NO EDITAL
ANTERIOR, PARA QUE O ALUNO ANTECIPE SEUS ESTUDOS.
ÍNDICE
Conhecimentos Interdisciplinares
1. Linguagem, texto e contexto nos signos verbais e não-verbais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. A intermediação entre linguagem verbal e não verbal no processo de constituição do texto/discurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. A linguagem das ciências e das artes e seu entendimento como chaves à compreensão do mundo e da sociedade . . . . . . . . . . . . 06
4. A linguagem das ciências humanas no processo de formação das dimensões estéticas, éticas e políticas do atributo exclusivo do ser
humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5. A linguagem das ciências e das artes e as implicações ao pensar filosófico, a partir do Renascimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6. As linguagens das ciências, das artes e da matemática: sua conexão com a compreensão/interpretação de fenômenos nas diferentes
áreas das relações humanas com a natureza e com a vida social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
7. As linguagens das ciências e das artes e sua relação com a comunicação humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
8. O significado social e cultural das linguagens das artes e das ciências – naturais e humanas – e suas tecnologias . . . . . . . . . . . . . . 20
9. As linguagens como instrumentos de produção de sentido e, ainda, de acesso ao próprio conhecimento, sua organização e siste-
matização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Conhecimentos Específicos
Professor Padrão P - Grau IA Ciências Humanas: História
1. Ensino de História: (seleção e organização de conteúdos históricos, metodologias do ensino de História, trabalho com documentos e
diferentes linguagens no ensino de História) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Bahia: primeiros grupamentos humanos e sítios arqueológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. A questão da identidade nacional na Historiografia brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
4. Economia, Sociedade e Cultura na Antiguidade: as primeiras civilizações do Oriente, a civilização grega e a romana . . . . . . . . . . . 02
5. A Idade Média: a formação da Europa medieval, a geopolítica da expansão do cristianismo, o feudalismo a transição para o capitalis-
mo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
6. Idade Moderna: o renascimento cultural e comercial; o absolutismo monárquico; a reforma e a contra reforma. As grandes
navegações no século XV: partilha de terrascoloniais, economia mercantil e regime de monopólios, fortalecimento da burguesia
mercantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
7. O tráfico atlântico, a escravidão africana e a diáspora dos povos africanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
8. A América antes dos europeus: populações nativas, organização social e cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
9. Os povos indígenas da Bahia pré-colonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
10. O Brasil Colônia: a sociedade, a economia, a atuação dos jesuítas. A crise do sistema colonial no Brasil: rebeliões locais e o processo
de emancipação política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
11. Iluminismo e Revolução Francesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
12. A afirmação do capitalismo e do liberalismo: Revolução Industrial, Ideologias do século XIX (liberalismo, socialismo utópico e científi-
co, doutrina social da igreja, anarquismo) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
13. Brasil Imperial: sociedade escravista, abolicionismo e crise do Império . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
14. História da Bahia: a sociedade baiana no período colonial; o processo de ocupação e produção no espaço baiano; a Bahia e o tráfico
interprovincial de escravos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
15. Resistência de negros e indígenas nos períodos colonial e imperial da História do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
16. Brasil Republicano: República Velha, Era Vargas, Populismo, Ditadura Civil Militar, redemocratização e contemporaneidade . . . . . 70
17. A Bahia no processo de Independência: o 2 de Julho e seu significado político. Canudos: messianismo e conflito social . . . . . . . . 47
18. Mundo contemporâneo: da Primeira Guerra Mundial à Globalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
19. Os países BRIC: coalizões, impasses e desafio geopolíticos no capitalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
20. Os povos indígenas da Bahia de hoje . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS
estes se tornem mais dóceis e, consequentemente, mais fáceis de
AS DIFERENTES CORRENTES DO PENSAMENTO PEDA- serem aproveitados como mão de obra. “A organização escolar na
GÓGICO BRASILEIRO E AS IMPLICAÇÕES NA ORGANI- Colônia está como não poderia deixar de ser, estreitamente vin-
ZAÇÃO DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO BRASILEIRO culada à política colonizadora dos portugueses” (Ribeiro, 1986, p.
24). A obra educativa dos jesuítas estava integrada à política co-
A educação está presente em todas as sociedades e passa por lonizadora; durante pouco mais de dois séculos foi a responsável
diversas mudanças ao longo do tempo. A sociedade, de uma forma quase exclusiva pela educação no período; além de ser um ensino
ou de outra, se educa – e a educação molda o homem e, a depender totalmente acrítico e alheio à realidade da vida da colônia, foi aos
da finalidade dela na sociedade, pode ser utilizada como forma de poucos se transformando em uma educação de elite e, em conse-
dominação ou de libertação. É necessário que haja educação para quência, num instrumento de ascensão social. O ensino não pode-
que a sociedade se desenvolva, tenha cidadãos críticos. A evolução ria interessar à grande massa pobre, pois não apresentava utilidade
da educação está intrinsecamente ligada à evolução da sociedade. prática, visava uma economia fundada na agricultura e no trabalho
Segundo Gadotti (1999), a prática da educação é muito anterior ao escravo; o ensino jesuítico só poderia interessar àqueles que não
pensamento pedagógico, que surge com a reflexão sobre a prática, precisavam trabalhar para sobreviver. A Companhia de Jesus, que
pela necessidade de sistematizá-la e organizá-la em função de de- tinha inicialmente em seus objetivos catequisar e instruir o índio,
terminados objetivos. Como afirma Paulo Freire (1993), a educação de acordo com oRatio, foi aos poucos se configurando como forte
como intervenção inspira mudanças radicais na sociedade, na eco- instrumento de formação da elite colonial, ficando os indígenas e
nomia, nas relações humanas e na busca dos direitos, ou seja, uma as classes mais pobres à mercê da instrução. Segundo Piletti (1991,
sociedade sem educação não evolui. Diante da grande importância p. 34), “os jesuítas responsabilizaram-se pela educação dos filhos
da educação, se torna necessário estudar a História da Educação dos senhores de engenhos, dos colonos, dos índios e dos escravos”.
em seus mais diversos contextos, pois ela proporciona o conheci- Ribeiro (1986, p. 29) elucida que “o plano legal (catequisar e ins-
mento do passado da humanidade, criando assim novas perspecti- truir os índios) e o plano real se distanciaram. Os instruídos eram
vas. Para Aranha (2006, p. 24), descendentes dos colonizadores. Os indígenas foram apenas cate-
quisados”. Nesse sentido, não só o índio como todos aqueles que
Estudar a educação e suas teorias no contexto histórico em não faziam parte dos altos extratos da sociedade (pequena nobreza
que surgiram, para observar a concomitância entre suas crises e e seus descendentes) estavam excluídos da educação. O sistema de
as do sistema social, não significa, porém, que essa sincronia deva ensino jesuítico apresentava uma rede organizada de escolas e uni-
ser entendida como simples paralelismo entre fatos da educação e formidade de ação pedagógica. Além das escolas de ler e escrever,
fatos políticos e sociais. Na verdade, as questões de educação são ministrava o ensino secundário e superior.
engendradas nas reações que se estabelecem entre as pessoas nos Todas as escolas jesuíticas eram regulamentadas por um docu-
diversos segmentos da comunidade. A educação não é, portanto, mento, escrito por Inácio de Loiola, oRatio at que Instituto Studio-
um fenômeno neutro, mas sofre efeitos do jogo do poder, por estar rum, chamado abreviadamente deRatio Studiorum. Os jesuítas não
de fato envolvida na política. se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso elemen-
tar, eles mantinham os cursos de Letras e Filosofia, considerados
Logo, ao estudar a História da Educação podemos compreen- secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível su-
der que não há mudanças sem educação e podemos pensar os in- perior, para a formação de sacerdotes.
divíduos como agentes construtores de história, ou seja, podemos No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, Humanida-
perceber a importância da educação na sociedade e na formação des e Retórica; no curso de Filosofia estudava-se Lógica, Metafísica,
cultural, social e econômica dela. O Brasil apresenta, em cada pe- Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Os que pretendiam
ríodo de sua história, realidades e contextos diferentes, mas que, seguir as profissões liberais iam estudar na Europa, na Universidade
evidentemente, não difere o modelo de educação destinado às de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no campo das ciências ju-
classes populares: uma educação domesticadora, elitista, reacioná- rídicas e teológicas, e na Universidade de Montpellier, na França, a
ria, não raro às vezes, em precárias condições, privando-as, assim, mais procurada na área de medicina (Bello, 1992. p. 2).
de uma educação democrática, libertadora, transformadora e real- Em 1759, Sebastião José de Carvalho, o marquês de Pombal,
mente de qualidade. primeiro-ministro de Portugal, após entrar em conflito com os je-
Por mais que as leis elaboradas ao longo dos anos indicassem suítas, os expulsou de todas as colônias portuguesas, suprimindo
mudanças, a realidade pouco mudava e, a educação, com toda a todas as suas escolas. A razão para esse conflito apontada por Pi-
sua magnitude, se destinou a beneficiar a classe dominante em letti (1991) é o fato de os jesuítas se oporem ao controle do gover-
detrimento das classes populares, contribuindo para formar “obje- no português. Com a supressão das escolas jesuíticas, “a educação
tos”, quando deveria formar sujeitos da história. brasileira (...) vivenciou uma grande ruptura histórica num proces-
so já implantado e consolidado como modelo educacional” (Bello,
A educação durante o Período Colonial (1500-1822) 1992).
A história do Brasil é marcada preponderantemente pela de- A reforma pombalina dos estudos menores objetivou, segundo
pendência, exploração, violência, desrespeito às diferenças cul- Laert Ramos de Carvalho,
turais e privilégio de alguns em detrimento da grande maioria da criar a escola útil aos fins do Estado e, nesse sentido, ao invés
população. É com a chegada do elemento europeu a terras brasi- de preconizar uma política de difusão intensa e extensa do trabalho
leiras que essa situação inicia-se, provocando um choque cultural escolar, pretenderam os homens de Pombal organizar a escola que,
que rebaixa o índio e, posteriormente, o negro e enaltece o branco, antes de servir aos interesses da fé, servisse aos imperativos da Co-
seu projeto de colonização e seu desejo desmedido de expandir-se roa (Piletti, 1992. p. 36).
territorial e economicamente. Com a expulsão dos jesuítas, desmantelou-se toda uma estru-
Nesse contexto, a Companhia de Jesus, que foi fundada para tura administrativa de ensino e o Estado passou a assumir pela pri-
contrapor-se ao avanço da Reforma Protestante, foi trazida para o meira vez os encargos da educação. Com isso, mudou-se o quadro
Brasil para desenvolver um trabalho educativo e missionário, com de professores e até rebaixou o nível de ensino, porém não houve
o objetivo de catequisar e instruir os índios e colaborar para que ruptura em suas estruturas, pois os substitutos foram pessoas pre-
1
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS
paradas pelos jesuítas e, aos serem recrutados, passaram a dar con- secundário e superior – responsabilidade da União –, em detrimen-
tinuidade à sua ação pedagógica. “O ensino brasileiro, ao iniciar o to da expansão do ensino primário – que deve ser reservado aos
século XIX, estava reduzido a pouco mais que nada” (Piletti, 1991, p. estados. A descentralização que conferia maior poder aos estados
37), já que, com a reforma pombalina, nenhum sistema educativo podia representar, no plano das ideias, mudanças satisfatórias e
comparado ao jesuítico passou a existir. significativas. Mas, na realidade, representou o descaso e o aban-
dono dos estados mais pobres, que se viam cada vez mais à mercê
A educação no Período Imperial (1822-1889) da própria sorte. Isso se refletia no âmbito educacional e relegava
Após a chegada da Família Real, em 1808, o Brasil apresentou principalmente os menos favorecidos a uma educação precária ou
desenvolvimento cultural considerável, mas o direito à educação ao analfabetismo, já gritante em nosso país. Romanelli (1978, p.
permanecia restrito a alguns. A vinda da Família Real e mais adiante 43) afirma:
a Independência (1822) fizeram com que o ensino superior tivesse Vamos ver, assim, a educação e a cultura tomando impulso
preocupação exclusiva, em detrimento de outros níveis de ensino, em determinadas regiões do sudeste do Brasil, sobretudo em São
evidenciando o caráter classista da educação, ficando a classe po- Paulo, e o restante dos estados seguindo, “sem transformações
bre relegada a segundo plano, enquanto a classe dominante expan- profundas, as linhas do seu desenvolvimento tradicional, predeter-
dia cada vez mais seus privilégios. O objetivo fundamental da edu- minadas na vida colonial e no regime do Império”.
cação no Período Imperial era a formação das classes dirigentes. Como é evidente, o Estado de São Paulo se destacava pelo
Para isso, maior investimento na área educacional. Porém é preciso ter em
ao invés de procurar montar um sistema nacional de ensino, mente que a sua luta contra o analfabetismo, por meio da Liga de
integrado em todos os seus graus e modalidades, as autoridades Defesa Nacional (1916) e da Liga Nacional do Brasil (1917), esta
preocuparam-se mais em criar algumas escolas superiores e em re- última com sede em São Paulo, representava consubstancialmen-
gulamentar as vias de acesso a seus cursos, especialmente através te não o desejo de oferecer às camadas populares oportunidades
do curso secundário e dos exames de ingresso aos estudos de nível iguais de desenvolvimento, mas sim o desejo de parte da emergen-
superior (Piletti, 1991, p. 41). te burguesia de afrontar a enraizada política oligárquica. Era preci-
Em 1823, foi instituído o Método Lancaster ou “ensino mútuo”, so aumentar o contingente eleitoral, uma vez que o analfabeto era
em que, após treinamento, um aluno (decurião) ficaria incumbido proibido de votar. Por essa razão, as lutas contra o analfabetismo
de ensinar a um grupo de dez alunos (decúria), diminuindo, portan- se intensificaram, pois ele era tido como fator preponderante na
to, a necessidade de um número maior de professores. perpetuação das oligarquias no governo; a alfabetização, então, era
A primeira Constituição Brasileira, outorgada em 1824, garan- útil às transformações político-eleitorais. Sem deixar de considerar
tia apenas, em seu Art. 179, “a instrução primária e gratuita a to- que era necessário também preparar as pessoas para a nova ordem
dos os cidadãos”. No ano de 1827, uma lei determinou a criação econômica. Contudo, não havia uma rede de escolas públicas orga-
de escolas de primeiras letras em todos os lugares e vilas, além de nizada, respeitável; as poucas que existiam nas cidades, eram desti-
escolas para meninas, nunca concretizadas anteriormente. O ato nadas ao atendimento dos filhos das classes abastadas. No interior
adicional de 1834 e a Constituição de 1891 descentralizaram o ensi- do país, existiam algumas pequenas escolas rurais, funcionando em
no, mas não ofereceram condições às províncias de criar uma rede condições precárias, e o professorando não tinha qualquer forma-
organizada de escolas, o que acabou contribuindo para o descaso ção profissional.
com o ensino público e para que ele ficasse nas mãos da iniciativa
privada, acentuando ainda mais o caráter classista e acadêmico, A educação após a Revolução de 1930 (1930-1937)
gerando assim um sistema dual de ensino: de um lado, uma educa- A Revolução de 1930 criou uma efervescência ideológica que
ção voltada para a formação das elites, com os cursos secundários operou importantes discussões e transformações no campo educa-
e superiores; de outro, o ensino primário e profissional, de forma cional; parecia que o país tinha realmente acordado para a impor-
bastante precária, para as classes populares. tância da educação e para a necessidade de garantir a todos esse
direito. O Decreto nº 19.850, de 11 de abril de 1931, criou o Minis-
O contexto educacional durante a Primeira República (1889- tério da Educação e as secretarias de Educação dos estados; em
1930) 1932, com o ideal de educação obrigatória, gratuita e laica, entre
A dualidade do sistema educacional brasileiro, que conferia outros, surgiu o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, com o
ao povo uma educação dessemelhante daquela conferida à elite, é objetivo de tornar público o que era e o que pretendia o Movimen-
herdada pela Primeira República juntamente com a desorganização to Renovador. De acordo com Romanelli (1979, p. 147-148),
que se arrastou durante o período monárquico. Surgiram inúmeras o manifesto sugere em que deve consistir a ação do Estado,
reformas para resolver a desorganização do sistema educacional, reivindicando a laicidade do ensino público, a gratuidade, a obri-
entre elas a Benjamin Constant, a Lei Orgânica Rivadávia Corrêa, a gatoriedade e a coeducação. Reconhecendo pertencer ao cidadão
Carlos Maximiliano, porém foram apenas reformas paliativas, pois o direito vital à educação e ao Estado o dever de assegurá-la e as-
não se buscava mudar a estrutura educacional. Mudava-se até o segurá-la de forma que ela seja igual e, portanto, única, para todos
sistema, mas a base da educação continuava. O modelo educacio- quantos procurarem a escola pública, é evidente que esse direito
nal que privilegiava a educação da elite, em detrimento da educa- só possa ser assegurado a todas as camadas sociais se a escola for
ção popular, é posto em questão na Primeira República. Mas os gratuita.
ideais republicanos que pretensamente alimentavam projetos de Surgiram vários projetos, discussões importantes que deram
ver um novo Brasil traziam, intrinsecamente, resquícios de um ve- origem à Constituição de 1934, que visava à organização do ensino
lho tempo, cujas bases erguiam as colunas da desigualdade social, brasileiro e incluía um capítulo exclusivo sobre educação, no qual o
em que, no cenário real, estava de um lado a classe pobre, sempre Governo Federal passou a assumir novas atribuições como:
relegada a segundo plano; de outro, a classe dominante, expan- -a função de integração e planejamento global da educação; a
dindo cada vez mais os seus privilégios. O sistema federativo de função normativa para todo o Brasil e todos os níveis educacionais;
governo, estabelecido pela Constituição da República de 1891, ao a função supletiva de estímulo e assistência técnica e a função de
consagrar a descentralização do ensino, acabou construindo um controle, supervisão e fiscalização (Piletti,1991, p. 81-82).
sistema educacional pouco democrático, que privilegiava o ensino
2
TEMAS EDUCACIONAIS E PEDAGÓGICOS
A educação durante o Estado Novo (1937-1945) e o governo • Multiplicou as vagas em escolas superiores particulares
populista (1945-1964) (Piletti, 1991, p. 16).
As discussões e reivindicações do período anterior e as con-
quistas do movimento renovador, expressos na Constituição de A Lei nº 5.692/71 reformulou o ensino de 1º e 2º graus; foi
1934, são consideravelmente enfraquecidas e até em alguns ca- aprovada sem participação popular, promoveu mudanças como: 1º
sos suprimidas pela Constituição de 1937. Segundo Ghiraldelli Jr. grau de 8 anos dedicado à educação geral; o 2º grau (3 a 4 anos)
(1994, p. 81), o Estado Novo se desincumbiu da educação pública obrigatoriamente profissionalizante; até 1982, aumentou o núme-
através de sua legislação máxima, assumindo apenas um papel sub- ro de matérias obrigatórias em todo o território nacional, as disci-
sidiário. O ordenamento relativamente progressista alcançado em plinas mais reflexivas deixaram de serem ministradas no 2º grau.
34, quando a letra da lei determinou a educação como direito de
todos e obrigação dos poderes públicos, foi substituído por um tex- A educação brasileira de 1985 à atualidade
to que desobrigou o Estado de manter e expandir o ensino público. Nos últimos 28 anos foram promovidas grandes modificações
Parafraseando Ghiraldelli Jr. (1994), o Estado estava pouco na educação brasileira. Em 5 de outubro de 1988 foi promulgada
interessado em oferecer às classes populares educação pública e uma nova Constituição, que “cuida da educação e do ensino de ma-
gratuita, e isso ficou expressamente claro na Constituição de 1937, neira especial com referência aos direitos, aos deveres, aos fins e
que pretendia contrariamente evidenciar o caráter dual da educa- aos princípios norteadores” (Santos, 1999, p. 31). Dentre as princi-
ção, em que, para a classe dominante estava destinado o ensino pais mudanças no âmbito educacional, Aranha (1996, p. 223) des-
público ou particular; ao povo marginalizado, deveria destinar-se taca:
apenas o ensino profissionalizante. Com o fim do Estado Novo, o • Gratuidade do ensino público em estabelecimentos ofi-
país retornou à normalidade democrática e passou a adotar uma ciais;
nova constituição. Na área educacional, o texto de 1946 estabelecia • Ensino Fundamental obrigatório e gratuito;
alguns direitos garantidos pela Constituição de 1934 e suprimidos • Atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero
pela do Estado Novo. A educação como direito de todos está cla- a seis anos;
ramente expressa em seu Art. 166. O Art. 167 afirma que o ensino • Valorização dos profissionais de ensino, com planos de
deverá ser ministrado pelos poderes públicos, embora livre à inicia- carreira para o magistério público.
tiva particular, respeitando as determinações legais.
Com base na nova Constituição, foi criada a nova Lei de Dire-
Para que o direito a educação fosse realmente assegurado, trizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 9.394, promulgada
a Constituição destinava, em seu Art. 167, 10% do orçamento da em 20 de dezembro de 1996. A Carta Magna e a nova LDB dão su-
União e 20% dos estados, que, embora insuficientes, representa- portes legais para que o direito a uma educação de qualidade seja
vam um avanço para que esse direito fosse assegurado. Contudo, realmente consubstanciado, assegurando a formação integral do
“apesar da mudança de regime e da nova constituição, a legislação indivíduo e a sua inserção consciente, crítica e cidadã na sociedade.
educacional herdada do Estado Novo vigorou até 1961, quando Em 1996, o Governo Federal elaborou os Parâmetros Curriculares
teve início a vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na- Nacionais, estabelecendo diretrizes para estruturação e reestrutu-
cional” (Piletti, 1991, p. 99). Até a aprovação da LDBEN de 1961, ração dos currículos escolares de todo o Brasil, em função da cida-
foram 13 anos (1948-1961). Durante esse período, a luta pela es- dania do aluno e de uma escola realmente de qualidade. Contudo,
cola pública e gratuita intensificou-se. Numerosas campanhas com ainda falta muito para que o texto legal realmente se consolide.
participação popular reivindicavam a ampliação e a melhoria do Por mais que tenha evoluído, a educação brasileira ainda apresenta
atendimento escolar para que, de fato, o direito constitucional “a características reacionárias e alienantes, contribuindo para a for-
educação é um direito de todos”, fosse consolidado. mação de seres passivos, eximindo-se de compromisso de formar
cidadãos ativos e conscientes. Como afirma Rodrigues (1991, p. 35),
A educação durante o Regime Ditatorial (1964-1985) incapaz de ampliar e organizar a consciência crítica dos educandos,
Se a educação antes do Período Ditatorial, com as ideias de essa educação se converte em inutilidade formal, ainda que re-
universalização e democratização, nunca conseguiu consolidá-las, cheada de discurso sobre a importância e o valor de conhecimento
nesse período ela se distanciou mais desse ideal, pois se pautou crítico e de atenções proclamada de se fazer educação política.
na repressão, na privatização do ensino, continuou privilegiando a O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
classe dominante com ensino de qualidade e deixando de fora as criado em 1968, mantém vários programas que objetivam propor-
classes populares, oficializou o ensino profissionalizante e o tecni- cionar mais autonomia às escolas, suprir as carências e oferecer aos
cismo pedagógico, que visava unicamente preparar mão de obra alunos melhores condições de acesso e permanência na escola e de
para atender às necessidades do mercado e desmobilizou o magis- desenvolvimento de suas potencialidades. Estes são alguns deles:
tério com inúmeras e confusas legislações educacionais. A educa- • Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE);
ção passou a atender ao regime vigente e, de modo geral, visava • Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE);
transformar pessoas em objetos de trabalho, de lucro; seres pas- • Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE);
sivos diante todas as arbitrariedades que lhes fossem impostas. O • Programa Nacional do Livro Didático (PNLD);
ensino técnico oferecido para as classes populares delineou muito • Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio
bem a sua função na sociedade: atender exclusivamente as necessi- (PNLEM);
dades do mercado, o que frearia as manifestações políticas, contri- • Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização
buindo para que o ensino superior continuasse reservado às elites. de Jovens e Adultos (PNLA); e
Pela Lei nº 5.540/68, o governo promoveu a Reforma Universitária: • Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE), entre
• Instituiu o vestibular classificatório para acabar com os outros.
‘excedentes’;
• Deu à universidade um modelo empresarial; Com a finalidade de democratizar o acesso ao Ensino Superior,
• Organizou as universidades em unidades praticamente em 2005 foi aprovada a Lei nº 11.096, que instituiu o Programa Uni-
isoladas; versidade para Todos (ProUni), que concede bolsas de estudos em
3
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Vejamos abaixo, os dispositivos constitucionais correspon-
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA dentes ao tema supracitado:
DO BRASIL (ART. 1°, 3°, 4° E 5°)
TÍTULO I
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
1988
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
PREÂMBULO indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons-
titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como funda-
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em As- mentos:
sembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Demo- I - a soberania;
crático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e II - a cidadania
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvol- III - a dignidade da pessoa humana;
vimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na V - o pluralismo político.
harmonia social e comprometida, na ordem interna e interna- Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
cional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLI- desta Constituição.
CA FEDERATIVA DO BRASIL. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Forma, Sistema e Fundamentos da República
Objetivos Fundamentais da República
Papel dos Princípios e o Neoconstitucionalismo Os Objetivos Fundamentais da República estão elencados
Os princípios abandonam sua função meramente subsidiá- no Artigo 3º da CF/88. Vejamos:
ria na aplicação do Direito, quando serviam tão somente de Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fe-
meio de integração da ordem jurídica (na hipótese de eventual derativa do Brasil:
lacuna) e vetor interpretativo, e passam a ser dotados de eleva- I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
da e reconhecida normatividade. II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as de-
Princípio Federativo sigualdades sociais e regionais;
Significa que a União, os Estados-membros, o Distrito Fe- IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
deral e os Municípios possuem autonomia, caracteriza por um raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimina-
determinado grau de liberdade referente à sua organização, à ção.
sua administração, à sua normatização e ao seu Governo, po-
rém limitada por certos princípios consagrados pela Constitui- Princípios de Direito Constitucional Internacional
ção Federal. Os Princípios de Direito Constitucional Internacional estão
elencados no Artigo 4º da CF/88. Vejamos:
Princípio Republicano Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas
É uma forma de Governo fundada na igualdade formal en- relações internacionais pelos seguintes princípios:
tre as pessoas, em que os detentores do poder político exercem I - independência nacional;
o comando do Estado em caráter eletivo, representativo, tem- II - prevalência dos direitos humanos;
porário e com responsabilidade. III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
Princípio do Estado Democrático de Direito V - igualdade entre os Estados;
O Estado de Direito é aquele que se submete ao império VI - defesa da paz;
da lei. Por sua vez, o Estado democrático caracteriza-se pelo VII - solução pacífica dos conflitos;
respeito ao princípio fundamental da soberania popular, vale VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
dizer, funda-se na noção de Governo do povo, pelo povo e para IX - cooperação entre os povos para o progresso da huma-
o povo. nidade;
X - concessão de asilo político.
Princípio da Soberania Popular Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará
O parágrafo único do Artigo 1º da Constituição Federal re- a integração econômica, política, social e cultural dos povos da
vela a adoção da soberania popular como princípio fundamen- América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
tal ao prever que “Todo o poder emana do povo, que o exerce -americana de nações.
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição”. Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas
Princípio da Separação dos Poderes e Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
A visão moderna da separação dos Poderes não impede que
cada um deles exerça atipicamente (de forma secundária), além
de sua função típica (preponderante), funções atribuídas a ou-
tro Poder.
1
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais d) correspondem ao direito de preservação do meio am-
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens ju- biente, de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso
rídicos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, nar- da humanidade, do patrimônio histórico e cultural, etc.
rados no texto constitucional. Por sua vez, as garantias funda-
mentais são estabelecidas na mesma Constituição Federal como Direitos Fundamentais de Quarta Geração
instrumento de proteção dos direitos fundamentais e, como Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator
tais, de cunho assecuratório. histórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta
geração. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao plu-
Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais ralismo. Também são transindividuais.
2
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na Direito à Privacidade
formação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gê-
direitos políticos, manifestados principalmente por meio do voto. nero, do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada
e a imagem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles
Referências Bibliográficas: assegura-se o direito à indenização pelo dano moral ou material
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas decorrente de sua violação.
e Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Direito à Honra
O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos
Os individuais estão elencados no caput do Artigo 5º da CF. pertinentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exata-
Vejamos: mente por tal motivo, são previstos no Código Penal.
3
CONHECIMENTOS INTERDISCIPLINARES
1
CONHECIMENTOS INTERDISCIPLINARES
O nosso corpo, as nossas expressões faciais e o próprio silêncio,
às vezes, constroem mais sentido do que uma fala ou um texto es-
crito. Basta nos lembrarmos daquele olhar de mãe, ao repreender
uma criança sem sequer pronunciar uma palavra.
E é por isso que também nos valemos da chamada linguagem
não verbal em nossos atos comunicativos, um tipo de linguagem
que não se estabelece por meio de palavras, mas, muitas vezes, por
meio de índices, ícones e símbolos, por exemplo.
Essa linguagem é tão importante que, mesmo que estejamos
comunicando-nos com alguém que não compartilha conosco do
mesmo código, conseguimos, muitas vezes, efetivar a comunicação
por meio de mímicas, da forma como postamos o nosso corpo, ou
até mesmo utilizando-nos de um sorriso.
Exemplos
Mímicas, desenhos, pinturas, esculturas, coreografias, semáfo-
ros, placas de trânsito... São incontáveis os modos de ocorrência
da linguagem não verbal. Veja, a seguir, uma charge, gênero que se
constrói valendo-se desse tipo de linguagem.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/contexto/
https://brasilescola.uol.com.br/redacao/linguagem-verbal-linguagem-
-nao-verbal.htm
2
CONHECIMENTOS INTERDISCIPLINARES
um significado escolhido antecipadamente. Refere-se, pois, a anco- Esse fato permite-nos, no exercício da análise dos recursos ima-
ragem à polissemia de significados que uma imagem pode suscitar géticos do discurso, formular as seguintes indagações: como inter-
em uma dada cultura e à escolha de um desses significados de ma- pretar as imagens produzidas no passado? Qual a natureza da pro-
neira particular. O texto serve para conduzir a uma única interpreta- dução imagética? Quais os condicionamentos históricos, políticos
ção, fazendo com que sejam evitados alguns sentidos ou que se lhe e sociais dessa produção? Como as imagens podem se constituir
acrescentem outros; tem, pois, uma função elucidativa e seletiva. em fontes visuais – documento histórico? Quais os propósitos do
Na relação de relais, esclarece o autor que texto e imagem se realizador diante das diferentes imagens sobre o mesmo aconte-
confluem numa relação complementar. As palavras, assim como as cimento?
imagens, são fragmentos de um sintagma mais geral, e a unidade Umberto Eco (1980) postula que iconicidade significa trans-
da mensagem se realiza em um nível mais avançado. Sintetizando crever, por artifícios gráficos, as propriedades culturais que a ela
as duas noções, constata-se que, na ancoragem, a estratégia de re- (à iconicidade) são atribuídas, uma vez que uma cultura, ao definir
ferência está direcionada do texto à imagem e, na relação de relais, seus objetos, remete a códigos de reconhecimento. Lembra ainda
a atenção do receptor é dirigida igualmente da imagem à palavra e o autor que, além das imagens produzidas de forma consciente,
vice-versa. existem as de conteúdo inconsciente, eivadas de elementos que
Numa visão de ordem prática do discurso, as considerações fei- ultrapassam as intenções de quem levou a efeito a representação.
tas até aqui permitem citar, por exemplo, a natureza híbrida de um Essas imagens configuram-se tanto como elementos de expressão
discurso publicitário, que se apoia na interação entre as linguagens, individual quanto como retratos de ideologias da sociedade como
que requer atenção para a linguagem verbal conjugada com a icôni- um todo: contexto social, econômico, político, cultural e religioso
ca. Nesse tipo de discurso, geralmente as imagens justapostas fun- de uma época.
cionam como um desdobramento parafrástico do verbal, do qual No campo da linguagem, é justo um acordo com o pensamento
resulta um efeito de identidade. O movimento do olhar que transita de Lacan que afirma ser a imagem significada e ressignificada pela
do visível ao nomeado e vice-versa reflete a estratégia fundamental palavra. Assim sendo, as estruturas linguísticas e sociais fortalecem
do discurso da propaganda, ou seja, o intento de persuadir o leitor as imagens, reforçando lhes os sentidos.
a crer na veridicção da imagem e, por conseguinte, o despertar do Explica-se, assim, o vasto campo ocupado pelos estudos re-
desejo de compra do produto anunciado. ferentes à comunicação linguística nas estratégias de marketing.
Sabe-se que as relações de produção de sentido estabelecidas Constrói-se aí uma rede conceitual cujos princípios ora se aproxi-
entre o verbal e o não-verbal cumprem um papel de relevância nas mam, ora se entrelaçam, ora se distanciam. Aí também se fixa um
mídias de massa da contemporaneidade. Por intermédio da intera- território fértil de ideias e imagens que atingem os diversos níveis
ção entre os dois códigos – verbal e imagético – palavras e imagens da subjetividade humana. Trata-se, é verdade, de tema candente
invadem os meios de comunicação: jornais, revistas e a televisão, e atual, explorado num universo peculiar de linguagem por onde
dentre outros, vão se processando no indivíduo e na sociedade, transita a invenção imagística abrindo opções para leituras cruza-
suscitando ideias e emoções. Nesse processo interativo, significante das diversas. Nota-se serem essas leituras sujeitas a diálogos inter-
e significado se relacionam para o alcance da significação, termo e discursivos, atravessados por falas advindas de seu exterior, que
imagem absorvendo muitos sentidos, como postula Joly: marcam o discurso por pegadas de outros discursos. Assim, apura-
-se o poder da imagem no sentido de transpor para a memória do
A imagem contemporânea vem de longe [...] “Petrogramas”, se presente temas e figuras do passado. Nessa linguagem tecida de
desenhadas ou pintadas; “petroglifos”, se gravadas ou talhadas – imagens emoldurando as palavras, surpreendem-se ecos de vozes
essas figuras representam os primeiros meios de comunicação hu- alheias, antigas ou recentes, iluminando faces e fotos remotos ou
mana. São consideradas imagens porque imitam, esquematizando, próximos, que lançam luz sobre os mecanismos da memória.
visualmente, as pessoas e os objetos do mundo real (1996, p.17- E mune-se o leitor de um acúmulo de informações que as ima-
18). gens, ajustadas a diversas linguagens, evocam. Projeta-se uma vi-
são do mundo fundada sobre um conjunto de relações análogas.
Segundo Lalande (1999, p.517), poder-se-á aplicar diversos Essas relações, configuradas ora na imagem, ora na palavra, ora na
termos para definir imagem, dizer que ela constitui um “ressaibo, harmonização de ambas, apresentam-se sob uma diversidade de
um eco, um simulacro, um fantasma, uma imagem da sensação formas, as quais passamos a apresentar em breves exemplos, na
primitiva. [...] Representação concreta construída pela atividade do figuração do discurso da história em quadrinhos, da charge, da fo-
espírito; combinações novas pelas suas formas, senão pelos seus tografia e da publicidade.
elementos, que resultam da imaginação criadora”. Note-se que as
múltiplas significações atribuídas à palavra imagem se devem espe- História em quadrinhos, charge e fotografia
cialmente à subjetividade a ela associada. A interação entre palavra e imagem marca a grande maioria
Representação de um desejo, de uma realidade, de uma inten- das mensagens dos quadrinhos – série de imagens fixas, dispostas
ção, a imagem na sociedade de hoje, chamada pelo senso comum numa determinada sequência. Projeta-se aí uma composição de
de “sociedade da imagem”, emerge impregnada de valores socio- natureza narrativa, onde se movimentam palavras, imagens e ba-
culturais – donde sua precípua importância na constituição do dis- lões promovendo a intersecção dos universos da expressão e do
curso. Caracterizando-se como produtora desses valores, a imagem imagético. Segundo Guyot (1994, p.11-13), o elemento de maior
constitui-se, ao lado da linguagem verbal, em documento histórico. codificação no contexto dos quadrinhos é o balão – reflexo, sobre-
Como a História está em constante movimento e transformação, tudo, do poder de criatividade do autor. Considera-se, pois, o balão
as imagens também estão sempre se construindo. Já Baudelaire por si só uma expressiva mensagem icônica que leva à evocação de
(2005), em 1846, salientava o papel de imagens configuradas em imagens mentais, articuladas com as do texto – articulação que se
instrumento de uma memória documental da realidade. assemelha a um enigma.
Pode-se, pois, conceber a imagem como uma mensagem que Gênero atuante nos veículos de comunicação de massa, os
se elabora ao longo do tempo, não só como imagem/monumento quadrinhos condicionam seu sentido à interação entre linguagem e
ou imagem/documento, mas também como testemunho direto ou receptor – o que confere grande importância ao poder de interpre-
indireto do passado. tação do leitor. Da mesma forma que cinema, teatro e outras mídias
3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR PADRÃO P - GRAU IA CIÊNCIAS HUMANAS: HISTÓRIA
produção do conhecimento e aprendizagem histórica e possibilitar
ENSINO DE HISTÓRIA: (SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE uma educação escolar segundo Fonseca (2009) que possibilite “no-
CONTEÚDOS HISTÓRICOS, METODOLOGIAS DO ENSI- vas maneiras de ler, compreender, escrever, viver e fazer História”.
NO DE HISTÓRIA, TRABALHO COM DOCUMENTOS E O principal objetivo foi analisar a importância de se buscar me-
DIFERENTES LINGUAGENS NO ENSINO DE HISTÓRIA) todologias alternativas para o Ensino de História como forma de
desenvolvimento e construção do conhecimento bem como inves-
No que se refere ao ensino de história, é importante observar tigar o potencial dos diversos tipos de linguagens para o processo
que a construção do currículo não pode se limitar a um enfoque ensino-aprendizagem de História visando contribuir diretamente na
meramente disciplinar, pois, estudar o passado significa fazer refe- formação da consciência histórica dos estudantes.
rência às múltiplas experiências dos seres humanos no tempo, que
são, antes de tudo, permeadas por um conjunto de conhecimentos
e aspectos que não podem ser reduzidos a um recorte disciplinar.
Estudar a experiência humana não pode se limitar à história políti- BAHIA: PRIMEIROS GRUPAMENTOS HUMANOS E SÍ-
co-administrativa, das guerras ou da economia. TIOS ARQUEOLÓGICOS
O ensino de História, segundo Nikitiuk (2004, p. 71), “não deve
ser encarado como um produto e, sim, como um processo que ad- Os primeiros registros da região de Salvador foram feitos pela
mite diferentes enfoques, conclusões provisórias e relativas”. E a expedição de 1501, enviada por D. Manuel para explorar a então
atividade do pensar, além de recriar o pensamento, deixa marcas chamada ilha de Santa Cruz. Américo Vespúcio, que participava da
mnemônicas no sujeito, passíveis de serem resgatadas no futuro, a expedição, foi o primeiro a falar da baía a que chamaram “de Todos
fim de serem aplicadas em diferentes situações da vida cotidiana. os Santos”, por ter sido encontrada em 1o de novembro, dia de To-
O desafio do professor de história reveste se de duplo signifi- dos os Santos. O nome “Bahia” iria estender-se ao território que se
cado. De um lado, é preciso selecionar os conteúdos a serem apre- constituiu com as terras das capitanias doadas a Francisco Pereira
sentados aos alunos o que, inevitavelmente, implica escolhas te- Coutinho, Pero de Campos Tourinho, Jorge de Figueiredo Correia, D.
máticas e a adoção de determinada versão dos acontecimentos. De Antônio de Ataíde e D. Álvaro da Costa. O Mapa 20 mostra como o
outro, é necessário empenhar-se para que os alunos desenvolvam Brasil foi dividido em grandes lotes chamados Capitanias Hereditá-
uma reflexão crítica em relação aos conteúdos estudados e, com rias e a localização da Capitania da Bahia de Todos os Santos.
isso, construam seu próprio saber. É importante o professor saber Manter e preservar os sítios arqueológicos não são apenas
que: “quanto mais o aluno sentir a história como algo próximo dele, preocupações para as pesquisas sobre o passado, mas também
mais terá vontade de interagir com ela, não como uma coisa exter- para garantir que as pessoas do presente possam desfrutar desses
na, distante, mas como uma prática que ele se sentirá qualificado e locais de importância nacional e mundial, já que tratam da história
inclinado a exercer” (Karnal, 2008, p. 28) comum a todos os seres humanos
O professor deve ter um modo democrático de conduzir as in- Na Bahia, também há muitos sítios de arte rupestre, como as
terações da sala de aula, não atribuindo-as apenas a si. Os alunos figuras humanas com forma de pepino na Toca do Pepino, no Morro
também poderão conduzir ou mediar o processo de construção de do Chapéu. No município de Central, há sítios com figuras de ani-
novos conhecimentos significativos, desde que haja espaço para a mais extintos, cenas de caça e rituais mágicos e religiosos pintados
expressão e suas falas, de suas dúvidas, de suas sugestões como
há até 12 mil anos. Um exemplo encontrado nessa área arqueo-
processos geradores de possibilidades para a construção de conhe-
lógica é a representação de um toxodonte, animal semelhante ao
cimentos históricos por eles próprios.
hipopótamo atual, sendo caçado por homens no sítio Riacho Largo.
O professor ao se trazer à cena as diferentes falas históricas,
sem a preocupação com uma teoria que possa ordená-las e dados
Patrimônio Arqueológico1
que possam suplementa-las, pode-se cair, em um relativismo incon-
A Bahia possui uma grande diversidade de sítios arqueológicos,
sequente. Assim há que se desenvolver um esforço teórico para se
com mais de 875 sítios cadastrados pelo Iphan, até 2014. A maioria
contextualizar os vários testemunhos e compreender melhor a rea-
lidade acessada sob várias óticas. deles é pré-colonial com numerosas ocorrências de inscrições rupes-
O professor de história precisa ser alguém que entenda de histó- tres, sobretudo na Chapada da Diamantina, onde está a maior concen-
ria, não no sentido de que saiba tudo o que aconteceu com a humani- tração dos sítios identificados e estudados. O Programa de Identifica-
dade, mas que saiba como a história é produzida e que consiga ter uma ção, Proteção e Gestão de Sítios Arqueológicos de Arte Rupestre da
visão crítica do trabalho histórico existente (CABRINI et al., 2004, p. 23). Chapada Diamantina, existe para identificar, mapear e avaliar o estado
de conservação dos sítios rupestres do território baiano.
O Processo Ensino-aprendizagem de História Esse patrimônio arqueológico encontra-se disperso por quase
A educação compreende dois pontos indissociáveis. De um todo o Estado, destacando-se em algumas regiões como a Bacia do
lado, ela se faz pela transmissão do saber, que se constitui de con- Rio São Francisco, áreas dos biomas Caatinga e Cerrado, além do
teúdos considerados socialmente relevantes, e chegam ao estudan- litoral. Os sítios cerâmicos são recorrentes ao longo do Baixo-Médio
te “de fora para dentro”. De outro, é preciso extrair respostas ativas São Francisco, no Recôncavo Sul, na Serra Geral e em Irecê.
do aluno, instigá-lo a produzir o saber, propiciando situações das Investigações iniciadas em 2010 revelaram o potencial do Com-
quais possa emergir sua própria interpretação dos conteúdos trans- plexo Arqueológico de Paulo Afonso (no Baixo e Médio São Francis-
mitidos. co) e da Região Arqueológica Central, além do Recôncavo Sul, da
Levar em conta o conhecimento prévio que os alunos trazem Serra Geral e da Costa do Descobrimento. Dentre eles, destacam-se
consigo é fundamental para a construção do conhecimento históri- os painéis de pinturas rupestres, testemunho de sociedades extin-
co. É relevante considerar que a sala de aula é um espaço de grande tas e cujos significados ainda são desconhecidos e o Sítio do Desco-
complexidade que se destina ao ensino-aprendizagem. brimento do Brasil, também tombado, e que compreende a faixa
A utilização das linguagens históricas (vídeo, música, literatura litorânea dos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália,
e imagem) desperta o interesse dos estudantes, os temas trabalha- além de abrigar áreas de preservação ambiental, zonas turísticas e
dos chamam bastante sua atenção. As ações de forma de caráter territórios indígenas.
motivacional e sobretudo educacional, na intenção de contribuir na
1 Disponível em http://portal.iphan.gov.br Acesso em 19.03.2022
1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR PADRÃO P - GRAU IA CIÊNCIAS HUMANAS: HISTÓRIA
A QUESTÃO DA IDENTIDADE NACIONAL NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA
A identidade brasileira2 foi decorrente de um processo de construção histórica, como em diversos outros países. Mesmo tendo se
iniciado após a Independência, em 1822, o processo de constituição da identidade nacional ganhou um impulso maior após a década de
1930, quando Getúlio Vargas chegou ao poder. A partir disso, pôde-se perceber que a construção da identidade, para além de um processo
cultural, era também um processo político.
Os esforços para se constituir a identidade brasileira, que também é chamada de brasilidade, estão ligados à necessidade de uma
coesão social que acompanhe a existência de um Estado que administra todo o território nacional.
Para a existência da identidade nacional o fato de a língua portuguesa ser comum a todo o território, apesar de suas particularidades
regionais, ela seria então um elemento no conjunto de elementos culturais comuns que são constitutivos da cultura nacional.
Durante o Primeiro Reinado e o Período Regencial, não houve grandes avanços na construção da identidade nacional, a não ser a formação
de forças repressivas militares para garantir a ordem latifundiária e escravocrata em todo o território nacional. Os conflitos separatistas provinciais
das décadas de 1830 e 1840 eram um obstáculo à integralidade territorial e também à coesão social do país recém-independente.
A forma com que esses conflitos foram reprimidos permite perceber que a violência repressiva do Estado contra conflitos sociais que
pretendiam alterar a ordem vigente passou também a ser constitutiva da identidade nacional. A cultura da violência estatal permeou des-
de o início a formação da identidade nacional.
Já durante a Regência houve outros esforços nesse processo de construção identitária. A criação do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro (IHGB) em 1838 foi o primeiro passo na tentativa estatal de refletir sobre temas que estariam relacionados à nação brasileira.
No âmbito da Literatura, o surgimento do Romantismo buscou também contribuir com a construção dessa identidade. As obras de
José de Alencar foram um exemplo de aliar a imagem da nação brasileira às suas belezas naturais, como também a mitificação do indígena
como componente principal da nação brasileira. Esse trabalho literário e cultural buscava criar uma interpretação genuinamente brasileira,
afastada das influências estrangeiras.
A Proclamação da República e o federalismo instituído na administração do Estado espelharam um fortalecimento de movimentos
culturais regionais, principalmente os ligados à decadente aristocracia das regiões não afetadas pelo crescimento econômico de início do
século XX. Destacamos como exemplo o Manifesto Regionalista de Gilberto Freyre, publicado em 1926.
Houve um período conhecido como Idade Antiga, no qual houve o florescimento apogeu de grandes civilizações. Essas civilizações se desen-
volveram no Oriente Médio e na Europa. Vamos destacar no quadro abaixo as principais civilizações, juntamente com suas características principais.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR PADRÃO P - GRAU IA CIÊNCIAS HUMANAS: HISTÓRIA
• Organização de um
sistema alfabético for-
• Hieroglífico, hierático e o • Utilização de um alfabeto grego
ESCRITA • Cuneiforme. mado pela fusão do al-
demótico. da fusão de várias culturas.
fabeto grego e outros
elementos.
• Politeísta;
RELIGIÃO • Politeísta. • Politeísta. • Politeísta.
• Mitologia intensa.
• Filosofia;
• Poesia épica e lírica;
• Zigurates; • Pirâmides;
• História; • Esculturas, pinturas,
• Jardins Suspensos; • Matemática;
CULTURA • Artes plásticas; mosaicos, arenas;
• Astronomia; • Geometria;
E ARTES • Arquitetura; • Arquitetura: Colunas
• Matemática; • Anatomia;
• Astronomia; Romanas.
• Código de Hamurabi. • Mumificação.
• Física, química, mecânica, ma-
temática e a geometria.
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
As mais antigas civilizações da história surgiram na Antiguidade Oriental entre os anos 4.000 a.C. e 2.000 a.C. Toda a sua organização
sociopolítica tinha como foco o controle das águas e da produtividade agrícola, portanto ficaram conhecidas como civilizações hidráulicas3.
Estas civilizações apresentaram características comuns como a escrita, a arquitetura monumental, a agricultura extensiva, a domesti-
cação de animais, a metalurgia, a escultura, a pintura em cerâmica, a divisão da sociedade em classes e a religião organizada.
A invenção da escrita permitiu ao homem registrar e difundir ideias, descobertas e acontecimentos que ocorriam ao seu redor. Esse
avanço é responsável por grandes progressos científicos e tecnológicos que possibilitaram o surgimento de civilizações mais complexas.
Apesar da fixação dos diversos grupos humanos em áreas próximas aos rios ter ocorrido em regiões distintas, a maioria das civiliza-
ções da Antiguidade se desenvolveu no Crescente Fértil. Esta área possui a forma de arco e estende-se do Vale do Jordão à Mesopotâmia,
além de abrigar os rios Tigres e Eufrates. A revolução agrícola e a fixação de grupos humanos em locais determinados ocorreram simul-
taneamente no Crescente Fértil. Neste mesmo período outras civilizações se desenvolveram às margens dos rios Nilo (egípcia), Amarelo
(chinesa), Indo e Ganges (paquistanesa e indiana).
Principais Civilizações
Egito
A Civilização egípcia data do ano de 4.000 a.C., permanecendo relativamente estável por 35 séculos, apesar de inúmeras invasões das
quais foi vítima.
Em 1822, o francês Jean François Champollion decifrou a antiga escrita egípcia tornando possível o acesso direto às suas fontes e
informação. Até então, o conhecimento sobre o Egito era obtido através de historiadores da Antiguidade greco-romana.
Evolução Histórica
A história política do Egito Antigo é tradicionalmente dividida em duas épocas: